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Patologia das Glândulas salivares (doenças não neoplásicas) - Bogliolo

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PATOLOGIA 
Glândulas salivares 
Emanuel G. Sabino de Freitas 
 
Sistema ductal das glândulas salivares. 
Tabela: Glândulas Salivares e Suas Funções 
Glândula 
Salivar 
Unidades 
Secretoras 
Predomínio de 
Células 
Sistema 
Ductal 
Funções 
Parótida Serosas Serosas Complexo Produção de amilase; controle de 
água e eletrólitos na saliva 
Submandibular Mistas Serosas Complexo Produção de sialomucina; controle de 
água e eletrólitos na saliva 
Sublingual Mistas Mucosas Complexo Produção de sialomucina; controle de 
água e eletrólitos na saliva 
 
Tabela: Componentes do Sistema Ductal das Glândulas Salivares 
Ductos 
Secretores 
Predomínio de Células Funções 
Intercalado Varia conforme o 
segmento 
Transporte de saliva produzida pelas unidades secretoras 
para a cavidade oral 
Estriado Varia conforme o 
segmento 
Transporte de saliva produzida pelas unidades secretoras 
para a cavidade oral 
 
 
Tabela: Outros Componentes das Glândulas Salivares 
Componentes Descrição 
Células 
Mioepiteliais 
Presentes entre as células epiteliais e a membrana basal; achatadas e contêm 
miofilamentos no citoplasma para contração; contribuem no fluxo da saliva e na 
síntese de membrana basal 
Tecido Linfoide Pode ser difuso ou formar folículos linfoides; componente do sistema imunitário 
presente em algumas glândulas salivares 
 
Sialodenite aguda 
Tipo Principais Causas Microbiologia Predisposição Morfologia 
Viral Caxumba, Epstein-Barr, 
citomegalovírus, 
ecovírus, vírus 
Coxsackie A, 
parainfluenza tipo C, 
vírus da coriomeningite 
linfocitária 
Infiltrado inflamatório 
predominantemente de 
linfócitos e plasmócitos 
Redução do fluxo 
salivar por 
desidratação, 
medicamentos, 
radioterapia, síndrome 
de Sjögren, entre 
outros 
Inflamação 
inicia-se nos 
ductos e 
exsudato rico 
em neutrófilos 
Bacteriana Staphylococcus aureus, 
Haemophilus influenzae, 
Streptococcus 
pyogenes, 
Escherichiacoli 
Infiltrado inflamatório rico 
em neutrófilos, podendo 
ocorrer destruição do 
parênquima e formação de 
abscessos 
Redução do fluxo 
salivar por 
desidratação, 
medicamentos, 
radioterapia, síndrome 
de Sjögren, entre 
outros 
Inflamação 
inicia-se nos 
ductos e 
exsudato rico 
em neutrófilos 
 
Sialodenite crônica 
Tipo Principais Causas Características Histológicas 
Granulomatosa Tuberculose, doença da arranhadura 
do gato, sarcoidose, actinomicose 
Presença de granulomas, inflamação 
crônica, fibrose intersticial no parênquima 
Bacteriana não 
granulomatosa 
Associação com cálculos em dois 
terços dos casos, menos 
frequentemente por traumatismo, 
compressão por cisto, neoplasia ou 
estenose ductal 
Graus variados de inflamação crônica no 
parênquima, fibrose intersticial, perda de 
ácinos, presença de cálculos, metaplasia do 
epitélio dos ductos (mucoso, oncocítico, 
escamoso) 
 
 
Sialodenite crônica 
Condição Descrição Características 
Morfológicas 
Riscos e 
Considerações 
Tratamento 
Síndrome de 
Sjögren com 
Aumento da 
Glândula Salivar 
Autoimune; 
xerostomia e 
ceratoconjuntivite 
seca; inflamação 
linfoepitelial das 
glândulas salivares; 
associada a 
autoanticorpos 
Infiltrado linfoide 
circundando e 
infiltrando-se nos 
ductos salivares; 
atrofia acinar 
progressiva; 
arquitetura lobular 
conservada 
Risco de linfoma tipo 
MALT (indolente); 
disseminação 
extrassalivar; 
transformação para 
linfoma de alto grau 
Tratamento focado 
no alívio dos 
sintomas 
(substituição da 
saliva, tratamento 
oftalmológico); 
monitoramento para 
detecção precoce de 
malignidades 
Doença da 
Glândula Salivar 
Associada ao HIV 
Pode formar cistos na 
glândula parótida; 
frequentemente em 
pessoas HIV-positivas 
usuárias de drogas 
intravenosas 
Hiperplasia folicular 
florida do tecido 
linfoide da glândula; 
ductos salivares 
dilatados formando 
cistos; ilhotas 
epimioepiteliais 
Acompanhado de 
linfonodomegalia 
cervical; pode afetar 
ambas as parótidas 
Tratamento 
geralmente 
cosmético, a menos 
que haja 
preocupações 
específicas; 
tratamento do HIV 
Sialometaplasia 
Necrosante 
Resposta inflamatória 
a necrose da glândula 
salivar 
Necrose de lóbulos 
glandulares; 
metaplasia 
escamosa; reação 
inflamatória 
Pode simular 
neoplasia maligna; 
cura espontânea 
lenta 
Tratamento muitas 
vezes não 
necessário, a menos 
que haja 
complicações 
Sialolitíase Cálculos no sistema 
ductal das glândulas 
salivares 
Cálculos formados 
por mineralização; 
obstrução dos 
ductos 
Sintomas dependem 
da obstrução do 
ducto 
Tratamento pode 
envolver remoção 
cirúrgica dos 
cálculos; alívio dos 
sintomas 
 
Principais Neoplasias das Glândulas Salivares 
Neoplasia Tipo Descrição Características 
Adenoma Pleomórfico Benigno Mais comum; indolor; lento 
crescimento; multicêntrico; variabilidade 
histológica 
Possibilidade de recorrência 
após excisão 
Tumor de Warthin Benigno Segundo mais comum; ocorre em 
homens; associado ao tabagismo 
Raramente maligniza 
Neoplasia Tipo Descrição Características 
Carcinoma 
Mucoepidermoide 
Maligno Mais comum maligno; variabilidade 
histológica 
Pode apresentar recorrência 
local ou metástases 
Carcinoma Adenoide 
Cístico 
Maligno Característico padrão de crescimento Propensão a invasão 
perineural 
Carcinoma de Células 
Acinares 
Maligno Afeta mais mulheres; crescimento lento Propensão a recorrência 
local 
Carcinoma de Células 
Ductais 
Maligno Agressivo; crescimento rápido Alto potencial metastático 
 
Adenoma pleomórfico 
 
Adenoma pleomórfico da parótida. Nódulo único, brancacento e delimitado por fina cápsula. 
 
Características 
Descrição 
Origem Epitelial 
Composição Proliferação de células ductais, mioepiteliais modificadas e estroma mixocondroide 
em quantidades variáveis, conferindo um aspecto histológico heterogêneo. 
Aspecto 
Histológico 
Pleomórfico, com mistura dos três componentes (epitelial ductal, mioepitelial e 
estroma) em padrões variados de crescimento. 
 
Características 
Descrição 
Ocorrência Mais comum na parótida e relativamente raro em glândulas salivares menores. 
Representa de 45 a 75% de todos os tumores das glândulas salivares. 
Alterações 
Cariotípicas 
Presentes em cerca de 70% dos casos, incluindo rearranjos em 8q12 e 12q13-15, 
relacionados aos genes PLAG1 e HMGA2, respectivamente, e alterações clonais 
esporádicas. 
Macroscopia Nódulo único, encapsulado ou não, bem delimitado, podendo apresentar áreas 
císticas, mixoides ou translúcidas. Surgem preferencialmente no lobo superficial 
da parótida. 
Microscopia Variedade de padrões de crescimento, formando ductos, ninhos celulares, 
cordões anastomosados e áreas sólidas. Componentes mixoide e condroide 
sintetizados pelas células mioepiteliais. 
Mitoses e Atipias 
Nucleares 
Poucas mitoses e atipias nucleares são observadas. 
 
Estruturas Epiteliais e 
Neoplasias 
Descrição 
Ácino Unidade funcional da glândula salivar responsável pela produção e 
secreção da saliva. 
Ducto Intercalado Ducto que está em contato direto com o ácino e desempenha um papel na 
modificação da composição da saliva. 
Ducto Estriado Ducto com atividade metabólica considerável, importante para o transporte 
da saliva produzida pelos ácinos. 
Ducto Excretor Ducto responsável por levar a saliva produzida pelos ácinos para a 
cavidade oral. 
Células Epiteliais Células que revestem os ductos e estão envolvidas no transporte e 
modificação da composição da saliva. 
Células Mioepiteliais Células achatadas que contribuem para o fluxo da saliva e na síntese da 
membrana basal. 
Célula Epitelial do Tipo 
Oncocítico 
Célula caracterizada por abundantes mitocôndrias, associada ao tumor 
oncocítico. 
Adenoma Pleomórfico Tumor benigno com origem epitelial, com componentes ductais, 
mioepiteliais e estromais, frequentemente na parótida. 
Estruturas Epiteliais eNeoplasias 
Descrição 
Adenoma de Células 
Basais 
Tumor benigno composto por células basais, geralmente na parótida. 
Mioepitelioma Tumor benigno composto por células mioepiteliais. 
Tumor de Warthin Tumor benigno quístico, composto por epitélio papilar com células 
oncocíticas e linfócitos, comum na parótida. 
Oncocitoma Tumor benigno composto por células oncocíticas. 
Carcinoma de Células 
Acinares 
Neoplasia maligna com origem nas células acinares da glândula salivar. 
Carcinoma Adenoide 
Cístico 
Neoplasia maligna comum, caracterizada por padrões glandulares e 
císticos, comumente na glândula submandibular. 
Carcinoma Epitelial-
Mioepitelial 
Neoplasia maligna composta por células epiteliais e mioepiteliais. 
Adenocarcinoma 
Polimórfico 
Neoplasia maligna com variedade de padrões histológicos e epiteliais, 
frequentemente na parótida. 
Carcinoma 
Mucoepidermoide 
Neoplasia maligna com componentes epidermoides e mucinosos, comum 
na parótida.

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