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PRINCÍPIOS ATIVOS EM ESTÉTICA ORGANIZADORAS FLÁVIA GARRAMONE E ALINE ANDRESSA MATIELLO PRINCÍPIOS ATIVOS EM ESTÉTICA E FORMULAÇÕES EM COSMETOLOGIA ORGANIZADORAS: FLÁVIA GARRAMONE; ALINE ANDRESSA MATIELLO E GABRIELA GöETHEL. Princípios ativos em estética GRUPO SER EDUCACIONAL Princípios ativos em estética é um livro direcionado para estudantes dos cursos de estética, cosmética, química e a�ns. Além de abordar assuntos triviais, o livro traz conteúdo sobre cosmetolo- gia aplicada à estética, renovadores celulares, ativos anti-aging, e princípios ativos anticelulite, antiestrias, despigmentantes, depilatórios, antiacne, desodorantes, antiperspirantes e ativos capilares alisantes. Após a leitura da obra, o leitor vai compreender as características físico-quími- cas e as funções da barreira epidérmica; conhecer os principais princípios ativos hidratantes em formulações para procedimentos estéticos; visu- alizar a aplicação terapêutica e o mecanismo de ação dos ativos despig- mentantes; perceber as diferenças entre ativos antiperspirantes e desod- orantes, conhecer os ativos com função antiperspirantes e desodorantes que podem ser utilizados e a ação de cada um deles; saber os principais fatores que levam ao envelhecimento cutâneo; entender as características dos ativos cosmecêuticos anti-aging que atuam bene�camente no proces- so de envelhecimento; reconhecer os principais aspectos da �siopatologia das estrias e compreender como agem os ativos antiestrias; identi�car os principais ativos cosméticos empregados nos tratamentos de relaxamento capilares, e muito mais. Aproveite a leitura do livro. Bons estudos! gente criando futuro I SBN 9786555581942 9 786555 581942 > C M Y CM MY CY CMY K 20/11/2019 17:26:50eBook Completo para Impressao - Fundamentos da Educacao - Aberto.indd 1 LIVRO 1 PRINCÍPIOS ATIVOS EM ESTÉTICA LIVRO 2 FORMULAÇÕES EM COSMETOLOGIA PRINCÍPIOS ATIVOS EM ESTÉTICA (LIVRO 1) Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Diretor de EAD: Enzo Moreira Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes Coordenadora educacional: Pamela Marques Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi Garramone, Flávia. Princípios ativos em estética / Flávia Garramone; Aline Andressa Matiello. – São Paulo: Cengage – 2020. Bibliografia. ISBN 9786555581942 1. Estética 2. Cosmética 3. Química 4. Matiello, Aline Andressa. Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 E-mail: sereducacional@sereducacional.com “É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da democracia com a ampliação da escolaridade. Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer- lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no contexto da sociedade.” Janguiê Diniz PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL Autoria Flávia Garramone Especialista em Docência no Ensino Superior pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e em Acupuntura pela Faculdade de Medicina Chinesa (FTEBRAMEC). Sua formação inicial é Tecnóloga em Estética e Cosmetologia pela Universidade Anhembi Morumbi (UAM). Possui experiência em estética clínica, Spa e docência desde 2006. Ministrou aulas de estética facial, corporal e eletroterapia, atuando também como auxiliar de coordenação pedagógica de 2012 a 2015. Aline Andressa Matiello Graduada em Fisioterapia pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc). Especialista em Fisioterapia Dermatofuncional pelo Instituto Brasileiro de Terapias e Ensino (Ibrate), em Saúde Coletiva pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), e em Saúde da Família pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atualmente presta atendimento nas áreas de fisioterapia dermatofuncional, ortopédica e pilates. SUMÁRIO Prefácio .................................................................................................................................................8 UNIDADE 1 -Cosmetologia aplicada à estética ...............................................................................9 Introdução.............................................................................................................................................10 1 Cosmetologia estética e a interação biológica com a pele ................................................................11 2 Tipos de bases/veículos cosméticos .................................................................................................. 19 3 Introdução aos princípios ativos ...................................................................................................... 24 4 Aplicação dos cosméticos hidratantes no procedimento estético ....................................................28 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................34 UNIDADE 2 - Princípios ativos despigmentantes, antiacne, desodorantes e antiperspirantes .........35 Introdução.............................................................................................................................................36 1 Ativos cosméticos despigmentantes ................................................................................................. 37 2 Ativos cosméticos antiacne ............................................................................................................... 46 3 Ativos cosméticos desodorantes e antiperspirantes ........................................................................52 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................60 UNIDADE 3 - Renovadores celulares e ativos anti-aging .................................................................61 Introdução.............................................................................................................................................62 1 Anatomofisiologia do envelhecimento cutâneo ................................................................................ 63 2 Fatores genéticos e agravantes do envelhecimento cutâneo ............................................................67 3 Princípios ativos renovadores celulares ............................................................................................ 74 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................84REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................85 UNIDADE 4 - Princípios ativos anticelulite, antiestrias, depilatórios e ativos capilares alisantes .....87 Introdução.............................................................................................................................................88 1 Ativos cosméticos anticelulite ........................................................................................................... 89 2 Ativos cosméticos antiestrias ............................................................................................................. 94 3 Ativos cosméticos depilatórios e epilatórios ...................................................................................... 101 4 Ativos cosméticos alisantes e relaxantes capilares ............................................................................ 105 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................113 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................114 Princípios ativos em estética apresenta, além de conceitos comuns da área, o conteúdo parcialmente descrito a seguir em suas quatro unidades. Cosmetologia aplicada à estética, a primeira unidade, destaca os conceitos e a evolução tecnológica da cosmetologia, ou seja, o leitor vai conhecer a interação dos cosméticos com a biologia da pele. As propriedades físico-químicas das formulações cosméticas, as características dos principais princípios ativos hidratantes (e ainda seu mecanismo, concentrações usuais, indicações e contraindicações), algumas formulações com princípios ativos hidratantes também são apresentadas aqui. A segunda unidade, Princípios ativos despigmentantes, antiacne, desodorantes e antiperspirantes, explica os principais ativos cosméticos utilizados no tratamento de quadros de hipercromias faciais, fazendo que o leitor entenda como eles agem na fisiopatologia das manchas, promovendo o clareamento. Mais assuntos tratados nesta unidade: ativos cosméticos empregados no tratamento da acne e ativos existentes em produtos cosméticos desodorantes e antiperspirantes. Na sequência, a terceira unidade, Renovadores celulares e ativos anti-aging, trata dos principais ativos rejuvenescedores utilizados nos cuidados diários da pele envelhecida. Além disso, o leitor vai aprender sobre o envelhecimento intrínseco do extrínseco, e as alterações anatomofisiológicas e funcionais da pele para compreender a indicação e contraindicação dos ativos rejuvenescedores para o tratamento estético. Concluindo a obra, a quarta e última unidade, Príncipios ativos anticelulite, antiestrias, depilatórios e ativos capilares alisantes, discute os principais ativos cosméticos empregados nos tratamentos da celulite, das estrias, nos tratamentos de depilação dos ativos empregados nos tratamentos capilares de alisamento dos fios. A leitura completa desta obra é de grande valia para que o leitor aprenda de forma descomplicada este importante tópico da área de estética e cosmética. Agora é com você! Sorte em seus estudos! PREFÁCIO UNIDADE 1 Cosmetologia aplicada à estética Olá, Você está na unidade Cosmetologia Aplicada à Estética. Conheça aqui os conceitos e a evolução tecnológica da cosmetologia. Entenda a interação dos cosméticos com a biologia da pele. Compreenda as propriedades físico-químicas das formulações cosméticas destinadas aos procedimentos estéticos e aos cuidados diários da pele. Identifique as características dos principais princípios ativos (P.A) hidratantes, seu mecanismo de ação, as concentrações usuais, indicações e contraindicações. Conheça também algumas formulações básicas com princípios ativos hidratantes, amplamente utilizadas pelo profissional esteticista. Bons estudos! Introdução 11 1 COSMETOLOGIA ESTÉTICA E A INTERAÇÃO BIOLÓGICA COM A PELE Uma das principais ferramentas para o desenvolvimento dos cosméticos é a bioquímica, fisiologicamente, o conjunto de reações capaz de manter o organismo vivo e em equilíbrio. Estudar a cosmetologia e entender a biologia da pele é fundamental, pois as formulações têm predominância de compostos orgânicos que são compatíveis com as moléculas do corpo humano. A aparência da pele é uma preocupação que remonta, tanto nos cuidados para embelezar, como em atenuar as imperfeições e marcas do tempo. Com o desenvolvimento científico- tecnológico surgiu a cosmetologia, a ciência dos cosméticos (GOMES & DAMAZIO, 2013). 1.1 Cosmetologia e a história dos cosméticos Historicamente, o uso dos cosméticos tinha o objetivo de disfarçar defeitos físicos, sujeira e mau cheiro. Segundo Galembeck e Csordas (2019), os egípcios se destacaram na utilização de cosméticos e produtos de embelezamento, mesmo que de forma empírica e intuitiva, já que ainda não conheciam os conceitos atuais de princípios ativos e desfrutavam de seus efeitos terapêuticos. Como exemplo temos o clássico banho em leite de cabra, que Cleópatra usava para ter a pele macia e as substâncias derivadas de minérios e extratos vegetais que compunham suas maquiagens. Os cosméticos eram tão importantes para os egípcios que os cremes e azeites eram deixados em sarcófagos dos faraós. Na Era Moderna, a indústria cosmética cresceu muito e se aprimorou com o desenvolvimento científico-tecnológico. Surgiu a formulação dos cosméticos e a utilização dos produtos de embelezamento com o objetivo de melhorar a estética corporal, realizar a higiene pessoal e manter a saúde e beleza da pele. Era a origem da ciência dos cosméticos. A cosmetologia é a ciência que estuda a natura física, química, biológica e microbiológica de cada produto cosmético (Gomes & Damazio, 2013), desde sua preparação até a comercialização e aplicação nos indivíduos. Na atualidade, as fórmulas destinadas à manutenção do sistema tegumentar são todas baseadas em conceitos científicos e regulamentadas no Brasil pela ANVISA. • AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA Órgão responsável por estabelecer normas que regem o desenvolvimento dos cosméticos e os critérios de rotulagem, segurança, eficácia, registro/notificação e controle de qualidade físico- químico e microbiológico. Tem como finalidade promover a proteção da saúde dos usuários. Tanto que diferencia as categorias de produtos e suas certificações. Segundo a ANVISA, os cosméticos são produtos utilizados para beleza, higiene, limpeza e 12 tratamento da pele, dos cabelos e unhas. Ainda de acordo com a ANVISA: No cosmético natural, a formulação deve conter pelo menos 5% de matérias-primas certificadas orgânicas. Os 95% restantes da formulação podem ser compostos de matérias-primas naturais não certificadas ou permitidas para formulações naturais. Uma matéria-prima só será classificada como natural se for realmente 100% natural. Em se tratando de cosmético orgânico, a ANVISA estabelece que: A formulação deve conter pelo menos 95% de matérias-primas certificadas orgânicas, descontando-se a água e o sal. Os 5% restantes da formulação podem ser compostos de matérias- primas naturais, provenientes de agricultura ou extrativismo não certificadas ou permitidas para formulações orgânicas. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Seguindo pela evolução histórica dos cosméticos, Galembeck e Csordas (2019) nos conta que na década de 1990 surgiu uma revolução quanto aos efeitos terapêuticos dos cosméticos, que passaram a acontecer em menos de tempo, originando os cosméticos multifuncionais. Uma tendência que perdura até os dias atuais, em busca do desenvolvimento de matérias-primas contendo várias funções. FIQUE DE OLHO Há regras específicas para definir o nome das substâncias/ingredientes presentes nos cosméticos. Segundo a ANVISA, trata-se de um sistema internacional de codificação para designar os ingredientesutilizados em produtos cosméticos, reconhecido e adotado mundialmente, conhecido por INCI, sigla para Internacional Nomenclature of Cosmetic Ingredients, ou seja, Nomenclatura Internacional de Ingredientes Cosméticos. 13 Corroborando com esses autores, Draelos (2005) afirma que com a descoberta dessas novas matérias-primas e a biotecnologia associada, a cosmetologia se evoluiu, tornando-se uma ciência multidisciplinar, originando assim, várias vertentes de cosméticos, classificados como: cosmecêuticos, biocosméticos, fitocosméticos, neurocosméticos e os nutricosméticos. Dessa forma, nos resta entender, afinal o que é um cosmético? • COSMÉTICO Segundo Vanzin (2011) é um conjunto de diferentes substâncias químicas, caracterizado em formulações compostas de uma base ou veículo, princípios ativos (P.A) e aditivos, que dão origem a diferentes tipos de cosméticos destinados a vários procedimentos estéticos. Os P.A, conforme Gomes & Damazio (2013), são as substâncias químicas, de origem orgânica ou natural, responsáveis pela ação do cosmético. Ou seja, pelo efeito terapêutico desejado. No entanto, para que possa cumprir seu papel com efetividade é preciso que ele esteja agregado às bases cosméticas, substâncias químicas carreadoras, conhecidas também, como veículos. Segundo Vanzin (2011), a parte mais importante de qualquer formulação é o veículo que transporta o P.A para a pele, pois pode aumentar a eficácia do ativo, tornar o ativo completamente inativo, aumentar a barreira cutânea ou, até mesmo, induzir efeitos adversos indesejados. Os aditivos são substâncias com função de estabilizar a formulação, dar cor e fragrância. Em nosso estudo, vamos aprofundar as características físico-químicas das bases cosméticas e dos P.A. Esses dois componentes das formulações são importantes para o profissional de estética na escolha adequada dos cosméticos, conforme as necessidades de cada biotipo cutâneo e a afecção estética que será tratada. A partir desse embasamento, um hábito que deve ser adquirido é ler a rotulagem do produto e estar familiarizado com a nomenclatura dos componentes cosméticos. Assim, será possível entender o objetivo fisiológico do produto e, principalmente, a forma de ação e propriedades do princípio ativo, evitando reações adversas indesejáveis. Os cosméticos utilizados nos procedimentos estéticos e na manutenção do cuidado diário da pele que está sendo tratada podem ser considerados cosmecêuticos, uma vez que têm funções mais complexas do que a limpeza ou o simples embelezamento. Segundo Draelos (2005, p.5), os cosmecêuticos contém substâncias biologicamente ativas, que atuam beneficamente sobre o organismo, causando modificações estruturais duráveis na saúde da pele. Nesse sentido, Vanzin (2011) aponta que o primeiro desafio na formulação cosmética, para que esses P.A alcancem as camadas mais profundas da pele, é vencer a função barreira cutânea da epiderme. Sendo assim, é preciso buscar uma interação adequada entre a biologia da pele e 14 as propriedades físico-químicas das matérias-primas cosméticas. 1.2 Biologia da pele e interação cosmetológica A pele é o maior órgão do corpo humano e está exposta recobrindo e protegendo os tecidos e os órgãos internos. Segundo Guyton (2017, p. 5), o sistema tegumentar, composto de pele e anexos cutâneos, cria uma interface sensorial entre o corpo e seu ambiente externo, desempenhando várias funções fisiológicas, entre elas oferece uma barreira à entrada de substâncias exógenas e microrganismos patogênicos. Segundo Lupi (2012), a barreira cutânea tem função de defesa da pele, graças a proteção mecânica e permeação seletiva de moléculas. Ainda, restringe a proliferação de patógenos e mantém a concentração de água em níveis normais, necessários ao metabolismo desse órgão. Figura 1 - Barreira cutânea Fonte: yomogi1, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: A imagem mostra a barreira cutânea, destacando o estrato córneo, camada mais superficial da epiderme, e a composição de lipídeos e água de suas estruturas lamelares. Nesse contexto, percebemos que se a pele pudesse absorver qualquer substância, teríamos sérios problemas. No entanto, o organismo é inteligente e permite que certos elementos consigam ultrapassar essa barreira graças a um mecanismo chamado permeabilidade celular e cutânea, que dispõem de vias de permeação pelas quais os princípios ativos cosméticos conseguem penetrar. 15 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Segundo Gomes & Damazio (2013), a permeabilidade cutânea se refere ao comportamento físico-químico e fisiológico das camadas da epiderme. Ou seja, a capacidade que a pele possui de absorver, deixando penetrar ou não determinada substância até suas estruturas mais profundas. Como propriedade físico-química das células temos a permeabilidade celular seletiva, dada pelo comportamento da membrana plasmática. Dessa forma, percebemos que as principais vias de permeação cutânea, de substâncias ativas através da pele, segundo Lupi (2012), são: a transepidérmica, compreendendo a transcelular e a intercelular da epiderme; e a transanexial, representa uma rota alternativa, já que os folículos pilosos e as glândulas sudoríparas ocupam pequenas frações da superfície total da pele. Sendo assim, para que o P.A consiga atingir seu objetivo fisiológico, segundo Draelos (2005), tanto ele como a base cosmética que o transporta precisam possuir características e propriedades físico-químicas biocompatíveis para manter uma boa interação com as estruturas das diferentes camadas da pele. O estrato córneo é a camada mais superficial da epiderme. De acordo com Lupi (2012), representa a principal barreira para a permeação de substâncias ativas na pele. Isso por causa de seu arranjo morfológico, que se compara a uma parede de tijolos, estruturada pelos corneócitos; FIQUE DE OLHO Alguns termos são utilizados para a melhor compreensão dos mecanismos de passagem dos ativos das formulações cosméticas por meio da pele. Segundo Simão (2019, p.15), penetração indica o processo em que o ativo passa somente pela epiderme; permeação indica que o ativo alcançou a derme e absorção percutânea significa que o ativo atingiu a circulação sistêmica do organismo. 16 sendo o cimento, os lipídios intercelulares que se organizam em camadas lamelares, as quais acabam dificultando a difusão dos ativos. Segundo Draelos (2005), os lipídeos dessa matriz intercelular são compostos, em sua maior parte, de ceramidas e colesterol, em menor proporção, por ácidos graxos livres e ésteres e sulfato de colesterol. Destaca-se como uma região hidrofóbica, o que dificulta a passagem de substâncias por essa camada. Porém, a camada córnea, segundo Lupi (2012), também é responsável por garantir a hidratação natural da pele e a elasticidade da superfície cutânea. Em condições fisiológicas, ela forma uma barreira física contra a perda hídrica, retendo os níveis de água adequados. O fator de hidratação natural (NMF) ocorre dentro dos corneócitos e é derivado da conversão da proteína filagrina. De acordo com Draelos (2005), o NMF, que envolve os corneócitos, contém moléculas de propriedade higroscópica, umectantes, responsáveis pela atração de água na pele e prevenindo a perda de água da derme. Isso confere elasticidade e maciez para a camada córnea, favorecendo a permeabilidade cutânea. Também significa dizer que a hidratação cutânea favorece a permeação dos ativos cosméticos. Tabela 1 - Composição química do NMF Fonte: DRAELOS, 2005; GOMES; DAMAZIO, 2011 (Adaptado). #ParaCegoVer: A imagem apresenta uma tabela que descreve a composição química e a concentração de cada substância do fator de hidratação natural da camada córnea. 17 Diante do exposto, segundo Vanzin (2011), P.A com elevada hidrofilia, quando incorporados em formulações cosméticas, terão dificuldade em penetrar o estrato córneo. Por outro lado, se apresentar elevada lipofilia, tendem a ficar retidos nas vias cutâneas. Sendo assim, éimportante que tanto a base cosmética, quanto o ativo tenham um equilíbrio hidrófilo-lipófilo. No entanto, dentro de uma formulação cosmética, segundo Draelos (2005), é preciso que o veículo consiga ocasionar alteração nas estruturas do estrato córneo, com finalidade de baixar, reversivelmente, sua resistência, aumentando sua permeabilidade cutânea e celular seletiva para que haja a permeação do P.A nas camadas mais profundas da pele. Certamente, a natureza físico-química da substância da base influencia esse processo. Além do que, conforme Vanzin (2011), como as formulações cosméticas são compostas de solventes e solutos, as estruturas epidérmicas permitem a passagem do solvente por difusão passiva ou osmose. Assim, o princípio ativo (soluto) pode permear o meio intercelular ou o transcelular, ou seja, a própria membrana plasmática das células da epiderme. Entretanto, segundo Draelos (2005), o caminho comum para a permeação dos ativos pela barreira do estrato córneo é através da matriz lipídica. Todavia, há uma barreira adicional à permeação de substâncias, sobreposta ao estrato córneo, é o manto hidrolipídico. Conforme Lupi (2012), o manto hidrolipídico reveste a superfície cutânea formando uma espécie de película, uma emulsão fisiológica composta de sebo, secretado pelas glândulas sebáceas e a água/suor, proveniente das glândulas sudoríparas. Além desses elementos impermeabilizantes, contém uma flora bacteriana saprófita e células mortas da pele. Todos esses componentes do manto hidrolipídico tornam a pele ácida, com pH entre 3,5 e 5,0; fato que contribui na defesa contra a penetração dos microrganismos e previne a desidratação das células da pele. Diante desse fato, surge mais uma característica das formulações cosméticas, o pH. Substâncias com pH alcalino, segundo Galembeck e Csordas (2019) são capazes de emulsionar os lipídeos da pele, facilitando a sua remoção por dispersá-las em água. Por outro lado, substâncias com pH ácido, segundo Vanzin (2011), como os ácidos dos peelings, são capazes de favorecer a descamação epidérmica. Assim, favorecem a permeação do P.A na pele. Ainda, como a permeação dos ativos na epiderme ocorre pelo mecanismo de difusão passiva, segundo Gomes e Damazio (2013, p.184), sua velocidade de movimentação é definida pela concentração do ativo no veículo, sua solubilidade e o coeficiente de partição óleo/água no estrato córneo e no veículo, ou seja, sua biodisponibilidade e bioequivalência. No entanto, inúmeros outros fatores estão envolvidos no processo de transporte de ativos cosméticos através da pele. Fatores esses, que podem modificar a permeabilidade cutânea, facilitando ou interferindo na aplicação e função dos cosméticos. 18 1.3 Fatores que modificam a permeabilidade cutânea Os cosméticos utilizados para tratar as afecções/disfunções estéticas faciais e corporais são aplicados sobre a superfície cutânea, sendo o tecido-alvo dos seus princípios ativos, as camadas mais internas da epiderme e a derme. Locais onde os ativos podem atuar nos processos biológicos e favorecer o rejuvenescimento, por exemplo, ou amenizar a aparência da celulite. Entretanto, conforme Gomes e Damazio (2013, p.186), é possível melhorar a permeação/absorção dos ativos, ao considerar os fatores biológicos, fisiológicos, cosmetológicos e as propriedades físico- químicas das substâncias utilizadas nas formulações. Ainda, há vários procedimentos estéticos que modificam a permeabilidade cutânea, tornando mais eficaz a ação dos P.A. Entre os fatores biológicos e fisiológicos, Gomes e Damazio (2013) apontam a idade, espessura da epiderme e vascularização. A epiderme menos hiperqueratinizada apresenta maior permeabilidade, assim como áreas mais vascularizadas, porém, é possível aumentar o fluxo sanguíneo, caso necessário, utilizando massagem, hiperemiantes ou eletroterapia. Com relação à idade, Draelos (2005) afirma que o envelhecimento torna a pele mais frágil e sensível, deixando-a suscetível a agressões que comprometem a função da barreira cutânea. Também há uma diminuição considerável da hidratação, o que a torna menos permeável. Pode ocorrer uma descamação anormal da pele, modificando a fisiologia e desajustando a permeabilidade cutânea. Já com relação aos fatores cosmetológicos e físico-quimicos, Gomes e Damazio (2013) se referem à concentração do ativo e seu peso molecular, sendo que substâncias de baixo peso molecular e em alta concentração apresentam maior permeabilidade cutânea. Assim como, a solubilidade, em que as substâncias lipossolúveis são mais permeáveis. Apontam, ainda, que quanto maior for o tempo de aplicação, maior será a permeação. É o caso das máscaras cosméticas, cujo tempo de contato é normalmente de vinte minutos. As substâncias iônicas, associadas à eletroterapia, possuem alta permeabilidade. E, por fim temos os tipos de veículos cosméticos responsáveis por carrear o ativo. Partindo desse último fator apontado por Gomes e Damazio (2013), vamos detalhar a seguir as propriedades físico-químicas das bases cosméticas, conhecendo as características dos principais tipos de veículos, como: creme, loção, emulsão, gel etc., em que os P.A são agregados. Agora, vamos para a introdução geral aos princípios ativos. Completando nosso estudo inicial de cosmetologia, conheceremos os mecanismos de ação dos principais ativos cosméticos destinados à hidratação cutânea, as formulações que os contém, bem como sua indicação e contraindicação. Dessa forma, contemplaremos todos os aspectos que orientarão a escolha do P.A adequado no seu procedimento estético. 19 2 TIPOS DE BASES/VEÍCULOS COSMÉTICOS A formulação de um cosmético é complexa e utiliza muita matérias-primas e substâncias diferentes, pois cada cosmético precisa apresentar várias propriedades físico-químicas, simultaneamente, ajustadas para as aplicações estética desejadas. De acordo com Draelos (2005, p.29), a base/veículo é a parte mais importante de qualquer formulação. Para que o veículo seja efetivo, no transporte do ativo, sua composição deve respeitar fatores físico-químicos como, peso molecular, polaridade, concentração, pH, para que haja biocompatibilidade e uma permeação cutânea eficiente, em que, de acordo com Gomes & Damazio (2013), a pele reconheça a necessidade da substância. Originando, assim, as diferentes bases cosméticas. Conforme Vanzin (2011), a base veicular cosmética é, também, um conjunto de substâncias que dão forma aos cosméticos. Estão disponíveis em forma de gel, emulsão, cremes, loção, pós e veículos vetoriais, como os lipossomas, nanosferas, nanocápsulas etc. Sua escolha é baseada na finalidade do ativo e conforme o biotipo cutâneo. Vamos conhecê-las! 2.1 Gel e gel-creme O gel é um veículo simples. Conforme Vanzin (2011), é composto de uma fase, predominantemente, líquida, representada pela água e uma fase sólida, dada pelos agentes gelificantes, geralmente polímeros. Devido a essas características, são bases cosméticas mais indicadas para peles oleosa e acneica. Tabela 2 - Matéria-prima utilizada nas formulações em gel Fonte: GOMES; DAMAZIO, 2013 (Adaptado). 20 #ParaCegoVer: A imagem apresenta uma tabela que mostra algumas das principais matérias- primas utilizadas nas formulações cosméticas com base gel. As substâncias gelificantes suspendem a água, modificando seu estado físico, tornando o cosmético um sérum, fluido, gel ou goma. Isso depende da porcentagem, ou seja, da concentração do agente utilizado. Uma característica importante da base gel é que seu sensorial permite uma boa adesão do paciente ao tratamento. Além disso, segundo Vanzin (2011), em razão de sua faixa de pH para sua estabilidade ser predominantemente neutra, ou seja, acima de 5,0, admite vários tipos de ativos, desde ácidos e eletrólitos até os hidratantes e nutritivos. Comumente, para Gomes e Damazio (2013), existem dois tipos principais de formulações em gel, o gel aquoso e gel-creme, nos quais são acrescidos os P.A específicos.• GEL-AQUOSO Composto essencialmente de uma fase aquosa constituída de um formador de gel, como um carbômero (polímero carboxivinílico), ou ainda uma hidroxietilcelulose, água e um glicol para diminuir a pegajosidade. • GEL-CREME Segundo Vanzin (2011), o gel-creme é um dos veículos mais empregados em países tropicais, pois une as vantagens sensorial e refrescante do gel, com a emoliência e maciez proporcionada pelas emulsões. São cosméticos também conhecidos como “oil free”, especialmente indicados para peles oleosas e mistas. 2.2 Emulsão As emulsões são veículos amplamente utilizados para a incorporação de ativos. Possuem um toque e espalhabilidade agradáveis, o que facilita a adesão ao tratamento. Segundo Vanzin (2011), a emulsão é composta de uma fase oleosa e uma fase aquosa, estabilizadas por um agente emulsionante. Quimicamente, há um meio contínuo, chamado de fase externa/dispersante, no qual se distribuem as miscelas, denominadas fase interna/dispersa, ou seja, gotículas de pequenos diâmetros e imiscível. Como água e óleo não se misturam, é incorporado um emulsificador para unir as duas fases. 21 Figura 2 - Estrutura físico-química da emulsão Fonte: Designua, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: A imagem mostra a estrutura físico-química da emulsão. Os emulsionantes estabilizam as emulsões, conforme Draelos (2005), reduzem a tensão entre as duas fases, agindo assim como uma barreira de aderência entre elas. Normalmente são tensoativos ou surfactantes, classificados como aniônicos, catiônicos e não iônicos, que apresentam estrutura anfifílica, ou seja, uma parte polar (hidrofílica) e uma parte apolar (lipofílica). A proporção entre a fase oleosa e a fase aquosa pode variar, originando basicamente dois tipos de emulsões, a óleo/água (O/A) e a água/óleo (A/O). O ativo pode ser incorporado entre as substâncias solúveis em água ou entre as solúveis em óleo. O pH das emulsões varia de 5,0 a 7,0. A emulsão óleo em água (O/A) apresenta uma composição com menor porcentagem de óleos e maior porcentagem de água. Conforme Draelos (2005), sua fase interna é constituída por substâncias lipófilas que não se misturam com a fase externa, formada por água e substâncias polares. São mais leves e com baixa untuosidade. A emulsão água em óleo (A/O) apresenta uma composição com porcentagem de fase oleosa maior do que a da fase aquosa, ou seja, a fase interna é constituída por água e substâncias polares e a fase externa é formada por óleo e compostos apolares. Essa base veicular apresenta maior oleosidade, por isso é preferida para formulações hidratantes. 22 Tabela 3 - Componentes de uma emulsão Fonte: DRAELOS, 2005; GOMES; DAMAZIO, 2013 (Adaptado). #ParaCegoVer: A imagem apresenta uma tabela que descreve os principais componentes de uma emulsão, cita o tipo de substância, dá alguns exemplos das mais utilizadas e sua função na formulação. Além desses dois tipos de emulsões, há um terceiro chamado emulsões múltiplas. Para Draelos (2005), são emulsões que formam emulsões dentro de uma das fases das emulsões O/A ou A/O. Por exemplo, é possível em uma emulsão água em óleo, usar a fase oleosa para formar uma segunda emulsão óleo em água, resultando na emulsão múltipla A/O/A, ou seja, caracterizada como aquosa numa emulsão óleo em água. 2.3 Creme Os cremes são veículos que apresentam alta viscosidade e são constituídos basicamente de ceras, emolientes, conservantes e água. Segundo Galembeck e Csordas (2019), as ceras são ésteres de ácidos e álcoois graxos, derivados do coco, da carnaúba e da jojoba, por exemplo. 23 Também podem ser obtidas de animais, como a cera de abelha e a lanolina ou sintetizadas a partir do petróleo, como a vaselina. Apresentam propriedades físico-químicas mais sólidas em temperatura ambiente, porém, em contato com a pele, que é mais quente, amolecem e oferecem um bom espalhamento. Normalmente seu pH está entre 5,5 e 6,5. O creme tem como característica formar um filme sobre a superfície da pele, tornando-a impermeável, contribuindo para reduzir a perda transcutânea de água. 2.4 Veículos vetoriais Os veículos vetoriais são estruturas capazes de carrear ativos hidrossolúveis e lipossolúveis até as camadas mais profundas da epiderme. Os principais são os lipossomos, nanosfera e silanóis. Segundo Gomes & Damazio (2013, p.166), a absorção do P.A dependerá do mecanismo de ação da forma selecionada. Tabela 4 - Principais veículos vetoriais para formulações cosméticas Fonte: GOMES; DAMAZIO, 2013; VANZIN, 2011 (Adaptado). 24 #ParaCegoVer: A imagem apresenta uma tabela que descreve as características físico- químicas e o mecanismo de ação dos principais veículos vetoriais para formulações cosméticas. É importante observar que as bases cosméticas têm uma formulação que favorece a veiculação do ativo principal. No entanto, em sua composição físico-química, a maioria das substâncias presentes é de princípios ativos, por exemplo, os óleos e ceras. Isso porque outra importante função da base é garantir uma boa hidratação do estrato córneo, aumentando assim, sua elasticidade e permeabilidade. 3 INTRODUÇÃO AOS PRINCÍPIOS ATIVOS Os princípios ativos são substâncias químicas ou biológicas com ação específica sobre as células e o tecido cutâneo. Segundo Draelos (2005), devem estar associados aos veículos cosméticos em perfeita afinidade e estabilidade química. Se enquadram em várias categorias, como: vitaminas, hidratantes, esfoliantes, peptídeos, antioxidantes, fatores de crescimento, filtros solares. Cada ativo tem seu mecanismo de ação e suas características físico-químicas dentro da formulação como, o peso molecular, pH, concentração, determinam seu efeito. Por exemplo, a ureia, com comprovado efeito hidratante e restaurador de barreira em concentrações de 2, 5 e 10%. Já em concentrações de 20% seu efeito evidente passa a ser o queratolítico. 3.1 Desidratação cutânea e alteração da função barreira Diversos fatores causam a desidratação da pele. Segundo Gomes e Damazio (2013), podem ser genéticos e endógenos, que alteram a integridade e função da barreira cutânea, ou fatores ambientais e comportamentais. Dentre as características da pele seca, denominada xerose, estão a descamação, pruridos, fissuras, vermelhidão, repuxamento e ocasionalmente, pode ocorrer sangramentos. Em sua fisiopatologia, conforme Lupi (2012), estão as alterações funcionais e mudanças no estrato córneo, anormalidades no processo de queratinização, alterações dos lipídeos da matriz intercelular, assim como do manto hidrolipidico, rompimento do metabolismo de água trasepidermica e mudanças do pH cutâneo. Dessa forma, a pele desidratada, segundo Draelos (2005), é caracterizada pela redução da água contida no estrato córneo, que ocasiona a perda da coesividade dos corneócitos, mas não altera a quantidade total de lipídeos, mas nota-se um aumento na quantidade de ácidos graxos livres. Com essa alteração, o pH da pele também se modifica. Sendo assim, a epiderme se desidrata, conforme Lupi (2012), pela desordem no processo de renovação celular e desequilíbrio entre a evaporação e reposição da água nas camadas 25 inferiores, ou seja, o mecanismo de perda de água transepidermica (TEWL). A derme também, se desidrata, pois, macromoléculas da matriz, como o ácido hialurônico se decompõem, diminuindo a capacidade de retenção de água e, ainda, diminui a produção de filagrina, precursora do NMF. O que faz a pele permanecer saudável, com flexibilidade e elasticidade é o equilíbrio que existe no seu mecanismo de hidratação, na capacidade de promover a renovação celular e na qualidade e quantidade das substâncias do fator de hidratação natural e os lipídeos que compõem a epiderme, os responsáveis pela sua impermeabilização. Para o funcionamento adequado do mecanismo de hidratação, a camada córnea deve ser capaz de reter água, de maneira que a sua taxa de evaporação sempre se mantenha num nível normal. Assim, para evitar a desidratação épreciso manter a integridade da barreira cutânea. Segundo Gomes e Damazio (2013), as formulações e os agentes hidratantes atuam na restauração da barreira pelos mecanismos de oclusão, umectação e hidratação ativa. 3.2 Princípios ativos e os mecanismos de hidratação cosmética O equilíbrio adequado entre os componentes do filme hidrolipídico, do cimento intercelular e do NMF presente no estrato córneo, é fundamental para o balanço de hidratação da pele. Nesse sentido, as formulações cosméticas para a hidratação visam os mesmos objetivos, agindo por mecanismos de superfície e intracelulares. Conforme Gomes e Damazio (2005, p.193), o mecanismo de hidratação de superfície pode ocorrer por oclusão ou umectação, enquanto a hidratação ativa, representa o mecanismo intracelular ou osmolaridade. O mecanismo de oclusão impede a perda e reduz a evaporação de água do estrato córneo. Segundo Draelos (2005), isso é obtido com a aplicação de substâncias oleosas e emolientes, que formam uma fina camada lipídica sobre a pele, enriquecendo a ação do manto hidrolipídico, sem obstruir os óstios. 26 Tabela 5 - Ativos cosméticos oclusivos e emolientes Fonte: DRAELOS, 2005 (Adaptado). #ParaCegoVer: A imagem apresenta uma tabela que descreve os principais ativos de mecanismo de ação oclusivos. Esses lipídeos cosméticos possuem a propriedade de difusão, segundo Gomes e Damazio (2005, p.194). Essa característica permite que eles se disseminem pela epiderme encontrando as moléculas de água que estão se evaporando, devido ao processo de maturação celular. Então, esses óleos capturam a água, impedindo sua saída e dessa forma mantem o grau hídrido da pele. Já no mecanismo de umectação, segundo Draelos (2005, p.101), as substâncias têm propriedades higroscópicas, porém, muitas também são emolientes. A principal característica dos umectantes é sua capacidade de atrair e absorver a água da atmosfera, bem como, de reter a água da derme, a qual hidrata a epiderme através dos processos fisiológicos. Como exemplo de ativos umectantes, Gomes e Damazio (2005, p.194), citam o colágeno, um ativo biológico cuja capacidade de absorção de água, chega a trinta vezes seu peso. 27 Estruturalmente, essa proteína é uma macromolécula, por isso age na superfície cutânea. Os autores, alegam que devido a essa caraterística físico-química é quase improvável a absorção do colágeno pela pele. Figura 3 - Ativos cosméticos umectantes Fonte: DRAELOS, 2005 (Adaptado). #ParaCegoVer: A imagem apresenta uma tabela descreve os principais ativos de mecanismo de ação umectante. Conforme Draelos (2005), é importante que na formulação hidratante umectante sejam incorporados ativos emolientes, agentes oclusivos, pois a aplicação do umectante isoladamente pode aumentar a perda de água transepidérmica. Por exemplo, ao glicerol pode ser adicionado álcoois emolientes, como o álcool cetil ou estearil, que não ressecam/alteram a textura suave da pele após a aplicação. Outro agente umectante importante é o ácido hialurônico, um biopolímero que pertence à classe dos glicosaminoglicanos, abundante no tecido conjuntivo do corpo, mas é na pele que se encontra em maior quantidade, pois é o componente maioritário da matriz extracelular da derme. Na epiderme, está presente no NMF, o que se revela agente higroscópico da manutenção da estrutura normal do estrato córneo e da função de barreira epidérmica. Segundo Gomes e Damazio (2005, p.194), o ácido hialurônico é um composto de elevado valor hidratante, de excelentes características higroscópicas e propriedades viscoelásticas. Quando hidratado, tem capacidade de reter cerca de mil vezes o seu tamanho em moléculas de água. Por ser integrante do NMF, o ácido hialurônico também tem a propriedade de realizar a hidratação pelo mecanismo ativo, ou seja, extra e intracelular. 28 A hidratação ativa é diferente do mecanismo superficial, pois age nas camadas internas da epiderme, ou seja, o objetivo é permear o princípio ativo para aumentar a concentração dos fatores de hidratação natural. Dessa forma, as formulações cosméticas contêm os elementos formadores do NMF, como ureia, aminoácidos (prolina, hidroxiprolina, cistina), PCA-Na, entre outros. Além disso, conforme Gomes e Damazio (2005, p.194), as células também recebem esses nutrientes por meio da difusão simples ou facilitada, mecanismo denominado osmolaridade, e melhora suas funções metabólicas e a homeostasia orgânica da pele é garantida. Ainda, a membrana plasmática celular possui canais proteicos chamados de aquaporina. O mecanismo de ação hidratante da aquaporina, segundo Vanzin (2011), se deve pela sua característica de regulação da passagem de água, de glicerol e de solutos de baixo peso molecular para o interior das células, determinando, então, a hidratação tecidual. Acredita-se que uma única aquaporina transporte até três milhões de moléculas de água por segundo, melhorando o sistema de irrigação e a osmolaridade. Por todas as razões estudadas, uma formulação hidratante é um produto cosmecêutico capaz de restabelecer e contribuir para a manutenção das características de hidratação fisiológica do estrato córneo. Normalmente, não apresentam contraindicações, pelo contrário, já são formulados para diferentes biotipos. No entanto, reações adversas podem ocorrer. 3.3 Reações adversas dos hidratantes De modo geral, os hidratantes possuem segurança e raramente apresentam reações, efeitos indesejáveis ou risco à saúde. O que ocorre é que pessoas de pele sensível podem apresentar reações adversas, como ardência, coceira, queimação, logo após a aplicação tópica das formulações hidratantes. Cada organismo reage de uma maneira particular às substâncias que compõem o cosmético, algumas delas como conservantes e fragrância podem causar sensibilidade e certa irritação na pele. Galembeck e Csordas (2019) advertem que alguns agentes, como a ureia e ácido lático, podem fragilizar a função barreira, influenciando sua recuperação, enquanto outros a fortalece. 4 APLICAÇÃO DOS COSMÉTICOS HIDRATANTES NO PROCEDIMENTO ESTÉTICO Dois processos básicos que funcionam em conjunto para manter a saúde geral da pele são a limpeza e a hidratação. Segundo Draelos (2005, p.100), a limpeza permite a remoção de sujidades externas, secreções cutâneas naturais e microrganismos. Os hidratantes são aliados importantes no cuidado básico da pele, devido às alterações constantes da barreira epidérmica. 29 Além das condições fisiopatológicas, fatores climáticos, ambientais e comportamentais, como baixa umidade do ar, exposição solar frequente, ar condicionado e, até o sabonete do nosso banho, provocam a redução do conteúdo de água e lipídeos da epiderme. Sendo assim, conheceremos a seguir as formulações adequadas para a hidratação, inclusive conforme o biotipo cutâneo. 4.1 Formulações cosméticas para hidratação A limpeza da pele é importante para favorecer a penetração dos ativos hidratantes das formulações cosméticas que serão aplicados e, consequentemente, obter o efeito terapêutico desejado nos procedimentos estéticos. Segundo Vanzin (2011, p.56), uma boa formulação destinada para higiene e limpeza da pele precisa ter um balanceamento, ou seja, ter um equilíbrio hidro-lipofílico. Esse equilíbrio é obtido pela combinação de diferentes tipos de tensoativos que contribuem para a biocompatibilidade, além de conferir bom sensorial. Por exemplo: lauril sulfato de amônio, que possui alto poder umectante associado a ação detergente e cocoil glutamato de sódio, substância derivada de aminoácidos, com maior biocompatibilidade. Esses agentes ativos desestabilizam o pH ácido da pele e por essa razão, logo após a higienização, utilizam-se formulações tônicas. Conforme Draelos (2005, p.105), tônicos são formulações líquidas cujo objetivo é promover a neutralização do pH da pele. Para essa função são adicionados princípios ativos orgânicos ácidos, retornando o pH ao nível fisiológico de 5,5. Segundo Vanzin (2011, p.76),aos tônicos podem ser associados princípios ativos hidratantes e nutritivos, entre os quais os extratos naturais obtidos de frutas, como o bioextrato de abacate que contém lipídeos; vitaminas A, B, C; proteínas, aminoácidos e sais minerais, com função emoliente e hidratante. O autor também cita o bioextrato de abacaxi composto de polissacarídeos, sais minerais, vitaminas, flavonoides, ácidos orgânicos e enzima proteolítica, que além de hidratante e emoliente, é renovador da camada córnea. Entre outros, como o extrato de aveia, cacau, camomila, coco, lavanda, cuja composição predominante são as vitaminas lipo e hidrossolúveis, óleos essenciais e oligoelementos, fundamentais para a manutenção da função do manto hidrolipídico e da camada córnea. Dessa forma a pele está preparada para receber os ativos hidratantes das outras formulações. Segundo Gomes e Damazio (2005) as emulsões são os principais agentes oclusivos utilizados para a hidratação da pele. Tanto a óleo em água, como a água em óleo, pois os componentes de suas fases assemelham-se ao conteúdo do manto hidrolipídico. São indicadas para o tratamento de peles alípicas e mistas. Segundo Vanzin (2011), para a umectação são utilizadas substâncias hidrossolúveis em diferentes pesos moleculares como, os oligo e polissacarídeos, polímeros e proteínas. São 30 escolhidas em especial para o tratamento de peles oleosas e acneicas, em formulações gel, gel-creme ou emulsões O/A. Ainda indica que outra estratégia de hidratação é aumentar as expressões das aquaporinas da pele. Para Draelos (2005), uma formulação hidratante é considerada boa quando consegue em um bom período apresentar baixos valores de TEWL. Há vários ativos com alta capacidade hidratante, como: gluconolactona (polihidroxiácido), os α-hidroxiácidos (ácido lático; tartárico; glicólico), além dos clássicos: ureia, glicerina, ceramidas, óleos vegetais, fosfolipídios, entre outros. Tabela 6 - Princípios ativos hidratantes utilizados em formulações cosméticas Fonte: VANZIN, 2011 (Adaptado). #ParaCegoVer: A imagem apresenta uma tabela que descreve o mecanismo de ação e propriedades de alguns princípios ativos hidratantes frequentemente utilizados nas formulações cosméticas hidratantes. 31 Há também formulações fluidas ionizáveis, compostas de ativos, como o fator de crescimento TGF e outros eletrólitos que associados a eletroterapia, ionização, fonoforese etc., auxiliam na hidratação cutânea. Concluindo o processo de hidratação estética, a aplicação da máscara cosmética é de fundamental importância, pois é o momento de sedimentar e incorporar mais princípios ativos hidratantes e nutritivos na pele. Segundo Draelos (2005, p.187), as máscaras são formulações em cremes ou pastas aplicadas sobre a pele por período variável de 5 a 30 minutos, seguido de sua remoção. As máscaras, de acordo com Simão (2019), possuem mecanismo de ação por oclusão e podem ser formuladas com polímeros de secagem rápida, ou seja, aquelas conhecidas como “peel off”, ou em base cremosa compostas de ativos cosméticos argilosos, extratos botânicos, oligoelementos. Finalizando o tratamento, indispensável é a aplicação do filtro solar. Vejamos agora as características do procedimento de hidratação, conforme os diferentes biotipos cutâneos. 4.2 Hidratação dos diferentes biotipos cutâneos A hidratação é muito importante, independente do tipo de pele. Segundo Gomes e Damazio (2013, p. 195), as diferenças estão nos veículos e adição de ativos que não sejam somente para a hidratação.. • PELE LIPÍDICA Apresenta excesso de oleosidade, hiperqueratose e óstios dilatados, por isso as melhores formulações são as de base emulsão O/A, gel ou gel-creme. • PELE MISTA O veículo em gel-creme proporciona maior suavidade, sem comprometer as regiões lipídicas. • PELE ALÍPICA Por ser seca, desidratada e com fina descamação, as formulações, segundo Draelos (2005, p.103), priorizam veículos cosméticos com propriedades umectantes e emolientes, como os cremes, emulsão A/O, e uma maior quantidade de ativos hidratantes, nutritivos, antioxidantes e regeneradores. Na hidratação para peles sensíveis, devemos preferir formulações hipoalergênicas em base emulsão O/A ou gel-creme, com a menor quantidade de princípios ativos, porém priorizando aqueles com propriedades calmantes e descongestionantes. Esse biotipo tem como característica reações excessivas a estímulos, apresentando hiperemia, ardor e ressecamento. 32 Agora chegamos a um dilema, como convencer um biotipo acneico aceitar a hidratação? Por ser uma patologia que afeta o folículo pilossebáceo, a presença de oleosidade é grande e por essa razão, ao ouvir falar em hidratação, logo imagina que o excesso de sebo irá aumentar. No entanto, a pele acneica também desidrata e as melhores formulações são as em base gel, com princípios ativos não comedogênicos, porém capazes de impedir a perda de água transepidermica. Para saber mais sobre o processo de formulação dos cosméticos, os critérios para seleção da matéria-prima, as condições do processamento industrial, toxicidade, riscos ambientais e as normas de órgãos reguladores, como a ANVISA, aqui no Brasil, leia na íntegra o artigo “Cosméticos: a química da beleza” de Galembeck e Csordas (2019). Você encontrará esse artigo disponível na internet, o link de acesso foi indicado nas referências desta unidade. Os hidratantes para a pele masculina, segundo Gomes e Damazio (2013, p. 195), precisam ter uma textura leve, como o gel e o gel-creme, já que em razão das diferenças hormonais e algumas estruturais, é uma pele mais lipídica que a feminina. Outro biotipo cutâneo que apresenta diferenças histológicas é a pele negra, requerendo alguns cuidados diferenciados. A pele negra necessita hidratação diária, pois fisiologicamente está mais propensa a perda de água transepidérmica, devido ao maior calibre de seus vasos sanguíneos e linfáticos, deixando a pele com tonalidade acinzentada e ressecamento excessivo. Apesar disso, é um biotipo com maior secreção lipídica, sendo então recomendado formulação cosmética em base não oleosa, ou seja, o gel e o gel-creme. O profissional esteticista precisa conhecer profundamente a anatomofisiologia da pele e as características físico-químicas dos cosméticos, bem como suas propriedades e mecanismo de ação para aplicá-los em seus procedimentos e indicar corretamente aos seus pacientes. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 33 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer os principais conceitos da cosmetologia; • compreender as características físico-químicas e as funções da barreira epidérmica e conhecer os aspectos das vias de permeação cutânea; • compreender as características das formulações cosméticas e conhecer as bases/ veículos de transporte dos princípios ativos; • aprender sobre os mecanismos de hidratação cutânea por oclusão, umectação e hidratação ativa; • conhecer os principais princípios ativos hidratantes em formulações cosméticas para os procedimentos estéticos. PARA RESUMIR DRAELOS, Z.D. Cosmecêuticos. Rio de Janeiro: E!sevier, 2005. GALEMBECK, F.; CSORDAS, Y. Cosméticos: a química da beleza. Fisio sala de leitura, 2019. Disponível em: http://fisiosale.com.br/assets/9no%C3%A7%C3%B5es-de-cosmetolo- gia-2210.pdf . Acesso em: 06 abr. 2020. GOMES, R.K.& DAMAZIO, M.G. Cosmetologia: descomplicando os princípios ativos. 4 ed. São Paulo: Livraria Médica Paulista Editora, 2013. GUYTON, A. C. & HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. LUPI, O et al. Rotinas de diagnóstico e tratamento da Sociedade Brasileira de Dermatolo- gia - SBD. 2. ed. São Paulo: AC Farmacêutica, 2012. SIMÃO, D. Cosmetologia aplicada I. Porto Alegre: SAGAH, 2019. VANZIN, S. B. & CAMARGO, C. P. Entendendo cosmecêuticos: diagnósticos e tratamentos. São Paulo: Santos, 2011. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UNIDADE 2 Princípios ativos despigmentantes, antiacne, desodorantes e antiperspirantesOlá, Você está na unidade Princípios ativos despigmentantes, antiacne, desodorantes e antiperspirantes. Conheça aqui os principais ativos cosméticos utilizados no tratamento de quadros de hipercromias faciais, entendendo como cada um deles age na fisiopatologia das manchas, promovendo o clareamento delas. Conheça também os ativos cosméticos empregados no manejo da acne, compreendendo como eles agem na fisiopatologia da disfunção. Por fim, entenda quais são e como agem os ativos existentes em produtos cosméticos desodorantes e antiperspirantes, destinados ao controle do odor desagradável do suor. Bons estudos! Introdução 37 1 ATIVOS COSMÉTICOS DESPIGMENTANTES Os ativos cosméticos despigmentantes, também chamados de ativos clareadores são amplamente utilizados na área da estética, especialmente nos tratamentos faciais. Ele ativos possuem a função de melhorar imperfeições existentes em peles bastante pigmentadas, de modo a clarear as manchas escuras e uniformizar a coloração da pele (RIBEIRO, 2010). Agora, vamos conhecer como se dá a aplicação terapêutica desses ativos. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 1.1 Aplicação terapêutica dos ativos despigmentantes Os ativos despigmentantes são indicados no tratamento de hipercromias, que são disfunções estéticas que cursam com o aparecimento de manchas na pele, mais escuras que a cor natural da pele do paciente. As hipercromias são resultado de disfunções no metabolismo de melanina. Segundo Ribeiro (2010), em condições normais, a melanina é uma substância que dá cor à pele humana, proporcionando uma coloração regular, uniforme e homogênea. Essa substância é formada a FIQUE DE OLHO Você sabia que mais de 90% das pessoas com pele de cor branca e com idade superior a 50 anos apresentam hiperpigmentações em diversas regiões, como na face, colo e mãos? Essas manchas acabam trazendo impactos negativos na autoestima e na qualidade de vida dos pacientes (RIBEIRO, 2010). 38 partir de reações químicas que acontecem no interior de células localizadas na pele, chamadas de melanócitos e recebe o nome de melanogênese. Envolve o aminoácido tirosina e uma enzima chamada de tirosinase, que ao passarem por reações químicas, culminam com a formação da melanina. A melanina formada é transferida, em formato de grânulos dos melanócitos para os queratinócitos da pele, de modo que ela é carregada para a superfície da pele à medida que acontece a renovação celular. Esse processo acontece de maneira fisiológica ao longo da vida sendo responsável por dar cor à pele. Vale ressaltar que tanto nas peles sem presença de manchas como nas peles com presença de manchas, o processo pelo qual acontece a formação da melanina é o mesmo (RIBEIRO, 2010). A diferença fisiopatológica das hipercromias é que neste caso ocorre uma maior formação de melanina, ocasionando um acúmulo exagerado desse pigmento na pele de maneira irregular, depositado apenas em algumas regiões, gerando o aparecimento das manchas. Esse excesso de melanina pode se acumular na epiderme, gerando o aparecimento de manchas mais superficiais ou na derme, gerando o aparecimento de manchas de maior profundidade. A figura “Processo de coloração da pele” mostra o processo de coloração da pele de maneira fisiológica (a) e de maneira patológica, no caso das hipercromias (b). Figura 1 - Processo de coloração da pele Fonte: Mosterpiece, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: A imagem apresenta o processo de coloração da pele, em que nas condições normais (a), a melanina produzida é distribuída pela epiderme de maneira homogênea e regular, sem que haja acúmulos desse pigmento em algumas regiões. Também demonstra o contrário do que acontece nas hipercromias (b), que a melanina além de ser produzida em excesso, fica mal distribuída na superfície cutânea. 39 O surgimento das manchas pode acontecer por fatores diversos, dentre eles: excesso de atividade dos melanócitos, aumento na quantidade de melanócitos ativos na região, e redução das taxas de renovação celular, deixando maior quantidade de melanina acumulada na epiderme (RIBEIRO, 2010). Alguns fatores podem influenciar no processo natural de melanogênese. Simão et al. (2019) comentam que fatores genéticos, hormonais, traumas cutâneos, uso de alguns medicamentos, alterações nutricionais e ainda a exposição à radiação solar podem alterar o processo de melanogênese. A genética afeta todas as fases do processo de síntese de melanina. Em relação ao fator hormonal, alguns hormônios são capazes de estimular esse processo de formação de melanina e com isso gera o aparecimento de manchas. A presença de traumas, como queimaduras, afeta o funcionamento dos melanócitos e pode gerar o surgimento de hipercromias. Alguns medicamentos, como os anticonceptivos também podem estar envolvidos em alterações na produção de melanina. Fatores nutricionais, como a deficiência de vitamina A e E podem também predispor o aparecimento de hipercromias. Assim como, a exposição solar gera também estímulo dos melanócitos, e com isso maior síntese de melanina (SIMÃO et al., 2019). Dentre as hipercromias mais prevalentes, destacamos: efélides (popularmente conhecidas como sardas), melasma, hiperpigmentação pós-inflamatória, lentigos, hiperpigmentação periorbital e hiperpigmentação por reações foto tóxicas (RIBEIRO, 2010). A figura “Melasma facial” apresenta um exemplo de hiperpigmentação, nesse caso, manchas faciais decorrentes do melasma. Figura 2 - Melasma facial Fonte: Poomipat, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: A imagem apresenta parte do rosto de uma mulher sendo possível verificar um exemplo de hipercromia, o melasma. 40 No exemplo da figura “Melasma facial” essa disfunção cursa com o aparecimento de manchas mais escuras na pele, de tonalidades castanhas. Nesse caso, as machas encontram-se localizadas na face, mais especificamente na região zigomática. Em relação aos tratamentos para as hipercromias, há uma gama de recursos terapêuticos estéticos disponíveis. No geral, esses tratamentos consistem em melhorar a distribuição de melanina na pele, tornando a região com uma coloração uniforme e evitando áreas com excesso do pigmento. Dentre as modalidades terapêuticas disponíveis, encontram-se os produtos cosméticos que possuem em sua formulação ativos despigmentantes, que irão atuar sobre a fisiopatologia das hipercromias e promover melhora do aspecto das manchas (RIBEIRO, 2010). O objetivo é que os cosméticos possam atuar promovendo um clareamento da região das manchas, de modo a deixar a pele mais uniforme. A figura “Resultado do tratamento cosmetológico com uso de ativos despigmentantes” mostra uma pele acometida por manchas hipercrômicas. Na sequência, a mesma pele aparece tratada com o uso de cosméticos despigmentantes, sendo possível visualizar a melhoria no aspecto estético. Figura 3 - Resultado do tratamento cosmetológico com uso de ativos despigmentantes. Fonte: DUANGJAN J, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: A imagem apresenta parte do rosto de uma mulher como exemplo de hipercromia, o melasma, na região facial. De um lado consta a pele acometida por inúmeras manchas escuras, antes do tratamento cosmetológico. Do outro lado, após o tratamento com uso de ativos despigmentantes, a pele da mulher se encontra com uma tonalidade uniforme, sem a presença de áreas escurecidas. Vale ressaltar que a melhora das manchas depende diretamente do tipo de hipercromias apresentadas pelo paciente, da profundidade das lesões (manchas mais profundas são mais difíceis de serem tratadas, quando comparadas a manchas mais superficiais), da localização, da 41 extensão, do fator causal e ainda, do tipo de ativo (s) cosmético (s) utilizado (s) no tratamento. 1.2 Mecanismo de ação dos ativos despigmentantes Quando se faz a utilização de cosméticos despigmentantes sobre as hipercromias, objetivamos reduzir a coloração da mancha, ou seja, clareá-la. Para isso, utilizamos ativos cuja função é despigmentar a pele. Parapromover o clareamento, os ativos cosméticos despigmentantes podem agir mediante diferentes mecanismos de ação. Segundo Ribeiro (2010), os mecanismos de ação dos ativos despigmentantes pretendem: • Inibir a tirosinase, enzima responsável pela síntese da melanina; • Reduzir a quantidade de melanócitos ativos; • Reduzir quadros inflamatórios pós exposição à radiação ultravioleta; • Promover ação antioxidante, evitando a formação excessiva de melanina; • Esfoliar de modo a remover os queratinócitos carregados de melanina, localizados na superfície da pele. Considerando esses possíveis mecanismos de ação dos ativos despigmentantes, ressaltamos que um mesmo produto cosmético pode possuir em sua formulação mais de um ativo, promovendo mecanismos de ação distintos mas, quando aplicados sobre as hipercromias, potencializam os efeitos devido à associação de ativos. 1.3 Descrição de ativos cosméticos despigmentantes Existem diversos cosméticos com ativos despigmentantes em sua formulação disponíveis no mercado. Podem ser encontrados produtos cosméticos com diferentes formas de apresentação, como géis, cremes, pomadas, loções, dentre outros (SIMÃO et al, 2019). Conhecer os principais ativos existentes nos cosméticos despigmentantes é essencial ao profissional de estética, pois ele fará o uso dos produtos em protocolos estéticos para tratamento de hipercromias. Vejamos os principais ativos despigmentantes utilizados atualmente e o mecanismo de ação pelo qual cada ativo age na pele: • ARBUTIN Também conhecido como hidroquinona-D-glucopiranosídeo, é encontrado em diversos vegetais ou também, pode ser obtido através de síntese química em laboratório. Atua com efeitos 42 clareadores na pele semelhantes a hidroquinona, contudo, confere maior segurança em seu uso, causando menos efeitos adversos. Seu mecanismo de ação se pauta na produção de hidroquinona no local de aplicação após a permeação cutânea (RIBEIRO, 2010). • ÁCIDO TRANEXÂMICO É um ativo utilizado como alternativa ao tratamento de melasma. Seu mecanismo de ação se pauta na prevenção da pigmentação da pele ocasionada pela exposição à radiação ultravioleta, produzindo um clareamento cutâneo (COSTA, 2012). • VITAMINA C Também chamada de ácido ascórbico, atua como agente despigmentante por seu mecanismo redutor, revertendo as reações de oxidação de modo que a melanina não possa ser formada (RIBEIRO, 2010). • ALFA ARBUTIN Ativo despigmentante que age clareando e promovendo um efeito de uniformidade da pele, de forma rápida e eficaz. Age por meio do bloqueio da biossíntese de melanina, inibindo a tirosina. Está indicado no manejo de hipercromias e ainda na redução da coloração da pele após a exposição à radiação ultravioleta (MILREU, 2012). • ÁCIDO AZELÁICO Trata-se de um antioxidante muito eficaz no manejo de hipercromias (SIMÃO ET AL, 2019). Está indicado principalmente no tratamento de hiperpigmentação pós-inflamatória e nos casos de melasma. Segundo Costa (2012), o ácido azeláico atua reduzindo a cor das manchas e ainda, reduzindo o tamanho das manchas. • ÁCIDO FÍTICO É um ativo presente em vegetais, como arroz, aveia e trigo. Age inibindo a tirosinase e reduzindo a síntese de melanina. Além disso, atua como anti-inflamatório, antioxidante e hidratante tecidual. • ALOENSINA Trata-se de um extrato de origem vegetal derivado da aloe vera. Possui propriedades clareadoras, uma vez que inibe a produção da melanina (COSTA, 2012). Em geral, a associação de aloensina com o arbutin inibe de maneira sinérgica a melanogênese induzida pela radiação ultravioleta. 43 • ÁCIDO KÓJICO É obtido por através da fermentação do arroz. Seu mecanismo de ação se pauta na inibição da tirosinase, e com isso reduz a síntese de melanina. Também reduz a síntese de um tipo de melanina mais escura, a eumelanina. Pode ser utilizado em todos os foto tipos de pele, em concentrações que variam de 1 a 5% (VANZIN & CAMARGO, 2011). • ÁCIDO GLICÓLICO Sua ação se pauta no mecanismo antioxidante local, associado a esfoliação da camada mais externa da epiderme. Essa esfoliação além de promover indução a renovação celular local, promove a remoção de células carregadas de melanina, melhorando o aspecto das manchas hipercrômicas (SIMÃO et al., 2019). • ÁCIDO RETINÓICO É utilizado como ativo despigmentante em peeling químico por sua ação esfoliativa (SIMÃO et al., 2019). Tem ação importante sobre o clareamento de manchas, especialmente nos quadros de melasmas. • ÁCIDO ELÁRGICO Age com efeitos antioxidantes e anti-inflamatórias, além da ação despigmentante resultante da inibição da tirosinase (RIBEIRO, 2010). • FLAVONOIDES São ativos naturais com função antioxidantes. Inibem a tirosinase e com isso reduzem a síntese de melanina produzida (SIMÃO et al., 2019). • EXTRATO DE UVA URSINA Além de atuar na inibição da tirosinase, esse ativo reduz a concentração de melanina na epiderme através de modificações estruturais na parede dos melanócitos, produzindo ação FIQUE DE OLHO Para pacientes com presença de hipercromias e que possuam fototipos de pele mais altos, pode-se fazer uma associação do uso de ácido kójico e do ácido fítico, atuando no clareamento das manchas de maneira segura (VANZIN &CAMARGO, 2011). 44 cumulativa ao longo do uso (SIMÃO et al., 2019). • LICORICE Trata-se de um extrato vegetal, conhecido também como alcaçuz, que atua inibindo a tirosinase e também dispersando a melanina. • SILICATO SINTÉTICO DE ALUMÍNIO Atua absorvendo a melanina já produzida e depositada na epiderme, reduzindo sua concentração (SIMÃO et al., 2019). É indicado no tratamento de hipercromias, especialmente nos casos de melasma. • SOJA O papel da soja como despigmentante é atribuído ao seu amplo espectro de atividade antioxidante, por isso é comum encontrar esse ativo em produtos destinados ao clareamento cutâneo. Sua ação acontece pela redução de transferência de melanina para os queratinócitos (COSTA, 2012). Esses ativos são escolhidos pelo profissional de estética com base na avaliação do paciente, considerando os objetivos de tratamento, o tipo e a gravidade das manchas hipercromias e, ainda, o tipo de pele do paciente. O tipo de pele tem uma influência importante na escolha do ativo despigmentante a ser utilizado. Um exemplo disso são as peles étnicas, que não podem ser expostas a todos os ativos, sendo mais beneficiadas com alguns deles. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 45 1.4 Aplicação dos ativos cosméticos despigmentantes em protocolos de tratamento para hipercromias Podemos realizar o uso de cosméticos despigmentantes nos protocolos de tratamento para hipercromias, com uso associado a outras modalidades de tratamento estético. Vejamos os principais passos: • PASSO 1 Higienização da pele com uso de sabonete líquido com ácido glicólico em sua formulação. • PASSO 2 Tonificação da pele com tônico de acordo com as características da pele (hidratante, adstringente etc.). • PASSO 3 Esfoliação da pele, que pode ser feita com uso de cosméticos esfoliantes, enfatizando a abrasão sobre a área das manchas. • PASSO 4 Aplicação de ativo despigmentante para peelings, como o ácido retinóico ou glicólico. • PASSO 5 Aplicação de uma máscara com ativos despigmentates, como o uso de máscaras a base de vitamina C, flavonoides ou soja, por exemplo. • PASSO 6 Aplicação de filtro solar e orientações para paciente evitar a exposição solar durante o tratamento. Esse é um exemplo de protocolo, contudo o profissional deve elaborar diferentes protocolos com base na avaliação realizada para serem evidenciadas as necessidades do paciente. Além dos tratamentos realizados no ambiente da clínica ou consultório, o profissional de estética, visando potencializar os resultados terapêuticos, deve orientar o uso de produtos cosméticos no ambiente domiciliar. Além da aplicação desses ativos, alguns cuidados cosméticos se fazem necessário de modo a promover resultados terapêuticos mais efetivos no manejodas hipercromias. Dentre os cuidados, é importante que o paciente faça uso regular de filtro solar, e que a realização de tratamentos cosméticos seja constante, regular, evitando recidivas das manchas. 46 Para ampliar os resultados, o esteticista deve ainda utilizar outros recursos estéticos associados a cosmetologia para promover a melhora da qualidade da pele em pacientes acometidos por hipercromias. Nesse sentido, indica-se a utilização de recursos manuais ou de eletroterapia de maneira associada. 2 ATIVOS COSMÉTICOS ANTIACNE Os ativos cosméticos antiacne são indicados no tratamento e na prevenção de lesões acneicas na pele. A acne é uma disfunção comum, principalmente no início da puberdade, chegando a acometer de 85 a 100% da população em alguma fase da vida. Por gerar a formação de lesões dermatológicas, principalmente na face, a acne influencia na aparência, e cursa com redução da autoestima dos pacientes. Existem muitos recursos terapêuticos voltados para essa disfunção, incluindo o uso de produtos cosméticos. 2.1 Aplicação terapêutica dos ativos antiacne Os ativos antiacne, como o próprio nome diz, são indicados ao tratamento da acne. A acne é uma disfunção dermatológica caracterizada por acometer as unidades pilos sebáceas de algumas áreas corporais, especialmente a região facial. Em relação à fisiopatologia, a acne surge pelo acúmulo de sebo e células mortas nas unidades pilos sebáceas, gerando obstrução local e o surgimento das lesões (FASSHEBER et al., 2017). Em decorrência do acúmulo e obstrução do folículo, a região passa a apresentar sinais inflamatórios, como calor, rubor, edema e dor. Além disso, pode gerar maior proliferação de bactérias na região, gerando um processo infeccioso associado a inflamação. Basicamente, a acne possui etiologia multifatorial. Contudo, alguns fatores estão mais presentes, dentre eles: a queratinização, excesso de sebo e proliferação bacteriana no local das lesões. Segundo Fasshber et al. (2017), a queratinização se caracteriza pelo acúmulo de células mortas e queratina, que, ao acumularem no folículo, geram a formação de um tampão no ducto sebáceo. O excesso de sebo é outro fator presente na acne. Isso porque a pele acneica secreta uma quantidade maior de lipídeos na superfície cutânea, que culmina com a irritação cutânea. A proliferação bacteriana gera inicialmente uma resposta inflamatória e faz com que bactérias se proliferem exageradamente e causem um processo infeccioso local. Devido a isso, surgem as lesões cutâneas da acne, como: pápulas, pústulas, nódulos e cistos. A figura “Fisiopatologia da acne” mostra o acúmulo de células mortas e de sebo na unidade pilos sebácea. 47 Figura 4 - Fisiopatologia da acne Fonte: Designua, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: A imagem apresenta uma secção de pele em que inicialmente a unidade pilos sebácea está saudável. Na sequência, há acúmulo de células mortas e sebo, gerando uma obstrução do folículo, que passa a sofrer ação de bactérias, dando origem as lesões da acne. A acne se instala nas umidades pilos sebáceas porque há acúmulo excessivo de células mortas e sebo, que causam obstrução do folículo. Esse acúmulo fica predisposto à colonização bacteriana, agravando o quadro inflamatório local. De acordo com a gravidade do quadro da acne, ela pode ser classificada em cinco graus, sendo o grau I o mais leve da afecção e o grau V o mais grave. Os tratamentos disponíveis atualmente para a acne visam atuar sobre esse mecanismo fisiopatológico. Dentre as modalidades de tratamento estéticos há o uso de cosméticos. 48 2.2 Mecanismo de ação dos ativos antiacne Considerando a fisiopatologia da acne, Ribeiro (2010) comenta que os ativos cosméticos aplicados no tratamento dessa afecção agem através da: • Inibição da produção de sebo e redução da oleosidade; • Ação queratolítica; • Redução da proliferação de bactérias; • Ação antioxidante; • Ação anti-inflamatória. Em relação à inibição do sebo e da oleosidade, os cosméticos são utilizados de modo a remover, mas também normalizar, a quantidade de sebo na pele. Isso porque apenas a remoção do sebo não permite um tratamento efetivo, é necessário que haja um melhor controle na sua produção e excreção. Os cosméticos que atuam com a função queratolítica geram a esfoliação da pele, uniformizando a camada córnea, eliminando células mortas e desobstruindo parte dos folículos. A redução da proliferação bacteriana é feita através do uso de ativos antissépticos, antibacterianos e bacteriostáticos e ainda por ativos de higiene, que promovem uma limpeza adequada da pele e controlam a proliferação de bactérias nas lesões acneicas. A ação anti-inflamatória é obtida pelo uso de ativos anti-inflamatórios, que irão controlar os sinais típicos de inflamação: dor, calor, rubor, edema e intumescimento dos tecidos. A realização de tratamentos cosméticos nos quadros de acne proporciona ao paciente uma redução na quantidade e gravidade das lesões, além de que permite uma melhor cicatrização das lesões e prevenção de cicatrizes. A figura “Tratamento da pele acneica” mostra um quadro de acne facial e em seguida apresenta a pele já tratada, com redução significativa das lesões. 49 Figura 5 - Tratamento da pele com acne Fonte: New Africa, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: A imagem apresenta inicialmente uma pele do rosto acometida por várias lesões de acne. Depois é representada essa face sem lesões de acne, com uma pele homogênea e com boa aparência. Para promover efeitos mais efetivos, orientamos ainda que uma mesma formulação contenha ativos que atuem em através de diferentes mecanismos. Ou ainda, que se estabeleçam alguns cuidados com o uso de produtos, sejam domiciliares ou realizados na clínica ou consultório. 2.3 Descrição de ativos cosméticos para tratamento da acne Os principais ativos cosméticos de tratamento para acne mais utilizados são: • ÁCIDO SALICÍLICO É um dos principais ativos cosméticos empregados no tratamento da acne. O ácido salicílico melhora a aparência e a textura da pele acometida por acne. Reduz a formação de lesões como, esfolia a pele de maneira suave, removendo células mortas e oleosidade, sem que cause irritação cutânea (VANZIN & CAMARGO, 2011). • ALONTOINA Sua ação está relacionada à função cicatrizante e regeneradora celular (MILREU, 2012). • ÓLEO DE MELALEUCA Tem ação antisséptica na acne, atuando diretamente na redução da proliferação bacteriana (RIBEIRO, 2010). 50 • CAMOMILA Possui ação emoliente, descongestionante, calmante e suavizante quando aplicada na pele irritada por quadros de acne (MILREU, 2012). • ÓLEO DE COPAÍBA Tem ação antibacteriana na pele com acne, além de atuar secundariamente na redução de comedões e na regulação da atividade sebácea (RIBEIRO, 2010). • ALOE VERA Este ativo é conhecido popularmente pelo nome de “babosa”. Possui em sua estrutura uma série de vitaminas, enzimas, minerais, dentre outros ativos que quando aplicados na pele com acne, tem função cicatrizante e anti-inflamatória (RIBEIRO, 2010). • ZINCO Na acne, o zinco é utilizado como redutor dos quadros inflamatórios e redutor de processos infecciosos causados por bactérias (RIBEIRO, 2010). • NIACINAMIDA É um ativo com propriedade anti-inflamatória, que reduz a inflamação presente nas pápulas e pústulas da acne. Além disso, pode ser utilizado de modo a reduzir a concentração de sebo na pele (RIBEIRO, 2010). • ENXOFRE Este ativo tem função queratolítica, levando a uma normalização da queratinização cutânea, por isso pode ser indicado no tratamento da acne (RIBEIRO, 2010). • TRICLOSAN É um ativo antimicrobiano de ampla ação, que interfere na síntese de lipídeos das bactérias de modo a controlar a reprodução delas. Na acne, seu uso está indicado com função antisséptica (RIBEIRO, 2010). Além destes ativos, podem ser empregados outros ativos no manejo da acne, como as argilas. 51 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 2.4 Aplicação dos ativos cosméticos
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