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AULA 5 GESTÃO E MEDIAÇÃO DE CONFLITOS Profª Rita G. Barchik de Paula 2 INTRODUÇÃO Conflitos são inevitáveis fatos da vida, operações diárias, fruto das relações interpessoais que movem os seres humanos e a sociedade. Dado que são necessários ao progresso da humanidade, devem ser administrados de forma adequada para que, a partir deles, o relacionamento entre os envolvidos em uma mesma situação seja fortalecido, o impasse resolvido e os interesses de cada qual satisfeitos. A solução para os mais variados tipos de conflitos perpassa diversas técnicas. Eles precisam ser geridos da forma menos morosa, custosa e desgastante possível. Nesta etapa, iremos abordar técnicas promissoras de resolução de conflitos, baseado no emprego das técnicas de Harvard, da teoria dos jogos e do equilíbrio de John Nash no processo de mediação, conjuntamente com o trabalho desenvolvido pelo gestor organizacional amparado nas concepções do equilíbrio emocional, bem como em processos de mediação e conciliação comunitária propulsora da cidadania plena. Sob este prisma, a mediação vem ganhando magnitude como processo de autocomposição, uma vez que permite enxergar novos horizontes e perspectivas, emancipa as partes e fomenta a cultura da paz. TEMA 1 – MÉTODOS DE MEDIAÇÃO E NEGOCIAÇÃO UTILIZADOS PELA UNIVERSIDADE DE HARVARD A negociação faz parte do dia a dia de todos. É um fenômeno necessário para equilibrar as relações pessoais ou profissionais. Todos os dias precisamos utilizar diversas técnicas de negociação para resolver questões da vida, sejam das mais básicas, como comprar alimentos e usar transporte, até mesmo as mais complexas, como resolver disputas judiciais. Neste sentido, o objetivo desta etapa é descrever e analisar um método de negociação que é mundialmente respeitado: o método de negociação de Harvard. Vamos entender as concepções dessa técnica de negociação, as características que lhe acarretam tanto êxito e as fases de desenvolvimento, tendo como base a conceituação de negociação e sua distinção de outros métodos de resolução de conflitos. Como apresentado nos estudos anteriores, sabemos que no Brasil, após a Lei de Mediação, o novo Código de Processo Civil e a própria globalização 3 aumentaram adeptos de muitas formas alternativas de resolução de conflitos para diminuir o congestionamento no judiciário e cooperar no desempenho da própria economia empresarial. Além disso, essa questão é uma discussão importante, pois a todos os cidadãos deve ser garantido o acesso à justiça de forma eficiente. Assim, a utilização de diferentes métodos pode ser uma alternativa ao processo judicial, que atualmente atinge números simplesmente inviáveis de resolver, a curto e médio prazo. É fato que a crise do Poder Judiciário se pauta na busca por melhores condições para resolver os conflitos da sociedade e no uso de técnicas alternativas que devem ser melhor recepcionadas. Sendo assim, constata-se que a negociação bem definida fornece diferentes conhecimentos, visões ampliadas da realidade e a quebra de preconceitos que abrem a comunicação de todos os ângulos para garantir que todas as partes expressem suas opiniões e demonstrem sua conduta. Nesse sentido, o método de Harvard garante que os processos de negociação prossigam pautados no respeito pelos valores e princípios, que são essenciais para garantir uma solução pacífica. É importante também considerarmos, nesta etapa, uma descrição no que se refere à abordagem da escola linear Harvard, pois está diretamente relacionada com os conceitos da mediação e como ela é usada no processo de negociação. É importante considerar que a teoria de negociação da Universidade de Harvard, com característica que se fundamenta na teoria da compreensão do conflito, é aplicada em diversas áreas de conhecimento, inclusive no mundo jurídico, onde se destaca por meio do instituto da mediação. Sendo então a negociação importante para manter o equilíbrio das relações, sejam elas sociais, comerciais ou organizacionais, esta temática foi muito bem abordada pela Universidade de Harvard, quando no ano de 1979 foi instituído o Projeto (ou Método) de Negociação de Harvard, também denominado Harvard Negotiation Project (HNP), como é comumente conhecido. Um dos livros mais famosos que apresenta o método é Getting a Yes, escrito pelos autores Roger Fisher, William Ury e Bruce Patton, que descreve uma abordagem de senso comum à negociação. O livro, cuja versão para português é intitulada Como chegar ao sim, tem como dimensionamento demonstrar um método de negociação que pode ser usado em vários negócios, nas mais diversas situações, com base nos princípios de uso. Os autores do projeto HNP tratam na obra original sobre os métodos da 4 negociação e colocam os princípios como base central, cujo objetivo é alcançar os méritos e benefícios mútuos mediante uma questão conflituosa, conforme explicado a seguir: O método da negociação baseada em princípios, desenvolvido no Projeto de Negociação de Harvard, consiste em decidir as questões a partir de seus méritos, e não através de um processo de regateio centrado no que cada lado se diz disposto a fazer e não fazer. Ele sugere que você procure benefícios mútuos sempre que possível e que, quando seus interesses entrarem em conflito, você insista em que o resultado se baseie em padrões justos, independentes da vontade de qualquer dos lados. O método da negociação baseada em princípios é rigoroso quanto aos méritos e brando com as pessoas. Não emprega truques nem a assunção de posturas. (Fisher; Ury; Patton, 2005, p. 15) Empatia, benevolência, concessões com a rigorosidade e assertividade em uma negociação são atributos que a Escola de Negociação de Harvard priorizou para o desenvolvimento do processo de uma negociação baseada em princípios (Fernandes, 2014). Observa-se que o método busca considerar uma negociação baseada em princípios e métodos, cujo resultado seja satisfatório para ambas as partes e que também seja eficaz e amistoso. Ao analisar a obra Como chegar ao sim, Alfred Habib Sioufi Filho (2012, p. 89) indica quatro pontos fundamentais de negociação: “Concentre-se nos interesses não nas posições. Invente opções de ganho mútuos. Separe as pessoas dos problemas. Insista em critérios objetivos”. As características mencionadas pelo autor acima citado podem definir que a forma de negociação poderá ser direta e que poderá também ser utilizada para resolver problemas. Por sua vez, Vasconcelos (2008) expõe as fases de negociação, dando ênfase à fase de planejamento e elenca os equívocos que muitas pessoas têm no que se refere ao termo barganha. Nesse sentido, o autor elenca que: O bom negociador sabe que toda negociação comporta as fases de planejamento, execução e controle. E também sabe que a fase de planejamento – em que se procura explorar o objetivo da negociação e os interesses e padrões da outra parte – pode ser decisiva. Portanto, negociação não é barganha posicional do tipo perde-ganha, com o mero intuito de levar vantagem. (Vasconcelos, 2008, p. 75) Ao retomarmos as concepções relacionadas ao Programa de Negociação de Harvard, enfatizamos que está amparado em cinco fases da negociação, que são: preparação, criação, negociação, fechamento e reconstrução. A negociação em si subdividida em sete princípios primordiais para alcançar a efetividade na solução de conflitos, sendo eles: os interesses, as opções, as alternativas, as 5 legitimidades – como elementos objetivos – e a comunicação, o relacionamento e o compromisso – como elementos de subjetividade (Maraschin, 2017). 1.1 Os princípios para se alcançar uma negociação eficiente 1.1.1 Dos Interesses No que se refere aos interesses, o método de negociação da Universidade de Harvard busca priorizar entre as partes litigantes, comunicação focada napersuasão, que vai direto ao mérito das questões discutidas. De acordo com Ferreira (2016, p. 169), deve-se negociar os interesses, considerando o fato de que, muito embora as posições sejam divergentes, os interesses podem ser os mesmos. Podemos aqui exemplificar com a seguinte situação: há duas meninas com interesse em uma laranja. Cada uma das meninas queria a laranja inteira. Após negociarem, acordaram em dividi-la ao meio. No entanto, uma das meninas usou sua metade da laranja para extrair suco e a outra usou a sua metade para retirar a casca e elaborar um doce. Note-se que ambas queriam a laranja inteira, porém, se tivessem observado além das suas posições, ou seja, o interesse de cada uma na utilização da laranja, poderiam ter realizado um acordo em que ambas teriam sido beneficiadas, o processo de negociação poderia ter sido muito mais satisfatório (Siouf Filho, 2012, p. 90). Também podemos utilizar a metáfora do iceberg, que nos permite entender os interesses das partes litigantes. Perceba que a ponta do iceberg, sendo a parte visível, é conhecida por todos, sendo então possível descrever a posição de cada sujeito na demanda. Porém, a parte que está submersa está relacionada diretamente aos verdadeiros interesses individuais, onde um não sabe da real intenção ou desejo do outro. Para Peixoto (2017), deve-se inverter o iceberg, deixando embaixo da água a parte menor, que representa as posições, enquanto a parte maior, que representa os verdadeiros interesses, fica flutuando. Com essa analogia, podemos constatar que podem existir diversas posições para satisfazer os interesses. Nesse sentido, constata-se que o método delineado pela Universidade de Harvard tem como escopo identificar os interesses com perspectivas subjetivas como comuns, opostos ou diferentes. 6 Sobre essas divergências de posições, Peixoto (2017, p. 23) apresenta algumas ponderações: De fato, quando nos deparamos com posições antagônicas (interesses opostos) à nossa, usualmente presumimos que elas refletem interesses também antagônicos. Não obstante, mesmo em situações de conflito, podemos identificar, além dos interesses opostos, alguns interesses comuns (como o dos pais em processo de separação em relação ao bem-estar dos filhos), e mesmo interesses diferentes/distintos, que podem ser complementares entre si. Veja-se o caso da briga pela laranja entre as duas irmãs e a solução que poderia ser dada, caso a mãe tivesse explorado os interesses primeiro para só depois decidir: os interesses de ambas eram distintos, porém complementares em relação à laranja, e, se harmonizados, poderiam explorar todo o potencial do bem pretendido. Considerando o exemplo utilizado pelo autor, observa-se que sempre haverá interesses múltiplos e que a identificação de todos esses interesses é essencial para um acordo satisfatório. Portanto, registrar esses interesses é de grande valia. Para priorizar essas concepções, baseando-se na obra de Fisher, Ury e Patton (2005), Peixoto (2017, p. 24) elabora um guia onde elenca sete passos para ratificar o método: 1) Evidencie seus interesses: detalhes concretos não apenas tornam plausível a descrição, mas lhe acrescentam impacto. Convença o outro lado de que o seu problema merece atenção, tentando colocá-los na mesma situação hipotética. 2) Reconheça os interesses deles como parte do problema: reciprocidade é importante para a credibilidade. Repetir o interesse, reconhecendo sua importância, é uma boa estratégia. Isso também vai ajudar ao fechamento do acordo, caso se reconheçam interesses comuns. 3) Coloque o problema antes de sua resposta: para que eles entendam e ouçam os seus argumentos, deve- se iniciar expondo os problemas, interesses e ponderações, e só depois oferecer suas conclusões e propostas. 4) Olhe para a frente, não para trás: evite manter uma discussão reativa, sem objetivo de avançar sobre o entendimento dos interesses envolvidos. 5) A pergunta “Por quê?” tem dois sentidos bem diferentes: seus interesses serão mais bem atendidos se você falar sobre onde deseja chegar, em vez de dizer de onde veio. Discutir sobre o passado é menos produtivo do que discutir o que deve ser feito amanhã. 6) Fale sobre coisas concretas, mas seja flexível: utilize o conceito da “especificidade ilustrativa”, tratando cada opção como simplesmente uma ilustração/exemplo, para manter sua flexibilidade e facilitar a conversão dos seus interesses em opções específicas, mas sem amarrações imediatas. Não apenas se deve entrar em uma reunião com mais de uma opção específica, mas deve-se manter a mente aberta a novas opções. 7) Seja duro com o problema, mas afável com as pessoas: é recomendável ser duro quando expuser o problema, comprometendo-se com o próprio interesse (defesa forte do interesse). Entretanto, deve-se separar os problemas das pessoas, para que não caiam na defensiva e deixem de ouvir. Atacar o problema, sem culpar as pessoas é importante para manter o relacionamento. Inconsistências tendem a ser rejeitadas pelos humanos, que agem para eliminá-las (técnica da dissonância cognitiva). Deve-se ser ao mesmo tempo firme e aberto. 7 É possível concluir que os interesses das partes litigantes podem ser efetivamente ratificados ao utilizar os sete passos indicados por Peixoto (2017). Consequentemente, as partes que estão em litígio podem chegar a uma situação recíproca de empatia, a um pensamento racional, comutativo, livre de emoções, focado nos interesses das duas partes e, ao mesmo tempo, respeitoso e objetivo. Na metáfora da laranja, por exemplo, cada uma das irmãs poderia ter recebido 100% do que realmente desejavam. 1.1.2 Das Opções Quando se trata de conflitos e procedimentos relacionados à solução, é muito comum observarmos o posicionamento das partes voltado apenas para o que lhes interessa. Porém, o método apresenta que há necessidade de as partes delinearem outros posicionamentos, focando em ganhos mútuos, ou seja, é necessário buscar e aplicar outras opções e apontar que esse procedimento é positivo para as partes. Usar a criatividade para alcançar bons resultados no processo de negociação é uma das características do bom negociador, que deve estar isento de julgamentos críticos ou exacerbados, pois não existe uma resposta única, considerando a diversidade de interesses dos conflitantes (De Seta; Pepe; Oliveira, 2006, p. 79). 1.1.3 Da Legitimidade No que se refere ao interesse em solucionar conflitos, é necessário considerar que a legitimidade dos conflitantes deve estar baseada na negociação de princípios, mútuo consentimento e aceitação por uma das partes. De acordo com Burbridge (2007, p. 74), os critérios objetivos que podem auxiliar na solução de conflitos estão relacionados a “padrões de legitimidade, que são padrões ou critérios de referência aceitos no mercado, na comunidade ou em certas organizações, que auxiliam a estabelecer a justiça ou a correção de determinada solução para certas situações”. Na concepção da Escola de Harvard, para realizar a negociação, deve-se analisar e discutir critérios objetivos, ao invés de posições subjetivas. Por fim, deve-se fixar em critérios objetivos, padrões e procedimentos justos, pois independem da vontade das partes e são legítimos e práticos para assegurar uma zona de conforto, sendo passíveis de demonstrar uma solução de benefícios 8 mútuos (Ferreira, 2016, p. 169). Nota-se que demonstrar à outra parte a legitimidade das alegações traz mais segurança para possíveis deliberações. 1.1.4 Das Alternativas Não sendo possível fechar o acordo almejado, deve-se considerar a admissão de possíveis alternativas que podem ser seguidas. Fisher e Ury conceituam essa questão de MAPAN (Melhor Alternativa para um Acordo Negociado) ou MASA (Melhor Alternativa sem Acordo), que se equipara no contexto ao plano B. De acordo com Peixoto (2017), há necessidade,de identificar, individualizar e explorar todas as possibilidades de alternativas para só então valorá-las e eleger a melhor dentre as existentes. Em caso de não haver acordo, a MAPAN/MASA, além de ser uma forma positiva empregada na resolução de conflitos, tem também a vantagem de ser flexível e assim permitir a análise de diversas outras soluções criativas para o problema. Além disso, “saber o que fazer em caso de a negociação falhar lhe dará maior confiança durante o processo” (Peixoto, 2017, p. 32-34). Como regra geral, é primordial dominar o processo de negociação, conhecer todos os fatores e, inclusive, quais são os intuitos das partes litigantes. Essa estratégia permitirá alcançar melhores alternativas para solução do conflito. 1.1.5 A Comunicação Muito embora a Escola de Harvard defenda que se deve separar as pessoas do problema, entende-se por outro lado que a comunicação, sendo um dos elementos de critério subjetivo, é uma característica essencial do negociador, pois estabelecer um diálogo com o intuito de identificar pontos e interesses comuns entre os litigantes faz o diferencial para um futuro acordo. A comunicação sempre deverá ser pautada no respeito mútuo e com interesse pela opinião e fala do outro. Além do mais, conforme enfatizado por Mourão (2008), ao estabelecer uma comunicação positiva, cria-se empatia no sentido de afastar qualquer julgamento ou intenções que possam minar a solução do conflito. 9 1.1.6 Do Relacionamento O elemento relacionamento está diretamente ligado às tratativas e à forma respeitosa que cabe não somente ao negociador, mas também às partes conflitantes. Dentro do método Harvard, é a porta de entrada para uma boa negociação, considerando o fato de que a negociação é uma atividade que pode afetar profundamente qualquer tipo de relacionamento humano e produzir benefícios duradouros para todos os participantes. Por este motivo, construir um relacionamento saudável exige colocar-se no lugar do outro, criar um ambiente propício à troca de informações, reconhecer sentimentos e emoções, além de separar o problema e a pessoa. 1.1.7 Do Compromisso O último elemento subjetivo está relacionado ao compromisso que efetivamente é a concretização do acordo. Quando elaborado conforme a Teoria da Universidade de Harvard, tende a ser mais objetivo e amistoso. Nesta fase, o negociador deve cumprir todas as formalidades ao redigir o termo de acordo, sendo criterioso desde o linguajar, prazos, garantias ou penalidades, pois, conforme afirma Mourão (2014), o compromisso deve ser exequível, exigível, prático e duradouro. Por isso, muitas vezes é pertinente ter conhecimento de questões jurídicas para elaborar referido acordo. TEMA 2 – PRINCIPAIS ASPECTOS E A APLICABILIDADE DA TEORIA DOS JOGOS (TEORIA DO EQUILÍBRIO DE JOHN NASH) A Teoria dos Jogos é um compilado de técnicas matemáticas e amplamente utilizada em diversas áreas do conhecimento, cujo interesse é o de compreender os fenômenos apresentados quando agentes que precisam decidir interagem e, na maioria das vezes, resulta em decisões racionais, devendo-se entender, neste contexto, o termo racionalidade no sentido de que cada sujeito toma suas decisões com o objetivo de maximizar algum tipo de ganho pessoal. A Teoria dos Jogos é muito utilizada para auxiliar a análise de fenômenos de caráter decisório, sem necessariamente considerar uma resposta rígida para todas as questões, mas com o intuito de oferecer ferramentas de análise a serem utilizadas para identificar detalhes essenciais à boa tomada de decisão, como as possíveis escolhas dos sujeitos envolvidos e suas respectivas consequências. Por 10 este motivo, a força motriz da Teoria dos Jogos é a busca por uma abordagem unificada no tratamento de qualquer situação de interação estratégica e de um princípio universal que nos leve a prever os possíveis desdobramentos nas mais diversas situações. Podemos ter como base exemplos relacionados a uma partida de xadrez, um jogo de pôquer, um encontro onde líderes mundiais se reúnem para discutir sobre a diminuição do desmatamento ou até mesmo uma disputa eleitoral. O que podemos observar é o seguinte: em todas essas questões, temos indivíduos ou organizações envolvidas em uma situação de interdependência recíproca, em que as decisões tomadas por cada um não influenciam apenas no seu ganho final, mas também nos ganhos e perdas dos demais envolvidos, e vice-versa. Sempre que um conjunto de indivíduos, empresas, partidos políticos, entre outros, estiverem em uma situação de interdependência recíproca, em que as decisões tomadas por cada agente influenciam não somente o seu próprio resultado como também os resultados dos demais envolvidos, significa que esses agentes se encontram em um esquema de “jogo”. De acordo com os estudos apresentados por Fiani (2006), os primeiros trabalhos sobre teoria dos jogos foram desenvolvidos pelo matemático húngaro John Von Neumann (1903-1957), e em parceria com o economista alemão Oskar Morgenstern (1902-1977), Neumann publicou em 1944 o livro The theory of games and economic behavior, que propunha uma solução matemática para um problema conhecido como jogo de soma zero, situação de competição em que o ganho de um dos jogadores representa uma perda de igual valor aos outros. Porém, o uso de jogos de soma zero apresentava limitações em decisões que envolviam um grande número de interações entre indivíduos, sendo que essas limitações foram superadas no início dos anos 1950 por John Nash (1928- 2015), que revolucionou a economia a partir de seu conceito de equilíbrio e apresentou inéditos conceitos à teoria dos jogos: cooperação e equilíbrio. Enquanto a teoria de Neumann era voltada aos jogos de soma zero, nos quais, para ganhar, um dos competidores inevitavelmente levava o adversário à derrota, caracterizando-se em uma ação não cooperativa, Nash, por sua vez, inseriu um novo elemento na teoria dos jogos, a cooperação, trazendo a noção de que é possível maximizar ganhos individuais e proporcionar ganhos coletivos se os jogadores cooperarem entre si. Deutsch (2004) enfatiza em seus estudos a importância das teorias de John Nash no sentido de que uma situação cooperativa ocorre quando um participante 11 do processo, ligado de forma positiva a outro, comporta-se de maneira a aumentar suas chances de alcançar o objetivo e, consequentemente, aumenta a chance de que o outro também o faça. Lembramos neste contexto que a cooperação é um fenômeno estabelecido por um processo de confiança mútuo e, por isso, pode não se evidenciar em um primeiro momento, pois, para adquiri-la, é necessário um diálogo prévio ou até mesmo negociações anteriores pautadas numa relação contínua. O clássico dilema dos prisioneiros retrata muito bem a lógica apresentada por John Nash: Dois suspeitos de terem violado a lei são interrogados separadamente, entretanto, a polícia não tem evidências para condenação. Diante disso, propõe uma estratégia com as seguintes condições: (i) oferece pena de um ano de prisão para ambos se rejeitarem o acordo; (ii) propõe pena de dois anos de prisão se ambos aceitarem o acordo e testemunharem um contra o outro e; (iii) se apenas um testemunhar contra o outro, o delator ficará livre da prisão, mas o delatado terá que cumprir a pena de três anos. Os suspeitos não tiveram a oportunidade de dialogar sobre a melhor alternativa, pelo contrário, foram interrogados individualmente sem direito a conversar, dificultando a aplicação de estratégias. Nesse caso, a tendência é que ambos suspeitos acusem um ao outro, ao invés de não aceitarem o acordo e cumprir a pena de um ano de prisão. Sem dúvidas, se houvesse uma comunicação prévia entre os prisioneiros, aumentar-se-iam as chances de cooperação a partir de uma combinação de estratégias. Ambos poderiam recusar o acordo formuladopela polícia e cumprir apenas um ano de prisão. Mas, sem diálogo prévio, não há como saber se a outra parte agirá de forma cooperativa, mormente em se tratando de dinâmica com uma única rodada, o que frequentemente leva as partes a não cooperarem. (De Souza Netto; Leal; Garcel, 2020, p. 23) Outro ponto primordial que está relacionado à Teoria dos Jogos e que foi difundido por John Nash é a noção do equilíbrio, que consiste em estratégias que podem ser utilizadas pelos sujeitos tendo como técnica as melhores respostas, ou seja, é o ponto em que, dadas as estratégias escolhidas, nenhum dos jogadores se arrepende. Por esse motivo, não há necessidade de mudá-las, caso jogassem o jogo novamente. Almeida (2003) elenca que se todos fizerem o melhor para si e para os outros, todos ganham, pois essa é a essência da cooperação e equilíbrio difundido por John Nash. A ideia de cooperação não está desvinculada do ganho individual, porém é preciso entender que a cooperação traz a noção de que é possível maximizar ganhos individuais cooperando com o adversário, pois a estratégia está vinculada ao mesmo tempo no individual e no coletivo. 12 TEMA 3 – A TRANSFORMAÇÃO PELA MEDIAÇÃO DOS CONFLITOS: A PRÁTICA DA MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA Como temos estudado ao longo deste curso, constatamos que a vida em sociedade sempre foi marcada por conflitos nas mais diversas esferas, como, por exemplo: conflitos familiares, entre vizinhos, nas relações de trabalho ou ainda conflitos de alcance internacional. Na busca de encontrar uma resposta, uma solução para a disputa conflitante, uma das alternativas mais usuais é procurar o Poder Judiciário, que por sua vez, e considerando a crise instaurada em decorrência do abarrotamento de litígios, procurou encontrar caminhos alternativos, como, por exemplo: a mediação, dando ênfase então à solução dos litígios por meio da cultura do diálogo, privilegiando comunidades até então excluídas, por intermédio do que podemos caracterizar como mediação comunitária, que tem o propósito de tratar o conflito de forma pacífica, desconsiderando a cultura do ganhar/perder, mas sobretudo privilegiando a cultura do ganhar/ganhar como manifestação do pluralismo jurídico comunitário-participativo e que tem como fundamento o empoderamento dos membros das comunidades carentes, considerando a realidade na qual pertencem e tornando-os responsáveis pela resolução dos conflitos nos quais estão inseridos, respeitando sobretudo a garantia do direito fundamental do acesso à justiça como prática da cidadania, com o objetivo de aflorar a cultura do diálogo, na procura da harmonia social. Neste sentido, Wolkmer (2015) enfatiza que a mediação comunitária pode ocorrer de forma prática pluralista alternativa, ou seja, dentro do próprio ordenamento jurídico-estatal, ou poderá ser instituída à margem da juridicidade determinada pelo Estado, resultando em ações com menos informalidade, menos burocracia e mais agilidade. O autor ainda enfatiza que atualmente pode-se constatar que cada vez mais a mediação comunitária está se ampliando, tendo sido contemplada no atual Código de Processo Civil, sendo que o Conselho Nacional de Justiça instituiu esta modalidade dentro das diretrizes de políticas públicas. Dos programas de mediação comunitária existentes no país, na sua maioria, são coordenados por ONGs, Ministério Público, ou são vinculados ao próprio Poder Judiciário e até mesmo universidades. Podemos citar neste estudo o programa Balcão de Direitos, que é um projeto promovido pela Organização Não Governamental VIVARIO e é um exemplo consistente de mediação de conflitos 13 em comunidades carentes com alto índice de violência. É um projeto implantado em diferentes Estados brasileiros, tendo sido desenvolvido inicialmente no Rio de Janeiro. Criado em 1997, o Balcão de Direitos promove, em comunidades e periferias, o estabelecimento de espaços comunitários de mediação e conciliação e a democratização do conhecimento do direito e dos serviços públicos. Os Balcões mesclam conhecimentos acadêmicos, com as regras locais vivenciadas pelos moradores das comunidades. Participam do projeto advogados, estudantes de direito e agentes de cidadania residentes nos locais. O Projeto Justiça no Bairro, instituído pelo Tribunal de Justiça do Paraná, tem grande destaque, pois facilita e multiplica o acesso da população economicamente carente aos serviços do Poder Judiciário. Dentre os muitos benefícios que este instituto proporciona, principalmente no que se refere à valorização das características culturais de cada comunidade, Camelo (2006) elenca que a prática da mediação permite o estreitamento de laços entre os membros da comunidade, fazendo com que desenvolvam pensamentos de forma coletiva para que possam buscar soluções para os mais diversos conflitos que surgem das relações familiares, de vizinhança, comerciais, entre muitas outras. Dessa forma, Spengler (2012) ressalta que a mediação comunitária pode ser considerada como um fundamento de acesso à Justiça no sentido de contribuir para a efetiva pacificação social, pois, além de garantir aos envolvidos uma clara compreensão de seus direitos, e por ser tratada dentro das diretrizes de políticas públicas, a mediação comunitária vem cada vez mais sendo aperfeiçoada. Neste sentido, podemos concluir que a mediação comunitária não significa tão somente a variação de alcance ao acesso à justiça; é muito mais do que isso, conduz a um determinado grau de democratização, equivalente à realização de cidadania plena alcançada por quem dela participa, ao passo em que gere cidadãos ativos que compartilham efetivamente da vida social de sua comunidade. 14 TEMA 4 – A NEGOCIAÇÃO COMO FERRAMENTA DOS CONFLITOS ORGANIZACIONAIS: PROCEDIMENTOS E TÉCNICAS A temática deste estudo está relacionada à abordagem das concepções da negociação como uma forma de solução do conflito no âmbito organizacional e quais técnicas de gerenciamento de conflitos podem utilizadas pelos gestores. Temos observado ao longo do nosso estudo que, a partir do momento em que as pessoas começam a se relacionar, os conflitos e as divergências começam a surgir. O ambiente organizacional não está isento de vivenciar questões conflituosas, podendo ter características de cunho pessoal, interpessoal e de coalizões que só surgem quando há divergências de interesses. Ou seja, quando os objetivos dos envolvidos são opostos e podem se manifestar dentro das organizações, tornando-se assim conflitos organizacionais. No que se refere ao âmbito organizacional, em meados do século XX, o conflito era tido como uma variável negativa dentro das organizações, algo extremamente ruim, fonte de muitos problemas, sendo considerado como algo destrutivo. Inclusive, evitava-se de todas as maneiras a geração de conflitos dentro da empresa, era ignorado, negado e até mesmo administrado de maneira rude e ríspida, inclusive com punições. Podemos dizer que, felizmente, na atualidade essa visão mudou. As organizações passaram a entender que o conflito é inerente às relações sociais. Então, buscaram e buscam transformá-lo em algo positivo e construtivo, onde ferramentas de gerenciamento são utilizadas pelos gestores de empresas que objetivam transformar o conflito inerente do dia a dia em atitudes positivas, mecanismos de estratégias cooperativas, corporativas, entre outros. Podemos considerar que essa mudança de postura por parte das organizações está relacionada aos conceitos defendidos pela Escola das Relações Humanas, no sentido de que o conflito é uma consequência natural nos grupos e nas organizações e que, por ser natural, sua ocorrência é inevitável e, portanto, deve ser aceito. De acordo com essa abordagem, o conflito é considerado não necessariamente ruim, sendo que sua existência pode ser racionalizada, pois o conflito,quando bem administrado, tem o potencial de ser uma força positiva para o desempenho do grupo, havendo ocasiões em que ele pode inclusive ser benéfico (Robbins, 2002). Completando a ideia de Robbins, Chiavenato (2003) afirma que as Escolas das Relações Humanas enfatizavam o conflito industrial entre os interesses da organização e os interesses dos 15 empregados como basicamente indesejáveis. Por este motivo, procuram promover a harmonia organizacional, despreocupando-se das importantes funções sociais do conflito (Chiavenato, 2003, p.135). Infere-se nesse sentido que o conflito pode ter conotação positiva, pois o embate pode gerar ideias e discussões de vários assuntos, permitindo assim inúmeras opiniões diferentes, com objetivo de que todos possam se beneficiar, inclusive a empresa. É fato que o conflito pode ser gerado a qualquer tempo e momento, e saber gerenciá-lo é de suma importância para a sobrevivência de qualquer empresa inserida em um ambiente competitivo. Mallory (1997, p. 97) enfatiza que “se você aprender a administrar o conflito, ao invés de deixar ele administrar você, irá descobrir novas ideias e novas soluções para problemas e aprender muito sobre você no processo”. O autor ainda pontua que é necessário que o conflito seja administrado com calma e tranquilidade, manter o controle emocional e mostrar que a pessoa envolvida sabe contornar situações inesperadas. Em todo esse processo, uma boa negociação também se faz presente e com certeza resultará na satisfação das partes. Um bom começo para a discussão sobre o poder de negociação como estratégia organizacional é entendê-la na sua essência. Nos pautamos então na conceituação apresentada por Martinelli (2002, p. 2), no sentido de que “negociação é o processo de comunicação com o propósito de atingir um acordo agradável sobre diferentes ideias e necessidades”. Dessa forma, é possível compreender que a negociação está estreitamente ligada ao processo de comunicação e de persuasão, visando atingir, de forma positiva, o objetivo de todos os envolvidos no processo. Por sua vez, Robbins (2002, p. 61) define negociação como um “processo pelo qual duas ou mais partes trocam bens ou serviços e buscam um acordo sobre as vantagens dessa troca para elas”. Completando a ideia exposta anteriormente, Chiavenato (2003, p. 60) relata que “negociação ou barganha é o processo de tomar decisões conjuntas quando as partes envolvidas têm preferências ou interesses diferentes”. Diante dessas afirmações, é possível inferir que o ato de negociação perpassa o processo de comunicação, pois aborda a satisfação de interesses distintos através das decisões dos envolvidos, ou seja, o processo de negociação é aquele que utiliza a comunicação para tomada de decisão a fim de atingir os objetivos de todos aqueles que estão envolvidos no conflito. Outra característica essencial está relacionada ao processo denominado negociação integrativa, onde as partes conflitantes buscam um resultado cuja 16 soma seja diferente de zero, envolvendo muitas questões que diferem em importância para as partes, possibilitando ganhos mútuos, ou seja o ganha-ganha – que tem como base a colaboração. “São jogos cooperativos onde todos os jogadores ganham, ainda que não necessariamente as mesmas recompensas” (Junior, 2011, p. 18). É importante compreender que a negociação integrativa se refere à negociação realizada em torno de vários objetos ou pontos de debates, onde os negociadores envolvidos no processo, mesmo com intenções divergentes, não são considerados oponentes, pois a intenção é a de somatória de interesses, e não a divisão deles, possuindo os interesses mútuos como prioridade, sobrepondo-se assim aos interesses individuais. Dessa forma, eles irão integrar seus empenhos a fim de obterem um retorno maior. TEMA 5 – INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: HABILIDADE DO GESTOR NA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS Considerando a causa das diferenças estruturais entre pessoas, em seus objetivos e interesses que são muito variados, a relação entre essas pessoas sempre produz alguma espécie de conflito. De acordo com Chiavenato (2010), esses conflitos podem ser entendidos como algo inerente à vida e às organizações humanas. Em se tratando das relações no ambiente organizacional, é fato que muitas vezes o conflito é algo inevitável. Por isso, o gestor organizacional tem como uma das principais atribuições a busca por melhores resultados. Logo, quando surge um conflito, ele deve identificar e agir como um conciliador, ou seja, ser um instrumento capaz de auxiliar as partes envolvidas a solucionar o conflito existente. A atuação do gestor deve ser pautada nos princípios da neutralidade, ou seja, não deve “entrar” no conflito e muito menos tomar partido, deve impor respeito, confiança e deixar claro para as partes envolvidas o que é melhor para organização e, consequentemente, para a equipe de trabalho, o que exige um grande controle emocional que pode contribuir para amenizar seus efeitos adversos. Todavia, pontuamos aqui que não são aptidões inatas, mas sim habilidades adquiridas. Para que isso seja possível, Lemos (2015) elenca a necessidade de o gestor colocar em prática a empatia, demonstrar imparcialidade entre seus 17 colaboradores, ser um bom ouvinte, ter comunicação assertiva, ser flexível e ter equilíbrio em suas ações e emoções. Isso porque, ainda segundo o autor, solucionar conflitos significa, na maioria das vezes, tentar entender as causas e conduzir ações para que se chegue a um ponto de equilíbrio aceito pelas partes envolvidas, minimizando o máximo das possíveis perdas para cada indivíduo e até mesmo para a organização. De acordo com Fernandes Neto (2005), para que injustiças não sejam cometidas e para que o conflito tenha um desfecho positivo, é essencial que antes de qualquer decisão ou ação o gestor conheça detalhes dos fatos ocorridos, o que pode ser empreendido por intermédio de uma escuta ativa, análise dos fatos, identificação dos envolvidos, suas condutas, contexto histórico, entre outros fatores. Considerando essas habilidades que devem ser desenvolvidas pelo gestor, nos baseamos em Goleman (2011), que aponta a necessidade de Inteligência Emocional para saber lidar com pessoas, chamando atenção à importância das emoções nos fenômenos humanos, e assim caracterizando-a como a capacidade de saber identificar suas próprias emoções e também as dos outros, bem como de alguma maneira controlar essas emoções, tanto em si quanto nos outros, e guiá-las para a produção de resultados. Ferreira (2016) reforça a ideia de que o desenvolvimento da Inteligência Emocional gera autocontrole, hábito da crítica aos próprios pensamentos e poderá dar maior controle e reflexão ao gestor ou sobre suas decisões em momentos de tensão, baseando suas decisões em variáveis que irão favorecer as ações, pois ele poderá perceber as necessidades emocionais da equipe, bem como perceber seus anseios, aquilo que pode lhes motivar, desmotivar. Em conformidade com Silva (2010), a Inteligência Emocional e as emoções em si são pontos fundamentais para a tomada de decisão e são determinantes nas relações interpessoais, principalmente quando se trata de questões conflituosas. Para que o gestor organizacional possa desenvolver habilidades necessárias para lidar com o conflito, nos pautamos nos estudos de Goleman (2011), que dividiu a Inteligência Emocional em 5 domínios que são o alicerce para atitudes que impactem no sucesso pessoal e profissional. 18 Quadro 1 – Alicerces da Teoria da Inteligência Emocional Pilares Definição dos Pilares da Inteligência Emocional Autopercepção É a capacidade de entender os próprios sentimentos em uma situação, desenvolvendo uma conduta adequada na tomada de decisão. Fazer uma avaliação realista de nossas próprias capacidades e possuir umasensação bem fundamentada de autoconfiança. Autorregulação Lidar com as próprias emoções de forma que facilitem as atividades do dia a dia; é não permitir que reações inadequadas atrapalhem o bom andamento da vida, recuperar-se de aflições emocionais. Motivação Utilizar nossos desejos para impulsionar-nos e guiar-nos a traçar objetivos e alcançar metas, com o intuito de tornar-nos eficazes, perseverando diante de frustrações e dificuldades. Empatia É criar conexões afetivas com um número grande de pessoas, é perceber seus anseios e utilizá-los de forma favorável para cultivar a sintonia com o maior número de indivíduos possível. Aptidões Sociais Lidar bem com as emoções na convivência com outras pessoas, e perceber situações e redes políticas; interagir com facilidade e utilizar essas habilidades para liderar, negociar e solucionar divergências, bem como para a cooperação e o trabalho em equipe. Fonte: Tavares, 2018. Chiavenato (2004, p. 418) afirma que “uma qualidade importante no administrador é sua qualidade de administrar conflitos”. Ressalta-se nesse ponto que saber gerir conflitos é primordial para favorecer a harmonia organizacional, sendo que o contrário pode ser um fator desmotivador para as pessoas envolvidas. Corroborando com essas concepções, Berg (2012), tendo como base os métodos de Kenneth Thomas e Ralph Kilmann, propõe cinco formas de administrar conflitos: Quadro 2 – Cinco formas de administrar conflitos Competição Atitude assertiva e não cooperativa onde prevalece o uso do poder. Ao competir, o indivíduo procura atingir seus próprios interesses em detrimento dos da outra pessoa. É um estilo agressivo, no qual o indivíduo faz uso do poder para vencer. Acomodação Atitude inassertiva, cooperativa, autossacrificante e oposto da competição. Ao se acomodar, a pessoa renuncia aos seus próprios interesses para satisfazer os interesses da outra parte. É identificada como um comportamento generoso, altruísta e dócil. Afastamento Atitude inassertiva e não cooperativa, pois ao afastar-se a pessoa não se empenha em satisfazer os seus interesses e tampouco coopera com a outra pessoa. O indivíduo se coloca à margem do conflito, adiando-o ou recuando perante situações de ameaça. Acordo Posição intermediária entre a assertividade e cooperação. Nesta situação o indivíduo procura soluções que satisfaçam parcialmente os dois lados. O acordo significa trocar concessões, ou então procurar por uma rápida solução de meio termo. Neste caso todos cedem, ganhando e perdendo. 19 Colaboração Atitude tanto assertiva quanto cooperativa, na qual ao colaborar o indivíduo procura trabalhar com a outra pessoa buscando encontrar uma solução que satisfaça plenamente os interesses das duas partes. Fonte: Berg, 2012. Dessa forma, e considerando que pessoas, empresas, culturas e fatos geradores são diferentes em cada caso rotineiro no ambiente organizacional, o que por sua vez ocasiona conflitos diferentes, e o fato de que que não existe uma receita pronta, o gestor deve analisar e identificar o método mais eficaz de acordo com a realidade organizacional e sobretudo conflituosa na qual está inserido. Por isso, exercendo o papel de conciliador, considera-se importante conhecer e servir- se das várias opções à disposição. Como estudado nos tópicos anteriores, considera-se que um conflito nem sempre é negativo, mas por vezes pode ser considerado maléfico não só à equipe de trabalho, mas à organização como um todo. Com base nisso, a visão do gestor tem papel primordial para que se extraia o melhor das situações conflituosas. Assim, utilizando-se dos métodos adequados, pode-se proporcionar o desenvolvimento e a mudança das pessoas e da organização. 20 REFERÊNCIAS ALMEIDA, F. P. L. de. A Teoria dos Jogos: Uma fundamentação Teórica dos Métodos de Resolução de Disputa. In: AZEVEDO, A. G. de (Org.). Estudos em Arbitragem, Mediação e Negociação. v. 2. Brasília: Grupos de Pesquisa, 2003, p. 175-200. BERG, E. A. Administração de conflitos: abordagens práticas para o dia a dia. Curitiba: Juruá, 2012. BURBRIDGE, R. Marc et al. Gestão da negociação. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. CAMELO, M. C. Mediação comunitária: realização de uma justiça cidadã? Fortaleza, 2006. CATUSSO, J. Revista Eletrônica do CEJUR, Curitiba-PR, a. 2, v. 1, n. 2, ago./dez. 2007. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: e o novo papel dos recursos humanos na organização. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. _____. Gestão de pessoas: e o novo papel dos recursos humanos na organização. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. _____. Introdução à Teoria geral de administração. Rio de Janeiro: Campus, 2003. DE SETA, M. H.; PEPE, V. L. E.; OLIVEIRA, G. O. de O. (org.). 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INTRODUÇÃO TEMA 1 – MÉTODOS DE MEDIAÇÃO E NEGOCIAÇÃO UTILIZADOS PELA UNIVERSIDADE DE HARVARD 1.1 Os princípios para se alcançar uma negociação eficiente 1.1.1 Dos Interesses 1.1.2 Das Opções 1.1.3 Da Legitimidade 1.1.4 Das Alternativas 1.1.5 A Comunicação 1.1.6 Do Relacionamento 1.1.7 Do Compromisso TEMA 2 – PRINCIPAIS ASPECTOS E A APLICABILIDADE DA TEORIA DOS JOGOS (TEORIA DO EQUILÍBRIO DE JOHN NASH) TEMA 3 – A TRANSFORMAÇÃO PELA MEDIAÇÃO DOSCONFLITOS: A PRÁTICA DA MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA TEMA 4 – A NEGOCIAÇÃO COMO FERRAMENTA DOS CONFLITOS ORGANIZACIONAIS: PROCEDIMENTOS E TÉCNICAS TEMA 5 – INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: HABILIDADE DO GESTOR NA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS REFERÊNCIAS
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