Prévia do material em texto
ESTUDO DO DESABAMENTO DO EDIFÍCIO ANDREA/FORTALEZA Caroline Luise da Silva Ramos/Dhyouane dos Santos Siqueira/Tiago André de Oliveira/Amanda Silveira.¹ A referida pesquisa abordou o assunto sobre as manifestações patológicas encontradas no Edifício Andrea, em Fortaleza (CE), que veio a desabar no dia 15 de outubro de 2019, quando passava por uma série de reparos estruturais. O edifício não tinha registros de reparos periódicos, apresentava manifestações patológicas tanto no seu interior quanto na fachada. No dia do desabamento, vários elementos estruturais estavam passando por intervenções as quais não estavam de acordo com as normas brasileiras regulamentadoras. O presente estudo iniciou-se com pesquisas realizadas através de artigos, laudos, estudos apresentados do caso, perícias realizadas, matérias de jornais locais, os quais serviram de base para o entendimento das possíveis manifestações patológicas do edifício. Segundo vídeos das câmeras de monitoramento, umas das principais causas que levou à estrutura ao colapso foi a negligência ao realizar as terapias necessárias na estrutura e sua falta de manutenção periódica. No total nove pessoas morreram e outras sete ficaram feridas no desabamento. Os peritos criminais e engenheiros do Núcleo de Perícia em Engenharia Legal e Meio Ambiente (Nupelm) da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) concluíram que os fatores que levaram ao desabamento foram: (a) a falha da empresa responsável pela reforma e dos seus profissionais prestadores de serviços, (b) técnica equivocada durante a obra, o que prejudicou a estabilidade da estrutura, (c) ausência de relatório da reforma e de escoramento das estruturas dos pilares de sustentação, conforme determina na NBR 5674 (ABNT, 1999), (d) acréscimo de carga (sobrecarga) inserida sobre o pavimento da cobertura, que foi construído após a conclusão da edificação, o que provocou a redução do coeficiente de segurança (no local foi realizada a construção de quartos e banheiros em um espaço de 60 m²), (e) falta de manutenção adequada da estrutura ao longo de sua vida útil (DIÁRIO DO NORDESTE, 2020). Em outubro de 2021, os engenheiros civis responsáveis pela manutenção e, o pedreiro que realizava as atividades na edificação foram indiciados pelo Ministério Público do Ceará, acusados por homicídio com dolo eventual, que é quando se assume o risco de matar (O POVO, 2021). Antes da empresa começar a realizar a manutenção predial, deveria ter sido realizado primeiramente o escoramento da edificação, levando em consideração a carga que estava sendo solicitada em cada elemento estrutural, após ter escorado a edificação e o elemento estrutural o qual passaria pelo reparo, deveria ter sido feita e limpeza onde a manifestação patológica se encontrava de maneira que toda sujeira e concreto fossem retirados deixando a parte afetada da armadura livre, com o auxílio de um paquímetro, se verificaria qual foi a porcentagem de seção de aço perdida (TECNOSIL, 2022). Se essa perda for de até 30%, bastaria usar um produto anti-ferrugem e o preenchimento com argamassa estrutural ou concreto impermeabilizado. Se essa mantida estivesse acima de 30% deveria ter sido realizado o uso de um reforço estrutural atendendo a um transpasse mínimo de 40 vezes o diâmetro da barra danificada, obedecendo o cobrimento mínimo estabelecido na NBR 6118 (ABNT, 2014), de acordo com a classe de gravidade do local. Já na fachada do edifício, para o tratamento das fissuras deveria inicialmente ser realizada a abertura da fissura, com uma espátula em formato V, em toda a extensão da mesma, removendo todo o acabamento. Após, deveria ter sido limpa a superfície, eliminando todas as partículas que poderiam prejudicar o acabamento, aplicado selador acrílico, em caso de haver partículas soltas, feito o preenchimento da fissura, mantendo o cuidado de preencher totalmente a fissura e deixando a superfície o mais nivelada possível, aplicado a tela de forma que a fissura ficasse centralizada, cortando e recomeçando a aplicação todas as vezes que houvesse nova mudança de direção na aplicação. Após a fissura reparada adequadamente, deveria ser realizada a pintura (AM BRAGA ENGENHARIA, 2018). O edifício já estava fadado ao colapso, quando os elementos estruturais já estavam com o aço em estado altamente corroído, foi apenas camuflado o problema onde deveria ter sido tratado de forma correta. A empresa e o prestador de serviço profissional erraram ao não seguir os procedimentos mínimos para garantir que o prédio não viesse ao colapso. O Condomínio Andrea negligenciou a NBR 5674 (ABNT, 1998), a prefeitura errou ao não fiscalizar os prédios e obras existentes. A estrutura estava no estado limite de fadiga, onde já faltava o cobrimento de concreto atuante à compressão, a falha responsável pelas manutenções periódicas, e forma incorreta de manutenção, de forma que tais acumulações contribuíram para o desastre. Por isso, é de suma importância a escolha e contratação de empresas e profissionais qualificados da área, em que o engenheiro responsável tomará todas as decisões do que deve ser executado e, deve garantir que o profissional que executará estes procedimentos realize os mesmos utilizando a técnica correta. REFERÊNCIAS AM BRAGA ENGENHARIA. Rachaduras, trincas e fissuras, o que fazer? Devo me preocupar? [2018]. Disponível em: https://ambragaengenharia. com.br/rachaduras-e-trincas/. Acesso em: 06 set. 2022. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5674: Manutenção de edificações - Procedimento. Rio de Janeiro, p. 6. 1999. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto- Procedimento. Rio de Janeiro, p. 38. 2014 DIÁRIO DO NORDESTE. Perícia divulga 5 fatores que contribuíram para queda do Edifício Andrea. [2020]. Disponível em: https://diariodonordeste. verdesmares.com.br/seguranca/pericia-divulga-5-fatores-que-contribuirampara- queda-do-edificio-andrea-1.2204933. Acesso em: 30 ago. 2022. O POVO. Edifício Andréa: engenheiros e pedreiro são denunciados pelo desabamento. [2021]. Disponível em: https://www.opovo.com.br/noticias/ fortaleza/2021/10/25/edificio-andrea-engenheiros-e-pedreiro-sao-indiciados- pelo-desabamento.html. Acesso em: 06 set. 2022. TECNOSIL SOLUÇÕES ESPECIAIS. Corrosão de armadura: o que causa e como amenizar esse dano? [20--]. Disponível em: https://www.tecnosilbr.com. br/corrosao-de-armadura-o-que-causa-e-como-amenizar-esse-dano/. Acesso em: 30 ago. 2022. VERSATIL ANDAIMES E ESCORAMENTOS. Cuidados com escoramento: quais os cuidados recomendados durante o processo de escoramento. [2020]. Disponível em: https://www.versatilandaimes.com.br/blog/cuidados-com- escoramento-quais-os-cuidados-recomendados-durante-o-processo- deescoramento. Acesso em: 30 ago. 2022. ¹ carolineramos@rede.ulbra.br; diihsiqueira@rede.ulbra.br; tiagooliveira@rede.ulbra.br; amandasilveira@ulbra.br. mailto:carolineramos@rede.ulbra.br mailto:diihsiqueira@rede.ulbra.br mailto:tiagooliveira@rede.ulbra.br mailto:amandasilveira@ulbra.br