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Pulmão - Pneumonias 1 🔬 Pulmão - Pneumonias Prof. Wlad Infecções Pulmonares ➯ PNEUMONIA→ Definição: é uma pneumonite, uma inflamação do parênquima pulmonar que geralmente tem causa infecciosa Pneumonite: um processo inflamatório genérico do pulmão Quando essa inflamação é usualmente causado por um agente infeccioso, quase sempre usamos a designação “pneumonia”, até pela sua alta prevalência ➯ Via de regra nossas vias aéreas inferiores são estéreis, entretanto mesmo que haja possibilidade de ter algum tipo de microorganismo viável, não obrigatoriamente esse microorganismo vai induzir o processo inflamatório 📊 As pneumonia possuem alta morbimortalidade, mesmo com a introdução dos antibióticos 📊 Atinge muitas crianças até os 5 anos de idade Classificação clínica: ➯ Esse tipo de classificação é a mais importante, pois ela permite que nós possamos generalizar alguns fatos associados, e isso nos ajuda a fazer uma identificação etiológica do agente e, portanto, é mais fácil de se achar a antibioticoterapia se for o caso, e também porque nos dá um prognóstico de gravidade � Colonozação: sítio não estéril; é a presença de um agente infeccioso, mas sem o processo inflamatório ou período de incubação de uma doença infeccioasa é o intervalo de tempo que transcorre entre a exposição a um agente infecioso e a aparição do primeiro sinal ou sintoma da doença Infecção: sítio estéril; quando a colonização induz o processo inflamatório, vamos chamar de pneumonia (que é a colonização + infecção) ➯ Pode ser classificada em comunitária ou nosocomial 1. Comunitária: mais comum, geralmente tem causa bacteriana, GRAM +, se refere a uma infecção pulmonar em indivíduos saudáveis sob os demais aspectos, adquirida em um ambiente normal; e dentro dela podemos ter um padrão: TÍPICA: é quando se tem uma série de sinais e sintomas (tosse, falta de ar, astenia, febre, as vezes acompanhada de dor torácica), mas o quadro radiológico é típico Quase sempre se encontram condensações pulmonares nas áreas de distribuição da via aérea ATÍPICA: a sintomatologia até pode ser da tópica, mas o quadro radiológico é um pouco distinto Não se identificam consolidações, e sim áreas de infiltrado reticular no pulmão, e quase sempre são associadas a infecções VIRAIS 2. Nosocomial: geralmente GRAM -, adiquiridas no curso de uma internação hospitalar; comuns em pacientes com doença subjacente grave, imunossupressão antibioticoterapia prolongada ou dispositivos de acesso invasivos, como cateteres intravasculares Os pacientes em ventilação mecânica tê particularmente um alto risco Se faz exames radiológicos e se faz o acompanhamento Pulmão - Pneumonias 2 Agentes frequentes das pneumonias Pneumonia aguda típica: Streptococcus pneumoniae ou pneumococo (60%) → adquiridos na comunidade; Haemophilus influenzae; Moraxella catarrhalis; S. aureus; Enterobacterias; Legionella pneumophila → especialmente em surtos. Qualquer bactéria que tenha potencial para ir para o pulmão pode ser origem da pneumonia típica (mas são menos frequentes) � As três primeiras são muito importantes pois também são praticamente saprofíticas das vias aéreas superiores, então também se envolvem nos casos de sinusites, rinites, orofaringites de forma geral Pneumonia atípica: Não é tão exuberante, tem infiltrado reticular Vírus → S. respiratório, parainfluenza, influenza A e B, adenovírus, CMV, sarampo, varicela; COVID-19 → uma das principais causas atualmente; Bactérias: Mycoplasma pneumoniae; Chlamydia spp; Coxiella burnetti. � Quando o vírus causa a pneumonia, muitas vezes vai estar associado na sequencia uma infecção bacteriana devido à destruição primária do alvéolo pulmonar, assim as bactérias se propiciam do ambiente para a instalação Pneumonia nosocomial: Geralmente se pega em ambientes hospitalares, característicamente depois de 48h da internação hospitalar GRAM (-): enterobactérias (intestinais) → Klebsiella, Serraria, E. Coli; Pneumonia por aspiração Pneumonia associada a aspiração, geralmente de cavidade oral, ou seja, pacientes debilitados, acamados por longa data, pacientes com má higiene oral, alcoolistas, pacientes sedados São mais graves (junto com a nosocomial) Flora oral anaeróbios (bacterioides, fusubacterium, etc.) Pneumonia crônica, necrosante e imunossuprimidos ➯ A pneumonia crônica, na maioria das vezes, é uma lesão localizada em pacientes imunocompetentes, com ou sem envolvimento de linfonodos regionais ➯ Tipicamente, a reação inflamatória é granulomatosa e é causada por bactérias (p. ex., M. tuberculosis) ou fungos (p. ex., Histoplasma capsulatum) Nocardia; Actinomyces; S. aureus; CMV; P. Jirovercii → principalmente associada com AIDS; Aspergilose; Candidíase Classiciação quanto à: a. Etiologia: ela é fundamental especialmente pela escolha do tratamento b. Naruteza da reação: Causas de Infiltrados Pulmonares e Hospedeiros Imunocomprometidos Pulmão - Pneumonias 3 Serosa: bastante fluida, rica em células. Fibrinosa: fibrina é o elemento central, que podem se organizar e causar aderências no futuro Supurativa: aquelas onde há piócitos no exsudato. 1. Anatômica: mais útil, pois vão ser descritos na radiologia e acaba remetendo à etologia da infecção, mas não é tão preciso Lobar — um lobo ou mais lobos são afetados, mas a unidade anatômica é bem demarcada Lobular ou tubular (broncopneumonia) — São várias lesões consolidativas como lobar, mas elas se distribuem nos lóbulos, ou seja, nos segmentos pulmonares ou tubulares e é por isso que é chamada de broncopneumonia, pois se distribui mais a nível dos brônquios, não a nível do lobo como um todo Intersticial — Ela cursa mais com pneumonias atípicas, pois o processo inflamatório, diferentemente dos demais, ele se dá no nível do interstício, e não no brônquio pulmonar; o padrão radiológico é de um ILFILTRADO RETICULAR, ele não forma consolidações ➯ A Lobar e a Lobular são pneumonias que o RX cursa com consolidação, uma área mais radiodensa ➯ As lobulares e lobares apontam mais uma origem bacteriana, já as intersticiais apontam mais para origem viral (há exceções) Patogênese da pneumonia ➯ Uma pneumonia pode ocorrer sempre que os mecanismos de defesa locais estiverem prejudicados ou quando a resistência sistêmica do hospedeiro estiver diminuída ➯ Fatores que afetam a resistência em geral incluem doenças crônicas, deficiência imunológica, tratamento com agentes imunossupressores e leucopenia Diminuição da resistência: É um dos fatores centrais, que justifica dois indivíduos, expostos ao mesmo agente infeccioso, com a mesma carga de inóculo, um desenvolve e o outro não Alteração dos mecanismos de defesa: Aqui é importante quando se prescreve antitussígenos, abolindo um pouco a sintomatologia que incomoda, mas ao mesmo tempo inibe os mecanismos de defesa (”faca de dois gumes”) Indivíduo sedado, com AVC, alcoolista, isso tudo facilita aspiração ➯ Os mecanismos de defesa locais do pulmão podem ser comprometidos por muitos fatores, incluindo: Perda ou supressão do reflexo de tosse → como resultado de coma, anestesia, distúrbios neuromusculares, medicamentos ou dor torácica (podem levar à aspiração do conteúdo gástrico) Lesão do aparelho mucociliar → tanto por prejuízo da função ciliar quanto por destruição do epitélio ciliado, em virtude de tabagismo, inalação de gases quentes ou corrosivos, doenças virais ou defeitos genéticos da função ciliar (p. ex., na síndrome dos cílios imóveis). Acúmulo de secreções em condições como fibrose cística e obstrução brônquica Interferência com a ação fagocítica ou bactericida dos macrófagos alveolares por álcool, tabaco, anoxia ou intoxicação por oxigênio Congestão e edema pulmonar Pulmão - Pneumonias 4 Agente etiológico: é importante saber qual é, pois, um agressivo ou virulento tem muito mais chance de infectar Inóculo alto: baixa quantidade de microorganismo aspirado, uma virulência não tão elevada e uma boa resistência,controlandomelhor a infecção ➯ A pneumonia é adquirida principalmente pelas vias aéreas, essa é a regra, que do meio externo passa pela cavidade oral → faringe → laringe → traqueia → brônquios → pulmões ➯ Mas pode também acontecer de outras maneiras, como um agente infeccioso por via hematogênica (ex.: uma infecção no pé, emboliza, faz um êmbolo micótico, e daí algumas microcolônias acabam chegando na circulação e no pulmão, podendo infectar) Padrão viral: Com a inalação do vírus, ele basicamente infecta os pneumócitos do tipo I Um edema importante e as vezes com exsudato proteico no interior do alvéolo surge O processo exsudativo básico vai acontecer na membrana que fica entre os alvéolos pulmonares e o endotélio dos capilares que vão estar passando juntos (difusão de gases) O processo infeccioso nessa área atrapalha a troca gasosa, e é por isso que essa pneumonite vai acontecer no interstício, não dentro do alvéolo, típico dos vírus Padrão bacteriano: O padrão mais comum das bactérias é ser uma piogênica, que vai também entrar no alvéolo, vai interagir com os pneumócitos Mas aqui o processo inflamatório vai acontecer no alvéolo (intra-alveolar) Vai ter edema, células de proteínas, também dificultando a troca gasosa ➯ O local da inflamação (interstício ou alvéolo), faz a diferença na radiologia, na resposta de oxigenioterapia e outros fatores associados ao tratamento Morfologia das lesões ➯ Pneumonia Lobar: A história natural acontece em 4 fases: 1. Exsudação (congestão): há a infecção → exsuda muito líquido do interstício para dentro do alvéolo, fase congestiva → dificulta a respiração (ou impossibilidade) 2. Hepatização vermelha: os vasos dilatam mais ainda, tem aumento desse processo inflamatório, e células de defesa entram no alvéolo, mas também vão entrar hemácias, por isso o pulmão vai ficar bem condensado nessa região lembrando o aspecto de fígado, daí vem o nome. Foge do padrão clássico de esponja do pulmão 3. Hepatização cinzenta: se o tempo passar, as hemácias citolizam e vai resultar em muita concentração de proteínas, então ainda vai continuar condensada aquela área, mas a coloração vermelha some, pois, a hemácia foi degradada, e vai ficar cinzenta em virtude das proteínas, especialmente da fibrina 4. Resolução: se continuar a evolução, vamos para o processo de cura. Todos os elementos que estão dentro do alvéolo vão ser absorvidos e o pulmão vai voltar a sua normalidade. Isso é a resolução clássica sem antibioticoterapia A pneumonia intersticial é mais associada às pneumonas atípicas (por vírus), enquanto as infecções bacterianas são mais associadas às pneumonias típicas (mais frequente) Pulmão - Pneumonias 5 � Com antibioticoterapia, eu posso ter uma fase de exsudação, o antibiótico age, mata as bactérias e nós podemos dar um pulo para a fase de resolução ➯ Pneumonia Lobular (broncopneumonia): ele também, embora sendo em varias áreas distintas e separadas entre si, ele evolui da mesma forma que a pneumonia lobar Pneumonia Lobar ➯ Chamamos de lobar por afetar todo o lobo, como na imagem ao lado Na maioria das vezes o agente é pneumococos, o estreptococos pneumoniae, que corresponde a 60% das pneumonias típicas Histologicamente chamados de pneumonia pioserosa História natural das pneumonias condensativas Exudação Hepatização vermelha Hepatização cinzenta Resolução 1. EXUDAÇÃO: Alvéolo com pneumócitos tipo I que permite a troca gasosa (de vez em quando, podemos achar um pneumócito tipo II) As bactérias que infectam os alvéolos conseguem agredir os pneumócitos, especialmete o tipo I Vai haver um processo inflamatório → os vasos se dilatam → diapedese (passagem de líquido para dentro do alvéolo) → acúmulo de líquido no interior dos alvéolos Passam também neutrófilos para tentar combater as bactérias Um grau de edema no interstício → corrobora para o déficit de oxigenação → dispneia Pneumonia Lobar; pulmão esquerdo com seu lobo inferior totalmente acometido pela condensação pulmonar Lobo inferior direito com área condeçada e um padrão típico; à esquerda vemos não só o lobo iferior afetado, mas também provavelmente o lobo médio com algum grau de condensação Histologia normal de um parênquima pulmonar, com um bronquíolo e vários alvéolos, com suas paredes bem delimitadas Pneumonia clássica, temos um interior de um alvéolo, com conteúdo em seu interior, seroso, líquido e no meio células inflamatórias (setas), polimorfonucleares, sendo neutrófilos mortos, piócitos Representação das 4 fases da história natural das pneumonias condesantivas Pulmão - Pneumonias 6 Comum a ausculta de estertores, especialmente bolhosos, pois o ar entra, se mistura com o líquido e faz crepitações (estalido) característico Aneis fibrosos → Membranas Hialinas → o processo inflamatório cronificando, cria-se uma substância amorfa vermelha, uma proteína que se acumula na parede dos alveolos, nada mais é que fibrina formando uma barreia e dificultando mais ainda a troca gasosa com os vasos, complicando o caso 2. HEPATIZAÇÃO VERMELHA: Aqui podemos ter: exsudação passagem de líquido passagem polimorfonuclear passagem de proteína para dentro do alvéolo passagem de hamácias para dentro do alvéolo (dilatação contínua dos vasos) Resultado = adensamento da quantidade de conteúdo no alvéolo = condensação no RX Se chama de hepatização vermelha, pois, o pulmão fica parecendo um fígado → perde o aspecto esponjoso, os alvéolos estão totalmente preenchidos com conteúdo sero-sanguíneo Na ausculta pulmonar os estertores diminuem, pois praticamente o ar não consegue entrar nessas regiões, ocorendo um abafamento do som Na percusão teremos macicez em vez do som claro pulmonar Na histologia, vemos os alvéolos cheios de material vermelho, que nada mais é do que hemácias, e quando fica com esse aspecto amarelado significa que autolizou, e basicamente o que podemos ver na imagem é hemosiderina Aspecto de um pulmão com o alvéolo tomado por polimorfonucleares, além de bactérias, líquido e proteínas Vemos as paredes dos alvéolos com bastante exsudato piofibrinoso dentro, muitos neutrófilos morrendo, mostrando serosidade, mas a substancia amorfa vermelha é proteína se acumulando nas paredes alveolares, basicamente fibrina do processo inflamatório — Aneis fibrosos → Membranas Hialinas Pulmão - Pneumonias 7 3. HEPATIZAÇÃO CINZENTA: Com a evolução da pneumonia, se não terminar em morte ou não for tratado com antibióticos, teremos: Hemácias destruídas Exsudato intra-alveolar, com cálulas monocitárias (macrófagos) Piócitos (neutrófilos) já foram eliminados Sobrando bastante FIBRINA e MACRÓFAGOS. Esse conteúdo que caracteriza a hepatização cinzenta → a coloração vai ficar acinzentada, mas ainda sim sólida Na ausculta continua um som abafado e percussão maciça 4. RESOLUÇÃO: Uma vez que todo esse material é autolizado, se liquefaz e é absorvido Na ausculta voltar a ouvir algum estertor, pois o ar já entra, ainda ouvimos uma crepitação porém já estamos em direção a cura Pneumonia Lobular Alvéolos com hemácias e as áreas amareladas indicam autólise, com acúmulo de hemosiderina Hepatização cinzenta, com a parede de um alvéolo e o conteúdo, que parece quase sólido que é fibrina, e no meio a gente vê macrófagos soltos Pulmão - Pneumonias 8 (ou broncopneumonia ou tubular) ➯ Fisiopatogenicamente, ela é muito parecida com a pneumonia lobar, inclusive compartilhando os mesmos agentes causadores ➯ Aqui temos uma distribuição aérea da infecção mais nítida ou seja, um inóculo de bactéria coloniza diferentes lóbulos, e fica mais ou menos restrita aos lóbulos, diferente da lobar que nem respeita o interstício, passando de um alvéolo para outro ➯ Na lobular são pontos de consolidação que pode ou não ser bilateral ➯ Do ponto de vista evolutivo passa pelas mesmas fases que a lobar (exsudação, hepatização vermelha e cinzenta e depois resolução) ➯ É bem típico uma transição de uma área de consolidação e de uma área sãde uma broncopneumonia na histologia Pneumonia intersticial ➯ Aqui tem-se um pulmão congesto na macroscopia, cheio de conteúdo líquido e edema importante ➯ Não se ve áreas heterogêneas, é tudo mais ou menos homogêneo, pois esse processo ocorre a NÍVEL CELULAR ➯ Na radiologia de um paciente com pneumonia intersticial, que é característico das pneumonias atípicas, apresenta-se com um aspecto reticulado, parecendo “fiozinhos” → padrão filamentar ou reticular ➯ Atender esse padrão no RX ajuda, pois se é uma pneumonia, o paciente está com falta de ar, febre, e fazemos um RX e dá esse resultado, temos que pensar que pode ser atípica, podendo ser um vírus e não uma bactéria Corte de um pulmão com áreas contínuas de consolidação que são os focos de broncopneumônicos Na radiologia, podemos ver no pulmão direito muitos focos entre áreas bem aeradas, o que é um padrão de broncopneumonia Na histologia, podemos ver alvéolos limpos sem conteúdo no interior, enquanto outros estão cheios de células inflamatórias Vemos alguns alvéolos limpos e outros com conteúdos no seu interior, além de área de mais consilidação entre uma região e outra Pulmão - Pneumonias 9 Patogenia Os vírus dentro dos alvéolos infecta os pneumócitos tipo I e II (predomínio ao tipo I), destruindo-os Processo inflamatório instalado (com edema), mas predominantemente no interstício, entre o alvéolo e o vaso O pneumócito II para compensar ele vai se multiplicar, então no final vamos ter um alvéolo com uma hiperplasia de pneumócito II Embora ele produza surfactante, esse pneumócito não facilita a passagem de gases através dele Edema, líquido e dificuldade dos gases se difundirem Podemos ter também a formação das membranas hialinas, formando a barreira entre o alvéolo e o vaso sanguíneo No interstício, vai ter processo inflamatório basicamente mononuclear, sendo a principal célula os LINFÓCITOS, mas também podemos ter eosinófilos, macrófagos, plasmócitos Na histologia teremos um padrão característico da pneumonia intersticial → sem quantidade grande de alvéolos, no interstício vemos paredes espessadas e os alvéolos cheios de células inflamatórias Podemos encontrar também inclusões nucleareas (”olhos de coruja”), que devemos sempre pensar em citomegalovírus, e agora com a COVID, onde vemos muitas células gigantes multinucleadas, tipo sinciciais Se as paredes alveolares estiverem com um grau extenso de membranas hialinas, criando as barreiras que dificultam a troca gasosa, o paciente pode ter a SÍNDROME DA ANGÚSTIA RESPIRATÓRIA GRAVE, na qual mesmo dando oxigênio para o paciente, ele não consegue passar por essas membranas Em último caso, existem equipamentos caros que fazem a respiração para o paciente (assim como o dialisador tem afunção do rim) Pulmão - Pneumonias 10 Complicações das pneumonias a. Pleurite: Nada mais do que o processo inflamatório chegar na pleura, o que é bem frequente Quando isso acontece, como especialmente a pleura parietal tem sensibilidade dolorosa somática, o indivíduo inspira, expande o pulmão, atrita as duas pleuras que estão inflamadas e a pleura parietal responde a isso e dói naquele ponto Quando ele expira, as pleuras se afastam e a dor tende a diminuir (daí vem o termo “pontada”) b. Derrame pleural: O processo inflamatório pode se estender e pode exsudar, em quantidade muito grande para a cavidade pleural, se acumular a ponto de levar a uma atelectasia no pulmão (pressão pelo líquido pulmonar) Na imagem de RX podemos ver um derrame pleural, resultado de uma hiperexudaçao de um processo inflamatório, que são bem vistos na radiografia ou na ausculta e percussao pulmonar. Alvéolos com paredes espessadas no instertstício e grande quantidade de células inflamatórias INCLUSÕES NUCLEARES, que são os famosos OLHOS DE CORUJA Aqui temos as paredes infiltradas, um padrão intersticial de processo inflamatório, tem linfócito abundante e plasmócitos abundantes; nessa imagem também evitenciam-se as membrnas hialinas Pulmão esquerdo livre, mas o direito vemos um líquido ocupando espaço Vemos a fibrina que se organizou de uma pneumonia, criando aderências, diminuindo a expansão desse pulmão (travas/placas fibrinóides) Travas/placas fibrinóides; Estrias antracóticas, mas podemos ver as aderências na parte retroesternal fibrinoides bem visíveis. Pulmão - Pneumonias 11 c. Empiema: Presença de pus → muito grave, pois a presença de pus na cavidade pleural além de indicar o fator agressivo daquela bactéria, esse pus normalmente não está ali sozinho, pode estar com fibrina, que significa aderências Geralmente essa complicação vai exigir drenagem cirúrgica d. Paquipleuris: Uma situação grave como todas as outras O processo inflamatório se torna tão grande que ele vai espessando a pleura, e no fim começa a encarcerar o pulmão, levando a uma atelectasia definitiva É incomum, mas pode acontecer e. Fibrose pulmonar (carnificação): Uma área do pulmão fica restrita por processo cicatricial Então a destruição foi tão grande naquela área que os fibroblastos se multiplicaram e isolaram aquela área Os ductos conseguiram chegar e aerar aquela área do pulmão, deixando ela sequestrada por essa área de carnificação, o que é um problema pois: Se é uma área de sequestro pulmonar de carnificação, não oxigena, então perdemos uma área do pulmão Se uma área carnificada não serve nem para fazer trocas gasosas, ela pode servir muito bem para uma bactéria, por exemplo, se instalar e provocar uma infecção secundária A área de fibrose mantida, corre risco de reinfecção no futuro, por ser um meio de cultura bom para uma bactéria se instalar. f. Abscessos pulmonares: São uma neocavidade que contém pus no interior, com destruição da área pulmonar e costumam manter um processo inflamatório infeccioso Via de regra terá que ser drenado pois abscessos só tratando com antibióticos muito dificilmente vai se resolver por total Abscesso pulmonar ➯A etiopatogenia dele são múltiplas. Fontes de abscesso: 1. Aspiração de material infeccioso: mais comum, pois na pneumonia aspirativa geralmente se aspira muita quantidade de inóculo infectado, indo para uma região do pulmão, geralmente os As placas amareladas meio soltas são placas com piócitos, pus, organizado na superfície pulmonar Vemos um pulmão que foi todo acercado por um processo de fibrose da pleura que fica espesso. Um processo inflamatório crônico levou ao espessamento da pleura que colapsou o pulmao lá dentro. Lobo superior mais preservado, mas nós temos uma área de fibrose encerrando uma área do pulmão, isolando-a, o que caracteriza uma carnificação Pulmão - Pneumonias 12 lobos, e essa quantidade é tão grande que leva a destruição daquela área e a formação de uma nova cheia de pus 2. Infecção bacteriana primária anterior: podemos ter uma pneumonia e dela podemos evoluir para um abscesso pós-pneumônico, especialmente em imunossuprimidos 3. Embolia séptica: essa é bem incomum, mas podemos tem um trombo em membros inferiores (tromboflebite) infectado e acontece dele sofrer uma ruptura e vai formar um êmbolo, indo em direção ao pulmão e se instala Um tromboêmbolo infectado, pode levar o agente infeccioso para o pulmão e pode causar uma pneumonia, mas também um abscesso naquele lugar 4. Neoplasia: frequentemente os tumores pulmonares se associam a abscessos, pois ele cresce, obstrui determinadas vias aéreas do pulmão, aquela área obstrutiva funciona como uma área carnificada, sequestrada do pulmão, e ali pode se desenvolver uma infecção ou um abscesso 5. Outras possibilidades: a. Trauma penetrante – facada, tiro no pulmão; b. Disseminação contígua – por exemplo tem uma infecção no diafragma, dentro do abdômen, é fácil essas bactérias acabar passando para dentro do tórax, até por via linfática, podendo resultar numa pneumonia ou até num abscesso; c. Hematogênica – por exemplo tem uma infecção grave no rim, faz sepse, algumas dessas bactérias corremna circulação, não necessariamente vinculadas a um trombo e podem chegar no pulmão e infectar. ➯ Se o abecesso for curado, drenado, mas ficou uma área morta dentro do pulmão, ele tem chances de desenvolver uma reinfecção, pois é uma área típica, muito aerada, e fornece um meio de cultura ideal para um microorganismo no futuro se instalar e causar outro processo inflamatório Grande abscesso no pulmão, o qual foi cortado em duas partes, e estamos vendo uma cavidade com material purulento no interior do abscesso
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