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Tumores do Estômago 1 Tumores do Estômago ➯ Neoplasias comuns, malignidades frequentes e altas taxas de letalidade Tumores benignos Tumores não neoplásicos que se apresentam como pólipos são os mais comuns (90%) Comuns no estômago, mas podem ser encontrados em outros locais na forma sindrômica Natureza hiperplásica ou inflamatória São pólipos harmatomatosos Pólipo de Peutz Jegheres e Pólipo Juvenil NÃO SÃO COMUNS no estômago (mais comuns no intestino) Pólipo Hiperplásico Ou pólipo inflamatório 75% das lesões polipoides gástricas Faixa etária entre 50 e 60 anos Apresentação mais comum no ANTRO, com lesões SÉSSEIS ou PEDICULADOS, superfície geralmente lisa Fundo gástrico com MUCOSA INFLAMADA, sobretudo relacionada com gastrite por H. pylori A chance da displasia está ligada ao tamanho da lesão A grande maioria desses pólipos hiperplásicos tem menos de 1cm Na grande maioria das vezes não tem associação com malignidade e não apresentam foco de displasia → 1 a 20% dos casos chance de displasia Pólipo de Glândulas Fúndicas Incidência crescente diretamente proporcional a ampla utilização dos INIBIDORES DAS BOMBAS DE PRÓTONS (tratamento inibidores da acidez gástrica) Múltiplos pólipos hiperplásicos Aspecto de pequeno aumento, com glândulas cisticamente dilatadas, hiperplasia foveolar e na lâmina própria uma variada inflamação Tumores do Estômago 2 Diminui a produção de ácido e provoca de uma forma reacional uma proliferação/cistificação dessas glândulas presentes na mucosa oxíntica Sintomatologia variada, alguns são completamente assintomáticos, outros se apresentam com náuseas, vômitos e dor Apresenta-se mais em mulheres (5x mais) Tende a ocorrer MUCOSA OXÍNTICA, portanto, em CORPO E FUNDO GÁSTRICO As glândulas ficam cisticamente dilatadas e revestida por células da mucosa oxíntica, portanto, células parietais e principais, a lâmina própria com desprezíveis células inflamatórias Adenomas polipoides (Pólipos verdadeiramente neoplásicos) 5 a 10% dos tumores benignos gástricos 50 a 60 anos Predileção em homens (3x mais) Mucosa INFLAMADA e com histórico de GASTRITE CRÔNICA com atrofia e metaplasia intestinal Esses pólipos apresentam DISPLASIA (leve ou alto grau) Os focos de displasia indicam um potencial de malignização relacionado com o tamanho ou grau de displasia e a configuração histológica Únicos ou múltiplos, SÉSSEIS ou PEDICULADOS, tubulares ou vilosos, preferencia pelo ANTRO Cerca de 40% no momento do diagnóstico já tem algum foco de malignização Não se pode com certeza fazer a diferenciação dessas lesões → então, elas precisam ser EXCISADAS e diagnosticadas durante uma endoscopia No momento que se diagnostica uma lesão benigna, mesmo que tenha chance para uma evolução maligna, isso não vai acontecer, pois com o diagnóstico já se retira a lesão, sempre que possível Se for uma lesão muito grande, que não possa ser excisada no momento do diagnóstico, ela deve ter a indicação cirúrgica devido ao risco de displasia e malignização (que são relacionados ao tamanho da lesão) Podem ser tubulares, vilosos ou túbulo-vilosos A configuração vilosa, que são projeções digitiformes fica com aspecto verrucoso, com um eixo conjuntivo vascular de sustentação e coberto por um epitélio, a configuração é vilosa, também chamada de papilomatosa A configuração tubular, tal qual glândula tubular reta que a gente observa no estômago normal. Aí vai apresentar algum nível de displasia que pode ser de baixo a alto grau, lembrando que as lesões de displasia de alto grau são as mais preocupantes no que tange ao risco de transformação maligna Macroscopicamente é igual aos outros pólipos, por isso deve ser biopsiado � No cólon, a maioria dos adenocarcinomas colônicos surgem dos pólipos, no estômago a maioria dos adenocarcinomas NÃO surgem dos pólipos (embora o adenoma possa virar um adenocarcinoma) Tumores Malignos Adenoma gástrico, com superfície lisa, congesta Tumores do Estômago 3 ➯ Carcinomas (90-95%) que surgem do epitélio de revestimento do estômago, e ainda vamos ter linfoma (4%), carcinoide ou neuroendócrino (3%) e mesenquimais (2%) 1. Carcinoma gástrico Tem uma distribuição geográfica bem peculiar, variando de região pra região Alta incidência: Japão, China, Chile, Portugal e Rússia Baixa incidência: EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia � Nas regiões de alta prevalência, os pacientes são submetidos a screening, o diagnóstico precoce é feito em 35% das vezes (Japão) Já onde ele tem uma baixa incidência e o investimento na vigilância não se justifica, o diagnóstico precoce se faz de 10 a 25% das vezes (USA e Europa) Tem incidência maior em homens (2:1) É a 2ª malignidade mais comum no mundo → manifestação silenciosa nas fases iniciais Neoplasia grave, com alta letalidade, prognóstico bastante restrito quando já se está numa fase mais avançada Patogenia Fatores ambientais: Helicobacter pylori; Fumo; Preservação de alimentos a base de sal (tipo charque ou defumados, que contem componentes nitrosos importantes como carcinógenos da mucosa gástrica) Pimenta; Escassez de alimentos frescos ricos em antioxidantes (vegetais e frutas); Fatores do hospedeiro: Gastrite crônica – risco adicional ao câncer; Gastrectomia parcial – favorece refluxo, gastrite alcalina e um processo inflamatório crônico continuado; Adenomas gástricos; Fatores genéticos: Grupo sanguíneo tipo A; História familiar de câncer gástrico; Câncer colônicos familiar não polipoide (síndrome – comentado na aula de intestino); Síndrome de câncer gástrico familiar; Classificação de Laurén ➯ Classificação bem confirmada e estabelecida, onde conseguimos relacionar 2 tipos distintos do carcinoma gástrico 1. Intestinal Se desenvolve nas regiões de alto risco; Faixa etária de 55 anos em média; Ocorre mais em homens (2:1); As lesões precursoras são conhecidas O paciente tem uma dieta não adequada, uma gastrite crônica A partir dessa mucosa cronicamente inflamada tem uma sequência de lesões que são inflamação crônica → 2. Difuso A incidência etária é um pouco mais cedo, aos 48 anos; Não se conhece lesões precursoras Provavelmente está relacionado a alterações genéticas, a mutação, como resultado da perda de E-caderina Não tem alteração na incidência Aqui não podemos alterar os fatores de risco (já que a causa é genética) como no intestinal; Incidência entre os sexos é mais ou menos equiparada (1:1) Tumores do Estômago 4 atrofia → metaplasia intestinal (epitélio gástrico é substituído por um epitélio do tipo intestinal, que é mais resistente) → displasia → transformação maligna Morfologia Tende a se desenvolver mais na região ANTRO-PILORO (60%); Pequena curvatura (40%); Grande curvatura (12%); Cárdia (25%) → tem uma incidência que está aumentando, diretamente relacionada com a incidência do Esôfago de Barret, obesidade e refluxo gastresofágico (lembrar do adenocarcinoma esofágico); é uma doença a parte com fatores etiopatogênicos distintos (ele é exceção) Macroscopia São lesões exofítica (crescem em direção à luz, tal qual polipoide) Plano ou deprimido; Escavado (ulcerada); � Quando se estuda um estômago, uma peça de gastrectomia sempre se deve abrir pela grande curvatura porque na maioria das vezes essa lesão estará presente na região do antro-piloro e pequena curvatura � Classificação de Borrmann Tipo I: lesão exofítica, vegetante ou polipoide; Tipo II: lesão ulcerada e bem delimitada; Tipo III: lesão infiltrante e ulcerada (úlcero-infiltrante), mal delimitada; Tipo IV: infiltrativa, plana, de limites imprecisos ➯ Os tipos de 1 a 3 estão mais relacionados com o tipo intestinal de Laurén ➯ O tipo 4 mais relacionado com o tipo difuso de Laurén ➯ Do tipo I ao IV, a lesão passa de padrão exofítica a INFILTRATIVA Linite plástica Corresponde ao Tipo IV de Borrmann e Difuso de Laurén É um carcinoma gástrico, de comprometimento extenso da parede gástrica Crescimento ENDOFÍTICO de células isoladas, normalmentepoupam a superfície da mucosa Faz com que esse órgão se transforme numa estrutura rígida, inelástica, com parede espessada e o estômago como um todo assume o aspecto de garrafa de couro � É importante salientar isso, porque pelo exame microscópico, nas fases iniciais dessa doença ela pode passar desapercebido, por serem escassas células isolada Esse tipo de câncer tem uma MUTAÇÃO num gene de adesão celular, que é a CADERINA, então as células ficam com aspecto difuso isolados, não formam estruturas acinares Chama atenção o espessamento da parede, vemos que temos uma parede delgada, e aqui ela está espessada, Tumores do Estômago 5 As células passam se apresentar de uma forma menos coesas, mais isoladas, daí o padrão difuso Pode ocorrer de TODO o estômago ser o tumor Nesse tipo de lesão o diagnóstico é tardio, a lesão costuma ter um estádio avançado, infiltrou a profundidade da parede de uma forma extensa Microcopia: Quando se examina a camada muscular do paciente portador dessa entidade, as células tumorais infiltram nessa muscular, dando um aspecto mais ou menos quadriculado, semelhante aos fios, tecidos do linho → dai o nome Linite No pequeno aumento as células podem ser confundidas com células inflamatórias, e no detalhe vamos ver que essas células tem características de atipias e elas infiltram profundamente a parede Invasão Lesão precoce: Lesão confinada a mucosa e a submucosa, independente do comprometimento linfonodal Ele pode até ter metástase linfonodal, mas se ele tiver uma lesão que não compromete a muscular própria, ela é considerada uma lesão precoce Aqui o prognóstico é bastante favorável Nesse momento ele é praticamente assintomático ou com sintomas relacionados a gastrite Lesão avançada: Invasão da mucosa, muscular da mucosa, a submucosa, e atinge a muscular própria Queda significativa no prognóstico Microscopia O carcinoma gástrico tem um padrão que se assemelha muito ao carcinoma intestinal, tendo: NÚCLEOS GRANDES em relação ao citoplasma CROMATINA GRUMOSA Núcleo da célula evidente Figuras de mitose Padrão de psudoestratificação Glândulas dentro de glândulas (glândulas fusionadas em estroma interposto) Se nós formos comparar com as criptas normais (glândulas retas) entre elas sempre tem um tecido conjuntivo interposto, e no carcinoma elas estão fusionadas (sem tecido conjuntivo) O adenocarcinoma pouco diferenciado vai ter proliferações sólidas sem configuração acinar ou tubular onde temos o carcinoma difuso se desenvolvendo Infiltração difusa da camada muscular da mucosa, as células são isoladas sem formar configurações acinares ou glandulares; as células mais escuras são características do adenocarcinoma do tipo difuso Padrão que se acemelha ao carcinoma intestinal, com núcleos atipicos, cromatima grumosa, núcleo evidente, figuras de mitose, padrão de psudoestratificação, glândulas dentro de glândulas Tumores do Estômago 6 ➯Adenoarcinoma mucinoso: uma VARIANTE do carcinoma gástrico, rico em muco, dando a ideia de que o epitélio maligno está boiando, como se fosse uma piscina ➯Carcinoma em células de anel de sinete: outra VARIANTE, que também é difuso de Laurén. As células possuem uma parte superficial que corresponde a um núcleo e o muco fica restrito ao citoplasma, empurrando o núcleo para a periferia e dando um aspecto de anel. O citoplasma é totalmente constituído com muco, sendo um prognostico bem reservado Caso ideal de carcinoma precoce, isolado, tendo uma lesão plana, mais rosada, de difícil reconhecimento Mucosa inflamada, com um adenocarcinoma se desenvolvendo. Observamos estruturas tubulares, algumas glândulas fusionadas, com tonalidade mais escurecida, mostrando, assim, uma celularidade maior com anaplasias (núcleo maior e citoplasma menor) Com glândulas distorcidas/fusionadas, seguindo um padrão de glândulas back to back (agrupamente glandular), e temos fibras musculares lisas que são da muscular da mucosa, e temos ácinos infiltrando a muscular da mucosa. Os ácinos estão fusionados, sem estroma interposto. Carcinoma gástrico Borrmann I, que tem um crescimento predominantemente Exofítico, vegetante, cresce como uma lesão polipoide séssil. Do tipo intestinal. Borrmann II, um carcinoma gástrico bem ulcerado e delimitado, inclusive essa lesão levanta suspeita de ser “uma úlcera benigna”, podendo gerar confusão (importante biopsiar) Borrmann III, com o fundo irregular, que é uma característica do carcinoma ulcerado Tumores do Estômago 7 � Quadro clínico Nas fases iniciais é assintomático ou com sintomas inespecíficos; Na doença avançada, as manifestações podem ser: perda de peso, perda de apetite, anorexia, dor, anemia, hemorragia ou vômitos; A sobrevida está relacionada ao estadiamento, o quanto essa doença infiltrou a parede, se for uma lesão: Intramucosa: tem 99% de sobrevida em 5 anos (praticamente curável); Submucosa: 95% de sobrevida em 5 anos (também considerado estágio precoce); Muscular (própria): 50 a 70% de sobrevida Serosa: 8 a 20% de sobrevida em 5 anos 2. Linfoma gástrico ➯ Proliferação de tecido linfoide associado a mucosa, que vai distendendo a lâmina própria, infiltrando a submucosa por uma população de linfócitos ativos, que podem migrar para dentro do epitélio e caracterizando a lesão histológica que é a lesão linfoepitelial 40% dos linfomas ocorrem em SÍTIO EXTRA-NODAL, sendo o mais comum o TGI, principalmente estômago Perfaz cerca de 5% das malignidades gástricas A imensa maioria surge do tecido linfoide presente na mucosa e por isso são chamados de LINFOMAS DE MALT (linfoma de tecido linfoide associado a mucosa) 80% está associada com GASTRITE E INFECÇÃO PELO H. PYLORI A primeira linha de tratamento é a erradicação do H. pylori, que pode determinar a regressão da neoplasia Macroscopia: Observa-se no estômago com linfoma é um alargamento da mucosa pregueada, ficam pregas mais grosseiras, e quando se corta o estômago ele tem um aspecto homogêneo, brilhante, cinzento/pardo claro, pouco firme, elástica ou macia, semelhante ao tecido linfoide normal Quanto maior a infiltração, mais característico é esse aspecto Microscopia: proliferação de linfócitos nessa mucosa de natureza neoplásica Essas células neoplásicas migram para dentro do epitélio, formando as tais lesões linfoepiteliais que são um dos aspectos característicos da histologia do linfoma gástrico Tumores do Estômago 8 3. Tumor de estroma gastrointestinal (GSIT) ➯Esse tumor pode se desenvolver no cólon-reto, mas também se desenvolve, mais frequentemente, no estômago ➯ Surge a partir de células intersticiais do Cajal, que são um tipo de célula presente nos plexos autônomos, no trato gastrointestinal que regula o peristaltismo Surge dessa célula, e faz proliferação de células alongadas ou epitelioides ou um padrão mesclado Podem ter uma configuração fusiformes ou epitelioides ou ambas Quando a gente fala em GIST, lembramos que muitas lesões tem discrepância entre o padrão morfológico e comportamento biológico Ele não segue muita regra e muitas vezes tem um comportamento desproporcional a sua aparência histológica Dessa forma, é muito difícil estabelecer o comportamento dessas lesões Comportamento das lesões: Algumas vezes, são absolutamente simples na sua morfologia, lembram tumores benignos e têm um comportamento agressivo Para considerar o risco de progressão da doença (seu comportamento) se leva em consideração o TAMANHO e NÚMERO DE MITOSES Se a lesão é pequena, menor de 2cm, e ela tem menos de 5 mitoses por 50 campos de grande aumento, ela é uma lesão sem risco de progressão (tabela) Existe, ainda, um marcador para essa lesão que são anticorpos contra C-KIT que é uma tirosina quinase (também chamada de CD117 quando positivo) que está presente na grande maioria dos GIST, 85% ou mais. E 70% dos casos tem também o marcador CD34 positivo Deve-se classificar como alto ou baixo risco de progressão Quando a lesão tem poucas mitoses eé pequena não costuma surpreender, não costuma progredir Tratamento: Outro aspecto importante desse tumor é que ele tem um tratamento alvo, que se chama IMATINIB Infiltração de linfócitos na parede, com uma população homogênea de células, e temos a presença de linfócitos ativos dentro do epitélio Tumores do Estômago 9 Ele inibe a tirosina cinase e inibe o c-KIT. Quando o paciente tem doença não ressecável, com recorrência ou metástase, esse tratamento é empregado e o paciente tem uma boa resposta terapêutica por um bom tempo, até que ele sofra progressão do tumor (desvie desse tratamento) e continue progredindo 4. Tumor neuroendócrino (tumor Carcinoide) ➯ Surgem das células neuroendócrinas presentes na mucosa, que ficam lá na profundidade da cripta, sendo um tumor que vai chegar na superfície da mucosa tardiamente São massas intramurais ou submucosas Importante para o diagnóstico do endoscopista, pois o patologista as vezes vê só a parte mais superficial da mucosa que ainda não foi atingida pelo tumor que está crescendo abaixo Macroscopia: tonalidade amarelada, consistência firme Microscopia: padrão histológico é bastante peculiar, facilmente reconhecido Formam ninhos, trabéculas, cordões, eventualmente, ácinos e as células são pequenas e uniformes, não tem pleomorfismo significativo Não tem a atipia nem a agressividade de um carcinoma, mas tem outros aspectos semelhantes que é a INFILTRAÇÃO, o potencial de progressão da doença observada no carcinoma Tem agressividades distintas dependendo da localização: No esôfago, estômago e duodeno eles raramente metastatizam e geralmente são curados cirurgicamente Em jejuno e íleo tentem a ser múltiplos e agressivos No apêndice geralmente na ponta do apêndice e quase sempre são benignos Em cólon e reto são achados incidentais na maioria e metastatizam raramente