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Química Propriedades da Matéria Prof. Sales Química Página 1 PROPRIEDADES GERAIS As propriedades gerais são aquelas comuns a todas as espécies de matéria, em que se destacam: Impenetrabilidade A impenetrabilidade garante que duas porções de matéria não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. Exemplo ilustrativo: Observação: Os componentes do suco e o açúcar (sacarose) não sofreram fenômeno químico, logo as propriedades de cada material, isoladamente, foram preservadas; as partículas de açúcar não penetram nas partículas do suco, ocupando, assim, um espaço distinto. Divisibilidade A divisibilidade garante que a matéria pode ser dividida inúmeras vezes sem alterar suas características, desde que não ocorra nenhum fenômeno químico. Exemplo ilustrativo: Observação: O licor, constituído de vários componentes, inclusive álcool etílico, pode ser dividido sucessivas vezes, mantendo as propriedades iniciais. Compressibilidade A compressibilidade garante que o volume ocupado por certa porção de substância na fase gasosa pode diminuir se ela for submetida à ação de forças externas. Exemplo ilustrativo: Elasticidade A elasticidade garante que se um material for esticado ou comprimido pela ação de forças externas, sem que suas estruturas sejam rompidas, ele voltará a sua forma original assim que essa força deixar de agir. Química Propriedades da Matéria Prof. Sales Química Página 2 Exemplo ilustrativo: Observação: A elasticidade depende do material. Inércia A inércia garante que os materiais tendem a se manter em repouso ou em movimento até que uma força atue sobre eles modificando a situação original. Exemplo: O choque de um veículo, com passageiros, em movimento. Observação: A quantidade força que atua sobre o material depende da massa desse. PROPRIEDADES ESPECÍFICAS As propriedades específicas são as características próprias de cada material, sendo estas divididas em: Organolépticas Propriedades que impressionam pelo menos um órgão dos sentidos, sendo estas dependentes das condições de temperatura e pressão ambiente. Visão – A cor dos materiais depende da presença de luz. Brilho reflete a luz Baça não reflete a luz Olfato – O odor ou cheiro dos materiais. Inodoros não possuem cheiro (ex.: água, oxigênio, etc.) Odoríferos possuem cheiro (ex.: gás sulfídrico, amônia, etc.) Paladar – O sabor de certos materiais. Doce açúcar Salgado sais Azedo ácidos Amargo quinino Adstringente bases Observação: Os flavorizantes são substâncias que apresentam sabor e aroma característicos, geralmente agradáveis. Tato – O grau de compactação de um sólido ou a maneira como as partículas desse sólido se arrumou na superfície, determinando se o material se apresenta em forma de pó, em pequenos grãos, ou em blocos, e ainda se sua superfície é lisa, rugosa ou áspera. Química Propriedades da Matéria Prof. Sales Química Página 3 Audição – O som que acompanha determinados fenômenos físicos e químicos dos materiais. Exemplos: - Efervescência de um comprimido. - Folha de papel sendo amassada. Funcionais São aquelas apresentadas por determinados grupos de materiais, identificadas por desempenharem alguma função em comum. Acidez vinagre, limão, etc. Basicidade soda cáustica, sabão, etc. Salinidade sal de cozinha Químicas São as propriedades que determinam o tipo de fenômeno químico que cada material específico é capaz de sofrer. Reações químicas – ex.: neutralização, precipitação, etc. Reações nucleares – radioatividade Físicas São certos valores encontrados experimentalmente no comportamento de cada material quando submetido a determinadas condições de temperatura e pressão. Densidade ou massa específica – d V m d Unidade: g/cm3 Tabela 01 – Densidade de alguns materiais em função da temperatura (ºC) MATERIAIS DENSIDADE (g/cm3) TEMPERATURA (ºC) Água Benzeno Álcool etílico Cloreto de sódio Mercúrio 1,00 0,879 0,789 2,163 13,546 4 20 20 20 20 Ponto de fusão e ebulição – p.f. e p.e. O ponto de fusão corresponde à temperatura em que uma substância na fase sólida passa à fase líquida e o ponto de ebulição à temperatura em que uma substância na fase líquida passa à fase líquida. Química Propriedades da Matéria Prof. Sales Química Página 4 Tabela 02 – Ponto de fusão e ebulição de alguns materiais. MATERIAIS PONTO DE FUSÃO (ºC) PONTO DE EBULIÇÃO (ºC) Água Benzeno Álcool etílico Cloreto de sódio Mercúrio 0 5,5 -112 800,4 -38,87 100 80,1 78,4 1413 256,9 Coeficiente de Solubilidade – CS É a quantidade máxima dissolvida de uma substância (soluto) a uma dada temperatura, em uma quantidade de padrão de solvente (geralmente 100 g). Tabela 03 – Solubilidade da sacarose em água em função da temperatura. TEMPERATURA (ºC) SOLUBILIDADE (g/100g H2O) 0 20 40 60 80 100 179,2 203,9 238,1 287,3 362,1 487,2 Calor específico – c É a quantidade de calor necessária para elevar em 1ºC a temperatura de 1 g de uma substância. Unidade: Caloria – cal Observação: As propriedades físicas são utilizadas como critério de pureza de um material. Questões de Aprendizado Questão 01 – O ar é uma matéria gasosa; não tem cor, cheiro, sabor, forma e nem tamanho definido. Mas, será que ele existe mesmo? Como você provaria a existência do ar? Questão 02 - Durante algumas experiências, quando se tapou a abertura da seringa, onde a agulha se encaixa, se empurrou o êmbolo e percebeu-se que ele não foi até o fim do cilindro. Isso aconteceu por quê? Questão 03 - Quer-se distinguir uma amostra de p-clorofenol de uma de o-nitrofenol, ambos sólidos. Determinou-se o ponto de fusão de cada amostra, utilizando um termômetro que permite a leitura da temperatura com incerteza de ±1ºC. Foi possível, com esta medida experimental, distinguir essas amostras? Explique. Química Propriedades da Matéria Prof. Sales Química Página 5 SUBSTÂNCIAS E MISTURAS Substância ou espécie química Uma substância é um material que possui todas as propriedades definidas e bem determinadas. Observações: Cada substância é identificada por um conjunto de propriedades físicas, químicas, organolépticas e funcionais próprias. Não existem duas substâncias com todas as propriedades iguais. Alotropia um mesmo elemento químico forma duas ou mais substâncias simples diferentes, denominadas variedades alotrópicas do elemento. Alótropos do Carbono Grafite Ângulo de ligação = 120º e hibridação sp2 Comprimento das ligações - Intracamada – 141pm - Intercamada – 335pm Sólido nas condições ambiente Bom condutor de corrente elétrica Densidade igual a 2,25g/cm3 Diamante Ângulo de ligação 109º e hibridação sp3 Comprimento das ligações – 154pm Sólido nas condições ambiente Não conduz corrente elétrica Densidade igual a 3,51g/cm3 Observação: Em 1985, o inglês Harold Kroto e os americanos Richard Smalley e Robert Curl anunciaram a descoberta de uma nova variedade alotrópica do carbono. O novo alótropo é constituído por moléculas com 60 átomos de Carbono (C60). Foi nomeado buckminsterfulereno, conhecido como fulereno. Novos fulerenos com 32, 44, 50, 70 ... 540 átomos de carbono já foram descobertos, alguns em forma de tubos cilíndricos (nanotubos). SUBSTÂNCIAS SIMPLES Ex.: Fe, N2, He, etc. COMPOSTA Ex.: H2O, CO2, NH3, etc. ALOTROPIA SUBSTÂNCIAS SIMPLES Ex.: Fe, N2, He, etc. COMPOSTA Ex.: H2O, CO2, NH3, etc. ALOTROPIA Química Propriedades da Matéria Prof. Sales Química Página 6 Alótropos do Oxigênio Oxigênio – O2 O O Atomicidade = 2 Geometria linear Comprimento de ligação = 121pm Ozônio – O3 Atomicidade = 3 Geometria angularComprimento de ligação = 128pm Alótropos do Fósforo Fósforo branco – P4 Atomicidade = 4 Sólido branco Densidade igual a 1,82g/cm3 OBS: Ângulos de 60º entre as ligações Muito reativo, por isso deve ser estocado imerso em água. P4 + 502 P4O10 Fósforo vermelho - Pn Atomicidade = n Pó amorfo de cor vermelho-escuro Densidade igual a 2,38g/cm3 Alótropos do Enxofre Enxofre rômbico – S8 Cristal rômbico Atomicidade = 8 Densidade igual a 2,08g/cm3 ≈107º Química Propriedades da Matéria Prof. Sales Química Página 7 Enxofre monoclínico – S8 Cristal monoclínico Atomicidade = 8 Densidade igual a 1,96g/m3 Misturas Uma mistura é um material que não possui todas as propriedades definidas porque é constituído de duas ou mais substâncias diferentes. Exemplos: - Soro fisiológico: água (99,1%), cloreto de sódio (0,9%), em massa; - Petróleo: hidrocarbonetos em percentuais variados; - Ar atmosférico: gás nitrogênio (78%), gás oxigênio (20%), gás argônio (1%), gás carbônico, vapor d’água (1%). SISTEMA HOMOGÊNEO E HETEROGÊNEO Número de fases Fase - Aspecto visual uniforme - Propriedades específicas constante Exemplo ilustrativo: Número de componentes de um sistema MUDANÇAS DE FASE DE AGREGAÇÃO Fusão e solidificação Gráfico da FUSÃO Gráfico da SOLIDIFICAÇÃO t1 – início da fusão t2 – final da fusão T.f. – temperatura de fusão t1 – início da solidificação t2 – final da solidificação T.s. – temperatura de solidificação Observação: Sistema metaestável (água gelo). MATERIAIS OU SISTEMAS HOMOGÊNEO HETEROGÊNEO única fase (monofásico) duas ou mais fases (polifásico) Química Propriedades da Matéria Prof. Sales Química Página 8 A água solidifica-se quando apresentar um arranjo conveniente (molde), aonde as demais partículas irão se aglutinar. Ebulição e condensação Gráfico da EBULIÇÃO Gráfico da CONDENSAÇÃO t1 – início da ebulição t2 – final da ebulição T.e. – temperatura de ebulição t1 – início da condensação t2 – final da condensação T.c. – temperatura de condensação Sublimação e ressublimação RESUMINDO: GRÁFICOS DA MUDANÇA DE FASE DE AGREGAÇÃO Substância (sob pressão de 1atm) - Partindo-se da fase sólida – processo endotérmico - Partindo-se da fase vapor – processo exotérmico Química Propriedades da Matéria Prof. Sales Química Página 9 Observação: Somente as substâncias, quando mudam de fase de agregação, a temperatura permanece constante, desde que a mudança se processe à pressão constante. Mistura homogênea simples - Não há composição definida Mistura homogênea eutética - Mistura com composição definida Exemplo: Ligas metálicas - Cádmio (40%) e Bismuto (60%) – T.f. = 140ºC a 1atm - Estanho (62%) e Chumbo (38%) – T.f. = 183ºC a 1atm Mistura homogênea azeotrópica - Mistura com composição definida Exemplo: Álcool hidratado – Água (4%) e Álcool etílico (96%) – T.e. = 78,2ºC a 1atm Álcool etílico (7%) e Clorofórmio (93%) – T.e. = 60ºC a 1atm Química Propriedades da Matéria Prof. Sales Química Página 10 SEPARAÇÃO DE MISTURAS OU ANÁLISE IMEDIATA Critérios de pureza - Ponto de fusão – P.f. - Ponto de ebulição – P.e. - Densidade ou massa específica – d - Coeficiente de solubilidade – CS - Calor específico – c Processos de separação Processos mecânicos Catação – separação de mistura heterogênea sólido-sólido que se baseia na diferença de tamanho e de aspecto das partículas constituintes da mistura. Ex.: Mistura de arroz com impurezas Levigação – separação de mistura heterogênea sólido-sólido quando um dos componentes é facilmente arrastado por um líquido, restando o componente mais denso. Ex.: Ouro e areia auríficos Peneiração ou tamisação – separação de mistura heterogênea sólido-sólido em que o tamanho das partículas são sensivelmente diferentes em que se utiliza uma peneira ou tamis. Ex.: Mistura de areia e pedregulhos Flotação ou Sedimentação Fracionada – usado para separar mistura heterogênea sólido-sólido e consiste em adicionar óleo à mistura e, em seguida, a mistura é lançada na água que é submetida uma forte corrente de arou adicionar um líquido de densidade intermediária. Ex.: Separação de minérios da areia Areia e pó de serragem. Ventilação – utilizada para separação de mistura heterogênea sólido-sólido em que os sólidos possuem densidades sensivelmente diferentes. Ex.: Separar arroz das cascas. Dissolução fracionada – usada para separar mistura heterogênea sólido-sólido e está baseada na diferença de solubilidade dos sólidos em um determinado solvente. Ex.: Sal e areia Separação magnética – utilizada para separar mistura heterogênea sólido-sólido em que um dos componentes sofre atração magnética (paramagnético). Ex.: Separação do lixo em usina de compostagem e reciclagem Química Propriedades da Matéria Prof. Sales Química Página 11 Filtração simples – usada para separar mistura heterogênea sólido-líquido ou sólido-gás. Exemplo ilustrativo: Filtração a vácuo – usa-se para separar mistura heterogênea sólido-líquido quando as partículas do sólido obstruem o papel de filtro. Exemplo ilustrativo: Decantação – usada para separar mistura heterogênea líquido-líquido ou líquido-sólido ou sólido-gás. Decantação utilizando funil de decantação – utilizado para separação de mistura heterogênea líquido-líquido. Exemplo ilustrativo: Decantação por centrifugação – utilizada para separar mistura heterogênea sólido-líquido ou líquido-líquido quando o disperso se encontra finamente distribuído no dispersante. Utilização de centrífuga. Exemplo ilustrativo: Química Propriedades da Matéria Prof. Sales Química Página 12 Decantação por sifonação – utilização de sifão, onde se emprega a ação da gravidade para separar misturas heterogêneas líquido-líquido ou sólido-líquido. Exemplo ilustrativo: Decantação por chicana ou câmara de poeira – utilização de chicana, utilizada para separar misturas heterogêneas sólido-gás. Exemplo: Separação da poeira do ar Processos físicos Destilação simples – É utilizada para separar mistura homogênea sólido-líquido quando os componentes apresentam pontos de ebulição muito diferentes. Exemplo ilustrativo: Destilação fracionada – É usada para separar misturas homogêneas não ezeotrópicas do tipo líquido-líquido, nos quais os componentes possuem pontos de ebulição relativamente próximos. Química Propriedades da Matéria Prof. Sales Química Página 13 Exemplo ilustrativo: Destilação por arraste de vapor - É utilizada para separar mistura homogênea líquido-líquido quando os componentes apresentam pontos de ebulição próximos e termolábeis. Exemplo ilustrativo: Evaporação – utilizado para separar misturas homogêneas sólido-líquido em que não se deseja ficar com o líquido da mistura. Cristalização fracionada – É utilizada para separar misturas do tipo sólido que possuem diferentes solubilidades em um solvente particular. Sublimação fracionada – Usada para separar substâncias que sofrem sublimação facilmente. Química Propriedades da Matéria Prof. Sales Química Página 14 TRANSFORMAÇÃO DA MATÉRIA Fenômeno Físico Sempre que a matéria sofre uma transformação qualquer que não modifica sua composição, como no caso da água mudando de fase (sólida, líquida e gasosa), dizemos que ocorre um fenômeno físico. No fenômeno físico a composição da matéria é preservada, ou seja, permanece a mesma antes e depois da ocorrência do fenômeno. Nesses fenômenos, a forma, o tamanho, a aparência e a fase de agregação podem mudar, porém a constituição da substância não sofre alterações. Exemplo:A divisão de uma barra de ferro; A formação da chuva; A dissolução de sal de cozinha em água; A transformação de uma barra de cobre em fio. Fenômeno Químico Certamente também já tivemos oportunidade de observar que muitas vezes a matéria se transforma de modo a alterar completamente sua composição, ou seja, a matéria deixa de ser o que era e passa ser outra coisa totalmente diferente. No fenômeno químico, a composição da matéria é alterada, ou seja, a composição da matéria antes de ocorrer o fenômeno é totalmente diferente da que resulta no final. Exemplo: A combustão da gasolina; O azedamento do leite; A fermentação do vinho. Quando ocorre um fenômeno químico, uma ou mais substância se transformam e dão origem a novas substâncias. Então dizemos que ocorreu uma reação química. As substâncias iniciais envolvidas em um fenômeno químico são denominadas reagentes, enquanto as substâncias formadas após a reação são denominadas produtos. A reação química pode ser representada por uma equação química, que se assemelha a uma equação matemática por apresentar dois membros: reagentes e produtos. Reagentes e produtos devem ser separados por uma seta indicativa da orientação do fenômeno: Reagentes Produtos Uma maneira bem simples de reconhecermos a ocorrência de um fenômeno químico é a observação visual de alterações que ocorrem no sistema. A formação de uma nova substância está associada à: Mudança de cor; Liberação de uma gás (efervescência); Formação de um sólido; Aparecimento de chama ou luminosidade.