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INFECÇÃO URINÁRIA (ITU) → É uma infecção bacteriana ou fúngica da urina, habitualmente estéril. → A ITU é a infecção bacteriana mais comum. → 2º sítio mais comum de infecções no geral e causa importante de sítio de sepse. → 15% de todas as prescrições de ATB. → Fisiopatologia: colonização do introito (flora entérica) → ascensão via uretra (cistite - baixa - 90%) → ascensão via ureter (pielonefrite - alta) - via hematogênica/linfática. → Mulheres são mais susceptíveis pela própria anatomia - saída do intestino mais próxima da via urinária, além do tamanho da uretra feminina ser menor. o Fatores de risco: • Pré-menopausa: relação sexual, uso de espermicida, novo parceiro, história materna positiva, ITU na infância, anormalidade no TGU. • Pós-menopausa: ITU pré-menopausa, incontinência, atrofia genital, cistocele. → Fatores de risco para falha terapêutica: o DM descontrolado o Gravidez o Infecção hospitalar o Doença renal prévia o Obstrução o Cateter: relacionado com infecção hospitalar relacionado a Pseudomonas, Enterococcus sp. o Anormalidades anatômicas e funcionais no trato urinário (refluxo vésico-ureteral, obstrução ureteral ou corpo estranho (cálculo, sonda vesical ou tumor): acentuada predisposição ao desenvolvimento de ITU, em particular de infecções envolvendo os rins. o Rim transplantado o Imunodepressão o Germe resistente CLASSIFICAÇÃO → Alta (pielonefrite) x Baixa (cistite) → Sintomática x Assintomática → Não-complicada: ocorre em mulheres com trato geniturinário normal. A maioria dos episódios manifesta-se como cistite simples aguda. o Ausência de abscessos, obstruções, sepse, instabilidade hemodinâmica. o Limitada a bexiga. o Não se tornam infecções necessariamente complicadas, mas é necessário atenção. → Complicada: ocorre em pacientes com anormalidades funcionais ou estruturais do trato urinário. o Presença de febre, sinais sistêmicos (calafrios, mal-estar inespecífico), dor no flanco, dor perineal (em homens). → Esporádica: ≤ 1 ITU/6 meses e ≤ 2 ITU/ano. → Recorrente: ≥ 2 ITU/6 meses ou ≥ 3 ITU /ano. o Profilaxia: ingestão oral de fluidos, ATB pós coito, estrógeno intravaginal para mulheres menopausadas ou perimenopausadas. o Se falha no tratamento: ATB oral - longa duração em dose baixa (NTF - NITROFURANTOÍNA, SULFA, CEFALEXINA). PRINCIPAIS AGENTES ENVOLVIDOS → E. coli: mais comum, 70 - 95%. → Staphylococcus saprophyticus. → Outras enterobactérias (Proteus mirabilis, Klebsiella pneumoniae). → É importante desconfiar de qualquer outra bactéria em mulher sem fator de risco. → Avaliar contaminação. SINAIS E SINTOMAS → Atenção a homens (sinais de PROSTATITE) e idosos/imunossupressos (assintomáticos urinários). CISTITE → Infecção da bexiga ou do trato urinário inferior. → Início rápido: sintomas em menos de 24 horas. → Não cursa com febre. → Sinal de Giordano negativo. → 3-5 dias de duração. → ATB não diminui duração. PIELONEFRITE → Infecção renal ou do trato urinário superior. → Início insidioso. → Pode ter sintomas urinários baixos antes. → Sinais sistêmicos inespecíficos. → Dor lombar: dor à punho-percussão (Giordano positivo). → Pode evoluir com sepse, LRA e DRC. → Colher culturas e exames laboratoriais. o Níveis séricos de proteína C-reativa aumentados em pielonefrite aguda. DIAGNÓSTICO → Leucocitúria + nitrito positivo + hematúria sugerem ITU. Urocultura (URC); Exame de urina (EAS); → A probabilidade de ITU, com base nos achados fornecidos pela história e exame físico, era de no mínimo 50% em mulheres que apresentavam pelo menos 1 dos sintomas da infecção. → Na ausência de secreção vaginal e fatores agravantes, porém na presença de fatores de risco de desenvolvimento de ITU, então a probabilidade de desenvolvimento desta condição chega a 90% e nenhuma avaliação laboratorial se faz necessária. → Uma combinação de disúria e frequência (sintomas mais comuns) na ausência de secreção vaginal aumenta a probabilidade de ITU para 96%. SUMÁRIO DE URINA → PIÚRIA: presença em quase todas as ITU | isolada pode ser contaminação, nefrite intersticial (NIA), litíase, tumores. → BACTERIÚRIA: isolada pode ser apenas colonização/contaminação. → HEMATÚRIA: pode estar presente e não indica necessariamente gravidade. → NITRITO: elemento mais ESPECÍFICO para ITU - detecta infecções causadas por bactérias Gram negativas (metabolizam nitrato a nitrito). → CILINDRÚRIA: inflamação - pielonefrite ou qualquer outra causa renal. UROCULTURA (URC) → Bacteriúria significativa: URC ≥ 105 unidades formadoras de colônias (UFC)/mL. → Fornece o perfil de sensibilidade. → BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA: cultura da urina é positiva (≥ 105 UFC/mL - duas amostras consecutivas para mulheres), mas há ausência de sintomas. o Tratamento de casos específicos (gestantes e antes de procedimentos urológicos). • Pesquisar qual agente etiológico (antibiótico guiado por cultura) e tratar. OUTROS EXAMES DE LABORATÓRIO → Função renal, distúrbios hidroeletrolítico, hemograma. EXAMES DE IMAGEM → Excluir complicações. → Ausência de resposta a terapêutica 48-72 horas. → Suspeita de obstrução, paciente grave, casos de urolitíase, falha de resposta ATB. → TC: com contraste - padrão-ouro; ver sinais obstrutivos, presença de abscessos, sinais de infecção renal. TRATAMENTO → Tratamento deve ser feito em todos os casos sintomáticos, não deve aguardar URC. → Antibioticoterapia empírica: o Cistite: diminuição da duração dos sintomas. • FOSFOMICINA: dose única. • NORFLOXACINA, NITROFURANTOINA, CEFALEXINA, SULFA-TRIMETROPIM, AMOXICILINA → 3-5 dias. o Pielonefrite: limitar os danos no tecido renal. • VO/EV: CLAVULIN, CIPROFLOXACINO, LEVOFLOXACINO → 7-14 dias. • EV: CEFTRIAXONE, MEROPENEM, ERTAPENEM → 7-14 dias. → Internamento em casos de: o Choque/sepse o Febre ou dor persistente o Inabilidade de hidratação oral o Suspeita de obstrução o Múltiplos fatores de risco para falha no tratamento LITÍASE RENAL → Massa cristalina que se forma nos rins e tem tamanho suficiente para ser clinicamente identificável (por sintomas ou por imagem). → Desequilíbrio na concentração de certas substâncias na urina (supersaturação e cristalúria). → Pode acontecer no rim, ureter, bexiga e uretra. → Prevalência alta: 20% dos homens e 10% das mulheres até 70 anos. → 30% dos portadores precisarão de hospitalização. → 15% são submetidos a cirurgias e procedimentos. → Alta recorrência: novo episódio em 50%. FATORES DE RISCO → Fatores intrínsecos: o Sexo masculino, brancos, 3ª a 4ª década de vida. o Alterações anatômicas o Genética o Distúrbios metabólicos e endócrinos o pH urinário. → Fatores extrínsecos: o Baixa ingesta hídrica o Dieta o Ocupação: que dificulta o acesso ao banheiro (trabalhadores evitam a ingestão de fluidos - evitar micção). o Sedentarismo o Climas quentes e secos: maior perda de líquidos através da pele e da respiração, originando uma urina mais concentrada. o Uso de drogas litogênicas. TIPOS DE CÁLCULOS - ANÁLISE METABÓLICA → Cálcio: mais comuns. o Associado ao OXALATO (70-80%) - pacientes com cirurgia bariátrica ou FOSFATO (15%). o Superssaturação (saturação urinária excede a solubilidade da fase sólida) ou desidratação. o Hipercalciúria: excreção excessiva de cálcio. o Hiperparatireoidismo, sarcoidose, intoxicação por vitamina D, acidose tubular renal, neoplasias. → Ácido úrico (8%): produto do metabolismo das purinas o Mais presente em homens. o pH ácido. o Único que é possível tratamento clínico para dissolução do cálculo - fármacos que alcalinizam a urina. o Desidratação/supersaturação. o Cálculos radiotransparentes no RX (menos densos), mas aparecem na TC. o Pacientes com gota / síndrome metabólica, acidose tubular renal, quimioterapia → Estruvita -magnésio (1%): o Cálculo infeccioso - CORALIFORMES (cresce rapidamente - cálculo de grande dimensão; ocupa a pelve renal + 1 ou mais cálices). o Único de pH básico (permite formação do cálculo de estruvita). o Bactérias (Proteus, Pseudomonas, Klebsiella) produtoras de UREASE. • Escherichia coli não produz. o Mulher, infecção urinária de recorrência. → Cistina (1-2%): o Rara, hereditária (autossômico recessivo) o Cálculos duros. o Presença de CISTINÚRIA (excreção excessiva do aminoácido cistina). → Medicamentos: o HIV - antirretrovirais: INDINAVIR, ATAZANAVIR o Cálculos totalmente transparentes na TC - solicita-se TC com contraste. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS → Manifestações dependem da localização. → Se obstrução (JUP - junção ureteropélvica; cruzamento de vasos ilíacos; JUV - junção ureterovesical), paciente terá cólica renal/nefrética (dor lancinante e súbita). → Sem obstrução: assintomático, dor lombar, infecção crônica, pielonefrite aguda de repetição. Paciente pode evoluir para insuficiência renal (IRC). → Pródromos frequentes: o Náuseas e vômitos o Hipotensão o Hipersudorese o Sialorreia → Características típicas: o Caráter ondulante o Sem posição de alívio - paciente se encontrará em posição antálgica (inclinação para o lado afetado). o Localização mal definida, visceral. o Irradiação para fossa ilíaca, inguinal ou genital homolateral (escroto/grandes lábios). RIM → Cólica renal: nem sempre (>10 mm, na pelve renal). → Hematúria. → Infecção urinária. URETER → Cólica renal → Hematúria macro e microscópica. → Dor irradiada para região inguinal e testículos: à medida que o cálculo se desloca. → Reflexo vasovagal. → Cistite. BEXIGA → Dor ao urinar → Sintomas de obstrução → Hematúria → Cistite LABORATÓRIO → Análise bioquímica do cálculo. → Sangue: gasometria venosa, ácido úrico, cálcio, paratormônio (PTH), vitamina D. → Sumário de urina (urina de 24 horas) e urocultura: ver cristais, sinais de hematúria, infecção urinária. → Hemograma completo. → VHS e PCR. → Função renal (ureia e creatinina) e eletrólitos. EXAMES DE IMAGEM → Diagnóstico e complicações. → Podem ser postergados em pacientes em que o diagnóstico é claro, sem evidência de infecção, que são capazes de comer e beber, e que podem ser tratados com analgésicos orais. RADIOGRAFIA DE ABDOME → Incluir bacia. → Método mais simples. → Natureza química da litíase (presumível) → Progressão dos cálculos. → Eficácia das terapêuticas. ULTRASSONOGRAFIA → Identifica maior parte das litíases no rim, pobre para avaliação do seguimento ureteral. → Pode mostrar repercussões crônicas → Infecções → Alterações estruturais → Gestantes ou suspeitas TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA → TC de abdome e pelve. → Exame de escolha. → Normalmente não precisa de contraste. → Visualização de cálculos “radiotransparentes”. → Localização de cálculos em todo o trajeto do ureter. → Bom para visualização de complicações. UROGRAFIA EXCRETORA E RESSONÂNCIA → Usar apenas se TC e US indisponíveis → Difícil disponibilidade TRATAMENTO CONSERVADOR → Cálculos renais < 1cm. → Manejo da dor: o 1ª linha - ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS (atuam no mecanismo da dor | Relaxamento da musculatura lisa ureteral) + ANALGÉSICOS SIMPLES. o 2ª linha - ANTIESPAMÓDICOS + OPIOIDES (se contraindicação a AINE). → Expulsão do cálculo: o Depende do tamanho e do local do cálculo. o Pedras < 5mm: passagem espontâneas. o Pedras 5-10mm: α-bloqueadores (TANSULOSINA - 1ª escolha, TERAZOSINA e DOXAZOSINA) por 4 semanas. o Pedras > 10mm (1cm): tratamento intervencionista. MINIMAMENTE INVASIVO → Litotripsia extracorpórea por ondas de choque (LECO): fragmentação dos cálculos renais por meio de ondas de choque. o Cálculos < 1 cm (tratamento conservador é o padrão-ouro). o Cálculos > 1 cm e < 2cm. → Ureteroscopia com remoção por pinça ou fragmentação in situ. o Cálculos < 1 cm (tratamento conservador é o padrão-ouro). o Cálculos > 1 cm e < 2cm. → Nefrolitotomia percutânea (NLPC): padrão- ouro em casos de cálculo renal > 2cm ou cálculos coraliformes. TRATAMENTO CIRÚRGICO → Videolaparoscopia / cirurgia aberta: nefrectomia. MEDIDAS PREVENTIVAS → Em todos os tipos de cálculo, deve ser realizado reforço hídrico, redução de sódio e evitar ITU. → Em cálculos de cálcio: o Dieta pobre em proteínas, sódio (excreção urinária de Na ∝ excreção urinária de Ca - redução da ingestão de Na, diminui a excreção de cálciourinária e reduz a supersaturação) e oxalatos (cacau, nozes, chá e vegetais verdes folhosos - espinafre). o Dieta rica em potássio. o Ingesta normal de cálcio. o Tiazídicos. o Citrato de potássio: substância presente em limão e laranja, e é protetor da formação de cálculos. O citrato combina-se com o cálcio para formar um complexo solúvel que reduz a disponibilidade de cálcio para se ligar ao oxalato ou ao fosfato. → Em cálculos de ácido úrico: o Dieta pobre em purinas. o Alcalinização da urina → Citrato de potássio. o ALOPURINOL: reduzir níveis séricos de ácido úrico. → Em cálculos de cistina: manter níveis baixos de cistina urinária - água e TIOPRONIMA/PENICILAMINA. o Cistina é mais solúvel em pH elevado - alcalinização da urina com citrato de potássio. → Em cálculos de estruvita: antibioticoterapia profilática.
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