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1 Sumário: INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 3 1 - A MEDIAÇÁO COMO POSTURA PEDAGÓGICA E EDUCATIVA: DO LITIGIO AO ACORDO ....................................................................................................................................... 16 2 - O CONFLITO ........................................................................................................................ 28 2.1 Tudo começa com a existência do conflito ...................................................................... 28 2.2 Teoria do conflito proposta por Remo Entelman ............................................................. 32 2.3 Estratégias Autocompositivas de solução de conflitos interpessoais. ......................... 35 3 - TIPOS DE CONFLITOS ........................................................................................................... 40 3.1 O Conflito intrapsíquico ................................................................................................. 40 3.2 Tipos de Conflitos e Sua Resolução ............................................................................. 42 4 – AS CARACTERÍSTICAS DO CONFLITO ............................................................................... 51 4.1 A Escalada e Desescalada ............................................................................................. 54 4.2 A Gestão do Conflito ...................................................................................................... 56 4.3 O Tema central da Teoria do Conflito ........................................................................... 56 4.4 Os Critérios na Avaliação ou Mediação do Poder ....................................................... 57 4.5 No Ciclo Vital, fases da sua evolução ........................................................................... 58 5. A MEDIAÇÃO ENQUANTO RESOLUÇÃO ALTERNATIVA DE CONFLITO OU DISPUTA .... 60 5.1 Um pouco da trajetória histórica antes da promulgação da Lei de Mediação: ......... 61 6 - A IMPORTÂNCIA DA MEDIAÇÃO .......................................................................................... 67 7 – A FUNÇÃO DO MEDIAÇÃO ................................................................................................... 71 7.1 A Participação de um Terceiro Elemento ..................................................................... 76 7.2 Características do mediador .......................................................................................... 78 8 - OBJETIVOS DA MEDIAÇÃO ................................................................................................... 79 9 - APLICAÇÃO: QUANDO E COMO DEVE SER UTILIZADA .................................................... 81 9.1 Vantagens De Se Utilizar a Mediação ............................................................................ 82 9.2 Etapas de um encontro de mediação ............................................................................ 83 10 – FORMAS DE ATUAÇÃO DOS MODELOS DE MEDIAÇÃO ................................................ 86 10.1 Principais Características da Atuação do Mediador ................................................ 89 2 10.2 Vantagens da utilização da mediação ....................................................................... 90 10.3 Aspectos que a favorecem e não favorecem ............................................................ 91 10.4 A Figura do Mediador .................................................................................................. 92 11 - MODELOS DE MEDIAÇÃO ................................................................................................... 95 11.1 Modelo Mais Utilizado para Questões Humanas: “Mediação Transformativa” ... 100 12 - ASPECTOS COMUNS NA FORMA DE ATUAÇÃO DOS MODELOS ................................ 105 CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 108 Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 112 3 INTRODUÇÃO Disponível em: https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de- conflitos-75989289. Acesso em: 10 de novembro de 2017. Esta disciplina é oportuna tendo em vista a relevância do tema enquanto atividade especializada e tática estratégica de manuseio com situações e contextos difíceis onde haja a necessidade de implementar ações profissionais e dirigidas à sua solução. Marco importante é a criação da Lei de Mediação 13.140 no Brasil (Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm acessado em 29 de maio de 2017), sancionada em 26 junho de 2015, assim como já foi regulamentada nos EUA e alguns países da Europa há pelo menos 35 anos. A Argentina, país vizinho, pertencente ao bloco da América do Sul, já conta com lei especifica há mais de 17 anos, apenas como parâmetro, a fim de medir a sua urgência. Sendo assim o Brasil se via atrasado neste quesito gerando emperramento da funcionalidade pública e também dos segmentos privados de negócios que envolvem interesses e a interação das pessoas envolvidas. E, não foram por falta de esforços de https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-conflitos-75989289 https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-conflitos-75989289 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm 4 muitos juristas, profissionais da área social, política, psicológica, de constatarem os benefícios já conscientes do quanto esta ferramenta traria de benefícios, principalmente na agilidade e na capacidade de resolução, diminuindo pendências e litígios e proporcionando qualidade nos ambientes profissionais. Destacaremos pontos da história da mediação no Brasil, diante da necessidade de dar novos entendimentos às questões jurídicas a fim de dar encaminhamento ágil para as questões que sobrecarregam o Poder Judiciário. Tamanha a necessidade de resolução de conflitos e acordos frente aos inúmeros conflitos. Surgindo portanto como resposta a Lei 13. 140 de 26 de junho de 2015 que dispõe de forma definitiva sobre a matéria. Foi percorrido um longo caminho, inúmeras modificações e sugestões foram incorporadas ao que antes foi um anteprojeto significante para o cidadão brasileiro, pelo seu impulso sócio educacional e pela mudança cultural, no que tange, ao tratamento dos conflitos interpessoais. A sociedade brasileira, historicamente, vê na sentença judicial uma saída na decisão de conflitos. E com a Lei de Mediação há uma disposição para uma mudança de mentalidade. O presente plano tem como objetivo divulgar que existe outra forma mais apropriada de se lidar com conflitos, e que pode ser intentada pelo próprio cidadão. A Mediação foi se difundindo progressivamente e uma Lei que a fundamentasse sempre foi esperada a fim de que todos os setores pudessem incorporar tal prática como procedimento legal e legitimo que contribui ao que será definido no âmbito jurídico. Com isso modificando o paradigma apresentado de que tudo o que vai para o âmbito tem ares de maior seriedade, sem considerar que as próprias partes possam participar disso, auxiliando inclusive a que as sentenças sejam mais propícias a cada caso e não tratadas meramente no plano genérico. E sendo adotada em diversos ambitos inclusive na Administração Pública, a torna propicia a fim de diminuir o volume de processos que o Poder Judiciário concentra e emperra as tantas soluções que ficaram a adiadas e distantes de um tempo necessário para por fim naquela adversidade. O fato tempo é importante,até mesmo em se tratando de ser pontual e resoluto em muitos casos. Trata-se de um avanço, a promulgação da Lei de mediação brasileira, após tantos anos no aguardo de sua regulamentação. Muitas ações ocorreram na sequencia de anos para que a regulamentação dessa prática e a remuneração dos seus profissionais fossem definidas. O Tribunal de Justiça criou as Câmaras de Conciliação em diversas cidades brasileiras, cujo apelo foi dar uma dimensão mais humana no trato das questões e celeridade no tocante a solução dos inúmeros processos judiciais, face a dificuldade de se entrar em Acordo. 5 A crença na validade da ferramenta reside na forma de estabelecer o respeito entre as pessoas, buscar a compreensão e melhorar significativamente a qualidade do trato humano. Bem como no trabalho como psicóloga dedicada a aperfeiçoar profissionais a fim de garantir excelência nas suas atividades e aos dramas pessoais tão presentes na vida de qualquer pessoa, seja da ordem que for, observa-se o quanto a capacidade de mediar é necessária. Fundamental por exemplo para uma família funcionar melhor quando encontra pela frente um empecilho, crise ou dificuldade. O número de mediadores psicólogos, médicos, educadores extremamente capazes tem se elevado. Todos aguardavam a publicação da Lei, pois, deixa-se de utilizar de forma amadora tal recurso, podendo-se exigir inclusive formação especifica para aqueles que forem assumir tal papel diante da importante responsabilidade que é acompanhar pessoas e ser facilitador do seu processo de decisão frente a um problema. Auxiliando na decisão de que caminho tomar. E foi a partir desta realidade, do acumulo de litígios em diversas esferas de temas humanos, que nos fizeram perceber quão esta ferramenta nos possibilita o instrumental necessário para colocar-nos em contato com algo melhor que persistir e manter o problema: - a sua solução. Seja esta da ordem interpessoal, familiar, educacional, social, coletiva, empresarial, policial e judiciária. Mencionar os benefícios que a Lei da mediação propicia ao Brasil, sem dúvida alguma, está no aprendizado e estimulo a uma consciência da negociação, da busca de soluções ainda que se pense que não há resolução a vista. Primeiro é a mudança para uma consciência de que problemas existem para Todos, dificuldades e divergências de toda ordem. Isso é o comum e não o contrário. As pessoas se chocam entre argumentos, ações, ideias, diálogos, debates, posturas, posicionamentos, e também quando se associam a grupos, entidades e instituições, pois deste modo se identificam e distinguem-se das outras. O que mais precisamos é aprender a conviver com tais diferenças de opiniões e posições, o que não representa acreditar que seja pessoal; e muito menos que você tenha que aceitar tudo. E a outra consciência é a de que pode encontrar uma nova maneira de convivência que atribua a tais divergências o entendimento democrático, onde todas as diferenças se apresentam. É preciso percorrer toda a travessia que ela propicia até o novo resultado – que representará a saída, a descoberta. A inovação e a convivência democrática. Somos diferentes, pensamos de formas variadas, lidamos com problemas de maneira diferente e estamos sendo impelidos à uma transformação de cultura cujo resultado é a interação. De que o acordo, uma nova alternativa, que não contemple unicamente A ou B, mas que busque uma posição melhor que a do emperramento e a consequente não resolução. 6 O uso da inteligência favorece o fluxo da vida e a sua continuidade. A estagnação dos casos que ficam pendentes é um atraso. E isso contraria o princípio da mudança, pois sendo humanos somos capazes de evoluir. E a mudança de posição representa isso, quando bem aplicada. O que não precisa ser mudado, não entra em conflito. Apenas as estruturas vencidas, desgastadas e mal compreendidas é que carecem desse cuidado: - de promover um novo olhar e consequentemente uma nova postura. Também é necessário ressalvar que a Lei permite refletir aqui um reposicionamento da figura do Juiz, que não perde o poder e autoridade, como alguns poderiam pensar. É uma adequação necessária frente a casos que através de uma triagem podem ser conduzidos a uma justiça mais rápida e, portanto eficiente, atendendo a demanda no uso e beneficio do tempo. Cabendo aqui a citação do nobre Ruy Barbosa: “A justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta”. A mediação é um potencial na vida do profissional e de todo aquele que está se formando seja em que área do conhecimento for, pois como vimos sendo uma ferramenta multidisciplinar é aplicada a varias áreas pelo seu potencial alcance transformador. Conhecer o assunto “mediação” representa aplicar esses conhecimentos que inicialmente são modificados pela forma de pensar. E o que é necessário se modificar inicialmente é sua forma de pensar, para que suas atitudes possam ser diferentes. Ter à disposição este conhecimento no corpo das disciplinas de cursos de graduação e pós-graduação é tornar viável que essa transformação de mentes possa se reverter numa cultura de pacificação da sociedade e de consciência da capacidade de elevar sua resolução. Precisamos falar que todo esse movimento no Brasil partiu do acumulo de processos e o emperramento da fluidez dos trabalhos, dada a essa mentalidade de incentivar que todos os conflitos não superados ou pouco administrados, fossem direcionados a uma estância maior, e que alguém com a autoridade de juiz fossem decidir o que não conseguimos. Naturalmente que pessoas são falíveis e o contexto não é exatamente ir contra a autoridade judiciária como forma de resolver problemas entre pessoas no entendimento da Lei. Muitos casos precisam realmente dessa condução. O que inicialmente propomos é compreender o fato de que tenha chegado ao limite o número de casos à espera de soluções. E é por conta disso que nossa análise precisa ir além de modo a indagar, que forma de pensar e condução dos ofícios, das áreas diversas profissionais que em não tendo obtendo uma solução razoável buscam o poder judiciário como forma de atender suas necessidades e que estas por suas vezes ficam retidas por anos e anos, tornando a vida das pessoas marcada e enfatizada sobre um fato que proporciona uma série de sentimentos negativos, raivosos e de desentendimento. 7 Disponível em: http://center-yf.ru/data/ip/konkurenciya-i-konkurentosposobnost- predprinimatelskoy-deyatelnosti.php. Acesso em: 10 de novembro de 2017. Apostar numa atitude conciliatória é tornar possível que profissionais de diversas áreas se interessem pelo segmento, principalmente aqueles que se identificam com a estratégia de trabalho e sentem ter habilidade ou queiram desenvolver na negociação, conciliação e mediação. E que possam explorar essa área munida de conhecimentos e desenvolvimento da prática, que lhes proporcionem formas de solução que as melhor atendam. Este propósito tem muito a ver com uma pedagogia da tolerância, paciência e diversidade. Aprendemos com essa prática a desenvolver cidadania, os valores sociais que são cultivados a medida que nos propomos a facilitar as possíveis soluções que surgiram por intermédio de uma ação com conhecimento e treino da habilidade de negociar, mediar, conciliar. Natural abordar o que ocorreu no Poder Judiciário, pois esta área é representativa pelo numero de casos pendentes. Sabemos que a morosidade do judiciário é um dos graves problemas que resultam em pilhas e pilhas de casos cujas histórias envolvem vidas de pessoas humanas que buscam reparação de algum tipo de dano que passaram e buscam essa instancia máxima de resolução. Essa foi nossa mentalidade, e que na atualidade estamos procurando modificar através do conhecimento como forma de consciência do diálogo e restauro da comunicação bem como da percepção do interesse do outro, que semprefoi algo muito distante da concepção das pessoas, a ultima coisa que vão observar e ponderar, é perceber como o outro se sente em relação ao fato que os interliga e lhes trouxe uma problemática a resolver. Digo isso, pois a mediação é uma ferramenta também pedagógica, que tem como propósito fazer com que as pessoas cresçam e melhorem seu padrão de consciência e resolução pessoal. Ao invés de incentivarmos o litígio, ganha espaço o entendimento e a tentativa de compreensão mutua ainda que não haja um acordo, mas que tenha a cultura da busca de compreender as motivações pelas quais as pessoas agem como tal e reagem a isso dentro de seu padrão de consciência. E que http://center-yf.ru/data/ip/konkurenciya-i-konkurentosposobnost-predprinimatelskoy-deyatelnosti.php http://center-yf.ru/data/ip/konkurenciya-i-konkurentosposobnost-predprinimatelskoy-deyatelnosti.php 8 quando muito dispares, tendem a se chocar pela ação de fatores específicos que alteram a realidade, deixando confusas as pessoas e permanecendo na mesma condição de conflito. Leia o artigo disponível em https://jota.info/justica/lei-de-mediacao-e-necessario-mudar-a-cultura- brasileira-de-litigio-15012016 acessado em 29 de maio de 2017. A necessidade de resolver e mediar conflitos são extremamente importantes, dado o enorme volume de processos sem solução, distantes em atender com agilidade e em outros casos com urgência, para por fim a disputas e ao acirramento do conflito, que geralmente tem desdobramentos mais graves, quando não administrados. Distanciam-se das necessidades humanas, o que interfere na vida das pessoas diretamente e das que estejam ligadas a estas de algum modo. Permanecem em condições nada humanizadas, pois não foram atendidas, e com isso o ressentimento se eleva pela negligencia do Estado e outras instancias, que deveriam promover eficiência neste atendimento, seja do ponto de vista do individuo como da sociedade. Historicamente, a “judicialização” dos litígios já veio sendo combatida pelos projetos de Lei, tanto na linha da arbitragem (PL 406/2013) como da mediação (PL/405/2013) e consequentemente com a Lei de Mediação em junho de 2015, como forma de diminuir o volume de processos, meta esta proposta pela Secretaria de Reforma do Judiciário (SRJ) em convenio com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O fato de essas ações estarem interligadas entre tais instituições, representam que as ações são acompanhadas de um movimento global de desenvolvimento dos países, das sociedades, da convivência e qualidade de vida e bem estar de uma sociedade. O Brasil não poderia ficar defasado e nem pode viver essa problemática pautada na ineficiência que ainda não está totalmente resolvida por faltarem profissionais mediadores trabalhando em prol disso. Com isso todos os setores podem ser estimulados a negociar, mediar, pois essas são as metas de um desenvolvimento sustentável para as sociedades do mundo. Para Saber Mais: PL significa “Projeto de Lei”. PL/405/2013 Disponível em https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/114637 PL 406/2013 Disponível em http://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/114641 Lei de Mediação 13.140 sancionada em 26/06/2015 no Brasil (Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm acessado em 29 de maio de 2017) https://jota.info/justica/lei-de-mediacao-e-necessario-mudar-a-cultura-brasileira-de-litigio-15012016 https://jota.info/justica/lei-de-mediacao-e-necessario-mudar-a-cultura-brasileira-de-litigio-15012016 https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/114637 http://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/114641 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm 9 Disponivel em: http://www.itamaraty.gov.br/es/component/tags/tag/7-onu. Acesso em 10 de novembro de 2017 O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Brasil - PNUD tem o objetivo de contribuir no desenvolvimento humano, em programas de erradicação da fome e crescimento sustentável em áreas de relevância e prioridade para o desenvolvimento do país numa rede interativa de informação, apoio técnico e parâmetros globais. Seus projetos são desenvolvidos por meio de parcerias com instituições internacionais do setor privado e sociedade civil. É parceiro da Secretaria de Reforma do Judiciário – SRJ, desde a sua criação, em 2003 quando foi constituído o Programa de Modernização da Gestão do Sistema Judiciário, projeto fundamental à fase de estruturação da Secretaria. Desde então, a parceria com o órgão tem se fortalecido, por meio de quatro diferentes projetos: Promovendo Equidade no Sistema de Justiça Brasileiro; Justiça Restaurativa; Justiça Comunitária; Fortalecimento da Justiça Brasileira. Abaixo para a dimensão do trabalho do PNUD como parceiro de parâmetro global é relevante apontar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos de atuação. O Brasil busca esse alinhamento com as diretrizes internacionais de desenvolvimento e propostas globais de desenvolvimento da sociedade. E uma de suas ações mais representativas para colocar em ação as diretrizes internacionais e globais da cultura da sustentabilidade da sociedade brasileira, está em promover tais ações como as identificadas na imagem bem como o incentivo à compreensão humana, da aceitação das diferenças, da cultura do acordo, pacificação e negociação em diversos segmentos, onde a mediação possa atuar de forma profissional. http://www.itamaraty.gov.br/es/component/tags/tag/7-onu 10 Disponível em: https://redeglobo.globo.com/Responsabilidade-Social/eu-sou-geracao-do- amanha/noticia/definicao-dos-ods.ghtml. Acesso em: 10 de novembro de 2017. Francisco José Cahali & Thiago Rodovalho (2015) corroboram com tal necessidade da ação da Secretaria da Reforma do Judiciário – SRJ, que já vem ocorrendo a alguns anos e segue pós a Lei de Mediação (2015) , apontando que: “a cultura da litigiosidade se encontra arraigada em nosso país, que conta com cerca de 90 milhões de demandas judiciais em andamento – uma média de 1 processo para cada 2 habitantes. Apenas para efeitos de comparação, na Austrália, há 1 processo para cada 6,4 mil cidadãos. O II Pacto Republicado de Estado por um sistema de justiça mais acessível, ágil e efetivo, firmado entre os 3 Poderes da República (Diário Oficial da União de 26/6/2009), destacou a necessidade de “fortalecer a mediação e a conciliação, estimulando a resolução de conflitos por meios autocompositivos, voltados à maior pacificação social e menor judicialização (...) Continuam ainda os autores no destaque, que: (...) “De igual forma, propõe que o Conselho Nacional de Justiça – CNJ e o Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP incentivem a inclusão nos conteúdos programáticos de concursos públicos para o ingresso nas carreiras https://redeglobo.globo.com/Responsabilidade-Social/eu-sou-geracao-do-amanha/noticia/definicao-dos-ods.ghtml https://redeglobo.globo.com/Responsabilidade-Social/eu-sou-geracao-do-amanha/noticia/definicao-dos-ods.ghtml 11 do Poder Judiciário e do Ministério Público, respectivamente, de matérias relacionadas à mediação, como método alternativo consensual de prevenção e resolução de conflitos”. As ações integradas tem sido realizadas em diversos segmentos bem como a criação de cursos de formação de mediadores, para atuação em Camara de mediação privada e cursos credenciados pelo Conselho Nacional de Justiça – CNJ, para mediadores trabalharem no poder judiciário. Sendo que a profissionalização desta carreira nos tribunais é o ponto em questão, pela não remuneração, ainda não aprovada em muitos dos núcleos criados pelo país. O que é uma questão de tempo até a inclusão dos mediadores no quadro de profissionais efetivo e contratado para essa atribuição. As demandas existem em diversasfrentes e a contribuição social e pedagógica é valiosa. Apontando para uma política social que investe na pacificação e na cultura do entendimento, do dialogo; seja de âmbito privado e público. Na esteira da formação de profissionais mediadores, é natural que o desdobramento das práticas conciliatórias envolva a formação dos profissionais em cursos de graduação e pós- graduação. É a partir da formação universitária que se constrói a consciência critica e princípios que os preparem desde então a tornarem-se agentes multiplicadores dessa visão e facilitadores dessa estratégia de resolução de conflitos entre pessoas envolvidas no trabalho, família, contexto social, corporativo, político e outros. Com o trabalho do mediador, há validade o acordo extrajudicial selado - um contrato, em que as partes reestabelecem e dialogam, chegando a uma conclusão do caso que as aflige. Sendo feito previamente sem a presença do juiz, mas com total validade quando acordado pelas partes, pois expressam a vontade das partes, a partir do conhecimento do que fundamenta a motivação por determinada posição. Muito benéfica será esta parte para a sociedade como um Todo, incentivando-nos a dialogar sobre as dificuldades e problemas que surjam e necessariamente desenvolver um aspecto cidadão importante de gerar menos problema possível. A expressão de seus ódios, mágoas e ressentimentos nem sempre é resolvida na esfera judicial, pois elas continuam vivas na intimidade e necessariamente não se encerram quando há uma sentença/decisão do tribunal. Certas pessoas, conforme a distorção dos fatos e de sua personalidade procuram meios legais como forma de expressar força, poder e temeridade. E deságuam suas problemáticas, fazendo mal uso da justiça para fins que jamais serão cumpridos, pois, não há acordo que venha a satisfazer se não houver da parte de ambos o sentido maior do beneficio de não permanecer numa posição acirrada, rígida. Buscando na justiça uma forma de perpetuação do problema e sua não resolução, daquilo que é de ordem intima. 12 Como modelo dessa mudança de paradigma no Brasil – de uma cultura que incentiva o litígio para uma que adota a pacificação e os meios extrajudiciais como suporte para as decisões e com isso a resolução , o surgimento da Lei especifica veio contribuir com uma nova mentalidade que passou a ser adotada, tendo como pontos de partida a data de 02 de junho de 2015 quando o Senado aprovou o Projeto que regulamenta a Mediação para a solução de conflitos, e em caráter de urgência no dia 26 de junho a Lei 13.140/2015 (com link disponível acima) sancionada pela Presidência da Republica. Que trata do uso da mediação para solução de conflitos, inclusive em questões que envolvam a administração pública. O objetivo é que por meio de acordos possam ser reduzidos o volume de processos no Poder Judiciário. E também regulamentando a mediação judicial e extrajudicial como forma de solução de conflitos, cujo acordo tem legitimidade, em vista da expressão da vontade das partes e devendo ser cumprido pela tomada de decisão. O aspecto pedagógico também é relevante, no incentivo a tomada de decisão, menor violência, aprendizado de que posições distintas são comuns e passiveis de ocorrer e que podem ser observados pontos em comuns, respeitando-se os princípios e valores humanos bem como a importância do dialogo. Disponível em: https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de- conflitos-75989289. Acesso em: 10 de novembro de 2017 Este instrumento (acordo entre as partes na linha extrajudicial) tem como objetivo desafogar não só a Justiça, antes mesmo de uma decisão nos tribunais; como da qualidade de vida resultante de uma mentalidade que lida e desobstrui os impedimentos e dificuldades https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-conflitos-75989289 https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-conflitos-75989289 13 encontradas em qualquer área ou atividade. O que não impede a decisão judicial e nem mesmo deixa de dar-lhe credibilidade, ao contrário, oferecendo subsídios pelo fato das partes estarem sensibilizadas e poderem elas mesmas chegar a uma proposta comum, pois tiveram a oportunidade de dialogar a respeito do problema. Com isso a mentalidade de pacificação, compreensão mútua, tolerância e adversidade são exercidas. A mediação retoma o seu caráter num contexto humanizado, perdido pelo distanciamento exercido quando creditam à justiça a forma de resolver algo que não conseguiram e envoltos em sentimentos e emoções que não cabem ao judiciário dominar. Pois os conflitos ali são tratados numa ótica mais objetiva e da aplicação da Lei como regra de manter a ordem da sociedade. No entanto muitos casos solucionados judicialmente não contemplam na sua expressão maior, a da pessoa. Pois não dão conta de solucionar determinadas perdas, mágoas e ressentimentos onde não existem compensações indenizatórias que venham suprir. A mediação na sua porção humana proporciona o maior ganho: - enxergar o ponto de vista do outro além do seu, fazendo as pessoas saírem da posição de vítima e defenderem cada qual seu ponto de vista, mas numa concepção de uma mentalidade que une, integra, auxilia, fortalece e conclui. Portanto define e liberta. Assim faz a sociedade olhar para frente. Diferente de posições que desagregam, estimulam a violência, são parciais e não representam a pessoa e sua dignidade, a coletividade. Talvez o maior ganho da medição enquanto recurso estratégico seja este de trazer de volta a condição humana às pessoas envolvidas em conflitos, diminuindo a ignorância, a brutalidade, agressividade e violência crescente na constante escalada. Para Saber Mais: Aqui um modelo das bases de um contrato de mediação extrajudicial Disponível em http://www.conima.org.br/regula_modmed acessado em 3 de maio de 2017. É positivo que a partir do segundo semestre de 2015 no Brasil, o prazo para adaptarmos e prever todos os serviços para a aplicação da mediação como atividade técnica exercida por pessoa imparcial que não tem poder de decisão, mas, que auxiliará as partes envolvidas a encontrarem soluções consensuais, e encaminharem ao juiz a formalização do acordo, e em demais situações que não jurídicas, o ganho de uma compreensão diferente de antes, a fim de por fim ao problema comum. Ao invés de investir na agressividade e violência, educarmos a pessoas para uma convivência democrática, em que as diferenças existem, sendo possível compreende-las e buscar meios de solução. A aprovação do Novo Código de Processo Civil (NCPC) em 16 de março de 2015 através da Lei 13.105 substituiu o CPC do ano de 1973, quando entrou em vigor em 16 de março de 2016, conforme informado pela Presidência da República. Tem base democrática, foi elaborado http://www.conima.org.br/regula_modmed 14 por um grupo de juristas e tramitou pelo menos por quatro anos até sua aprovação. Obteve a participação de sugestões por parte de cidadãos e tendo diversas audiências publicas para a sua formulação. Contém avanços quanto a agilidade processual com fins de desafogar os trabalhos do judiciário, a diminuição de qualquer atos protelatórios e a uma uniformidade jurisprudencial em casos repetitivos. Para contribuir com o paradigma da “justiça rápida” aplicada a seu tempo a fim de não perder validade. Para Saber Mais: Disponível em http://www.conima.org.br acessado em 29 de maio de2017 Foi criado em 24 de novembro de 1997, o Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem – CONIMA, cujo objetivo é reunir associados como pessoa física bem como instituições e entidade de mediação e arbitragem de todo o país. Destina-se ao cumprimento das normas técnicas, da ética dos profissionais, do incentivo a cursos e criação de novas entidades que tenhamcomo atividade a mediação e arbitragem. Além de congregar profissionais envolvidos com a excelência desta atividade e poder criar meios de interação entre estes. Disponível em http://www.conima.org.br acessado em 29 de maio de2017 É um marco importante para a sociedade e muito aguardado a fim de dar prosseguimento às diversas matérias envolvidas de âmbito civil. E promoveu a base para a aprovação da Lei 9.307/96 de Arbitragem cujas alterações foram sancionadas em 26 de Maio de 2015, havendo também alguns dispositivos no NCPC versando sobre o tema. Na arbitragem em especifico as partes conflitantes aceitam que haja a existência de um terceiro elemento de sua confiança que decidirá o caso visando solução. Sendo esta uma característica da heterocomposição. A Justiça Trabalhista, não se favorece do recurso da mediação, e deverá criar mecanismos próprios para a celeridade no julgamento das suas causas.Havendo ainda adaptação em qual abrangência será utilizada. Sendo assim, entendemos ser extremamente útil a elaboração desta disciplina de forma prática e de fácil compreensão, considerando a abrangência de todos os profissionais que podem fazer uso desta ferramenta. Com linguagem acessível a todas as classes profissionais. Tornando- se um recurso didático para os estudantes de graduação, estagiários, gestores, escolas, empresas, delegacias, profissionais de cartórios cíveis, advogados, profissionais do judiciário, centros de mediação, médicos, educadores, pais. Todos aqueles que visam aprender a utilizar o recurso da mediação como forma de solução de conflitos de forma fácil, como são os casos do segmento da educação, famílias, condomínios, associações e clubes onde muitas pessoas http://www.conima.org.br/ http://www.conima.org.br/ 15 convivem e fatalmente se veem em torno de conflitos. Também vale acrescentar mais uma vez, a implantação de camaras de mediação privadas, que crescem a fim de contribuir para essa mentalidade de menos incentivo à problemática e mais estímulo ao entendimento e acordo. Para Saber Mais: Lei 13.105 Disponível em http://vamosconciliar.com/docs/Lei_n_13.105_2015.pdf Acessado em 29 de maio de 2017 (aborda a legislação pelo Novo Código de Processo Civil relativo a Arbitragem, Conciliação e Mediação. Lei 9.307/96 de Arbitragem Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm Acessado em 29 de maio de 2017, a título de interesse para conhecimento da legislação especifica de arbitragem. http://vamosconciliar.com/docs/Lei_n_13.105_2015.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm 16 1 - A MEDIAÇÁO COMO POSTURA PEDAGÓGICA E EDUCATIVA: DO LITIGIO AO ACORDO Disponível em: https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de- conflitos-75989289. Acesso em: 10 de novembro de 2017. A natureza da mediação não é essencialmente jurídica, chegou até ela pelo movimento da Reforma do Judiciário havido no Brasil face ao acumulo de processos, a demora em tratar dos conflitos e a perspectiva de se modificar a mentalidade das pessoas envolvidas nestes conflitos. O que vemos ser chamado de “Cultura da Pacificação”. Trabalhando também a mentalidade das pessoas ao compreender que elas podem chegar a um termo comum e o quanto isso pode ser proveitoso ao evitar conflitos perpetuados no tempo em face de dificuldade de se estabelecer um acordo. O incentivo da cultura da pacificação existe para mobilizar profissionais e pessoas da sociedade civil a compreender que vale muito a tentativa de acordo e o quanto isso é didático no sentido de investir em uma pedagogia de vida que faz a vida fluir e seguir com a capacidade de enfrentamento, dialogo e o restauro das posições de antes. Dando fim ao conflito mediante a compreensão das partes e a tentativa de uma solução que seja favorável a ambos. Se existem litígios com diferentes intensidades é possível compreender que haja alguns que possam ser resolvidos pelas próprias pessoas envolvidas desde que instrumentalizadas e https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-conflitos-75989289 https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-conflitos-75989289 17 tendo a facilitação de um profissional. Esse pensamento de mudança de um Estado Jurídico que é a instancia máxima de decisão, porém direcionado a casos de maior complexidade é que se transformou no sentido de fazer as pessoas compreenderem que milhares dos casos que atolam o poder judiciário podem ser resolvidos com celeridade (agilidade) e mais próximos das intenções de cada qual envolvido na situação. Disso surgem subdivisões de trabalhos que dão fronteiras ao que cada uma irá tratar: a conciliação e a mediação, que é relativa a temas humanos, que envolvem em boa parte uma questão de compreensão das partes, percepção do outro e das suas motivações para tal conflito ocorrer. Lembrando sempre que os choques são inevitáveis. Conforme artigo de minha autoria, Ricotta (2017), publicado em 16 de março de 2017 no portal https://focados.com.br no seguinte link https://focados.com.br/2017/03/16/mediacao-e- negociacao-ferramenta-profissional-de-solucao-de-conflitos-para-destravar-obstaculos-que- demandam-tempo/ extraio alguns trechos que considero interessantes para o entendimento da mediação e negociação como ferramenta de trabalho útil para destravar problemas e encurtar ou abreviar o tempo na sua solução. A mediação de conflitos é uma importante ferramenta para o profissional especializado, que tem em sua realidade a necessidade de resolução das dificuldades do trato das questões humanas. Sua utilização enquanto prática de resolução alternativa de conflitos (que não judicial) visa uma solução pacificadora, além de ser pedagógica no sentido de propiciar uma espécie de aprendizado na diminuição das arestas, de uma melhor aceitação de opiniões ainda que diferentes, apontando ser possível a compreensão. É fato que essa ferramenta não pertence unicamente ao mundo jurídico, é aplicada em diversas áreas onde exista a necessidade de um acordo a fim de termos a necessária continuidade e fluidez para que a vida possa seguir para ambos os envolvido. Até porque a sua existência reside na criação de um impasse, de forças de interesses antagônicas que não encontram uma saída comum por alguma razão, seja porque uma das partes não se sinta contemplada, seja porque entrar em acordo representa a resolução e para aqueles cujo objetivo é perturbar o outro ou até mesmo incomodar e fazer-se presente de algum modo, o problema é uma forma de ligação que ainda as partes possuem uma com a outra, ainda que haja o desprazer. Não é agradável para ninguém ter um problema crônico, que não se resolve. Mas se o seu propósito intimo for “ter o controle e o poder sobre as pessoas envolvidas ou sobre seus interesses”, está criado o impasse e a necessidade de perder tempo com isso. Nas relações de trabalho a mediação é muito útil, pois ao nos encontrarmos em crises que emperram determinado objetivo, esta surge como promotora de um novo equilíbrio, extremamente necessário para que os trabalhos prossigam e não se distancie do objetivo maior. Se o enfoque permanece na obtenção de poder, o propósito é o ego das pessoas envolvidas e não a produção de trabalhos. E nenhuma empresa sobrevive disso por isso até que precisa ter regras claras que https://focados.com.br/2017/03/16/mediacao-e-negociacao-ferramenta-profissional-de-solucao-de-conflitos-para-destravar-obstaculos-que-demandam-tempo/ https://focados.com.br/2017/03/16/mediacao-e-negociacao-ferramenta-profissional-de-solucao-de-conflitos-para-destravar-obstaculos-que-demandam-tempo/ https://focados.com.br/2017/03/16/mediacao-e-negociacao-ferramenta-profissional-de-solucao-de-conflitos-para-destravar-obstaculos-que-demandam-tempo/18 venham gerir todos os seus processos e produção. E solucionar conflitos é uma prioridade como forma de evitar situações emperradas que impedem a evolução do tramite dos trabalhos sem contar a qualidade do clima organizacional, muito importante e um direito aos profissionais, o de ter ambiente profissional salutar. Dependendo do conflito é possível lançar-se da conciliação, arbitragem e mediação – recursos distintos e aplicados em situações de resolução de conflitos diferentes. Não são a mesma coisa apesar de todos eles objetivarem a solução de conflitos. A conciliação é indicada quando há uma divergência clara e esta é a promotora do conflito, sendo possível recuperar o dialogo a fim de uma solução favorável a ambos. A arbitragem é quando as partes envolvidas não entram em acordo, e não resolvem de forma amigável, necessitando de um árbitro que venha decidir por elas. A mediação tem como propósito recuperar o dialogo frente ao conflito existente, onde a figura do mediador é fazer com que as partes cheguem a uma conclusão. E a solução alternativa de conflitos, assim chamada é o que auxilia a desobstruir a justiça, promovendo o entendimento mutuo e direcionando para a sua solução. Portanto como viram a abrangência da mediação é extensa. Podendo ser empregada em diversos setores e necessidades. E para isso conta-se com modalidades distintas na sua aplicação, daí a diferença entre elas apresentadas. Para cada caso utilizaremos uma ferramenta. Interessante diferenciarmos aqui no inicio deste livro para que o leitor desde então possa verificar as nuances distantes de cada tipo, ainda que possam estar todas as características reunidas numa só. O caráter democrático da mediação é também um fator muito interessante. Sendo utilizada por diversos tipos de profissionais e locais de trabalho: - universidades, corporações, fórum de justiça, escolas, famílias, delegacias de policias. Este recurso permite tornar as relações humanizadas, pois as falhas existem e as pessoas são humanas. Cometem erros, fazem julgamentos apressados, abrem concorrência e competição com outra pessoa, divergem em opiniões, fazem disputa de poder e outras atitudes. E em cometendo equívocos ainda que seja difícil admitir, são geradoras de problemas. Por isso pessoas não envolvidas com o caso em si, são apropriadas para lidar com a questão, e quando instrumentalizadas pela ferramenta Mediação e com a neutralidade no caso, é possível ir de encontro a uma saída positiva para ambos, sem que haja algum tipo de desvantagem. Pensamos de determinada forma e quando nos deparamos com as razoes que estimulam uma pessoa a agir desta ou daquela forma frente ao impasse, é possível apostar na mudança de posição – o que promoveria outra interação. E com isso a proposta de uma solução diferente. A de poder ver o outro diferente de si, se colocando-se no lugar dele, enxergando 19 suas motivações frente a posição adotada. Onde até então se desconhecia. Indo para outra esfera e dimensão onde não tão somente habitam os interesses particulares e estritamente de interesses pessoais. Quando falamos da integração profissional necessária como garantia de um clima positivo, da participação dos profissionais em determinado contexto, não podemos abrir mão de que o que mais interessa, é o trabalho. E muitos costumam se esquecer de que em função das suas questões pessoais, fazem desaguar aspectos emocionais, dificuldades pessoais que de algum modo veem interferir na qualidade e fluxo da comunicação e da postura das pessoas que partilham um mesmo ambiente, como pode ser o caso de uma família, de um grupo, de uma instituição ou empresa. Investir na qualidade das relações humanas e na capacidade das pessoas mediarem seus conflitos é tornar os contextos mais próximos da boa comunicação, da busca pela compreensão, do uso da inteligência. Mediar conflitos representa a aquisição de uma terceira posição diante das partes envolvidas, possibilitando uma nova solução, antes não pensada. Aprender e desenvolver o recurso da mediação tende a facilitar o clima e o ambiente do contexto em que está inserido, como dissemos acima (podendo ser na família, no grupo de trabalho, entre amigos), bem como propiciar uma cultura da negociação - que aceita a diversidade e aposta na conciliação dos interesses. Onde necessariamente não será contemplado A nem B e sim uma terceira posição que os distancia dos radicalismos, das visões preconcebidas da situação vivida, buscando contemplar os interesses de ambos. Pensar na mediação como forma de viabilizar acordos, é tratar os problemas na perspectiva da sua resolução, compreendendo que diante das adversidades e diferenças, existe uma didática implícita, que te propicia o aprendizado em lidar com situações difíceis sem considerá-las extremamente difíceis ou sem saída. Mas havendo alguma antes não identificada ou pensada. A ONU (Organização das Nações Unidas) indica e posiciona a mediação como estratégia de pacificação e busca de equanimidade na sociedade. Com essa afirmativa, temos mais uma aval, que nos aponta estarmos trilhando o caminho certo. Ban ki – Moon, Secretário Geral da ONU em Junho de 2012 divulga o documento “Diretrizes para Uma Mediação Eficaz” a todas as nações de modo que estas façam cumprir tais diretrizes; escrevendo no prefácio o seguinte: “A mediação é um dos métodos mais eficazes para prevenir, gerenciar e resolver conflitos. Para que seja eficaz, entretanto, um processo de mediação exige mais do que a nomeação de uma 20 personalidade eminente para atuar como terceira parte. Com frequência, as partes em conflito precisam ser convencidas sobre os méritos da mediação, e os processos de paz devem contar com um amplo apoio político, técnico e financeiro. Esforços de mediação ad hoc e mal coordenados – mesmo quando empreendidos com a melhor das intenções – não ajudam a atingir o objetivo de alcançar uma paz durável”. Ban-Ki Moon. Disponível em: http://newssourcegy.com/news/ban-ki-moon-for-one-hour-stop-in- guyana/. Acesso em 10 de novembro de 2017. Ressalta-se aqui que a ferramenta mediação é utilizada em ambitos e contextos diversos, e tendo repercussões globais. O ponto a refletir é que a promulgação da Lei no Brasil está na esteira dos acontecimentos internacionais, inserida neste contexto de desenvolvimento dos povos, sociedades e nações. Não tendo como premissa de que a área da mediação seja essencialmente jurídica ou criada para dar conta dessa demanda. A mediação é mais ampla e abrangente na sua aplicação e o lançamento deste documento aponta para isso: - a evolução dos países e as diretrizes para que as sociedades possam se desenvolver e criar mecanismos cada vez mais estratégicos de solução para todos os problemas, observando-se nas palavras de Ban Ki Moon que é na consciência e trabalho efetivo das pessoas que devemos investir, tendo que haver vontade política, econômica e técnica. Se não mobilizamos os profissionais a pensarem dessa forma conciliatória que inspira o acordo, estaremos diante do que sempre ouvimos das pessoas em sociedade: - da agressividade e violência, da ausência de humanidade na sociedade, nos interesses econômicos que essencialmente fixam-se nesse propósito desconsiderando as demandas das pessoas, na ausência de políticas públicas que acabam gerando exclusão, http://newssourcegy.com/news/ban-ki-moon-for-one-hour-stop-in-guyana/ http://newssourcegy.com/news/ban-ki-moon-for-one-hour-stop-in-guyana/ 21 extermínio, conflitos raciais, e enfim como muitos temas sociais são tratados. Havendo, pois a necessidade de intervenção. Para Saber Mais: Aqui apresentamos o documento “Diretrizes para Uma Mediação Eficaz” criado em junho de 2015 pela ONU a todas as nações de modo que estas façam cumprir tais diretrizes. Disponível em: http://peacemaker.un.org/sites/peacemaker.un.org/files/GuidanceEffectiveMediation_UNDPA2012_pt_Jun2015correction_0.pdf acessado em 5 de janeiro de 2017. A ONU registrou também a mediação como instrumento eficaz para tratar de conflitos tanto interestatais como intraestatais, com a criação do Manual das Nações Unidas sobre resolução pacífica de disputas entre Estados, publicado em 1992. Outro ponto relevante de análise para dimensionarmos a abrangência da mediação no cenário mundial e global. Disponivel em: http://www.un.org/spanish/News/story.asp?NewsID=34863#.WjLHi1WnGCg. Acesso em: 10 de novembro de 2017. Na Administração Pública a Lei 13.140 de 26 de junho de 2015 (disponível acima) dispõe sobre a mediação como meio de solução de controvérsias entre particulares e sobre a autocomposição de conflitos. O objetivo é diminuir o volume de processos por meio de acordos no Judiciário. O que resulta num benefício enorme à sociedade, no aceleramento das resoluções das disputas que poderão ter uma solução mais ágil. http://peacemaker.un.org/sites/peacemaker.un.org/files/GuidanceEffectiveMediation_UNDPA2012_pt_Jun2015correction_0.pdf http://peacemaker.un.org/sites/peacemaker.un.org/files/GuidanceEffectiveMediation_UNDPA2012_pt_Jun2015correction_0.pdf http://www.un.org/spanish/News/story.asp?NewsID=34863#.WjLHi1WnGCg 22 Compreender que a Mediação é uma resposta aos impasses que a sociedade vivencia tanto no plano das suas interações interpessoais como de ampla abrangência, institucional, corporativa, privada, publica, familiar, escolar, social. Enfim, entender que geramos problemas cotidianamente, pois ao sermos e pensarmos de forma diferentes estes geram atritos e afinidades. Se a convivência é boa, as pessoas buscam meios para solucionar, pois não é interesse manter o problema, pois não há disputa de poder envolvida e sim necessidade de compreensão para se dar prosseguimento na interação ou vinculo. Quando há disputa de poder o laço da proximidade, desaparece, pois a parte necessita fazer da sua ação um modo de demonstrar que está superior a isso. Todo conflito tem em si uma carga contida que envolve a distribuição deste poder entre as pessoas envolvidas e quem terá a habilidade de circular a tensão para que se evite a explosão que nutre o impasse. Quando menciono “explosão” refiro-me a essa tensão interna que explode dentro da pessoa e faz com que ela busque compensações para demonstrar campos de forças. A ignorância leva a disputa, quanto mais há falta de alcance, mais há discrepâncias que contribuam para a integração e união das vontades. O homem na sua supremacia, para não dizer arrogância e intolerância, de acreditar que pode dar conta de tudo, procura em suas ações uma maneira de impor suas posições, crendo que o que quer que ocorra, é o que deve ocorrer. E ao viver contrariedades e permanecer irredutível, irá se sentir convidado ao desafio, respondendo às situações de maneira rígida e endurecido. E procurará manter-se assim diante da própria vida e causando novos outros conflitos com as demais pessoas a sua volta, que porventura venha interagir. Pelo simples fato de acreditar que deste modo, tem o poder. Buscando resolver seus conflitos na base da imposição do poder e controle total para não perder, como se isso fosse símbolo de fraqueza ou rebaixamento de sua pessoa diante do outro. Admitindo que tudo o que o contraria é uma forma de atacá-lo. Tornando tudo muito pessoal. Forçando a outra parte a aceitar suas condições como sinônimo de subjulgo. Impõe sua vontade e entendimento da realidade como se a sua visão fosse a única, e, como se não houvessem outros pontos de vista. Desconhece por completo que haveria o entendimento caso se dispusesse a adotar uma posição conciliatória e intermediária entre o querer de um e de outro. Tudo aquilo que um acordo pode oferecer. O que faltaria perceber ao perfil dominador é que, o que lhe falta é dar-se conta de seus próprios conflitos, daqueles criados em sua própria intimidade, ligados a sua percepção particular e aos sentimentos que conspiram em sua órbita. Fazendo eclodir esta realidade interna para outras esferas da sua vida e gerando novos conflitos para si e para demais pessoas. E quando se derem conta de que os conflitos são constantes na vida, e que aqueles de motivação afetiva devem ser tratados neste âmbito: - do plano emocional e psicológico, muitos estragos já terão 23 sido feitos. E sua humanidade perdida. Naturalmente que pode ser retomada a partir de ações geradoras de integração e participação e da busca de novas alternativas que expressem a fusão ou comunhão entre as partes, possibilitando harmonia e equilíbrio. No plano das decisões e negociação diante de interesses objetivos, por exemplo, em situações profissionais, é possível ser mais definido o afastamento das motivações pessoais, emocionais que fatalmente viriam a interferir na análise e respectiva decisão. Sendo assim a percepção do ponto em questão sem a interferência dessas questões pessoais que não representam o interesse maior, no caso o interesse de uma empresa em jogo. A busca de solução se torna mais eficiente, pois os critérios envolvidos são claros e nítidos. Determinadas atividades e obras tem claro que o principio maior está no trabalho em si e não nas questões particulares que venham promover alguma ruptura. O mesmo se dá quando temos algo muito importante a perder, podendo-se negociar com mais facilidade tendo em vista o prejuízo da sua perda. É mais fácil aceitar determinadas condições que perder algo valioso seja do ponto de vista pessoal, emocional, afetivo. Portanto algumas situações de conflitos se resolvem por si só, a medida que é conhecida a relevância do que está em jogo. E com isso o manejo dessas variáveis pode ser estabelecido e com isso o seu equilíbrio. Muitas situações ficam travadas em torno de uma contabilidade pessoal, motivada pelo sentimento de vingança, raiva, despeito e inveja. Nestes casos qualquer conflito de interesses precipita aspectos que estão submersos, trazendo a tona com uma atitude de não colaboração, de resistência passiva (o não fazer que agride e que é para incomodar, atitude de ignorar e tornar o tema indiferente, quando na verdade não é. Atua-se com máscara, sem exposição clara do que sente. Escolhe uma outra forma de agredir que não a explicita, daí a alusão de “passiva”). Essa forma de calcular o ganho e perda é descrita por Remo Entelman de “cálculo affectio” (que poderão ter mais clareza, nos capítulos a seguir), onde o agente do conflito não busca o acordo como forma de permanecer incomodando a outra parte e até mesmo de não colaborar para a solução efetiva. Trata-se de uma armadilha dos humanos, na sua porção destrutiva, pelo bel prazer de não permitir que o outro ganhe ainda que tenha se chegado a uma solução favorável. É caracterizada pela intransigência desta parte, que mesmo chegando a um acordo irá buscar outra via para retomar como forma de não livrar a outra parte. É mais comum do que se imagina. Exemplo: casos de separação conjugal, divórcio, disputa de guarda. Outra visão do conflito de proporção coletiva, que podemos dizer que é a maior expressão da carga de conflito que se pode conceber na humanidade, e marcam desde o inicio dos tempos, que são as guerras, as disputas territoriais e interesses financeiros. Ficaram marcadas na história da humanidade até os dias atuais e representam o maior poder de destruição entre os povos já 24 vistos. Dada as proporções existem outras “guerras” no sentido metafórico, com poder de destruição e danos na vida das pessoas, seja de esfera individual, familiar e na sociedade como um Todo. Cujas consequências emocionais são de difíceis de reparação. As guerras são dimensionadas nos seus interesses territoriais, econômicos e outros; havendo distanciamento do quão destruidor será para as pessoas no seu sentido individual, familiar e social. É devastadora. E os países em guerra só se reconstroemem vista da ação das pessoas que buscam na integração e vontade humana o desejo de transformar aquela realidade e acabam por reconstruir a realidade destruidora que a guerra lhes proporcionou. Somente por isso. Se existir o empenho e sentimento das pessoas em prol da reconstrução isso será feito, de outro modo se o sentido for de desistência, vingança ou outro que não contribua para a permanência do que é mais importante, no caso a vida, a sobrevivência, é possível que a dor humana seja transformada em coragem para mudar. Paradoxo extremo, enquanto uns decidem pela guerra de forma fria e distanciada de qualquer sentido emocional, é o povo no seu clamor pela vida que ressurge e busca a nova organização. Neste caso o envolvimento existe. Em detrimento do poder que disputam a necessidade da vida torna-se maior. E assim o Homem na sua expressão mais ampla, acaba gerando problemas de toda ordem, social, política, familiar, pessoal e intima; pois quer a retomada do poder, teoricamente perdido ou tomar para si aquilo que julga ter para si e para isso se utiliza da força do poder. 25 Disponível em: https://pt.slideshare.net/mcelloto/a-onu-42689972. Acesso em: 10 de novembro de 2017. E por fim, na sua finalidade pedagógica, vemos avançar o seu entendimento como a aplicação deste conhecimento sendo direcionada às faculdades, na forma de aprendizagem que venha a ocorrer tanto nos espaços acadêmicos como institucionais. Seja em cursos de Direito, em disciplina especifica, nem como em cursos da Ordem dos Advogados OAB – licença para atuar profissionalmente e pertencer a categoria profissional. Em concursos para várias carreiras jurídicas, policiais e administrativas, como recursos práticos que devem fazer parte dos recursos práticos de atuação profissional como melhoria na execução da função. Naturalmente que temos outros conhecimentos que dão suporte e maturidade ao profissional, como gestão de pessoas, considerando que muitas funções estão alinhadas com o perfil de liderança, mas nunca se viu tão útil o ensino da mediação, seja em cursos de aprimoramento, aperfeiçoamento e especialização. CAHALI, Francisco José & RODOVALHO, Thiago (2015) em artigo para a OAB – A Necessidade de Inclusão das Alternativas Adequadas de Solução de Conflitos (Conciliação, Mediação, Arbitragem e Outras), Como Disciplina Obrigatória nos Cursos de Direito apontam o seguinte: (...) “uma das medidas mais necessárias para essa conscientização a respeito de outras formas de resolução dos conflitos e arrefecimento da cultura do litígio é, sem dúvida, a mudança nas grades curriculares das faculdades de direito, para promover o ensino jurídico, além dos métodos tradicionais de resolução de controvérsias, também dos ADRs, modernamente concebidos como Adequate Dispute Resolution (= Métodos Adequados de Solução de Controvérsias): arbitragem, negociação, conciliação e mediação, entre outros (tais como neutral evaluation, dispute review board etc.)”. Continuam: “Essa mudança na grade curricular das faculdades de Direito foi inclusive objeto de preocupação tanto do recente Projeto de Modernização da Lei de Arbitragem (PL n. 406/2013) Disponível em http://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/114641/pdf, acessado em 12 de abril de 2017 quanto do Projeto de Lei de Mediação (PL 405/2013) que menciona nos artigos 26 e 27 os seguintes pontos abaixo: Capítulo VIII Das Disposições Finais Art. 26. O Ministério da Educação – MEC deverá incentivar as instituições de ensino superior a incluírem em seus currículos a disciplina de mediação como método extrajudicial consensual de prevenção e resolução de conflitos. https://pt.slideshare.net/mcelloto/a-onu-42689972 http://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/114641/pdf 26 Art. 27. O Conselho Nacional de Justiça – CNJ e o Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP promoverão preferencialmente a inclusão, nos conteúdos programáticos de concursos públicos para o ingresso nas carreiras do Poder Judiciário e do Ministério Público, respectivamente, de matérias relacionadas à mediação como método alternativo consensual de prevenção e resolução de conflitos”. O artigo em referencia acima pode ser lido na íntegra. Disponível em http://www.esaoabsp.edu.br/Artigo?Art=136 acessado em 12 de abril de 2017 Acesse o link sobre um texto que aborda a repercussão da alteração do Projeto de Lei 406/2013 Disponível em https://www.rolimvlc.com/noticias-para-informe/sancionado-o-projeto-de-lei- 4062013-que-estabelece-alteracoes-na-lei-de-arbitragem/, acessado em 12 de abril de 2017 Houve um reforço à criação e inclusão das disciplinas “arbitragem” e “mediação” em graduação, pós-graduação e concursos. Inicialmente antes mesmo dos cursos de Direito, ela surge na Administração, no modelo de interesses de negócios, sendo conhecida por “negociação” e difundida nos cursos de Gestão há muitos anos. Em cursos de Direito, esta transformação veio da reforma do poder judiciário sendo natural a aprovação da Lei mediante uma necessidade urgente de vitalizar o poder judiciário, promover acesso à justiça a Todos, bem como torná-la ágil. Com a delimitação da ação da arbitragem de conflitos com discussões jurídicas envolvendo valores financeiros e interesses corporativos, imobiliários por exemplo; e a mediação, conciliação ou a chamada justiça restaurativa, voltada para conflitos humanos. http://www.esaoabsp.edu.br/Artigo?Art=136 https://www.rolimvlc.com/noticias-para-informe/sancionado-o-projeto-de-lei-4062013-que-estabelece-alteracoes-na-lei-de-arbitragem/ https://www.rolimvlc.com/noticias-para-informe/sancionado-o-projeto-de-lei-4062013-que-estabelece-alteracoes-na-lei-de-arbitragem/ 27 Disponivel em: https://epthinktank.eu/2015/02/11/partnership-agreements-within-cohesion-policy-2014- 2020/. Acesso em: 10 de novembro de 2017. A mediação é uma atividade especializada de caráter multidisciplinar e surgiu inicialmente da Economia e Política ao tratar dos assuntos internacionais entre países, conflitos de alta intensidade como as guerras. A mediação passou pela administração muito antes de chegar ao judiciário e nestas transposições de conhecimento sua aplicação vai obtendo um delineamento diferente e especifico à sua atuação. Até entendermos que o conhecimento da mediação e conciliação na atualidade é tema da universidade – local que prepara para a atividade e oferece instrumental estratégico a fim de lidar com as diversas situações. O que inclusive justifica esse trabalho que ora realizamos; ou seja, estamos fazendo a aplicação de levar os conhecimentos de Mediação à Universidade – local este de pensar e formar pessoas e profissionais: Consideramos relevante a função que tal Lei especifica propiciará nos amplos campos da sociedade civil, jurídica, acadêmica, administrativa, corporativa, para citar alguns. Pois sendo um conhecimento de abrangência multidisciplinar tem ampla utilidade nos diversos setores, bem como seu papel na evolução da sociedade – na qualidade de tornar os indivíduos dotados de ferramentas e estratégias para atuarem como facilitadores de soluções. Para tanto torna-se relevante conhecer como o processo de mediação se dá a partir do entendimento das bases de um conflito, suas características, as abordagens de mediação e forma de atuar. Os demais capítulos têm esse propósito de versar sobre o trabalho em si, de oferecer conhecimento necessário relativo à sua aplicação e suprir as demandas desta disciplina para quais áreas forem: - da Psicologia, Direito e Exame da Ordem (OAB), para profissionais da Administração Pública, Cartórios, Escolas, Pais e familiares, Hospitais, policiais, negociadores, empresários. https://epthinktank.eu/2015/02/11/partnership-agreements-within-cohesion-policy-2014-2020/ https://epthinktank.eu/2015/02/11/partnership-agreements-within-cohesion-policy-2014-2020/28 2 - O CONFLITO 2.1 Tudo começa com a existência do conflito Disponível em: http://trabajaconveintemil.blogspot.com.br/2015/. Acesso em: 10 de novembro de 2017. Vamos poder apresentar de forma didática, o que é o conflito, como eles surgem, tipos e características. Os modelos de atuação e aplicação da mediação conforme as necessidades que foram surgindo no decorrer da humanidade. Onde os conflitos surgiam em torno de disputas internacionais que resultaram em muitas das guerras. Daí o entendimento de que o conflito entre nações, entre interesses comerciais que veio acompanhando a História da Humanidade, até se verificar a existência desta mesma reprodução nas relações interpessoais, que é por assim se dizer, de onde parte a origem de tudo – as motivações endógenas e exógenas, intrínsecas e extrínsecas que veremos esclarecidas aqui nos capítulos que se seguem ao assumirem o protagonismo como forma de expressar o antagonismo em suas posições. Com isso acreditamos poder contribuir na formação de uma mentalidade critica e necessária aos profissionais de várias áreas, que favorece e investe na diminuição do problema a fim de dinamizar os ambientes e proporcionar melhor clima para se compartilhar e conviver. Há a inexistência de uma linguagem específica aplicada à compreensão do conflito, dos seus fatores geradores e formas de atuação. A formulação de conceitos relacionados ao tema http://trabajaconveintemil.blogspot.com.br/2015/ 29 estabelecem pontes com outras áreas do conhecimento, a fim de possibilitar sua compreensão, sendo de enfoque multidisciplinar, numa abordagem abrangente cujas contribuições surgem das Ciências Políticas, da Sociologia, Psicologia, Filosofia, Administração, Direito e Teoria Sistêmica. Trata-se de um fenômeno que suscita novas maneiras de entendimento, tendo em vista a complexidade das relações humanas, ao que se refere aos processos subjetivos e até pouco racionais a que estão direcionados a sua evidencia e constatação do conflito. Ele é em si uma expressão da interação humana com amplas dimensões, sejam entre pessoas, grupos, organizações, instituições e coletividades. E causa a falência de tentativas de possíveis soluções. Representando o choque, o embate de posições distintas, configurando-se a necessidade da ocorrência de transformações. Para que o direito das pessoas seja preservado bem como os da coletividade é comum surgirem os choques relativos às diferenças existentes, advindas de posições específicas em relação a algo comum, seja enquanto indivíduo, ou como parte integrante de uma estrutura coletiva, um grupo por exemplo. O conflito é inerente à vida, fazendo parte das mais variadas etapas da vida, e sendo uma estrutura dinâmica, que se modifica de acordo com as interferências que se realiza e as influencias e estímulos recebidos, tem em si mesmo, a função de recriar, resignificar e buscar novas saídas para estruturas que se encontram emperradas numa posição radical. Vivenciarmos conflitos é natural, pois se temos interesses distintos e agimos em razão destes, teremos critérios que embasam nossa posição, gerando diferenças de toda ordem. Não estamos nos referindo ao fato de que tudo precisa ser de acordo, coincidente, comum. E sim reforçando o modelo de negociação, onde é possível aliar interesses distintos e tornar possível o encontro de uma saída para aquelas situações onde não se via alternativa enquanto as posições permanecem radicais. Quando todas estas tentativas falham, é aí que se tem uma dimensão do problema, da sua carga e intensidade e a possibilidade de dissolver tal carga será na medida da capacidade de flexibilizar e encontrar uma nova posição que esteja em acordo para as partes envolvidas. Do contrário há o distanciamento, o rompimento. 30 Depositphotos É extremamente necessário e vital para as relações haver a coexistência de interesses diversos, onde as diferenças convivem sem resultar em dificuldades. Alimentando a colaboração, o compromisso, a união. Muitos valores humanos são reforçados e praticados quando se utiliza o modelo de mediação negocial como forma de restaurar os elementos díspares. A busca do equilíbrio das forças antagônicas comumente presentes numa disputa, problema ou conflito surgem como forma de solucionar o conflito. Equalizando as diferenças para que surja o ponto comum. Considerando que estas, são parte de um sistema fechado, que contém determinada carga de tensão envolvendo inclusive certa pressão para a sua solução pois, do modo como opera não tem sustentação, entrando em ponto de saturação. As chamadas estratégias autocompositivas referem-se à composição de um sistema sob um novo paradigma, estabelecendo a homeostase – funcionamento que visa a busca de um equilíbrio ainda que o sistema esteja desorganizado ou disfuncional. Lidando com os impedimentos, bloqueios de toda ordem a que venham apontar que a estrutura vigente teve em si a sua falência das tentativas de equilibrar. Quando alteramos a ordem das coisas, de algum modo elas reagem, na tentativa de retomar o funcionamento de antes. A homeostase, é um termo também encontrado na medicina, ao fazer menção ao sistema integrado do sistema biológico. E é nessa visão holística, integrada, que a forma de pensar o conflito e a sua resolução precisa ser vista. 31 Bastante interessante pensarmos o quão os sistemas atuam de forma integrada, relacionando a tudo o que venha fazer parte deste. Pense num conflito, em como se originou. Certamente que a estrutura do problema é identificada pelas pessoas que atuam na situação, mas considere o ponto que está em questão, qual campo de forças está em ação para que haja a competição, a disputa pelo poder, o tender para seu próprio interesse. Com frequência assistimos as pessoas se frustrarem, seja porque seus interesses não se encaixam de algum modo ou não coincidem. Além da frustração e de sentimentos outros, temos a materialização do problema conforme a nossa ótica - o modo com que captamos tal realidade marcada pelo percurso do histórico de vida. Decorre a necessidade de evoluirmos do patamar de um sistema emperrado, rígido em determinada posição que aponta a adversidade e o conflito de interesses, para um novo onde as novas alternativas são maneiras de buscar um reequilíbrio do sistema, que certamente não será mais o mesmo de antes. Na tentativa de conciliar interesses para que as tentativas anteriormente frustradas possam encontrar uma maneira de fluir e propiciar continuidade e manter a integridade das pessoas. A carga explosiva do conflito encerra em si o detonador da crise maior. Que é quando o sistema trava e não vai para lado algum. Com isso muitas tentativas são frustradas a não ser se contarmos com a valorosa participação de um terceiro elemento mediador. Que favorece o clareamento da situação. Uma nova visão da situação. Portanto somente novas alternativas são capazes de estabelecer um novo ordenamento do sistema. E é buscando um novo ordenamento é que são possíveis novas respostas e saídas. O conflito em si é um fenômeno natural apontando as divergências e posicionamentos distintos entre as partes ou atores do problema, como veremos alguns autores citarem. A visão primeira do conflito reside na ótica do “problema” - algo não está funcionando bem. No entanto a sua presença aponta para um dinamismo existente, isto é, não permanecendo do mesmo modo, apresentando ciclos de mudança. Configurando-se como um estado que busca naturalmente o seu equilíbrio e um novo padrão de normalidade. O indivíduo em si é uma estrutura particular, única, diferenciada e coexistindo simultaneamente numa estrutura coletiva, grupal, social. Desenvolvendo no decorrer de sua evolução seus papéis sociais, configurando a sua cidadania – a aprendizagem da ética, da convivência e do compartilhamento, da cooperação e participação coletiva.Podemos compreender que todo agrupamento de pessoas tenha uma finalidade, um propósito. E para a realização deste, passe a existir um funcionamento especifico que caracterize o grupo do modo 32 como deseja ser reconhecido. Adotando uma configuração específica, um contorno que lhe caracteriza tanto para os seus membros como para o mundo externo. O conflito está presente na esfera das interações humanas, expresso pelas divergências entre o pensar e o agir. Envolvendo a passionalidade, os pensamentos irracionais e descargas emocionais de perda de equilíbrio, exaltação dos humores. Pela sua natureza adversarial, coloca as partes em posições opostas e contrárias. Apontando diferenças marcantes, seja pela disputa de interesses e de poder. E consequentemente, as tomadas de decisões que decorrerem desse ponto evidenciarão ainda mais a carga tensional do problema na fase de escalada, por exemplo - quando as atitudes se mostram como respostas a um ataque e aguçam ainda mais a tensão existente. Servindo de novos detonadores para novas ações conflituosas. 2.2 Teoria do conflito proposta por Remo Entelman Remo Entelman elaborou uma teoria geral de conflitos em que este é uma relação social baseada na qualidade da interação entre duas ou mais pessoas. Qualidade pelo modo com que orientam sua conduta e atitudes. As relações de conflito surgem em decorrência de incompatibilidades e o tema central desta teoria é o uso do poder e sua distribuição. O conflito não está configurado somente pelos seus autores ou partes envolvidas, como também pelos terceiros que podem interatuar ou não, sendo eles, obrigatórios ou não. O profissional do Direito, o magistrado, o advogado, bem como o psicólogo, o mediador, assumem uma importância central na resolução deste. Sua presença na mediação se torna tão mais efetiva quando “imita” ou faz o papel de um terceiro colaborador que tem como propósito facilitar e estabelecer uma ponte de comunicação. A origem da Teoria dos Conflitos parte de modelos de prevenção a fim de evitar o caos apontado pelas demais ciências como a matemática e a Economia no pós 2ª guerra mundial, no séc. XX. Nos círculos acadêmicos destas ciências, muitas pesquisas surgiram com temas relacionados à paz, guerra, ciência da paz, estudos sobre a paz. Por ser multidisciplinar tanto na sua origem como em sua aplicação, essa Teoria se ressente de uma linguagem própria para a formulação de conceitos adequados destinados ao Direito unicamente ou exclusivamente. É um conceito aberto à recepção de influências dos mais variados ramos do conhecimento. Não busca explicar nenhuma espécie de conflito em particular, mas a de uma abordagem abrangente, tratando do que é essencial a todos eles. Não estando sistematizada em bases concretas que distinguem os conceitos de gênero e espécie. 33 Remo Entelman (2002) no livro Teoría de Conflictos: hacia um nuevo paradigma. Barcelona: Gedisa, 2002 223p., apresenta o conflito como uma “espécie de relação social” e explica os termos dizendo que isto ocorre quando se observa a interação entre as pessoas representada pelos movimentos que duas ou mais pessoas realizam para orientar-se em suas condutas de acordo com os atos praticados por eles. Max Weber (1964) no livro Economía y Sociedad: esbozo de sociologia comprisiva. México: Fondo de cultura Económica, 1964 1245p. lança o questionamento: - “Com que critérios distinguimos as relações de conflito ou conflitivas de outras que não o são? E naturalmente que em sendo uma reflexão interessante, podemos pensar acerca do que está em voga para que o conflito exista e se seria possível a não existência deste. Podemos ter um nível de compreensão tal a ponto de não gerarmos ou diminuirmos os conflitos humanos ao menos¿ estariam por sua vez cumprindo alguma necessidade¿ pois temos que pensar que o conflito adia muitas decisões, enquanto existir. Muitas pessoas ganham tempo criando impedimentos e obstáculos a fim de não se verem perdendo determinada posição. Somente pelo fato de não permitirem outra posição que não a sua vigorar. Para ENTELMAN (2002), as relações de conflitos existem quando seus objetivos são incompatíveis. Relações de acordo ou cooperação existem quando seus objetivos não forem total ou parcialmente incompatíveis, comuns ou coincidentes. Podendo ser aplicada tanto a temas relacionados a conflitos conjugais, como aos societários, raciais, nos enfrentamentos entre Estados, nos casos de guerra internacional; ou seja, em diferentes tipos de conflitos, modificando- se unicamente a destinação e o gênero deste. A discriminação é um exemplo de conflito social que é criado pela intolerância das diferenças existentes entre pessoas. Simplesmente por demarcar algum ponto específico que destoa do grupo. Inclusive o belo, a inteligência, a força, a coragem são também alvos da incompreensão humana, considerando que se não forem originárias daquele que discrimina, pelo simples fato de existir a qualidade, esta é posta abaixo como demonstração de poder sobre aquele que tem determinadas competência em certa área de conhecimento. Isso para demarcar que não tão somente o que é problema, o que envolve disputa iria requerer a presença de um conflito. Pois mesmo quando se trata de comportamento antiético, por exemplo, se houver interesse das partes, ambas se aliam em torno de uma prática abusiva e desleal, ainda que moralmente sua atitude não seja digna. O conflito então somente passa a existir quando as incompatibilidades surgem. Os interesses destoam e de certo modo o outro parecer ganhar algo enquanto o outro perde. O simples fato de pensar que o outro estaria 34 ganhando algo ainda que não esteja perdendo nada com isso, poderá colocar este em posição de competição, pelo simples fato de não permitir que o outro ganhe. Considerando novamente, ainda que não esteja perdendo nada. Tudo isso por questões envolvendo a competição entre as partes interessadas, do pretender se “dar bem”, o que envolve uma dinâmica de pensamento muito particular, difícil de um senso de compreensão – que penderia a concluir pela não necessidade de existência deste conflito. Veremos mais adiante o que o autor fala sobre questões emocionais imperando sobre ações, comportamentos e atitudes, tornando-os irracionais, incompreensíveis, ilógicos. No entanto, a gênese da Teoria de Conflitos em Remo Entelman estudada originalmente nos enfrentamentos entre Estados com fundamentação lógica em ciências como a matemática e a Economia pode ser convertida para os demais temas do cotidiano; ampliando as possibilidades de estudo do Direito. Ele (o autor) procura abordar a administração dos conflitos, bem como sua prevenção. A Teoria dos Conflitos têm no Direito sua abordagem preventiva. (Direito preventivo). Sua tese está fundada em mecanismos de resolução de conflitos, posicionando dentro de um sistema jurídico concebido de maneira ampliada. O conflito pela natureza é dinâmico, segue uma sequencia, modificando-se a ponto de precisarmos conhecer os detalhes para poder compreender o Todo. Os conflitos seguem de forma processual, em uma sequencia de condutas. Para Saber Mais: Possível acessar o livro Teoría de Conflictos: hacia um nuevo paradigma de Remo Entelman que é uma referencia no assunto, dando-nos subsídios para compreender o tema, observando aqui o aspecto multidisciplinar que o autor dá, numa dimensão ampla do conflito. Disponível em: http://www.academia.edu/10398623/TEORIA_DE_CONFLICTO_HACIA_UN_NUEVO_PARADIGMA Acesso em maio de 2017 http://www.academia.edu/10398623/TEORIA_DE_CONFLICTO_HACIA_UN_NUEVO_PARADIGMA 35 2.3 Estratégias Autocompositivas de solução de conflitos interpessoais. Diponivel em: http://brandalliance.in/. Acesso em: 10 de novembro 2017. O poder judiciário tem um sistema de atuação contenciosa e adversarial, que visa na verificação e solução
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