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IBET - Seminário de Casa III -

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Módulo Controle da Incidência Tributária
SEMINÁRIO III - SISTEMA, COMPETÊNCIA E PRINCÍPIOS
Aluno: Ednaldo Silva Ferreira Júnior
Questões
1.	Que é sistema? Há diferença entre sistema e ordenamento jurídico? Pode-se dizer que o direito positivo se caracteriza como um sistema?
As noções de sistema e ordenamento representam perspectivas diferentes, como explica Paulo de Barros Carvalho[footnoteRef:1]: enquanto o ordenamento compreende o conjunto de diplomas normativos, o sistema representa o conjunto de normas coerente e completo depreendido da interpretação deste ordenamento. [1: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2021, pp. 148-150.] 
Ou seja, o direito positivo é a matéria bruta, que não é sistemática por si só, garantindo as características que lhe garantem tal atribuição após ação interpretativa do cientista do direito. 
2.	Que se entende por “sistema constitucional tributário”? Qual sua função no direito tributário?
	O sistema constitucional tributário é um subconjunto do sistema constitucional brasileiro, e refere-se ao conjunto de disposições normativas que se fazem presentes na constituição, delimitando as possibilidades de ação do legislador em razão da supremacia hierárquica das normas constitucionais[footnoteRef:2]. Tal subsistema, no caso brasileiro, se revela de extrema importância, dada a amplitude e rigidez das normas constitucionais tributárias brasileiras. [2: Id., Ibid., pp. 158-160.] 
3.	Que é princípio, como é e para que serve? Há diferença entre regras e princípios? No caso de conflito, qual deve prevalecer? E no caso de conflito entre princípios, qual critério deve informar a solução? (Vide anexos I e II).
	
	Os princípios compreendem fundamentos básicos do sistema jurídico, que se destinam a integrar e, eventualmente, retificar a criação e aplicação do direito, funcionando como espécie de “termostato”, na metáfora de Tércio Sampaio[footnoteRef:3], destinado a garantir a estabilidade do sistema. [3: FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do Direito. São Paulo: Atlas, 2007, p. 191.] 
	A doutrina[footnoteRef:4] enumera diversos critérios para a diferenciação dos princípios e regras, todavia, entendemos que o critério fundamental se refere à aplicação de tais normas: enquanto as regras são absolutamente cumpridas ou descumpridas, os princípios se aplicam sob forma de ponderação. [4: ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios. São Paulo: Malheiros, 2015, pp. 95-102. ] 
	Em caso de conflito entre princípios, assim, não haverá uma prevalência apriorística de qualquer princípio sobre outro, devendo o caso ser solucionado de acordo com a seguinte “lei”: “quanto maior for o grau de não satisfação de um princípio, tanto maior terá que ser a importância da satisfação do outro”[footnoteRef:5] [5: ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 167.] 
4.	Identificar, nas situações a seguir, se algum princípio foi desrespeitado e, em caso afirmativo, indicar qual:
	a) instituição e regulamentação de dever instrumental por meio de instrução normativa (vide anexo III);
	
	Em que pese o entendimento jurisprudencial, entendemos que a instituição de dever instrumental por diploma de natureza regulamentar, viola o princípio da legalidade, visto que os regulamentos devem se deter às obrigações já previstas em lei. 
	
	b) estipulação de graus de risco da atividade laborativa (para o SAT) por meio de decreto (vide anexo IV);
	Não houve violação
	c) multas sancionatórias na percentagem de 75% (vide anexos V e VI);
	A depender do caso concreto, poderá se configurar violação ao princípio do não confisco
	d) imposto de importação com alíquota de 150%;
	
	Princípio do não confisco	
	e) lei municipal ou distrital que institui responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa;
	
	Princípios da legalidade e do pacto federativo
	f) elaboração, pelo CONFAZ, de lista de produtos semielaborados sujeitos à incidência do ICMS (vide anexo VII);
	Não houve violação. 
	g) penhora, em execução fiscal, de automóvel de pequeno valor utilizado para transportar portador de necessidades especiais (vide anexo VIII).
	
Princípio da dignidade da pessoa humana
	h) quebra do sigilo bancário em favor da fiscalização.
	Não houve violação, conforme entendimento jurisprudencial lavrado em regime de repercussão geral[footnoteRef:6]. [6: Recurso Extraordinário n.º 601.314/SP] 
	i) a imposição da desistência das discussões judiciais e administrativas para adesão a parcelamento de débitos.
	Em que pese entendimento jurisprudencial diverso, entendemos que há violação aos princípios da legalidade e do acesso à justiça
	j) desconsideração de negócio jurídico realizado pelo contribuinte mediante planejamento tributário em razão de ausência de propósito negocial nos atos praticados pelo contribuinte.
Em que pese entendimento jurisprudencial diverso, entendemos que há violação ao princípio da legalidade
5. Considere as informações a seguir para responder ao final.
Regras de Futebol 2018/2019 CBF
Regra 12
(...)
Se o árbitro aplicar uma vantagem depois de uma falta punível com cartão amarelo ou expulsão, a advertência deve ser aplicada quando a bola estiver fora de jogo.
(...)
Num jogo de futebol, um jogador sofre falta, mas segue a jogada e marca o gol. Analise o caso sob a ótica das regras e princípios e responda:
a) Há regra existente e aplicável à infração (falta)? Qual o papel desempenhado pela lei da vantagem (regra ou princípio)? Princípios podem excepcionar regras?
Há regra aplicável à infração, a qual determina a aplicação de advertência (cartão amarelo ou expulsão). A lei da vantagem visa integrar a aplicação da regra que disciplina a infração, visando evitar a prática de injustiça, qual seja, a equipe que sofreu a falta ser prejudicada por ato antidesportivo da outra equipe. 
 
b) Qual a relação entre a lei da vantagem (futebol) e o brocardo nemo auditur turpitudinem allegans (ninguém pode se beneficiar da própria torpeza)?
A lei da vantagem visa evitar que o jogador que praticou a atitude antidesportiva se beneficiei da marcação da falta ao parar jogada com chance de gol do adversário. 
Ou seja, tal como o brocardo citado, constitui princípio que visa integrar a aplicação das regras, com o fim de evitar a má-fé. 
c) O gol deve ser validado? Com base na regra ou no princípio? Justifique sua resposta.
Eventual gol deverá ser validado, com base no princípio da vantagem. Caso contrário, se estaria a beneficiar e até mesmo recomendar atitudes antidesportivas, o que não é o objetivo do jogo.
6.	Que é, como é e para que serve a competência tributária? Quais as características da competência tributária? Qual a diferença entre competência tributária e capacidade tributária? Analisar a facultatividade do seu exercício relativamente à Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n. 101/00), que veda a transferência voluntária de receitas a entes que tenham deixado de instituir algum tributo de sua competência. (vide anexo IX)
	A competência tributária refere-se ao poder de legislar conferido às pessoas políticas, o que se diferencia da capacidade tributária, a qual diz respeito à possibilidade de integrar a relação jurídico-tributário, seja no polo ativo, na condição de credor do tributo, ou no polo passivo, na condição de devedor[footnoteRef:7]. Possuindo a competência tributária as seguintes características: indelegabilidade, irrenunciabilidade e incaducabilidade, no entendimento de Paulo de Barros Carvalho[footnoteRef:8], com o qual concordamos. [7: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2021, pp. 237-241.] [8: Id., Ibid., pp. 241-248. ] 
	
	Tendo em vista que a facultatividade não configura uma característica basilar da competência tributária, comportando exceções, não há incoerência na vedação prevista pela Lei de Responsabilidade Fiscal. 
7. Proposta de Reforma Tributária Nacional que substitua os impostos estaduais e municipais sobre bens e serviços, por um impostoúnico de competência da União por emenda constitucional viola os Princípios do Pacto Federativo e do Federalismo Fiscal? E se esta emenda prever expressamente o repasse obrigatório da integralidade ou parte do produto da arrecadação desse imposto único para os estados e municípios?
	Haverá a violação aos referidos princípios, ainda que se preveja obrigatoriedade de repasses, pois se estará retirando dos estados e municípios toda e qualquer autonomia fiscal, visto que, ainda que recebam valores, estes estarão absolutamente sujeitos à política fiscal da União, que determinará os termos de recolhimento do imposto. 
8.	A Emenda Constitucional n. 39/02 acrescentou à Constituição o art. 149-A e parágrafo único, dispondo:
“Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica”.
Com fundamento nesse dispositivo, a Prefeitura de Itumambé instituiu o seguinte tributo:
Prefeitura Municipal de Itumambé, Decreto Municipal 3.708 de 10/10/03 (DOM 13/10/03)
Art. 1º Fica instituída contribuição para o custeio do serviço municipal de energia elétrica que tem como fato gerador a prestação do serviço de energia elétrica pelo Município.
Art. 2º A base de cálculo é o valor da fatura de consumo de energia elétrica.
§ 1º A alíquota é de 0,5%.
§ 2º Os contribuintes que morarem na região central pagarão 50% a mais do valor devido.
Art. 3º Contribuinte é o consumidor de energia elétrica.
Art. 4º Compete à Secretaria de Finanças fiscalizar o abatimento realizado pela concessionária.
Art. 5º A importância devida a título dessa contribuição deve ser paga até o último dia do mês subsequente e recolhida pela concessionária de energia elétrica juntamente com a fatura mensal de consumo, ficando a concessionária responsável pelo abatimento do montante recolhido da fatura municipal.
Parágrafo único. O não-pagamento da contribuição, ou o não repasse, implica multa de 150 UFIRs.
Art. 6º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, devendo produzir todos os seus efeitos a partir do dia 01/11/03.
{...].
Pergunta-se:
	a) O sistema constitucional tributário brasileiro admite alterações na faixa de competência tributária das pessoas políticas? Há alguma vedação à ampliação da competência tributária municipal por meio de emenda constitucional? Em caso afirmativo, qual(is)?
	A alteração de competências tributárias é possível, desde que através de emenda constitucional, dado o caráter constitucional das normas que hoje disciplinam a matéria, e visto que o assunto não configura cláusula pétrea, conforme se depreende da leitura do artigo 60, § 4.º, da Constituição Federal.
	b) Os Municípios podem, na criação de tal contribuição, com fundamento no art. 149-A da CF, utilizar uma das materialidades que lhes foram atribuídas constitucionalmente para a instituição de impostos? E das materialidades atribuídas aos Estados, Distrito Federal e União por ocasião da repartição constitucional das competências para instituição de impostos? Há vedação constitucional quanto à materialidade eleita: “consumir energia”? Justifique (vide anexo X).
	A instituição de contribuições pelos Municípios deverá respeitar as materialidades cujas competências já estão atribuídas aos demais entes federativos, de forma que não se poderá utilizar das materialidades já atribuídas aos demais entes políticos. 
	Além disso, a contribuição cinge-se a eventuais incrementos ao patrimônio do particular decorrentes da atuação estatal, de forma que não poderá a materialidade do tributo ser o mero consumo de energia. 
	c) Quais princípios tributários não foram observados pela Prefeitura de Itumambé ao instituir esse tributo? A Prefeitura pode escolher quais princípios tributários quer aplicar e afastar os outros?
	Diversos foram os tributos não observados: anterioridade, ao permitir a cobrança do tributo no mesmo exercício da sua instituição sem observar o prazo de 90 dias, em violação ao artigo 150, III, alíneas b) e c), da Constituição Federal; legalidade, devido à instituição do tributo via decreto, em detrimento de lei, contradizendo o artigo 150, I, da Constituição Federal; isonomia, pois o artigo 2.º, §2.º, prevê critério inapto a autorizar a diferença de alíquota, desrespeitando o artigo 150, II, da Constituição Federal. 
	
	Ressaltando-se que a incidência dos princípios não está à escolha do legislador ou autoridade fiscal municipal, visto que encontram correspondência em texto constitucional. 
	d) A alteração do prazo de pagamento deve respeitar o princípio da anterioridade? Em qual o critério da Regra-Matriz de Incidência figura o prazo para pagamento do tributo?
	
	 O princípio da anterioridade se aplica apenas à instituição e majoração de tributos, não abrangendo a alteração do prazo para pagamento, como decorre expressamente do artigo 150, III, alíneas b) e c), da Constituição Federal. 
	O prazo compõe o critério temporal da Regra-Matriz de incidência. 
9. Como a conjugação das noções de sistema, competência e princípios com a ideia de hierarquia normativa pode significar limitações ao poder de tributar? Qual o papel do intérprete nessa construção?
	Tais noções representam limitações ao restringir as possibilidades de atuação do legislador e das autoridades fiscais: os princípios, ao fixar parâmetros de juridicidade básicos; a noção de sistema, ao estabelecer um dever de coerência com todo o conjunto de normas; as disposições sobre competência ao descriminar as autoridades a quem se permite a criação de novas leis e, consequentemente, novas normas. 
	
	Diante disso, o intérprete, enquanto cientista do direito, deverá ter tanto uma postura sistematizadora, identificando como as normas se relacionam e devem ser interpretadas para garantir uma sistematicidade, quanto uma postura crítica, de identificar eventuais disposições que contrariem uma sistematização do direito, para sua retificação.

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