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Filipe Libano – Universidade Nove de Julho 1 Farmacodinâmica A maioria dos fármacos exerce seu efeito interagindo com receptores de superfície ou intracelular. Transdução de sinal: ativa o complexo fármaco- receptor a começar as atividades químicas ou molecular. Fármaco atua como um “sinal” e o receptor como “detecto de sinal” – as células têm diversos tipos de receptores que produzem uma única resposta. EX: membrana das células cardíacas – receptores beta que ligam e respondem a epinefrina ou norepinefrina, como receptores muscarínicos específicos para acetilcolina. FARMACODINÂMICA Estudo dos efeitos dos fármacos no organismo e seus mecanismos de ação – alvo do fármaco é sempre uma proteína – fármaco se liga ao seu receptor e gera efeito farmacológico. ALVOS FARMACOLÓGICOS Receptores: (ex) para que a adrenalina exerça, ela precisa se ligar no seu receptor (metabotrópico) – ocorre dentro da célula, gerando o efeito terapêutico (mecanismo de ação). Adrenalina se liga ao seu receptor alfa-1 – vasoconstrição (efeito farmacológico) – Proteína G acoplada ao receptor a-1 permite o efeito abrindo os canais de cálcio. Enzimas: (ex) advil e paracetamol – fármacos analgésico que inibem a COX. Moléculas carreadoras: transportes de membrana (GLUT, bomba de NA+/K+). Ex - digoxina atua bloqueando bomba Na+/K+ no tratamento de ICC. Canais iônicos: (ex) anestesia local (xilocaína) – bloqueia os canais de Na+ e K+ - impede a propagação de potencial de ação/glibenclamida (estimula o pâncreas a produzir insulina – atua nos canais de Na+). Receptores nicotínicos – canais iônios que permite entrada de Na+, gerando despolarização e efeito celular. Nem todo fármaco produz efeito interagindo com seus receptores – seu efeito é devido reações químicas com pequenas moléculas ou íons do organismo. Ex – antiácido não interage com receptor, e sim com o ácido gástrico – interação química que neutraliza quimicamente o excesso de acido. RECEPTORES IONOTRÓPICOS Canais iônicos presente na membrana celular, que, de modo seletivo permite a passagem de íons – são induzidos a abrir ou fechar. Ex: benzodiazepínicos, Diazepam, barbitúricos e zolpidem – atuam em canais de Cl- (inibindo). Em geral, o canal fica fechado até que o receptor seja ativado por um agonista (abre brevemente). Dependendo do íon que entra ou sai desse canal, os receptores mediam as funções, incluindo neurotransmissão e contração muscular e cardíaca EX: estimula o receptor nicotínico pela acetilcolina – influxo de sódio e efluxo de potássio – PA no neurônio – contração do m. esquelético. • Estimulação do receptor ácido y-aminobutírico (GABA) pelo agonista, aumento o influxo de cloreto e hiperpolariza os neurônios. • RECEPTORES METABOTRÓPICOS Receptores acoplados a proteína G – ligante fica do lado externo e estimula a proteína G – ação. • Subunidade alfa da proteína G se liga ao canal de cálcio – cálcio entra – ação celular. TIPOS DE RECEPTORES: receptores adrenérgicos (adrenalina, noradrenalina e dopamina), receptores colinérgicos muscarínicos (acetilcolina), receptores olfativos, rodopsina (proteínas fotorreceptoras), receptores para hormônios peptídicos (ACTH, prolactina e glucagon), receptores para serotonina e receptores para adenosina. Filipe Libano – Universidade Nove de Julho 2 A resposta desse receptores depende da proteína G estimulada. Proteína Gs: estimula a adenilato ciclase (catalisadora de ATP em AMPc) – aumenta AMPc. Proteína Gi: inibe a adenilato ciclase, diminui AMPc e tem menos efeito desejado. Proteína Gq: estimula a fosfolipase C (participa da formação de segundos mensageiros) – sinalizada com aumento de IP3 e DAG. Ativação delas desencadeia a ação dos segundos mensageiros – podem gerar ações como proteínas contrateis, canais iônicos, enzimas e proteínas de transporte. • RECEPTORES CATALÍTICOS Receptores ligados a quinase – quando ativados, eles sofrem alteração conformacional (aumentando sua atividade enzimática no citosol). Receptor ativado – fosforila resíduos de tirosina nele próprio e em proteínas especificas (fosforilação cruzada), a qual ativa outras proteínas celulares – efeito terapêutico. EX: insulina se liga a 2 subunidades receptoras – sua atividade tirosinocinase intrínseca causa autofosforilação do próprio receptor – receptor fosforila outros peptídeos ou proteínas – ativa sequência de sinais celulares importante. Essa cascata de ativações resulta na multiplicação do sinal inicial – semelhante ao receptor metabotrópico. • RECEPTORES NUCLEARES Inteiramente intracelular – ligante precisa se difundir para dentro da célula para interagir com ele, ou seja, tem que ser lipossolúvel para passar a membrana. Fármacos ligantes: antineoplásico paclitaxel (tubulina), antimicrobiano timetropina (di- hidrofolato redutase – bactéria não consegue proliferar) e antimicrobiano eritromicina (subunidade 50s do ribossomo bacteriano – sem leitura do RNAm, ou seja, sem síntese de proteínas) Alvo de receptores nucleares: DNA, RNA, proteínas estruturais, enzimas e ribossomos. • ENZIMAS COMO ALVO PARA FÁRMACOS Na maioria das vezes a molécula do fármaco é um substrato análogo – age como inibidor competitivo da enzima. EX: ECA – converte angiotensina I em II – potente vasoconstritor. Fármacos inibidores de ECA, impedem essa conversão (captopril e enalapril). Outro exemplo é o fármaco inibidor da DNA topoisomerase (impede a separação). • IFINIDADE E EFICÁCIA Afinidade: capacidade do fármaco de se ligar ao receptor “x”. • Grau de afinidade (k) – interação fármaco + receptor. Atividade intrínseca (alfa): capacidade de ativar o receptor depois de ligado (varia de 0-1). • Antagonista (fármaco) não desencadeia ação farmacológica, pois sua atividade intrínseca é 0. Eficácia: capacidade de gerar resposta biológica. O fármaco “x” é mais eficaz, devido maior resposta, com resposta intrínseca quase =1. Se a resposta é máxima, é agonista total (a=1), se não, é agonista parcial. Potência: quantidade de fármaco para gerar tal resposta. Depende da concentração e afinidade do fármaco. O “x” é mais potente já que foi necessária menor concentração para obter a mesma resposta. OBS: a EC50 é a concentração do fármaco para obter 50% de uma mesma resposta. Filipe Libano – Universidade Nove de Julho 3 Eficácia e potência: A e B são os mais eficazes. AB > C – o A é o mais potente, já que precisou de uma menor concentração para a mesma resposta – C é agonista total. No entanto, quando compara com B e C, C foi necessária uma menor concentração para gerar resposta máxima – mais potente. • ÍNDICE TERAPÊUTICO ED 50: dose efetiva para produzir determinada intensidade de efeito em 50% dos indivíduos. LD 50: dose letal, quando presente, tem morte de 50% dos animais em experimento. Quanto maior o índice terapêutico de uma droga, maior sua margem de segurança, pois o índice terapêutico está entre a dose letal e dose efetiva. Larga margem: índice terapêutico superior a 1. Margem estreita: índice terapêutico próximo a 1 – indica que as doses terapêuticas e tóxicas estão próximas. IT=4, ou seja – margem larga (superior a 1), ou seja, para o paciente vir a óbito por toxicidade, é difícil. • JANELA TERAPÊUTICA Entre a concentração mínima geradora de efeito e efeito máximo (Cmax tolerada). • AGONISTA Agendes endógenos ou exógenos que possuem capacidade de ligação ao receptores, resultando na sua ativação e em resposta biológica. Ex: NA é agonista endógeno. Fenilefrina é um agonista e a prazosina é um antagonista Classificação: é classificado de acordo com o efeito fisiológico gerado pelo fármaco. AGONISTA TOTAL: gera resposta máxima – alta resposta da atividade intrínseca. Resposta biológica completa é atingida em determinada concentração (como um ligante endógeno). Estabiliza a forma R* (ativa) e convertem R (inativo) em R*. AGONISTAPARCIAL: mesmo que todos receptores estejam ocupados, não tem efeito máximo – não tem resposta plena nem em dose máxima. • Pode atuar como antagonista competitivo na presença de um agonista total. Ex: codeína e morfina – efeito da morfina é antagonizado pela codeína – ela não consegue exercer seu efeito máxima, já que seus receptores estão ligados á codeína e não tem receptores para ela se ligar. AGONISTA INVERSO: desativa os receptores ativos na ausência do agonista – normalmente os receptores livres são inativos e precisam de uma interação agonista para ativarem – Converte R* em R e isso diminui o numero de receptores ativados para menos que sem o fármaco. AGONISTA INDIRETO: age de forma indireta e aumenta o efeito biológico do agente fisiológico. Aumento da exocitose – anfetamina (tem feito rápido de ativar NT, estimula liberação, enquanto a metildopa se liga no receptor e inibe a liberação – impede a reabsorção de NT em excesso na fenda sináptica), redução da metabolização – anticolinesterásicos (diminui a degradação de Ach) e reduz a receptação – cocaína (diminui a captação de NE e DA – potente inibidor). • ANTAGONISTA Possui capacidade de ligação ao seu receptor (afinidade), mas não possui capacidade de ativação (não tem eficácia). Filipe Libano – Universidade Nove de Julho 4 ANTAGONISTA COMPETITIVO: se liga no sitio do agonista de forma reversível, competindo com o agonista pelo sitio – ATENOLOL. ANTAGONISTA IRREVERSÍVEL: se liga no sitio do agonista de forma irreversível, impedindo a ligação do agonista – Organofosforados; AAS. ANTAGONISTAS ALOSTÉRICOS: são moduladores alostéricos que se ligam a um sitio alostérico do receptor, diferente do local de ligação do agonista. • Reduz a ativação do receptor pelo agonista – diminui a afinidade – EX: picrotoxina em canais de Cl- do GABA> ANTAGONISTAS QUÍMICOS: interagem com substâncias químicas que inativam o fármaco – EX: inativação de metais pesados por quelantes cátions divalentes com tetraciclina. ANTAGONISTAS FISIOLÓGICOS: produzem efeito contrario em um mesmo sistema biológico, atuando em receptores diferentes – EX: tromboxano (receptor TXA2 – promove agregação plaquetária) e prostaciclina (receptor PGI2 – inibe agregação plaquetária). ANTAGONISTAS INDIRETOS: fármacos que podem reduzir a exocitose ou aumentar a metabolização de outro fármaco – EX: toxina botulínica inibe a exocitose de Ach. • TAQUIFILAXIA E TOLERÂNCIA Diminuição do efeito do fármaco após administração repetida (uso a longo prazo) TAQUIFILAXIA: desenvolve em poucos minutos. TOLERÂNCIA: ocorre de forma gradual. Causas: alteração nos receptores, perda de receptores (internalização), depleção de mediadores (anfetamina depleta aminas), aumento na degradação metabólica do fármaco (indutor enzimático) e adaptação fisiológica (redução de efeitos colaterais)
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