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Família, Saúde e Resiliência

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AULA 6 
FAMÍLIA, SAÚDE E SOCIEDADE 
Profª Tânia Maria Santos Pires 
 
 
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INTRODUÇÃO 
Apesar de a família ter um relevante papel na vida de seus membros, nem 
sempre ela se encontra em condições de exercer esse papel de maneira tranquila 
e estável. Isso acontece porque a família atravessa crises para as quais nem 
sempre está preparada. São situações inesperadas que balançam o sistema 
familiar e revelam sua fragilidade e debilidade, mas que podem também fazer esse 
sistema emergir mais forte e melhor para todos. 
Além das crises, há situações graves crônicas de disfuncionalidade familiar 
que podem se tornar ainda piores com o decorrer do tempo, levando os 
profissionais que trabalham com essas famílias a tomar providências quanto aos 
mais frágeis, retirando-os do ambiente familiar. Vamos discutir a seguir algumas 
dessas situações. 
TEMA 1 – FATORES DE RISCO E RESILIÊNCIA 
Um dos atendimentos que mais nos marcou a vida profissional foi durante 
uma visita domiciliar a uma paciente diabética, idosa, Dona Maria da Silva (nome 
fictício), 75 anos. A equipe de enfermagem nos contou que essa paciente 
costumava abandonar o tratamento com frequência. Sabíamos que essa senhora 
morava com a filha e, em outro momento, essa moça já havia sido chamada na 
US na tentativa de ajudar a mãe no uso da insulina. Parecia ser uma jovem 
inteligente e bem articulada. 
Ao chegarmos à casa, já na entrada notamos o cenário de abandono. O 
ambiente sujo desde a área externa, onde um cachorro raivoso nos recebeu, já 
dava a ideia da situação que encontraríamos dentro da casa. A idosa veio nos 
receber, mostrando-se um pouco preocupada com a nossa presença. Por não 
conseguir conter o cachorro, chamou pelo neto para ajudá-la. Vimos surgir um 
menino de aproximadamente 7 anos de idade, magro, cabisbaixo, encurvado, 
caminhando com passos lentos, resignados, em direção ao cachorro. Conduziu o 
animal ao ponto de contenção com uma corrente, da mesma forma firme e 
resignada como caminhava. Mal olhou para nós e retirou-se. 
Entramos na casa e a condição de higiene que vimos dentro era ainda pior 
do que estava fora. Restos de alimentos espalhados sobre a pia, insetos 
percorrendo louças sujas, marcas de fezes humanas misturadas às fezes de 
animais, odor fétido do banheiro espalhando-se por todo o ambiente. A idosa 
 
 
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estava ficando cega por causa do diabetes e não tinha mais condições de ficar 
sozinha, de cuidar de si, muito menos poderia ficar responsável por outros. Além 
da idosa e do menino de 7 anos, havia uma outra criança, com aproximadamente 
2 anos de idade. As duas crianças estavam tossindo. O menino informou que 
estava tossindo há bastante tempo e mostrou o xarope que ele mesmo 
administrava. 
A idosa nos contou que estava muito preocupada com as crianças porque 
tinha consciência de que quase não enxergava. A filha era traficante de drogas e 
ficava fora o dia inteiro. Algumas vezes trazia homens para a casa e o restante da 
família tinha que ficar na parte de trás, num pequeno cômodo, que era ainda pior 
que a parte da frente da casa. 
Ao terminarmos aquela visita, fomos imediatamente conversar com a 
referência da Rede de Proteção daquela área, que era também a diretora da 
escola. Ao relatarmos o que vimos, a diretora surpreendeu-se porque o menino 
de 7 anos era um ótimo aluno, sempre trazia as tarefas de casa, comportava-se 
muito bem na escola, portanto, ela não fazia ideia do risco que aquela criança 
corria. Formalizamos o relato junto à Rede de Proteção, acionando a proteção 
para as crianças e para a idosa. 
O desfecho do caso não foi como desejávamos e, infelizmente, não foi 
também fora do contexto. Alguns dias depois da nossa visita, a filha de Dona Maria 
foi assassinada por traficantes, as crianças seguiram para casas diferentes, cada 
uma com o seu pai, sendo acolhidas diante da nova situação, e a idosa seguiu 
para uma instituição de cuidados. 
Dessa experiência, o que mais nos marcou foi a imagem do menino, o peso 
que ele parecia carregar sobre os ombros. Toda sua postura corporal 
demonstrava sofrimento e sobrecarga, no entanto, ele era um ótimo aluno na 
escola. Que surpreendente é essa capacidade humana de reagir aos problemas, 
mesmo tão jovem. O que será que nos leva a ter reações de defesa tão 
importantes? Quais são os recursos que utilizamos para isso? Onde encontramos 
forças para enfrentar os dramas da vida e os superarmos, de modo até a 
surpreender pessoas ao nosso redor? Por que alguns conseguem desenvolver 
resiliência e outros não? 
1.1 Construindo a resiliência 
Diz-se que uma pessoa é resiliente quando passa por momentos de crise 
 
 
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ou situações crônicas de estresse e angústia e consegue superá-los, conduzindo-
se dentro de um funcionamento emocional satisfatório. São processos sociais e 
intrapsíquicos que sustentam o indivíduo, levando-o a ter um estilo de vida sadio, 
mesmo quando o seu meio social e ambiental não o sejam (Pesce et al., 2004). 
As respostas das pessoas diante do estresse crônico são muito diferentes, 
por isso alguns autores elaboraram a hipótese de que seria possível que algumas 
pessoas pudessem ter nascido com essa capacidade e outras não. 
Posteriormente foi entendido que na verdade a resiliência é uma construção sobre 
alguma base emocional prévia, influenciada pela relação do indivíduo e seu meio 
ambiente. Nesse sentido, há muitas variantes que influenciam a reação das 
crianças e adolescentes diante das crises que enfrentam. Na verdade, a 
resiliência é o resultado da relação entre os fatores de risco e os fatores de 
proteção aos quais as pessoas são expostas. 
Os fatores de risco são de natureza diferente. Alguns podem ser crônicos, 
como a pobreza, rupturas na família, doenças na família ou na própria pessoa, 
situações permanentes de violência, exposição e convívio com a dependência 
química, como álcool e drogas. Outros fatores são pontuais, como a perda do 
emprego, mudança da condição social e padrão de vida, perda súbita de um dos 
pais. A forma como esses fatores afetam as pessoas também dependem do tempo 
de exposição e de outros recursos de defesa que as pessoas desenvolvam no 
decorrer da vida. 
A verdade é que todas as pessoas são expostas a fatores estressantes na 
vida, porém alguns são mais expostos do que outros, porque enfrentam muitos 
fatores estressores ao mesmo tempo e por períodos muito prolongados. No 
entanto, apesar de fatores como pobreza, ambiente social hostil ou mesmo com 
pouco estímulo positivo, o que determina a reação dos indivíduos diante das 
situações de estresse é quão seguros eles se sentem diante das mudanças, como 
entendem seu papel e seu valor naquele contexto e quais são suas fontes de 
proteção e apoio. 
Quando se analisa a vida de crianças nas famílias de maior vulnerabilidade, 
nota-se que há situações predisponentes de risco. É comum a convivência de 
crianças de paternidades diferentes na mesma família, geralmente chefiadas pela 
avó. Os vínculos são pobres e frágeis, há sensação de insegurança diante das 
uniões rápidas e inconsistentes dos pais e a possibilidade de sofrer rejeição pelo 
novo cônjuge dos pais é real. Falas de alienação parental são frequentes. 
 
 
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O valor dessa criança na família não é destacado como positivo. É comum 
que ela escute que é resultado de um erro, ou que significa um peso em termos 
de despesa para a família. Seus pequenos feitos não são valorizados, e os adultos 
ao seu redor descontam nela suas frustrações por meio de palavras agressivas e 
atitudes violentas. Sentimentos de menos valia e insegurança estão presentes na 
sua vida (Fernandes; Curra, 2006) 
O maior problema dessa criança é a falta de referenciais positivos nos quais 
possa ancorar sua vida, seus sentimentos, seu suporte emocional. Quando ela 
encontra esse referencial, seja em alguém de sua família, como um tio, uma avó, 
ou até mesmo fora, na figurade um professor ou de um contato próximo com um 
profissional de saúde, há mais chances de desenvolver resiliência. 
Quanto ao fato de se ter um dos pais ausentes e o impacto dessa ausência, 
sabe-se que há mais importância no tipo de relacionamento desenvolvido com a 
figura parental presente do que a falta de um deles. O que mostra que, se houver 
uma figura de referência positiva, esta conseguirá dar sustentação para que a 
criança se desenvolva de forma saudável, mesmo em condições sociais adversas. 
TEMA 2 – PROTEÇÃO E CUIDADO 
A importância dos fatores de proteção tem sido destacada como mais 
influente do que a exposição aos fatores sociais de risco. Os estudiosos os 
classificaram em três principais grupos (Pesce et al., 2004), que veremos a seguir. 
2.1 Fatores individuais 
Relacionam-se à autoestima positiva, equilíbrio emocional, autocontrole. 
Apesar de serem considerados fatores relacionados à pessoa, esse conjunto de 
habilidades é desenvolvido dentro do conjunto de comportamentos aprendidos 
pela criança com a sua família. Aprender a respeitar a vez do outro, entender que 
não se consegue as coisas tendo uma crise e se jogando no chão, são situações 
manejadas pela família educadora. O equilíbrio da criança espelha o equilíbrio dos 
adultos ao seu redor. Crianças que são tratadas respeitosamente pelos seus pais 
tendem a serem respeitosas com seus professores e demais pessoas ao seu 
redor. Crianças tratadas aos gritos e com palavras desrespeitosas desenvolvem 
essa mesma forma de lidar com situações de estresse. Cabe aos pais observar 
os comportamentos que são mais inerentes à personalidade da criança e ajudá-
 
 
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la a potencializar o que é bom e a controlar o que não é, da mesma forma que 
ensinamos os filhos a fazer suas eliminações fisiológicas em lugar privado. 
2.2 Fatores familiares 
Refletem a forma como a família se relaciona e funciona. Atitudes de união, 
estabilidade, planejamento de vida, respeito uns aos outros e suporte mútuo nas 
dificuldades são funções desenvolvidas dentro da família. A criança percebe 
claramente isso quando vê os pais cuidando dos avós, recebendo os sobrinhos 
em casa porque um dos tios está doente, socorrendo uns aos outros nas 
necessidades. São atitudes que geram o sentimento de pertencimento, de ter 
certeza de que não será abandonado e que seus pais ou responsáveis farão de 
tudo para defendê-lo e cuidar de você. Crianças que vivenciam famílias assim 
sentem-se felizes e seguras. 
2.3 Fatores sociais 
Estão relacionados com o meio ambiente, como a escola, amigos, igrejas, 
grupos de suporte social como os escoteiros, inclusão em atividades de esporte, 
demais situações que favoreçam o reconhecimento de habilidades e autoestima. 
As crianças adoram fazer coisas em grupo, como cantar, dançar, praticar 
esportes. É comum que os professores observem talentos inesperados nessas 
atividades. De toda forma, ao ter seu reconhecimento publicado, as crianças 
sentem-se valorizadas e melhoram sua autoestima. 
Os fatores de proteção conseguem transformar a vida de crianças mesmo 
quando são acessados de maneira mais tardia, como acontece em situações de 
crianças que foram submetidas a elevados agravos e depois protegidas. Estudos 
mostram que, após serem cuidadas e se sentirem em segurança, elas foram 
capazes de desenvolver vínculos significativos com pessoas de referência, como 
cuidadores, pais adotivos, superando os traumas que viveram e seguindo suas 
vidas de modo saudável. 
Os estudiosos do tema afirmam que os fatores de risco não são preditivos 
de resiliência, mas os fatores de proteção demonstram essa capacidade agindo, 
sobretudo, de quatro maneiras: 
a. redução de respostas negativas ao impacto imediato a exposição de risco, 
alterando a exposição da pessoa aquela situação. A reação de defesa parte 
 
 
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da segurança de entender-se capaz de julgar e tomar uma decisão 
embasando-se no seu repertório pessoal. Citamos como exemplo a 
negativa a um convite de alguém para experimentar drogas ou ser 
considerado como chato porque é estudioso. Situações de exposição à 
violência repercutem menos em pessoas com boa autoestima; 
 b. redução de impacto negativo desencadeadas posteriormente, ou seja, 
mais tardiamente na vida, em consequência da exposição de risco. As 
emoções negativas ficam arquivadas no nosso emocional, podendo mais 
tarde desencadearem situações de doença, transtornos mentais ou 
desajustes sociais. Pessoas que desenvolvem os fatores de proteção 
repercutem muito menos esses efeitos tardios da exposição ao risco; 
c. estabelecimento e manutenção da autoestima e da sensação de vitória 
pessoal, também chamada de autoeficácia, ao apegar-se a 
relacionamentos significativos e executar bem as tarefas que lhe são 
propostas. Dentro dessa dimensão está também entender-se como um ser 
que pode falhar e recomeçar, perdoar e pedir perdão, sem que isso lhe 
deixe a sensação de ser alguém que sempre está errado ou que não acerta 
nunca. Todos erram e acertam. Quando acertamos, nos congratulamos, 
quando erramos, corrigimos os erros e seguimos em frente; 
d. criação de oportunidades para reverter os efeitos do estresse. Isto é muito 
importante porque ensina a criar mecanismos de alívio, de autoproteção e 
lazer. Quando os pais estão atentos para isso, procuram criar no final de 
semana um momento diferente para os filhos, como um almoço especial 
(que pode ser simplesmente estender uma toalha de mesa no chão do 
quintal e almoçar brincando de piquenique), ou levando os filhos em um 
parque público, construir um brinquedo com a criança, fazer um bolo junto 
com ela, ou outra tarefa na casa e enaltecer a sua participação. São 
pequenos momentos que ajudam a criança a entender que ela é alvo de 
atenção e sua companhia torna os pais felizes. 
TEMA 3 – PRINCIPAIS SITUAÇÕES DE CRISE: SEPARAÇÃO DO CASAL, 
DESEMPREGO E MORTE 
As crises fazem parte da vida e mesmo as crianças têm que passar por 
elas. É certo que a forma como as famílias e indivíduos vão reagir às crises 
depende do seu grau de funcionalidade. Sendo assim, quando a crise acontece, 
 
 
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esta vai ressaltar a funcionalidade ou disfuncionalidade da família. Durante a 
pandemia do coronavírus, por exemplo, os órgãos de monitoramento detectaram 
um expressivo aumento da violência intrafamiliar. É um exemplo de como as 
crises, mesmo de origem externa, podem agravar as crises internas das famílias. 
Entre as crises que podem afetar profundamente as famílias, destacamos 
situações de separação do casal, desemprego e doença/morte. 
3.1 Casal em fase de separação 
Esse é um momento crítico para a família, porque raramente ele é 
composto por uma situação de consenso. Na maioria das vezes, o casal se separa 
em meio a brigas, desvalorização mútua, causando um importante conflito que 
atinge todos os familiares, principalmente as crianças e adolescentes. 
Quando essa decisão parte da mulher, é um agravante a mais para risco 
de violência e até mesmo de feminicídio. Chantagem financeira, perseguição, 
ameaças e assédio são também frequentes, desestabilizando ainda mais as 
famílias, aumentando a sua vulnerabilidade. 
Se a decisão já está tomada de fato, a separação deve passar por etapas 
até que se conclua. São fases que podem chegar até um ou dois anos, dando 
tempo para todas as pessoas processarem a situação e o luto que traz. Seria 
muito bom se o casal pudesse conversar com alguém que pudesse funcionar 
como um mediador da situação. É claro que é algo difícil de ser aceito, sobretudo 
por aquele que não deseja ou não aceita a separação. Muito mais difícil fica o 
consenso se a relação do casal é permeada de violências. Nesses casos, a equipe 
de saúde deve orientar a parte mais fragilizada, geralmente a mulher com os 
filhos, para que procure proteção legal. 
3.2 Etapas da separação 
3.2.1 A decisão de se separar 
Algo vai mal quando de vez emquando uma das partes fala em se separar. 
Isso significa que a decisão está se consolidando e espera o momento para 
acontecer. É a hora para saber se todas as possibilidades do casal foram 
esgotadas ou se eles ainda estão dispostos a tentar a convivência. Caso o casal 
decida tentar manter a relação, é importante que tenha apoio de profissionais ou 
de pessoas experientes para ajudar na restauração da relação, senão os mesmos 
 
 
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padrões vão se repetir e aquilo que está causando a separação vai se manter. 
Nesse caso, sem ajuda, sem tentar mudanças, manter a relação significa apenas 
prolongar o sofrimento de todos. 
3.2.2 A separação propriamente dita 
Nessa fase, o casal se separa de fato, com a saída de um dos cônjuges de 
casa. É muito importante explicar aos filhos pequenos que a saída do pai de casa 
(ou da mãe) não resultará na quebra dos laços parentais; eles continuarão sendo 
pais mesmo separados. 
3.2.3 Estabilização das duas novas famílias monoparentais que se formam 
Nessa etapa, os pais devem fazer acordos sobre as visitas dos filhos nas 
duas casas. Em caso de crianças pequenas, esses acordos são essenciais para 
que as rotinas da criança sejam respeitadas nas duas casas. Se os pais tiverem 
coerência, a criança se beneficiará muito quanto à sua educação e não conseguirá 
manipular os pais para atender a caprichos. Um alerta importante é não fazer a 
criança de espiã na casa do outro, estimulando-a a relatar o que viu na casa do 
pai ou da mãe, ou com quem ele ou ela conversa, alimentando disputas ou ciúmes 
possessivos no pós-separação. 
3.2.4 Divórcio propriamente dito 
Fase de formalização legal da separação, acordos sobre pensões 
alimentícias e proteção dos vulneráveis da família, sobretudo de crianças, de 
modo a garantir seus estudos, moradia, segurança física e emocional no presente 
e futuro. 
3.2.5 Reorganização da vida dos ex-cônjuges 
Fase de consolidação da nova realidade para todos os ex-cônjuges e para 
os filhos. Geralmente nessa etapa o luto está superado e as pessoas seguem 
suas vidas. Há também investimento em carreiras profissionais dos ex-cônjuges, 
criação de novas redes de apoio social, amizades e nova estrutura emocional e 
afetiva. É um bom momento para se pensar nos erros e acertos da relação 
anterior, de modo maduro e o mais profundamente possível, para evitar repetir os 
mesmos erros em relações futuras. Os ex-cônjuges provavelmente encontram 
 
 
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novos pares e iniciam novos relacionamentos. Um alerta para essa fase é não 
apresentar aos filhos relacionamentos no início e não trazer pessoas estranhas 
para dormir na mesma casa com eles. Não é bom para a criança ver o pai ou a 
mãe com muitos namorados porque isso causa insegurança emocional. Quando 
a relação de namoro for séria, então sim as crianças devem ser apresentadas. 
3.2.6 Novos casamentos 
Nesse momento formam-se novas famílias. Quem é pai ou mãe deve 
pactuar previamente com o seu novo cônjuge, qual será seu papel na vida da 
criança. Ele também deve ter ciência que o ex-cônjuge do seu companheiro fará 
parte da sua vida também, que eles devem conversar sempre que for necessário 
fazer acordos sobre os filhos. Esse pacto deve ser muito bem discutido para evitar 
tensões no futuro. 
TEMA 4 – FAMÍLIAS VIVENDO COM A DEPENDÊNCIA QUÍMICA 
Existem algumas situações que proporcionam extremo sofrimento às 
famílias, desestabilizando todo o sistema familiar. Nessas situações, as pessoas 
sentem-se esgotadas e sem esperança, confusas, com dificuldade para tomar 
decisões. É o caso de famílias que convivem com a dependência química, álcool 
e drogas. 
Quando dizemos que ninguém adoece sozinho e que a família é um 
sistema produtor e mantenedor de saúde e doença, nada seria mais 
representativo do que quando abordamos a questão da dependência química. O 
dependente químico está gravemente doente e a família adoece severamente 
também junto com ele. Todos os meus anos de experiência como médica me 
fizeram entender que é muito difícil mensurar o grau de sofrimento de uma família 
diante de um diagnóstico grave como um câncer, mas afirmo, sem dúvida, que a 
maioria das família lida muito melhor com o diagnóstico de um câncer em um filho 
do que com o diagnóstico da dependência química. 
Todos adoecem nesse sistema familiar e a dependência química torna-se 
o tema da família, o que significa que tudo giram em torno daquela doença e 
daquele doente. A família não percebe claramente isso, mas se torna a fonte, o 
gatilho para a doença e, de alguma forma, também está inserida na raiz do 
problema. É importante que a família enxergue isso, não para identificar culpados, 
 
 
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mas para alterar padrões de comportamento que se repetem dentro de diversas 
gerações, mantendo a doença em sequência. Não é raro encontrarmos avôs, pais, 
netos alcoolistas e suas filhas casando-se com alcoolistas, repetindo o ciclo. 
4.1 Papel da família no tratamento e estabilização da dependência 
Todos os estudos mostram que a família é o maior recurso para o 
tratamento e recuperação do dependente químico, devendo ser envolvida no 
tratamento e ao mesmo tempo sendo tratada também. Um dos maiores avanços 
no tratamento da dependência química foi a mudança de visão do tratamento 
exclusivamente do doente para o tratamento de todo o sistema familiar. 
Dentro do foco sistêmico, entende-se a dependência química como uma 
manifestação de adoecimento do sistema familiar, portanto o dependência 
química é o sintoma da doença, e o paciente é o que manifesta esse sintoma. 
Nesse sentido, todos os membros da família manifestam algum sintoma da 
doença, ainda que eles mesmos não sejam usuários de substâncias. Vamos 
encontrar nesse grupo familiar quadros de depressão, ansiedade crônica, 
transtorno do sono, dificuldade de adesão aos tratamentos. 
Quando falamos no sintoma, é adequado lembrar que todo sintoma aponta 
para um problema. O sintoma em si não é a doença, mas uma sinalização da 
doença causadora dele. Ao analisarmos dessa forma, podemos entender que a 
dependência química está apontando para conflitos mal manejados, frustrações 
abafadas, comunicação truncada, percepção de menos valia, falta de afeto. É 
comum ouvirmos os pais dizerem que não entendem por que aquilo aconteceu, já 
que sempre deram tudo ao filho. Na verdade, o tudo que foi dado não era o tudo 
de que a criança precisava. Algo falhou, ou ficou insuficiente dentro daquele 
sistema que adoeceu e não teve condições de se reequilibrar. 
Por não compreender esse conjunto, a família busca ajuda para o 
dependente químico, mas não entende que também precisa tratar-se ao mesmo 
tempo, para quebrar o ciclo e modificar o padrão de relacionamento mantenedor 
da dependência. 
Na maioria das vezes, a dependência química inicia-se na adolescência. 
Isso não acontece por acaso, mas pelo fato de ser o momento em que se inicia a 
crítica mais intensa, além da segurança de ser capaz de vencer a repressão e 
expressar-se. Quando o sistema familiar permite a expressão de diferentes 
opiniões, respeitando e alinhando os pontos de vista, a comunicação acontece por 
 
 
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meio de palavras, de conversas e até mesmo por meio de atos bastante 
expressivos como fazer uma tatuagem, colocar piercings, ouvir um rock mais 
pesado. Os pais ficam um pouco estressados por perceberem que seu filho, antes 
tão doce, parece de repente insurgir contra os padrões da família, mas, se 
souberem lidar com a situação, vão constatar que, uma vez plantada uma boa 
semente, ela germina e a planta aparecerá bonita e coerente com a semente. 
Famílias rígidas, sem abertura para questionamentos ou mudanças, cujo 
padrão de comunicação é com frequência abusivo, manipulador de culpas, 
controle dos filhos com extremo esforço, por meio de coerção, manipulação de 
culpa ou chantagem emocional, a forma de manifestação tende a ser mais 
agressiva, aumentando consideravelmenteo risco para a dependência química. 
As situações são mais complicadas quando o padrão social da família e 
suas crenças aparentemente deveriam ser protetoras dessa situação. Ainda 
assim, vemos esse quadro entre famílias de boas condições financeiras, 
religiosas, com ensino superior completo, demonstrando que o problema supera 
as fragilidades sociais e econômicas, embora estas sejam um componente de 
maior risco. 
Por outro lado, famílias que são excessivamente permissivas têm uma 
aparente liberdade, que na verdade mostra a falta de compromisso com os seus, 
ausência de limites, de disciplina, de metas e rumos. A criança é deixada à sua 
própria sorte e as escolhas, sem qualquer direcionamento. São condições de 
abandono, mesmo que aparentemente seus pais ou responsáveis estejam 
presentes, dando-lhes o que comer, vestir e teto para morar. Nesse tipo de família, 
os vínculos são quase inexistentes. 
4.2 Estratégias terapêuticas para abordagem da dependência 
Existem atualmente diversas linhas terapêuticas para o manejo da 
dependência química. Devido à complexidade do tema, há necessidade de 
abordagens multiprofissionais como também de tratamento medicamentoso e 
comportamental. A mudança da estratégia terapêutica, mudando o foco 
exclusivamente do paciente para a abordagem da família, mostrou-se mais efetiva 
para prevenir as recaídas e permitir a desintoxicação permanente do paciente, 
afinal o sistema familiar está adoecido e não apenas uma pessoa. 
 
 
 
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4.2.1 Terapia sistêmica familiar 
A terapia familiar, dentro da abordagem sistêmica, é apontada como a 
melhor forma terapêutica para mudança do comportamento abusivo e 
direcionamento da família para melhora do padrão de funcionalidade (Paz, 
Colossi, 2013). Quando um filho torna-se dependente químico, toda a demanda 
emocional da família volta-se para ele. Com isso, as outras demandas prévias 
entram em “modo silencioso”, como os desentendimentos do casal, 
relacionamentos paralelos de um dos cônjuges, as disputas entre irmãos, os 
destaques de filho preferido, a sogra manipuladora. Tudo sai do palco para que a 
dependência química domine e parece então que o único problema da família é a 
dependência química de um filho, que parece ser o responsável por toda a 
infelicidade da família. 
O que acontecerá quando esse filho melhorar, deixar a dependência 
química e buscar outros rumos na vida? A família então tem que mudar de foco, 
não podendo mais usar aquela situação para abafar todas as outras com as quais 
não quer lidar. Mesmo sem perceber, as famílias mantêm algumas situações para 
que consigam conviver com outras. É um processo inconsciente de adequação 
do sistema, por esse motivo a família precisa de tratamento, para olhar para si 
mesma como um conjunto, que interage e que consegue também modificar 
padrões, encontrar suas forças, seus princípios e reordenar seu funcionamento. 
4.2.2 Terapia de grupos de pares 
A terapia de grupo de pares mostrou-se muito efetiva pela sua validação 
prática. Todos os participantes vivenciam o mesmo problema, mas estão em 
diferentes estágios dessa vivência. Isso permite que aqueles que estão na fase 
mais aguda, iniciando a terapia, escute daqueles que já estão há mais tempo 
vivendo o problema, algumas verdades que talvez não tolerassem escutar de um 
terapeuta. 
Nesse modelo de abordagem, o terapeuta assume o papel de facilitador do 
processo, mas o andamento da terapia acontece no compartilhamento das 
experiências dos participantes. Os grupos promovem suporte mútuo por meio de 
discussão do problema, exposição da sua experiência, admissão das suas 
dificuldades. O fato de todos estarem vivendo o mesmo tipo de problema diminui 
muito o receio de ser julgado pelos demais, situação que favorece o olhar sincero 
 
 
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sobre si mesmo e sobre a situação da sua família. Também ajuda a família a 
reconstruir uma rede de ajuda e de vivência, diminuindo a sensação de solidão. 
Exemplos de grupos de pares existentes em diversas cidades: 
• Al-Anon – grupo de suporte aos familiares de pessoas com dependência 
alcóolica. O paciente pode estar ou não inserido no grupo dos Alcoólicos 
Anônimos; 
• Alateen – voltado para adolescentes em contato com familiares com 
dependência alcoólica; 
• Amor Exigente – trabalha com famílias de pessoas com dependência 
química e atua também na prevenção com famílias em risco. 
Há outros grupos de suporte coordenados por secretarias de saúde, 
universidades e igrejas, que podem ser mais específicos, por exemplo, para 
suporte de esposas de homens alcoolistas, ou pessoas com dependência de 
jogos. O acesso ao grupo dá suporte importante ao tratamento da família 
adoecida. 
TEMA 5 – SOFRENDO EM SILÊNCIO: OFENSA SEXUAL DENTRO DA FAMÍLIA 
Eis um tema difícil de abordar e mais difícil ainda de se lidar porque traz 
consigo a culpa, a vergonha, o acobertamento de outros que são parte da família 
e um conjunto de dores longas, com repercussões variáveis. Todos nós 
repudiamos essa prática, no entanto, mesmo nos países mais desenvolvidos do 
mundo, em que a criminalidade, como os roubos e assassinatos, é muito baixa, 
ele continua em alta, com grande dificuldade até mesmo para estatísticas, devido 
à dificuldade da vítima em denunciar. 
5.1 Caracterizando o crime 
Uma vez atendi uma jovem com síndrome do pânico. Ela entrava em crise 
no seu trabalho e conseguiu identificar a razão. O banheiro do trabalho tinha um 
modelo de janela que a fazia relembrar o assédio do irmão mais velho adulto, que 
a espiava enquanto tomava banho na infância. Ela avisou os pais que ele fazia 
isso com frequência, mas os pais não acreditaram nela. 
Uma menina de 10 anos informou à mãe que o tio a colocou no colo e 
tentou tocar sua genitália. Quando a mãe o questionou, ele negou, disse que se a 
tocou foi sem querer, acidentalmente, enquanto a colocava no colo. Disse que a 
 
 
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considerava uma filha e que jamais faria qualquer mal à criança. Tudo não teria 
passado de um mal entendido. Dias depois ele se aproveitou de um momento em 
que a criança estava sozinha numa parte mais isolada da casa e tentou tirar a 
roupa dela. Ela gritou e foi socorrida por uma vizinha. Sua mãe finalmente 
acreditou. 
Quando perguntamos a uma paciente se ela sofreu algum tipo de abuso 
sexual, a pessoa responde rapidamente que não, porque nem sempre identifica 
atos como os que acabamos de relatar como um abuso sexual pelo fato de não 
ter se completado o ato em si. Analisando a definição da OMS, todos os atos 
sexuais envolvendo crianças ou adolescentes são considerados ofensas sexuais, 
mesmo que este aparentemente concorde com o ato. É necessário destacar que, 
no caso do adolescente, mesmo aparentemente concordando com a incursão 
sexual, seu grau de maturidade não lhe permite uma análise completa sobre as 
consequências de seus atos (por exemplo, uma gravidez), ao contrário do adulto 
que lhe envolve. 
Outra característica desse crime é o sentimento de culpa que envolve a 
própria vítima. A criança não entende o que está acontecendo quando um adulto 
a toca de forma indevida, por isso, dependendo de sua idade, não tem qualquer 
mecanismo de defesa. Além de tudo, a criança pequena está acostumada a ter 
seu corpo exposto aos adultos da casa, que são seus pais, avós, tios com quem 
convive, para tomar banho e fazer sua higiene. Não tem qualquer defesa, ou 
suspeita prévia de que algo de errado pode lhe acontecer se um deles lhe disser 
para tirar a roupinha para tomar banho, ou vier ajudá-la na higiene após 
evacuação. 
Mesmo sentindo desconforto, medo e angústia com a situação, o corpo da 
criança responde ao toque do agressor, o que confunde a sua emoção por achar 
que está participando do processo. Quando a criança se recusa a continuar, 
acontece a ameaça, a intimidação e medo de não lhe darem crédito. O pior é 
quando ela se manifesta, e a mãe ou a pessoa responsávelpor ela de fato não 
acredita nela. Nesse momento, acontece o sentimento de autodepreciação. A 
criança acredita que não tem valor para a mãe e que por isso não tem mesmo 
valor para ninguém. É comum pessoas que passaram por isso guardarem mais 
mágoa da mãe que não lhe deu crédito do que propriamente do agressor. 
Por que a mãe não acredita? Uma vez atendemos uma criança cujos 
sintomas fizeram suspeitar que estivesse sendo vítima de ofensa sexual. A mão 
 
 
16 
foi questionada a esse respeito e mostrou-se muito preocupada e motivada a 
esclarecer a situação. Ela era separada do pai da criança e imediatamente 
levantou suspeitas sobre ele, dizendo que se isso estivesse acontecendo 
certamente seria durante as visitas da menina ao pai e seus familiares. Ao 
conversarmos com a menina, ela confirmou as suspeitas, mas disse que o 
agressor era o avô materno, com quem morava e com quem ficava sozinha 
quando a mãe e a avó saiam para trabalhar. Ao saber disso, a mãe desqualificou 
a denúncia da filha, disse que com certeza ela estaria se confundindo, que jamais 
o avô faria isso. 
Em outro momento, uma jovem com um quadro de depressão grave e 
tentativa de suicídio contou que o pai a molestou durante anos, até seus 12 anos 
de idade, e que isso acontecia no quarto da mãe, enquanto ela estava sentada na 
sala fazendo crochê. Ele simplesmente dizia que ia tirar um cochilo na companhia 
da filha e a mãe sequer reagia a isso, como se fosse algo muito natural um homem 
trancar-se no quarto com uma criança para tirar um cochilo. 
A mãe não reage mesmo sabendo, quando a revelação da criança mexe 
com os seus interesses e a afeta, quando depende emocionalmente e 
financeiramente do agressor, ou quando ela mesma foi vítima desse crime e o 
minimiza para conseguir viver. São muitas as razões, todas cruéis, e que tornam 
essa mulher tão agressora quanto ao agressor, sobretudo aos olhos da vítima. 
5.2 Quando suspeitar? 
Apesar do silêncio que permeia este crime, a vítima emite sinais e sintomas, 
que com frequência são ignorados pela família e confundidos pelos profissionais 
de saúde, razão pela qual eu resolvi incluí-lo neste momento de estudo. 
Ressaltamos que os sintomas não são exclusivos dessa situação, assim como a 
febre não é exclusiva das infecções bacterianas, mas, devido à prevalência, 
sempre devem fazer parte do diagnóstico diferencial. Como em qualquer 
diagnóstico, só se pode chegar a uma conclusão quando se pensa na 
possibilidade de ela existir. 
• Alteração súbita de comportamento, como tristeza, isolamento social, 
manifestação de irritabilidade e raiva; 
• Autoagressão, como arrancar os cabelos, machucar-se com algum objeto, 
tentar se cortar, bater com a cabeça propositadamente; 
 
 
17 
• Dor abdominal recorrente. Apesar de a dor abdominal ser muito frequente 
em crianças pequenas, ela é também um sintoma de ansiedade. Estranhe 
e investigue melhor quadros constantes de dor abdominal que não 
melhoram em crianças e adolescentes; 
• Depressão e tentativa de suicídio em crianças e adolescentes. 
5.3 O que fazer ao se deparar com esse crime? 
A resposta parece óbvia: denuncie! Parece simples, mas nem sempre é, 
porque os profissionais podem sofrer ameaças quando fazem o diagnóstico da 
situação, principalmente os que atuam na Atenção Primária, devido à proximidade 
com o agressor, trabalhando no mesmo bairro e sendo conhecidos de todos. É 
importante que a cidade tenha estratégias e fluxos para que a denúncia seja feita 
de forma anônima pelos profissionais de saúde, pelos professores e até mesmo 
vizinhos ou familiares. 
A Rede de Proteção é um grande instrumento que envolve o setor Saúde, 
Educação, Assistência Social e Sistema Judiciário por meio do Ministério Público. 
A criança precisa ser protegida de uma sociedade cada vez mais cruel e doente, 
cujas maldades não conhecem limites, senão nada nos restará de humanidade e 
de esperança. 
 
 
 
 
 
18 
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