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Tto. Doença de Parkinson 1 Tto. Doença de Parkinson Prof. Lara Definição: síndrome clínica neurológica, crônica e PROGRESSIVA formada por 5 manifestações motoras principais 1. Tremor de repouso (geralmente diminui durante movimentos voluntários) 2. Bradicinesia (lentidão e pobreza de movimentos) 3. Rigidez muscular 4. Anormalidades posturais e marcha arrastada 📊 Segunda doença degenerativa mais frequente, surge entre os 40 e 70 anos ➯ Alterações não motoras, há: Alterações no olfato Constipaçã Depressão Ansiedade Prejuízos cognitivos Distúrbios do sono Mudanças emocionais Sintomas psicóticos Demência Fisiopatologia Ocorre a morte de neurônios dopaminérgicos na Substância Nigra Substância que faz parte dos núcleos da base, que atuam no controle dos movimentos por estar conectado ao córtex motor O estímulos nos Ne. Dopaminérgicos enviam sinais da parte compacta para o corpo estriado (caudado e putâmen) → Ne. GABAérgicos para a parte reticular → envia ao tálamo chegando no córtex motor Na doença de Parkinson (DP) ocorre a morte dos neurônios dopaminérgicos na parte reticular da subistância negra → suprime todo o eixo Tto. Doença de Parkinson 2 Taxa de morte neuronal (que é a principal causa) = aprox. 10% ao ano Com o tempo a sintomatologia piora e aumenta a necessidade de medicamentos sintomáticos Os Inter-neurônios colinérgicos estão envolvidos ( inclusões intracelulares: corpúsculo de Lewis) → a liberação de ACh pelo núcleo estriado é inibida pela dopamina e na DP como há uma diminuição dessa substância a ACh não está mais inibida A perda progressiva dos neurônios contendo DA é uma característica do envelhecimento normal → a quantidade de dopamina estriatal diminui em mais de 80% → DP sintomático A maioria das pessoas não perde os 70-80% dos neurônios dopaminérgicos para o desenvolvimento da DP sintomática Sem tratamento, a DP progride ao longo de 5-10 anos para um estado de rigidez e acinesia → perda de autonomia A morte geralmente resulta das complicações da imobilidade, entre elas pneumonia por aspiração ou embolia pulmonar Este distúrbio afeta várias outras estruturas do cérebro além da dopamina Objetivos do tratamento ➯ Restaurar a atividade dopaminérgica ➯ Inibir a superatividade colinérgica estriatal Salienta-se que o grau de resposta aos medicamentos vai diminuindo ao longo do tempo, conforme há o surgimento dos sintomas e a progressão da doença Outros objetivos são: Tto. Doença de Parkinson 3 redução ou interrupção da progressão dos sintomas melhora funcional com um mínimo de efeitos adversos sem a indução do aparecimento de complicações futuras Neuroproteção e modificação do curso clínico ainda é uma meta NÃO atingida Tratamento farmacológico Levodopa e Carbidopa (L-DOPA, L-3,4-diidroxifenilalanina) precursor metabólico da Dopamina fármaco mais eficaz para o tto. da DP Mecanismo de ação: atravessa barreira hematencefálica → levodopa transportado para o SNC → transformado em dopamina (mais DA nos neurônios ativos na subst. negra) Precisa ser adm com a carbidopa para que não seja descarboxilado Carbidopa ou Benserazida: inibidor da dopamina-descarboxilase que não atravessa a barreira hematencefálica, diminui a biotransformação da levodopa na periferia e aumenta disponibilidade no SNC; diminui dose necessária de levodopa em 4 a 5x → menos EA A liberação de DA na circulação depois da conversão periférica da levodopa produz efeitos indesejáveis, principalmente náuseas Tto. Doença de Parkinson 4 Conforme a progressão da doença e a morte de mais neurônios, as células se tornam menos capazes de converter a levodopa exógena em dopamina → FLUTUAÇÕES NO CONTROLE MOTOR Os efeitos da levodopa no SNC podem ser potencializados pela coadministração de carbidopa Usos terapêuticos: Ela reduz a rigidez, os tremores e outros sintomas do parkinsonismo Em cerca de dois terços dos pacientes, a associação levodopa + carbidopa reduz substancialmente a gravidade dos sintomas nos primeiros anos de uso A retirada do fármaco deve ser gradual Absorção e biotransformação: Absorvida rapidamente no intestino delgado (quando em jejum) Máx concentração 0,5-2h Meia-vida extremamente curta (1-2 horas) → flutuação nos níveis plasmáticos isso se correlaciona, em geral, com a concentração de levodopa no plasma ou se origina do fenômeno “liga-desliga” as flutuações motoras fazem o paciente perder subitamente a mobilidade normal e apresentar tremores, cãibras e imobilidade Deve ser ingerida em jejum, no mínimo 30min antes de refeições Efeitos adversos: Efeitos periféricos: Anorexia, náusea e êmese (estimulação da zona disparadora química) Taquicardia e extrassístoles ventriculares resultam da ação da dopamina no coração Hipotensão Midríase → ação adrenérgica na íris Discrasias sanguínea e reação positiva ao teste de Coombs A saliva e a urina apresentam coloração marrom, devido ao pigmento melanina produzido pela oxidação da catecolamina Tto. Doença de Parkinson 5 em particular aquelas ricas em proteínas (HIPERPROTEICA), interferem no transporte de levodopa ao SNC Efeitos no SNC: Alucinações visuais e auditivas e movimentos involuntários anormais (discinesia) → refletem a hiperatividade da DA nos gânglios basais Alteração do humor, depressão, psicose e ansiedade Interações: Piridoxina (vitamina B6) → aumenta a hidrólise periférica da levodopa e diminui sua eficácia IMAO não seletivo (fenelzina) + levodopa → crise hipertensiva causada pelo aumento da produção de catecolaminas Antipsicóticos são contraindicados → podem bloquear os receptores da dopamina e aumentar os sintomas parkinsonianos Pacientes psicóticos a levodopa agrava os sintomas, provavelmente pelo aumento de catecolaminas centrais. Contudo, dosagens baixas de antipsicóticos atípicos são empregados algumas vezes para tratar sintomas psicóticos induzidos pela levodopa Pacientes cardíacos devem ser monitorados cuidadosamente, devido ao possível desenvolvimento de arritmias Reserpina: depleta as reservas de dopamina Fenitoína, metoclopramida: diminui os efeitos, antagonista dopaminérgico Anticolinérgicos: sinergismo (em altas doses diminuem a absorção) Agonistas dopaminérgicos: intensificam os efeitos indesejados motores e mentais Anestesia: suspender a droga 48h antes para evitar Δ da dose Proteína animal, sais de ferro e antiácidos: diminuem a absorção Inibidores da MAO-B Rasagilina e Selegilina Selegilina = deprenila: Mecanismo de ação: inibe seletivamente e IRREVERSSÍVELMENTE a MAO tipo B (metaboliza a dopamina) em dose baixa ou moderada Ela não inibe a MAO tipo A (metaboliza a norepinefrina e a serotonina), exceto em dosagem acima da recomendada, quando perde a seletividade A selegilina aumenta os níveis de dopamina no cérebro, diminuindo o metabolismo da dopamina Se a selegilina quando administrada com levodopa, ela aumenta as ações da levodopa e reduz substancialmente a dose necessária sem riscos aos pacientes Baixo potencial de causar crises hipertensivas nas doses recomentadas, se doses altas → HAS grave � Bem tolerada pelos pacientes mais jovens com DP em estágio inicial ou em sua forma branda. Nos pacientes com DP mais avançada ou com disfunção cognitiva concomitante, a selegilina pode acentuar os efeitos motores e cognitivos adversos da levodopa Absorção e biotransformação: Comprimidos de desintegração oral e adesivo transdérmicos → menor metabolismo hepático e menor formação de metabólitos da anfetamina Interações: Analgésico meperidina: selegilina pode causar estupor, rigidez, agitação e hipertermia quando administrada com esse fármaco Tto. Doença de Parkinson 6 Biotransformada em metanfetamina e anfetamina → propriedades estimulantes podem causar insônia se o fármaco for administrado depois do meio da tarde Antidepressivos tricíclicos ou inibidores da recaptação da serotonina: deve ser realizada com cautela, principalmente nos pacientes tratados com doses altas dos ISRSRasagilina: é um inibidor irreversível e seletivo da MAO cerebral tipo B não é biotransformada em substância tipo anfetamina Inibidores da catecol-O-metiltransferase (COMT) Entacapona Tolcapona Metilação da levodopa pela COMT → 3-O-metildopa = uma via menor na sua biotransformação Contudo, quando a atividade periférica da dopamina descarboxilase é inibida pela carbidopa, forma-se uma quantidade significativa de 3-O-metildopa que compete com a levodopa pelo transporte ativo para o SNC Mecanismo de ação: Inibem a COMT seletiva e reversivelmente → reduz concentração de 3-O- metildopa no plasma → aumenta a captação central de levodopa e eleva as concentrações cerebrais de dopamina Os dois fármacos diminuem os sintomas de desvanecimento vistos em pacientes que recebem levodopa + carbidopa Diferem primariamente nos perfis farmacocinéticos e nos efeitos adversos Farmacocinética: Absorção VO fácil e não influenciada pela alimentação Extensamente ligados à albumina com volume de distribuição limitado A tolcapona tem duração de ação relativamente longa comparada com a entacapona (requer dosagens mais frequentes) Extensamente biotransformadas e eliminadas nas fezes e na urina OBS: A dosagem deve ser ajustada em pacientes com cirrose moderada ou grave Efeitos adversos: Observados em pacientes que recebem levodopa + carbidopa Diarreia, hipotensão postural, náusea, anorexia, discinesias, alucinações e distúrbios do sono Necrose hepática fulminante (mais gravemente) Deve ser usada junto com monitoração da função hepática apropriada A entacapona não apresenta essa toxicidade e substituiu amplamente a tolcapona � Tolcapona: apenas em paciente que não responderam aos outros medicamenos e, ainda assim, sob monitorização da função hepática Agonistas de receptor de dopamina Tto. Doença de Parkinson 7 Bromocriptina (um derivado do ergot) Ropinirol, pramipexol, rotigotina e apomorfina (não derivados do ergot) Mecanismo de ação: agonista diretos nos receptores dopaminérgicos A conversão enzimática desses fármacos não é necessária à sua atividade Tratamento das oscilações dependentes da dose, da função motora e podem ser úteis à profilaxia das complicações motoras Farmacocinética: Ropinirol e pramipexol: duração da ação 8-24 h (geralmente é maior que a da levodopa 6-8 h) particularmente eficazes no tratamento dos pacientes que desenvolveram fenômenos de on/off Ações significativamente + prolongadas do que a Levodopa Eficazes em pacientes que apresentam flutuações em respostas à levodopa ➯ Menor risco de desenvolver discinesias e flutuações motoras em comparação com pacientes tratados desde o início com levodopa Bromocriptina, pramipexol e ropinirol são eficazes em pacientes com doença de Parkinson complicada por flutuações motoras e discinesias Contudo, são ineficazes em pacientes que não mostraram resposta terapêutica à levodopa ➯ A apomorfina é um agonista dopaminérgico injetável usado em estágios graves e avançados da doença, para suplementar medicações orais Não derivados do Ergot: Pramipexol e ropinirol são ativos por via oral Apomorfina e rotigotina estão disponíveis para via injetável e sistemas transdermais, respectivamente. Apomorfina é usada no manejo agudo da hipomotilidade off na doença de Parkinson avançada A rotigotina é administrada 1x ao dia como um adesivo transdérmico que assegura níveis de fármaco por 24h Esses fármacos aliviam a deficiência motora em pacientes que nunca usaram levodopa e também naqueles com DP avançada sob tratamento com levodopa Tto. Doença de Parkinson 8 Podem retardar a necessidade de usar levodopa no início do Parkinson e podem reduzir a dose de levodopa no Parkinson avançado. Efeitos adversos: Bromocriptina: Similares às ações da levodopa → que alucinações, confusão, delírio, náusea e hipotensão ortostática Discinesia é menos proeminente Em doença psiquiátrica pode piorar as condições mentais Cautela em pacientes com anamnese de infarto do miocárdio ou doença vascular periférica Potencial de causar fibrose pulmonar e retroperitoneal (por ser derivada do ergot) Apomorfina, pramipexol, ropinirol e rotigotina: Não agravam os distúrbios vasculares periféricos nem causam fibrose Náusea, alucinações, insônia, tonturas, constipação e hipotensão ortostática As discinesias são menos frequentes do que com levodopa O pramipexol é excretado principalmente inalterado na urina → ajuste de dose na disfunção renal Interações: A cimetidina inibe a secreção tubular renal de bases orgânicas e pode aumentar significativamente a meia-vida do pramipexol As fluoroquinolonas e outros inibidores do citocromo P450 isoenzima 1A2 (CYP1A2) (p. ex., fluoxetina) podem inibir a biotransformação do ropinirol Amantadina Um antiviral usado no tratamento contra influenza A e tem ação antiparkinsoniana Mecanismo de ação: inúmeros efeitos neurotransmissores Maior liberação de dopamina no estriado Bloqueio de receptores colinérgicos Inibição do receptor glutamato tipo N-metil-D-aspartato (NMDA) Evidências apoiam que a ação nos receptores NMDA é a ação primária nas concentrações terapêuticas. Usos: tto. inicial para a forma da doença mais branda Menos eficaz do que a levodopa e desenvolve tolerância mais facilmente Bem tolerada e menos EA que a levodopa Adm Vo, 100mg 2x/dia Efeitos adversos: Intranquilidade, agitação, confusão e alucinações Em doses elevadas: psicose tóxica aguda, Hipotensão ortostática, retenção urinária, edema periférico e boca seca também podem ocorrer Fármacos antimuscarínicos Triexifenidil Mesilato de benzitropina Tto. Doença de Parkinson 9 Cloridrato de difenidramina Mecanismo de ação: bloqueio da transmissão colinérgica → efeitos similares ao aumento da transmissão colinérgca Ajuda a corrigir o desequilíbrio na relação entre dopamina e ACh Usos: efeitos modestos e usados apenas em estágios iniciais da DP como coadjuvante São menos eficazes do que a levodopa e somente têm papel auxiliar no tratamento antiparkinsoniano Efeitos adversos: Alterações do humor, sedação, xerostomia, constipação e problemas visuais típicos dos bloqueadores muscarínicos Eles interferem com o peristaltismo no TGI São contraindicados em pacientes com glaucoma de ângulo fechado, hiperplasia de próstata ou estenose pilórica � Similares, embora pacientes possam responder de forma mais favorável a um do que a outro: Triexifenidil (2-4 mg 3 vezes/dia) Mesilato de benzitropina (1-4 mg 2 vezes/dia) Cloridrato de difenidramina (25-50 mg 3 ou 4 vezes/dia) Tratamento cirúrgico ECP: Estimulação Cerebral Profunda Atua recuperando o equilíbrio fisiológico nos núcleos da base sem a necessidade de restabelecer os níveis de dopamina Fármacos adjuvantes no tratamento da DP: Beta- bloqueadores (Propanolol): tremor BZDs (Clonazepam): distonia Gabaérgicos (Baclofeno): distonia Antidepressivos (Amitriptilina,imipramina, doxepina, fluoxetina): depressão e insônia Lítio: distonia dolorosa e outras discinesias Antipsicóticos (Clozapina): sintomas psicóticos, discinesias Estimulantes do SNC (Anfetamina, metilfenidato, pemolina): sintomas sensitivos Antieméticos (Ciclizina, domperidona): náuseas e vômitos Laxativos (formadores de bolo): constipação crônica Uso racional do tratamento inicial da DP Não associar antidopaminérgicos Iniciar com doses pequenas e aumentos graduais Não usar anticolinérgicos em pacientes com >65 anos com glaucoma, prostatismo e algum grau demencial Concluir a ineficácia da Levodopa apenas depois de atingir a dose de 1.500 mg Tto. Doença de Parkinson 10 Adicionar agonista dopaminérgico aos pacientes que necessitarem de doses elevadas de Levodopa para permitir posterior redução destas