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Patologia das Glândulas Salivares 1 Patologia das Glândulas Salivares ➯Dentre as neoplasias, as das glândulas salivares não são as mais prevalentes, apresentando uma baixa incidência ➯São doenças que particulares, que ocorrem tipicamente em glândulas salivares, e quando ocorrem em outros tecidos, que é algo raro, são ditos tumores tipo gl. Salivares ➯As doenças são de natureza inflamatória e neoplásicas; Anatomia ➯ 3 pares de glândulas maiores: a. Parótida b. Submandibular c. Sublingual ➯ Há numerosas gl. salivares menores que recobrem e estão presentes em toda mucosa do trato aerodigestivo superior (cavidade oral, faringe, vias aéreas superiores) Macroscopia: grosseiramente semelhante ao pâncreas, com uma configuração lobulada, cinza amarelada, elástica Funções Preparação do alimento para digestão; Controle da flora bacteriana; Umedecimento das membranas mucosas; Mucocele Definição: alteração das glândulas salivares bem comum e relacionada ao BLOQUEIO ou RUPTURA de um ducto salivar Consequências: se tem um extravasamento de saliva para o tecido conjuntivo, geralmente se apresentam como uma área abaulada, aumentada de volume, translúcida, em decorrência do acúmulo de saliva → reação inflamatória Essa inflamação lembra muito o tecido de granulação inflamatório, com aspecto edematoso (mas na verdade é a saliva que se acumula) Tratamento: cirúrgico, com excisão da glândula salivar correspondente, que teve seu ducto lesionado A mucocele, alguns autores, a classificam como: a. Extravasamento: ocorre geralmente em lábio inferior, secundário a trauma e na faixa etária mais jovem; b. Retenção: tende a ocorrer na faixa etária de pacientes mais velhos, em outras localizações da cavidade oral, inclusive a nível de gengiva; Sialoadenites Definição: processos inflamatórios por infecção bacteriana ou iral da(s) glândula(s) salivar e podem vir através de uma doença auto-imune Sialoadenite Viral Caxumba: Principal sialadenite viral; Processo autolimitado que acomete principalmente crianças no período escolar; Patologia das Glândulas Salivares 2 Gl. Fica aumentada de volume, dolorosa, e com um infiltrado linfocitário bem característico, típico de processos virais Geralmente o processo regride espontaneamente sem deixar maiores sequelas nas gl. Salivares; Sialodenite Bacteriana Desitratação: geralmente ocorre em pacientes que apresentam desidratação → diminuição do fluxo salivar, favorecendo a entrada de bactérias para dentro da glândula através do ducto, levando a um processo inflamatório Exsudação neutrocitária Necrose tecidual + abscesso se não adequadamente tratado Sialolitíase: cálculo na gl. salivar → favorece a infecção bacteriana Se forma quando há a presença de restos alimentares dentro do ducto, ou células epiteliais descamadas (sobretudo em pacientes com fluxo salivar diminuído) Deposição de sais de cálcio e formação do cálculo Fluxo salivar diminuído → favorecendo a migração de bactérias para dentro da glândula levando a um processo inflamatório, exudativo e agudo � A sialolitíase tende a ocorrer na glândula submandibular, pois ela tem um ducto tortuoso e longo, favorecendo a impactação de restos alimentares ou restos celulares, ocorrendo uma dilatação do sistema ductal e sendo uma ambiente propício para o desenvolvimento bacteriano Sialoadenite Auto-imune: S. de Sjogren: Doença crônica caracterizada por xerostomia e ceratoconjuntivite seca (boca seca e olhos secos respectivamente), resultando em um processo imunológico que destrói as glândulas salivares e lacrimais Haverá um entumecimento (aumento de tamanho) das glândulas salivares, de modo bilateral → se deve a uma celularidade aumentada dentro das glândulas, as células que migram e se depositam dentro da glândula será os linfócitos Haverá um infiltrado linfocitário importante com formação de centros germinativos e ao mesmo tempo que isso ocorre a glândula vai se tornando destruída A parte parênquimal, funcional fica atrofiada, lesada e destruída pelos linfócitos de tal forma que ocorrerá uma atrofia parênquimal e o paciente apresentará boca seca Neoplasias das Glândulas Salivares � Malignidade é inversamente proporcional ao tamanho Circulado em vermelho: ácino salivar. Pontilhados azuis/roxos no parenquima são os linfócitos que migram para o epitélio e estão destruindo o epitélo. Estroma aumentado à custa do infiltrado linfocitário Patologia das Glândulas Salivares 3 da glândula 2% de todas as neoplasias → pouco comum e pouco prevalente; Baixa agressividade, podendo ser tratados e os pacientes tem uma sobrevida longa Raramente ococorrem em outros locais, como na árvore respiratória ou mama Mais comum em mulheres, assim como tiroide e vesícula biliar As neoplasias na maioria acometem a parótida e as malignas tendem a ocorrer mais frequentemente nas glândulas menores Tumores Benignos 1. Adenoma Pleomórfico Tumor misto Nomenclatura inadequada Neoplasia mais frequente na parótida → 60% Mais frequente em mulheres na meia idade !!! O tumor surge de células epiteliais e tem uma diferenciação estromal e parênquimal Sinais clínicos: Crescimento indolor e lento Paciente percebe assimetria no rosto (região pré-auricular) Histologia: Surge de células epiteliais (predomina o tumor), apresenta uma proliferação que se assemelha a glândula salivar normal, portanto sendo constituído de estruturas ductais, acinares, proliferadas Estroma bastante proeminente rico em matriz extracelular que confere ao tecido um aspecto condroide ou mixóide Apresenta um aspecto cartilaginoso, refletindo a abundante matriz extracelular, porém pode-se ter cartilagem verdadeira e inclusive tecido ósseo Cápsula: as neoplasias benignas são desprovidas de cápsula e apresenta uma boa delimitação O tumor em questão apresenta uma cápsula incompleta, pode-se ter infiltrações de cápsula, e a presença de ninhos tumorais por fora da cápsula (ninhos extra capsulares), em outros locais isso pode ser característico de lesão maligna, porém é uma Áreas brilhantes e translúcidas, sendo uma área condroide, com excesso de matriz extra-celular Em vermelho temos estruturas acinares, em azul o epitélio proliferado (recaptulando estruturas ductais) e em amarelo tecido frouxo (claro, translúcido, pois há muita quantidade de matriz entre a célula), esses componentes podem variar em quantidade. Patologia das Glândulas Salivares 4 característica desse adenoma e não interfere no comportamento benigno da lesão Tratamento: Com uma tumorectomia simples, a taxa de recidiva será elevada, As recidivas são bem variáveis (até 25%), sendo diretamente relacionado ao tipo de tratamento Se for retirado o tecido salivar normal da volta do tumor (margem de segurança), a recidiva é muito improvável Risco de malignização: risco proporcional ao tempo, se torna uma neoplasia agressiva e com chances alto de recidivas locais e metástases a distância E quando essa ocorre passa a ser a neoplasia maligna mais agressiva da glândula salivar, logo sempre que possível a neoplasia deve ser excisada cirurgicamente afim de evitar esse risco de progressão maligna 2. Tumor de Warthin (Cistoadenoma Papilar Linfomatoso) 2ª neoplasia benigna mais comum das glândulas salivares, também chamado de Cistoadenoma Papila Linfomatoso (termo mais adequado) Mais comum na glândula parótida, sendo típico dessa glândula (de modo incomum pode ocorrer em outras localizações), Uma neoplasia epitelial benigna glandular que forma cavidade cística e depois o estroma tem um denso infiltrado linfocitário/proeminente tecido linfoide na glândula (por isso linfomatoso), podendo haver inclusive linfonodos intra-parotídeos, logo pela característica A parótida, portanto, é a única glândula salivar com tecido linfóide associado, sendo assim, é uma neoplasia exclusiva dela Acomete mais homens, entre a 5ª a 7ª década de vida 8x mais frequentes em fumantes Sinais clínicos: Indolor e de crescimento lentoAbaulamento da região pré-auricular Microscopia: Cavidade Papilas Estroma apresenta um denso infiltrado linfoide, formando centros germinativos e cavidades e papilas recobertas por epitélio de dupla camada O citoplasma fica granular e acidofílica, estando esse muito mais alto e com o citoplasma granular acidofílico e isso se deve a uma alteração oncocítica ou oxifílica que reflete um excesso de mitocôndrias no citolplasma Em amarelo, pode observar a presença de cavidade císticas. Em verde um cistoadenoma linfomatoso papilar (couve- flor), havendo papilas Patologia das Glândulas Salivares 5 � Um epitélio com as alterações oxifílicas/ oncocítico (sendo que esse termo está presente em outros órgãos como rins e tireóide, e se refere a tumores com alteração citoplasmática com excesso de mitocôndria, um citoplasma tipicamente granular e acidofílico). Neoplasia Malignas Carcinoma Muco-epidermóide Mais comum entre os malignos Ocorre mais comumente na glândula parótida; Há um componente muco produtor e um escamoso; Existem dois tipos: 1. Baixo Grau: Costuma ter uma boa delimitação e há predomínio do componente mucoso Forma cavidades com muco, e esse componente mucoso é facilmente reconhecido, assim como ele também apresenta o componente escamoso epidermóide Apresenta sobrevida em 5 anos maior que 90%, sendo menos agressivo É a maioria dos carcinomas muco-epidermóide; 2. Alto Grau: Bordos infiltrativo, sendo mal delimitados, estrelados, infiltrativos O componente mucoide são escassas, não sendo observadas com facilidade Predomínio do componente sólido escamoso Ocorrem mais mitoses Há maior presença de pleomorfismos Sobrevida de 5 anos em cerca de 50% das vezes, mais agressivo; Macroscopia: Fosco, brancacento, firme O de baixo grau há uma melhor delimitação e o de alto grau mais infiltrativo O componente mucoso é mais microscópico não costumando estar exuberante a ponto de ser reconhecido macroscopicamente Em amarelo: cavidade cística; Em azul: formação de papila; Em rosa: estroma carregado de linfócitos com centros germinativo Epitélio com alterações oxínticas/oncocítico Patologia das Glândulas Salivares 6 Microscopia: Há proliferação escamoide/ epidermóide; Cavidades com muco em seu interior Algumas células mucoprodutoras; Componente escamoso e mucóide; Carcinoma Adenóide Cístico 2ª neoplasia maligna mais comum das gl. Salivares; Típico da glândula salivar, porém pode se apresentar em outras regiões como mama, pulmão... Apresenta padrão bem característico formando espaços de aspecto em queijo suíço Apresenta uma célula pequena sem pleomorfismos proeminentes e essa célula vai se proliferando O aspecto rosado observado “dentro dos furos do queijo suíço”, é um excesso de membrana basal, ficando com a afinidade com o corante Eosina e aspecto hialino Macroscopia: Eventualmente há uma variante sólida, outras vezes formam-se trabéculos, porém o mais frequente é o aspecto de carne de peixe See apresenta como um nódulo fosco, brancacento, firme Trofismo por infiltração de espaço perineural → a lesão infiltra além dos seus limites macroscópicos O tumor pode ter entrar no espaço perineural, visto que esse é um espaço de fácil penetração do tumor, sobretudo nesse carcinoma, pois ele apresenta trofismo pelo nervo Carcinoma de Células Acinicas Não é dos mais agressivos, porém tem um padrão das gl. Serosas, sendo típico da parótida Macroscopia: lesão fosca, brancacenta, firme Histologia: constituída por células que lembram as células serosas com algum grau de pleomorfismo Não é muito frequente, sendo a terceira neoplasia maligna das gl. Salivares; Patologia das Glândulas Salivares 7 � Na verdade há mais de 30 variantes de tumores de glândulas salivar, porém os aqui representados correspondem a 95-98% dos mais comuns, sendo as outras variáveis muito raras; Sobrevida O gráfico a seguir evidencia o curso arrastado das maliginidades, logo, pode-se perceber que os tumores de Gl. Salivares não são os mais comuns e nem os mais agressivos O Muco-epidermóide apresenta uma sobrevida em 20 anos de cerca de 80%, apresentando um manejo relativamente tranquilo O carcinoma em adenoma pleomórfico apresenta o pior prognóstico, com uma chance perto de 0% em 20 anos Sendo importante o reconhecimento da lesão, e clinicamente o paciente apresenta o nódulo de crescimento lento e indolor e de uma forma abrupta esse tumor começa a crescer rapidamente, com a manifestação clínica apontando para transformação maligna
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