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Pulmão - DPOC e bronquiectasias 1 🔬 Pulmão - DPOC e bronquiectasias Prof. Valéria Estrutura pulomar: Septo pulmonar: constituído por epitélio de revestimento alveolar, o lúmen capilar com a célula endotelial e o interstício (que tem tecido conjuntivo, fibras elásticas) O oxigênio chega no espaço alveolar e é transferido para dentro das hemácias (hematose) → circunstancias fisiológicas Pneumócito tipo I que é um epitélio aplanado Pneumócito tipo II que é um outro tipo celular responsável pela síntese do SURFACTANTE É difícil ver todas as estruturas quando o septo tá normal, porque é uma estrutura delgada que é em condições patológicas é que vamos ter o alargamento do interstício e identificação das estruturas Sempre que tiver alteração no epitélio alveolar, no endotélio capilar ou qualquer alteração que promova um alargamento do interstício desse septo, vamos ter dificuldade na hematose e dependendo da extensão do processo, pode ter alterações funcionais Atelectasia ➯ É o termo empregado quando o tecido pulmonar fica desprovido de ar As estruturas alveolares ao invés de distendidas, vão assumir uma configuração alongada e fusiforme Parênquima pulmonar relativamente sem ar que pode ser um processo adquirido ou congênito Congênito: o pulmão nunca chegou a se distender, então nesse caso é uma incompleta expansão ou ele era um pulmão previamente distendido (colapsado), perfundido, mas por alguma circunstancia ele veio a sofrer o colabamento dessa estrutura Aduiquirido: alguns autores ainda falam que o processo de “colapso” é adquirido, e atelectasia como um processo congênito e na prática não se vê essa diferenciação, e toda vez que um tecido pulmonar está sem ar é uma atelectasia Ao mesmo tempo que perde ar de dentro do espaço alveolar, perde-se também a pressão que esse ar exerceira no septo em cirucntâncias normais, alargando o septo Isso é importante pois dependendo da causa, se for um processo de curta duração, imediatamente nós podemos ter o restabelecimento da dilatação alveolar e o pulmão voltar a sua estrutura fisiológica e histológica prévia Já se tivermos atelectasia por longos períodos, essa dilatação do septo por perda e pressão, irá ocorrer uma dilatação progressiva e ao longo do tempo nós teremos o estabelecimento de uma FIBROSE INTERSTICIAL e a medida que isso vai se estabelecendo, a reversibilidade do processo pode ficar comprometida ➯ Subtipos de atelectasia: 1. Reabsorção: Pulmão - DPOC e bronquiectasias 2 Nós temos toda vez que um PROCESSO OBSTRUTIVO se estabelece no pulmão O ar distal obstruido sofrerá reabsorção e a medida que isso acontece, tem-se o colabamento do alvéolo, que adquiri uma configuração alongada e fusiforme Causas da obstrução: muco, tumores, coágulos sanguíneos, corpos estranhos, compressão extrínseca e etc Podemos realizar a desobstruirmos rapidamente e o pulmão vai perfundir normalmente 2. Compressão: O espaço pleural deixa de ser em espaço virtual e passa a ser um espaço real, com acumulo de liquido, de ar ou de sangue O parênquima é comprimido e impossibilita a sua completa distensão 3. Contração: Esse tipo tende a se desenvolver de uma forma mais irregularmente distribuído no parênquima pulmonar e geralmente associado a processos fibróticos cicatriciais O tecido fibrótico cicatricial tem a capacidade de retrair os tecidos da volta No tecido pulmonar, um tecido esponjoso e delicado, determina uma contração/retração se dá de uma maneira muito mais expressiva e de tal forma que ele vai perder a sua capacidade de distensão � Creptação: movimentação normal do ar entre os espaços alveolares ➯ Macroscopia: Em um pulmão atelectasiado há perda da sua creptação e ele modifica a sua consistência que passa a ser borrachosa, deixando de ter o aspecto esponjoso O pulmão fica com uma tonalidade mais avermelhada → isso porque eu perdendo a pressão do ar sobre o septo alveolar, ele tende a alargar e se isso acontece, maior quantidade de sangue flui pelo septo DPOC Várias formas de atelectasia. As linhas tracejadas indicam o volume dos pulmões. Pulmão - DPOC e bronquiectasias 3 ➯ Conjunto de condições, que o sintoma maior é a dispneia e como o próprio nome sugere, é acompanhado de obstrução crônica ou recorrente das vias aéreas dentro do pulmão Frequente, dita como a 5ª causa de morte em pacientes internados Relacionado principalmente ao fumo e poluentes 35 a 50% dos fumantes pesados desenvolvem DPOC 80% dos DPOC é atribuído ao fumo Alguns pacientes fumantes não desenvolvem o DPOC, mas são acometidos com CA de pulmão A bronquite crônica e o enfisema geralmente andam juntos, e estão associados ao fumo e tendem, em algumas circunstancias, se sobressair alguma condição sobre a outra Enfisema pulmonar ➯ Dilatação anormal e PERMAMENTE das vias aéreas distais ao bronquíolo terminal, acompanhada de destruição de suas paredes SEM fibrose evidente Há maior acúmulo de ar no pulmão Com a dilatação ocorre alargamento e destruição do septo (rarefeitos na microscopia) É um processo irreversivel Aumento do volume de ar residual � Essa doença vai ser mais ou menos ao contrário da atelectasia, já que na atelectasia vamos ter espaços aéreos alongados, colabados, fusiformes e aqui eles vão estar hiperdistendidos, de tal maneira que ocorre o fusionamento desses espaços aéreos, com destruição dos septos A incidência é em 50% em pacientes autopsiados 6,5% das mortes estão relacionadas com o enfisema Patogenia do enfisema: Alguns processos podem corroborar para o surgimento do enfisema (todo processo que agride as estruturas pulmonares), como: Injúria tóxica e inflamação Desequilíbrio protease-antiprotease Estresse oxidativo Disfunções Associadas a Obstrução das Vias Aéreas: Espectro da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica Representação esquemática da sobreposição entre as doenças pulmonares obstrutivas crônicas Pulmão - DPOC e bronquiectasias 4 Infecção → Fatores como inflamação, infecção e estresse oxidativo tem a ver com o equilíbrio da protease-antiprotease Antiprotease é uma substância que inibe essa ação enzimática (da protease), ocorrendo desequelíbrio entre fatores agressores e de proteção Elastase: protease, a qual é uma enzima lítica que digere o conteúdo elástico presente no septo alveolar Antiprotease ou anti-elastase: substancia que inibe (previne) a ação digestiva enzimática do conteúdo elástico Isso nós vamos ter toda vez que tivermos inflamação, estresse oxidativo e processos infecciosos O FUMO possui susbtâncias quimiotáticas que recrutam células inflamatórias para a unidade respiratória → as células são polimorfonucleares e macrófagos Essas células inflamatórias tem enzimas líticas/lisossomais com poder de destruição, destruindo várias proteínas, dentre elas o conteúdo elástico Temos também no nosso organismo no soro, em células epiteliais e inflamatórias, um fator de proteção que ocorre naturalmente, que é uma anti- elastase chamada de alfa-1-antitripsina ➯ Com a perda do conteúdo elástico, o ar dentro dos alvéolos não será expulsado, se distendento e mantendo ar residual dentro do espaço alveolar Causas da obstrução: Perda do recuo elástico (espaços aéreos dilatados); Metaplasia de células caliciformes com obstrução por muco; Infiltrado inflamatório → não sendo uma inflamação exuberante, mas uma inflamação que começa desde o inicio de forma lenta, com baixa magnitude, mas o processo inflamatório está relacionado com o aporte maior de células, e elas podem provocar obstrução) Espessamento bronquiolar por hipertrofia muscular e fibrose → algum grau de fibrose — não tem fibrose no septo, mas tem a nível de parênquima bronquiolar ➯ Existe uma tensão de ancoramento do septo na parede bronquiolar, se eu tenho menos septo chegando nessa parede bronquiolar, essa distensão não vai se dar adequadamente e vai colaborar para a obstrução Morfologia: Pulmões volumosos (por ter mais ar); Geralmente esse aspecto volumoso é mais evidente nos 2/3 superiores– diretamente relacionado ao fumo, onde os agentes agressivos e quimiotáticos presentes no cigarro tende a se depositar; Alvéolos ficam distendidos (grandes); em favos de mel Coalescência de alvéolos, pela destruição dos septos, formando grandes alvéolos que podem ser interpretados como vesículas ou bolhas Processos inflamatórios de baixa magnitude das pequenas vias aéreas ➯ O enfisema tem 4 subtipos: centriacinar, panacinar, paraseptal e irregular. a. Enfisema centriacinar (ou centrolobular): Pulmão - DPOC e bronquiectasias 5 Ele se dá na parte mais proximal Mais comum Diretamente relacionado ao cigarro (e sua fumaça) Com deposição das substancias tóxicas do cigarro com poder de recrutamento – de quimiotaxia – de células inflamatórias Então, chegando as células inflamatórias e promovendo o desequilíbrio da elastase-antielastase vamos ter o enfisema se desenvolvendo nos bronquíolos respiratórios Ocorre principalmente nos lobos superiores b. Enfisema paraseptal: Ele está junto ao septo, junto a superfície pleural Sobretudo ligado a processos cicatriciais → processo fibrótico → retração Tende a ocorrer em lobos superiores Um enfisema dito bolhoso, muitas vezes os espaços alveolares ficam significativamente dilatados, podendo romper e determinar pneumotórax espontâneo c. Ensifesa irregular: Também está relacionado a processos fibróticos cicatriciais, e qualquer estrutura pode estar dilatada A unidade imediatamente ao lado pode estar ocupada, um pouco mais adiante vai estar comprometido, sem uma distribuição coordenada d. Enfisema panacinar (panlobular): Todas as unidades distais ao bronquíolo terminal estão dilatadas Ele está relacionado a deficiência congênita de alfa-1- antitripsina, então o paciente naturalmente tem uma quantidade diminuída dessa substancia, que é um fator de proteção do conteúdo elástico, daí há o desequilíbrio de forma natural Nenhuma unidade alveolar poupada e toda unidade distal ao bronquíolo terminal vai estar compr ometida → paracinar Tende a se desenvolver principalmente nos lobos inferiores ➯ A importância da classificação está relacionada com a causa Curso clínico: Dispneia; Tosse e sibilos; Tórax em barril (aumento do diâmetro anteroposterior); Prolongamento da expiração; Perda de peso; ➯ Espirometria → Diagnóstico definitivo ➯ Como nós identificamos macroscopicamente o enfisema? → o tecido pulmonar normal não tem estruturas alveolares visíveis a olho nu, a gente palpa, sente que é uma esponja → à medida que o enfisema vai se estabelecendo, esse pulmão passa a ter alvéolos visíveis a olho nu (padrão que chamamos EM FAVO DE MEL) ➯ As calcificações são mais teóricas e fisiopatogênicas do que evidentemente identificada na prática, visto que é A, Enfisema centroacinar. As áreas centrais mostram danos enfisematosos marcados (E), cercados por espaços alveolares relativamente poupados. B, Enfisema panacinar envolvendo todo o lóbulo pulmonar. Pulmão - DPOC e bronquiectasias 6 difícil fazer o reconhecimento do tipo de enfisema pela macroscopia tal qual nós vemos na imagem ➯ Algumas vezes o termo enfisema é empregado de uma forma não adequada e que seriam outros tipos de enfisema (pelo conceito, não se empregaria, mas é usado mesmo assim): 1. Enfisema compensatório – é um processo reversível (já foge do conceito normal de enfisema, que é irreversível): temos uma retirada cirúrgica de parte do pulmão, e o restante do tecido pulmonar se distende de uma forma compensatória 2. Hiperinsuflação obstrutiva – é um processo reversível Ocorre quando temos uma obstrução e o restante do parênquima pulmonar se distende na tentativa de compensar 3. Enfisema bolhoso – na verdade é o enfisema, ele é assim chamado toda vez que os espaços alveolares dilatados têm tamanho superior a 1cm no maior eixo Geralmente é observado no enfisema septal/subpleural, o qual pode romper espontaneamente determinando pneumotórax espontâneo. Ele é mais evidente em lobos superiores 4. Enfisema intersticial – ocorre quando o ar entra no subcutâneo ou no interstício pulmonar/ou de qualquer outro tecido, aí vamos palpar e percebe ar nesses lugares, com o aspecto chamado de crepitação, a gente percebe a mobilização do ar mas não necessariamente é um processo alveolar de dilatação anormal e permanente, portanto nesse caso o termo não seria bem empregado Se nós tivermos a gangrena do membro inferior com contaminação bacteriana, produtora de gás a gente vai dizer que há o enfisema intersticial Se nós tivermos um trauma do gradil costal com entrada de ar no subcutâneo, também chamamos de enfisema intersticial Bronquite crônica ➯ Definição clínica: tosse produtiva persistente por três meses por pelo menos dois anos consecutivos Nao é excluisva do fumo, mas acontece principalmente por ele, assim como o enfisema Essa doença tem um diagnóstico clínico → paciente apresenta a definição clínica, sem uma causa que justifique (sem infecção, ou qualquer outro processo) Patogenia da bronquite: Está relacionada com a irritação crônica de substâncias inaladas; Infecção microbiológica; Hipersecreção de muco (que não é muito bem compreendida, e ao mesmo tempo se levanta a possibilidade de que o muco é um mecanismo de defesa que faz com que essas substâncias inaladas irritantes não entrem em contato direto com o epitélio, então seria um mecanismo de proteção); Disfunção do regulador da condutância transmembrana da fibrose cística adquirida → aqui temos um muco espesso produzido, ele não escorre pelas vias respiratórias e ele favorece a obstrução (evento característico da bronquite crônica); Inflamação: Sempre que tivermos “água parada” – muco estagnado – obstruindo via respiratória favorece o processo infeccioso A inflamação pode vir só pela inalação de substâncias irritantes → produção do muco espesso → superprodução de muco → favorece o processo infeccioso Infecção: geralmente são processos infecciosos que cursam com uma inflamação exuberante, que lesiona o epitélio e que de uma forma reparativa vai ter hipersecreção de muco e vai numa bola de neve caracterizando o processo de bronquite crônica Morfologia: A mucosa se apresenta como num processo inflamatório, infeccioso Pulmão - DPOC e bronquiectasias 7 Aqui não é uma inflamação de baixa magnitude como vimos no enfisema, mas sim vamos ter edema, congestão, muco purulento, esverdeado, obstruindo as vias respiratórias Hiperplasia das glândulas mucosas Microscopia: Parede brônquica vai estar espessada Maior quantidade de glândulas mucosas (hiperplasia delas) Metaplasia de células caliciformes, de tal forma que vamos ter uma maior quantidade delas. Vamos ter uma inflamação crônica, e tudo isso vai determinar um ESPESSAMENTO DA PAREDE BRÔNQUICA QUE É O CRITÉRIO HISTOLÓGICO DA BRONQUITE CRÔNICA Macroscopicamente: Vias brônquicas com muco purulento Mucosa com edema, hiperemiada, congesta Asma ➯ Doença inflamatória crônica reicidivante, caracterizada por hiper-reatividade das vias aéreas, levando a episódios REVERSÍVEIS de broncoconstrição O paciente tem CRISES de asma → episódios de broncoespasmo, com dificuldade respiratória associada e esse processo é reversível e daqui um tempo ele pode voltar Esse processo tem íntima relação com inflamação crônica, com liberação de mediadores químicos que promovem a broncoconstrição São episódios angustiante, o paciente tem uma respiração ruidosa, uma dificuldade pra respirar importante, mas raramente esse processo é letal, ele é autolimitado e reversível de forma espontânea, mesmo sem medicamento Geralmente a morte vem do estado de mal asmático quando essa crise é prolongada, não regride espontaneamente nem com tratamento ➯ A asma é subdividida em: a. Atópica: é observada em pacientes alérgicos, geralmente com história de dermatite atópica, rinite, história familiar, então o paciente já tem história de processos alérgicos e uma outra manifestação da hipersensibilidade dele seria a nível de via respiratória que ele vaiter os episódios de broncoconstrição, reatividade a IgE b. Não atópica: não tem história familiar, paciente não costuma ter outras doenças de fundo alérgico, e o paciente apresenta um processo infeccioso, sobretudo viral das vias respiratórias, que provocam uma reação inflamatória importante, com liberação de mediadores químicos que promovem a broncoconstrição c. Induzida por drogas: são pacientes que quando entram em contato com alguns tipos de drogas (protótipo é o AAS/aspirina), desenvolvem processo asmático (tendo uma suscetibilidade a liberação de mediadores que provocam a broncoconstrição) d. Ocupacional: é no ambiente laboral, com exposição a determinadas substancias químicas irritantes inaladas, uma delas é o formol, e pode desencadear processos de broncoconstrição Patogenia da asma: muco esverdeado, mucosa avermelhada e inflamada = bronquite crônica inúmera quantidade de células, de glândulas mucosas Pulmão - DPOC e bronquiectasias 8 Inflamação crônica das vias aéreas → um processo inflamatório, seja de qual fator desencadeante for, são liberados mediadores químicos que promovem a broncoconstrição e uma suscetibilidade daquele individuo para a broncoconstrição. hiper-reatividade brônquica de natureza genética, tendo uma suscetibilidade própria → a inflamação crônica/processo infeccioso/processo alérgico que em outra pessoa não provoca, naquele individuo vai desencadear isso São múltiplos mediadores envolvidos Depende da resposta do indivíduo e do tipo de asma Múltiplos genes de suscetibilidade interagem com fatores ambientais (alguns pacientes desencadeiam a crise asmática com troca de temperatura, no exercício físico, ou seja, em situações corriqueiras para outras pessoas) Morfologia da asma: “Plugs” de muco (o processo inflamatório agride a mucosa, ocorre uma hipersecreção de muco, a obstrução em parte se dá pela inflamação, pelo edema, pela congestão, pelo muco e pela broncoconstrição) Esse muco algumas vezes forma moldes nas vias respiratórias de uma forma espiralada, e vamos ter muco espesso + células inflamatórias + epitélio da árvore brônquica mesclado nesse muco e assumindo um molde espiralado, chamado de “Espiaris de Curschmann” que podem ser observados no citopatológico de escarro Os eosinófilos aumentados, também no exame de citopatológico de escarro Bem como cristais de Charcot-Leyden, que são cristais avermelhados formados a partir da membrana citoplasmática desses eosinófilos. Também são encontrados no citopatológico de escarro Remodelagem das vias aéreas: Histologicamente, nós temos um espessamento da membrana basal; Fibrose; Aumento da vascularidade; Aumento das glândulas submucosas e metaplasia mucosa; Hipertrofia/hiperplasia da musculatura brônquica � Lá no conceito de DPOC alguns autores excluem a asma dessa categoria porque o caráter da obstrução é recorrente e não permanente, mas outros autores consideram que a fibrose relacionada ao processo inflamatório pode provocar uma obstrução crônica e estudos demonstram a presença de células inflamatórias na mucosa brônquica mesmo no período inter-crise, de tal forma que ao longo do tempo essas vias aéreas podem ficar com a sua estrutura cronicamente alterada e o processo é chamado de remodelação das vias aéreas. Espiaris de Curschmann cristais de Charcot-Leyden Pulmão - DPOC e bronquiectasias 9 ➯ Obstrução brônquica: a obstrução aguda ao fluxo aéreo é decorrente da broncoconstrição, edema agudo e muco, embora a remodelagem das vias aéreas também pode contribuir Essa remodelação pode contribuir também para a cronificacão do processo, mas isso é observado em pacientes com asma grave Microscopia: ➯ No paciente normal nós temos o epitélio, a membrana basal, a lâmina própria, a camada muscular, as glândulas e a cartilagem ➯ Já no paciente com asma, nós temos: hiperplasia de células caliciformes (com maior produção de muco) maior quantidade de glândulas mucosas (hiperplasia delas) hipertrofia da muscular lâmina própria alargada as custas de edema congestão células inflamatórias membrana basalespessada Quadro clínico: Opressão torácica (isso durante a crise, porque é um quadro muito angustiante); Dispneia; Sibilos; Tosse; Eosinofilia no sangue; Escarro: Cristais de Charcot-Leyden e espirais de Curshmann; Estado de mal asmático: versão grave do quadro de asma, que não responde e não regride, nem espontaneamente nem com a terapêutica, e o paciente fica numa crise prolongada e são esses casos que podem ter uma evolução fatal (raro), porque a maioria dos pacientes responde super bem a terapêutica atual, aumentando os espaços entre as crises e encurtar elas também Pulmão - DPOC e bronquiectasias 10 Bronquiectasias ➯ Infecção crônica necrosante de brônquios e bronquíolos levando ou associada a anormal e permanente (e irreversível) dilatação destas vias aéreas Etiopatogeneticamente: nada tem haver com o enfisema, mas o conceito te algumas coisas que se sobrepõe: nas duas condições nós temos uma dilatação permanente de vias aéreas, no enfisema sendo distal ao bronquíolo proximal e aqui é no proximal, comprometendo brônquios e bronquíolos Essa dilatação anormal e permanente é desencadeada através de um processo infeccioso, necrosante, sendo uma infecção geralmente bacteriana, de alta virulência, que destrói os tecidos de sustentação dessa parede brônquica que vai ficar permanentemente dilatada Ao mesmo tempo em que nós temos isso, vamos ter acúmulo de muco, e isso favorece novas infecções (“água parada cria bicho”) É associada com: Obstrução brônquica → temos acumulo de secreção, favorece processos infecciosos Condições congênitas ou hereditárias → relacionadas a síndrome do cílio imóvel, o paciente vai apresentar comprometimento do batimento ciliar, favorecendo a acumulo de muco e consequentemente, processos infecciosos Pneumonia necrosante → são de alta virulência, com necrose tecidual, promovendo destruição de tecido fibrótico, colagênico e elástico que sustenta a parede dessas vias respiratórias, de tal forma que ela vai ficar permanentemente dilatada Patogenia da bronquiectasia: Obstrução → retém muco → favorece infecção → destruição do arcabouço de sustentação → a via aérea fica permanentemente dilatada Morfologia da bronquiectasia Dependendo da forma da dilatação dessa via respiratória, ela pode ser: Cilindróide, ao longo do maior eixo da via respiratória Sacular, formando uma bolsa, bochecha, uma dilatação localizada parietal Essas vias aéreas ficam dilatadas de uma forma exuberante, e o tecido pulmonar assume um padrão de CÍSTICO, parecendo multicístico, na verdade O lúmen dos bronquios e bronquílos junto à periferia ficam cada vez mais reduzidos de tal forma que a gente não consegue enxergar, muito menos dissecar Já na área de bronquiectasia (lobo superior), ele fica dilatado, com os espaços aéreos e os brônquios super dilatados, junto da superfície pleural Dentro dessas vias aéreas vamos ter muco espesso cheio de material purulento, o que favorece a infecção Recidiva desses processos → o antibiótico não entra na luz desse brônquio, ele se difunde ate uma certa parte, e o paciente tem que tomar antibiótico muito tempo e assim que ele para, favorece uma nova infecção Geralmente, o processo só vai se resolver por cirurgia Pulmões de um adulto morto decorrente de um mal asmático Pulmão - DPOC e bronquiectasias 11 Curso clínico: Tosse persistente: geralmente se nota quando o paciente se deita, ou quando ele acorda – mudando o decúbito. Aquela secreção vai se acomodando, então quando se deita tem uma crise de tosse Expectoração fétida: já que o processo infeccioso é de alta virulência Escarro hemoptoico: as vezes associados a erosões e ulcerações da mucosa, em decorrência da virulência do processo
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