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Bibliologia do Novo Testamento - 1 -
Bibliologia do Novo Testamento - 2 -
Índice
Que Deus nos livre:
...da covardia que teme novas verdades,
...da preguiça que aceita meias verdades,
...do orgulho que pensa em saber toda verdade.
Introdução................................................3
1. O Período Interbiblico (400 anos)............4
2. A Grande Biblioteca..................................7
3. Os Evangelhos..........................................9
4. O Livro de Atos dos Apóstolos................13
5. As Epístolas Paulinas............................ 15
6. A Epístola de aos Hebreus....................28
7. A Epístola de Tiago.................................29
8. As Epístolas Pedrinas.............................30
9. As Epístolas Joaninas.............................32
10. A Epístola de Judas................................35
11. O Livro de Apocalipse.............................36
Bibliografia..............................................38
Bibliologia do Novo Testamento - 3 -
Introdução
Novo Testamento é muito importante porque está às doutrinas de Cristo, pois Ele
é sábio por excelência, por isso nos trouxe estas doutrinas que estão no Novo
Testamento. Pois a sua palavra é Fiel.
“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” (Mt 24.35).
“Seca-se a erva, e caem as flores, porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente”
(Is 40.8).
“Quem destruir este livro, como já tentaram fazer os inimigos da felicidade
humana, nos deixaria profundamente desconhecedores do nosso Criador, da criação
do mundo que habitamos, da origem e dos progenitores da raça, como também do
nosso futuro destino, e nos subordinaria para sempre ao domínio do capricho, das
dúvidas e da concepção visionária. A destruição deste Livro nos privaria da religião
cristã, com todos os seus confortos espirituais, esperanças e perspectivas
animadoras, e no lugar desses, nada nos deixaria a não ser a penumbra triste da
infidelidade e as monstruosas sombras do paganismo”.
“A destruição deste Livro despovoaria o céu, fechando para sempre suas
portas contra a miserável posteridade de Adão, restaurando ao rei dos terrores o seu
aguilhão; entraria no mesmo túmulo que recebe os nossos corpos, todos os que
antes de nós morreram, e deixando a nós o mesmo triste destino. Enfim, a destruição
deste Livro nos roubaria de uma vez tudo quanto evita que a nossa existência se
torne a maior das maldições; cobriria o sol; secaria o oceano e removeria a atmosfera
do mundo moral, e degradaria o homem a ponto de ele ter ciúmes da posição dos
próprios animais.”
Bibliologia do Novo Testamento - 4 -
Lição 1
1. O PERÍODO INTERBIBLICO (400 anos)
Entre os Testamentos
Durante os quatrocentos anos decorridos entre o final da revelação do Antigo Testamento
e a vinda de Cristo, vários eventos importantes ocorreram. (1) Os gregos, sob o comando de
Alexandre, o Grande, e de seus sucessores, dominaram o mundo bíblico por algum tempo. (2)
Sob o comando dos Macabeus, os judeus se revoltaram contra o domínio político-religioso-
cultural dos gregos. (3) O império romano sucedeu ao grego e dominava o mundo bíblico na
época do nascimento de Cristo. (4) A sinagoga e outras instituições judaicas, como o Sinédrio
e as seitas dos fariseus e saduceus, surgiram e se desenvolveram durante este período.
Todos estes eventos e circunstâncias preparam o cenário para o nascimento e o
ministério de Jesus Cristo e para o nascimento e o desenvolvimento inicial de Sua Igreja.
400 Anos
Antigo Testamento
Novo Testamento
Bibliologia do Novo Testamento - 5 -
Desenvolvimento Político
O que ocorreu nesses 400 anos de silêncio ?
A expressão “400 anos de Silêncio”, freqüentemente empregada para descrever o
período entre os últimos eventos do Antigo Testamento e o começo dos acontecimentos do
Novo Testamento, não é correta nem apropriada. Embora nenhum profeta inspirado se tivesse
erguido em Israel durante aquele período, e o Antigo Testamento já estivesse completo aos
olhos dos judeus, certos acontecimentos ocorreram que deram ao judaísmo posterior sua
ideologia própria e, providencialmente, preparam o caminho para a vinda de Cristo e a
proclamação do Seu evangelho.
Supremacia Persa
Por cerca de um século depois de Neemias, o império Persa exerceu controle sobre a
Judéia. O período foi relativamente tranqüilo, pois os persas permitiam aos judeus o livre
exercício de suas instituições religiosas. A Judéia era dirigida por sumo sacerdotes, que
prestavam contas ao governo persa, fato que, ao mesmo tempo, permitiu aos judeus uma boa
medida de autonomia e rebaixou o sacerdócio a uma função política. Inveja, intriga e até
mesmo assassinato tiveram seu papel nas disputas pela honra de ocupar o sumo sacerdócio.
Joana, filho de Joiada (Ne 12.22), é conhecido por ter assassinado o próprio irmão, Josué, no
recinto do templo.
A Pérsia e o Egito envolveram-se em constantes conflitos durante este período, e a
Judéia, situada entre os dois impérios, não podia escapar ao envolvimento. Durante o reino de
Artaxerxes III muitos judeus engajaram-se numa rebelião contra a Pérsia. Foram deportados
para Babilônia e para as margens do mar Cáspio.
Alexandre, o Grande
Em seguida à derrota dos exércitos persas na Ásia Menor (333 a.C), Alexandre marchou
para a Síria e a Palestina. Depois de ferrenha resistência, Tiro foi conquistada e Alexandre
deslocou-se para o sul, em direção ao Egito. Diz a lenda que quando Alexandre se aproximava
de Jerusalém o sumo sacerdote Jadua foi ao seu encontro e lhe mostrou as profecias de
Daniel, segundo as quais o exército grego seria vitorioso (Dn 8). Essa narrativa não é levada a
sério pelos historiadores, mas é fato que Alexandre tratou singularmente bem os judeus. Ele
lhes permitiu observarem suas leis, isentou-os de impostos durante os anos sabáticos e,
quando constituiu Alexandria no Egito (331 a.C), estimulou os judeus a se estabelecerem ali e
deu-lhes privilégios comparáveis aos de seus súditos gregos.
A Judéia sob os Ptolomeus
Depois da morte de Alexandre (323 a.C), a Judéia, ficou sujeita, por algum tempo, a
Antígono, um dos generais de Alexandre que controlava parte da Ásia Menor.
Subseqüentemente, caiu sob o controle de outro general, Ptolomeu I (que havia então
dominado o Egito), cognominado Soter, o Libertador, o qual capturou Jerusalém num dia de
sábado em 320 a.C. Ptolomeu foi bondoso para com os judeus. Muitos deles se radicaram em
Alexandria, que continuou a ser um importante centro da cultura e pensamento judaicos por
vários séculos. No governo de Ptolomeu II (Filadelfo) os judeus de Alexandria começaram a
traduzir a sua Lei, o Pentateuco, para o grego. Esta tradução seria posteriormente conhecida
como a Septuaginta, a partir da lenda de que seus setenta (mais exatamente 72 – seis de cada
tribo) tradutores foram sobrenaturalmente inspirados para produzir uma tradução infalível.Nos
anos subseqüentes todo o Antigo Testamento foi incluído na Septuaginta.
Bibliologia do Novo Testamento - 6 -
A Judéia sob os Selêucidas
Depois de aproximadamente um século de vida dos judeus sob o domínio dos
Ptolomeus, Antíoco III (o Grande) da Síria conquistou a Síria e a Palestina aos Ptolomeus do
Egito (198 a.C). Os governadores sírios eram chamados selêucidas porque seu reino,
construído sobre os escombros do império de Alexandre, fora fundado por Seleuco I (Nicator).
Durante os primeiros anos de domínio sírio, os selêucidas permitiram que o sumo
sacerdote continuasse a governar os judeus de acordo com suas leis. Todavia, surgiram
conflitos entre o partido helenista e os judeus ortodoxos. Antíoco IV (Epifânio) aliou-se ao
partido helenista e indicou para o sacerdócio um homem que mudara seu nome de Josué para
Jasom e que estimulava o culto ao Hércules de Tiro. Jasom, todavia, foi substituído depois de
dois anos por um rebelde chamado Menaém (cujo nome grego era Menelau). Quando os
partidários de Jasom entraram em luta com os de Menelau, Antíoco marchou contra Jerusalém,
saqueou o templo e matou muitos judeus (170 a.C.). As liberdades civis e religiosas foram
suspensas, os sacrifícios diários foram proibidos em um altar a Júpiter foi erigido sobre do
holocausto. Cópias das Escrituras foram queimadas e os judeus foram forçados a comer carne
de porco, o que era proibido pela Lei. Uma porca foi oferecida sobre o altar do holocausto para
ofender ainda mais a consciência religiosa dos judeus.
Os Macabeus
Não demorou muito para que os judeus oprimidos encontrassem um líder para sua casa.
Quando os emissários de Antíoco chegaram à vila de Modina, cerca de 24 quilômetros a oeste
de Jerusalém, esperavam que o velho sacerdote, Matatias, desse bom exemplo perante seu
povo, oferecendo um sacrifício pagão. Ele, porém além de recusar-se a fazê-lo, matou um
judeu apóstata junto ao altar e o sírio que presidia a cerimônia. Matatias fugiu para a região
montanhosa da Judéia e, com a ajuda de seus filhos, empreendeu uma luta de guerrilhas
contra os sírios. Embora o velho sacerdote não tenha vivido para ver seu povo liberto do jugo
sírio, deixou a seus filhos o término da tarefa. Judas, cognominado “o Macabeu”, assumiu a
liderança depois da morte do pai. Por volta de 164 a.C., Judas havia reconquistado Jerusalém,
purificado o templo e reinstituído os sacrifícios diários. Pouco depois das vitórias de Judas,
Antíoco morreu na Pérsia. Entretanto, as lutas entre os Macabeus e os reis selêucidas
continuaram por quase vinte anos.
Aristóbulo foi o primeiro dos governantes Macabeus a assumir o título de “Rei dos
Judeus”. Depois de um breve reinado, foi substituído pelo tirano Alexandre Janeu, que, por sua
vez, deixou o reino para sua mãe, Alexandra. O reinado de Alexandra foi relativamente
pacífico. Com a sua morte, um filho mais novo, Aristóbulo II, desapossou seu irmão mais velho.
A essa altura, Antípater, governador da Iduméia, assumiu o partido de Hircano, e surgiu a
ameaça de guerra civil. Conseqüentemente, Roma entrou em cena e Pompeu marchou sobre a
Judéia com as suas legiões, buscando um acerto entre as partes e o melhor interesse de
Roma. Aristóbulo II tentou defender Jerusalém do ataque de Pompeu, mas os romanos
tomaram a cidade e penetraram até o Santo dos Santos. Pompeu, todavia, não tocou nos
tesouros do templo.
Roma
Marco Antônio apoiou a causa de Hircano. Depois do assassinato de Júlio César e da
morte de Antípater (pai de Herodes), que por vinte anos fora o verdadeiro governante da
Judéia, Antígono, o segundo filho de Aristóbulo, tentou apossar-se do trono. Por algum tempo
chegou a reinar em Jerusalém, mas Herodes, filho de Antípater, regressou de Roma e tornou-
se rei dos judeus com apoio de Roma. Seu casamento com Mariamne, neta de Hircano,
ofereceu um elo com governantes Macabeus.
Herodes foi um dos mais cruéis governantes de todos os tempos. Assassinou o venerável
Hircano (31 a.C.) e mandou matar sua própria esposa Mariamne e seus dois filhos. No seu leito
de morte, ordenou a execução de Antípater, seu filho com outra esposa. Nas Escrituras,
Herodes é conhecido como o rei que ordenou a morte dos meninos em Belém por temer o
Rival que nascera para ser Rei dos Judeus.
Bibliologia do Novo Testamento - 7 -
2. A GRANDE BIBLIOTECA
O que é a Grande Biblioteca?
A Bíblia
O Novo Testamento A Bíblia Toda
Contém
27 ........ Livros 66 ............. Livros
260 ........Capítulos 1.189 ............ Capítulos
7.959 ....... Versículos 31.173 ............Versículos
181.253 ....... Palavras 773.692 ..............Palavras
838.380 ....... Letras 3.566.480 ..............Letras
Obs: “O menor livro do Novo Testamento é a 2º Epístola de João”
“O menor versículo da Bíblia é Lucas 20.30”.
A Bíblia contém 66 livros, escrita ao longo de 16 séculos, por cerca de 40 diferentes
autores, nas mais diferentes condições e épocas. Ela é formada de dois Testamentos: Antigo e
Novo. O Antigo Testamento contém 39 livros assim classificados: “Lei, “História”, “Poesia” e
“Profecia”. O Novo Testamento contém 27 livros, classificados em “Biografia”, “História”,
“Doutrina” e “Profecia”. A Bíblia toda contém 1.189 capítulos, 929 no Antigo Testamento e 260
no Novo Testamento. A divisão da Bíblia em capítulos foi feita em 1250 d.C., por Hugo de
Sancto-Caro, abade dominicano e estudioso das Escrituras. Estes capítulos estão divididos em
31.173 versículos, sendo que 23.214 estão no Antito Testamento e 7.959 no Novo Testamento.
A divisão do Antigo Testamento em versículos foi feita em 1445 pelo Rabi Mardoqueu Nata, e a
do Novo Testamento em 1551 por Robert Stevens, um impressor de paris. Os 66 livros não se
acham agrupados pela ordem cronológica, e sim de acordo com o assunto a que pertencem.
Segundo a tradição, Jó é o livro mais antigo da Bíblia, tendo sua autoria atribuída ao próprio Jó,
outros acreditam que foi Moisés, e há ainda os que acreditam que foi Eliú. O maior capítulo da
Bíblia é o Salmo 119, e o menor, o Salmo 117. O maior versículo: Éster 8.9; e o menor é Lucas
20.30. Os livros de Éster e Cantares não contém a palavra “Deus”. O capítulo 19 de 2 Reis é
idêntico ao 37 de Isaias. O primeiro livro a ser impresso no mundo foi a Bíblia, isto ocorreu em
1452, em Mainz, na Alemanha, por Guttemberg. As Bíblias de edição católica-romana têm 73
livros, 7 a mais que a Bíblia usada pelos Evangélicos. Estes livros são chamados de “apócrifos”,
que significa: “livros não inspirados” “ocultos”. São eles: “Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão,
Eclesiástico, Baruque, 1 Macabeus e 2 Macabeus”. Sua aprovação pela Igreja Romana se deu
no Concilio de Trento em 1546.
Bibliologia do Novo Testamento - 8 -
Exercícios
1. Quais são os quatros pontos importantes que ocorreram durante o período interbiblico
de 400 anos?.....................................................................................................................
..................................................................................................................................................
..................................................................................................................................................
2. Qual foi o primeiro livro a ser impresso no mundo, onde foi impresso,
e através de quem?...........................................................................................................................................................................................................................................................
3. Quantos “capítulos” e quantos “versículos” têm a Bíblia toda?
..............................................
............................................................................................................................................
4. Qual é o “maior” livro, e o “menor” livro de toda Bíblia?
............................................................................................................................................
5. Qual é o “maior” capitulo, e o “menor” capitulo de toda Bíblia?...........................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
Bibliologia do Novo Testamento - 9 -
Lição 2
3. OS EVANGELHOS
Os Evangelhos são Quatros
Observação:
1º [“Sabemos que o Antigo Testamento foi escrito no Hebraico”]
[“Já o Novo Testamento foi escrito na língua Grega”]
2º [“Sabemos que o Antigo Testamento foi dividido em 4 partes: “Lei, História, Poesia e
Profecia”]
[“Novo Testamento foi também foi dividido em 4 partes: “Evangelhos, Atos, Epístolas e
Profecia”]
O Livro de Mateus
Autor: Mateus – Data 60-70 d.C.
Autoria:
Mateus, que tinha por sobrenome Levi (Mc 2.14), era um coletor (cobrador) de impostos
(publicano) judeus, trabalhando para o governo romano (Mt 9.9). Por colaborar com os
romanos, que eram odiados pelos judeus como dominadores estrangeiros, Mateus (como
todos os publicanos) era desprezado por seus compatriotas. Apesar disso, Mateus reagiu
positivamente à chamada singela que Cristo lhe fizera para segui-lO. Depois do relato do
banquete que ofereceu a seus colegas para que eles também pudessem conhecer a Jesus, ele
não volta a ser mencionado, exceto na lista dos Doze Apóstolos (Mt 10.3; veja ainda At 1.13). A
tradição afirma que ele pregou na Palestina por doze anos depois da ressurreição de Cristo, e
que depois foi pregar em outras terras, mas quanto a isso não há certeza.
“Para quem cada autor escreveu e como apresenta Jesus Cristo”
Mateus...escreveu para os Judeus.......apresenta Jesus como “Rei” .........................(Mt 2.2)
Marcos.. escreveu para os Romanos...apresenta Jesus como “Servo”.................(Mc 10.45)
Lucas......escreveu para os Gregos......apresenta Jesus como “Filho do Homem”..(Lc 9.56)
João........escreveu para os Gentios.....apresenta Jesus como “Filho de Deus” .......(Jo 1.34)
Bibliologia do Novo Testamento - 10 -
A Abordagem Peculiar de Mateus:
Mateus foi escrito para Judeus, visando a responder às suas indagações sobre Jesus de
Nazaré, que alegava ser o Messias de Israel. Seria Ele de fato o Messias predito no Antigo
Testamento? Se era, por que não estabeleceu o reino prometido? Esse reino será estabelecido
algum dia? Qual o propósito de Deus para este ínterim? Assim, neste Evangelho, Jesus é
freqüentemente chamado de Filho de Davi e é apresentado como Aquele que cumpre as
profecias messiânicas do Antigo Testamento; o reino dos céus é o assunto central de boa parte
de Seu ensino aqui registrado.
Mateus também é caracterizado por sua inclusão de pessoas estranhas ao judaísmo. Os
versículos finais registram a comissão de ir e pregar a todas as nações, e, nos quatro
Evangelhos, somente em Mateus surge a palavra “Igreja” (Mt 16.18; 18.17). Jesus também é
chamado de Filho de Abraão (Mt 1.1), pois em Abraão “serão benditas todas as famílias da
Terra” (Gn 12.3).
Data:
Embora este Evangelho receba ocasionalmente data entre as décadas de 80 e 90 do
primeiro século, o fato de a destruição de Jerusalém ser ainda considerada um acontecimento
futuro (Mt 24.2) parece exigir uma data mais recuada. Alguns pensam que Mateus foi o
primeiro Evangelho a ser escrito (por volta do ano 50), ao passo que outros discordam
alegando que só foi escrito na década de 60.
Conteúdo:
Divisões importantes de Mateus são o Sermão do Monte (Mt caps. 5 –7), que inclui as
Bem-Aventuranças (Mt 5.3-12) e a Oração do Senhor (Mt 6.9-13); as parábolas do reino (Mt
cap.13); e o Sermão Profético, que trata de eventos futuros (Mt caps. 24 – 25). O tema do livro
é Cristo, o Rei.
O Livro de Marcos
Autor: Marcos – Data: 50 – 60 d.C.
Autoria:
João Marcos era filho de Maria, uma mulher de riqueza e posição em Jerusalém (At
12.12). Barnabé era seu primo (Cl 4.10). Marcos foi amigo íntimo (e talvez um convertido) do
apóstolo Pedro (1 Pd 5.13). Teve o raro privilégio de acompanhar Paulo e Barnabé em sua
primeira viagem missionária, mas falhou em não permanecer com eles ata o fim. Por isso,
Paulo recusou-se a leva-lo na segunda viagem, de modo que Marcos acompanhou Barnabé a
Chipre (At 15.38.40). Cerca de doze anos depois, está novamente com Paulo (Cl 4.10); que,
pouco antes de ser executado, manda chamar João Marcos (2 Tm 4.11). Sua biografia prova
que um fracasso na vida não representa o fim da utilidade.
A Abordagem Peculiar de Marcos:
(1) Marcos escreveu para leitores gentios em geral e leitores romanos em particular. Por
esta razão a genealogia de Cristo não é incluída (quase não teria significado para gentios), o
Sermão do Monte não é mencionado e a condenação dos partidos judaicos recebe pouca
atenção. Com indicação adicional de que visava leitores gentios, Marcos achou necessário
interpretar palavras aramaicas (mc 5.41; 7.34; 15.22) e usou palavras latinas não encontradas
nos demais Evangelhos (“executor” Mc 6.27; “quadrante”, Mc 12.42). (2) Há apenas 63
citações e/ou alusões ao Antigo Testamento, em Marcos, comparadas com cerca de 128 em
Mateus e entre 90 e 100 em Lucas. (3) Este Evangelho enfatiza o que Jesus fez, em lugar do
que Ele disse. É um livro de ação (a palavra “Imediatamente” ocorre mais de 40 vezes).
Bibliologia do Novo Testamento - 11 -
Marcos e Pedro:
É de aceitação geral que Marcos recebeu do apóstolo Pedro boa parte das informações
contidas no Evangelho. Com a autoridade apostólica de Pedro subjazendo este Evangelho, ele
jamais sofreu qualquer contestação à sua inclusão no cânon das Escrituras.
Data:
Se alguém nega o fenômeno da profecia preditiva, terá que datar o livro depois de 70
d.C., por causa de Mc 13.2. Contudo, uma vez que o Senhor podia prever o futuro, uma data
assim tardia é inútil. De fato, se o livro de Atos precisa ser datado por volta de 61, e se Lucas,
que é o primeiro volume de Atos, o precedeu, o Evangelho de Marcos deve ser ainda anterior,
já que Lucas aparentemente utilizou o livro de Marcos para escrever o seu Evangelho. Isto
aponta para uma data na década de 50. Muitos eruditos, entretanto, acreditam que marcos só
foi escrito depois da morte de Pedro, depois de 67 mas antes de 70.
Conteúdo: O tema do livro é “Cristo, o Servo”. O versículo-chave é Mc 10.40 que divide o
Evangelho em duas partes principais: o serviço do Servo (Mc 1.1 – 10.52) e o sacrifício do
servo (Mc 11.1 – 16.20).
O Livro de Lucas
Autor: Lucas – Data:61 d.C.
Autoria:
Lucas, o “médico Amado” (Cl 4.14), amigo íntimo e companheiro de Paulo, foi
provavelmente “o único autor gentio no Novo Testamento”. Nada sabemos de sua vida, nem de
sua conversão, a não ser que ele não fora testemunha ocular da vida de Jesus Cristo(Lc 1.2).
Embora médico por profissão, foi primariamente um evangelista, escrevendo este Evangelho e
o Livro de Atos, acompanhando Paulo na obra missionária (veja a introdução ao Livro de Atos).
Esteve ao lado do apóstolo na época do seu martírio (2 Tm 4.11), mas não temos fatos
definidos sobre a parte final da vida de Lucas.
Metodologia: No prólogo do Evangelho, Lucas afirma que seu próprio trabalho foi
estimulado pelas obras de outros, que ele consultou testemunhas oculares, e que ele
selecionou e dispôs as informações sob a direção do Espírito Santo, para instruir Teófilo
quanto à fidedignidade da fé. O Evangelho de Lucas é um documento histórico bem
pesquisado e fundamentado.
Abordagem Peculiar:
Embora especificamente destinado a Teófilo, o Evangelho se inclina para todos os
gentios. (1) O autor demonstra interesse incomum em assuntos médicos (Lc 4.38; 7.15; 8.55;
14.2; 18.35; 22.50). (2) Há muita atenção para os acontecimentos ligados ao nascimento de
Cristo. Somente Lucas registra a anunciação a Zacarias e Maria, os cânticos de Isabel e Maria,
o nascimento e a infância de João Batista, o nascimento de Jesus, a visita dos pastores, a
circuncisão de Jesus e Sua apresentação no templo, detalhes da infância de Jesus e os
pensamentos íntimos de Maria. (3) Lucas demonstra um interesse incomum em indivíduos,
como se vê nos relatos de Zaqueu, (lc 19.1-10); do ladrão arrependido (Lc 23.39-43), e nas
parábolas do filho pródigo (Lc 15.11-32) e do publicano arrependido (Lc 18.9-14). É Lucas
quem nos dá a história do bom samaritano (Lc 10.29-37) e do ex-leproso agradecido (Lc 17.11-
19). (4) Há neste Evangelho uma ênfase especial na oração (Lc 3.21; 5.16; 6.12; 9.18, 28-29;
10.21; 11.1; 22.39-46; 23.34,46). (5) Outra característica peculiar deste Evangelho é o lugar de
destaque dado às mulheres (caps. 1,2; 7.11-17, 36-50; 8.1-3; 10.38-42; 21.1-4; 23.27-31,49).
(6) O autor também demonstra interesse em pobreza e riqueza (Lc 1.52; 4.16-22; 6.20; 24-25;
12.13-21; 14.12-13; 16.19-32). (7) O livro preserva quatro belos cânticos: Magnificat de Maria
(Lc 1.46-55), O Benedictus de Zacarias (Lc 1.67-79), a Glória in Excelsis dos anjos (L 2.14) e o
Bibliologia do Novo Testamento - 12 -
Nunc Dimittis de Simeão (Lc 2.29-32). Este é o Evangelho do compassivo Filho do homem que
oferece salvação a todo o mundo (Lc 19.10).
Data: Uma vez que a conclusão de Atos mostra Paulo em Roma, e que o Evangelho de
Lucas foi escrito antes de Atos (At 1.1), o Evangelho deve ter sido escrito por volta do ano 60,
possivelmente em Cesaréia, durante os dois anos em que Paulo esteve preso ali (At 24.27).
Conteúdo: O Evangelho de Lucas tem como tema “Cristo, o Filho do Homem”, e narra muito
dos acontecimentos que demonstram a humanidade de Cristo (veja Abordagem Peculiar
quanto às passagens favoritas do Evangelho).
Livro de João
Autor: O Apóstolo João – Data: 85 – 90 d.C.
Autoria:
O autor deste Evangelho é identificado no livro apenas como “o discípulo a quem Jesus
amava” (Jo 21.20,24). Ele era, obviamente, um judeu palestino que testemunhou pessoalmente
os acontecimentos da vida de Cristo, pois demonstra conhecimento de costumes judaicos (Jo
7.37-39; 18.28), e da terra da Palestina (Jo 1.44,46; 5.2) e inclui detalhes típicos de uma
testemunha ocular (Jo 2.6; 13.26; 21.8,11). Eliminando os outros dois discípulos que
pertenciam ao chamado “circulo íntimo” (pois Tiago morreu martirizado antes da época da
autoria, At 12.1-5, e Pedro é nominalmente citado em contato direto com o “discípulo a quem
Jesus amava”, Jo 13.23-24; 20.2-10), tem-se de concluir que João foi o autor. A questão de ser
ele o apóstolo João ou um outro João (o Presbítero) é debatida na Introdução a 1 João.
“João, o apóstolo, era filho de Zebedeu e Salomé” (Mt 10.2; Mc 15.40), e irmão mais novo
de Tiago. Era Galileu e aparentemente vinha de uma família abastada (Mc 15.40-41). Seu
verdadeiro caráter era tal que ficou conhecido como “filho do trovão” (Mc 3.17). Teve papel
importante na obra da igreja primitiva em Jerusalém (At 3.1; 8.14; Gl 2.9). Mais tarde esteve em
Éfeso e, por causa do Evangelho, foi exilado na ilha de Patmos (Ap 1.9).
Abordagem Peculiar:
Este é o mais teológico dos quatro Evangelhos. Trata da natureza e da pessoa de Cristo
e do significado da fé nEle. A apresentação que João faz de Cristo como divino Filho de Deus
se ver nos títulos que Jesus recebe no livro: “o Verbo era Deus” Jo 1.1, “o Cordeiro de Deus”
Jo 1.29), “o Messias” Jo 1.41, “o Filho de Deus” e “o Rei de Israel” Jo 1.49, “o Salvador do
mundo” Jo 4.42, “Senhor...e Deus” Jo 20.28. Sua divindade também é afirmada na série de
pronunciamentos “Eu sou...”(Jo 6.35; 8.12; 10.7; 9.11,14; 11.25; 14.6; 15.1,5). Em outros
pronunciamentos “Eu sou”, Cristo deixou implícita e explicita sua reivindicação de ser EU SOU
- Javé do Antigo Testamento (Jo 4.24,26; 8.24,28,58; 13,19). Estas era as mais fortes
reivindicações de divindade que Jesus poderia ter feito.
A estrutura e o estilo deste Evangelho são diferentes daqueles dos outros três (os
sinópticos). Ele não contem parábolas, menciona apenas sete milagres (cinco dos quais não
registrados em nenhum dos sinópticos) e registra várias entrevistas pessoais. O autor enfatiza
a realidade física da fome, sede, cansaço, dor e morte de Cristo como uma defesa contra a
alegação gnóstica de que Jesus não possuira verdadeira natureza humana.
Data: Embora o Evangelho de João costumasse ser datado da metade do segundo
século por críticos extremados, a descoberta do fragmento do papiro Rylands (contendo alguns
versículos de João 18, datado por volta de 135 d.C.) forçou uma data mais recuada. Várias
décadas teriam sido necessárias entre a redação do original e sua cópia e circulação num
ponto tão distante como o interior do Egito, onde o Papiro foi encontrado. O Evangelho
aparentemente.
Bibliologia do Novo Testamento - 13 -
5. O LIVRO DE ATOS DOS APÓSTOLOS
O Livro de Atos dos Apóstolos
Autor: Lucas - Data: 61 d.C.
Autoria:
Fica claro, a partir de passagens no livro que empregam os pronomes "nós" e "nos"
citado em (Atos 16: 10-17; 20:5 118; 27: 1 - 28: 16), que o autor de Atos foi um companheiro de
Paulo. O próprio conteúdo dessas passagens elimina os companheiros conhecidos de Paulo, à
exceção de Lucas. Além disso, Colossenses 4: 14 Filemom 24 apontam afirmativamente para
Lucas, que era médico. O uso freqüente de termos médicos l'm confirma esta conclusão (1:3;
3:7ss.; 9: 18,33; 13:11; 28: 1-10). Lucas atendeu juntamente com Paulo Macedônia, ficou
responsável pelo trabalho em Filipos, por cerca de seis anos e, mais tarde, esteve Paulo em
Roma, durante a prisão domiciliar do apóstolo. fui provavelmente durante este último período
que Atos foi escrito. Se tivesse sido escrito mais tarde seria difícil. explicar a ausência de
menção a acontecimentos palpitantes como o incêndio de Roma, o martírio de Paulo e a
destruição de Jerusalém.
Importância do Livro (1) Atos nos oferece o registro da expansão do cristianismo, desde
o dia da descida Espírito Santo, no dia de Pentecostes, até a chegada de Paulo a Roma, para
pregar o evangelho capital do mundo. Sob este aspecto, é o registro da continuação das coisas
que Jesus começara a fazer na Terra, Cabeça da Igreja e Doador do Espírito Santo (1:2; 2:33).
O livro é chamado por alguns de Atos do Espírito Santo.
(2) Os trinta anos de história cobertos pelo livro foram anos importantes de transição. O
evangelho foi pregado a principio apenas aos judeus e a igreja primitiva era, majoritariamente,
composta de cristãos judeus. À medida que mais e mais gentios eram incluídos, a Igreja foi-se
distinguindo e separando do judaísmo. I Doutrinas que forammais tarde desenvolvidas
aparecem em forma seminal em Atos (o Espírito, 1:8; D,3:21; 15:16; governo da Igreja, 11:30;
salvação dos gentios, 15:14). O livro enfatiza, contudo, a prática da doutrina, e não a sua
formulação.
(4) Atos fornece princípios de trabalho missionário.
(5) Atos revela ainda padrões para a vida da igreja.
(6) Descobertas arqueológicas confirmam de modo notável a exatidão histórica da
narrativa de Lucas.
Conteúdo. Nos primeiros doze capítulos do livro “as figuras importantes são Pedro,
Estêvão, Filipe, Barnabé e Tiago”. Do capítulo 13 ao final do livro a figura dominante é Paulo. O
livro também pode ser dividido segundo os limites geográficos mencionados na Grande
Comissão (1:8).
Bibliologia do Novo Testamento - 14 -
Exercícios
1. Em que data foi escrito o livro de Mateus?..............................................................
...............................................................................................................................
2. Qual era a profissão de Mateus?...............................................................................
.........................................................................................................................................
3. Quem era João Marcos?............................................................................................
4. Qual foi o único autor do Novo Testamento que foi “Gentio”?....................................
....................................................................................................................................
....................................................................................................................................
6. Coloque a letra correspondente ao lado...
Cada livro apresenta “Jesus Cristo” como...
(A) Mateus ( ) “Filho de Deus”
(B) Marcos ( ) “Filho do Homem”
(C) Lucas ( ) “Rei”
(D) João ( ) “Servo”
Bibliologia do Novo Testamento - 15 -
Lição 3
5. AS EPÍSTOLAS PAULINAS
A Epístola de Paulo aos Romanos.
Autor Paulo - Data – 58 d.C.
A Igreja em Roma. Embora Paulo e Pedro tenham sido aparentemente martirizados em
Roma, é improvavel que qualquer dos dois tenha sido o fundador da igreja naquela cidade.
Possivelmente alguns convertidos no dia de Pentecostes (At 2: 10) levaram consigo o
evangelho à cidade imperial; ou talvez, ainda, convertidos de Paulo, ou de outros apóstolos
tenham fundado a igreja. Os membros eram predominantes gentios (1:13; 11:13; 15:15-16).
Ocasião da Carta. Paulo estava ansioso para ministrar nesta igreja, que já eis
amplamente conhecida , e por isso escreveu a carta para preparar o caminho para sua visita
(15:14-17). A carta foi escrita em Corinto, onde Paulo estava levantando a coleta para os
crentes pobres da Palestina. De lá, partiu para Jerusalém para entregar o dinheiro,
pretendendo continuar viagem para, Roma e, de lá, para a Espanha (15:24). Tais planos,
todavia, foram mudados com a sua prisão em Jerusalém,. embora Paulo tenha chegado
finalmente a Roma, como prisioneiro. Febe, que pertencia à igreja em Cencréia; localidade
próxima a Corinto (16..1), foi a provável portadora da carta a Roma.
A Questão sobre o Capítulo 16. A menção nominal de 26 pessoas de uma igreja que
Paulo jamais visitara (e de modo especial Priscila e Áquila, que mais recentemente
relacionavam-se com Éfeso - At 18: 18-19 tem levado alguns estudiosos a considerar o
capítulo 16 como parte de uma outra epístola, escrita para Efeso. Seria natural, entretanto,
que, numa carta a uma igreja que não conhecia pessoalmente, Paulo mencionasse
nominalmente algumas pessoas que eram amigos comuns. A única outra lista prolongada de
saudações ocorre em Colossenses - carta escrita a outra igreja que o apóstolo nunca tinha
visitado.
Conteúdo. Mais formal que as demais cartas de Paulo, Romanos apresenta de maneira
sistemática a doutrina da justificação pela fé (e suas ramificações). O tema da epístola é a
justiça de Deus (1:16-17). Um bom número de doutrinas fundamentais da fé cristã é discutido:
a revelação natural (1:19-20), a universalidade do pecado (3:9-20), a justificação (3:24), a
propiciação (3:25), a fé (cap. 4), o pecado original (5: 12), a união com Cristo (cap. 6), a eleição
e rejeição de Israel (caps. 9-11), os dons espirituais (12:3-8) e o respeito às autoridades (13.1-7).
Bibliologia do Novo Testamento - 16 -
A Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios
Autor: Paulo – Data: 56 d.C.
A Cidade de Corinto. Localizada no estreito intimo entre os mares Egeu e Adriático,
Corinto era uma cidade portuária e um rico centro comercial. Navios que quisessem evitar a
perigosa viagem de contorno meridional da península grega eram arrastados ao longo do
istmo. A cidade ostentava um teatro ao ar livre com capacidade para 20.000 espectadores; os
jogos atléticos (chamados Jogos Ístmicos) só perdiam em importância para os Jogos
Olímpicos; Corinto possuía uma população que incluía gregos, romanos e orientais e exibia,
com orgulho, o templo de Afrodite, com suas 1.000 prostitutas. A condição imoral de Corinto é
vividamente percebida no fato de que o termo grego "korintianizomai" (lit., agir como um –
Corinto) adquiriu o sentido de cometer fornicação. Havia cavernas na parte sul do mercado, e
muitos utensílios usados para bebidas alcoólicas foram recuperados quando tais bases foram
escavadas. Corinto era notório por tudo que era pecaminoso.
A Igreja em Corinto. “O evangelho foi pregado em Corinto pela primeira vez por Paulo,
em sua segunda viagem missionária (d.C. 50)”. Enquanto morava e trabalhava com Áquila e
Priscila, ele pregou na sinagoga até que a oposição o forçou a mudar-se para a casa ao lado, a
casa de Tício Justo. Os judeus o acusaram perante o governador romano, Gálio, mas as
acusações foram rejeitadas, e Paulo permaneceu 18 meses na cidade (At 18: 1-17; 1 Co 2:3).
Depois de partir, Paulo escreveu à igreja uma carta que se perdeu (5:9), mas perguntas
inquietantes feitas pelos crentes numa carta enviada ao apóstolo e notícias perturbadoras a
respeito da situação dos crentes (7: 1) provocaram a composição de 1 Coríntios. Os problemas
incluíam divisões na Igreja (1.11) imoralidade (cap. 5; 6:9-20), e as perguntas concernentes a
casamento, alimentos, adoração e ressurreição. Crenças e práticas aberrantes e de espantosa
variedade caracterizavam a igreja em Corinto.
Local de Escrita. Esta carta foi escrita em Éfeso (16:8).
Conteúdo. A carta é predominantemente prática em sua ênfase, tratando de problemas
espirituais e morais. É um manual prático de teologia pastoral. Ênfases importantes incluem: o
tribunal de Cristo (3.11-15), a habitação do Espírito Santo (6: 19-20), a glória de Deus (10:31),
a ceia do Senhor (11 :23-34), o amor (cap. 13), o exercício dos dons (caps. 12-14) e a
ressurreição (cap. 15).
Bibliologia do Novo Testamento - 17 -
A Segunda Epístola de Paulo aos Coríntios
Autor Paulo – Data: 57. d.C.
Ocasião.
Depois de escrever 1 Coríntios, Paulo julgou necessário fazer uma visita apressada, e
dolorosa,a Corinto, já que os problemas que haviam ocasionado a primeira carta não haviam
sido resolvidos: 2 Co 2: 1; 12: 14; 13:1-(2). Depois desta visita, ele escreveu à igreja mais uma
carta, triste e severa, à qual ele se refere em 2:4, e que se perdeu. Tito foi o portador dessa
carta. Paulo, impedido de esperar para encontrar-se com Tito, voltando de Trôade, partiu
apressadamente para a Macedônia, onde Tito lhe deu as boas novas de que a igreja
finalmente se arrependera de sua rebeldia contra Paulo. Da Macedônia Paulo escreveu 2
Coríntios, fazendo logo em seguida a sua última visita à igreja (pelo menos, a última da qual se
tem noticia ou registro, At 20: 1-4).
Uma teoria popular entre os estudiosos alega que os capítulos 10 - 13 são parte da carta
severa. Embora algumas características desses capítulos correspondam ao que deve ter sido o
conteúdo da carta perdida, o assunto principal da tal carta (o crente em pecado de 2 Coríntios
2:5) não é sequer mencionado nos capítulos 10 - 13. Além disso, não há qualquer evidência
em favor de tal divisão para 2 Coríntios.
Propósito
Esta carta tem um propósito tríplice:
(1) Expressar alegria pela reação favorável da igreja ao ministério de Paulo (1-7); (2)
Relembrar os crentes de seu compromisso para com a oferta aos cristãos da Judéia (8 - 9); e
(3) Defender a autoridade apostólica de Paulo (10 - 13).
Conteúdo
A carta contém muitos detalhes pessoais e autobiográficos da vida de Paulo (4:8-18;
11.22-33). O tratamento mais completo da contribuição cristã no Novo Testamento acontece
nos capítulos 8 e 9. Versículos importantes incluem (5:10, 20-21; 6:14; 8:9;-10:5; 11:14; 12:9 e
13: 14).
Bibliologia do Novo Testamento - 18 -
A Epístola de Paulo aos Gálatas
Autor Paulo - Data: 49 ou 55 d.C.
Galácia
Na época em que a carta foi escrita, o termo Galácia era usado tanto com sentido
geográfico quanto com sentido político. O sentido geográfico se referia à parte centro-norte da
Ásia Menor, ao norte cidades de Antioquia da Pisídia; Icônio, Listra e Derbe; o sentido político
se referia à província romana (organizada em 25 a.C.) que incluía as cidades mencionadas e
alguns distritos ao sul. Se a carta fora escrita a crentes da região norte, as igrejas teriam sido
fundadas durante a segunda viagem missionária e a carta escrita durante a terceira viagem
missionária, talvez de Éfeso (por volta de 53 A. V.) ou da Macedônia (por volta de 55 A.D.). A
favor desta hipótese está o fato de Lucas sempre se referir à região norte quando usa o termo
Galácia (At 16.6; 18.23).
Se a carta fora escrita aos crentes da Galácia do Sul, as igrejas teriam sido fundadas na
primeira viagem missionária, e a carta escrita ao final desta viagem (provavelmente de
Antioquia, por volta de 49 A.D., sendo assim a mais antiga das cartas de Paulo), pouco antes
da convocação do concílio em Jerusalém (At 15).
A favor desta data está o fato de Paulo não mencionar as decisões do concílio de Jerusalém,
que se aplicavam diretamente à discussão que Paulo inclui em Gálatas, contra os judaizantes,
o que indica que o concílio ainda não se realizara.
O Problema
Como pode o homem (pecaminoso por natureza) chegar a Deus (santo por natureza?).
A resposta de Paulo é a seguinte: Há apenas um caminho - aceitar a salvação que a graça de
Deus coloca a nossa disposição através da morte de Cristo. Deixemos de lado qualquer
conceito de salvação meritória pela obediência à Lei de Moisés. O homem é fraco demais, por
natureza, para obter a auto-salvação ou auto-santificação. Certos judeus cristãos (os
judaizantes) estavam ensinando que as obras eram necessárias, que o evangelho de Paulo
não era correto, e que ele não era um verdadeiro apóstolo. A resposta de Paulo foi proclamar a
doutrina da salvação pela fé apenas, e da santificação pelo Espírito Santo, não pela Lei
Mosaica. Esta resposta foi dada na plena autoridade apostólica recebida de Cristo. Todas as
teologias que ensinam salvação pela fé mais alguma obra ou esforço humano são
veementemente negadas por esta grandiosa epístola.
Conteúdo. O tema, justificação pela fé, é defendido, explicado e aplicado. Outros
assuntos significativos são a estada de Paulo na Arábia por três anos (1:17), sua repreensão a
Pedro (2:11), a lei como um aio (3.24) e o fruto do Espírito (5:22-23).
Bibliologia do Novo Testamento - 19 -
A Epístola de Paulo aos Efésios
Autor: Paulo – Data: 61 d.C
As Epístolas da Prisão
Efésios, filipenses, Colossenses e Filemom são às vezes denominadas Epístolas da
Prisão, já que foram todas escritas durante a prisão de Paulo em Roma (Ef 3:1; Fp 3; Fp 1,:7;
Cl 4: 10; Fm 9). Debate-se a dúvida quanto à possibilidade de Paulo ter sido prisioneiro uma ou
duas vezes em Roma, embora pareça que os fatos se encaixem melhor na teoria das duas
prisões. Durante a primeira prisão, Paulo foi mantido prisioneiro num acampamento da guarda
pretoriana (ou próximo a ele), ou ainda numa casa que ele mesmo alugara (At 28.30) por dois
anos, durante os quais estas cartas foram escritas. Ele previa sua libertação (Fm 22), após a
qual realizou varias viagens, escreveu 1 Timóteo e Tito, foi novamente aprisionado 2 Tm e foi
martirizado (veja a Introdução a Tito). Estas portanto, são as cartas da primeira, prisão em
Roma, ao passo que 2 Timóteo é a carta da segunda prisão.
Uma Encíclica
Várias coisas indicam que Efésios foi uma carta circu1ar, um tratado doutrinário em
forma de carta enviado às várias igrejas da Ásia Menor. Alguns bons manuscritos gregos
omitem as palavras em Éfeso 1: 1. Há marcante ausência de controvérsia nesta carta, que não
trata de prob1emas de uma igreja em especial. Já que Paulo trabalhara em Éfeso por quase
três anos, e que normalmente mencionava os nomes de muitos amigos nas igrejas as quais
escrevia, a ausência de nomes pessoais nesta carta apóia fortemente a idéia de seu caráter
encíclico. Provavelmente, foi enviado primeiro a Éfeso, por meio de Tíquico (.Ef 6.21-22; Cl
4:7.8), sendo talvez a mesma carta chamada a dos de Laodicéia em Colossenses 4:16.
A cidade de Éfeso
O cristianismo provavelmente chegou a Éfeso com Áquila e Priscila fez ali uma breve
parada em sua segunda viagem missionária (At 18: 18-19), em sua terceira viagem ele
permaneceu na cidade por quase três anos e o evangelho se disseminou por toda a província
romana da Ásia (At 19.10). A cidade era um centro comercial, político e religioso, estando ali o
templo de Ártemis (Diana). Como grande centro comercial, rivalizava com Alexandria e
Antioquia. Depois de Paulo, Timóteo liderou a igreja por algum tempo (1 Tm 1:3) e, mais tarde,
o apóstolo João fez da cidade a sua base de operações.
Conteúdo
O grande tema desta carta é o propósito eterno de Deus de estabelecer e completar o Seu
corpo, a Igreja de Cristo. Ao desenvolver este tema, Paulo trata de predestinação a liderança
de Cristo sobre o corpo, como cabeça, a Igreja como edifício e templo de Deus, o mistério de
Cristo, dons Espirituais e a Igreja como Noiva de Cristo.
Bibliologia do Novo Testamento - 20 -
A Epístola de Paulo aos Filipenses
Autor: Paulo - Data: 61 d.C.
A Igreja em Filipos
Fundada por Paulo em sua segunda viagem missionária, esta foi a primeira igreja a ser
estabelecida por ele na Europa (At 16). Filipos era uma cidade pequena, fundada pelo Rei
Filipe da Macedônia, pai de Alexandre, o Grande. Sua maior fama vinha da batalha travada em
suas proximidades em 42 a.C., entre as forças de Bruto e Cássio contra as de Antônio e Otávio(mais tarde César Augusto). Tornou-se uma "colônia" romana, um posto militar com privilégios
especiais.
O relacionamento de Paulo com a igreja em Filipos sempre foi íntimo e cordial. Depois de já
tê-lo ajudado financeiramente por duas vezes antes de a carta ser escrita (4:16), ao saber de
seu aprisionamento em Roma, a igreja enviou Epafrodito com outra oferta. Filipenses é carta
de agradecimento por essa oferta e a mais pessoal das cartas que Paulo escrevera a uma
igreja. Epafrodito adoecera quase que mortalmente, quando de sua permanência em Roma
com Paulo (2:27) e, depois de sua recuperação, Paulo o enviou de volta com a carta. Embora
algo velados pela gentileza de Paulo nessa carta, alguns dos problemas da igreja são vistos
nas entrelinhas. Incluíam rivalidades e ambições pessoais (2:3-4; 4:2), o ensino dos
judaizantes (3:1-3), o perfeccionismo (3:12-14), e a influência de libertinos antinomianos (3:18-
19).
Local de Escrita
“Paulo estava preso” quando a carta foi escrita, mas há discordâncias quanto à
exatamente em qual cidade. Alguns pensam que foi em Cesaréia, outros em Éfeso; no entanto,
ele deve ter escrito a carta de Roma, indubitavelmente. Em 1: 13 (veja a nota) ele menciona o
pretório ou a guarda pretoriana, uma tropa romana de elite, destacada para assistir o imperador
em Roma (veja também 4:22). Também é claro que, no julgamento que defrontava, Paulo
estava com a vida em jogo, indicando que o julgamento seria conduzido perante César, em
Roma (1:20). Embora Paulo tivesse estado preso em Cesaréia por dois anos nenhuma decisão
final para o seu caso fora sequer aventada ali (At 24). Éfeso tem sido sugerida como local de
escrita, com base em 1 Co 15:32, mas, esse versículo não traz qualquer indicação clara do
aprisionamento.
Conteúdo
Urna das mais importantes passagens doutrinárias do Novo Testamento é Filipenses
nela Paulo apresenta a doutrina da kenosis - a auto-humilhação ou auto-esvaziamento de
Cristo 4.6-7 são versículos importantes sobre oração. Outros versículos favoritos da carta são
1:21, 23 b; 3: 10, 20; 4-8,13. Um retrato autobiográfico significativo aparece em 3:4-14.
Bibliologia do Novo Testamento - 21 -
A Epístola de Paulo aos Colossenses
Autor: Paulo Data: 61 d.C.
Igreja em Colossos:
Cerca de 160 quilômetros a leste de Éfeso, próximo a Laodicéia e Hierápolis (4: 13),
Colossos era um centro comercial antigo, mas decadente. O evangelho pode ter sido levado para
lá durante o ministério de Paulo em Éfeso (At 19: 10), embora tenha cabido a Epafras o papel
principal na evangelização e edificação dos colossenses. Paulo não conhecia pessoalmente os
crentes de Colossos (2:1), mas Epafras foi visitá-lo na prisão (ou quem sabe, aprisionado com
ele, Fm 23) e relatou-lhe as condições desta igreja.
Local da Escrita:
Tal como Efésios, Filipenses e Filemom, Colossenses foi escrita durante primeira prisão de
Paulo em Roma (veja a Introdução e a Tito e a Introdução a Filipenses, com respeito a outras
sugestões de local de escrita). As muitas referências pessoais, comuns a Colossenses e
Filemom, e as muitas semelhanças de idéias entre Colossenses e Efésios ligam estas cartas.
Aparentemente, Tíquico foi o portador desta (Ef 6:21; Cl 4:7).
A Heresia de Colossos:
Partindo dos contra-argumentos de Paulo na epístola, podemos discernir algumas das
características da heresia ensinada em Colossos. Era erro sincretista, misturando legalismo
judeu com especulação filosófica grega e misticismo oriental. Pontos específicos incluíam a
observância do sábado e leis alimentares, bem como o ritual da circuncisão (2: 11, 16), a
adoração a anjos (2: 18), e a prática do ascetismo derivada da crença de que o corpo era
intrinsecamente mau (2:21-23). Ao combater esta heresia, Paulo enfatiza o significado cósmico
de Cristo como Senhor da Criação e Cabeça da Igreja. Qualquer ensino, pratica, ou intermediário
que diminua a singularidade e centralidade de Cristo, é contrário à fé.
Conteúdo:
O tema é a supremacia e plena suficiência de Cristo. Assuntos importantes incluem a
pessoa e obra de Cristo (1:15-23), heresia (2:8-23) e a união do crente com Cristo (3:1-4).
Bibliologia do Novo Testamento - 22 -
A Primeira Epístola aos Tessalonicenses
Autor: Paulo - Data: 51 d.C.
O trabalho em Tessa1ônica:
Paulo, Silas e Timóteo chegaram pela primeira vez à cidade portuária de Tessalônica durante
a segunda Viagem missionária (At 17:1-14). Este foi o segundo lugar em que o evangelho foi
pregado na Europa (Filipos fora o primeiro). Pelo fato de a pregação do evangelho ter esvaziado a
sinagoga, os judeus acusaram o hospedeiro de Paulo, um certo Jasom, de abrigar traidores de
César. Os governantes da cidade retiveram Jasom como uma espécie de refém e permitiram que
os missionários deixassem a cidade. Quando chegou a Atenas, Paulo enviou Timóteo de volta a
Tessalônica (1 Ts 3: 1-2, 5) para animar os crentes e depois trazer um relatório sobre as condições
da igreja. Timóteo reuniu-se a Paulo em Corinto (3:6), onde foram escritas as duas cartas aos
tessalonicenses.
Alguns pensam que Paulo permaneceu menos de um mês em Tessalônica (somente três
sábados são mencionados em At 17:2). Ele deve ter tido, todavia, um ministério mais extenso fora
da sinagoga e da comunidade judaica, já que a igreja era composta predominantemente de gentios
(veja a nota sobre 1 Ts 1.9). Seja qual for o caso, ele se preocupou com a sua saída sob pressão e
com o problema de deixar a igreja sem uma liderança experiente. O relatório de Timóteo deu a
Paulo apenas razões de louvor a Deus pela condição saudável da igreja. Esta é uma carta escrita
por um pastor aliviado e agradecido para o seu rebanho em crescimento.
Propósito:
Além de (1) expressar sua gratidão, Paulo (2) defendeu-se de uma campanha que visava
difamar seu ministério, afirmando que era realizado apenas com fins lucrativos (2:9-10); (3)
estimulou os novos convertidos a não apenas ficarem firmes diante da perseguição, mas também
resistirem à pressão de voltar aos velhos hábitos pagãos de vida (3:2-3; 4:1-12); (4); respondeu à
pergunta quanto ao que acontece aos crentes que morrem antes da volta do Senhor (4: 13-18); e,
finalmente, (5) discutiu alguns problemas de sua vida eclesiástica que careciam de tratamento
(5:12-13,19-20).
Conteúdo:
As passagens-chaves desta epistola são escatológicas, ou seja, relacionadas aos
acontecimentos dos últimos dias, como o arrebatamento da Igreja (4:13-18) e o dia do Senhor (5:1-11).
Bibliologia do Novo Testamento - 23 -
Qual é o mais correto: “Cartas” ou “Epístolas”?
A Segunda Epístola aos Tessalonicenses
Autor: Paulo Data: 51 d.C.
Propósito
Esta carta foi enviada por Paulo à igreja em Tessalônica pouco tempo depois de 1
Tessalonicenses, visando corrigir uma nova situação. Paulo recebera, de algum modo, notícias
de que houvera mal-entendidos, se não distorções propositais (2:2), de seu ensino sobre o
vindouro dia do Senhor (1 Ts 5:1-11). Alguns pensavam que os juízos do dia do Senhor já haviam
começado; entretanto, haviam entendido que Paulo lhes ensinaram que estariam isentos, de tais
juízos. A ramificação prática desta confusão doutrinária era que alguns, pensando estar próximo
o fim do mundo, haviam parado de trabalhar e, assim, criado uma situação embaraçosa (3:6, 11).
Paulo corrige o ensino errado e repreende os ociosos.
Conteúdo
A divisão principal sobre o homem do pecado (2: 1-12) deve ser comparada com outras
passagens que falam deste anticristo
Leia: (Dn 9:27; Mt 24:15; Ap11:7; 13:1-10).
“Cartas” ou “Epístolas”?
A palavra para ambas é “epistole”, proveniente do verbo “epistello” que
significa “enviar para, enviar uma carta, expedir uma ordem de comando,
anunciar”.
Uma carta, segundo o padrão da época, apresentava cinco partes:
Saudações;
Uma oração pela saúde do destinatário;
Ação de graças;
Tema da carta;
Lembranças aos amigos e parentes.
* Já a Epístola tem alcance Geral, dirigindo-se a todo aquele a quem possa
interessar, é como um discurso e pressupõe sua publicação.
Bibliologia do Novo Testamento - 24 -
A Primeira Epístola de Paulo a Timóteo
Autor: Paulo - Data: 63 d.C.
As Epistolas Pastorais
As duas cartas a Timóteo e a carta a Tito são chamadas "Epistolas Pastorais" por que contem
princípios para cuidado pastoral das igrejas e as qualificações necessárias aos ministros.
Autoria
Alguns comentaristas têm questionado a realidade da autoria paulina destas cartas, com base
nos seguintes argumentos: (1) as viagens de Paulo, descritas nas Pastorais, não se encaixam com
qualquer fase da narrativa do livro de Atos; (2) a organização eclesiástica nelas descrita pertence ao
segundo século; (3) o vocabulário e o estilo são significativamente diferentes dos das demais cartas
paulinas.
Os que defendem a autoria paulina respondem assim: (1) não há razão que nos obrigue a crer
que Atos conta a história completa da vida de Paulo. Uma vez que sua morte não foi registrada em
Atos, ele aparentemente foi libertado de sua primeira prisão em Roma, viajou pelo império por vários
anos (talvez até a Espanha), foi novamente preso, encerrado outra vez em Roma, e martirizado no
governo de Nero. (2) Nada na organização eclesiastica refletida nas Pastorais, exige uma data
posterior (veja At 14:23; Fp 1:1). (3) A questão da autoria não pode ser decidida somente com base
no vocabulário, sem levar em conta como o assunto tratado determina a escolha de palavras pelo
autor. O vocabulário usado para descrever a organização da igreja, por exemplo, espera-se ser
diferente daquele utilizado para ensinar a doutrina do Espírito Santo. Não há argumento contra a
autoria paulina que fique sem uma resposta plausível. Além disso, é claro, as próprias cartas alegam
ter sido escritas por Paulo.
Contexto Histórico
Timóteo filho de pai grego e de uma piedosa mãe judia, chamada Eunice, esteve intimamente
associado a Paulo a partir da segunda viagem missionária (2 Tm 1:5; At 16:1-3). Quando Paulo
escreveu 1 Timóteo, provavelmente da Macedônia (1:3), estava a caminho de Nicópolis (Tt 3:12),
mas Timóteo fora deixado em Éfeso, encarregado do trabalho na província da Ásia. Embora Paulo
desejasse visitar Timóteo (3: 14; 4.13), esta carta orientaria, temporariamente, TImóteo no exercício
de suas responsabilidades pastorais.
Conteúdo: Em relação a Timóteo pessoalmente, o tema da carta é "combater o bom combate" (1:18).
Em relação à igreja como um corpo, o tema é “a conduta na casa de Deus" (3:15). Assuntos
importantes discutidos na epistola incluem a lei (1:7-11), oração (2: 1-8), traje e atividades das
mulheres (2:9-15), qualificações para os bispos ou presbíteros e diáconos (3:1-13), os últimos dias
(4:1-3), o cuidado para com as viúvas (5.3-16), e o uso do dinheiro (6:6-19).
Bibliologia do Novo Testamento - 25 -
A Segunda Epístola de Paulo a Timóteo
Autor: Paulo Data: 66 d.C.
Autoria:
“Paulo, apostolo de Cristo Jesus, pela vontade de Deus, segundo a promessa da vida que
está em Cristo Jesus, a Timóteo, meu amado filho: graça, misericórdia, e paz da parte
de Deus Pai, e da de Cristo Jesus, Senhor nosso”(1.1,2)
Contexto Histórico
Veja Contexto Histórico na Introdução a Tito. Paulo, prisioneiro em Roma como resultado
da perseguição movida por Nero, sabía, ao escrever esta carta, que sua morte estava próxima
(1:8, 16; 4. 6-8) Enfrentando o frio e a solidão em sua masmorra (4:10-13), o veterano
missionário escreveu a seu jovem filho na fé esta carta intensamente pessoal. Pouco depois,
segundo a tradição, ele foi decapitado na Via Óstia, a oeste de Roma.
Conteúdo
O tema pode ser derivado de 2:3 "um bom soldado de Cristo Jesus”. Assuntos
importantes mencionados na carta incluem a apostasia dos últimos dias (3:1-9; e 1 Tm 4:1-3), a
inspiração das Escrituras (3.16), e a coroa da Justiça.
Bibliologia do Novo Testamento - 26 -
A Epístola de Paulo a Tito
Autor: Paulo Data: 65 d.C.
Autoria
“Paulo, servo de Deus, e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus, e o
conhecimento
da verdade, que é segundo a piedade”. “A Tito, meu verdadeiro filho, segundo a fé comum, graça,
misericórdia, e paz da parte de Deus Pai, e da do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador” (1.1,4).
Contexto Histórico
A provável ordem dos acontecimentos mais significativos é a seguinte: (1) Paulo foi
libertado de sua prisão domiciliar em Roma (onde o encontramos no final de Atos),
provavelmente porque seus acusadores preferiram não levar adiante suas acusações contra ele
perante César (At 24: 1; 28:30). Por isso, perderam o caso por não comparecimento à corte, e
Paulo foi libertado. (2) Paulo visitou Éfeso e ali deixou Timóteo para supervisionar as igrejas da
Ásia, seguindo para a Macedônia (norte da Gréda). (3) De lá escreveu 1 Timóteo (1 Tm 1:3). (4)
Visitou Creta, ali deixando Tito para supervisionar as igrejas cretenseses para Nicópolis, na
Acaia (sul da Grécia, Tt 3: 12). (5) De Nicópolis ou da Macedônia, escreveu esta carta para
encorajar Tito. (6) Visitou Trôade (2 Tm 4:13), onde foi subitamente preso, levado a Roma,
encerrado e, finalmente, decapitado. (7) De Roma, durante sua segunda prisão, escreveu 2
Timóteo.
Tito
Gentio de nascimento (Gl 2:3), Tito se converteu pelo ministério de Paulo (Tt 1:4).
Acompanhou Paulo a Jerusalém por ocasião do concílio apostólico (At 15:2; G12: 1-3). Foi o
emissário de Paulo à igreja em Corinto durante a terceira viagem missionária (2 Co 7:6-7; 8:6,
16). Tito e outros dois irmãos levaram a carta que denominamos 2 Coríntios para Corinto e instou
com os coríntios a que cumprissem sua promessa de fazer uma contribuição para os cristãos
pobres de Jerusalém.
Paulo deixou Tito em Creta para usar seus dons administrativos na consolidação do
trabalho ali. Artemas (ou Tiquico) substituiu Tito em Creta para que este pudesse juntar-se a
Paulo em Nicópolis (Tt 3: 12), de Pau1o o enviou à Dalmácia (atual Iugoslávia) (2 Tm 4:10). Diz a
tradição que Tito retomou a Creta e ali morreu.
Conteúdo
Tópicos importantes discutidos nesta carta incluem as qualificações para os presbíteros
(1:5-9), instruções a várias faixas etárias na igreja (2: 1-8), relação dos crentes com o governo
(3:1-2), e a relação entre a regeneração, as obras humanas e o Espírito (3:5).
Bibliologia do Novo Testamento - 27 -
A Epístola De Paulo A Filemom
Autor: Paulo - Data: 61 d.C.
Contexto Histórico
Juntamente com Efésios, Filipenses e Colossenses, Filemom é uma das epístolas da
prisão escritas durante o primeiro encarceramento de Paulo em Roma. Onésimo, um dos milhões
de escravos no Império Romano, fugira de seu senhor Filemom, depois de roubar-lhe algum
dinheiro. Final mente chegou a Roma, onde seu caminho cruzou com o doapóstolo Paulo, que o
levou à fé em Cristo. Agora Onésimo se defrontava com o dever cristão para com seu senhor; o
que significava voltar à casa de Filemom em Colossos. Uma vez que o castigo costumeiro em
tais casos era a morte, Paulo escreveu esta maravilhosa carta intercessora em favor de
Onésimo.
Filemom não era o único crente a possuir escravos na igreja em Colossos (veja Cl 4: 1),
de modo que esta carta ofereceria diretrizes para que outros senhores cristãos tratassem seus
irmãos escravos. Paulo não negou os direitos de Filemom sobre seu escravo, mas pediu que
Filemom aplicasse o principio da fraternidade cristã a situação Onésimo (v. 16). Ao mesmo
tempo, Paulo ofereceu-se para pagar pessoalmente a dívida de Onésimo. Esta carta não é um
ataque contra a escravatura como tal, e, sim, uma sugestão de como senhores e escravos
cristãos podiam vivenciar sua fé dentro do regime iníquo da escravatura. É possível que Filemom
tenha concedido liberdade a Onésimo e o tenha enviado de volta a Paulo (v. 14). Também já se
sugeriu que Onésimo se tornou um ministro do evangelho e, mais tarde, veio a ser bispo da
igreja em Éfeso (Inácio de Antioquia, Epístola aos Efésios), “Esta é a mais pessoal das cartas
de Paulo”.
Bibliologia do Novo Testamento - 28 -
Lição 4
6. A EPÍSTOLA AOS HEBREUS
A Epístola aos Hebreus
Autor: Desconhecido - Data: 64-68 d.C.
Autoria
Muitas sugestões têm sido feitas com respeito à autoria deste livro anônimo - Paulo,
Barnabé, Apolo, Silas, Áquila e Priscila e Clemente de Roma. Com respeito à teologia e ao estilo
de Paulo, há ao mesmo tempo semelhanças e diferenças. Paulo freqüentemente apela à sua
própria autoridade apostólica em suas cartas ao passo que este autor apela a terceiros como
testemunhas visuais do ministério de Jesus (2:3). É mais seguro dizer, como fez Orígenes,
famoso teólogo do terceiro século, que somente Deus sabe quem escreveu Hebreus.
Destinatários
Três perguntas estão envolvidas na determinação dos destinatários desta carta.
(1) Qual era o contexto racial destes leitores? Embora alguns tenham defendido a tese de
que eram gentios, todas as evidencias apontam para um contexto judaico - o titulo do livro (‘Aos
Hebreus’), as referências aos profetas – e ao ministério dos anjos a Israel, bem como as citações
ao ritual levítico de adoração.
(2) Onde viviam?
Palestina ou Itália têm sido as respostas mais freqüentes. A preferência parece recair sobre a
Itália, pois estes leitores não eram pobres (e os crentes da Palestina eram pobres; 6:10; 10:34;
Rm 15:26); a Septuaginta é usada exclusivamente para citações do Antigo Testamento (o que
não se esperaria se a carta fosse destinada a moradores da Palestina) a expressão ''Os da Itália
vos saúdam” (13:24) deixa a impressão de que italianos residentes fora da Itália mandavam
saudações para 'casa'.
(3) Qual era sua condição espiritual? A maioria dos destinatários era de crentes (3:1)
embora, como em qualquer igreja, houvesse, sem dúvida, alguns que meramente professavam fé
cristã. O autor chama a carta de "palavra de exortação" (13:22), motivada pelo fato de que alguns
corriam o risco de abandonar sua fé em Cristo e retomar ao judaísmo. Os leitores estavam sendo
perseguidos, embora não ao ponto de serem martirizados (10:32-34; 12:4) e, diante disso, alguns
corriam o risco de se tornarem apóstatas. A carta é uma vibrante apologia da superioridade de
Cristo e do Cristianismo sobre o judaísmo em termos de sacerdócio e sacrifício.
Data:
Várias datas já foram sugeridas para a composição de Hebreus, desde a década de 60 à de
90, no primeiro século. Seu uso, todavia, no livro de 1 Clemente, que foi escrito em 95, exige uma
data razoave1mente mais antiga. A ausência no livro de qualquer referência à destruição do
templo em Jerusalém como prova definitiva de que Deus abolira o sistema sacrifical do Antigo
Testamento é um argumento forte para uma data anterior a 70. Além disso, a menção da recente
libertação de Timóteo (13:23), caso esta se tenha dado em ligação com seu ministério a Paulo
em Roma, exige uma data nos anos finais da década de 60.
Estilo:
O autor demonstra notável perícia literária e retórica. Seu estilo é um modelo de prosa
helenista. Tanto ele quanto seus leitores são versados no Antigo Testamento em sua tradução
grega (a Septuaginta). Há 29 citações diretas do Antigo Testamento, além de 53 alusões claras a
várias outras passagens. Estas são utilizadas para demonstrar o caráter definitivo da revelação
cristã e sua superioridade à velha aliança.
Conteúdo:
O tema do livro é a superioridade de Cristo e, assim, do cristianismo. As palavras "melhor”,
“superior”, "perfeito" e "celestial" aparecem freqüentemente. O esboço mostra como o tema é
desenvolvido,. que Cristo é superior tanto em Sua pessoa quanto em Seu sacerdócio. Passagens
favoritas em 2:3 (tão grande salvação), 4:12 (a palavra de Deus, viva e eficaz), 4:16 (o trono da
graça), 7:25 (a intercessão de Cristo), 11:1 (a descrição da fé), 11:4-40 (os heróis da fé), 12:1-2
(a carreira cristã), e 13:20-21 (uma grande bênção).
Bibliologia do Novo Testamento - 29 -
7. A EPÍSTOLA DE TIAGO
A Epístola de Tiago
Autor: Tiago - Data: 45-50 d.C.
As epistolas Gerais: Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3 João e Judas eram denominadas
epístolas “gerais”, “universais” ou “católicas” pela Igreja primitiva porque suas saudações não
são dirigidas a uma única localidade (à exceção de 2 e 3 João). Tiago, por exemplo, é dirigida
“às doze tribos que se encontram na Dispensação” (1:1) – uma designação para os crentes em
toda parte (provavelmente, todos os judeus cristãos "naquela época remota”).
Autoria: Dos quatro indivíduos identificados como Tiago, no Novo Testamento, somente
dois têm sido propostos como autor desta carta - Tiago, filho de Zebedeu (e irmão de João), e
Tiago, o meio irmão de Jesus. É pouco provável que Tiago, o filho de Zebedeu, tenha sido o
autor, visto ter sido martirizado em 44 d.C. (At 12.2). O tom de autoridade evidente na carta
não apenas elimina os outros dois Tiago menos conhecidos, do Novo Testamento (Tiago, o
menor, e o Tiago de Lucas 6: 16), mas aponta para o meio irmão de Jesus que veio a ser líder
reconhecido da igreja em Jerusalém (At 12:17; 15:13; 21:18). Esta conclusão é apoiada pelas
semelhanças existentes (no texto grego) entre esta carta e o discurso de Tiago, no Concílio de
Jerusalém (1.1 e At 15:23; 1. 27 e At 15:14; 2.5 e At 15.13).
Data: Alguns negando a autoria de Tiago, devido ao excelente grego do texto, colocam a
composição desta carta no final do primeiro século. Os galileus, todavia, conheciam o grego e
usavam-no corretamente, junto aramaico e o hebraico. Além disso, a ausência de menções ao
Concílio de Jerusalém (d.C. 49), o uso da palavra “sinagoga” (assembléia) para descrever a
igreja em 2:2 e a forte expectativa da volta rápida do Senhor (5.7-9) indicam uma data mais
recuada.
Canonicidade: Questionou-se a condição canônica desta carta até que a Igreja
percebeu que seu autor fora, com toda probabilidade, o meio irmão de Jesus. Lutero não
questionou a genuinidade de Tiago, e sim a sua utilidade, em comparação com as cartas de
Paulo, pois ela diz muito pouco sobre a justificação pela fé e dá destaque as obras.
Conteúdo:
O Livro se preocupa com os aspectos práticos da conduta cristã e apresenta o modo
pelo qual a fé opera na vida cotidiana. O propósito de Tiago foi oferecer instrução ética
concreta. Comparado a Paulo, Tiago demonstra muito pouco interesse em teologia formal,
embora a carta não esteja isenta de declaracões (1.12; 2: 1, 10-12, 19; 3:9; 5:7-9, 12, 14).
Muitos assuntos são tratados no livro, dando-se-lhe a forma de série de máximasdispostas em
formato de carta. Embora haja pouca estrutura formal no livro, suas instruções explicam como
ser praticante da Palavra (1:22). “Nos 108 versículos da carta” há referencias, ou alusões a 22
livros do Antigo Testamento e, pelo menos, 15 alusões a ensinos diretos de Cristo, contidos no
sermão do Monte. Entre os assuntos principais nela tratados estão fé e obras (2:14-26), o uso
da língua (3.1.12) e a oração pelos enfermos (5:13-16).
Bibliologia do Novo Testamento - 30 -
8. AS EPÍSTOLAS PEDRINAS
A Primeira Epístola de Pedro
Autor: Pedro - Data: 63 d.C.
Destinatários
A carta é destinada a "forasteiros da Dispersão" (1: 1). Tais pessoas eram crentes que,
como o antigo Israel haviam sido espalhados pelo mundo, embora os leitores originais da carta
fossem predominantemente gentios, em origem, ao invés de judeus (1:14; 2:9-10; 4:3-4). Sua
situação era de provação sofrimento (4.12), mas não devidos a um interdito imperial contra o
cristianismo, que só veio a acontecer mais tarde. Os sofrimentos mencionados são aqueles
comuns a crentes que vivem fielmente, numa sociedade pagã e hostil. A perseguição assumia
formas de calúnia, distúrbios, intervenção policial e ostracismo social. Os leitores são
encorajados a se regozijarem em tais provações e a viverem acima delas.
Circunstâncias de Composição
A menção de Pedro como autor da carta (1: 1) é confirmada pelas muitas semelhanças
entre esta carta e os sermões de Pedro, registrados em Atos (1:20 e At 2:23; 4:5 e At 10:42). O
mesmo Silas (também chamado Silvano), que acompanhara Paulo em sua segunda viagem
missionária, serviu de amanuense ou secretário, a Pedro (5:12; At 15:40).
A local de composição foi “Babilônia" (5:13), um nome simbólico para Roma, muito usado
por outros escritores que desejassem evitar problemas com as autoridades romanas. Pedro
esteve em Roma durante a ultima década de sua vida e escreveu esta epistola por volta de 63
d.C., pouco antes que a perseguição promovida por Nero irrompesse (em 64 d.C.). Pedro foi
martirizado por volta de 67 d.C.
Conteúdo
O próprio Pedro define o tema de sua carta, em 5: 12; “genuína graça de Deus” na vida
do crente.
Bibliologia do Novo Testamento - 31 -
A Segunda Epístola de Pedro
Autor: Pedro - Data: 66 d.C.
Autoria
Muitos têm sugerido que outra pessoa, não Pedro, escreveu esta carta, depois de 80 d.C.,
pelas seguintes razões:
(1) há diferenças de estilo;
(2) a carta, supostamente, depende de Judas; e
(3) o autor menciona que as cartas de Paulo já haviam sido reunidas numa coleção (3:16).
Todavia, o uso de outro escriba ou mesmo a não utilização de um escriba, certamente teria
resultado em diferenças de estilo; além disso não há razão pela qual Pedro não pudesse ter feito
citações da carta de Judas, embora seja mais provavel que Judas tenha sido escrita depois de 2
Pedro; por fim, 3: 16 não se refere necessariamente a todas as cartas de Paulo, mas apenas
àquelas que já tinham sido escritas e circulado até aquela data. Além disso, as semelhanças
entre 1 e 2 Pedro apontam para um mesmo autor; e sua aceitação no cânon exige autoridade
apostólica em sua composição. Presumindo a autoria petrina, a carta teria sido escrita pouco
antes de seu martírio em 67, e mais provavelmente em Roma.
Conteúdo
A carta é um lembrete ou uma recordação (1:12; 3:1) da verdade do cristianismo em
contraste com as heresias dos falsos mestres. Passagens importantes incluem 1:16-18, sobre a
transfiguração; 1:21, sobre a inspiração das Escrituras; e 3:4-10, sobre a certeza da segunda
vinda de Cristo.
Bibliologia do Novo Testamento - 32 -
9. AS EPÍSTOLAS JOANINAS
A Primeira Epístola de João
Autor: João - Data: 90 d.C.
Autoria
Embora seja geralmente aceito que a mesma pessoa tenha redigido o Evangelho de João
e estas três epístolas, alguns pensam que não foram escritos (como tradicionalmente se afirma)
por João o apóstolo, filho de Zebedeu, mas por outro João. (o. presbítero, 2 Jo. 1; 3 Jo. 1).
Argumenta-se que (1) um homem iletrado. (At 4: 13) não poderia escrever algo tão profundo
como o Evangelho de João; (2) o filho pecador não poderia ter conhecido o sumo sacerdote
como se afirma que João, o apóstolo, conhecia; (3) um apóstolo não se auto-intitularia de
"presbítero”. Todavia, "iletrado" não significa analfabeto, e sim alguém que não fora formalmente
instruído numa escola rabínica; alguns pescadores eram relativamente prósperos (Mc 1:20); e
Pedro, apesar de apóstolo, afirmou ser um presbítero (1 Pe 5: I). Além disso presbítero, é “o
discípulo amado” e o autor do Evangelho, por que não. teria ele mencionado João o filho de
Zebedeu, figura tão importante na vida de Cristã, em seu Evangelho? As evidências todas
apontam para o fato de João, o presbítero, e João, o apóstolo, serem a mesma pessoa e o autor
desta carta.
Data e Local
“Tradição cristã bem forte afirma que João passou os últimos anos de sua vida em Éfeso”.
A falta de referências pessoais nesta carta indica que ela foi escrita em estilo. homilético para os
crentes de toda Ásia Menor (tal como Efésios). Foi escrita, provavelmente, depois do Evangelho
e perseguição desfechada par Domiciano.em 95 o que coloca sua composição por volta do final
da década de 80 ou principio da de 90.
Gnosticismo
A heresia do. gnosticismo já começara a penetrar nas igrejas ao tempo de João. Entre
seus ensinos estavam: (1) o conhecimento é superior à virtude; (2) o sentido não-literal das
Escrituras, é o certo, e só pode ser entendido por uma seleta minoria; (3) a presença do mal no
mundo impede que Deus seja o seu único Criador; (4) a encarnação é um fenômeno
inacreditável, pois a divindade não poderia jamais se unir a algo material como o corpo humano.
(Docetismo.); e (5) não há ressurreição da carne. Os padrões éticos de muitas gnósticos eram
bem baixos, e por isso João enfatizou a realidade da o alto padrão ético da vida terrena de
Cristo.
Conteúdo
A carta mostra a óbvia afeição de João por seus “filhinhos” e sua preocupação com bem-
estar espiritual das crentes. Ela contém vários contrastes - luz e trevas (1:6-7; 2:8-11); amor ao
mundo e amor a Deus (2: 15-17); filhas de Deus e filhas do diabo (3:4-10); 0 Espírito de Deus e o
espírito do anticristo (4.1-3); amor e ódio (4:7-12; 16-21).
Bibliologia do Novo Testamento - 33 -
A Segunda Epístola de João
Autor: João - Data: 90 d.C.
Destinatário:
Há um mistério quanto a quem esta segunda carta foi enviada. Alguns pensam que a
Senhora eleita é maneira figurativa de designar certa igreja ("tua irmã eleita” , v. 13,
significaria, assim, outra igreja). Outros pensam que a carta foi endereçada a uma senhora
crente e sua família (e neste caso a irmã seria de fato sua irmã natural).
Data:
As circunstancias e os assuntos tratados nesta carta indicam que foi escrita na
mesma época que as demais cartas de João, e no mesmo lugar, Éfeso. Veja a Introdução
a 1 João.
Conteúdo:
O principal ensino de 2 João é andar nos mandamentos de Cristo.
(Observação: Este é o menor livro da Bíblia)
Bibliologia do Novo Testamento - 34 -A Terceira Epístola de João
Autor: João - Data: 90 d.C.
Características da Carta
Esta é uma carta muito pessoal, dirigida a Gaio. Seu foco é um problema eclesiástico
quanto a mestres itinerantes. Gaio lhes oferecera hospitalidade, ao passo que Diótrefes,
líder autoritário de uma das igrejas, recusara-se a recebe-los. João exerce autoridade
apostólica em sua repreensão a Diótrefes v. 10. Demétrio, que pode ele mesmo ter sido um
mestre itinerante, provavelmente foi o portador da carta Gaio.
Bibliologia do Novo Testamento - 35 -
10. A EPÍSTOLA DE JUDAS
A Epístola de Judas
Autor: Judas - Data: 70-80 d.C.
Autoria
Judas se identifica como irmão de Tiago (v. 1), o líder da igreja em Jerusalém (At 15) e
meio irmão Senhor Jesus. Judas é alistado entre os meios irmãos de Jesus em Mt 13:55 e Mc
6:3. Embora, por sua própria declaração, ele pretendesse escrever um tratado sobre a
salvação, circunstâncias prementes exigiram que ele tratasse do problema dos falsos mestres
(v. 3).
Propósito
Esta carta foi escrita para defender a fé apostólica contra falsos ensinos que surgiam nas
igrejas. Avanços alarmantes estavam sendo feitos por uma forma incipiente de gnostidsmo -
não do tipo ascético, atacado por Paulo na Epístola aos Colossenses, mas do tipo antinomiano.
Os gnósticos consideravam tudo que fosse material como intrinsecamente mau e tudo que
fosse espiritual como bom. Por isso, cultivavam suas vidas "espirituais" e permitiam que sua
carne fizesse qualquer coisa que quisesse; como resultado, eram culpados de todo tipo de
iniqüidade. (Veja "Gnosticismo" na Introdução a 1 João.)
Citações Extrabíblicas
Nos versículos 14 e 15, Judas cita o apocalipse pseudepigráfico de 1 Enoque e no
versículo 9 faz uma alusão a outro livro pseudepigráfico, A Ascensão de Moisés. Isto não
significa que Juda considerasse tais obras inspiradas como as Escrituras canônicas. Paulo
citou poetas pagãos, sem que implicasse inspiração divina para tais poetas (At 17:28; 1 Co
15:33; Tt. 1:12).
Destinatários
Os leitores não são identificados, mas sabemos que estavam sendo acossados por
falsos mestres que eram imorais, cobiçosos, orgulhosos e facciosos.
Conteúdo
Condenando os hereges de maneira bem enfática, Judas exorta seus leitores a
batalharem "diligentemente pela fé" (v. 3).
Bibliologia do Novo Testamento - 36 -
11. O LIVRO DE APOCALIPSE
O Livro de Apocalipse
Autor: João - Data: 90-95 d.C.
Autoria
De acordo com o próprio livro, o nome de seu autor era João (1:4, 9; 22:8), um profeta
(22:9). Tradicionalmente este João tem sido identificado com João, o apóstolo, filho de
Zebedeu (veja a Introdução a 1 João). O fato de o estilo do Apoca1ipse ser diferente do estilo
do Evangelho e das epístolas de João não prova que seu autor tenha sido outra pessoa. A
natureza da literatura apocalíptica, o fato de esta revelação ter sido dada numa visão, e as
circunstâncias de João como prisioneiro são suficientes para explicar as diferenças de estilo.
Data
Claramente o livro do Apocalipse foi escrito num período em que os cristãos estavam
sendo ameaçados por Roma, sem dúvida sob a pressão para renunciarem à sua fé e
aceitarem o culto ao imperador. Alguns afirmam que o livro foi escrito durante a perseguição
promovida por Nero depois do incêndio Roma em 64 d.C. É mais provável, contudo, uma data
durante o reinado cruel de Domiciano, uma personalidade corrupta e malévola (81-96 d.C.).
Esta data mais recente para o livro era sustentada por antigos escritores cristãos como Irineu
(c. 130-200 d.C.), e concorda melhor com o quadro de complacência e deserção das igrejas
nos capítulos 2 e 3. Esta datação é amplamente aceita por modernos estudiosos do livro.
Interpretação
Há quatro posições principais quanto à interpretação deste livro: (1) a preterista que
afirma que as profecias do livro foram cumpridas nos primeiros séculos da história da Igreja; (2)
a história que vê o livro como um panorama do desenrolar da história da Igreja, dos dias de
João até o final dos tempos; (3) a idealista, que considera o livro uma representação figurativa
dos grandes princípios do Bem e do Mal em constante conflito, sem referência a qualquer
evento histórico; e (4) a futurista, que entende maior parte do livro (caps. 4-22) como profecia
ainda a ser cumprida. A posição futurista é adotada nestas notas, com base no principio de
interpretação normal
do texto, isto é, ao pé da letra.
O livro é uma revelação, ou apocalipse (1: 1) e, como tal, espera-se que seja entendido.
Grande parte do seu conteúdo é assustadoramente claro. Alguns símbolos são explicados
(1:20; 17:1, 15-18), outros não. É sempre importante notar cuidadosamente as palavras “como”
e "semelhante" (6:1; 9:7), pois estas palavras indicam uma comparação, não uma
identificação.
Conteúdo: Esta é a revelação de Jesus Cristo, e Ele é o centro de todo o livro (1: 1). Em
Sua glória como ressuscitado (cap. 1) Ele dirige Suas igrejas na Terra (caps. 2 -3). Ele é o
Cordeiro morto e ressurreto a quem todo o louvor é dirigido (caps. 4-5). Os julgamentos do
período vindouro da Tribulação (7 anos) sobre Terra são a demonstração da ira do Cordeiro
(caps. 6-19; veja especialmente 6:16-17). O retorno de Cristo à Terra é descrito em 19:11-21.
O reino milenar de Cristo é apresentado no capítulo 20, e os novos céus a nova Terra são
descritos nos capítulos 21 e 22.
O esboço do livro é apresentado em 1:19.
(1)“As coisas que viste” se referem à visão que João tivera do Cristo ressurreto no capítulo
1.
(2) “As coisas que são” compreendem as cartas às sete igrejas da Ásia nos capítulos 2 e 3.
(3) “As coisas que hão de acontecer depois destas” são as profecias dos capítulos 4 a 22.
Bibliologia do Novo Testamento - 37 -
Exercícios
1. Qual é o conteúdo da 1ª Epístola de Pedro?..............................................................
........................................................................................................................................
2. Em que ano foi escrito as Epístolas Joaninas?................................................................
............................................................................................................................................
3. Quem foi Judas, o autor?..................................................................................................
............................................................................................................................................
4. Quem foi o autor do livro do Apocalipse, e em que data foi escrita?.........................
............................................................................................................................................
5. Qual foi o último livro do Novo Testamento a ser escrito?.................................................
............................................................................................................................................
Bibliologia do Novo Testamento - 38 -
Bibliografia
BAP – Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal,CPAD.
Bíblia de Estudo Thompson, VIDA.
Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD.
Bíblia de Estudo Anotada, Mundo Cristão.
Bíblia de Tradução Almeida, Revista e Corrigida, CPAD.
Noções do Grego Bíblico, Vida Nova.
Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, VIDA.
Dicionário da Língua Portuguesa, Fênix.
Pequena Enciclopédia Bíblica, CPAD.
Esboço de Bibliologia, J.S.L. FAESP.
Atenção!
Fica proibida a reprodução total ou parcial desta
obra sem prévia autorização por escrito do autor.
“Todos os direitos reservados”.
LEI FEDERAL 5088 de 14 de dezembro de 1973.
Bibliologia do Novo Testamento - 39 -
Prova de Bibliologia do Novo Testamento
Aluno (a): ...........................................................................................................................................data............./............../...............
(Marque um X na alternativa correta)
1. Quantas Epístolas o apostolo Paulo escreveu?
Foi um total de 11 Epistolas
Foi um total de 12 Epistolas
Foi um total de 13 Epistolas
2. Quantos versículos têm a Bíblia toda?
31.173 Versículos
32.187 Versículos
33.321 Versículos
3. Qual foi o único autor do Novo Testamento que foi Gentio?
Lucas
João
Paulo
4. Qual foi o primeiro livro a ser impresso no mundo?
Foi a Bíblia, em 1452, em Mainz, na Alemanha, por Guttemberg.
Foi a Bíblia, em 1552, em Mainz, na França, por Guttemberg.
Foi a Bíblia, em 1682, em Mainz, na Alemanha, por Robert Stevens.
5. A onde foi escrita a primeira carta de Paulo aos Coríntios?
Em Éfeso
Em Corinto
Em Roma
6. Quem escreveu, e em que ano foi escrita Epístola aos Hebreus?
O autor é desconhecido, e foi escrita no ano 64-68 d.C.
O autor foi Paulo, no ano 64-68 d.C.
O autor foi Barnabé, no ano 67-70 d.C.
7. Quais foram os pais do apóstolo João?
Simeão e Maria
Zebedeu e Salomé
Seus pais foram gregos
8. Quem foi o autor do livro de Atos dos Apóstolos, e em que data foi escrito?
João, em 90 d. C.
Lucas, em 61 d.C.
Paulo, em 68 d.C.
9. Quem fez a divisão da Bíblia em Capítulos?
Hugo de Sancto-Caro, em 1250
Rabi Mardoqueu Natã, em 1456
Robert Stevens, em 1588
10. Quem fez a divisão do Novo Testamento em Versículos?
Hugo de Sancto-Caro, em 1250
Rabi Mardoqueu Natã, em 1456
Robert Stevens, em 1551.
Observação: Só existe uma alternativa correta em cada questão, e cada questão vale 1 Ponto.
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