Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Gabarito da 2a Prova de Mecânica do Contínuo (1) (1,0 ponto) Considere um fluido ideal com pressão p(~x, t), densidade de massa ρ(~x, t) e campo de velocidades ~v(~x, t). Definimos o tensor densidade de fluxo de momento ←→ Π como o tensor com as seguintes componentes cartesianas Πij = pδ i j + ρv ivj Mostre que, na ausência da gravidade ou de quaisquer outras forças externas, temos que ~∇.←→Π = −∂ ~j ∂t onde ~j = ρ~v é a densidade de quantidade de momento. Solução: Tomando a divergência de Πij indicialmente, vem: ∂Πij ∂xi = ∂p ∂xj + ∂ρ ∂xi vivj + ρ ∂ ∂xi ( vivj ) = (1) = ∂p ∂xj + ∂ρ ∂xi vivj + ρ ∂vi ∂xi vj + ρv i ∂vj ∂xi A equação da Euler para um fluido ideal pode ser escrita indicialmente como: −ρ [( vi ∂ ∂xi ) vj + ∂vj ∂t ] = ∂p ∂xj (2) e a equação da continuidade pode ser escrita indicialmente como ∂ρ ∂t = − ( ∂ρ ∂xi vi + ρ ∂vi ∂xi ) (3) substituindo (2) e (3) em (1), obtemos: ∂Πij ∂xi = −ρ [( vi ∂ ∂xi ) vj + ∂vj ∂t ] − ∂ρ ∂t vj + ρv i ∂vj ∂xi = = − ∂ ∂t (ρvj) (2) Dado o campo tensorial ←→σ = C1 (x2 + y2 + z2) C2 √ −4x2 − 2y2 + z2 σzx σyx C3(x− z) σyz C4 √ −2x2 − 4y2 + z2 C5 (x− y + z) C6 ( x3 + y3 ) + C7z 2 × 102 MPa (4) que representa, em dado instante, o estado de tensão em equilíbrio de um sólido deformável com densidade de massa unitária ρ = 1, então: (a) (1,0 ponto) Calcule as dimensões das constantes C1, C2,..., C7. Solução: O tensor de tensões ←→σ possui dimensão de pressão, de modo que temos [σ] = [M ] [L] −1 [T ] −2 e, portanto, por (4), temos: [C1] [C2] [C3] [C4] [C5] [C6] [C7] = [M ] [T ] −2 [L] −3 [L] −2 [L] −2 [L] −2 [L] −2 [L] −4 [L] −3 1 (b) (1,0 ponto) Calcule o campo externo de força por unidade de massa ~b(x, y, z) (body force) sabendo que os valores numéricos das constantes são as seguintes:( C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 ) = ( 1 6 1 −7 −2 8 1 ) Solução: Temos que: ←→σ = x2 + y2 + z2 6 √ −4x2 − 2y2 + z2 σzx σyx x− z σyz −7 √ −2x2 − 4y2 + z2 −2 (x− y + z) 8 ( x3 + y3 ) + z2 × 102 Para uma situação de equilíbrio, temos ~a = 0 e, pela equação de Cauchy com ρ = 1, podemos escrever: bj = − ∂σij ∂xi ou mais explicitamente para cada uma das componentes cartesianas do vetor ~b: bx = −∂σ i x ∂xi = − ( ∂σxx ∂x + ∂σyx ∂y + ∂σzx ∂z ) by = − ∂σiy ∂xi = − ( ∂σxy ∂x + ∂σyy ∂y + ∂σzy ∂z ) bz = −∂σ i z ∂xi = − ( ∂σxz ∂x + ∂σyz ∂y + ∂σzz ∂z ) ou ~b(x, y, z) = ( −2x+ 12y+7z√ −4x2−2y2+z2 ) ı̂+ ( 24x√ −4x2−2y2+z2 + 2 ) ̂+( 14x√ −2x2−4y2+z2 + 2z + 2 ) k̂ × 102 (c) (1,0 ponto) Calcule ~b e ←→σ no ponto ~r0 = 11 −3 e diagonalize ←→σ nesse mesmo ponto. Solução: Temos: ~b(1, 1,−3) = [( −3 √ 3− 2 ) ı̂+ ( 8 √ 3 + 2 ) ̂+ ( 14 3 √ 3− 4 ) k̂ ] × 102m/s2 e ←→σ (1, 1,−3) = 11 6√3 −7√36√3 4 6 −7 √ 3 6 25 × 102 MPa Calculamos o polinômio característico P (λ) = ∣∣∣∣∣∣ 11− λ 6 √ 3 −7 √ 3 6 √ 3 4− λ 6 −7 √ 3 6 25− λ ∣∣∣∣∣∣ = (λ+ 8) (λ− 16) (λ− 32) que nos leva às tensões principais σ1 = −8× 102 MPa, σ2 = 16× 102 MPa, σ3 = 32× 102 MPa, com autovetores normalizados respectivamente dados por: λ̂1 = 1 2 √ 2 √3−2 1 λ̂2 = 1 2 √ 2 √32 1 λ̂3 = √3 2 − 13√30 1 2 (d) (1,0 ponto) Calcule o vetor de tensão normal e de cisalhamento sobre uma superfície que passa pelo ponto ~r0 e cuja normal n̂ é perpendicular ao plano dado pela equação abaixo: x+ 2y − 2z = 10 (5) Solução: Sabemos, da geometria analítica, que um plano genérico com equação ax+ by + cy = D é perpendicular ao vetor (já normalizado) n̂ = 1√ a2 + b2 + c2 ab c Assim, de (5), temos que: n̂ = 1 3 12 −2 O vetor de tensão ~t no ponto ~r0 é dado, então, por: ~t = ←→σ (n̂) = 1 3 11 6√3 −7√36√3 4 6 −7 √ 3 6 25 12 −2 × 102 = = 26√3 + 116√3− 4 −7 √ 3− 38 × 102 MPa Podemos decompor o vetor ~t nas direções normal e tangencial (cisalhamento): ~t = ~tn + ~tc = ( ~t · n̂ ) n̂+ ~tc Assim: ~t · n̂ = 26√3 + 116√3− 4 −7 √ 3− 38 · 1 3 12 −2 × 102 = 1 3 ( 52 √ 3 + 79 ) × 102 MPa e ~tc = ~t− ( ~t · n̂ ) n̂ = 26√3 + 116√3− 4 −7 √ 3− 38 − 1 3 ( 52 √ 3 + 79 ) 1 3 12 −2 × 102 = = ( 10 3 )2 182√3 + 20−50√3− 194 41 √ 3− 184 MPa (3) Seja um campo de deformação de um sólido deformável policristalino e isotrópico dado por ~u(x, y, z) = �1 [ (x3 + y3)− xyz ] ı̂+ �2(x 2 − z2)̂+ �3 sin ( Cπxyz 2 ) k̂ (6) onde �1, �2 e �3 são constantes "pequenas" e C é uma constante arbitrária, então: (a) (1,0 ponto) Calcule as dimensões das constantes �1, �2, �3 e C e calcule o tensor de deformações ←→e no ponto ~r0 = 10 −1 3 com as constantes dadas numericamente por �1 = �2 = �3 = 10−2 e C = 1. Solução: O campo vetorial de deformação ~u possui dimensão de comprimento [~u] = [L], de modo que o tensor de deformação ←→e eij = 1 2 ( ∂ui ∂xj + ∂uj ∂xi ) (7) é claramente adimensional, portanto (6), temos que: [�1] [�2] [�3] [C] = [L] −2 [L] −1 [L] [L] −3 De (7), podemos calcular explicitamente: eij = �1 ( 3x2 − yz ) 1 2�1 ( 3y2 − xz ) + �2x − 12�1xy + Cπyz 4 �3 cos ( Cπxyz 2 ) e21 0 −z�2 + Cπxz4 �3 cos ( Cπxyz 2 ) e31 e31 �3 Cπxy 2 cos ( Cπxyz 2 ) e para o ponto (1, 0,−1) com �1 = �2 = �3 = 10−2 e C = 1, temos: eij (~r0) = 3 3/2 03/2 0 1− π/4 0 1− π/4 0 × 10−2 ≈ ≈ 3 1, 5 01, 5 0 0, 2146 0 0, 2146 0 × 10−2 (b) (1,0 ponto) Dado que esse material possui módulo de Young E = 300 GPa e sabendo que a velocidade das ondas primárias é 73, 2% maior do que a velocidade das ondas secundárias, então, calcule a razão de Poisson ν, os parâmetros de Lamé λ, µ e o módulo de compressão κ. Solução: As velocidades de ondas primária e secundária são dadas por vp = √ λ+ 2µ ρ vs = √ µ ρ (8) Dividindo uma equação pela outra e elevando ao quadrado, obtemos:( vp vs )2 = λ µ + 2 (9) Por outro lado, temos as identidades µ = E 2(1 + ν) λ = Eν (1− 2ν)(1 + ν) κ = E 3(1− 2ν) (10) Dividindo as duas primeiras equações acima uma pela outra e utilizando (9), obtemos:( vp vs )2 = 2 (1− ν) 1− 2ν Invertendo para ν, vem: ν = ( vp vs )2 − 2 2 [( vp vs )2 − 1 ] 4 Para vp = 1, 732vs, obtemos ν ≈ 0, 25. De (10), obtemos: µ = λ = 120 MPa κ = 200 MPa (c) (1,0 ponto) Calcule o tensor de tensões ←→σ para esse sólido no ponto ~r0. Solução: Temos para um sólido isotrópico ←→σ = λ(tr←→e )Î + 2µ←→e treij (~r0) = tr 3 1, 5 01, 5 0 0, 2146 0 0, 2146 0 × 10−2 = 3× 10−2 De modo que: ←→σ (~r0) = 120 3× 10−2 1 0 00 1 0 0 0 1 + 2 3 1, 5 01, 5 0 0, 2146 0 0, 2146 0 × 10−2 = = 25, 2 10, 8 010, 8 3, 6 1, 545 0 1, 545 3, 6 MPa (d) (1,0 ponto) Calcule a energia elástica por unidade de volume U no ponto ~r0. Solução: Temos que U = 1 2 tr (←→σ ←→e ) De modo que, no ponto ~r0, temos: 1 2 ←→σ ←→e = 1 2 25, 2 10, 8 010, 8 3, 6 1, 545 0 1, 545 3, 6 3 1, 5 01, 5 0 0, 2146 0 0, 2146 0 × 10−2 = = 0, 459 0.189 1, 1589× 10−20, 189 0, 08266 3, 8628× 10−3 1, 1588× 10−2 3, 8628× 10−3 1, 6578× 10−3 De modo que U = 0, 543 MPa. (4) (1,0 ponto) Deduza a equação barométrica para a pressão atmosférica utilizando a equação de Euler para um fluido ideal e a equação de estado para um gás perfeito: pV = NkT (11) Solução: A equação de Euler para o fluido perfeito é dada por( ~v · ~∇ ) ~v + ∂~v ∂t = −1 ρ ~∇p+ ~g (12) No caso de um modelo estático para a atmosfera, podemos tomar ~v = 0. Orientando a direção vertical no eixo z para cima, podemos escrever: dp(z) dz = −ρ(z)g (13) Modelando a atmosfera como um gás de N moléculas, cada uma de massa m, podemos escrever para a densidade (utilizando (11)) ρ = N V m = p m kT Substituindo a equação acima em (13), obtemos: dp(z) dz = −p(z)mg kT A solução da EDO acima é dada por: p(z) = p0e −mgkT z que é conhecida como a equação barométrica. 5
Compartilhar