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1 Replicação e Reparo Introdução • Elucidação das estrutura de dupla hélice • Questão: como ocorre a propagação da informação genética? • Pré-requisitos para a replicação • Fidelidade: preservação x evolução • Precisão • Duplicação de todo o material genético da célula • Uma duplicação do genoma por mitose Hipóteses originais para o mecanismo de replicação 2 O experimento de Meselson e Stahl Matthew Stanley Meselson (1930-) Franklin William Stahl (1929-) * * * Requisitos para uma replicação bem- sucedida • Abertura da dupla-hélice em ponto específico • Origem de replicação • Propagação do complexo de replicação • Forquilha de replicação • Bolha de replicação • Alívio da forças de enovelamento durante a replicação (topoisomerases) O Replicon 1. É a unidade de DNA onde um evento de replicação ocorre. Inclui elementos reguladores. 2. Origem de Replicação (ori) + Região Terminadora (ter) 3. Ativados apenas uma única vez em cada ciclo celular 4. O genoma de uma célula procariótica constitui um único replicon 5. Cada cromossomo eucariótico possui vários replicons e todos são ativados uma única vez no ciclo celular ainda que não simultaneamente Mario Nota Meselson e Stahl conduziram seus famosos experimentos sobre a replicação do DNA usando bactérias E. coli como sistema modelo Eles começaram cultivando E. coli em um meio, ou caldo nutritivo, contendo um isótopo "pesado" de nitrogênio, ^{15}\text N 15 Nstart superscript, 15, end superscript, N. (Um isótopo é apenas uma versão de um elemento que difere de outras versões pelo número de nêutrons em seu núcleo.) Quando cultivadas em meio contendo ^{15}\text N 15 Nstart superscript, 15, end superscript, N pesado, as bactérias assimilaram o nitrogênio e o utilizaram para sintetizar novas moléculas biológicas, incluindo o DNA. Após muitas gerações crescendo em meio de ^{15}\text N 15 Nstart superscript, 15, end superscript, N, as bases nitrogenadas do DNA das bactérias foram todas marcadas com ^{15}\text N 15 Nstart superscript, 15, end superscript, N pesado. Em seguida, as bactérias foram trocadas para meio contendo um isótopo leve de ^{14}\text N 14 Nstart superscript, 14, end superscript, N e o crescimento foi mantido por várias gerações. O DNA produzido após a mudança teria que ser composto por ^{14}\text N 14 Nstart superscript, 14, end superscript, N, já que este teria sido o único nitrogênio disponível para a síntese de DNA. Meselson e Stahl sabiam com que frequência as células de E. coli se dividiam, portanto puderam coletar pequenas amostras de cada geração e extrair e purificar seu DNA. Eles, então, mediram a densidade do DNA (e, indiretamente, seu conteúdo de ^{15}\text N 15 Nstart superscript, 15, end superscript, N e ^{14}\text N 14 Nstart superscript, 14, end superscript, N) usando centrifugação por gradiente de densidade. Esse método separa moléculas como o DNA em bandas ao girá-las em alta velocidade na presença de outra molécula, como Cloreto de Césio, que forma um gradiente de densidade do topo para o fundo do tubo. A centrifugação por gradiente de densidade permite que pequenas diferenças—como aquelas entre DNA marcado com ^{15}\text N 15 Nstart superscript, 15, end superscript, N- e ^{14}\text N 14 Nstart superscript, 14, end superscript, N—sejam detectadas. O experimento feito por Meselson e Stahl demonstrou que o DNA replicou-se semiconservativamente, significando que cada fita em uma molécula de DNA serve como um modelo para a síntese de uma fita nova, complementar. Embora Meselson e Stahl tenham feito seus experimentos em bactéria E. coli, sabemos hoje que a replicação de DNA semiconservativa é um mecanismo universal, compartilhado por todos os organismos no planeta Terra. Algumas das suas células estão replicando seu DNA semiconservativamente agora mesmo! 3 Origens de replicação • Regiões do DNA, conservadas em algumas espécies, reconhecidas pelo “complexo de replicação” • Procariotos: uma origem apenas • Eucariotos: várias origens por cromossomo Iniciação da replicação: procariotos x eucariotos Bolhas de replicação • Evidência microscópica das origens de replicação em bactéria (estrutura ) 4 Em bactérias, somente origens de replicação completamente metiladas podem iniciar a replicação Forquilhas de replicação • São o ponto em que ocorre a síntese das novas cadeias de DNA • São a unidade constituinte do replicon, ou unidade de replicação • Replicons podem ser uni- ou bidirecionais Direção da forquilha de replição 5 Características gerais do processo de replicação 1) Semiconservativo (guiado pela complementaridade das fitas) 2) Iniciação não é aleatória (ori) 3) Movimento da forquilha pode ser unidirecional ou bidirecional 4) Direção de síntese 5’3’ 5) Semidescontinuidade de síntese das fitas (contínua numa fita e descontínua na outra) 6) Enzima principal é a DNA Polimerase As DNA Polimerases DNA Polimerase • A síntese de DNA ocorre pela adição de nucleotídeos à extremidade 3´OH da cadeia em crescimento. • Requer primer (RNA/DNA iniciador) e template (molde) • O precursor da síntese é o desoxirribonucleosídeo 5´-trifosfato (dNTP) • Sentido da síntese é sempre 5’ → 3’ • Reação: [dNMP]n + dNTP → [dNMP]n+1 + PPi • Tem atividade corretiva (proofreading) 6 primer template dNTP 7 a b g PPi DNA polimerases de E. coli Existem também as DNA Polimerases IV e V envolvidas no reparo 8 A DNA Polimerase I (Enzima Kornberg) DNA Polimerase I • Descoberta em 1956 • Envolvida em replicação e reparo de DNA • 1 única proteína com 3 atividades (3 domínios) • Domínios: Polimerásico 5’3’ Exonucleásico 3’5’ Exonucleásico 5’3 ’ • Atividade Exo 3’5’ corrige erros (proofreading) • Atividade Exo 5’3’ remove 10 nucleotídeos após um corte (nick). Envolvida com o reparo do DNA DNA Pol III: uma holoenzima (várias subunidades) 9 Seletividade cinética (i) 10 Seletividade cinética (ii) Catálise assistida por metais Replicação: etapas Mario Nota Helicase abre o DNA no garfo de replicação Proteínas ligadoras de fita simples recobrem o DNA ao redor do garfo de replicação para evitar que o DNA se enrole. Topoisomerase trabalha na região à frente do garfo de replicação para evitar enrolamento excessivo. Primase sintetiza primers de RNA complementares à fita de DNA. DNA polymerase III aumenta os primers adicionando nucleotídeos na extremidade 3', para fazer a maior parte do novo DNA. Primers de RNA são removidos e substituídos com DNA pela DNA polimerase I As lacunas entre fragmentos de DNA são fechadas pela DNA ligase. 11 Eventos iniciais da replicação (i) • Desenovelamento da fita • Modificação endergônica catalisada enzimaticamente por helicases • Estabilização dos trechos de fita simples (ssDNA) • Proteínas ligantes de fita simples (SSB) Iniciação da replicação em Escherichia coli O complexo pré- replicativo de eucariotos 12 Eventos iniciais da replicação (ii) • A DNA polimerase exige uma extremidade 3’-OH livre pareada • Existem várias formas de prover essa extremidade 13 Primase • Um oligorribonucleotídeo (RNA) iniciador (primer) é sintetizado de novo usando a fita complementar como molde • Ação da enzima primase Remoção do primer A processividade da DNA polimerase • Como conciliar a necessidade de aderir à necessidade de deslizar? • Resposta: uso de uma presilha (“clamp”) 14 Complexo “Clamp-loader” • Fato: a replicação do DNA junto a uma forquilha de replicação ocorre em ambas as fitas do DNA ao mesmo tempo. • Pergunta: como conciliar essa informação com o antiparalelismo da dupla hélice? 15 Resposta: fragmentos de Okazaki Reiji Okazaki (1930-75) 16 • Fato: pelo menos em procariotos, ambas as subunidades catalíticas do complexo da forquilhade replicação estão constantemente associadas, tanto a responsável pela replicação da “fita líder” quanto a responsável pela replicação da “fita retardada”. • Pergunta: como isso é possível? Resposta: deslizar a fita, não a forquilha 17 Replicação do DNA 18 Alívio estérico durante a replicação • Ao desenovelar a dupla fita, a forquilha de replicação exerce tensões que, com o tempo, criam pontos de torção que precisam ser aliviados. • A solução: Topoisomerases (DNA Girase) 19 Atividade Exo 3’→5’ • Possibilitada pela alteração geométrica causada pelas bases despareadas • Ocorre em um sítio distinto da enzima Síntese 5’→3’ Remoção: atividade exonucleásica 3’→5’ Continuação da síntese 5’→3’ DNA polimerase Nucleotídeo incorreto Atividade exonucleásica 3’→5’ 5´ 3´ 20 Não seria mais fácil ter um polimerase para sintetizar DNA no sentido 5´→3´e outra para o sentido 3´→5´? Leiam este texto e façam um desenho para entender melhor essa questão! Leading and lagging strand synthesis is complicated! Why not have a second DNA polymerase that extends the strand in the 3' to 5' direction instead? Having two polymerases, yoked together and proceeding on both strands simultaneously would seem to be a simpler solution. The energy requirement would still be fulfilled: to run polymerization in the opposite direction we'd simply have a growing strand that ends with a 5' triphosphate, which would be attacked by the 3' OH of the incoming dNTP. However, the imaginary polymerase that adds to the 5' end, rather than 3' end of the chain would have issues with proofreading. Their most recently added nucleotide carries the triphosphate. If this base is erroneous, and excised by the proofreading exonuclease, there will no longer be a triphosphate at the 5' end of the chain. Therefore, the chain could not be elongated. Try drawing this situation, for a real polymerase vs. this imaginary polymerase that elongates the 5' end of the growing chain. Terminação da Replicação Terminação: encontro de duas forquilhas de replicação Região 180o a partir da ori contém terminadores (Ter) em polaridades diferentes para parar as duas forquilhas A proteína Tus se liga aos sítios Ter Tus: 35.8 kDa, um monômero Tus para a forquilha por meio da inibição da helicase DnaB 21 Resolução dos replicons Replicação procar. x eucar. Replissomo eucariótico 22 Replicação das extremidades O problema da replicação de replicons lineares Se a síntese não iniciar exatamente na última base, a cada ciclo de replicação, a cadeia tornar-se-á cada vez mais curta 23 Estratégias para resolver o problema • Fagos T4 e λ: conversão de um replicon linear em uma molécula circular multimérica • Adenovírus, fago φ29 e poliovírus: ação de uma proteína ligada covalentemente à base 5´ terminal • Cromossomos eucarióticos: telômero/telomerase A replicação por círculo rolante Replicação do Adenovírus 24 Telômeros e telomerase • Estas sequências são adicionadas através da telomerase, uma polimerase especializada que adiciona repetições da unidade básica Desta forma, a cada divisão celular, o DNA perdido pode ser facilmente reposto A telomerase A telomerase não é ativa em células somáticas adultas O crescimento dos telômeros é maior durante a gametogênese e depois eles não crescem mais, só diminuem de tamanho 25 A sobre-extensão de bases na região 3´ pode resultar em uma estrutura em laço em telômeros longos, protegendo a ponta do cromossomo 26 Telômeros humanos: TTAGGG Estrutura em laço (loop) em telômero de camundongo T-Loop Reparo 27 Reparo do DNA • Mesmo raramente, erros ocorrem • Diversas modalidades de reparo garantem maior fidelidade à replicação • Tipos de mutação – Pontual • Transições (Pu→Pu ou Py→Py) • Transversões (Pu→Py) – Inserções – Deleções – Rearranjos – Alterações na natureza química das bases ou ligações • Dímeros de pirimidina causados por luz UV • Hidrólises, alquilações, oxidações Se não houver reparo... Garantias de fidelidade da replicação • Três mecanismos cumulativos garantem uma baixa taxa de erro do processo 28 Reparo do DNA • Tipos de reparo • Correção de erro de pareamento (mismatch repair) • Excisão de base • Excisão de nucleotídeos • Polimerização translesional • Reparo por recombinação 1) Reparo para correção de erro de pareamento Pergunta: como o sistema de reparo de bases não-pareadas sabe qual é a base incorreta? 29 Resposta: assinalando a fita-mãe quimicamente • Sistema de metilação dam de E. coli • Reconhece sequências GATC • A sequência metilada inibe MutH 2) Excisão de base Várias modificações químicas das bases 30 Excisão de base Excisão de base Outros tipos de reparo de modificações químicas de bases 31 Mutação de base/distorção Corte nas regiões 5’ e 3’ Excisão Síntese de nova fita Ação da DNA ligase 3) Excisão de Nucleotídeo (REN) Sistema UvrABCD Reparo por excisão de nucleotídeos Sistema UvrABCD 32 Reparo por excisão de nucleotídeos 4) Reparo translesional 5) Reparo por recombinação • Esse sistema entra em ação em situações em que não há o molde para a correção do erro. • A fita molde é fornecida pelo cromossomo homólogo em eucariotos, ou por um cromossomo extra, em procariotos. 33 Reparo por recombinação pós-replicação Replicação do DNA Distorção estrutural Excisão de um pedaço da fita normal e inserção na falha Reparo da falha Reparo por excisão? (RecA) Doenças humanas ligadas a erros no reparo Xeroderma Pigmentosum (XP) • XP é uma rara doença autossômica recessiva que afeta 1:250.000 • Pacientes com XP hipersensíveis à luz do sol (UV) e são predisposto a ter câncer na pele quando jovens • Tendência a ter degeneração neurológica • Principal defeito no células XP está no reparo por excisão de nucleotídeo 34 Síndrome de Cockayne (CS) • Desordem no desenvolvimento e no sistema nervoso • Defeitos no reparo por excisão de nucleotídeo • A célula não consegue recuperar a transcrição após danos ao DNA • Não há aumento da incidência de câncer • Apenas 12 anos de expectativa de vida
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