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Apostila-Evangelhos

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CENTRO TEOLÓGICO FATAD 
CURSO EM TEOLOGIA MODULAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OOSS EEVVAANNGGEELLHHOOSS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROF.º JALES BARBOSA 
 
 
LIVROS DE EVANGELHOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 
 
2 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 
Amados e queridos estudantes, amigos da verdade, povo adquirido, nação eleita. 
 
Graça e paz, da parte de Deus nosso pai, e do nosso Senhor Jesus Cristo. 
 
Grande é a nossa responsabilidade do servo e salvo em Jeová, de anunciar, 
apresentar, fazer chegar claramente à todos, da infinita bondade e grandeza, de tão 
grande salvação em Cristo Jesus. 
 
Conscientes dessa grande, esplendida, árdua e laboriosa tarefa do ensino da 
palavra. E te convidamos para estudar a Santa e maravilhosa palavra de Deus. 
 
Numa serie de apostilas andaremos juntos, passo a passo com, o Senhor Jesus. 
Nos evangelhos; seremos missionário com os apóstolos em atos; profetizaremos com 
Isaias, Ezequiel, e outros profetas; caminharemos com Moisés pelo deserto, passaremos 
o Jordão com Josué; venceremos todos os Golias ao lado de Davi em nome de Jeová; 
salmodiaremos canções ao nosso Deus com “Asafe”, teremos a coragem de Débora, a 
sabedoria de Salomão, a graça de Jesus, a visão de Paulo, a fidelidade de Samuel, 
amaremos e reclinaremos nosso rosto no peito de Cristo, tal qual João. 
 
Venha conosco, seja como os crentes de Beréia (At, 17.10-12), examinando cada 
dia as escrituras, você estará tomando posse das bênçãos do Senhor, fortalecendo-se, 
aprendendo e falando dessa palavra, você salvará tomando a ti mesmo como seus 
ouvintes. 
(1 Tm 4:16). 
 
Em Cristo Jesus, 
 
 
A Diretoria 
 
 
 
 
LIVROS DE EVANGELHOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 
 
3 
 
 
 
COMO ESTUDAR ESTE LIVRO 
 
Às vezes estudamos muito e aprendemos ou retemos pouco ou nada. 
Isto em parte acontece pelo fato de estudarmos sem ordem nem método. 
Embora sucintas as orientações que passamos a expor ser-lhe-á muito útil. 
 
1. Busque a ajuda divina 
 
Ore a Deus dando-lhe graças e suplicando direção e iluminação do alto. Deus 
pode vitalizar e capacitar nossas faculdades mentais quanto ao estudo da Palavra de 
Deus. Nunca execute qualquer tarefa de estudo ou trabalhos da palavra de Deus sem 
primeiro orar. 
 
2. Além da matéria a ser estudada , tenha à mão as seguintes fontes de consulta e 
refe-rência: 
 
• Bíblia. Se POSSÍVEL em mais de uma versão. 
• Dicionário Bíblico. 
• Atlas Bíblico. 
• Concordância Bíblica. 
• Livro ou caderno de apontamentos -individuais. 
• Habitue-se a sempre tomar notas de seus estudos e meditações. 
 
3. Seja ORGANIZADO ao estudar 
 
A. Ao primeiro contato com a matéria procure obter uma visão global da mesma 
isto é como um todo. Não sublinhe nada. Não faça apontamentos. Não procure 
referências na Bíblia. Procure sim descobrir o propósito da matéria em estudos, 
isto é o que deseja ela comunicar-lhe. 
 
B. Passe então ao estudo de cada lição observando a SEQÜÊNCIA dos Textos que 
a englobam. Agora sim à medida que for estudando sublinhe palavras frases e 
trechos-chaves. Faça anotações no caderno a isso destinado. 
 
C. Ao final de cada lição encontra-se uma revisão geral de cada parte do livro 
perguntas e EXERCÍCIO que deverão ser respondidas ao termino de cada parte, 
que deverão ser respondidas sem consulta ao texto correspondente. responda 
todas as perguntas que for POSSÍVEL, logo em seguida volte ao texto e confira 
as suas respostas. Fazendo assim VOCÊ chegara a um final do seu estudo, com 
um bom aprendizado quanto no conhecimento intelectual e ESPIRITUAL. 
 
 
 
 
 
 
LIVROS DE EVANGELHOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 
 
4 
 
 
ÍNDICE 
 
I. INTRODUCÃO............................................................................................................................. 6 
1. REINO DE DEUS – REINO DOS CÉUS.................................................................................. 6 
1.1. Na Pregação De João Batista............................................................................................ 6 
1.2. No Ensinamento De Jesus ................................................................................................ 6 
2. O REINO E A IGREJA............................................................................................................. 7 
3. NO RESTANTE DO NOVO TESTAMENTO ............................................................................ 7 
4. NO PENSAMENTO TEOLÓGICO ........................................................................................... 7 
II. O PROBLEMA SINOTICO .......................................................................................................... 9 
1. O CONTEXTO HISTORICO DO NASCIMENTO DE JESUS ................................................... 9 
1.1. A Palestina sob o Império Persa........................................................................................ 9 
1.2. A Palestina sob o domínio grego ....................................................................................... 9 
1.3. A Palestina independente sob os Macabeus: 167-63 a.C................................................ 10 
1.4. O início da revolta dos Macabeus, 167 a.C. .................................................................... 11 
1.5. A Palestina sob o domínio romano: 63 a.C., .................................................................... 12 
III. OS AUTORES DOS EVANGELHOS ....................................................................................... 16 
1. MARCOS............................................................................................................................... 16 
2. MATEUS................................................................................................................................ 16 
3. LUCAS .................................................................................................................................. 16 
IV. A INDEPENDÊNCIA DOS SINÓTICOS................................................................................... 18 
V. A DATA RESPECTIVA DOS EVANGELHOS SINÓTICOS....................................................... 20 
VI. CARACTERÍSTICAS PECULIARES DOS EVANGELHOS SINÓTICOS ................................. 20 
1. MARCOS............................................................................................................................... 20 
2. MATEUS................................................................................................................................ 20 
3. LUCAS .................................................................................................................................. 20 
4. EVANGELHO DE JOÃO........................................................................................................ 21 
4.1. A Evidência Externa ........................................................................................................ 21 
4.2. Evidência Interna:............................................................................................................ 22 
VII. A VIDA DE CRISTO ............................................................................................................... 26 
1. INTRODUÇÃO À VIDA DE CRISTO NOS EVANGELHOS.................................................... 26 
1.1. A Importância do Contexto Histórico, Geográfico e Cultural ............................................ 26 
2. PRIMEIRA PARTE DA VIDA DE CRISTO: “TRINTA ANOS PREPARATÓRIOS”.................. 27 
2.1. Prenúncio do Nascimento de Jesus (Mt 1:1-17; Lc 3:23-28)............................................27 
2.2. A Anunciação do Nascimento de João Batista (Lc 1.5-25)............................................... 28 
2.3. O Nascimento de Jesus Anunciado à Virgem Maria (Lc 1.2638) ..................................... 29 
2.4. O Nascimento De João Batista (Lc 1.57-80).................................................................... 29 
2.5. Anunciação a José do Nascimento de Jesus (Lc 1.18-23)............................................... 30 
2.6. A Virgem Maria Visita Isabel............................................................................................ 31 
2.7. O Nascimento e Infância de Jesus (Lc 2.1-7) .................................................................. 32 
2.8. Sua Vida em Nazaré........................................................................................................ 35 
2.9. Lição I – Referencias em Cadeias de Comando. ............................................................. 37 
2.10. Lição II – Cadeia de Comando ...................................................................................... 38 
2.11. Lição III – Cadeia de Comando...................................................................................... 39 
2.12. Lição IV – Cadeia de Comando ..................................................................................... 43 
VIII. O PROPÓSITO DO EVANGELHO ........................................................................................ 56 
IX. EVANGELHO SEGUNDO ESCREVEU MATEUS ................................................................... 57 
1. O Nascimento e Infância de Jesus Cristo 1.1-2.23 ................................................................ 57 
2. A Preparação para o Ministério Público de Jesus (3.1-4.17).................................................. 59 
3. O Começo do Ministério Público (4.18-25)............................................................................. 61 
4. Primeiro Discurso: O Sermão da Montanha 5.1-7.29............................................................. 62 
5. Os Milagres 8.1-9.34.............................................................................................................. 67 
6. A Missão dos Doze 9.35-10.4 ................................................................................................ 70 
7. Segundo Discurso. A Comissão dos Doze 10.5-11.1............................................................. 70 
8. João Batista e Cristo 11.2-24................................................................................................. 72 
9. O Convite do Evangelho 11.25-30 ......................................................................................... 73 
 
LIVROS DE EVANGELHOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 
 
5 
 
 
10. Disputa com os Fariseus 12.1-45......................................................................................... 73 
11. Jesus e sua Família 12.46-50 .............................................................................................. 74 
12. Terceiro Discurso. Os Ensinos Parabólicos 13.1-53 ............................................................ 74 
13. Jesus em sua Pátria 13.54-58 ............................................................................................. 76 
14. A Morte de João Batista 14.1-12.......................................................................................... 76 
15. Milagres 14.13-36 ................................................................................................................ 76 
16. Controvérsias com os Fariseus sobre Rituais 15.1-20 ......................................................... 77 
17. Mais Milagres 15.21-39........................................................................................................ 77 
18.Controvérsias Com Fariseus E Saduceus 16.1-12................................................................ 78 
19. A Confissão de Simão Pedro 16.13-20 ................................................................................ 78 
20. Primeiro Aviso dos Sofrimentos de Cristo 16.21-28 ............................................................. 79 
21. A Transfiguração 17.1-13..................................................................................................... 79 
22. A Cura dum Menino Lunático 17.14-21................................................................................ 79 
23. Segundo aviso dos Sofrimentos de Cristo 17.22-23............................................................. 80 
24. O Tributo do Templo 17.24-27 ............................................................................................. 80 
25. Quarto Discurso. Ensinamentos Sobre a Humildade e o Perdão 18.1-19.2 ......................... 80 
26. Ensinamentos sobre o Divórcio, como resposta aos Fariseus 19.3-12 ................................ 81 
27. A Bênção Sobre as Crianças 19.13-15 ................................................................................ 82 
28. Riquezas e Salvação 19.16-20.16 ....................................................................................... 82 
29. Terceiro Aviso dos Sofrimentos De Cristo 20.17-19............................................................. 83 
30. O Pedido de Tiago e João 20.20-28 .................................................................................... 83 
31. A Cura dos dois Cegos 20.29-34 ......................................................................................... 83 
32. Os Acontecimentos da Última Semana do Ministério 21.1-23.39......................................... 83 
33. Quinto Discurso. Os Últimos Tempos 24.1-25.46 ................................................................ 86 
34. A Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo 26.1-28.20.......................................................... 89 
X. O EVANGELHO SEGUNDO S. MARCOS................................................................................ 95 
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 95 
1. AUTORIA............................................................................................................................... 95 
2. DATA E LUGAR DA OBRA.................................................................................................... 95 
3. MARCOS E PEDRO.............................................................................................................. 95 
4. FONTES................................................................................................................................ 96 
5. TEOLOGIA ............................................................................................................................ 96 
6. PLANO DO LIVRO ................................................................................................................ 97 
7. COMENTÁRIO ...................................................................................................................... 98 
7.1. A Preparação 1.1-13........................................................................................................ 98 
7.2. O Ministério na Galiléia 1.14-9.50.................................................................................... 99 
7.3. Em Caminho Para Jerusalém 10.1-52 ........................................................................... 118 
7.4. A Semana da Paixão 11.1-15.47 ................................................................................... 122 
7.5. A Consumação 16.1-20 ................................................................................................. 134 
XI. O EVANGELHO SEGUNDO S. LUCAS................................................................................. 137 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................137 
1. AUTORIA............................................................................................................................. 137 
2. DATA E LUGAR EM QUE FOI ESCRITO............................................................................ 137 
3. O ALVO DO ESCRITOR...................................................................................................... 137 
4. PLANO DO LIVRO .............................................................................................................. 138 
5. COMENTÁRIO .................................................................................................................... 139 
5.1. Prefácio 1.1-4 ................................................................................................................ 139 
5.2. O Advento do Salvador 1.5-2.52.................................................................................... 139 
5.3. A Preparação do Salvador para seu Ministério 3.1-4.13 ................................................ 142 
5.4. O Ministério na Galiléia 4.14; 9.50................................................................................. 144 
5.5. A Viagem a Jerusalém (9.51; 19.28).............................................................................. 151 
5.6. O Ministério Em Jerusalém 19.29; 21.38 ....................................................................... 161 
5.7. A Partida do Salvador 22.1; 24.53 ................................................................................. 164 
XII. NOTA RELATIVA AOS APARECIMENTOS DE NOSSO SENHOR APÓS A RESSURREIÇÃO
................................................................................................................................................... 171 
BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................................................... 173 
 
LIVROS DE EVANGELHOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 
 
6 
 
 
II.. IINNTTRROODDUUCCÃÃOO 
 
Dos quatro livros canônicos que narram a BOA NOVA, Sentido do termo 
(“EVANGELION”), que Jesus Cristo veio trazer, os três primeiros apresentam entre si tais 
semelhanças que muitas vezes, podem ser postas em colunas paralelas e abarcados com um só 
olhar, daí o seu nome de “sinóticos”. 
A tradição eclesiástica, atestada desde o século lI, atribui-os respectivamente a Marcos, 
Lucas e Mateus. Aplica-se aos evangelhos de Mateus Marcos e Lucas pelo fato de seguirem o 
mesmo plano geral para Narrativa da vida de Jesus. 
Nenhum dos três, no entanto, pretende contar a história completa da vida do Mestre. Não 
sendo biografias propriamente ditas. Marcos fala quase exclusivamente do ministério, enquanto 
que Mateus e Lucas acrescentam alguns dados sobre o nascimento e a meninice de Jesus como 
matéria introdutória. 
O quarto evangelho será discutido separadamente, pois a sua narrativa não corre paralela 
com a dos sinóticos, senão em diminuta proporção. 
Mas todos eles evidenciam o Reino de Deus. 
1. REINO DE DEUS – REINO DOS CÉUS 
O reino dos céus ou reino de Deus e o tema central da �T�t�ção de Jesus, segundo os 
Evangelhos Sinóticos. Enquanto que Mateus, que se dirige aos judeus, na maioria das vezes fala 
em reino dos céus. 
Marcos e Lucas falam sobre o reino de Deus, expressão essa que tem o mesmo sentido 
daquele, ainda que mais inteligível para os que não eram judeus. O emprego de reino dos céus, 
em Mateus, certamente é devido à tendência, no judaísmo, de evitar o uso direto do nome de 
Deus. Seja como for, nenhuma distinção quanto ao sentido, deve ser suposta entre essas duas 
expressões (por exemplo, �T 5:3 com Lc.6:20). 
1.5. Na Pregação De João Batista 
João Batista apareceu primeiramente anunciando que o reino dos Céus estava próximo 
(�T. 3: 2), e Jesus deu prosseguimento a essa mensagem depois que João Batista foi aprisionado 
(�T.4:17). A expressão reino dos céus, em hebraico malekhuth shamaym se originou com a 
posterior expectativa judaica sobre o futuro, na qual denotava a intervenção decisiva de Deus, 
ardentemente aguardada por Israel, a qual restauraria a sorte de Seu povo e os livraria do poder 
dos seus inimigos. A vinda do reino era a grande, perspectiva do futuro, preparada pela vinda do 
rei messias, que pavimentaria o caminho para o reino de Deus. 
Quando João Batista e, depois dele, o próprio Jesus, proclamaram que o reino estava 
próximo, essa proclamação envolvia um grito de despertamento dotado de uma sensacional e 
universal significação. 
Proclama-se a aproximação do pondo decisivo divino, da história humana que já era tão 
almejado, embora que seja com expectativas diversas. Portanto, reveste-se da maior importância 
a pesquisa do conteúdo dá pregação neotestamentária no tocante à vinda do reino. 
1.2. No Ensinamento De Jesus 
a) O Aspecto Presente 
A proclamação do reino por Jesus seguia a pregação de João palavra por palavra; no 
entanto, tem um caráter muito mais abarcador, compreensivo. Depois que João Batista havia 
observado a aparência de Jesus por um tempo considerável, começou a duvidar se Jesus, afinal 
de contas, era aquele que viria, conforme ele mesmo havia anunciado (�T.11:2 e seg.). A 
proclamação de Jesus sobre o reino diferia em dois particulares da pregação de João Batista. Em 
primeiro lugar, apesar de reter, sem qualquer qualificação, o anuncia sobre o julgamento vindouro 
e o convite ao arrependimento, é a significação salvadora do reino que aparece em primeiro 
plano. Em segundo lugar e aqui temos o cerne mesmo da questão – Ele anunciava o reino não 
 
LIVROS DE EVANGELHOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 
 
7 
 
 
simplesmente como uma realidade que esta preste a realizar-se, algo que apareceria em futuro 
imediato, mas como uma realidade que já se fizera presente, manifestada em Sua própria pessoa 
e ministério. Embora as passagens em Jesus se referem explicitamente ao reino como realidade 
já presente não sejam numerosas (vide especialmente �T. 12:8 e paralelos), Sua pregação e 
ministério inteiros são assinalados por essa realidade dominante. Nele o grande futuro se tomara 
tempo presente, O reino dos céus havia penetrado nos domínios do maligno. O poder de satanás 
estava quebrado. Jesus o via caindo do céu como um relâmpago. Jesus possuía e proporcionava 
o poder de pisar aos pés o domínio do adversário. 
O segredo de pertencer ao reino jaz no fato de pertencer a Jesus (�T. 7:23, 25:41). Em 
resumo, a pessoa de Jesus, como Messias, e o centro de tudo aquilo que se anuncia no 
Evangelho acerca do reino. O reino, tanto nos seus aspectos atuais, como nos seus aspectos 
futuros se concentra em Jesus. 
b) Aspecto Futuro 
Há também o aspecto futuro. Pois, embora que se declare claramente que o reino esta 
manifestado aqui e agora no Evangelho, também se declara que por enquanto o reino ainda se 
manifesta na terra de uma maneira provisória. O evangelho do reino continua a se revelar como 
sendo apenas uma semente que esta sendo semeada. A ressurreição inaugura uma nova era; a 
pregação do reino e do Rei atinge ate os confins da terra. A decisão já fora resolvida; mas o seu 
cumprimento ainda se prolonga pelo futuro adentro. 
O que a primeira vista parece ser uma e a mesma vinda do reino, o que é anunciado como 
uma indivisível realidade, como algo próximo, em realidade se projeta para cobrir novos períodos 
de tempo até a distancias longínquas. Pois as fronteiras desse reino não equivalem aos limites de 
Israel ou da Historia: o reino abarca em seu escopo todas as nações e preenche todas as eras até 
que cheque o fim do presente século. 
2. O REINO E A IGREJA 
O reino é dessa maneira relacionado com a história da igreja e do Mundo. Existe certa 
conexão entre o reino e a Igreja, mas não coisasidênticas, nem mesma na era presente. O reino 
e a totalidade da atividade remidora de Deus, em Cristo, neste mundo. A igreja é a assembléia 
daqueles que pertencem a Jesus Cristo. 
3. NO RESTANTE DO NOVO TESTAMENTO 
A expressão reino dos céus ou reino de Deus, não aparece com tanta freqüência, no Novo 
Testamento, fora dos Evangelhos Sinópticos, entretanto, é tão somente uma questão de 
terminologia. Como indicação da grande revolução na historia da salvação que já foi inaugurada 
por ocasião da vinda de Cristo, e como a esperada consumação de todos os atos de Deus, o reino 
dos céus e o tema central da revelação total de Deus no Novo Testamento. 
4. NO PENSAMENTO TEOLÓGICO 
No que diz respeito à concepção do reino dos céus na teologia, isso tem sido 
poderosamente sujeitado a todas as espécies de influências e Pontos de vista durante os vários 
períodos e tendências do pensamento teológico. 
Na teologia católica romana, uma característica distintiva e a identificação do reino de 
Deus com a igreja, na dispensação terrena, identificação essa devida principalmente a influencia 
de Agostinho. Por meio da hierarquia eclesiástica, Cristo e atualizado ou materializado como Rei 
do reino de Deus. 
Enquanto que a reforma, em seus primeiros dias não perdia de vista as grandes 
dimensões da historia salvadora do reino, o reino de Deus, sob a influencia de iluminação e do 
pietismo, passou a ser crescentemente concedido num sentido individualista – passou a ser 
exclusivamente a soberania da graça e da paz no coração do individuo. Na teologia liberal 
posterior esse conceito se desenvolveu tomando uma direção moralista (especialmente devido a 
influencia de �T�t), o reino de Deus seria o reino da paz, do amor e da justiça. 
 
 
 
LIVROS DE EVANGELHOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 
 
8 
 
 
 
 
QUESTIONÁRIO 
1. Quais são os Evangelhos Sinóticos? 
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________ 
2. Que Evangelho enfoca o reino dos céus? E a quem se dirige? 
3. Diferencie Reino dos Céus de Reino de Deus? 
4. Qual o enfoque da pregação de João Batista? 
5. A proclamação de Jesus sobre o reino diferia da pregação de João Batista? Justifique. 
,______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________ 
6. Qual a interpretação do Reino de Deus na teologia católica? 
7. Que sentido foi dado ao Reino de Deus, na época da Reforma, sob a influencia de iluminação e 
do pietismo? 
8. Complete as lacunas: 
a) A _____________ é a assembléia daqueles que _____________________________________ 
b) _______________________________ falam sobre o reino de Deus. 
c) O _______ e a totalidade da atividade remidora de Deus, em Cristo, ___________. A ________ 
é a assembléia daqueles que ________________________________. 
 
LIVROS DE EVANGELHOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 
 
9 
 
 
IIII.. OO PPRROOBBLLEEMMAA SSIINNOOTTIICCOO 
O que os investigadores das origens evangélicos chamam de problema sinótico surge da 
aparente relação de independência desses três evangelhos quando sujeitos a um estudo 
comparativo, pois apresentam muitas semelhanças e não poucas diferenças que pedem 
aplicação. Ao processar-se a comparação surgem certas perguntas que merecem uma cuidadosa 
resposta, antes que se dê por segura qualquer conclusão no tocante ao problema. 
Ei-las – Qual é a explicação de tantas diferenças? E sendo tão diferentes, como é quem 
em outras coisas apresentam tantas semelhanças, como, por exemplo, no caso de usarem as 
mesmíssimas palavras em muitos lugares? Qual deles é o mais antigo? Os autores dos outros 
dois conheciam o primeiro quando escreveram? Teriam os autores usado documentos escritos 
além dos evangelhos que conhecemos? São estas algumas das perguntas que um estudante, 
cuidadoso dos evangelhos deseja ver respondidas e, bem assim, saber em que se baseiam as 
respostas. 
1. O CONTEXTO HISTORICO DO NASCIMENTO DE JESUS 
1.1. A Palestina sob o Império Persa. 
Após Neemias e Malaquias, toda a Palestina continuou sob os Persas por mais quase 100 
Anos, Até 330, quando A Grécia venceu A Pérsia. 
Judá esteve sob os persas em 536-330 a.C. O centro do Império Persa ficava onde é hoje 
o Irã. Suas capitais foram primeiramente Babilônia e logo depois Suga, construída por Cambises, 
especialmente para esse fim. Susa é mencionada em Neemias 1.1; Ester 1.2; Daniel 8.2. A Bíblia 
menciona o fim do período persa em Neemias 12.22. O “Dario, o Persa” aí mencionado é o Dario 
Codómano da História: o último rei persa. Reinou em 336-330 a.C Foi derrotado por Alexandre 
Magno, da Grécia, em 330, na famosa batalha de Arbela, perto de Nínive. 
O “Jádua” aí mencionado foi o sumo sacerdote que recebeu Alexandre em Jerusalém 
quando ele submeteu a Palestina, em 332, na sua marcha de conquista do Oriente. Como império 
mundial, os persas dominaram 200 anos. 
Nessa ocasião já assomava no horizonte: a sombra ameaçadora do que mais tarde viria a 
ser o maior império do mundo – Roma. 
1.2. A Palestina sob o domínio grego 
Tempo: 330-167 mais de 150 anos. Em 330, Alexandre, o monarca grego, tinha o mundo 
todo a seus pés, após seis anos de conquistas e doze de reinado. Em 332, como já dissemos, na 
sua investida para o Oriente, ele submeteu a Palestina, sendo tolerante e benevolente para com 
os judeus. Com a ampliação do domínio grego, começa a espalhar-se e a predominar a língua 
grega com sua imensa cultura, preparando, assim, o caminho para o surgimento da Bíblia em 
grego (a Septuaginta), e para a vinda do Salvador, o qual encontrou o grego predominando em 
todos os contornos do Mediterrâneo e outras regiões. Tempos após a morte de Alexandre, cada 
país, além de sua língua, conhecia também o grego. Isso fazia parte do preparo para a vinda do 
Salvador. 
Em 323 morre Alexandre, em Babilônia, aos 33 anos de idade. O governo do Império ficara 
nas mãos de um só homem por pouco tempo. Houve lutas entre os diversos pretendentes, e, com 
elas, as divisões. Finalmente, o vasto império foi dividido entre quatro dos famosos generais de 
Alexandre: 
1.�. SELEUCO I – NICATOR, ficou com a Síria, Ásia Menor e Babilônia. Capital: 
Antioquia da Síria. A dinastia de reis gregos, da qual foi fundador, teve 18 reis até o 
ano 65 a.C., quando a Síria foi convertida em província romana. 
II. PTOLOMEU I SOTER I, PTOLOMEULAGOS (aparece na História com esses nomes) 
ficou com o Egito. Capital: Alexandria, que fora fundada por Alexandre, em 32. Fundou a dinastia 
dos Ptolomeus, os reis gregos do Egito. Houve 15 Ptolomeus até o ano 30 a.C., quando o Egito foi 
convertido em província romama. Cleópatra VII (famosa na história), foi rainha co-regente, em 52-
30 a.C.; 
 
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III. CASSANDRO ficou com a Macedônia e a Grécia. Capitais: Pela e Atenas. Não teve 
dinastia, como os dois mencionados. 
IV. LISÍMACO ficou com a Trácia. .Não teve dinastia. 
Resumo Histórico da Palestina sob o Domínio Grego. Sob a Grécia propriamente dita, isto 
é, sob Alexandre: 332-323 – 9 anos. Sob a Síria e Egito, alternadamente: 323-101. Na divisão do 
império de Alexandre, a Palestina ficou inicialmente sob a Síria (323-320). Em seguida sob o Egito 
(320-314). E assim passou de uma a outra mão, por várias vezes até o ano 301 a.C., quando o 
Egito e a Síriafizeram de seu território campo de batalha, onde mediam forças. 
Sob o Egito 301-198. Um dos reis deste período foi Ptolomeu lI, Filadelfo que reinou de 
285-247 a.C. Foi ele que providenciou a tradução em grego das Escrituras Sagradas. Construiu 
também o célebre farol de Alexandria, uma das sete maravilhas do Mundo Antigo, na Ilha de 
Faros, de onde vem à palavra “farol”. 
Esta fase foi de progresso para os judeus, que tinham boa recepção no Egito. Os apócrifos 
do Antigo Testamento começaram a surgir nesse tempo. Todos eles foram escritos entre 270-50 
a.C. 
Sob a Síria 198-167. Um dos reis deste período foi o monstro Antíoco Epifânio reinou de 
175-167 a.C. 
Este homem decidiu exterminar o povo judeu e sua religião. É comparável a Herodes, 
Nero, Hitler e outros da mesma estirpe. Proibiu o culto a Deus. Recorreu a todo tipo de tortura 
para forçar os judeus a renunciarem sua crença em Deus. Isto deu lugar à revolta dos irmãos 
Macabeus. 
Durante a época dos ptolomeus e Selêucidas, a língua grega foi implantada na Palestina. 
O poder civil passou a ser exercido pelo sumo sacerdote, que exercia também o poder religioso. 
Sua divisão política nesse tempo constava de cinco províncias ou distritos: JUDÉIA – GALILEIA – 
SAMARIA – TRACONITES – PERÉIA. 
Surgiram também na fase acima as seguintes seitas religiosas: 
a) Os Fariseus. (Em hebreu: “separados”). Inicialmente, primavam pela pureza religiosa. 
Seu objetivo era conservar viva e ativa a fé em Jeová. Depois, tornaram-se secos, ritualistas e 
hipócritas, como Jesus os classificou Eram nacionalistas. 
b) Os Saduceus. (Em hebreu: “justos”). Eram os aristocratas da época, adeptos do que 
chamamos hoje racionalismo (At 5.17; 23.8). Eram helenistas, isto é, partidários dos gregos, dos 
seus sistemas, etc. 
c) Os Essênios. Eram uma ordem monástica, verdadeira irmandade. Praticavam o 
ascetismo. Viviam nas vizinhanças do mar Morto. A raiz, da qual deriva a palavra “essênio”, 
significa “piedoso”. Pareciam uma seita oriental com mistura de judaísmo. Até hoje não está 
plenamente esclareci da a origem dos essênios. 
1.3. A Palestina independente sob os Macabeus: 167-63 a.C. 
O nome “Macabeu” vem de Judas, que tinha este nome. Como declaramos acima, a partir 
de 198, a Palestina passou ao controle da Síria. Os primeiros 30 anos foram toleráveis, mas, em 
175 a.C., subiu ao trono da Síria um homem excessivamente mau – Antíoco Epifânio, também 
conhecido corno Antíoco IV. Foi violentamente rancoroso para com os judeus. 
Resolveu exterminar este povo e sua religião. Em 168 ele arrasou Jerusalém, profanou o 
templo, erigiu nele um altar a Júpiter e imolou uma porca no altar dos holocaustos. Decretou pena 
de morte para quem praticasse a circuncisão e adorasse a Deus destruiu quantas cópias 
encontrou das Escrituras. 
Quem fosse encontrado lendo a Bíblia era morto também. Cumpriram-se as profecias de 
Daniel 8.13, mas, de modo parcial, pois o pleno cumprimento é ainda futuro, conforme Mateus 
24.15 
 
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Antíoco recalcado pelos insucessos contra o Egito vinga-se nos judeus. No seu assalto a 
Jerusalém, mata jovens, velhos, mulheres e crianças, chegando a 80.000 o número de mortos. 
Levou 40.000 cativos e vendeu outro tanto como escravos. Os dois anos seguintes foram de 
desolação e humilhação. Em seguida começaram novas atrocidades. 
Chega da Síria um exército de mais de 20.000 homens, e, num sábado quando o povo em 
obediência à Lei adorava a Deus, o exército de Antíoco, comandado por Apolônio, lançou-se 
sobre os indefesos judeus e houve então um dos maiores massacres da História, Jerusalém foi 
incendiada. 
Antíoco decretou como religião oficial dos judeus o paganismo grego, obrigando-os a 
observa-la. 
1.4. O início da revolta dos Macabeus, 167 a.C. 
Ardia no peito dos judeus o sentimento de revolta. A perseguição religiosa atingia 
agora todo o país. O sentimento patriótico toma conta do povo. Falta apenas um líder para dar o 
grito de revolta. Todos estavam em torno de um mesmo ideal – independência. O velho sacerdote 
Matatias, que vivia em Modim (entre Jope e Jerusalém), foi o herói que deu o brado de guerra e 
desfraldou a bandeira da revolta. Tinha ele cinco filhos, todos valorosos: JOÃO, SIMÃO, JUDAS, 
ELEAZAR, JONATAS. Eram fariseus verdadeiros. O velho sacerdote dirigiu a luta com muita 
bravura, obtendo sempre vitórias. Morreu no mesmo ano da revolta: 167. 
Trataremos agora dos cinco irmãos Macabeus, individualmente. A palestina experimentou 
independência sob eles por 100 anos. 
JUDAS. 166-161. Ao falecer o velho pai, Judas assumiu a direção da luta. A vitória 
continuou com os judeus. Ainda em 167, Judas retomou Jerusalém e começou a reparar o templo. 
As batalhas continuaram. Os judeus saíam sempre vitoriosos. Em 25 do mês de Quisleu (nosso 
dezembro) de 165 a.C., Judas reedificou o templo com uma grande festa denominada “Festa da 
Dedicação”, a qual continuou sendo comemorada pelas gerações através dos tempos. O Senhor 
Jesus esteve presente a uma dessas festas (�T 10.22,23). Judas fez aliança com Roma, o que 
mais tarde foi muito útil para os judeus. Antíoco morreu em 164, mas a Síria continuou lutando. 
Judas prosseguiu dando combate aos sírios. Foi um guerreiro de admirável gênio militar. Morreu 
em combate em 161. 
ELEAZAR. Morreu em combate antes de 161 a.C. 
JONATAS. 161-142. Foi também guerreiro notável, conduzindo o exército de vitória em 
vitória. Morreu numa traição urdida por um pretenso amigo seu, um general sírio, em 142. Foi ele 
o primeiro judeu a exercer as funções de rei e sacerdote a um só tempo. 
JOÃO. Morreu antes de Jônatas. 
SIMÃO. 142-134. É o último Macabeu sobrevivente. Morreu à traição em 134. Consolida a 
vitória e é feito por seus compatriotas governador e sumo sacerdote. A Síria continuou atacando. 
Agora, os governantes que se seguem são também descendentes dos Macabeus. 
JOÃO HIRCANO. 134-104. Era filho de Simão. Hircano cercou e destruiu a cidade de 
Samaria, arrasando o templo dos samaritanos, construído sobre o monte Gerizim, por permissão 
de Alexandre, o Grande, quando imperador. Isso ocorreu no ano 128 a.C. Os idumeus, que 
habitavam ao sul da Palestina, também atormentavam constantemente os judeus. Hircano os 
conquistou e fê-los aceitar a religião judaica. Isto não os transformou em verdadeiros judeus, 
como veremos mais adiante. Hircano morre em 104. Nesse tempo a divisão política da Palestina 
era: JUDEIA, SAMARIA; GALILEIA, IDUMEIA, PEREIA. 
ARISTOBULO I. 104-103. Era filho de João Hircano I. Morreu em 103. No seu breve 
governo, conquistou a Ituréia e outras regiões a leste do Jordão. Enfermidade foi à causa de sua 
morte. Ele usurpara o trono de sua mãe, a quem Hircano deixara no governo. 
ALEXANDRE JANEU. 103- 76. Era irmão de Aristóbulo I. Obteve várias conquistas visando 
alargar as fronteiras da Palestina. Cometeu vários desmandos. Houve tumultos internos, 
verdadeira guerra civil, devido aos desmandos de Janeu. 
 
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ALEXANDRA. 76-67. Fora esposa de Aristóbulo I. Após a morte deste, casou com 
Alexandre Janeu morto Alexandre, ela ascendeu ao trono. Seu reino foi pacífico e próspero. 
ARISTOBULO lI. 67-63 a.C. Foi o último rei do período independente. Era filho de Alexandre 
Janeu. Tinha um irmão chamado Hircano mais velho que ele. Alexandre, ao morrer, deixou a 
coroa a seu filho mais velho, Hircano, Todavia, Aristóbulo, sendo mais novo, usurpou o poder 
pelas armas. Hircano deixou o governo pacificamente. 
A esta altura, entra em cena o aventureiro ANTIPATER governador militar da lduméia, 
constituído por Alexandre Janeu. Antípater não era judeu, e sim idumeu. Lembremo-nos de que alduméia fora subjugada por Hircano I. 
Antípater instigou Hircano a vingar-se de seu irmão Aristóbulo. Resultado: Hircano foi a 
Nabatéia, na Arábia, e junto ao rei Aretas obteve um exército para lutar contra Aristóbulo. Irrompe 
a guerra civil. O exército romano encontra-se em operações em Damasco, conquistando nações. 
Tanto Aristóbulo como Hircano enviam emissários ao exército romano. Pompeu, o general 
romano, intervém. Corria o ano 63 a.C. Captura a cidade de Jerusalém e entrega o poder a 
Hircano II. (Recordemo-nos, de que Judas Macabeu fizera aliança com Roma.) Mesmo assim, 
Antípater continuou instigando e orientando Hircano II para o prosseguimento da luta. 
Portanto, a partir de 63 a.C., a Palestina passa ao domínio romano, fazendo parte da 
província romana da Síria, ficando a sede da província neste último país. 
1.5. A Palestina sob o domínio romano: 63 a.C., 
Como já vimos na letra “c”, Roma ocupou a Palestina em 63 a.C. Nesse ano Pompeu 
arrebatou o poder das mãos de Aristóbulo II e entregou-o a Hircano II, que fora despojado por 
Aristóbulo. Este e seus dois filhos (Alexandre I e Antígono II) foram levados cativos a Roma. 
Tempos depois, pai e filho (Aristóbulo II e Alexandre I) foram mortos em circunstâncias e ocasiões 
diferentes, sobrevivendo apenas Antígono II, Alexandre I deixara dois filhos: Aristóbulo e Mariana, 
a qual mais tarde foi esposa da fera chamada Herodes o Grande, filho de Antípater, o idumeu 
perturbador, de que estamos falando. 
Veremos agora a lista, dos governantes da Palestina durante o período romano, partindo 
do ano 63 a.C, até o início da Era Cristã. 
HIRCANO II. 63-40 a.C. Já falamos desse homem na letra “c”. Hircano começou a 
governar a Palestina por delegação de Pompeu, o general romano. Em 47 a.C. César nomeia 
Hircano II etnarca da Judéia. Todavia, Hircano era um rei apenas titular; quem de fato o dirigia em 
tudo era o idumeu Antípater. 
Ainda em 47 a.C. César nomeia Antípater como Procurador Geral da Judéia, isto é, 
encarregado do fisco, com reconhecimento aos seus serviços, pois Antípater auxiliara César na 
campanha deste contra o Egito, fornecendo tropas a Pompeu, [o general] de César. 
César nomeia também Herodes, filho de Antípater, Governador da Galiléia. Após a morte 
de César, em 44 a.C., Antípater morre envenenado por um cortesão de Hircano II. 
Herodes governava a Galiléia, mas se imiscuía em toda a vida do país, urdindo intrigas e 
perfídias com a conivência do próprio pai que era Procurador Geral da Judéia. 
Vendo Herodes o antagonismo dos judeus devido ao seu modo de proceder arbitrário, 
abusivo e ditatorial, procura abranda-los, noivando com Mariana, neta de Hircano lI. (Era filha de 
Alexandre I; irmã de Aristóbulo III). Herodes já era casado com uma filha do rei Aretas, de 
Nabatéia. 
Ele com isso visava galgar a todo custo o trono de toda a Palestina. 
ANTÍGONO II. 40-37 a.C. Por volta do ano 40, a Síria rebelou-se contra o domínio romano, 
auxiliada pelos poderosos partos. Em seguida, partos e sírios atacaram e saquearam a Palestina. 
Antígono buscava vingar a morte de seu pai Aristóbulo II e seu irmão Alexandre II, como já 
descrevemos Com a ajuda dos partos e sírios ele marcha sobre Jerusalém. Herodes, governador 
da Galiléia, mas que se intrometia na vida de todo o país, foge para Roma. 
 
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Antígono apodera-se de Jerusalém, destrona Hircano II e governa de 40-37 a.C. Hircano é 
levado cativo pelos partos. Tempos depois volta. 
Herodes chega a Roma. Perante o Senado e os triúnviros consegue ser nomeado rei da 
Judéia no mesmo ano – 40 a.C. O exército romano ataca os invasores de Jerusalém, partos e 
sírios. Herodes regressa à Palestina, procura ganhar o favor dos judeus e casa-se com Mariana, 
como já fizemos menção. Herodes, auxiliado pelas tropas romanas que acabavam de vencer os 
partos, sitia Jerusalém. Os soldados romanos tomam a cidade de assalto e fazem grande 
matança. Antígono é destronado e enviado a Roma, onde é morto por instigação de Herodes. 
Assim, Herodes apodera-se do trono da Palestina. 
HERODES O GRANDE. 37-4 a.C. Herodes, como já vimos “governava a Galiléia, mais sua 
ambição era o trono do país todo, o que conseguiu mediante esperteza e astúcia. Diz Watson mui 
sabiamente: Herodes era idumeu por nascimento, judeu por profissão, romano por necessidade e 
grego por cultura”. Praticou o paganismo grego. Uma vez no trono, mandou matar todos os 
partidários de Antígono e os membros do Sinédrio. 
Em certos detalhes, foi um segundo Epifânio. Do seu casamento com Mariana, nasceram 
dois filhos: Alexandre II e Aristóbulo IV. Temendo conspiração do remanescente hasmoneano, 
Herodes, tendo já ocasionado a morte de Antígono, mandou matar o sumo sacerdote Aristóbulo 
III, irmão de Mariana. Matou também o velho Hircano II, tio de Mariana. A esta altura, Herodes 
ganha o favor de Otávio. (Otávio é o César mencionado em Lc 2.1, que reinou de 31 a.C. a 14 
d.C.) Otávio dirigia-se para a campanha do Egito, quando Herodes foi encontrá-lo em Ptolemaida 
levando suprimentos para suas tropas. Otávio derrotara Antônio em Acio (31 a.C.), e este fugira 
para o Egito com Cleópatra VII, sua amante. 
A Palestina estava agora dividida em 6 distritos: JUDÉIA, SAMARIA, IDUMÉIA, GALlLÉIA, 
PERÉIA, ITURÉIA. Herodes continuou a molestar os judeus. Dando ouvido a denúncias falsas, 
manda matar sua esposa favorita, Mariana, em 20 a.C. Este foi um crime aterrador. Teve ao todo 
10 esposas. Também mandou matar a mãe de Mariana, Alexandra. Matou certa vez 10 zelotes. 
Outra vez mandou matar 45 judeus porque quebraram uma asa de uma águia de prata do seu 
palácio. Matou muitos outros. Foi grande administrador. Reconstruiu Jerusalém, seus muros e 
edifícios. Construiu palácios, inclusive o Forte Antônia, na área Noroeste do templo. 
O ódio dos judeus aumentava contra Herodes. Para evitar que os judeus apelassem para 
César, prometeu-lhes um novo templo, o qual foi iniciado em 19 a.C. e concluído em 64 d.C. Foi o 
templo conhecido pelo Senhor Jesus. 
Toda a Palestina beneficiou-se com a administração herodiana. Reconstruiu a cidade de 
Samaria com o nome de Sebasta (palavra grega equivalente à augusta, em alusão a César). 
Procurava ele assim relevar seus crimes. Temendo sempre conspiração contra o trono, mantinha 
uma prisão de torturas. Era desconfiado de todos e extremamente ciumento. Não se sabe quantos 
morreram naquela prisão. Seus dois filhos Alexandre II e Aristóbulo IV estudaram em Roma. 
Temendo conspiração dos dois, mandou matá-los. Morreram assim, os últimos descendentes dos 
Macabeus. 
Tinha Herodes, pela força, imposto a paz. Estava agora muito velho. O remorso o 
persegue. Chega o ano 5 a.C. o ano do nascimento do Senhor Jesus. Desde 10 anos antes, há 
paz na Palestina. No mesmo ano 5 a.C. é descoberta uma conspiração por parte de seu irmão 
Féroras e seu filho Antipater, filho de Dóris, outra esposa. Féroras é morto. Enquanto corre o 
processo para a morte de Antípater chegam a Jerusalém uns magos vindo do Oriente, e 
perguntando: “Onde está aquele que é nascido rei dos judeus?” (�T 2.1,2). Herodes, que como já 
vimos, vivia atormentado pelo fantasma da conspiração, sofreu grande perturbação (�T 2.3). 
Fingidamente desejou adorar o recém-nascido, que era o Messias prometido nas profecias do 
Antigo Testamento. Deus via o seu plano maligno e guiou os magos a regressarem por outro 
caminho. Herodes, vendo seus planos desfeitos, ordena matança dos inocentes de Belém. Matar 
já era coisa natural para ele. 
Deus então conduz José, Maria e o menino ao Egito, cumprindo-se, assim, as profecias 
(Os 11.1). No ano seguinte – 4 a.C. morre Herodes de terrível enfermidade em Jericó. Determina 
 
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grande massacre para o dia da sua morte, para que haja muito pranto. Felizmente tal plano não 
foi cumprido. Apesar de suas crueldades, Herodes contribuiu para o bem noutros sentidos. 
Todos o reconhecem como grande administrador. Possuía muita tenacidade. Liquidou com 
o banditismo no país, isso desde quando governou a Galiléia. Nesse particular, ele entrava em 
choque com o Sinédrio, porque não dependia do processo formal daquela corte para matar 
bandidos. Proscreveu os hasmoneus. Estes após o último macabeu (Simão), enveredaram pelo 
caminho das intrigas, vinganças, lutas políticas, deixando em segundo plano o ideal de liberdade e 
independência do jugo estrangeiro. Se tais coisas prevalecessem, seriam um estorvo à vinda e 
ministério do Senhor Jesus Cristo. 
Breve nota sobre o Império Romano A cidade-reino de Roma. Foi fundada em 753 a.C. na 
região do Lácio, Itália, donde vem o vocábulo “latim”. Em 509 passou de reino a república, tendo 
assim nova forma de governo, e, necessariamente, novos cargos e funções tais quais aparecem 
através do Novo Testamento. 
Dois séculos antes de Jesus nascer, Roma iniciou sua fase de supremacia sobre os 
diversos povos de então. Assim submeteu a Itália (266 a.C.), Espanha e Portugal (201 a.C.), 
Mesopotâmia (195), Macedônia e Grécia (168), Cartago, na África (146), Ásia Menor (133), 
Inglaterra (54, invasão; 42 conquistas) Síria (64, mas a penetração começou em 190 a.C.) Norte e 
Centro da Europa (58-50) etc.” 
Em 31 a.C., surge o Império. Otávio é o primeiro imperador universal. Era sobrinho de Júlio 
César, que fora um grande general, conquistador e por último ditador de 46-44 a.C. Em 44 foi 
Júlio assassinado em pleno Senado Romano, por seu filho adotivo Júnio Bruto. Otávio reinou de 
31 a.C. a 14 d.C. O Senhor Jesus nasceu quando ele dominava o mundo todo. Ele podia de fato 
determinar que “todo o mundo” fosse recenseado (Lc 2.1). Otávio aparece no texto bíblico como 
“César Augusto”. “César” era o nome de família. “Augusto” foi-lhe conferido pelo Senado; equivale 
a “sublime”. Seu nome completo era CAIO JÚLIO CÉSAR OTAVIO. Ele concluiu as conquistas do 
Império. Pacificou o mundo pelas armas. Manteve exércitos por toda parte. 
O latim era a língua da metrópole e das tropas romanas. O grego era falado nos meios 
culturais do império. O aramaico era a língua materna da liturgia. O império abre grandes estradas 
para uso de suas legiões e intercâmbio em geral. As estradas logo depois seriam utilizadas pelos 
pregoeiros do Evangelho. Dez anos antes de Jesus nascer, as portas do templo de Jano são 
fechadas, indicando paz. 
Quando Jesus nasceu, portanto, reinava paz em todo o mundo. Chegara a plenitude dos 
tempos, conforme diz a Escritura em Gálatas 4.4. É a “Pax Romana” da História. 
O período que vai de Malaquias a Mateus é de aproximadamente 400 anos, chamado 
período interbiblico. Nas condições acima descritas, estava tudo preparado por Deus, nasce em 
Belém o Messias prometido. 
 
Anotações: 
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________ 
 
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QUESTIONÁRIO 
 
1. O vasto império de Alexandre foi dividido entre os seus quatro famosos generais. Cite os 
nomes. 
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________ 
2. Defina a seita dos Fariseus, Saduceus e Essênios? 
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________ 
 
3. O velho sacerdote Matatias tinha 5 filhos. Mencione o nome de cada um. 
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________ 
4. Quais os seis distritos que a Palestina estava agora dividida, no período de Herodes? 
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________ 
 
5. Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira: 
1 HIRCANO II 40-37 a.C 
2 ANTÍGONO II 63-40 a.C 
3 HERODES O GRANDE 37-4 a.C 
 
6. Complete as lacunas: 
a) __________decretou como religião oficial dos judeus o paganismo grego, obrigando-os a 
observa-la. 
b) ____________ instigou Hircano a vingar-se de seu irmão ___________________ 
c) __________________ é o primeiro imperador universal. 
d) O ___________ era a língua da metrópole e das tropas romanas. O ___________ era falado 
nos meios culturais do império. O _____________ era a língua materna da liturgia. 
 
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IIIIII.. OOSS AAUUTTOORREESS DDOOSS EEVVAANNGGEELLHHOOSS 
 
1. MARCOS 
A Tradição é concorde em atribuir a João Marcos a autoria do segundo evangelho do 
nosso Cânon, como também na opinião de que era companheiro e auxiliar do apóstolo Pedro; 
Pápias, cerca de 130 d.C. cita o testemunho de alguém relacionado com o círculo apostólico que 
declarava que Marcos, tendo-se tomado intérprete de Pedro, escreveu o seu evangelho baseado 
nas pregações desse apóstolo, o que fez com todo cuidado, mas sem se preocupar com a 
cronologia dos fatos, pois ele próprio não havia ouvido Jesus nem o acompanhara. 
Não há para se duvidar que isso represente mais ou menos a verdade no caso. Marcos 
não menciona o próprio nome no evangelho, nem sequer corno autor do mesmo, embora haja 
talvez uma referência à sua pessoa; Mc. 14:51, no incidente que o moço que fugiu deixando o 
lençol em que se achava envolvido nas mãos dos que queriam prende-lo. Marcos era filho de 
Maria em cuja casa estavam os crentes orando por Pedro; At. 12: 12. Era parente de Barnabé, e 
companheiro e colaborador de Paulo. 
2. MATEUS 
Aqui surge uma dificuldade. A Tradição liga o nome de Mateus com o primeiro evangelho, 
mas declara que Mateus escrevera em Hebraico (isto é, aramaico) e que cada um interpretava 
como podia. Um estudo comparativo revela que o evangelho grego chamado de Marcos, por 
muitas vezes repete verbalmente a mensagem deste. Houve quem alegasse que foi Marcos quem 
lançou mão não só de Mateus como também de os princípios de criticismo, literário quando 
aplicados à comparação dos três evangelhos sinóticos, mostraram claramente que Lucas e o 
Autor de Mateus (em grego) usaram o Evangelho de Marcos, ou um a fonte escrita anterior a este 
e muito semelhante. A maior vivacidade da narrativa de Marcos é uma das provas. 
Outra é que quando nas passagens quase idênticas Mateus e Lucas divergem da 
linguagem de Marcos, geralmente o fazem a propósito de melhoramento literário, para suavizar as 
expressões, ou para resumir pela omissão de pormenores. 
Se, pois, Mateus, como o temosagora, usou de Marcos como uma das suas fontes, como 
explicar o fato de afirmar que Mateus, o apóstolo escreveu em aramaico? E se fosse Mateus, 
testemunha ocular que era autor do evangelho grego que traz o seu nome, por que teria usado o 
documento de Marcos que não era testemunha ocular? A conclusão mais ou menos satisfatória a 
que os pesquisadores têm chegado teve que satisfazer estas indagações. Pápias, na sua 
referência ao documento aramaico de Mateus o chama de "logia" isto é "oráculos" ou "ditos” de 
Jesus. 
Com efeito, se Mateus tomou notas sobre os discursos de Jesus em aramaico ou os 
assentou de memória mais tarde, este documento seria de inestimável valor para qualquer pessoa 
que quisesse escrever a vida de Cristo. Seria muito natural que alguém traduzisse o mesmo para 
grego e é possível que o próprio Mateus o tenha feito. Quando o autor do atual Evangelho de 
Mateus se preparou para escrever, ajuntou os: documentos que pode encontrar e que julgava 
fidedignos, como o Evangelho de Marcos, a "logia" de Mateus, e outros, à semelhança do que 
Lucas declara que ele próprio fez. Depois de estuda-los cuidadosamente e de definir o plano que 
queria seguir, e de acordo com o seu propósito em escrever, elaborou o livro que queria, elaborou 
o livro maravilhoso e divinamente inspirado que hoje conhecemos como obra de Mateus. Este 
nome justifica por ser obra baseada, na parte que trata dos ensinos de Jesus, na "logia" ou sejam 
os discursos do Mestre escritos pelo apóstolo. 
Segundo os costumes literários da época, isso seria razão bastante para chama-lo 
"EVANGELHO SEGUNDO MATEUS”. 
3. LUCAS 
O pranteado sábio e profundo conhecedor do Novo Testamento grego e da literatura que 
relaciona como mesmo Dr. A. T. Robertson na sua introdução ao comentário sobre sua introdução 
 
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ao comentário sobre Lucas em "Word Pictures in the New Testament” dá sérios argumentos pela 
autoria de Lucas para o evangelho que traz o nome deste. 
Os passos no argumento são os seguintes: Em primeiro lugar, o evangelho e o livro de 
Atos têm mesmo autor, como se vê pela comparação das palavras introdutórias dos dois, e pelo 
estilo literário de um e outro. O segundo passo é o, fato bem patente que o autor de Atos era um 
dos companheiros de Paulo. Isso se conclui do emprego da primeira pessoa do plural de verbos 
em diversas partes deste livro. Robertson cita várias obras de Harnack em que este argumento é 
elaborado pormenorizadamente. Em terceiro lugar, este companheiro de Paulo era médico, como 
se verifica do seu emprego de vocábulos próprios a essa profissão. O médico dentre os 
companheiros de Paulo era Lucas. Cf. Col 4:14, "O médico amado". Afinal, todos os manuscritos 
gregos deste evangelho o atribuem a Lucas, enquanto a tradição eclesiástica é unânime no 
mesmo sentido. Plummer acha tão certa a autoria de Lucas para terceiro evangelho quanto à de 
Paulo para I e II Corintios, Gálatas e Romanos. Até Rénan admitia não haver forte razão para não 
acreditar que fosse Lucas o autor deste evangelho. 
QUESTIONÁRIO 
1. A quem a tradição atribui a autoria do segundo evangelho do nosso Cânon? 
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________ 
2. Um companheiro de Paulo era médico. Cite o nome e qual evangelho ele escreveu. 
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________ 
3. Quem a apostila indica ser o moço que fugiu deixando o lençol em que se achava envolvido nas 
mãos dos que queriam prende-lo? 
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________ 
4. Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira: 
1 Marcos É o mesmo autor do evangelho e do livro de Atos 
2 Plummer Acha tão certa a autoria de Lucas para terceiro evangelho quanto à 
de Paulo para I e II Corintios, Gálatas e Romanos 
3 Lucas Era parente de Barnabé, e companheiro e colaborador de Paulo 
 
5. Complete as Lacunas: 
a) ____________era filho de _________ em cuja casa estavam os crentes orando por Pedro; At. 
12: 12. 
b) _____________, na sua referência ao documento aramaico de Mateus o chama ____________ 
isto é ___________________ ou _______________________ de Jesus. 
c) Segundo os costumes literários da época, isso seria razão bastante para chama-lo 
_________________________________________________. 
d) O ____________________ de _________________ era um dos companheiros de Paulo. 
e) A ________________ liga o nome de _____________ com o primeiro evangelho, mas declara 
que ____________________escrevera em _____________________ 
f) Os ___________________________, literário quando aplicados à comparação dos três 
evangelhos sinóticos, mostraram claramente que _________________________________ (em 
grego) usaram o _________________________________, ou um a fonte escrita anterior a este e 
muito semelhante. 
 
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IIVV.. AA IINNDDEEPPEENNDDÊÊNNCCIIAA DDOOSS SSIINNÓÓTTIICCOOSS 
Já se fez menção disto na discussão da autoria de Mateus, mas é um ponto digno de 
maior estudo. Uma comparação dos três revela que praticamente o todo de Marcos foi incluído em 
Mateus, ou em Lucas, ou mesmo nos dois. A parte não usada por eles é calculada entre trinta e 
quarenta versículos apenas. Lucas na sua introdução diz que muitos tinham "empreendido fazer 
uma narração coordenada dos fatos" do evangelho. 
Declara ainda que esses fatos haviam sido transmitidos pelos "que foram deles 
testemunhas oculares desde o princípio". Mas continua que lhe pareceu bem escrever uma 
narração em ordem, a fim de que Teófilo conhecesse a verdade das coisas em que fora instruído. 
Estas palavras de Lucas muito nos dizem do estudo que ele fez do assunto antes de começar a 
escrever; do seu profundo interesse nos fatos de que tratava; dos seus hábitos literários e 
cuidados de historiador de responsabilidade. Aqui ele não somente afirma ter usado, como fontes 
de informação, as narrativas que já existiam em forma escrita; ainda sugere e implica que usou 
todas as fontes de tradição oral ao seu alcance. 
É certo que o evangelho de Marcos estava entre muítas narrativas que examinou e é 
provável que tenha usada a "logia" de Mateus, embora não aja tanta certeza aí. Fora da matéria 
comum aos três ainda há uns duzentos versículos que são comuns a Lucas e Mateus. A opinião 
dos investigadores varia quanto ao grau de dependência de um documento comum para esta 
parte da matéria de Mateus e Lucas; diverge também quanto a ser este documento a tal "logia" 
unicamente, ou mais de um documento, É inegável, todavia, que, embora tivessem um ou mais 
documentos em comum, havia ainda outros inteiramente independentes. 
Prova disto se encontra nos capítulos 1 e 2 destes evangelhos na diferença entre as 
genealogias; e ainda na matéria peculiar a Lucas compreendia nos capítulos 10 a 18:14 e que 
abrange o ministério anterior de Jesus na Judéia e na Peréia. Além disso, o sermão da montanha 
é bem mais extenso em Mateus do que em Lucas. Diante do exposto, surgem naturalmente 
algumas interrupções. Uma delas é como explicar o desaparecimento da "logia" de Mateus se de 
fato existiu. A resposta é que sendo transferida praticamente na sua inteireza para os evangelhos 
de Mateus e Lucas, aquela se tomou desnecessária. 
Mas pergunta alguém: Se isso se deu com a "logia" como não aconteceu o mesmo com o 
evangelho de Marcos, uma vez que se encontra quase completo nos outros dois sinóticos?Respondemos que a "logia" era principal, senão inteiramente composta de doutrinas (ensinos), e 
em vez de perder ganharia força com o ser colocada no seu ambiente próprio dentro da narrativa 
do ministério do Mestre. 
O Evangelho de Marcos, pelo contrário, é principalmente narrativa, escrito com um 
propósito definido, em estilo vigoroso e cheio de característicos peculiares. Não é tão polido como 
os outros dois, mas por isso mesmo, e porque se preocupa mais com os efeitos de Jesus, 
demorando pouco sobre os discursos a impressão criada pela sua leitura e bem diferente. 
Isto basta, humanamente falando, para justificar a sua sobrevivência e a sua inclusão no 
Cânon, sendo como era, embora por meio indireto, a história do ministério de Jesus pela boca do 
seu impetuoso e ardente apóstolo, Simão Pedro. Afinal, apesar de qualquer grau de semelhança 
ou de interdependência, as diferenças é que estabelecem os evangelistas como testemunhas 
independentes quanto à vida e as obras de Cristo. 
O fato de todos estarem a testemunhar das mesmas realidades garante de modo geral 
concordância do seu testemunho. A sua variedade na apresentação dos pormenores e mesmo 
sua escolha da matéria diversa apresentada nos interessam tanto quanto o fazem as 
semelhanças. Se os três nos dissessem coisa idêntica do princípio ao fim, não os tomaríamos por 
testemunhas independentes nem por um instante. 
Bastava-nos um só deles, pois seria bem evidente que dois eram cópias mais ou menos 
exatas do terceiro, ou que todos os três haviam lançado mão das mesmíssimas fontes. Damos 
graças a Deus pelas diferenças mesmo quando, devido aos nossos poucos recursos, não nos é 
possível harmoniza-las inteiramente. A maior parte das diferenças que existem é perfeitamente 
 
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explicável, se tomamos em consideração os diferentes pontos de vista dos evangelistas, a 
variedade de leitores para o qual escreviam, e ainda o fato que as fontes de evidência por eles 
consultadas, quer orais quer escritas, não eram de todo idênticas. 
Não queremos, de maneira alguma, desprezar o fator divino, aquele "Espírito da Verdade" 
que movia os respectivos escritores. Indubitavelmente foram inspirados e isto seria bastante para 
explicar a, sobrevivência dos três evangelhos sinóticos. Marcos foi impressionante na história de 
Jesus, maravilhoso, que tantas vezes ouvira Pedro contar. Era o homem talhado para levar aos 
súditos e aos cidadãos do Império Romano uma justa compreensão do poder e da autoridade de 
Jesus, o divino Filho de Deus. 
A Mateus, porém, o Espírito Santo escolheu para empregar os seus dotes em registrar os 
discursos do Mestre em língua aramaica para que servissem mais tarde de fonte preciosíssima 
aos que como Lucas e o autor do Evangelho segundo Mateus em língua grega, empreendessem 
a gloriosa tarefa de escrever uma narrativa coordenada tanto dos feitos como dos ensinos de 
Jesus. 
O evangelho de Mateus, baseado nesse documento aramaico, era dirigido principalmente 
ao povo israelita e apresenta Jesus como o Messias prometido pelos profetas e cita as escrituras 
do Antigo Testamento noventa e tantas vezes. Ainda o Espírito de Deus levou Lucas, o médico 
amado, quando na sua viagem à Palestina com Paulo, a colecionar todo o material sobre a vida 
de Jesus que pudesse encontrar já escrito, a consultar as testemunhas oculares que encontrasse 
vivas, e a escrever o seu evangelho, para que não somente Teófilo, mas também o mundo inteiro, 
conhecesse a verdade das coisas em que fora instruído. 
 
QUESTIONÁRIO 
1. O fato de todos os evanmgelhos sinóticos estarem a testemunhar das mesmas realidades 
garante a concordância do seu testemunho. Explique. 
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________ 
2. As diferenças que existem entre os evangelhos sinóticos são explicáveis? Justifique? 
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________ 
3. Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira: 
1 Evangelho de Marcos Era principal, senão inteiramente composta de doutrinas (ensinos) 
2 "logia" Impetuoso e ardente apóstolo 
3 Simão Pedro Não é tão polido como os outros dois 
4. Complete as Lacunas: 
a) Fora da matéria comum aos três ainda há uns ____________________ que são comuns a 
________ _____________________________________ 
b) ________ foi impressionante na história de Jesus, maravilhoso, que tantas vezes ouvira 
__________ contar. 
c) O __________________, pelo contrário, é principalmente narrativa, escrito com um propósito 
definido, em ____________________ e ___________________________ peculiares. 
d) O ______________________________ é bem mais extenso em Mateus do que em 
_____________ 
e) _______________ na sua introdução diz que muitos tinham 
"______________________________" do evangelho. 
 
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VV.. AA DDAATTAA RREESSPPEECCTTIIVVAA DDOOSS EEVVAANNGGEELLHHOOSS SSIINNÓÓTTIICCOOSS 
É mais fácil tratar dos três em conjunto. Tornar-se patente, logo de início, que se Marcos 
foi usado pelos outros, forçosamente os precedeu, mas o pior que espaço de tempo o fez é uma 
indagação que não se responde tão facilmente. Quanto a Lucas, temos certeza que foi escrito 
antes de Atos dos apóstolos. Robertson concorda com Harnack em atribuir a Atos a data de 63 no 
máximo. Assim Lucas teria escrito Atos em Roma enquanto Paulo, ali preso, esperava a solução 
do seu caso pelo Imperador. É possível que tenha escrito o seu evangelho também em Roma. 
Parece mais provável que o tenha feito quanto quando em Cesaréia, antes da viagem para Roma. 
Podia ter consultado ali algumas das "testemunhas oculares" ou tê-Ias visitado em outras 
partes da Palestina, no seu afã de colecionar material. Sir W. Ramsay sugere a possibilidade de 
Lucas ter-se encontrado com alguém do círculo íntimo da família de Jesus. Em todo caso, sua 
narrativa da anunciação e do nascimento é feita do ponto de vista de Maria. 
Afinal, concluímos que este evangelho foi escrito em 60 ou antes e, se isto é verdade, 
então o de Marcos devia tê-lo precedido por tempo suficiente para ser divulgado e assim chegar 
ao conhecimento e as mãos de Lucas antes dele começar a escrever. 
Robertson acha que a data seria não muito depois de 50 d.C, e possivelmente nesse ano, 
mas sempre antes de 60. Quanto à data de Mateus, já vimos que segue a Marcos, mas não há 
meio de sabemos exatamente quanto anos depois. Diríamos, ainda com o apoio do Dr. 
Robertson, que o ano 60 não estaria longe da verdade. 
 
VVII.. CCAARRAACCTTEERRÍÍSSTTIICCAASS PPEECCUULLIIAARREESS DDOOSS EEVVAANNGGEELLHHOOSS SSIINNÓÓTTIICCOOSS 
 
1. MARCOS 
Dos três evangelhos, Marcos é o menos literário. A linguagem que ele emprega é a do uso 
comum e tem por finalidade simplesmente reproduzir o que o autor sabia de Jesus, mormente do 
seu ministério, e isso sem qualquer esforço para efeito literário. 
Não obstante a sua linguagem, por vezes um tanto rude, e uma certa tendência para o 
pleonasmo, o seu estilo é vigoroso e cativante. A própria redundância muitas vezes toma a 
narrativa mais viva. 
O uso de pormenores na descrição ajuda o leitor a reconstruir na imaginação as cenas que 
se descrevem. A preferência de Marcos pelas orações diretas faz com que os protagonistas 
dessas cenas se movam diante dos olhos e falem para os ouvidos dos que lêem este evangelho. 
Está salpicado de perguntas e exclamações de surpresa ou de indignação. Comefeito, Marcos 
sabia contar uma história. Dos três evangelhos, é este o que mais cativa a imaginação das 
crianças quando elas o ouve ler com o devido cuidado e expressão. 
2. MATEUS 
Como vimos, Mateus dá mais atenção do que Marcos aos ensinos do Mestre. A ordem em 
que ele dispõe o seu material revela um fim didático, pois reúne por tópicos; estes por sua vez se 
relacionam ao tema geral; dos seu evangelho, a saber "O Rei Messiânico e o seu Reino". Começa 
com a genealogia real e termina com a declaração do Rei, já vencedor sobre a morte, de que 
possui toda autoridade no céu e na terra, pelo que ordena os seus súditos a conquista do mundo 
para seu Reino. Entre estes dois pontos o escritor se preocupa em apresentar as realizações e os 
ensinos de Jesus que provam ser ele o Rei Messias profetizado no Antigo Testamento, e que 
revelam a natureza do reino dos céus. É lógica a sua colocação no princípio do Novo Testamento 
por causa da sua íntima relação com o Antigo Testamento embora não fosse o primeiro a ser 
escrito. O grego de Mateus é melhor do que o de Marcos, apresentado poucas peculiares, como 
por exemplo o freqüente emprego do adverbio então. 
3. LUCAS 
Sobre o caráter deste livro citamos as palavras de um dos seus melhores intérpretes. Dr. 
A. T. Robertson: "Aqui há, indiscutivelmente, encanto literário. É um livro que somente um homem 
 
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de cultura e de gênio literários genuínos poderia escrever. Tem a mesma graça da simplicidade 
que possuem Marcos e Mateus e mais uma qualidade indefínível não encontrada pelos 
maravilhosos embora sejam. 
Há um acabamento delicado quanto às minúcias e uma proporção entre as suas partes 
que o dotam de equilíbrio e precisão, característicos estes que resultam de um conhecimento 
profundo do assunto; e é isso, segundo o Dr. James Stalker, o elemento principal de um bom 
estilo. 
Lucas, o médico de espírito científico, este homem das escolas, gentio convertido, amigo 
devotado de Paulo, aproxima-se da vida de Cristo com um intelecto disciplinado, com o método de 
pesquisa de historiador, com o poder de discriminação e de diagnóstico próprio ao médico, com 
atrativos de estilo todo seu, e acompanhado tudo isso, de reverência e de lealdade para com a 
pessoa de Jesus como o seu Senhor e Salvador. Não dispensaríamos, de certo, nenhum dos 
quatro evangelhos. Eles se suplementam de modo maravilhoso. O de João é o maior Livro do 
mundo, alcançando as mais sublimes alturas. Entretanto, se tivéssemos apenas o Evangelho de 
Lucas, mesmo assim, teríamos um retrato adequado de Jesus Cristo como Filho de Deus e Filho 
do Homem. 
Se é que Marcos escreveu para os Romanos e Mateus para os Judeus, Lucas por sua vez 
visava o mundo gentio. Ele manifesta compaixão pelos pobres e pelas classes desprezadas. 
E ele que tão bem compreende as mulheres e as crianças, de modo que seu é o 
evangelho universal da humanidade. Foi a obra de Ramsay que tanto fez para restaurar Lucas ao 
seu lugar merecido na estima dos pesquisadores modernos. Certos criticos alemães tinham por 
costume citar Lucas 2: 1-7, como trecho que mais erros históricos apresenta dentre todos os 
escritos de historiadores, levada em conta a sua extensão. 
A história de como papiros e as inscrições têm corroborado com Lucas item por item, 
encontra-se bem elaborada nos vários livros já escritos. Tantos casos, em que outrora Lucas se 
achava só, já foram comprovados pelas descobertas recentes, que quem duvida agora das suas 
declarações está na obrigação de prová-las insubsistentes". 
Segundo a tradição, Lucas era pintor. Não se sabe se há verdade nisto. O que é certo é 
que nos deixou quadros bem vivos dos incidentes na vida de Jesus relatados no seu evangelho. 
Uma das histórias mais lindas contadas em toda literatura é a parábola do filho pródigo. Outro é o 
relato do encontro dos dois discípulos com o Cristo ressurrecto no caminho de Emaus. 
4. EVANGELHO DE JOÃO 
As questões de autoria, data, natureza e finalidade do quarto evangelho então de tal 
maneira relacionadas entre si que é difícil, quando não impossível discuti-las separadamente. 
Trataremos, pois, das últimas três quando nos parecer conveniente, no decorrer da discussão da 
primeira. Cremos firmemente que foi autor deste evangelho o apóstolo João, irmão de Tiago e 
filho de Zebedeu. Surgem algumas dificuldades para os que defendem esta tese, oriundas, porém 
do nosso conhecimento fragmentário dos fatos; não é que a autoria joanina seja incompatível com 
esses fatos. 
Há duas categorias de evidências a serem consideradas: a externa e a interna. Vejamos 
em primeiro lugar. 
4.1. A Evidência Externa 
No "Dicionário da Bíblia" de J.D.Davis, páginas 519-20, há um resumo do testemunho 
tradicional que com quase absoluta unanimidade atribui o nosso quarto Evangelho ao apóstolo 
João. Discussões mais extensas se encontram nos diversos comentários críticos. O que 
passamos a expor é colhido destas e de outras fontes. 
Testemunho de Irineu: Exercendo o seu ministério em Leão, na Gália, no ano 180 
(aproximadamente), escreveu que depois da publicação dos outros três evangelhos "João o 
discípulo do Senhor, o mesmo que se reclinou sobre o seu peito, também publicou o evangelho, 
quando residia em Éfeso, na Ásia". O testemunho de lrineu é bastante significativo porque ele 
conhecia a Policarpo que formava um elo pessoal entre a última parte do período apostólico e o 
 
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segundo século. Policarpo nasceu em 70 d.C. ou pouco antes e foi martirizado em 156, de modo 
que a sua mocidade coincidia com a velhice de João, que morreu no fim do primeiro século; por 
sua vez a mocidade de Irineu, nascido entre 130-135, coincidiu com os últimos 20 ou 25 anos da 
vida de Policarpo. Uma das cartas de Irineu, preservada nos escritos de Eusébio, descreve as 
experiências da sua meninice quando ouvia Policarpo contar da sua convivência com João e com 
os outros que haviam visto o Senhor. 
Emprega uma expressão significativa, "a vida do verbo" que claramente alude ao quarto 
evangelho, e diz a respeito de Policarpo que "o seu relato das coisas que tinha ouvido das 
testemunhas oculares da vida do Verbo, harmonizava em tudo com as escrituras. É quase 
inconcebível que lrineu se tenha enganado quanto à autoria do evangelho a que ele alude. 
b) Testemunho de Teofilo de Antioquia - Teófilo, escrevendo cerca do ano 170, cita o 
Evangelho de João e enumera o seu autor entre os homens inspirados, nas seguintes palavras: 
"Um dos quais, João, declara: No princípio era o Verbo". 
c) O Cânon Muratoriano - Este traz uma lista dos livros aceitos como canônicos pelas igrejas 
do Ocidente e, embora não aja unanimidade de opiniões quanto à sua data, pertence 
seguramente ao segundo século. Não somente inclui o Evangelho de João, mas também registra 
uma tradição interessante a respeito das circunstâncias em que o apóstolo o escreveu, Quanto a 
esta parte apresenta feição de lenda; mostra porém que este evangelho era largamente, ou 
mesmo quase universalmente aceito como sendo do apóstolo João. 
d) O_Diatessaron (palavra grega que significa: Por meio de quatro). Taciano (cerca de 160) 
confeccionou um a espécie de harmonia dos evangelhos em que usou o Evangelho de João 
juntamente com os três sinóticos. Isto prova que o quarto era aceito a par dos outros e que 
somente estes quatros eram considerados como escritura sagrada. O Profº Sanday pelo estudo 
crítico do manuscrito do Diatessaron, prova que o mesmo original, e que, aparentemente, fora 
reproduzido várias vezes. Se isto é verdade, a data do original seria forçosamente bem anterior a 
160. 
e) Justino o Mártir - A data do seu martírio, segundo

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