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CENTRO TEOLÓGICO FATAD CURSO EM TEOLOGIA MODULAR OOSS EEVVAANNGGEELLHHOOSS PROF.º JALES BARBOSA LIVROS DE EVANGELHOS FATAD Prof. Jales Barbosa 2 APRESENTAÇÃO Amados e queridos estudantes, amigos da verdade, povo adquirido, nação eleita. Graça e paz, da parte de Deus nosso pai, e do nosso Senhor Jesus Cristo. Grande é a nossa responsabilidade do servo e salvo em Jeová, de anunciar, apresentar, fazer chegar claramente à todos, da infinita bondade e grandeza, de tão grande salvação em Cristo Jesus. Conscientes dessa grande, esplendida, árdua e laboriosa tarefa do ensino da palavra. E te convidamos para estudar a Santa e maravilhosa palavra de Deus. Numa serie de apostilas andaremos juntos, passo a passo com, o Senhor Jesus. Nos evangelhos; seremos missionário com os apóstolos em atos; profetizaremos com Isaias, Ezequiel, e outros profetas; caminharemos com Moisés pelo deserto, passaremos o Jordão com Josué; venceremos todos os Golias ao lado de Davi em nome de Jeová; salmodiaremos canções ao nosso Deus com “Asafe”, teremos a coragem de Débora, a sabedoria de Salomão, a graça de Jesus, a visão de Paulo, a fidelidade de Samuel, amaremos e reclinaremos nosso rosto no peito de Cristo, tal qual João. Venha conosco, seja como os crentes de Beréia (At, 17.10-12), examinando cada dia as escrituras, você estará tomando posse das bênçãos do Senhor, fortalecendo-se, aprendendo e falando dessa palavra, você salvará tomando a ti mesmo como seus ouvintes. (1 Tm 4:16). Em Cristo Jesus, A Diretoria LIVROS DE EVANGELHOS FATAD Prof. Jales Barbosa 3 COMO ESTUDAR ESTE LIVRO Às vezes estudamos muito e aprendemos ou retemos pouco ou nada. Isto em parte acontece pelo fato de estudarmos sem ordem nem método. Embora sucintas as orientações que passamos a expor ser-lhe-á muito útil. 1. Busque a ajuda divina Ore a Deus dando-lhe graças e suplicando direção e iluminação do alto. Deus pode vitalizar e capacitar nossas faculdades mentais quanto ao estudo da Palavra de Deus. Nunca execute qualquer tarefa de estudo ou trabalhos da palavra de Deus sem primeiro orar. 2. Além da matéria a ser estudada , tenha à mão as seguintes fontes de consulta e refe-rência: • Bíblia. Se POSSÍVEL em mais de uma versão. • Dicionário Bíblico. • Atlas Bíblico. • Concordância Bíblica. • Livro ou caderno de apontamentos -individuais. • Habitue-se a sempre tomar notas de seus estudos e meditações. 3. Seja ORGANIZADO ao estudar A. Ao primeiro contato com a matéria procure obter uma visão global da mesma isto é como um todo. Não sublinhe nada. Não faça apontamentos. Não procure referências na Bíblia. Procure sim descobrir o propósito da matéria em estudos, isto é o que deseja ela comunicar-lhe. B. Passe então ao estudo de cada lição observando a SEQÜÊNCIA dos Textos que a englobam. Agora sim à medida que for estudando sublinhe palavras frases e trechos-chaves. Faça anotações no caderno a isso destinado. C. Ao final de cada lição encontra-se uma revisão geral de cada parte do livro perguntas e EXERCÍCIO que deverão ser respondidas ao termino de cada parte, que deverão ser respondidas sem consulta ao texto correspondente. responda todas as perguntas que for POSSÍVEL, logo em seguida volte ao texto e confira as suas respostas. Fazendo assim VOCÊ chegara a um final do seu estudo, com um bom aprendizado quanto no conhecimento intelectual e ESPIRITUAL. LIVROS DE EVANGELHOS FATAD Prof. Jales Barbosa 4 ÍNDICE I. INTRODUCÃO............................................................................................................................. 6 1. REINO DE DEUS – REINO DOS CÉUS.................................................................................. 6 1.1. Na Pregação De João Batista............................................................................................ 6 1.2. No Ensinamento De Jesus ................................................................................................ 6 2. O REINO E A IGREJA............................................................................................................. 7 3. NO RESTANTE DO NOVO TESTAMENTO ............................................................................ 7 4. NO PENSAMENTO TEOLÓGICO ........................................................................................... 7 II. O PROBLEMA SINOTICO .......................................................................................................... 9 1. O CONTEXTO HISTORICO DO NASCIMENTO DE JESUS ................................................... 9 1.1. A Palestina sob o Império Persa........................................................................................ 9 1.2. A Palestina sob o domínio grego ....................................................................................... 9 1.3. A Palestina independente sob os Macabeus: 167-63 a.C................................................ 10 1.4. O início da revolta dos Macabeus, 167 a.C. .................................................................... 11 1.5. A Palestina sob o domínio romano: 63 a.C., .................................................................... 12 III. OS AUTORES DOS EVANGELHOS ....................................................................................... 16 1. MARCOS............................................................................................................................... 16 2. MATEUS................................................................................................................................ 16 3. LUCAS .................................................................................................................................. 16 IV. A INDEPENDÊNCIA DOS SINÓTICOS................................................................................... 18 V. A DATA RESPECTIVA DOS EVANGELHOS SINÓTICOS....................................................... 20 VI. CARACTERÍSTICAS PECULIARES DOS EVANGELHOS SINÓTICOS ................................. 20 1. MARCOS............................................................................................................................... 20 2. MATEUS................................................................................................................................ 20 3. LUCAS .................................................................................................................................. 20 4. EVANGELHO DE JOÃO........................................................................................................ 21 4.1. A Evidência Externa ........................................................................................................ 21 4.2. Evidência Interna:............................................................................................................ 22 VII. A VIDA DE CRISTO ............................................................................................................... 26 1. INTRODUÇÃO À VIDA DE CRISTO NOS EVANGELHOS.................................................... 26 1.1. A Importância do Contexto Histórico, Geográfico e Cultural ............................................ 26 2. PRIMEIRA PARTE DA VIDA DE CRISTO: “TRINTA ANOS PREPARATÓRIOS”.................. 27 2.1. Prenúncio do Nascimento de Jesus (Mt 1:1-17; Lc 3:23-28)............................................27 2.2. A Anunciação do Nascimento de João Batista (Lc 1.5-25)............................................... 28 2.3. O Nascimento de Jesus Anunciado à Virgem Maria (Lc 1.2638) ..................................... 29 2.4. O Nascimento De João Batista (Lc 1.57-80).................................................................... 29 2.5. Anunciação a José do Nascimento de Jesus (Lc 1.18-23)............................................... 30 2.6. A Virgem Maria Visita Isabel............................................................................................ 31 2.7. O Nascimento e Infância de Jesus (Lc 2.1-7) .................................................................. 32 2.8. Sua Vida em Nazaré........................................................................................................ 35 2.9. Lição I – Referencias em Cadeias de Comando. ............................................................. 37 2.10. Lição II – Cadeia de Comando ...................................................................................... 38 2.11. Lição III – Cadeia de Comando...................................................................................... 39 2.12. Lição IV – Cadeia de Comando ..................................................................................... 43 VIII. O PROPÓSITO DO EVANGELHO ........................................................................................ 56 IX. EVANGELHO SEGUNDO ESCREVEU MATEUS ................................................................... 57 1. O Nascimento e Infância de Jesus Cristo 1.1-2.23 ................................................................ 57 2. A Preparação para o Ministério Público de Jesus (3.1-4.17).................................................. 59 3. O Começo do Ministério Público (4.18-25)............................................................................. 61 4. Primeiro Discurso: O Sermão da Montanha 5.1-7.29............................................................. 62 5. Os Milagres 8.1-9.34.............................................................................................................. 67 6. A Missão dos Doze 9.35-10.4 ................................................................................................ 70 7. Segundo Discurso. A Comissão dos Doze 10.5-11.1............................................................. 70 8. João Batista e Cristo 11.2-24................................................................................................. 72 9. O Convite do Evangelho 11.25-30 ......................................................................................... 73 LIVROS DE EVANGELHOS FATAD Prof. Jales Barbosa 5 10. Disputa com os Fariseus 12.1-45......................................................................................... 73 11. Jesus e sua Família 12.46-50 .............................................................................................. 74 12. Terceiro Discurso. Os Ensinos Parabólicos 13.1-53 ............................................................ 74 13. Jesus em sua Pátria 13.54-58 ............................................................................................. 76 14. A Morte de João Batista 14.1-12.......................................................................................... 76 15. Milagres 14.13-36 ................................................................................................................ 76 16. Controvérsias com os Fariseus sobre Rituais 15.1-20 ......................................................... 77 17. Mais Milagres 15.21-39........................................................................................................ 77 18.Controvérsias Com Fariseus E Saduceus 16.1-12................................................................ 78 19. A Confissão de Simão Pedro 16.13-20 ................................................................................ 78 20. Primeiro Aviso dos Sofrimentos de Cristo 16.21-28 ............................................................. 79 21. A Transfiguração 17.1-13..................................................................................................... 79 22. A Cura dum Menino Lunático 17.14-21................................................................................ 79 23. Segundo aviso dos Sofrimentos de Cristo 17.22-23............................................................. 80 24. O Tributo do Templo 17.24-27 ............................................................................................. 80 25. Quarto Discurso. Ensinamentos Sobre a Humildade e o Perdão 18.1-19.2 ......................... 80 26. Ensinamentos sobre o Divórcio, como resposta aos Fariseus 19.3-12 ................................ 81 27. A Bênção Sobre as Crianças 19.13-15 ................................................................................ 82 28. Riquezas e Salvação 19.16-20.16 ....................................................................................... 82 29. Terceiro Aviso dos Sofrimentos De Cristo 20.17-19............................................................. 83 30. O Pedido de Tiago e João 20.20-28 .................................................................................... 83 31. A Cura dos dois Cegos 20.29-34 ......................................................................................... 83 32. Os Acontecimentos da Última Semana do Ministério 21.1-23.39......................................... 83 33. Quinto Discurso. Os Últimos Tempos 24.1-25.46 ................................................................ 86 34. A Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo 26.1-28.20.......................................................... 89 X. O EVANGELHO SEGUNDO S. MARCOS................................................................................ 95 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 95 1. AUTORIA............................................................................................................................... 95 2. DATA E LUGAR DA OBRA.................................................................................................... 95 3. MARCOS E PEDRO.............................................................................................................. 95 4. FONTES................................................................................................................................ 96 5. TEOLOGIA ............................................................................................................................ 96 6. PLANO DO LIVRO ................................................................................................................ 97 7. COMENTÁRIO ...................................................................................................................... 98 7.1. A Preparação 1.1-13........................................................................................................ 98 7.2. O Ministério na Galiléia 1.14-9.50.................................................................................... 99 7.3. Em Caminho Para Jerusalém 10.1-52 ........................................................................... 118 7.4. A Semana da Paixão 11.1-15.47 ................................................................................... 122 7.5. A Consumação 16.1-20 ................................................................................................. 134 XI. O EVANGELHO SEGUNDO S. LUCAS................................................................................. 137 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................137 1. AUTORIA............................................................................................................................. 137 2. DATA E LUGAR EM QUE FOI ESCRITO............................................................................ 137 3. O ALVO DO ESCRITOR...................................................................................................... 137 4. PLANO DO LIVRO .............................................................................................................. 138 5. COMENTÁRIO .................................................................................................................... 139 5.1. Prefácio 1.1-4 ................................................................................................................ 139 5.2. O Advento do Salvador 1.5-2.52.................................................................................... 139 5.3. A Preparação do Salvador para seu Ministério 3.1-4.13 ................................................ 142 5.4. O Ministério na Galiléia 4.14; 9.50................................................................................. 144 5.5. A Viagem a Jerusalém (9.51; 19.28).............................................................................. 151 5.6. O Ministério Em Jerusalém 19.29; 21.38 ....................................................................... 161 5.7. A Partida do Salvador 22.1; 24.53 ................................................................................. 164 XII. NOTA RELATIVA AOS APARECIMENTOS DE NOSSO SENHOR APÓS A RESSURREIÇÃO ................................................................................................................................................... 171 BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................................................... 173 LIVROS DE EVANGELHOS FATAD Prof. Jales Barbosa 6 II.. IINNTTRROODDUUCCÃÃOO Dos quatro livros canônicos que narram a BOA NOVA, Sentido do termo (“EVANGELION”), que Jesus Cristo veio trazer, os três primeiros apresentam entre si tais semelhanças que muitas vezes, podem ser postas em colunas paralelas e abarcados com um só olhar, daí o seu nome de “sinóticos”. A tradição eclesiástica, atestada desde o século lI, atribui-os respectivamente a Marcos, Lucas e Mateus. Aplica-se aos evangelhos de Mateus Marcos e Lucas pelo fato de seguirem o mesmo plano geral para Narrativa da vida de Jesus. Nenhum dos três, no entanto, pretende contar a história completa da vida do Mestre. Não sendo biografias propriamente ditas. Marcos fala quase exclusivamente do ministério, enquanto que Mateus e Lucas acrescentam alguns dados sobre o nascimento e a meninice de Jesus como matéria introdutória. O quarto evangelho será discutido separadamente, pois a sua narrativa não corre paralela com a dos sinóticos, senão em diminuta proporção. Mas todos eles evidenciam o Reino de Deus. 1. REINO DE DEUS – REINO DOS CÉUS O reino dos céus ou reino de Deus e o tema central da �T�t�ção de Jesus, segundo os Evangelhos Sinóticos. Enquanto que Mateus, que se dirige aos judeus, na maioria das vezes fala em reino dos céus. Marcos e Lucas falam sobre o reino de Deus, expressão essa que tem o mesmo sentido daquele, ainda que mais inteligível para os que não eram judeus. O emprego de reino dos céus, em Mateus, certamente é devido à tendência, no judaísmo, de evitar o uso direto do nome de Deus. Seja como for, nenhuma distinção quanto ao sentido, deve ser suposta entre essas duas expressões (por exemplo, �T 5:3 com Lc.6:20). 1.5. Na Pregação De João Batista João Batista apareceu primeiramente anunciando que o reino dos Céus estava próximo (�T. 3: 2), e Jesus deu prosseguimento a essa mensagem depois que João Batista foi aprisionado (�T.4:17). A expressão reino dos céus, em hebraico malekhuth shamaym se originou com a posterior expectativa judaica sobre o futuro, na qual denotava a intervenção decisiva de Deus, ardentemente aguardada por Israel, a qual restauraria a sorte de Seu povo e os livraria do poder dos seus inimigos. A vinda do reino era a grande, perspectiva do futuro, preparada pela vinda do rei messias, que pavimentaria o caminho para o reino de Deus. Quando João Batista e, depois dele, o próprio Jesus, proclamaram que o reino estava próximo, essa proclamação envolvia um grito de despertamento dotado de uma sensacional e universal significação. Proclama-se a aproximação do pondo decisivo divino, da história humana que já era tão almejado, embora que seja com expectativas diversas. Portanto, reveste-se da maior importância a pesquisa do conteúdo dá pregação neotestamentária no tocante à vinda do reino. 1.2. No Ensinamento De Jesus a) O Aspecto Presente A proclamação do reino por Jesus seguia a pregação de João palavra por palavra; no entanto, tem um caráter muito mais abarcador, compreensivo. Depois que João Batista havia observado a aparência de Jesus por um tempo considerável, começou a duvidar se Jesus, afinal de contas, era aquele que viria, conforme ele mesmo havia anunciado (�T.11:2 e seg.). A proclamação de Jesus sobre o reino diferia em dois particulares da pregação de João Batista. Em primeiro lugar, apesar de reter, sem qualquer qualificação, o anuncia sobre o julgamento vindouro e o convite ao arrependimento, é a significação salvadora do reino que aparece em primeiro plano. Em segundo lugar e aqui temos o cerne mesmo da questão – Ele anunciava o reino não LIVROS DE EVANGELHOS FATAD Prof. Jales Barbosa 7 simplesmente como uma realidade que esta preste a realizar-se, algo que apareceria em futuro imediato, mas como uma realidade que já se fizera presente, manifestada em Sua própria pessoa e ministério. Embora as passagens em Jesus se referem explicitamente ao reino como realidade já presente não sejam numerosas (vide especialmente �T. 12:8 e paralelos), Sua pregação e ministério inteiros são assinalados por essa realidade dominante. Nele o grande futuro se tomara tempo presente, O reino dos céus havia penetrado nos domínios do maligno. O poder de satanás estava quebrado. Jesus o via caindo do céu como um relâmpago. Jesus possuía e proporcionava o poder de pisar aos pés o domínio do adversário. O segredo de pertencer ao reino jaz no fato de pertencer a Jesus (�T. 7:23, 25:41). Em resumo, a pessoa de Jesus, como Messias, e o centro de tudo aquilo que se anuncia no Evangelho acerca do reino. O reino, tanto nos seus aspectos atuais, como nos seus aspectos futuros se concentra em Jesus. b) Aspecto Futuro Há também o aspecto futuro. Pois, embora que se declare claramente que o reino esta manifestado aqui e agora no Evangelho, também se declara que por enquanto o reino ainda se manifesta na terra de uma maneira provisória. O evangelho do reino continua a se revelar como sendo apenas uma semente que esta sendo semeada. A ressurreição inaugura uma nova era; a pregação do reino e do Rei atinge ate os confins da terra. A decisão já fora resolvida; mas o seu cumprimento ainda se prolonga pelo futuro adentro. O que a primeira vista parece ser uma e a mesma vinda do reino, o que é anunciado como uma indivisível realidade, como algo próximo, em realidade se projeta para cobrir novos períodos de tempo até a distancias longínquas. Pois as fronteiras desse reino não equivalem aos limites de Israel ou da Historia: o reino abarca em seu escopo todas as nações e preenche todas as eras até que cheque o fim do presente século. 2. O REINO E A IGREJA O reino é dessa maneira relacionado com a história da igreja e do Mundo. Existe certa conexão entre o reino e a Igreja, mas não coisasidênticas, nem mesma na era presente. O reino e a totalidade da atividade remidora de Deus, em Cristo, neste mundo. A igreja é a assembléia daqueles que pertencem a Jesus Cristo. 3. NO RESTANTE DO NOVO TESTAMENTO A expressão reino dos céus ou reino de Deus, não aparece com tanta freqüência, no Novo Testamento, fora dos Evangelhos Sinópticos, entretanto, é tão somente uma questão de terminologia. Como indicação da grande revolução na historia da salvação que já foi inaugurada por ocasião da vinda de Cristo, e como a esperada consumação de todos os atos de Deus, o reino dos céus e o tema central da revelação total de Deus no Novo Testamento. 4. NO PENSAMENTO TEOLÓGICO No que diz respeito à concepção do reino dos céus na teologia, isso tem sido poderosamente sujeitado a todas as espécies de influências e Pontos de vista durante os vários períodos e tendências do pensamento teológico. Na teologia católica romana, uma característica distintiva e a identificação do reino de Deus com a igreja, na dispensação terrena, identificação essa devida principalmente a influencia de Agostinho. Por meio da hierarquia eclesiástica, Cristo e atualizado ou materializado como Rei do reino de Deus. Enquanto que a reforma, em seus primeiros dias não perdia de vista as grandes dimensões da historia salvadora do reino, o reino de Deus, sob a influencia de iluminação e do pietismo, passou a ser crescentemente concedido num sentido individualista – passou a ser exclusivamente a soberania da graça e da paz no coração do individuo. Na teologia liberal posterior esse conceito se desenvolveu tomando uma direção moralista (especialmente devido a influencia de �T�t), o reino de Deus seria o reino da paz, do amor e da justiça. LIVROS DE EVANGELHOS FATAD Prof. Jales Barbosa 8 QUESTIONÁRIO 1. Quais são os Evangelhos Sinóticos? ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 2. Que Evangelho enfoca o reino dos céus? E a quem se dirige? 3. Diferencie Reino dos Céus de Reino de Deus? 4. Qual o enfoque da pregação de João Batista? 5. A proclamação de Jesus sobre o reino diferia da pregação de João Batista? Justifique. ,______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 6. Qual a interpretação do Reino de Deus na teologia católica? 7. Que sentido foi dado ao Reino de Deus, na época da Reforma, sob a influencia de iluminação e do pietismo? 8. Complete as lacunas: a) A _____________ é a assembléia daqueles que _____________________________________ b) _______________________________ falam sobre o reino de Deus. c) O _______ e a totalidade da atividade remidora de Deus, em Cristo, ___________. A ________ é a assembléia daqueles que ________________________________. LIVROS DE EVANGELHOS FATAD Prof. Jales Barbosa 9 IIII.. OO PPRROOBBLLEEMMAA SSIINNOOTTIICCOO O que os investigadores das origens evangélicos chamam de problema sinótico surge da aparente relação de independência desses três evangelhos quando sujeitos a um estudo comparativo, pois apresentam muitas semelhanças e não poucas diferenças que pedem aplicação. Ao processar-se a comparação surgem certas perguntas que merecem uma cuidadosa resposta, antes que se dê por segura qualquer conclusão no tocante ao problema. Ei-las – Qual é a explicação de tantas diferenças? E sendo tão diferentes, como é quem em outras coisas apresentam tantas semelhanças, como, por exemplo, no caso de usarem as mesmíssimas palavras em muitos lugares? Qual deles é o mais antigo? Os autores dos outros dois conheciam o primeiro quando escreveram? Teriam os autores usado documentos escritos além dos evangelhos que conhecemos? São estas algumas das perguntas que um estudante, cuidadoso dos evangelhos deseja ver respondidas e, bem assim, saber em que se baseiam as respostas. 1. O CONTEXTO HISTORICO DO NASCIMENTO DE JESUS 1.1. A Palestina sob o Império Persa. Após Neemias e Malaquias, toda a Palestina continuou sob os Persas por mais quase 100 Anos, Até 330, quando A Grécia venceu A Pérsia. Judá esteve sob os persas em 536-330 a.C. O centro do Império Persa ficava onde é hoje o Irã. Suas capitais foram primeiramente Babilônia e logo depois Suga, construída por Cambises, especialmente para esse fim. Susa é mencionada em Neemias 1.1; Ester 1.2; Daniel 8.2. A Bíblia menciona o fim do período persa em Neemias 12.22. O “Dario, o Persa” aí mencionado é o Dario Codómano da História: o último rei persa. Reinou em 336-330 a.C Foi derrotado por Alexandre Magno, da Grécia, em 330, na famosa batalha de Arbela, perto de Nínive. O “Jádua” aí mencionado foi o sumo sacerdote que recebeu Alexandre em Jerusalém quando ele submeteu a Palestina, em 332, na sua marcha de conquista do Oriente. Como império mundial, os persas dominaram 200 anos. Nessa ocasião já assomava no horizonte: a sombra ameaçadora do que mais tarde viria a ser o maior império do mundo – Roma. 1.2. A Palestina sob o domínio grego Tempo: 330-167 mais de 150 anos. Em 330, Alexandre, o monarca grego, tinha o mundo todo a seus pés, após seis anos de conquistas e doze de reinado. Em 332, como já dissemos, na sua investida para o Oriente, ele submeteu a Palestina, sendo tolerante e benevolente para com os judeus. Com a ampliação do domínio grego, começa a espalhar-se e a predominar a língua grega com sua imensa cultura, preparando, assim, o caminho para o surgimento da Bíblia em grego (a Septuaginta), e para a vinda do Salvador, o qual encontrou o grego predominando em todos os contornos do Mediterrâneo e outras regiões. Tempos após a morte de Alexandre, cada país, além de sua língua, conhecia também o grego. Isso fazia parte do preparo para a vinda do Salvador. Em 323 morre Alexandre, em Babilônia, aos 33 anos de idade. O governo do Império ficara nas mãos de um só homem por pouco tempo. Houve lutas entre os diversos pretendentes, e, com elas, as divisões. Finalmente, o vasto império foi dividido entre quatro dos famosos generais de Alexandre: 1.�. SELEUCO I – NICATOR, ficou com a Síria, Ásia Menor e Babilônia. Capital: Antioquia da Síria. A dinastia de reis gregos, da qual foi fundador, teve 18 reis até o ano 65 a.C., quando a Síria foi convertida em província romana. II. PTOLOMEU I SOTER I, PTOLOMEULAGOS (aparece na História com esses nomes) ficou com o Egito. Capital: Alexandria, que fora fundada por Alexandre, em 32. Fundou a dinastia dos Ptolomeus, os reis gregos do Egito. Houve 15 Ptolomeus até o ano 30 a.C., quando o Egito foi convertido em província romama. Cleópatra VII (famosa na história), foi rainha co-regente, em 52- 30 a.C.; LIVROS DE EVANGELHOS FATAD Prof. Jales Barbosa 10 III. CASSANDRO ficou com a Macedônia e a Grécia. Capitais: Pela e Atenas. Não teve dinastia, como os dois mencionados. IV. LISÍMACO ficou com a Trácia. .Não teve dinastia. Resumo Histórico da Palestina sob o Domínio Grego. Sob a Grécia propriamente dita, isto é, sob Alexandre: 332-323 – 9 anos. Sob a Síria e Egito, alternadamente: 323-101. Na divisão do império de Alexandre, a Palestina ficou inicialmente sob a Síria (323-320). Em seguida sob o Egito (320-314). E assim passou de uma a outra mão, por várias vezes até o ano 301 a.C., quando o Egito e a Síriafizeram de seu território campo de batalha, onde mediam forças. Sob o Egito 301-198. Um dos reis deste período foi Ptolomeu lI, Filadelfo que reinou de 285-247 a.C. Foi ele que providenciou a tradução em grego das Escrituras Sagradas. Construiu também o célebre farol de Alexandria, uma das sete maravilhas do Mundo Antigo, na Ilha de Faros, de onde vem à palavra “farol”. Esta fase foi de progresso para os judeus, que tinham boa recepção no Egito. Os apócrifos do Antigo Testamento começaram a surgir nesse tempo. Todos eles foram escritos entre 270-50 a.C. Sob a Síria 198-167. Um dos reis deste período foi o monstro Antíoco Epifânio reinou de 175-167 a.C. Este homem decidiu exterminar o povo judeu e sua religião. É comparável a Herodes, Nero, Hitler e outros da mesma estirpe. Proibiu o culto a Deus. Recorreu a todo tipo de tortura para forçar os judeus a renunciarem sua crença em Deus. Isto deu lugar à revolta dos irmãos Macabeus. Durante a época dos ptolomeus e Selêucidas, a língua grega foi implantada na Palestina. O poder civil passou a ser exercido pelo sumo sacerdote, que exercia também o poder religioso. Sua divisão política nesse tempo constava de cinco províncias ou distritos: JUDÉIA – GALILEIA – SAMARIA – TRACONITES – PERÉIA. Surgiram também na fase acima as seguintes seitas religiosas: a) Os Fariseus. (Em hebreu: “separados”). Inicialmente, primavam pela pureza religiosa. Seu objetivo era conservar viva e ativa a fé em Jeová. Depois, tornaram-se secos, ritualistas e hipócritas, como Jesus os classificou Eram nacionalistas. b) Os Saduceus. (Em hebreu: “justos”). Eram os aristocratas da época, adeptos do que chamamos hoje racionalismo (At 5.17; 23.8). Eram helenistas, isto é, partidários dos gregos, dos seus sistemas, etc. c) Os Essênios. Eram uma ordem monástica, verdadeira irmandade. Praticavam o ascetismo. Viviam nas vizinhanças do mar Morto. A raiz, da qual deriva a palavra “essênio”, significa “piedoso”. Pareciam uma seita oriental com mistura de judaísmo. Até hoje não está plenamente esclareci da a origem dos essênios. 1.3. A Palestina independente sob os Macabeus: 167-63 a.C. O nome “Macabeu” vem de Judas, que tinha este nome. Como declaramos acima, a partir de 198, a Palestina passou ao controle da Síria. Os primeiros 30 anos foram toleráveis, mas, em 175 a.C., subiu ao trono da Síria um homem excessivamente mau – Antíoco Epifânio, também conhecido corno Antíoco IV. Foi violentamente rancoroso para com os judeus. Resolveu exterminar este povo e sua religião. Em 168 ele arrasou Jerusalém, profanou o templo, erigiu nele um altar a Júpiter e imolou uma porca no altar dos holocaustos. Decretou pena de morte para quem praticasse a circuncisão e adorasse a Deus destruiu quantas cópias encontrou das Escrituras. Quem fosse encontrado lendo a Bíblia era morto também. Cumpriram-se as profecias de Daniel 8.13, mas, de modo parcial, pois o pleno cumprimento é ainda futuro, conforme Mateus 24.15 LIVROS DE EVANGELHOS FATAD Prof. Jales Barbosa 11 Antíoco recalcado pelos insucessos contra o Egito vinga-se nos judeus. No seu assalto a Jerusalém, mata jovens, velhos, mulheres e crianças, chegando a 80.000 o número de mortos. Levou 40.000 cativos e vendeu outro tanto como escravos. Os dois anos seguintes foram de desolação e humilhação. Em seguida começaram novas atrocidades. Chega da Síria um exército de mais de 20.000 homens, e, num sábado quando o povo em obediência à Lei adorava a Deus, o exército de Antíoco, comandado por Apolônio, lançou-se sobre os indefesos judeus e houve então um dos maiores massacres da História, Jerusalém foi incendiada. Antíoco decretou como religião oficial dos judeus o paganismo grego, obrigando-os a observa-la. 1.4. O início da revolta dos Macabeus, 167 a.C. Ardia no peito dos judeus o sentimento de revolta. A perseguição religiosa atingia agora todo o país. O sentimento patriótico toma conta do povo. Falta apenas um líder para dar o grito de revolta. Todos estavam em torno de um mesmo ideal – independência. O velho sacerdote Matatias, que vivia em Modim (entre Jope e Jerusalém), foi o herói que deu o brado de guerra e desfraldou a bandeira da revolta. Tinha ele cinco filhos, todos valorosos: JOÃO, SIMÃO, JUDAS, ELEAZAR, JONATAS. Eram fariseus verdadeiros. O velho sacerdote dirigiu a luta com muita bravura, obtendo sempre vitórias. Morreu no mesmo ano da revolta: 167. Trataremos agora dos cinco irmãos Macabeus, individualmente. A palestina experimentou independência sob eles por 100 anos. JUDAS. 166-161. Ao falecer o velho pai, Judas assumiu a direção da luta. A vitória continuou com os judeus. Ainda em 167, Judas retomou Jerusalém e começou a reparar o templo. As batalhas continuaram. Os judeus saíam sempre vitoriosos. Em 25 do mês de Quisleu (nosso dezembro) de 165 a.C., Judas reedificou o templo com uma grande festa denominada “Festa da Dedicação”, a qual continuou sendo comemorada pelas gerações através dos tempos. O Senhor Jesus esteve presente a uma dessas festas (�T 10.22,23). Judas fez aliança com Roma, o que mais tarde foi muito útil para os judeus. Antíoco morreu em 164, mas a Síria continuou lutando. Judas prosseguiu dando combate aos sírios. Foi um guerreiro de admirável gênio militar. Morreu em combate em 161. ELEAZAR. Morreu em combate antes de 161 a.C. JONATAS. 161-142. Foi também guerreiro notável, conduzindo o exército de vitória em vitória. Morreu numa traição urdida por um pretenso amigo seu, um general sírio, em 142. Foi ele o primeiro judeu a exercer as funções de rei e sacerdote a um só tempo. JOÃO. Morreu antes de Jônatas. SIMÃO. 142-134. É o último Macabeu sobrevivente. Morreu à traição em 134. Consolida a vitória e é feito por seus compatriotas governador e sumo sacerdote. A Síria continuou atacando. Agora, os governantes que se seguem são também descendentes dos Macabeus. JOÃO HIRCANO. 134-104. Era filho de Simão. Hircano cercou e destruiu a cidade de Samaria, arrasando o templo dos samaritanos, construído sobre o monte Gerizim, por permissão de Alexandre, o Grande, quando imperador. Isso ocorreu no ano 128 a.C. Os idumeus, que habitavam ao sul da Palestina, também atormentavam constantemente os judeus. Hircano os conquistou e fê-los aceitar a religião judaica. Isto não os transformou em verdadeiros judeus, como veremos mais adiante. Hircano morre em 104. Nesse tempo a divisão política da Palestina era: JUDEIA, SAMARIA; GALILEIA, IDUMEIA, PEREIA. ARISTOBULO I. 104-103. Era filho de João Hircano I. Morreu em 103. No seu breve governo, conquistou a Ituréia e outras regiões a leste do Jordão. Enfermidade foi à causa de sua morte. Ele usurpara o trono de sua mãe, a quem Hircano deixara no governo. ALEXANDRE JANEU. 103- 76. Era irmão de Aristóbulo I. Obteve várias conquistas visando alargar as fronteiras da Palestina. Cometeu vários desmandos. Houve tumultos internos, verdadeira guerra civil, devido aos desmandos de Janeu. LIVROS DE EVANGELHOS FATAD Prof. Jales Barbosa 12 ALEXANDRA. 76-67. Fora esposa de Aristóbulo I. Após a morte deste, casou com Alexandre Janeu morto Alexandre, ela ascendeu ao trono. Seu reino foi pacífico e próspero. ARISTOBULO lI. 67-63 a.C. Foi o último rei do período independente. Era filho de Alexandre Janeu. Tinha um irmão chamado Hircano mais velho que ele. Alexandre, ao morrer, deixou a coroa a seu filho mais velho, Hircano, Todavia, Aristóbulo, sendo mais novo, usurpou o poder pelas armas. Hircano deixou o governo pacificamente. A esta altura, entra em cena o aventureiro ANTIPATER governador militar da lduméia, constituído por Alexandre Janeu. Antípater não era judeu, e sim idumeu. Lembremo-nos de que alduméia fora subjugada por Hircano I. Antípater instigou Hircano a vingar-se de seu irmão Aristóbulo. Resultado: Hircano foi a Nabatéia, na Arábia, e junto ao rei Aretas obteve um exército para lutar contra Aristóbulo. Irrompe a guerra civil. O exército romano encontra-se em operações em Damasco, conquistando nações. Tanto Aristóbulo como Hircano enviam emissários ao exército romano. Pompeu, o general romano, intervém. Corria o ano 63 a.C. Captura a cidade de Jerusalém e entrega o poder a Hircano II. (Recordemo-nos, de que Judas Macabeu fizera aliança com Roma.) Mesmo assim, Antípater continuou instigando e orientando Hircano II para o prosseguimento da luta. Portanto, a partir de 63 a.C., a Palestina passa ao domínio romano, fazendo parte da província romana da Síria, ficando a sede da província neste último país. 1.5. A Palestina sob o domínio romano: 63 a.C., Como já vimos na letra “c”, Roma ocupou a Palestina em 63 a.C. Nesse ano Pompeu arrebatou o poder das mãos de Aristóbulo II e entregou-o a Hircano II, que fora despojado por Aristóbulo. Este e seus dois filhos (Alexandre I e Antígono II) foram levados cativos a Roma. Tempos depois, pai e filho (Aristóbulo II e Alexandre I) foram mortos em circunstâncias e ocasiões diferentes, sobrevivendo apenas Antígono II, Alexandre I deixara dois filhos: Aristóbulo e Mariana, a qual mais tarde foi esposa da fera chamada Herodes o Grande, filho de Antípater, o idumeu perturbador, de que estamos falando. Veremos agora a lista, dos governantes da Palestina durante o período romano, partindo do ano 63 a.C, até o início da Era Cristã. HIRCANO II. 63-40 a.C. Já falamos desse homem na letra “c”. Hircano começou a governar a Palestina por delegação de Pompeu, o general romano. Em 47 a.C. César nomeia Hircano II etnarca da Judéia. Todavia, Hircano era um rei apenas titular; quem de fato o dirigia em tudo era o idumeu Antípater. Ainda em 47 a.C. César nomeia Antípater como Procurador Geral da Judéia, isto é, encarregado do fisco, com reconhecimento aos seus serviços, pois Antípater auxiliara César na campanha deste contra o Egito, fornecendo tropas a Pompeu, [o general] de César. César nomeia também Herodes, filho de Antípater, Governador da Galiléia. Após a morte de César, em 44 a.C., Antípater morre envenenado por um cortesão de Hircano II. Herodes governava a Galiléia, mas se imiscuía em toda a vida do país, urdindo intrigas e perfídias com a conivência do próprio pai que era Procurador Geral da Judéia. Vendo Herodes o antagonismo dos judeus devido ao seu modo de proceder arbitrário, abusivo e ditatorial, procura abranda-los, noivando com Mariana, neta de Hircano lI. (Era filha de Alexandre I; irmã de Aristóbulo III). Herodes já era casado com uma filha do rei Aretas, de Nabatéia. Ele com isso visava galgar a todo custo o trono de toda a Palestina. ANTÍGONO II. 40-37 a.C. Por volta do ano 40, a Síria rebelou-se contra o domínio romano, auxiliada pelos poderosos partos. Em seguida, partos e sírios atacaram e saquearam a Palestina. Antígono buscava vingar a morte de seu pai Aristóbulo II e seu irmão Alexandre II, como já descrevemos Com a ajuda dos partos e sírios ele marcha sobre Jerusalém. Herodes, governador da Galiléia, mas que se intrometia na vida de todo o país, foge para Roma. LIVROS DE EVANGELHOS FATAD Prof. Jales Barbosa 13 Antígono apodera-se de Jerusalém, destrona Hircano II e governa de 40-37 a.C. Hircano é levado cativo pelos partos. Tempos depois volta. Herodes chega a Roma. Perante o Senado e os triúnviros consegue ser nomeado rei da Judéia no mesmo ano – 40 a.C. O exército romano ataca os invasores de Jerusalém, partos e sírios. Herodes regressa à Palestina, procura ganhar o favor dos judeus e casa-se com Mariana, como já fizemos menção. Herodes, auxiliado pelas tropas romanas que acabavam de vencer os partos, sitia Jerusalém. Os soldados romanos tomam a cidade de assalto e fazem grande matança. Antígono é destronado e enviado a Roma, onde é morto por instigação de Herodes. Assim, Herodes apodera-se do trono da Palestina. HERODES O GRANDE. 37-4 a.C. Herodes, como já vimos “governava a Galiléia, mais sua ambição era o trono do país todo, o que conseguiu mediante esperteza e astúcia. Diz Watson mui sabiamente: Herodes era idumeu por nascimento, judeu por profissão, romano por necessidade e grego por cultura”. Praticou o paganismo grego. Uma vez no trono, mandou matar todos os partidários de Antígono e os membros do Sinédrio. Em certos detalhes, foi um segundo Epifânio. Do seu casamento com Mariana, nasceram dois filhos: Alexandre II e Aristóbulo IV. Temendo conspiração do remanescente hasmoneano, Herodes, tendo já ocasionado a morte de Antígono, mandou matar o sumo sacerdote Aristóbulo III, irmão de Mariana. Matou também o velho Hircano II, tio de Mariana. A esta altura, Herodes ganha o favor de Otávio. (Otávio é o César mencionado em Lc 2.1, que reinou de 31 a.C. a 14 d.C.) Otávio dirigia-se para a campanha do Egito, quando Herodes foi encontrá-lo em Ptolemaida levando suprimentos para suas tropas. Otávio derrotara Antônio em Acio (31 a.C.), e este fugira para o Egito com Cleópatra VII, sua amante. A Palestina estava agora dividida em 6 distritos: JUDÉIA, SAMARIA, IDUMÉIA, GALlLÉIA, PERÉIA, ITURÉIA. Herodes continuou a molestar os judeus. Dando ouvido a denúncias falsas, manda matar sua esposa favorita, Mariana, em 20 a.C. Este foi um crime aterrador. Teve ao todo 10 esposas. Também mandou matar a mãe de Mariana, Alexandra. Matou certa vez 10 zelotes. Outra vez mandou matar 45 judeus porque quebraram uma asa de uma águia de prata do seu palácio. Matou muitos outros. Foi grande administrador. Reconstruiu Jerusalém, seus muros e edifícios. Construiu palácios, inclusive o Forte Antônia, na área Noroeste do templo. O ódio dos judeus aumentava contra Herodes. Para evitar que os judeus apelassem para César, prometeu-lhes um novo templo, o qual foi iniciado em 19 a.C. e concluído em 64 d.C. Foi o templo conhecido pelo Senhor Jesus. Toda a Palestina beneficiou-se com a administração herodiana. Reconstruiu a cidade de Samaria com o nome de Sebasta (palavra grega equivalente à augusta, em alusão a César). Procurava ele assim relevar seus crimes. Temendo sempre conspiração contra o trono, mantinha uma prisão de torturas. Era desconfiado de todos e extremamente ciumento. Não se sabe quantos morreram naquela prisão. Seus dois filhos Alexandre II e Aristóbulo IV estudaram em Roma. Temendo conspiração dos dois, mandou matá-los. Morreram assim, os últimos descendentes dos Macabeus. Tinha Herodes, pela força, imposto a paz. Estava agora muito velho. O remorso o persegue. Chega o ano 5 a.C. o ano do nascimento do Senhor Jesus. Desde 10 anos antes, há paz na Palestina. No mesmo ano 5 a.C. é descoberta uma conspiração por parte de seu irmão Féroras e seu filho Antipater, filho de Dóris, outra esposa. Féroras é morto. Enquanto corre o processo para a morte de Antípater chegam a Jerusalém uns magos vindo do Oriente, e perguntando: “Onde está aquele que é nascido rei dos judeus?” (�T 2.1,2). Herodes, que como já vimos, vivia atormentado pelo fantasma da conspiração, sofreu grande perturbação (�T 2.3). Fingidamente desejou adorar o recém-nascido, que era o Messias prometido nas profecias do Antigo Testamento. Deus via o seu plano maligno e guiou os magos a regressarem por outro caminho. Herodes, vendo seus planos desfeitos, ordena matança dos inocentes de Belém. Matar já era coisa natural para ele. Deus então conduz José, Maria e o menino ao Egito, cumprindo-se, assim, as profecias (Os 11.1). No ano seguinte – 4 a.C. morre Herodes de terrível enfermidade em Jericó. Determina LIVROS DE EVANGELHOS FATADProf. Jales Barbosa 14 grande massacre para o dia da sua morte, para que haja muito pranto. Felizmente tal plano não foi cumprido. Apesar de suas crueldades, Herodes contribuiu para o bem noutros sentidos. Todos o reconhecem como grande administrador. Possuía muita tenacidade. Liquidou com o banditismo no país, isso desde quando governou a Galiléia. Nesse particular, ele entrava em choque com o Sinédrio, porque não dependia do processo formal daquela corte para matar bandidos. Proscreveu os hasmoneus. Estes após o último macabeu (Simão), enveredaram pelo caminho das intrigas, vinganças, lutas políticas, deixando em segundo plano o ideal de liberdade e independência do jugo estrangeiro. Se tais coisas prevalecessem, seriam um estorvo à vinda e ministério do Senhor Jesus Cristo. Breve nota sobre o Império Romano A cidade-reino de Roma. Foi fundada em 753 a.C. na região do Lácio, Itália, donde vem o vocábulo “latim”. Em 509 passou de reino a república, tendo assim nova forma de governo, e, necessariamente, novos cargos e funções tais quais aparecem através do Novo Testamento. Dois séculos antes de Jesus nascer, Roma iniciou sua fase de supremacia sobre os diversos povos de então. Assim submeteu a Itália (266 a.C.), Espanha e Portugal (201 a.C.), Mesopotâmia (195), Macedônia e Grécia (168), Cartago, na África (146), Ásia Menor (133), Inglaterra (54, invasão; 42 conquistas) Síria (64, mas a penetração começou em 190 a.C.) Norte e Centro da Europa (58-50) etc.” Em 31 a.C., surge o Império. Otávio é o primeiro imperador universal. Era sobrinho de Júlio César, que fora um grande general, conquistador e por último ditador de 46-44 a.C. Em 44 foi Júlio assassinado em pleno Senado Romano, por seu filho adotivo Júnio Bruto. Otávio reinou de 31 a.C. a 14 d.C. O Senhor Jesus nasceu quando ele dominava o mundo todo. Ele podia de fato determinar que “todo o mundo” fosse recenseado (Lc 2.1). Otávio aparece no texto bíblico como “César Augusto”. “César” era o nome de família. “Augusto” foi-lhe conferido pelo Senado; equivale a “sublime”. Seu nome completo era CAIO JÚLIO CÉSAR OTAVIO. Ele concluiu as conquistas do Império. Pacificou o mundo pelas armas. Manteve exércitos por toda parte. O latim era a língua da metrópole e das tropas romanas. O grego era falado nos meios culturais do império. O aramaico era a língua materna da liturgia. O império abre grandes estradas para uso de suas legiões e intercâmbio em geral. As estradas logo depois seriam utilizadas pelos pregoeiros do Evangelho. Dez anos antes de Jesus nascer, as portas do templo de Jano são fechadas, indicando paz. Quando Jesus nasceu, portanto, reinava paz em todo o mundo. Chegara a plenitude dos tempos, conforme diz a Escritura em Gálatas 4.4. É a “Pax Romana” da História. O período que vai de Malaquias a Mateus é de aproximadamente 400 anos, chamado período interbiblico. Nas condições acima descritas, estava tudo preparado por Deus, nasce em Belém o Messias prometido. Anotações: ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ LIVROS DE EVANGELHOS FATAD Prof. Jales Barbosa 15 QUESTIONÁRIO 1. O vasto império de Alexandre foi dividido entre os seus quatro famosos generais. Cite os nomes. ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 2. Defina a seita dos Fariseus, Saduceus e Essênios? ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 3. O velho sacerdote Matatias tinha 5 filhos. Mencione o nome de cada um. ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 4. Quais os seis distritos que a Palestina estava agora dividida, no período de Herodes? ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 5. Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira: 1 HIRCANO II 40-37 a.C 2 ANTÍGONO II 63-40 a.C 3 HERODES O GRANDE 37-4 a.C 6. Complete as lacunas: a) __________decretou como religião oficial dos judeus o paganismo grego, obrigando-os a observa-la. b) ____________ instigou Hircano a vingar-se de seu irmão ___________________ c) __________________ é o primeiro imperador universal. d) O ___________ era a língua da metrópole e das tropas romanas. O ___________ era falado nos meios culturais do império. O _____________ era a língua materna da liturgia. LIVROS DE EVANGELHOS FATAD Prof. Jales Barbosa 16 IIIIII.. OOSS AAUUTTOORREESS DDOOSS EEVVAANNGGEELLHHOOSS 1. MARCOS A Tradição é concorde em atribuir a João Marcos a autoria do segundo evangelho do nosso Cânon, como também na opinião de que era companheiro e auxiliar do apóstolo Pedro; Pápias, cerca de 130 d.C. cita o testemunho de alguém relacionado com o círculo apostólico que declarava que Marcos, tendo-se tomado intérprete de Pedro, escreveu o seu evangelho baseado nas pregações desse apóstolo, o que fez com todo cuidado, mas sem se preocupar com a cronologia dos fatos, pois ele próprio não havia ouvido Jesus nem o acompanhara. Não há para se duvidar que isso represente mais ou menos a verdade no caso. Marcos não menciona o próprio nome no evangelho, nem sequer corno autor do mesmo, embora haja talvez uma referência à sua pessoa; Mc. 14:51, no incidente que o moço que fugiu deixando o lençol em que se achava envolvido nas mãos dos que queriam prende-lo. Marcos era filho de Maria em cuja casa estavam os crentes orando por Pedro; At. 12: 12. Era parente de Barnabé, e companheiro e colaborador de Paulo. 2. MATEUS Aqui surge uma dificuldade. A Tradição liga o nome de Mateus com o primeiro evangelho, mas declara que Mateus escrevera em Hebraico (isto é, aramaico) e que cada um interpretava como podia. Um estudo comparativo revela que o evangelho grego chamado de Marcos, por muitas vezes repete verbalmente a mensagem deste. Houve quem alegasse que foi Marcos quem lançou mão não só de Mateus como também de os princípios de criticismo, literário quando aplicados à comparação dos três evangelhos sinóticos, mostraram claramente que Lucas e o Autor de Mateus (em grego) usaram o Evangelho de Marcos, ou um a fonte escrita anterior a este e muito semelhante. A maior vivacidade da narrativa de Marcos é uma das provas. Outra é que quando nas passagens quase idênticas Mateus e Lucas divergem da linguagem de Marcos, geralmente o fazem a propósito de melhoramento literário, para suavizar as expressões, ou para resumir pela omissão de pormenores. Se, pois, Mateus, como o temosagora, usou de Marcos como uma das suas fontes, como explicar o fato de afirmar que Mateus, o apóstolo escreveu em aramaico? E se fosse Mateus, testemunha ocular que era autor do evangelho grego que traz o seu nome, por que teria usado o documento de Marcos que não era testemunha ocular? A conclusão mais ou menos satisfatória a que os pesquisadores têm chegado teve que satisfazer estas indagações. Pápias, na sua referência ao documento aramaico de Mateus o chama de "logia" isto é "oráculos" ou "ditos” de Jesus. Com efeito, se Mateus tomou notas sobre os discursos de Jesus em aramaico ou os assentou de memória mais tarde, este documento seria de inestimável valor para qualquer pessoa que quisesse escrever a vida de Cristo. Seria muito natural que alguém traduzisse o mesmo para grego e é possível que o próprio Mateus o tenha feito. Quando o autor do atual Evangelho de Mateus se preparou para escrever, ajuntou os: documentos que pode encontrar e que julgava fidedignos, como o Evangelho de Marcos, a "logia" de Mateus, e outros, à semelhança do que Lucas declara que ele próprio fez. Depois de estuda-los cuidadosamente e de definir o plano que queria seguir, e de acordo com o seu propósito em escrever, elaborou o livro que queria, elaborou o livro maravilhoso e divinamente inspirado que hoje conhecemos como obra de Mateus. Este nome justifica por ser obra baseada, na parte que trata dos ensinos de Jesus, na "logia" ou sejam os discursos do Mestre escritos pelo apóstolo. Segundo os costumes literários da época, isso seria razão bastante para chama-lo "EVANGELHO SEGUNDO MATEUS”. 3. LUCAS O pranteado sábio e profundo conhecedor do Novo Testamento grego e da literatura que relaciona como mesmo Dr. A. T. Robertson na sua introdução ao comentário sobre sua introdução LIVROS DE EVANGELHOS FATAD Prof. Jales Barbosa 17 ao comentário sobre Lucas em "Word Pictures in the New Testament” dá sérios argumentos pela autoria de Lucas para o evangelho que traz o nome deste. Os passos no argumento são os seguintes: Em primeiro lugar, o evangelho e o livro de Atos têm mesmo autor, como se vê pela comparação das palavras introdutórias dos dois, e pelo estilo literário de um e outro. O segundo passo é o, fato bem patente que o autor de Atos era um dos companheiros de Paulo. Isso se conclui do emprego da primeira pessoa do plural de verbos em diversas partes deste livro. Robertson cita várias obras de Harnack em que este argumento é elaborado pormenorizadamente. Em terceiro lugar, este companheiro de Paulo era médico, como se verifica do seu emprego de vocábulos próprios a essa profissão. O médico dentre os companheiros de Paulo era Lucas. Cf. Col 4:14, "O médico amado". Afinal, todos os manuscritos gregos deste evangelho o atribuem a Lucas, enquanto a tradição eclesiástica é unânime no mesmo sentido. Plummer acha tão certa a autoria de Lucas para terceiro evangelho quanto à de Paulo para I e II Corintios, Gálatas e Romanos. Até Rénan admitia não haver forte razão para não acreditar que fosse Lucas o autor deste evangelho. QUESTIONÁRIO 1. A quem a tradição atribui a autoria do segundo evangelho do nosso Cânon? ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 2. Um companheiro de Paulo era médico. Cite o nome e qual evangelho ele escreveu. ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 3. Quem a apostila indica ser o moço que fugiu deixando o lençol em que se achava envolvido nas mãos dos que queriam prende-lo? ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 4. Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira: 1 Marcos É o mesmo autor do evangelho e do livro de Atos 2 Plummer Acha tão certa a autoria de Lucas para terceiro evangelho quanto à de Paulo para I e II Corintios, Gálatas e Romanos 3 Lucas Era parente de Barnabé, e companheiro e colaborador de Paulo 5. Complete as Lacunas: a) ____________era filho de _________ em cuja casa estavam os crentes orando por Pedro; At. 12: 12. b) _____________, na sua referência ao documento aramaico de Mateus o chama ____________ isto é ___________________ ou _______________________ de Jesus. c) Segundo os costumes literários da época, isso seria razão bastante para chama-lo _________________________________________________. d) O ____________________ de _________________ era um dos companheiros de Paulo. e) A ________________ liga o nome de _____________ com o primeiro evangelho, mas declara que ____________________escrevera em _____________________ f) Os ___________________________, literário quando aplicados à comparação dos três evangelhos sinóticos, mostraram claramente que _________________________________ (em grego) usaram o _________________________________, ou um a fonte escrita anterior a este e muito semelhante. LIVROS DE EVANGELHOS FATAD Prof. Jales Barbosa 18 IIVV.. AA IINNDDEEPPEENNDDÊÊNNCCIIAA DDOOSS SSIINNÓÓTTIICCOOSS Já se fez menção disto na discussão da autoria de Mateus, mas é um ponto digno de maior estudo. Uma comparação dos três revela que praticamente o todo de Marcos foi incluído em Mateus, ou em Lucas, ou mesmo nos dois. A parte não usada por eles é calculada entre trinta e quarenta versículos apenas. Lucas na sua introdução diz que muitos tinham "empreendido fazer uma narração coordenada dos fatos" do evangelho. Declara ainda que esses fatos haviam sido transmitidos pelos "que foram deles testemunhas oculares desde o princípio". Mas continua que lhe pareceu bem escrever uma narração em ordem, a fim de que Teófilo conhecesse a verdade das coisas em que fora instruído. Estas palavras de Lucas muito nos dizem do estudo que ele fez do assunto antes de começar a escrever; do seu profundo interesse nos fatos de que tratava; dos seus hábitos literários e cuidados de historiador de responsabilidade. Aqui ele não somente afirma ter usado, como fontes de informação, as narrativas que já existiam em forma escrita; ainda sugere e implica que usou todas as fontes de tradição oral ao seu alcance. É certo que o evangelho de Marcos estava entre muítas narrativas que examinou e é provável que tenha usada a "logia" de Mateus, embora não aja tanta certeza aí. Fora da matéria comum aos três ainda há uns duzentos versículos que são comuns a Lucas e Mateus. A opinião dos investigadores varia quanto ao grau de dependência de um documento comum para esta parte da matéria de Mateus e Lucas; diverge também quanto a ser este documento a tal "logia" unicamente, ou mais de um documento, É inegável, todavia, que, embora tivessem um ou mais documentos em comum, havia ainda outros inteiramente independentes. Prova disto se encontra nos capítulos 1 e 2 destes evangelhos na diferença entre as genealogias; e ainda na matéria peculiar a Lucas compreendia nos capítulos 10 a 18:14 e que abrange o ministério anterior de Jesus na Judéia e na Peréia. Além disso, o sermão da montanha é bem mais extenso em Mateus do que em Lucas. Diante do exposto, surgem naturalmente algumas interrupções. Uma delas é como explicar o desaparecimento da "logia" de Mateus se de fato existiu. A resposta é que sendo transferida praticamente na sua inteireza para os evangelhos de Mateus e Lucas, aquela se tomou desnecessária. Mas pergunta alguém: Se isso se deu com a "logia" como não aconteceu o mesmo com o evangelho de Marcos, uma vez que se encontra quase completo nos outros dois sinóticos?Respondemos que a "logia" era principal, senão inteiramente composta de doutrinas (ensinos), e em vez de perder ganharia força com o ser colocada no seu ambiente próprio dentro da narrativa do ministério do Mestre. O Evangelho de Marcos, pelo contrário, é principalmente narrativa, escrito com um propósito definido, em estilo vigoroso e cheio de característicos peculiares. Não é tão polido como os outros dois, mas por isso mesmo, e porque se preocupa mais com os efeitos de Jesus, demorando pouco sobre os discursos a impressão criada pela sua leitura e bem diferente. Isto basta, humanamente falando, para justificar a sua sobrevivência e a sua inclusão no Cânon, sendo como era, embora por meio indireto, a história do ministério de Jesus pela boca do seu impetuoso e ardente apóstolo, Simão Pedro. Afinal, apesar de qualquer grau de semelhança ou de interdependência, as diferenças é que estabelecem os evangelistas como testemunhas independentes quanto à vida e as obras de Cristo. O fato de todos estarem a testemunhar das mesmas realidades garante de modo geral concordância do seu testemunho. A sua variedade na apresentação dos pormenores e mesmo sua escolha da matéria diversa apresentada nos interessam tanto quanto o fazem as semelhanças. Se os três nos dissessem coisa idêntica do princípio ao fim, não os tomaríamos por testemunhas independentes nem por um instante. Bastava-nos um só deles, pois seria bem evidente que dois eram cópias mais ou menos exatas do terceiro, ou que todos os três haviam lançado mão das mesmíssimas fontes. Damos graças a Deus pelas diferenças mesmo quando, devido aos nossos poucos recursos, não nos é possível harmoniza-las inteiramente. A maior parte das diferenças que existem é perfeitamente LIVROS DE EVANGELHOS FATAD Prof. Jales Barbosa 19 explicável, se tomamos em consideração os diferentes pontos de vista dos evangelistas, a variedade de leitores para o qual escreviam, e ainda o fato que as fontes de evidência por eles consultadas, quer orais quer escritas, não eram de todo idênticas. Não queremos, de maneira alguma, desprezar o fator divino, aquele "Espírito da Verdade" que movia os respectivos escritores. Indubitavelmente foram inspirados e isto seria bastante para explicar a, sobrevivência dos três evangelhos sinóticos. Marcos foi impressionante na história de Jesus, maravilhoso, que tantas vezes ouvira Pedro contar. Era o homem talhado para levar aos súditos e aos cidadãos do Império Romano uma justa compreensão do poder e da autoridade de Jesus, o divino Filho de Deus. A Mateus, porém, o Espírito Santo escolheu para empregar os seus dotes em registrar os discursos do Mestre em língua aramaica para que servissem mais tarde de fonte preciosíssima aos que como Lucas e o autor do Evangelho segundo Mateus em língua grega, empreendessem a gloriosa tarefa de escrever uma narrativa coordenada tanto dos feitos como dos ensinos de Jesus. O evangelho de Mateus, baseado nesse documento aramaico, era dirigido principalmente ao povo israelita e apresenta Jesus como o Messias prometido pelos profetas e cita as escrituras do Antigo Testamento noventa e tantas vezes. Ainda o Espírito de Deus levou Lucas, o médico amado, quando na sua viagem à Palestina com Paulo, a colecionar todo o material sobre a vida de Jesus que pudesse encontrar já escrito, a consultar as testemunhas oculares que encontrasse vivas, e a escrever o seu evangelho, para que não somente Teófilo, mas também o mundo inteiro, conhecesse a verdade das coisas em que fora instruído. QUESTIONÁRIO 1. O fato de todos os evanmgelhos sinóticos estarem a testemunhar das mesmas realidades garante a concordância do seu testemunho. Explique. ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 2. As diferenças que existem entre os evangelhos sinóticos são explicáveis? Justifique? ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 3. Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira: 1 Evangelho de Marcos Era principal, senão inteiramente composta de doutrinas (ensinos) 2 "logia" Impetuoso e ardente apóstolo 3 Simão Pedro Não é tão polido como os outros dois 4. Complete as Lacunas: a) Fora da matéria comum aos três ainda há uns ____________________ que são comuns a ________ _____________________________________ b) ________ foi impressionante na história de Jesus, maravilhoso, que tantas vezes ouvira __________ contar. c) O __________________, pelo contrário, é principalmente narrativa, escrito com um propósito definido, em ____________________ e ___________________________ peculiares. d) O ______________________________ é bem mais extenso em Mateus do que em _____________ e) _______________ na sua introdução diz que muitos tinham "______________________________" do evangelho. LIVROS DE EVANGELHOS FATAD Prof. Jales Barbosa 20 VV.. AA DDAATTAA RREESSPPEECCTTIIVVAA DDOOSS EEVVAANNGGEELLHHOOSS SSIINNÓÓTTIICCOOSS É mais fácil tratar dos três em conjunto. Tornar-se patente, logo de início, que se Marcos foi usado pelos outros, forçosamente os precedeu, mas o pior que espaço de tempo o fez é uma indagação que não se responde tão facilmente. Quanto a Lucas, temos certeza que foi escrito antes de Atos dos apóstolos. Robertson concorda com Harnack em atribuir a Atos a data de 63 no máximo. Assim Lucas teria escrito Atos em Roma enquanto Paulo, ali preso, esperava a solução do seu caso pelo Imperador. É possível que tenha escrito o seu evangelho também em Roma. Parece mais provável que o tenha feito quanto quando em Cesaréia, antes da viagem para Roma. Podia ter consultado ali algumas das "testemunhas oculares" ou tê-Ias visitado em outras partes da Palestina, no seu afã de colecionar material. Sir W. Ramsay sugere a possibilidade de Lucas ter-se encontrado com alguém do círculo íntimo da família de Jesus. Em todo caso, sua narrativa da anunciação e do nascimento é feita do ponto de vista de Maria. Afinal, concluímos que este evangelho foi escrito em 60 ou antes e, se isto é verdade, então o de Marcos devia tê-lo precedido por tempo suficiente para ser divulgado e assim chegar ao conhecimento e as mãos de Lucas antes dele começar a escrever. Robertson acha que a data seria não muito depois de 50 d.C, e possivelmente nesse ano, mas sempre antes de 60. Quanto à data de Mateus, já vimos que segue a Marcos, mas não há meio de sabemos exatamente quanto anos depois. Diríamos, ainda com o apoio do Dr. Robertson, que o ano 60 não estaria longe da verdade. VVII.. CCAARRAACCTTEERRÍÍSSTTIICCAASS PPEECCUULLIIAARREESS DDOOSS EEVVAANNGGEELLHHOOSS SSIINNÓÓTTIICCOOSS 1. MARCOS Dos três evangelhos, Marcos é o menos literário. A linguagem que ele emprega é a do uso comum e tem por finalidade simplesmente reproduzir o que o autor sabia de Jesus, mormente do seu ministério, e isso sem qualquer esforço para efeito literário. Não obstante a sua linguagem, por vezes um tanto rude, e uma certa tendência para o pleonasmo, o seu estilo é vigoroso e cativante. A própria redundância muitas vezes toma a narrativa mais viva. O uso de pormenores na descrição ajuda o leitor a reconstruir na imaginação as cenas que se descrevem. A preferência de Marcos pelas orações diretas faz com que os protagonistas dessas cenas se movam diante dos olhos e falem para os ouvidos dos que lêem este evangelho. Está salpicado de perguntas e exclamações de surpresa ou de indignação. Comefeito, Marcos sabia contar uma história. Dos três evangelhos, é este o que mais cativa a imaginação das crianças quando elas o ouve ler com o devido cuidado e expressão. 2. MATEUS Como vimos, Mateus dá mais atenção do que Marcos aos ensinos do Mestre. A ordem em que ele dispõe o seu material revela um fim didático, pois reúne por tópicos; estes por sua vez se relacionam ao tema geral; dos seu evangelho, a saber "O Rei Messiânico e o seu Reino". Começa com a genealogia real e termina com a declaração do Rei, já vencedor sobre a morte, de que possui toda autoridade no céu e na terra, pelo que ordena os seus súditos a conquista do mundo para seu Reino. Entre estes dois pontos o escritor se preocupa em apresentar as realizações e os ensinos de Jesus que provam ser ele o Rei Messias profetizado no Antigo Testamento, e que revelam a natureza do reino dos céus. É lógica a sua colocação no princípio do Novo Testamento por causa da sua íntima relação com o Antigo Testamento embora não fosse o primeiro a ser escrito. O grego de Mateus é melhor do que o de Marcos, apresentado poucas peculiares, como por exemplo o freqüente emprego do adverbio então. 3. LUCAS Sobre o caráter deste livro citamos as palavras de um dos seus melhores intérpretes. Dr. A. T. Robertson: "Aqui há, indiscutivelmente, encanto literário. É um livro que somente um homem LIVROS DE EVANGELHOS FATAD Prof. Jales Barbosa 21 de cultura e de gênio literários genuínos poderia escrever. Tem a mesma graça da simplicidade que possuem Marcos e Mateus e mais uma qualidade indefínível não encontrada pelos maravilhosos embora sejam. Há um acabamento delicado quanto às minúcias e uma proporção entre as suas partes que o dotam de equilíbrio e precisão, característicos estes que resultam de um conhecimento profundo do assunto; e é isso, segundo o Dr. James Stalker, o elemento principal de um bom estilo. Lucas, o médico de espírito científico, este homem das escolas, gentio convertido, amigo devotado de Paulo, aproxima-se da vida de Cristo com um intelecto disciplinado, com o método de pesquisa de historiador, com o poder de discriminação e de diagnóstico próprio ao médico, com atrativos de estilo todo seu, e acompanhado tudo isso, de reverência e de lealdade para com a pessoa de Jesus como o seu Senhor e Salvador. Não dispensaríamos, de certo, nenhum dos quatro evangelhos. Eles se suplementam de modo maravilhoso. O de João é o maior Livro do mundo, alcançando as mais sublimes alturas. Entretanto, se tivéssemos apenas o Evangelho de Lucas, mesmo assim, teríamos um retrato adequado de Jesus Cristo como Filho de Deus e Filho do Homem. Se é que Marcos escreveu para os Romanos e Mateus para os Judeus, Lucas por sua vez visava o mundo gentio. Ele manifesta compaixão pelos pobres e pelas classes desprezadas. E ele que tão bem compreende as mulheres e as crianças, de modo que seu é o evangelho universal da humanidade. Foi a obra de Ramsay que tanto fez para restaurar Lucas ao seu lugar merecido na estima dos pesquisadores modernos. Certos criticos alemães tinham por costume citar Lucas 2: 1-7, como trecho que mais erros históricos apresenta dentre todos os escritos de historiadores, levada em conta a sua extensão. A história de como papiros e as inscrições têm corroborado com Lucas item por item, encontra-se bem elaborada nos vários livros já escritos. Tantos casos, em que outrora Lucas se achava só, já foram comprovados pelas descobertas recentes, que quem duvida agora das suas declarações está na obrigação de prová-las insubsistentes". Segundo a tradição, Lucas era pintor. Não se sabe se há verdade nisto. O que é certo é que nos deixou quadros bem vivos dos incidentes na vida de Jesus relatados no seu evangelho. Uma das histórias mais lindas contadas em toda literatura é a parábola do filho pródigo. Outro é o relato do encontro dos dois discípulos com o Cristo ressurrecto no caminho de Emaus. 4. EVANGELHO DE JOÃO As questões de autoria, data, natureza e finalidade do quarto evangelho então de tal maneira relacionadas entre si que é difícil, quando não impossível discuti-las separadamente. Trataremos, pois, das últimas três quando nos parecer conveniente, no decorrer da discussão da primeira. Cremos firmemente que foi autor deste evangelho o apóstolo João, irmão de Tiago e filho de Zebedeu. Surgem algumas dificuldades para os que defendem esta tese, oriundas, porém do nosso conhecimento fragmentário dos fatos; não é que a autoria joanina seja incompatível com esses fatos. Há duas categorias de evidências a serem consideradas: a externa e a interna. Vejamos em primeiro lugar. 4.1. A Evidência Externa No "Dicionário da Bíblia" de J.D.Davis, páginas 519-20, há um resumo do testemunho tradicional que com quase absoluta unanimidade atribui o nosso quarto Evangelho ao apóstolo João. Discussões mais extensas se encontram nos diversos comentários críticos. O que passamos a expor é colhido destas e de outras fontes. Testemunho de Irineu: Exercendo o seu ministério em Leão, na Gália, no ano 180 (aproximadamente), escreveu que depois da publicação dos outros três evangelhos "João o discípulo do Senhor, o mesmo que se reclinou sobre o seu peito, também publicou o evangelho, quando residia em Éfeso, na Ásia". O testemunho de lrineu é bastante significativo porque ele conhecia a Policarpo que formava um elo pessoal entre a última parte do período apostólico e o LIVROS DE EVANGELHOS FATAD Prof. Jales Barbosa 22 segundo século. Policarpo nasceu em 70 d.C. ou pouco antes e foi martirizado em 156, de modo que a sua mocidade coincidia com a velhice de João, que morreu no fim do primeiro século; por sua vez a mocidade de Irineu, nascido entre 130-135, coincidiu com os últimos 20 ou 25 anos da vida de Policarpo. Uma das cartas de Irineu, preservada nos escritos de Eusébio, descreve as experiências da sua meninice quando ouvia Policarpo contar da sua convivência com João e com os outros que haviam visto o Senhor. Emprega uma expressão significativa, "a vida do verbo" que claramente alude ao quarto evangelho, e diz a respeito de Policarpo que "o seu relato das coisas que tinha ouvido das testemunhas oculares da vida do Verbo, harmonizava em tudo com as escrituras. É quase inconcebível que lrineu se tenha enganado quanto à autoria do evangelho a que ele alude. b) Testemunho de Teofilo de Antioquia - Teófilo, escrevendo cerca do ano 170, cita o Evangelho de João e enumera o seu autor entre os homens inspirados, nas seguintes palavras: "Um dos quais, João, declara: No princípio era o Verbo". c) O Cânon Muratoriano - Este traz uma lista dos livros aceitos como canônicos pelas igrejas do Ocidente e, embora não aja unanimidade de opiniões quanto à sua data, pertence seguramente ao segundo século. Não somente inclui o Evangelho de João, mas também registra uma tradição interessante a respeito das circunstâncias em que o apóstolo o escreveu, Quanto a esta parte apresenta feição de lenda; mostra porém que este evangelho era largamente, ou mesmo quase universalmente aceito como sendo do apóstolo João. d) O_Diatessaron (palavra grega que significa: Por meio de quatro). Taciano (cerca de 160) confeccionou um a espécie de harmonia dos evangelhos em que usou o Evangelho de João juntamente com os três sinóticos. Isto prova que o quarto era aceito a par dos outros e que somente estes quatros eram considerados como escritura sagrada. O Profº Sanday pelo estudo crítico do manuscrito do Diatessaron, prova que o mesmo original, e que, aparentemente, fora reproduzido várias vezes. Se isto é verdade, a data do original seria forçosamente bem anterior a 160. e) Justino o Mártir - A data do seu martírio, segundo
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