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Gabarito da 3a Prova de Mecânica do Contínuo (1) Considere os seguintes 3 sistemas de coordenadas: (i) Coordenadas cilíndricas parabólicas (ξ, η) no plano dado por: ~x (ξ, η) = ξηê1 + 1 2 ( ξ2 − η2 ) ê2 (η ≥ 0) (−∞ < ξ <∞) (ii) Coordenadas parabólicas (ξ, η, ϕ) no espaço definido por ~x (ξ, η, ϕ) = ξηρ̂ (ϕ) + 1 2 ( ξ2 − η2 ) ê3 (η ≥ 0) (ξ ≥ 0) (iii) Coordenadas helicoidais (ρ, ϕ, z) no espaço definido por ~x (ρ, ϕ, z) = ρρ̂ (ϕ) + (αϕ+ z) ê3 (α = cte) onde ρ̂ (ϕ) = cosϕê1 + sinϕê2 (0 < ϕ < 2π) (a) (1,0 ponto) Calcule os coeficientes de Christoffel para o sistema de coor- denadas (i). Solução: Temos que: ~x (ξ, η) = ξηê1 + 1 2 ( ξ2 − η2 ) ê2 ~xξ = ∂~x ∂ξ = ηê1 + ξê2 ~xη = ∂~x ∂η = ξê1 − ηê2 (1) que pode ser invertido como: ê1 = η~xξ + ξ~xη( ξ2 + η2 ) ê2 = ξ~xξ − η~xη( ξ2 + η2 ) (2) de modo que: gij = ( ξ2 + η2 ) δij (3) A velocidade no plano com estas coordenadas é, então: ~v = ~xiq̇ i = ~xξ ξ̇ + ~xη η̇ e a aceleração é dada por: ~a = ~xξ ξ̈ + ~xη η̈ + d~xξ dt ξ̇ + d~xη dt η̇ No entanto, (utilizando (1) e (2)), temos: d~xξ dt = ê2ξ̇ + ê1η̇ = η̇ (η~xξ + ξ~xη) ξ2 + η2 + ξ̇ (ξ~xξ − η~xη)( ξ2 + η2 ) = ( ξξ̇ + ηη̇ ) ~xξ + ~xη ( ξη̇ − ηξ̇ ) ( ξ2 + η2 ) d~xη dt = ê1ξ̇ − ê2η̇ = ξ̇ (η~xξ + ξ~xη) ξ2 + η2 − η̇ (ξ~xξ − η~xη)( ξ2 + η2 ) = − ( ξη̇ − ηξ̇ ) ~xξ + ~xη ( ξξ̇ + ηη̇ ) ( ξ2 + η2 ) 1 De modo que: ~a = ~xξ ( ξξ̇ 2 + 2ηξ̇η̇ − ξη̇2 ) + ~xη ( −ηξ̇2 + 2ξξ̇η̇ + ηη̇2 ) ( ξ2 + η2 ) (4) Comparando com a equação genérica: ~a = ~xi ( q̈i + Γijkq̇ j q̇k ) Podemos ler diretamente todos os 6 coeficientes de Christoffel: Γξξξ = Γ η ξη = ξ( ξ2 + η2 ) Γξηη = − ξ( ξ2 + η2 ) Γηξξ = − η( ξ2 + η2 ) Γηηη = Γξξη = η(ξ2 + η2) (b) (1,0 ponto) Calcule os operadores divergente e gradiente para o sistema de coordenadas (ii). Solução: ~xξ = ∂~x ∂ξ = ηρ̂+ ξê3 ~xη = ∂~x ∂η = ξρ̂− ηê3 ~xϕ = ∂~x ∂ϕ = ξηϕ̂ De modo que: gij = ξ2 + η2 0 00 ξ2 + η2 0 0 0 ξ2η2 e g = ξ2η2 (ξ2 + η2)2 Temos que para: ~u = ~xξu ξ + ~xηu η + ~xϕu ϕ a fórmula geral do divergente nos dá: ~∇ · ~u = 1√ g ∂ ∂qi (√ gui ) = = 1 ξη ( ξ2 + η2 ) { ∂∂ξ [ξη (ξ2 + η2)uξ]+ ∂∂η [ξη (ξ2 + η2)uη]+ + ∂∂ϕ [ ξη ( ξ2 + η2 ) uϕ ] } = = 1( ξ2 + η2 ) {1 ξ ∂ ∂ξ [ ξ ( ξ2 + η2 ) uξ ] + 1 η ∂ ∂η [ η ( ξ2 + η2 ) uη ]} + ∂uϕ ∂ϕ O gradiente de uma função escalar f em um sistema de coordenadas arbi- trário é dado por ( ~∇f )i = ∂f ∂qj gij Em nosso caso, temos que gij = 1 ξ2+η2 0 0 0 1 ξ2+η2 0 0 0 1 ξ2η2 2 de modo que( ~∇f )ξ = 1 ξ2 + η2 ∂f ∂ξ ( ~∇f )η = 1 ξ2 + η2 ∂f ∂η ( ~∇f )ϕ = 1 ξ2η2 ∂f ∂ϕ logo: ~∇ = 1 ξ2 + η2 ( ~xξ ∂ ∂ξ + ~xη ∂ ∂η ) + 1 ξ2η2 ~xϕ ∂ ∂ϕ (c) (1,0 ponto) Calcule a métrica e a inversa da métrica para o sistema de coordenadas (iii). Solução: ~x (ρ, ϕ, z) = ρρ̂ (ϕ) + (αϕ+ z) ê3 ~xρ = ∂~x ∂ρ = ρ̂ ~xϕ = ∂~x ∂ϕ = ρϕ̂+ αê3 ~xz = ∂~x ∂z = ê3 A métrica é dada por: gij = ~xi · ~xj = 1 0 00 ρ2 + α2 α 0 α 1 Notem que a métrica não é diagonal! Invertendo a matriz acima, obtemos a métrica inversa dada por gij = 1 ρ2 ρ2 0 00 1 −α 0 −α ρ2 + α2 (2) (1,0 ponto) Considere um elemento infinitesimal de superfície de um recipiente esférico de base de raio R e pressão interna p muito maior do que a pressão externa. Calcule o tensor de tensões da "casca esférica" de espessura d� R em coordenadas esféricas (θ, ϕ) (com r = R). Solução: A tensão sobre um pequeno anel de expessura d em volta do "equador" da esfera deve equilibrar a força que a pressão interna do gás exerce sobre a superfície do hemisfério superior, de modo que temos( σθθ2πRd ) ê3 = p ∫ S ~ds onde ~ds = r̂(θ, ϕ) R2 sin θdθdϕ com r̂(θ, ϕ) = sin θρ̂ (ϕ) + ê3 cos θ ρ̂ (ϕ) = cosϕê1 + sinϕê2 Por simetria, temos: σθθ2πRd = 1 2 pR2 ∫ π/2 0 sin 2θdθ ∫ 2π 0 dϕ 3 σθθd = 1 2 pR ∫ π/2 0 sin 2θdθ = −1 4 pR cos 2θ|π/20 = 1 2 pR Por isotropia, vemos que σθθ = σϕϕ, de modo que o tensor de tensões ←→σ pode ser escrito explicitamente como: ←→σ = R 2d p ( 1 0 0 1 ) (3) Considere uma esfera constituída de ummaterial sólido elástico e isotrópico de raios internos R1 < R2 com pressão interna p e pressão externa desprezível, então: (a) (1,0 ponto) Mostre que o rotacional em coordenadas esféricas pode ser escrito como: ~∇×~u = r̂ [ 1 r sin θ ∂ ∂θ (sin θuϕ)− 1 r sin θ ∂uθ ∂ϕ ] +θ̂ [ 1 sin θ ∂ur ∂ϕ − ∂ ∂r (ruϕ) ] + 1 r ϕ̂ [ ∂ ( ruθ ) ∂r − ∂u r ∂θ ] (5) Solução: O sistema de coordenadas esféricas é definido por ~r (r, θ, ϕ) = r [sin θρ̂(ϕ) + ê3 cos θ] com r̂(θ, ϕ) = sin θρ̂ (ϕ) + ê3 cos θ ρ̂ (ϕ) = cosϕê1 + sinϕê2 θ̂ = ∂r̂ ∂θ = cos θρ̂− sin θê3 ϕ̂ = dρ̂ dϕ = − sinϕê1 + cosϕê2 ρ̂ = sin θr̂ + cos θθ̂ de modo que ~xr = ∂~r ∂r = r̂ ~xθ = ∂~r ∂θ = rθ̂ ~xϕ = ∂~r ∂ϕ = r sin θϕ̂ e gij = 1 0 00 r2 0 0 0 r2 sin2 θ gij = 1 0 00 1/r2 0 0 0 1/r2 sin2 θ g = r4 sin2 θ Assim, utilizando a fórmula:( ~∇× ~u )k = 1 √ g ∂ ( gjlu ′l) �ijk ∂qi para ~u = ~xiu ′i = ~xru ′r + ~xθu ′θ + ~xϕu ′ϕ = r̂ur + θ̂uθ + ϕ̂uϕ 4 encontramos: ~∇× ~u = 1 r2 sin θ ∣∣∣∣∣∣ ~xr ~xθ ~xϕ ∂ ∂r ∂ ∂θ ∂ ∂ϕ u′r r2u′θ r2 sin θu′ϕ ∣∣∣∣∣∣ = 1r2 sin θ ∣∣∣∣∣∣ r̂ r2θ̂ r sin θϕ̂ ∂ ∂r ∂ ∂θ ∂ ∂ϕ u′r r2u′θ r2 sin2 θu′ϕ ∣∣∣∣∣∣ = (6) = 1 r2 sin θ ∣∣∣∣∣∣ r̂ r2θ̂ r sin θϕ̂ ∂ ∂r ∂ ∂θ ∂ ∂ϕ ur ruθ r sin θuϕ ∣∣∣∣∣∣ = = 1 r2 sin θ { r̂ [ ∂ ∂θ (r sin θuϕ)− ∂ ∂ϕ ( ruθ )] + r2θ̂ [ ∂ur ∂ϕ − ∂ ∂r (r sin θuϕ) ] + r sin θϕ̂ [ ∂ ( ruθ ) ∂r − ∂u r ∂θ ]} =(7) = r̂ [ 1 r sin θ ∂ ∂θ (sin θuϕ)− 1 r sin θ ∂uθ ∂ϕ ] + θ̂ [ 1 sin θ ∂ur ∂ϕ − ∂ ∂r (ruϕ) ] + 1 r ϕ̂ [ ∂ ( ruθ ) ∂r − ∂u r ∂θ ] (b) (1,0 ponto) Utilizando o resultado acima, mostre que a equação de Navier em uma situação de equilíbrio e na ausência de forças externas (body force) implica em ~∇(~∇ · ~u) = 0 para o campo de deformação ~u da esfera. Dica: Utilize a identidade ~∇× ( ~∇× ~u ) = ~∇ ( ~∇ · ~u ) −∇2~u (8) Solução: A equação de Navier para um sólido isotrópico é dada por: (λ+ µ) ~∇ ( ~∇ · ~u ) + µ∇2~u = −ρ ( ~b− ~a ) (9) Para o equilíbrio e na ausência de forças externas e utilizando a identidade (8), chegamos a ~∇× ( ~∇× ~u ) = ( λ µ + 2 ) ~∇ ( ~∇ · ~u ) (10) por questões de simetria, o campo de deformação ~u(~r) deverá ter uma forma ~u(~r) = ur(r)r̂ (11) Assim, de (10), (11) e (5), concluímos que ~∇ ( ~∇ · ~u ) = 0 (12) (c) (1,0 ponto) Mostre que o divergente em coordenadas esféricas é dado por: ~∇ · ~u = 1 r2 ∂ ∂r ( r2ur ) + 1 r sin θ ∂ ∂θ ( sin θuθ ) + 1 r sin θ ∂uϕ ∂ϕ (13) 5 Solução: Temos que ~∇ · ~u = 1 r2 sin θ ∂ ∂qi ( r2 sin θu′i ) = 1 r2 sin θ [ ∂ ∂r ( r2 sin θu′r ) + ∂ ∂θ ( r2 sin θu′θ ) + ∂ ∂ϕ ( r2 sin θu′ϕ )] =(14) = 1 r2 ∂ ∂r ( r2ur ) + 1 r sin θ ∂ ∂θ ( sin θuθ ) + 1 r sin θ ∂uϕ ∂ϕ (d) Utilize (13) para determinar o campo de deformação ~u a menos de con- stantes de integração. Solução: 1 r2 ∂ ∂r ( r2ur ) = C de modo que ∂ ( r2ur ) ∂r = Cr2 e, portanto: r2ur = 1 3 Cr3 + C ′ assim: ~u = ur(r)r̂ = ( 1 3 Cr + C ′ r2 ) r̂ (15) onde C e C ′ são constantes a serem determinadas. (e) (1,0 ponto) Dado que as componentes contravariantes para o tensor de deformações são dadas por: err = ∂ur ∂r eθθ = 1 r ( ∂uθ ∂θ + ur ) eϕϕ = 1 r ( 1 sin θ ∂uϕ ∂ϕ + ur + cot θuθ ) (16) erθ = 1 2 ( 1 r ∂ur ∂θ + ∂uθ ∂r ) − 1 r uθ erϕ = 1 2 ( 1 r sin θ ∂ur ∂ϕ + ∂uϕ ∂r ) − 1 r uϕ eθϕ = 1 r [ 1 2 ( 1 sin θ ∂uθ ∂ϕ + ∂uϕ ∂θ ) − cot θuϕ ] e levando em conta a Lei de Hooke para sólidos isotrópicos e tomando condições de contorno adequadas para o problema, calcule as constantes de integração C e C ′. Solução: A lei de Hooke é dada por ←→σ = λ (tr←→e ) Î + 2µ←→e (17) De (16), temos: { err(r) = ∂u r ∂r = 1 3C − 2 r3C ′ eθθ = eϕϕ = 1ru r = 13C + C′ r3 e tr←→e = C 6 De (17), podemos escrever{ σrr(r) = ( λ+ 23µ ) C − 4µr3 C ′ σθθ = σϕϕ = ( λ+ 23µ ) C + 2µr3 C ′ (18) As condições de contorno são dadas por: σrr(R1) = −P e σrr(R2) = 0 que nos dá: { −P = ( λ+ 23µ ) C − 4µ C′ (R1) 3 0 = ( λ+23µ ) C − 4µ C′ (R2) 3 De onde tiramos: C ′ = (R1) 3 (R2) 3 4µ [ (R2) 3 − (R1)3 ]P e C = 1( λ+ 23µ ) (R1)3[ (R2) 3 − (R1)3 ]P (19) (f) (1,0 ponto) Escreva explicitamente o tensor de tensões e calcule o limite da "casca esférica" para d = R2 − R1 e d � R2 ≈ R1 = R. Compare com o resultado da questão 2. Solução: De (19) e (18), podemos escrever: ←→σ = (R1) 3 [(R2)3−(R1)3] [ 1− (R2) 3 r3 ] P 0 0 0 (R1) 3P [(R2)3−(R1)3] [ 1 + (R2) 3 2r3 ] 0 0 0 (R1) 3P [(R2)3−(R1)3] [ 1 + (R2) 3 2r3 ] Utilizando a identidade polinomial (R2) 3 − (R1)3 = (R2 −R1) [ (R2) 2 +R1R2 + (R1) 2 ] e fazendo d = R2 −R1 e R1 → R2 = R, obtemos: σrr ≈ 0 σθθ = σϕϕ → Rp 2d que coincide com o resultado da questão 2. 7
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