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TEMA 02 ERRO NA EXECUÇÃO E RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO Aula III Resultado Diverso do Pretendido

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MÓDULO 6: CONCURSO DE CRIMES, 
ERRO E CONSEQUÊNCIAS DA 
CONDENAÇÃO 
 
TEMA 2 – ERRO NA EXECUÇÃO E 
RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RESUMO 
 
Introdução 
 
No tema dos crimes aberrantes, para usar a expressão de Paulo José da Costa Jr, após tratar 
do aberratio ictus, o Código cuida do aberratio delicti ou aberratio criminis, que é o resultado 
diverso do pretendido, disciplinado no art. 74, CP. 
 
Resultado diverso do pretendido 
 
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução 
do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, 
se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, 
aplica-se a regra do art. 70 deste Código. 
 
É uma espécie de erro acidental, mas no qual não há mudança da pessoa, e sim mudança do 
crime, ou seja, do nomen juris. 
 
Em exemplo simples, uma pessoa pretendia destruir o vidro de um carro, mas acaba por atingir 
o condutor do veículo. 
 
Há em tal caso uma mudança no resultado, e a conduta afeta um bem jurídico diverso do que se 
pretendia afetar. 
 
Distinção 
 
Enquanto no aberratio ictus o erro se refere a pessoa contra quem se pretendia cometer o crime, 
na aberratio delicti o erro recai no crime, pois o agente pretendia cometer um crime e comete 
outro delito. 
 
Nas palavras de Paulo José da Costa Jr., a distinção é a seguinte: 
 
“Do que se infere da aberratio ictus, a ofensa, mesmo recaindo sobre o sujeito 
passivo diverso do visado, permanece idêntica na espécie, embora possa haver uma 
mudança de gravidade, havendo identidade normativa entre o evento idealizado e o 
produzido, não muda sequer o nomen juris do crime. E isto porque, como a 
Aula III – Resultado Diverso do Pretendido 
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identidade pessoal da vítima é um daqueles dados fungíveis, não dispondo de 
qualquer relevo na estrutura do delito, a não ser como accidens, o agente responde 
pela ofensa causada a pessoa diversa como se houvesse praticado o crime em 
detrimento da pessoa que tencionava ofender. 
Na aberratio delicti, ao revés, tem-se um evento de natureza divers da do idealizado, 
e, portanto, uma lesão heterogênea com respeito àquela desejada. Uma vez que 
resultado diverso significa crime diverso, porque no evento está a essência do crime, 
ter-se-á uma mudança no título do crime. 
Poder-se-ia talvez concluir que, não obstante os pontos de contato entre ambas as 
hipóteses de aberratio, põe-se entre elas uma distância insuperável. ” 
 
Baseado na lição de Costa Jr., podemos representar a distinção no seguinte esquema: 
 
Aberratio ictus Aberratio delicti 
Erro recai na pessoa-
objeto material do 
crime 
Erro recai no bem 
jurídico ofendido 
Não muda o nomen 
juris (a identidade da 
vítima é um dado 
fungível) 
Muda o nomen juris 
 
 
Solução adotada 
 
Ocorrendo o aberratio delicti, o agente responde pelo resultado produzido “por culpa, se o fato é 
previsto como crime culposo”. 
 
Importante notar que a maioria dos crimes não possuem modalidade culposa. Desse modo, se 
o agente pretendia cometer um crime e, ao errar causa resultado diverso e se esse resultado 
produzido não é contemplado em tipo culposo, ele não responderá pelo resultado produzido. É 
o que ocorre quando o resultado produzido é crime de dano (art. 163, CP), que não tem 
modalidade culposa. 
 
Resultado duplo 
 
Assim, como no aberratio ictus, é possível no aberratio delicti que sejam produzidos os dois 
resultados. Se houver a produção dos dois resultados — o pretendido e o acidental — aplica-se 
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a regra do art. 70, CP, que impõe que seja aplicada a pena de um crime, aumentada de 1/6 até 
1/2. Contudo, deve ser observado que na hipótese de dois resultados, o pretendido é atribuído 
dolosamente ao agente e o resultado acidental, a título de culpa, se houver previsão legal. 
 
Assim, se o agente pretendia cometer crime de lesão corporal e, ao arremessar um objeto contra 
a vítima, vem a produzir a desejada lesão corporal e o dano em uma janela, é de se notar que o 
resultado não pretendido deve ser atribuído a título de culpa, mas neste caso, por falta de 
previsão de dano culposo, o agente só responderá por lesão corporal dolosa. 
 
Se a intenção é praticar dano e além do dano, o arremesso causa lesão em uma pessoa, o 
agente será punido por dano doloso e por lesão corporal culposa, na forma do concurso formal. 
 
Hipótese 1 
 
O agente pretendia cometer crime contra a pessoa, qual seja lesão corporal, mas ao executar, 
por erro, vem a produzir dano. Neste caso ele não é punido, pois não há previsão legal de dano 
culposo. Embora seja factível o fenômeno do dano culposo, ele não foi tipificado como crime, 
razão pela qual o agente não será punido pelo resultado produzido. 
 
Dano – Resultado diverso do pretendido – “Se o agente, pretendendo agredir seu 
opositor, desfere soco que atinge vidro existente entre ambos, quebrando-o, vidro 
esse que não fora visado, não responde pelo delito de dano por não ser punido a 
título de culpa” (TJMS – AC – Rel. Nildo de Carvalho – RT 675/398). 
 
Hipótese 2 
 
Em situação diversa, se o crime que pretendia cometer era o de dano, mas o agente acaba por 
causar lesão corporal, como há previsão de dano culposo, o agente responderá por lesão 
corporal culposa (art. 129, § 6º, CP). 
 
“Se alguém, atirando uma pedra contra uma vitrina, rompe está e fere 
involuntariamente uma pessoa que está perto, responde, em concurso formal, pelo 
delito de dano e o de lesões corporais culposas e não dolosas” (TACRIM-SP – AC – 
Rel. Isnard dos Reis – RT 290/285). 
 
Guilherme Nucci resume bem a situação: 
 
“... Tício, tendo por fim atingir Caio, vendedor de uma loja, atira uma pedra contra 
sua pessoa. Em lugar de alcançar a vítima, termina despedaçando a vitrine do 
estabelecimento comercial. Portanto, em vez de uma lesão corporal, acaba 
praticando um dano. 
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O agente responde pelo resultado diverso do pretendido somente por culpa, se for 
previsto como delito culposo (art. 74, 1ª parte, CP). No exemplo supracitado, Tício 
não responderia por crime de dano, por inexistir a figura culposa. Entretanto, se, 
tentando quebrar a vitrine da loja, contra a qual atira uma pedra, termina atingindo 
uma pessoa, responderá o agente pela lesão culposa causada.” (Nucci, 2017, p. 869). 
 
Aberratio causae 
 
É preciso distinguir, ainda, o aberratioictus e o aberratio deliciti, do chamado aberratio causae, 
no qual o agente consegue produzir o resultado pretendido, mas por uma causa diversa da 
desejada. 
 
É o exemplo do autor que lança a vítima no mar para morrer afogada, mas esta morre porque 
bate a cabeça na rocha. 
 
Neste caso, o erro não tem relevância porque há total identidade entre o dolo e o resultado, 
sendo indiferente constatar se foi pelo motivo desejado ou não. 
 
É o que leciona Paulo José da Costa Jr.: 
 
“Não tem relevância alguma a diversificação do processo causal. Pouco importa que o 
agente, que pretendia a obtenção de determinado evento, tenha conseguido alcança-lo 
com uma mudança do nexo causal. ” (Costa Jr., 1996, p. 78). 
 
JURISPRUDÊNCIA 
 
STJ — RHC nº 2.008-1 — 6ª Turma — Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro. 
https://ww2.stj.jus.br/processo/ita/documento/mediado/?num_registro=199200124003&dt_public
acao=01-08-1994&cod_tipo_documento 
 
FONTE BIBLIOGRÁFICA 
 
NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: parte geral. Rio de Janeiro: Forense, 
2017. 
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2016. 
MARTINELI, João Paulo Orsini; BEM, Leonardo Schimitt de. Lições fundamentais de 
Direito Penal: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2016. 
MAYRINK DA COSTA, Álvaro. Código Penal Comentado. Rio de Janeiro: 
LMJ Mundo Jurídico, 2013. COSTA JÚNIOR, Paulo José. O Crime 
Aberrante. Belo Horizonte: Del Rey, 1996. 
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https://ww2.stj.jus.br/processo/ita/documento/mediado/?num_registro=199200124003&dt_publicacao=01-08-1994&cod_tipo_documento

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