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Legislação Empresarial Aplicada

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LEGISLAÇÃO 
EMPRESARIAL 
APLICADA
Tiago Ferreira Santos
Nome empresarial, título 
do estabelecimento, 
marcas e patentes
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar os conceitos de nome empresarial, título do estabeleci-
mento, marcas e patentes.
  Distinguir o nome empresarial do título do estabelecimento e as 
marcas das patentes.
  Reconhecer as formas de proteção dos institutos apresentados.
Introdução
Neste capítulo, você vai ler sobre o nome empresarial, o título do estabe-
lecimento, as marcas e as patentes. O presente estudo possui importância 
crucial. Afinal, quando se cria uma sociedade empresária e inicia-se o 
exercício da atividade empresarial, o empresário deve ter a cautela de 
proteger o seu patrimônio, e isso inclui o nome empresarial, o título do 
estabelecimento, as marcas e as patentes.
Conceitos de nome empresarial, título do 
estabelecimento, marcas e patentes
O que identifi ca o empresário é o nome empresarial, é como se fosse o 
nome civil de uma pessoa física. Enquanto o Número de Identifi cação do 
Registro de Empresas (NIRE) é similar ao RG do empresário ou da socie-
dade empresária, o nome empresarial é equivalente ao nome das pessoas 
constantes nos seus documentos.
Em outros termos, o nome empresarial é “[...] a forma de identificação de 
um empresário, empresa individual de responsabilidade limitada ou sociedade 
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empresária, ou seja, do titular da atividade empresarial, perante o mercado 
em geral, bem como perante a administração pública” (GOMES, 2018, p. 70).
A importância do nome é crucial, já que ele revela a espécie societária e a 
responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais assumidas. Por exemplo, em 
uma sociedade limitada, a responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais é, 
em regra, limitada ao valor de suas quotas. Entretanto, caso não conste a expressão 
limitada ou sua abreviação (Ltda.), haverá incidência de responsabilidade ilimitada.
Sua natureza jurídica é de direito de personalidade. Assim, 
[...] deve-se reconhecer no nome empresarial um bem que compõe o patri-
mônio moral do empresário ou da sociedade empresária, não comportando 
transmissão e, portanto, alienação, sucessão hereditária, penhor, penhora etc. 
(MAMEDE, 2018, p. 127).
O nome empresarial obedece a dois princípios, a saber, o princípio da 
veracidade e da novidade. Pelo princípio da veracidade, entende-se que o 
nome empresarial indica o responsável pela atuação da empresa. Já o princípio 
da novidade consiste na circunstância de ele necessariamente ser distinto de 
outros já registrados no território da respectiva junta comercial.
Há duas hipóteses de nomes empresariais: firma e denominação. Você 
sabe o que é cada uma delas? “A palavra firma está relacionada ao nome ou 
à assinatura de pessoa” (TEIXEIRA, 2018, p. 89). Essa é a forma de nome 
empresarial adotada por empresário individual, afinal, ele operará sob firma, 
a qual se constituirá pelo seu nome, seja completo ou abreviado, aditando-lhe, 
caso queira, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade.
Como exemplos de nomes empresariais constituídos sob a firma, você pode considerar 
João Batista dos Santos Bomboniere EPP, no qual consta o nome completo do 
empresário e o gênero da atividade; José A. Nascimento Depósito de Bebidas EPP, 
que apresenta o nome abreviado e o gênero da atividade; e Maria Ferreira Palha 
EPP, com apenas o nome completo.
Questão interessante é a situação de homônimos. Você deve se lembrar do 
princípio da novidade. Afinal, não podem ser arquivados os atos de empre-
sários ou sociedades empresárias com nome idêntico ou semelhante a outro 
Nome empresarial, título do estabelecimento, marcas e patentes2
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já existente, o que se coaduna com o art. 1.163 do Código Civil: “O nome de 
empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro” 
(BRASIL, 2002).
Assim, não raro, acontece conflito de nome de empresários. Nessas hipóte-
ses, ele não poderá escolher aquele já registrado, sendo possível sempre eleger 
outro, desde que respeitadas as balizas legais: nome completo ou abreviado 
acrescido de respectivo gênero da atividade.
Caso ainda assim se mantenha a situação de incompatibilidade e haja 
impossibilidade de solução, poderá ser acrescido um número ao final, em 
ordem crescente (1, 2, 3). Entretanto, tal situação não está contemplada ex-
pressamente na lei, que se limita a afirmar que se “[...] o empresário tiver 
nome idêntico ao de outros já inscritos, deverá acrescentar designação que o 
distinga” (BRASIL, 2002, art. 1.163).
Essa é a chamada firma individual ou natural, que possui alguma relação 
com a assinatura do empresário ou do titular da empresa individual de res-
ponsabilidade limitada. Portanto, somente pode ter por base o seu nome civil 
seguido ou não do ramo de atividade.
Além disso, há também a firma coletiva, firma social ou razão social, a 
qual é construída pelos nomes dos sócios que integram determinada sociedade, 
sendo ainda possível que indique o ramo de atividade empreendida. 
É possível que você se depare com a razão social sendo tratada como sinônimo de 
nome da sociedade empresária. Entretanto, essa equiparação está inadequada. A 
denominação igualmente é nome empresarial, mas não está compreendida naquele 
conceito.
Entre as sociedades que adotam firma social, há duas situações. Primeiro, 
sociedades cuja responsabilidade dos sócios é ilimitada. Nessa hipótese, a 
sociedade irá operar sob firma, na qual somente os nomes dos sócios podem 
integrá-la. Na situação de compô-lo apenas com a indicação de alguns deles, 
bastará acrescentar a expressão “e companhia” ou sua abreviatura. Deverá, 
assim, ser “[...] composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas 
físicas, de modo indicativo da relação social” (BRASIL, 2002, Art. 1.158).
Segundo, sociedades limitadas, caso em que é possível a adoção de firma 
ou denominação, desde que integrada ao final pela palavra “limitada” ou sua 
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abreviatura. Há de se ter consciência de que é importante a sua utilização, 
porque a sua omissão implica na responsabilização do sócio que assim fizer 
de forma solidária e ilimitada.
Há, ainda, a possibilidade de a sociedade limitada adotar a denominação 
consistente em um nome formado a partir da conveniência dos que figurarem 
como sócios, afinal, a sua construção é mais livre, sendo necessário, de qual-
quer modo, respeitar o princípio da novidade. Em outros termos, essa forma 
de nominar a sociedade empresária é capaz de condizer com uma palavra ou 
expressão fantasiosa, “significando algo [...] ou nada (Pluft Plak – Indústria 
e Comércio de Juntas S/A)” (MAMEDE, 2018, p. 122).
A denominação, nas sociedades limitadas, designa o objeto da sociedade, 
mas é permitido nela figurar o nome de um ou mais sócios. Você deve notar a 
distinção acerca da utilização de firma individual (nome do empresário com 
acréscimo facultativo do gênero de atividade) e firma social das limitadas 
(nome dos sócios sem gênero de atividade), com fins de melhor compreender 
o que vem a ser denominação das sociedades limitadas (gênero de atividade 
com acréscimo facultativo dos nomes dos sócios).
Nas sociedades anônimas, regra é a denominação designar o objeto social 
e ser integrada pelas expressões “sociedade anônima” ou “companhia”, por 
extenso ou na forma abreviada. A expressão “sociedade anônima” pode ser 
abreviada por “SA” e vir ao final, ao passo que “companhia” pode ser subs-
tituída por “Cia.” e vir no início.
Entretanto, há uma importante exceção. É possível constituir a deno-
minação dessas sociedades com o nome do fundador, acionista, ou pessoa 
que haja cooperado para o sucesso da constituição ou desenvolvimentodessas companhias.
Diferentemente, o título do estabelecimento é a forma que se rotu-
lou a atividade negocial no mercado, sendo reconhecido pelo direito por 
meio do uso notório e contínuo, inclusive, em letreiros e outdoors. Pode 
ser extraído do nome empresarial ou ser uma outra palavra ou expressão 
totalmente diversa. Nessas hipóteses de distinção completa, há o que se 
chama de nome fantasia.
A marca, por seu turno, consiste em 
[...] todo sinal ou expressão que se destina a identificar comercialmente de-
terminados produtos ou serviços perante o público, podendo também ser 
utilizada para a identificação de métodos de certificação ou entidades coletivas 
(GOMES, 2018, p. 493). 
Nome empresarial, título do estabelecimento, marcas e patentes4
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Preste atenção que houve limitação aos visualmente perceptíveis nessa 
definição.
Entretanto, em outros termos, são “[...] suscetíveis de registro como marca os 
sinais distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições 
legais” (BRASIL, 1996, art. 122), no que se incluem os formados por letras 
ou palavras. Ou seja, pela expressa literalidade da legislação, não se admite 
inclusão de sinais não captados pela visão.
Assim, é interessante você observar que, do ponto de vista legal, a marca 
está limitada aos sinais distintivos visualmente perceptíveis, ou seja, não há 
proteção expressa a outras possibilidades, diferentemente do que pretende 
a doutrina.
Quanto à sua forma, a marca pode ser: nominativa, porque formada so-
mente por palavra(s), letra(s) e/ou algarismo(s); figurativa, se apresentar 
apenas “[...] um símbolo ou figura [...]” (GOMES, 2018, p. 494); mista, quando 
combinar elementos da nominativa com a figurativa; tridimensional, nas hi-
póteses em que “[...] contempla um sinal composto da forma plástica distintiva 
e necessariamente incomum do produto, sobretudo quanto à altura, largura e 
profundidade de sua embalagem [...]” (TEIXEIRA, 2018, p. 493).
Quanto à natureza, as marcas podem ser de produto, de serviço, de cer-
tificação ou marcas coletivas (GOMES, 2018, p. 493-494). Por marca de 
produto, entende-se aquela usada para distinguir um produto de outro idêntico, 
semelhante ou afim, cuja origem seja diversa. Similarmente, marca de serviço 
é aquela usada para distinguir dado serviço de outro igual, semelhante ou 
afim, mas de diversa origem diversa.
Marca de certificação, por sua vez, consiste naquela 
[...] usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com deter-
minadas normas ou especificações técnicas, notadamente quanto à qualidade, 
natureza, material utilizado e metodologia empregada (BRASIL, 1996, art. 
123, II).
Por seu turno, as marcas coletivas são aquelas usadas com fins de iden-
tificar produtos ou serviços provenientes de membros de certa entidade 
constituída legalmente.
Relevante distinção há de ser realizada agora entre marca de renome e 
marca notoriamente conhecida. A marca de renome é muito conhecida pelas 
pessoas, o que justifica a proteção em todos os ramos de atividade, mas para 
tanto há necessidade de registro no Brasil. Assegura-se, portanto, especial 
proteção, independentemente de sua área de atuação.
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Para se conceder a proteção especial da marca de alto renome, em todos os ramos 
de atividade, é necessário procedimento administrativo junto ao Instituto Nacional 
da Propriedade Industrial (INPI) (BRASIL, 1996).
A marca notoriamente conhecida, noutro giro, possui proteção especial em 
seu determinado ramo de atividade, independentemente de estar previamente 
depositada ou registrada no país, afinal, a legislação dispõe que a 
[...] marca notoriamente conhecida em seu ramo de atividade nos termos do 
art. 6º bis (I), da Convenção da União de Paris para Proteção da Propriedade 
Industrial, goza de proteção especial, independentemente de estar previamente 
depositada ou registrada no Brasil (BRASIL, 1996, art. 126).
Patente é um documento por meio do qual se prova a titularidade sobre 
um direito de propriedade industrial. Ela pode ser uma patente de invenção 
ou uma patente de modelo de utilidade, porque ao “[...] autor de invenção ou 
modelo de utilidade será assegurado o direito de obter a patente que lhe garanta 
a propriedade” (BRASIL, 1996, art. 6).
A patente de invenção deve atender aos “[...] requisitos de novidade, ati-
vidade inventiva e aplicação industrial” (BRASIL, 1996, art. 8). Em outros 
termos, a invenção relaciona-se à criação de algo novo capaz de ser aplicado 
industrialmente, cujos exemplos podem ser novos eletrodomésticos ainda 
inexistentes no mercado.
Noutro sentido, é 
[...] patenteável como modelo de utilidade o objeto de uso prático, ou parte 
deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou dis-
posição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu 
uso ou em sua fabricação (BRASIL, 1996, art. 9).
Assim, enquanto a invenção se refere a uma nova função, o modelo de 
utilidade se resume em um melhoramento do que já existe, desde que isso 
também seja resultado de um ato inventivo.
Portanto, não é possível patentear aquilo que estiver no estado da técnica, 
ou seja, o que for já estiver sido tornado acessível ao público antes da data de 
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depósito do pedido de patente. Afinal, nessa situação, não haverá criação de 
invenção (patente de invenção) nem inovação de modelo de utilidade (patente 
de modelo de utilidade).
Nome empresarial x título de 
estabelecimento e marca x patente
Você já analisou os conceitos de nome empresarial, título de estabelecimento, 
marcas e patentes. Neste tópico, para tornar mais claras as distinções, aprenderá 
a diferenciar nome empresarial de título de estabelecimento e marcas de patentes.
O nome empresarial, como você viu, corresponde àquele que é registrado 
na junta comercial e é utilizado nas tratativas formais entre empresário ou 
sociedade empresária e demais agentes. É o nome que consta nos seus docu-
mentos. Por exemplo, “Maria de Lourdes Santos Ferreira EPP”.
Você deve notar que o nome empresarial “[...] é um direito personalíssimo 
que se adquire pelo registro, estando diretamente ligado à pessoa (empresário 
ou sociedade) como um atributo moral da personalidade jurídica” (MAMEDE, 
2018, p. 132), existindo vedação legal a sua transferência.
O título de estabelecimento, por seu turno, pode ser um nome totalmente 
diferente do nome empresarial. Por vezes, é um nome fantasia destinado a 
servir de atrativo para o mercado consumidor.
Marcas e patentes também são bem diversas. Por um lado, a patente con-
siste no “[...] documento pelo qual se prova a titularidade sobre um direito de 
propriedade industrial, podendo ser uma patente de invenção ou uma patente 
modelo de utilidade” (GOMES, 2018, p. 484).
De outro lado, as marcas não são documentos, nem são invenções ou mo-
delos de utilidade. Afinal, o ato administrativo que comprova a titularidade da 
marca é o registro. Assim, elas consistem nos sinais que distinguem o produto, 
o serviço, a certificação ou a vinculação a determinadas entidades coletivas.
Ademais, enquanto as invenções ou modelos de utilidade se referem sempre 
à aplicação industrial, as marcas não possuem tal limitação. Afinal, é sabido 
que o homem sempre identificou seus bens por meio de símbolos, inclusive, 
letras e palavras.
A diferença entre marcas e patentes é visível ainda no prazo de proteção. 
Enquanto o registro da marca vigora por dez anos e admite prorrogações iguais 
e sucessivas, as patentes de invenção são protegidas por vinte anos, mas sem 
prorrogação. Já as patentes de modelo de utilidade são resguardadas por 15 
anos, período também improrrogável.
7Nome empresarial, título do estabelecimento, marcase patentes
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Formas de proteção dos institutos
Neste tópico, você vai ver as formas de proteção dos institutos estudados 
e diferenciados ao longo do capítulo. O título de estabelecimento é pro-
tegido em nome do princípio da concorrência leal. Assim ensina Gladston 
Mamede (2018, p. 132): “A proteção ao título de estabelecimento resulta 
do princípio da concorrência leal, a pressupor respeito à identidade de 
cada negócio e de cada ator mercantil, impedindo que seus concorrentes 
confundam o público”.
O nome empresarial possui sua proteção decorrente do registro nas juntas 
comerciais. Afinal, a lei expressamente dispõe que a “[...] proteção ao nome 
empresarial decorre automaticamente do arquivamento dos atos constitutivos 
de firma individual e de sociedades, ou de suas alterações” (BRASIL, 1994, 
art. 33). Entretanto, tais efeitos são limitados ao território de cada uma delas, 
afinal, haverá “[...] uma junta comercial em cada unidade federativa, com sede 
na capital e jurisdição na área da circunscrição territorial respectiva” (BRA-
SIL, 1994, art. 5). Assim, para obter proteção em todo o território nacional, 
basta a empresa registrar filiais em todas as juntas comerciais de cada uma 
das unidades da federação.
Já a proteção às marcas de alto renome demanda registro no INPI. O 
Instituto as reconhecerá como aptas a usufruir de proteção em todos os ramos 
de atividade, em extensão nacional. Afinal, o Superior Tribunal de Justiça 
(STJ) consolidou jurisprudência no sentido de que cabe ao INPI e não ao 
Poder Judiciário analisar os requisitos necessários à qualificação da marca 
como de alto renome.
Por sua vez, a tutela internacional às marcas notoriamente conhecidas 
limita-se às suas respectivas áreas de atuação, independentemente do país. 
Nesse sentido, o Judiciário negou requerimento da Moet Chândon francesa, que 
produz o champanhe, e autorizou a instalação de uma boate com o mesmo nome 
empresarial. A justificativa foi de que não haveria confusão do consumidor 
em virtude da distinção de atividades. Veja a ementa do Superior Tribunal de 
Justiça (BRASIL, 2018) a respeito do assunto: 
RECURSO ESPECIAL. DIREITO MARCÁRIO. PRETENSÃO DA AUTORA 
DE EXCLUSIVIDADE DE USO DO NOME “CHANDON” EM QUAL-
QUER ATIVIDADE. AUSÊNCIA DE REGISTRO COMO MARCA DE 
ALTO RENOME. MARCA NOTORIAMENTE CONHECIDA. PROTEÇÃO 
RESTRITA AO RESPECTIVO RAMO DE ATIVIDADE. MANUTENÇÃO 
DO REGISTRO DE MARCA DA RECORRIDA. EXERCÍCIO DE RAMOS 
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DE ATIVIDADES DIVERSOS. RECURSO IMPROVIDO. 1. As marcas de 
alto renome, registradas previamente no INPI como tal, gozam, nos termos 
do art. 125 da Lei 9.279/96, de proteção em todos os ramos de atividade, en-
quanto as marcas notoriamente conhecidas gozam de proteção internacional, 
independentemente de formalização de registro no Brasil, apenas em seu 
ramo de atividade, consoante dispõem os arts. 126 da referida lei e 6º bis, 1, 
da Convenção da União de Paris, ratificada pelo Decreto 75.572/75. Neste 
último, é plenamente aplicável o princípio da especialidade, o qual autoriza a 
coexistência de marcas idênticas, desde que os respectivos produtos ou serviços 
pertençam a ramos de atividades diversos. 2. O aludido princípio visa a evitar 
a confusão no mercado de consumo do produto ou serviço prestado por duas 
ou mais marcas, de modo que, para tanto, deve ser levado em consideração 
o consumidor sob a perspectiva do homem médio. 3. No caso dos autos, o 
uso das duas marcas não é capaz de gerar confusão aos consumidores, assim 
considerando o homem médio, mormente em razão da clara distinção entre 
as atividades realizadas por cada uma delas. Não há risco, de fato, de que o 
consumidor possa ser levado a pensar que a danceteria seria de propriedade 
(ou franqueada) da MOET CHÂNDON francesa, proprietária do famoso 
champanhe. 4. Não se tratando a recorrente de marca de alto renome, mas de 
marca notoriamente conhecida e, portanto, protegida apenas no seu mesmo 
ramo de atividade, não há como alterar as conclusões constantes do acórdão 
recorrido. 5. Recurso especial improvido.
O STJ, desse modo, aplicou sua jurisprudência, a qual consiste em consi-
derar que a proteção, independentemente do ramo da atividade, é direcionada 
apenas à marca de alto renome.
Em outros termos, a 
[...] marca de alto renome [...] é exceção ao princípio da especificidade e tem 
proteção especial em todos os ramos de atividade, desde que previamente 
registrada no Brasil e assim declarada pelo INPI — Instituto Nacional de 
Propriedade Industrial (BRASIL, 2014).
Em sentido contrário, a “[...] marca notoriamente conhecida [...] é exceção 
ao princípio da territorialidade e goza de proteção especial em seu ramo de 
atividade independentemente de registro no Brasil” (BRASIL, 2014).
De qualquer forma, embora analisada no referido caso a possibilidade 
de causar engano ao homem médio, você deve notar que está consolidada a 
desnecessidade de prova da confusão nos termos da jurisprudência do STJ, o 
qual acentua que, para a tutela da marca, basta a possibilidade de confusão, 
não se exigindo prova de efetivo engano por parte de clientes ou consumidores 
específicos.
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As patentes, por sua vez, igualmente gozam da devida proteção. Não 
poderia ser diferente, afinal, de acordo com o art. 5º, XXIX, da Constituição 
Federal (BRASIL, 1988), 
[...] a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário 
para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade 
das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em 
vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País.
Assim, já foi visto que, no caso de patente de invenção ou de modelo de 
utilidade, apenas após superado o período previsto em lei ela estará no domínio 
público, sendo propriedade do titular até então.
Se o objeto da ação for declarar a nulidade de patente, por exemplo, a 
legislação prevê que o processo será ajuizado “[...] no foro da Justiça Federal e 
o INPI, quando não for autor, intervirá no feito” (BRASIL, 1996), consistindo 
tais disposições igualmente em proteção às patentes.
A jurisprudência considerou, entretanto, que, quando a situação se situa como 
questão prejudicial, haverá tramitação na Justiça Estadual. Veja (BRASIL, 2011):
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA VISANDO 
À SUSPENSÃO DA COBRANÇA DE ROYALTIES. DECLARAÇÃO DA 
NULIDADE DA PATENTE APENAS COMO QUESTÃO PREJUDICIAL. 
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. A nulidade da patente, com 
efeito erga omnes, só pode ser declarada em ação própria, proposta pelo INPI, 
ou com sua intervenção — quando não for ele o autor —, perante a Justiça 
Federal (Lei 9.279/96, art. 57). Porém, o reconhecimento da nulidade como 
questão prejudicial, com a suspensão dos efeitos da patente, pode ocorrer na 
Justiça Estadual. Precedentes. Agravo Regimental improvido.
Assim, deve ser reconhecido o privilégio temporário de 20 anos para as 
invenções patenteadas, assim como de 15 anos para os modelos de utilidade 
patenteados, nos termos da Lei nº 9.279/1996 (BRASIL, 1996) e perante o 
Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
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BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
Brasília, DF, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 14 dez. 2016.
BRASIL. Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994. Dispõe sobre o Registro Público de 
Empresas Mercantis e Atividades Afins e dá outras providências. Brasília, DF, 1994. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8934.htm>.Acesso em: 
18 mar. 2018.
BRASIL. Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à 
propriedade industrial. Brasília, DF, 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/Leis/L9279.htm>. Acesso em: 18 mar. 2018.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF, 2002. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso 
em: 10 mar. 2018.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. AgRg no Conflito de Competência nº 115.032 - MT 
(2010/0214018-7). Relator: Ministro Sidnei Beneti. 09 nov. 2011. Disponível em: <ht-
tps://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/21030277/agravo-regimental-no-conflito-de-
-competencia-agrg-no-cc-115032-mt-2010-0214018-7-stj/relatorio-e-voto-21030279>. 
Acesso em: 24 mar. 2018. 
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Propriedade industrial. Jurisprudência em teses, 
Brasília, DF, n. 24, 12 nov. 2014. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/internet_docs/
jurisprudencia/jurisprudenciaemteses/Jurisprud%C3%AAncia%20em%20Teses%20
LPI1.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2018.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso especial nº1.209.919-SC (2010/0168461-7). 
Relator: Ministro Lázaro Guimarães. 13 mar. 2018. Disponível em: <https://stj.jusbrasil.
com.br/jurisprudencia/557633920/recurso-especial-resp-1209919-sc-2010-0168461-7/
inteiro-teor-557633939>. Acesso em: 24 mar. 2018. 
GOMES, F. B. Manual de direito empresarial. 7. ed. Salvador: Juspodivm, 2018.
MAMEDE, G. Direito empresarial brasileiro: empresa e atuação empresarial. 10. ed. São 
Paulo: Atlas, 2018.
TEIXEIRA, T. Direito empresarial sistematizado: doutrina, jurisprudência e prática. 7. ed. 
São Paulo: Saraiva, 2018.
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Leituras recomendadas
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. 
Brasília, DF, 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L6404con-
sol.htm>. Acesso em: 10 mar. 2018.
INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL. A criação de uma marca: uma 
introdução às marcas de produtos e serviços para as pequenas e médias empresas. 
Rio de Janeiro: INPI, 2013. Disponível em: <www.inpi.gov.br/sobre/arquivos/01_car-
tilhamarcas_21_01_2014_0.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2018.
INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL. Inventando o futuro: uma in-
trodução às patentes para as pequenas e médias empresas. Rio de Janeiro: INPI, 
2013. Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/sobre/arquivos/03_cartilhapaten-
tes_21_01_2014_0.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2018.
INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL. Patentes: história e futuro. 
Rio de Janeiro: INPI, c2017. Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/sobre/arquivos/
patente_historia_e_futuro.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2018. 
Nome empresarial, título do estabelecimento, marcas e patentes14
C04_Teoria_Geral_da_Empresa.indd 14 16/05/2018 15:52:18

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