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Módulo Controle da Incidência Tributária RESPOSTAS 1. Que é sistema? Há diferença entre sistema e ordenamento jurídico? Pode-se dizer que o direito positivo se caracteriza como um sistema? Eu entendo que sistema é um conjunto de elementos que visa regular de forma padão e organizada determinadas materias e/ou contudas. Dentro da doutrina há quem entenda que “sistema” e “ordenamento” jurídico possuem sigularidades, e outros entendem que são equivalentes. Nas palavras de Paulo de Barros Carvalho “às normas jurídicas formam um sistema, na medida em que se relacionam de várias maneiras segundo um príncipio unificador”. À vista disso, às relações existentes no mundo juridico não ocorrem de forma desergonizada, assim pode-se dizer que sistema e ordenamento jurídico podem ser usadas de maneiras semelhantes. Paulo acrescenta ainda que “o sistema do direito oferece uma particularidade digna de registro: suas normas estão dispostas numa estrutura hierarquizada, rigida pela fundamentaação ou derivação que se opera tanto no aspecto material quanto no formal ou processual, o que lhe imprime a possibilidade dinâmica, regulando ele próprio, sua criação e sua transformações.” Outros autores, todavia entendem que a distinção entre “sistema” e “ordenamento”. De acordo com Alchorrón e Bulygin (1997 apud Barreto, p. 255) há diferenciação, colocando foco no aspecto dinamico do direito. As normas jurídicas que são modificadas com o tempo geram uma modificação no próprio sistema, desta maneira sistema no direito positivo é o conjunto de normas estaticamente consideradas, já ordenamento jurídico é uma serie de sucessivos sistemas ao longo do tempo. Eu acredito que Direito Positivo pode-se caracterizar como um sistema, já que as normas jurídicas no direito brasileiro formam um sistema hierarquizado, tendo como “princípio unificador”, as regras bases da Constituição Federal. Essas “normas jurídicas” devem se relacionar harmoniozamente entre si, de uma forma lógica, a fim de prescrever ou vetar condutas nas quais todos devem obedecer e caso não obedeçam uma sanção deve ser imposta. A Piramede trazida por Kelsen deixa bem evidente que uma norma encontra fundamento de validade na que lhe é Módulo Controle da Incidência Tributária imediatamente superior, ou seja, as normas tem uma hierarquia e se respeitam entre si, para uma harmonização. 2. Que se entende por “sistema constitucional tributário”? Qual sua função no direito tributário? Entrendo que “sistema constitucional tributário” é o conjunto de normas sejam elas constitucionais ou infraconstitucionais, no qual regulam às cobranças e a arrecadação de tributos no âmbito nacional. A função do direito tributário é instituir, arrecadar e fiscalizar os tributos, para a manutenção dos cofres públicos visando o interesse da coletividade. O sistema constitucional tributário é incumbido por dispor sobre os poderes que os entes federativos (União, Estados, Municípios e Distrito federal) podem exercer em matéria tributaria. 3. Que é princípio, como é e para que serve? Há diferença entre regras e princípios? No caso de conflito, qual deve prevalecer? E no caso de conflito entre princípios, qual critério deve informar a solução? (Vide anexos I e II). O princípio é empregado na esfera do Direito para orientar as normas jurídicas e eles são de relevante carga valorativa, nos quais impoem critérios obejetivos que influenciam as demais normas do ordenamento jurídico. Nas palavras de Regina Helena Costa princípio é: “Constituem como vetores, e podem ser definidos como normas fundantes de um sistema, cujo forte conteúdo axiólogico e alto grau de generalidade e abstração ensejam o amplo alcance de seus efeitos, orientando a interpretação e a aplicação de outras normas. (COSTA, 2016, P.59)” Paulo de Barros Carvalho indica quatro modalidades diferentes para a palavra princípio. i) Como uma norma jurídica que tem uma colocação privilegiada e um grande valor expressivo; ii) uma norma de posição que estipula limite objetivos; iii) como valores incertos em regras jurídicas de posicionamento privilegiado, mas independentemente são considerados estruturas normativas; e iv) tem valor de limite objetivo estipulando uma hierarquia,porém sem levar em conta estrutura de norma. Módulo Controle da Incidência Tributária Entendo que as normas jurídicas são divididas em principios e regras, e estas não se confundem. Os princípios são mais genéricos, abstratos, valores, fundamentos são o norte que as normas jurídicas devem seguir. Tanto o legislador na hora de realizar as normas jurídicas ele deve observar os princípios, como o aplicador da norma deve observar os principíos. As regras de acordo com Canotilho são normas que impõe, permitem ou proibem. Ou seja, às regras para se formarem tem que observar os princípios, caso contrário, sua validade pode ser posta em questão. É como uma árvore, no qual o princípio é o tronco, sendo sua base e as folhas e frutos são as regras, que em regra derivam do troco. Um exemplo de principio é o artigo 1°, III, da CF que tem como fundamento a dignidade da pessoa humana, logo a dignidade da pessoa humana é um príncipio um valor que se erradia por todo ordenamento jurídico. As regras como já mencionado acima, de certa maneira impõe uma conduta, um exemplo dentro da CF é o art. 143 da CF, que diz que o serviço militar é obrigatório, veja-se é obrigatório. Logo verificamos que uma regra impositiva. Há regras que proibem, como o art. 5° inciso XI da CF, no qual diz que a casa é asilo inviolavel da pessoa, NÂO podendo penetrar sem consentimento do morador, aqui vemos uma regra negativa. Por arremate os princípios são os fundamentos e valores que se erradiam por todo sistema jurídico, no qual as regras devem obeservar. Já as regras são as normas propriamente ditas que permitem ou proibem determinada contuda. No caso do conflito entre regras e princípios, entendo que deva prevalecer o princípio já que como as regras devem observar os princípios e não observancia deles podem afetar a validade das regras, logo havendo conflito entre eles o princípio deve prevalecer. Robert Alexy nos ensina que quando há conflito entre regras, esse conflito irá se resolver pelo plano da validade, já quando haver conflito entre princípios irá se resolver pelo plano da validade e peso. Quando duas regras se conflitam entre si ou vai permanecer uma ou outra, já que não pode ser aplicada duas regras distintas e sem coesão ao mesmo caso concreto, é a regra do “tudo ou nada”. Ou seja, ou se aplica uma regra ou outras regra, exatamente porque elas se contradizem. Para solucionar o conflito de regras podemos usar o criterio hierarquico (normas suoeriores Módulo Controle da Incidência Tributária prevalecem sobre as inferiores); critério cronologico (norma posterior prevalece sobre a anterior); e criterio especial (norma especial prevalece sobre norma geral). O conflito entre princípios tem um problema maior, dado que eles são dotados de mesmo peso e importância, não existindo critérios de hierarquia entre eles, não há conflito entre príncipios em termos abstratos, quando há conflito entre os principios é no caso concreto, eles se coexistem. Para elucidar utilizar-se-ei um caso concreto, o aborto do feto anencefálico, de um lado temos o princípio da mãe da sua “dignidade” e de outro lado o do feto direito a “vida”, pergunta-se qual deve prevalecer? Irá depender do caso concreto, hoje entende-se que a mão tem a opção de abortar, porém se ela quiser continuar com a gravidez, também pode. Assim conclui-se que no conflito entre princípios somente pode decidir algo no caso concreto, na medida em que todos têm o mesmo peso e importância, e no caso concreto este conflito será resolvido pelo plano da validade e peso. 4. Identificar, nas situações a seguir, se algum princípio foidesrespeitado e, em caso afirmativo, indicar qual: a) instituição e regulamentação de dever instrumental por meio de instrução normativa (vide anexo III). Primeiramente destaca-se que as obrigações tributárias são divididas em principal e acessória. A obrigação principal caracteriza-se pela obrigação de pagar tributos, ao passo que os deveres instrumentais é uma obrigação acessória, no qual torna possível a arrecadação e a fiscalização da obrigação principal. Em razão do princípio da legalidade tributária (art. 150, I da CF), para a instituição ou aumento de tributos sempre é imprescindível que tão ato seja feito mediante lei. Entendo que os deveres instrumentais decorrem “obrigação tributária acessória” decorre da “obrigação principal” (legislação tributária), logo este dever deve estar expresso em lei ou ato normativo. A instituição e regulamentação de dever instrumental através de ato normativo, de acordo com o art. 100, inciso I do CTN é plenamente possível e não fere o princípio da legalidade, já que ato normativo conforme o referido artigo é complementar a lei. Módulo Controle da Incidência Tributária Destaca-se o fato de que perante a grande quantidade de fatos que o fisco analisa em relação as relações tributárias, torna-se razoável que ele possa editar normas com o objetivo de complementar ou assegurar o fiel cumprimento das leis. b) estipulação de graus de risco da atividade laborativa (para o SAT) por meio de decreto (vide anexo IV); Não verifica-se qualquer tipo de ofensa ao princípio da isonomia, dado que a simples comparação de diferentes graus de riscos não caracteriza um tratamento desigual, mas tenta trazer uma certa isonomia em situações desiguais. Em relação a estipulação de graus de risco ser feita por decreto, acredito que não há ofensa ao princípio da legalidade, já que não estamos diante uma situação de instituição ou majoração de tributos, mas sim de sua regulamentação, o que se faz através de decretos. c) multas sancionatórias na percentagem de 75% (vide anexos V e VI); Em regras abstratas não identifico ofensa ao principio do não confisco no que tange a multa sancionatória se dar no percentual de 75%, já que em regra a multa é uma maneira de proibir a prática de ilícitos tributários. Há jurisprudências que entende que a multa até o percentual de 100% não tem caráter confiscatório. d) imposto de importação com alíquota de 150%; Em minha opinião a importação com alíquota de 150% ofende o principio do não confisco, dado que a alíquota no percentual de 150%, revela-se exacerbada e em boa parte dos casos irá inviabilizar a importação. Todavia, sempre deve ser analisado o caso concreto. Entendo também que esse tributo possui uma finalidade extrafiscal, e é tido como um instrumento para regular as ações estatais, assim protegendo os interesses sociais, o competente tributário (no caso do Brasil a União) pode diminuir ou elevar sua tributação e dessa forma estimulando ou não a entrada de certos produtos. Dessa maneira é indispensável analisar o caso concreto. e) lei municipal ou distrital que institui responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa. Módulo Controle da Incidência Tributária Primeiro deve-se analisar se o ente municipal ou distrital é competente para instituir o tributo, se eles forem e respeitar os parâmetros legais estabelecidos em lei para que haja tributação a terceira pessoa pelo tributo, não há que se falar em ofensa a nenhum princípio. Ressalta-se que o artigo 128 do CTN diz que é licita a responsabilidade de credito tributário a terceira pessoa, desde que feito mediante lei. f) elaboração, pelo CONFAZ, de lista de produtos semielaborados sujeitos à incidência do ICMS (vide anexo VII); A caracterização em relação à tributação foi feira através de lei, da forma que deve não ofendendo nenhum princípio a priori, mas houve a delegação ao CONFAZ a regulamentação da matéria, por tratar-se de ICMS. Essa regulamentação foi feita por convênios e estando os Estados e DF anuentes, acredito que o convenio seja valido e não viole princípio algum. g) penhora, em execução fiscal, de automóvel de pequeno valor utilizado para transportar portador de necessidades especiais (vide anexo VIII). Neste caso haveria ofensa ao princípio da dignidade da pessoa humana. h) quebra do sigilo bancário em favor da fiscalização. Nesse caso ocorrerá a ofensa constitucional aos princípios da intimidade e privacidade do contribuinte, no qual somente pode ser afastado após a apreciação do poder judiciário no caso concreto. i) a imposição da desistência das discussões judiciais e administrativas para adesão a parcelamento de débitos. A opção que é dada ao contribuinte pelo parcelamento administrativo referente a débitos tributários, revela-se em uma mera faculdade para este, assim tem- se certa discricionariedade da administração pública (sujeito ativo) e do contribuinte (sujeito passivo), para que haja formalização do REFIS, dessa maneira não há nenhuma ofensa a princípios j) desconsideração de negócio jurídico realizado pelo contribuinte mediante planejamento tributário em razão de ausência de propósito negocial nos atos praticados pelo contribuinte. Módulo Controle da Incidência Tributária Há violação do princípio da livre iniciativa (art. 1°, IV da CF), já que em regra qualquer pessoa é livre da intervenção estatal para administrar suas atividades da melhor forma que lhe convém. Logo seus negócios jurídicos não podem ser destituídos pelo fisco simplesmente porque gera uma redução da carga tributária. 5. Considere as informações a seguir para responder ao final. Regras de Futebol 2018/2019 CBF Regra 12 (...) Se o árbitro aplicar uma vantagem depois de uma falta punível com cartão amarelo ou expulsão, a advertência deve ser aplicada quando a bola estiver fora de jogo. (...) Num jogo de futebol, um jogador sofre falta, mas segue a jogada e marca o gol. Analise o caso sob a ótica das regras e princípios e responda: a) Há regra existente e aplicável à infração (falta)? Qual o papel desempenhado pela lei da vantagem (regra ou princípio)? Princípios podem excepcionar regras? Sim, há uma regra, que se o juiz der vantagem a um lance que deva ser punido com falta ou expulsão, logo após a saída da bola do jogo ele deve aplicar à infração, é uma regra, um dever fazer. Acredito que seja uma regra, dado que a referida lei impõe um fazer ao juiz, ou seja, ele “deve” após dar a vantagem ao fato punível, aplicar a falta quando a bolo se encontrar fora do jogo. Acredito que os princípios podem sim excepcionar (excluir) regras, se as regras não estiverem em concordância com os princípios. Como já mencionado na questão 3 os princípios são de observância obrigatória dentro do ordenamento jurídico, eles se espalham por todo ordenamento. b) Qual a relação entre a lei da vantagem (futebol) e o brocardo nemo auditur turpitudinem allegans (ninguém pode se beneficiar da própria torpeza)? Módulo Controle da Incidência Tributária Este princípio nemo auditur turpitudinem allegans é utilizado em todas as áreas do direito. De uma forma bem simples de explica-lo é que ninguém pode fazer algo incorreto ou/e em desacordo com as regras/normas e depois alegar que esta conduta em proveito próprio. Entendo que a relação que a “lei da vantagem” tem com o princípio nemo auditur turpitudinem allegans, é que no caso quem cometeu a falta não pode se eximir da advertência (cartão amarelo ou expulsão) quando a bola estiver fora de jogo, sob a alegação que a parte que sofreu a falta teve uma “vantagem” de continuar com a bolo até que está se encontrasse fora do jogo. c) O gol deve ser validado? Com base na regra ou no princípio? Justifique sua resposta. Acredito que o gol deva ser validado com base na regra, já que ela é clara e impõeuma conduta na qual o árbitro da partida deve seguir. No caso o jogador sofreu a falta mas o arbitro deu a ele a referida vantagem o que provocou o gol, e após o lance do gol o arbitro deve dar a punição ao agente que provocou a falta, já que de acordo com a regra 12, quando a bola estiver fora do jogo ele tem que dar a referida punição. 6. Que é, como é e para que serve a competência tributária? Quais as características da competência tributária? Qual a diferença entre competência tributária e capacidade tributária? Analisar a facultatividade do seu exercício relativamente à Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n. 101/00), que veda a transferência voluntária de receitas a entes que tenham deixado de instituir algum tributo de sua competência. (vide anexo IX) A competência tributária pode ser definida como a aptidão para criar tributos, é quem pode instituí-los. A competência tributária tem natureza legislativa, ela singelamente diz quem pode tributar, qual ente federativo (seja ele União, Estados, municípios ou Distrito Federal) é detentor para instituir o tributo, é o “poder de tributar”, no qual ele é limitado pela própria constituição. Ou seja, a competência tributária compreende o rol taxativo das características legislativas incumbida a cada ente público. Alguns doutrinadores como Paulo de Barros Carvalho (2022, p. 240-244) entende que a competência tributária ostenta apenas de 3 características, são elas: indelegabilidade, irrenunciabilidade e incaducabilidade. Outros doutrinadores como Módulo Controle da Incidência Tributária Roque Carraza apud Regina Helena Costa (2016, p. 66-67), entende haver 6, são elas: privatividade ou exclusividade, indelegabilidade, incaducabilidade, inalterabilidade, irrenunciabilidade e facultatividade (salvo ICMS). A privatividade guarda relação que cada pessoa pública (União, Estados, municípios ou Distrito Federal) possuem faixas tributárias privativas, ou seja quando determinado ente ter a competência para instituir determinado tributo, outro ente não pode instituir o mesmo. A indelegabilidade é que os entes incumbidos de instituir determinado tributo (que via de regra, é da própria constituição), eles não podem delegar a competência tributaria a terceiros. A incaducabilidade significa ainda que o ente não exerça sua prerrogativa (de instituir tributos), mesmo que por muito tempo, não impede que esse mesmo ente quando achar conveniente o institua, não há prescrição ou decadência, no direito de tributar. A inalterabilidade traz que as pessoas incumbidas de instituir determinado tributo, não pode ultrapassar os limites impostos pela legislação. A irrenunciabilidade é quando os entes não podem abrir mão de suas atribuições de competência tributária. A facultatividade se traduz na ideia que os entes são livres para utilizar ou não sua competência tributária, ou seja eles podem ou não instituir tributos A diferença entre competência tributária e capacidade tributária de uma forma singela é que a primeira é o poder de instituir tributos e a segunda é quem pode arrecada-los e fiscaliza-los. È claro que quem pode instituir via de regra pode arrecadar ou fiscalizar, porém essas outras duas funções podem ser delegadas a outras pessoas politicas se assim o ente público achar mais conveniente. A facultatividade como já explicado acima em relação a competencia tributária é de total liberdade do legislador infraconstitucional, é certo que só se pode exigir efetivamente tributos com base na cosntituição, já que a competência já existe, todavia não se pode obrigá-lo a legislar. Ressalta-se que a não instituição não equivale a uma omissão legislativa, já que a omissão desdobra-se de uma obrigação e não de uma faculdade. No que concerne a Lei de Responsabilidade Fiscal, n° 101/00, no qual instituiu condições essenciais da responsabilidade na gestão da fiscalidade, é que ela se conduz no sentido de complementariedade, e vem exigindo dos entes (União, Módulo Controle da Incidência Tributária Estados, municípios ou Distrito Federal) que atuem também na instituição e efetiva arrecadação de tributos de sua competência constitucional. Em relação à vedação de transferência voluntária de receitas a algum ente que tenham ignorado de instituir algum tributo de sua competência, os artigos 11 e 14 da Lei de Responsabilidade Fiscal, vem determinando exigências mínimas para a constatação da responsabilidade fiscal. Veja-se os respectivos artigos a seguir: Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições: I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias; II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. § 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado. § 2o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata o caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado inciso. Entendo que a Lei Complementar serve para editar normas gerais e abstratas e ainda regular no caso de matéria tributária o “poder de tributar”, porem a Lei complementar não pode limitar ou ampliar poderes constitucionalmente estabelecidos. Módulo Controle da Incidência Tributária Apesar de haver essa presunção em nome do pacto federativo, não há qualquer impedimento, que tenha um caráter absoluto para renunciar as receitas. Entendo que o que os artigos da Lei de Responsabilidade Fiscal tentam passar é a ideia de que o ente público não poderá ceder as receitas fiscais se não tivere xerecendo a competência legislativa de exigí-los, se o fizer estará atingindo de certa forma o seu próprio orçamento, dado que já deixa de arrecadar quando ele não o exige e ainda no momento em que abdica o ingresso da receita, isto é, haverá uma dupla perda e inevitalvelmente um impacto no orçamento. 7. Proposta de Reforma Tributária Nacional que substitua os impostos estaduais e municipais sobre bens e serviços, por um imposto único de competência da União por emenda constitucional viola os Princípios do Pacto Federativo e do Federalismo Fiscal? E se esta emenda prever expressamente o repasse obrigatório da integralidade ou parte do produto da arrecadação desse imposto único para os estados e municípios. Para poder identificar se tal reforma possui base constitucional é olhar a proposta sob uma ótica dos principios constitucionais, no qual são eles que sustentam o sistema nacional tributário. Dessa maneira, se o referido modelo de reforma atinge o princípio constitucional do pacto federativo contido no art. 60 §4° daCF, e vai em contra a autonomia dos municípios. Nesta senda, mesmo que tal emenda insurge-se sobre a distribuição da arrecadação do referido tributo para os Estados e Municípios, acredito que haverá uma afetação e um potencial ofensivo da autonomia dos entes, além de atingir a competência tributária de cada um. 8. A Emenda Constitucional n. 39/02 acrescentou à Constituição o art. 149-A e parágrafo único, dispondo: “Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica”. Com fundamento nesse dispositivo, a Prefeitura de Itumambé instituiu o seguinte tributo: Prefeitura Municipal de Itumambé, Decreto Municipal 3.708 de 10/10/03 (DOM 13/10/03) Art. 1º Fica instituída contribuição para o custeio do serviço municipal de energia elétrica que tem como fato gerador a prestação do serviço de energia elétrica pelo Município. Art. 2º A base de cálculo é o valor da fatura de consumo de energia elétrica. Módulo Controle da Incidência Tributária §1 º A alíquota é de 0,5%. §2 º Os contribuintes que morarem na região central pagarão 50% a mais do valor devido. Art. 3º Contribuinte é o consumidor de energia elétrica. Art. 4º Compete à Secretaria de Finanças fiscalizar o abatimento realizado pela concessionária. Art. 5º A importância devida a título dessa contribuição deve ser paga até o último dia do mês subsequente e recolhida pela concessionária de energia elétrica juntamente com a fatura mensal de consumo, ficando a concessionária responsável pelo abatimento do montante recolhido da fatura municipal. Parágrafo único. O não-pagamento da contribuição, ou o não repasse, implica multa de 150 UFIRs. Art. 6º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, devendo produzir todos os seus efeitos a partir do dia 01/11/03. {...]. Pergunta-se: a) O sistema constitucional tributário brasileiro admite alterações na faixa de competência tributária das pessoas políticas? Há alguma vedação à ampliação da competência tributária municipal por meio de emenda constitucional? Em caso afirmativo, qual(is)? Entendo que o sistema constitucional tributário brasileiro não admite faixas de alterações na competência tributária dos entes federativos, já que de uma perspectiva fere a autonomia dada aos entes federativos, além de que viola direitos fundamentais do contribuinte, em que pese não ser tributado além dos limites impostos constitucionalmente pelo poder originário. Assim a emenda constitucional afronta as cláusulas pétreas. b) Os Municípios podem, na criação de tal contribuição, com fundamento no art. 149-A da CF, utilizar uma das materialidades que lhes foram atribuídas constitucionalmente para a instituição de impostos? E das materialidades atribuídas aos Estados, Distrito Federal e União por ocasião da repartição constitucional das competências para instituição de impostos? Há vedação constitucional quanto à materialidade eleita: “consumir energia”? Justifique (vide anexo X). Devemos observar que a Constituição de 1988, traz uma série de limitações ao poder reformador, e essas limitações podem-se se dividir em formais, circunstanciais e materiais (esta ainda se subdividindo em implícitas e explícitas). Resumidamente para concluir o raciocínio aqui, o que interessa nos interessa são as limitações explícitas. As limitações explícitas são considerações que o poder Módulo Controle da Incidência Tributária constituinte originário considera tão importante ou seja tem muito relevo social e/ou econômico que os exclui da afasta/exclui da incidência do poder de emenda, dessa maneira sustentado algo intangível, que tem como objetivo a proteção dos fundamentos da constituição. Deste modo há impossibilidade de vir o poder reformador e fazer quaisquer alterações a respeito das questões previstas no art. 60 §4° da CF: Veja-se: § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. As matérias elencadas nos incisos acimas não podem sofrer alterações nem por força de emenda, pois foram as elegíveis pelo poder constituinte originário como imutáveis. Nesta diapasão caso o poder reformador não respeite essa regra constitucional, restará a norma ser inconstitucional, podendo sofrer o controle de constitucionalidade pelo Poder Judiciário, na mesma seara as leis infraconstitucionais. Desta maneira os municípios não podem na instituição da referida contribuição, valer-se das hipóteses de incidência previstas para a criação de impostos, além de que não podem invadir as esferas de competências dos outros entes, no qual se o fizessem estaria desrespeitando o sistema de competência tributária, trazido pela CF/88. c) Quais princípios tributários não foram observados pela Prefeitura de Itumambé ao instituir esse tributo? A Prefeitura pode escolher quais princípios tributários quer aplicar e afastar os outros? Princípios da legalidade, isonomia, pacto federativo, anterioridade, além da razoabilidade. d) A alteração do prazo de pagamento deve respeitar o princípio da anterioridade? Em qual o critério da Regra-Matriz de Incidência figura o prazo para pagamento do tributo? (Vide anexo XI). Módulo Controle da Incidência Tributária Conforme decisão proferida no RESP. 870.601 há a possibilidade de alteração referente ao prazo de recolhimento, tendo em vista que tal conduta não estaria ferindo o princípio da anterioridade. 9. Como a conjugação das noções de sistema, competência e princípios com a ideia de hierarquia normativa pode significar limitações ao poder de tributar? Qual o papel do intérprete nessa construção? Acredito que os princípios constitucionais servem como um norteador além de um limitador para todo o sistema tributário. Logo o interprete na medida em que está elaborando uma norma jurídica não pode desrespeitar ou ferir nenhum princípio. A questão de competência tributaria elencada na constituição é muito clara, na medida em que cada ente federativo possui uma prerrogativa de instituir os tributos que lhe são atribuídos. Logo a exemplo não pode ser instituída uma Lei Complementar que regule que Munícipios passaram a instituir o Imposto de Renda. Creio que “competência” e “princípios” formam um “sistema”, no qual cabe ao interprete (legislador) instituir leis, elaborar decretos, todavia tudo em consonância com a lei suprema a CF. Vejo todo o sistema brasileiro de direito de uma forma hierarquizada, de uma forma muito bem explicada por Hans Kensel como uma pirâmide e no topo sempre estará a CF. Referencias: CARVALHO. Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 19 ed. São Paulo: Saraiva, p.11. BARRETO. Paulo Ayres. Construrivismo Logico Semantico.Volume 1. P.255 COSTA. Regina Helena. Curso de Direito Tributário. Ed. 5. 2016. Pág. 59. CARVALHO. Paulo de Barros. Direito Tributário Linguagem e Metódo. ed. 8, 2021. Noeses. Pág. 263-264. CARVALHO. Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 19 ed. São Paulo: Saraiva, 2022. p. 240-241
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