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FUNÇÃO HEPÁTICA E AVALIAÇÃO LABORATORIAL FÍGADO Fígado Órgão vital para a manutenção da homeostase do organismo Peso no adulto: 1,2 – 1,5kg Localização: abaixo do diafragma, no quadrante superior direito do abdômen e é protegido pelas costelas Desempenha várias funções ALGUMAS FUNÇÕES DO FÍGADO Síntese • Proteínas (albumina), ácidos biliares (absorção de lipídeos e vitaminas) Digestão • Carboidratos, Lipídeos, proteínas Metabolismo • Todo o sangue do TGI passa inicialmente pelo fígado, onde os derivados da digestão dos alimentos são processados, transformados e armazenados Detoxicação e excretora • Metabolização de compostos endógenos e exógenos, como drogas e toxinas, permitindo sua eliminação. ULTRA-ESTRUTURA DOS HEPATÓCITOS Mitocôndria • Fosforilação oxidativa e produção de energia Retículo endoplasmático rugoso • Síntese de proteínas Retículo endoplasmático liso • Metabolismo de toxinas e drogas, bem como síntese de colesterol e ácido biliares. Peroxissomos Beta oxidação dos ácidos graxos e metabolização do etanol Lisossomos Contém enzimas hidrolíticas que atuam como “varredoras” de radicais livres; deposição de ferro, pigmentos biliares e cobre CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A BILE Colesterol Sais biliares BILE Glicuroníde os de bilirrubina Emulsificação da gordura da dieta FUNÇÕES HEPÁTICAS ESPECIALIZADAS metabolismo da bilirrubina BILIRRUBINA Considerações: ✓Produção – 250-350mg/dia ✓Cerca de 85% é proveniente dos eritrócitos Principal metabólito do heme hemoglobina mioglobina citocromos Sistema reticulo endotelial No sistema reticulo endotelial do baço... Heme Biliverdina (verde) Heme oxigenase clivados SRE Eritrócitos senescentes Globinas Bilirrubina redutase Sangue: Ligação com albumina para ser transportada no sangue Bilirrubina indireta hepatócitos Nos hepatócitos Bilirrubina indireta (não-conjugada) Conjugação com ácido glicurônico (uridina difosfato- glicuroniltransferase) monoglicuronídeo Diglicuronídeo Dissocia-se da albumina Excretados na bile intestino liberados intestino Glicuronídeos de bilirrubina Urobilinogênios Estercobilinogênio (6 átomos de C) Mesobilinogênio (8 átomos de C) Microbiota intestinal (β- glicuronidases) Urobilinogênios (12 átomos de C) Parte do urobilinogênio é reabsorvido do intestino, captado pelo fígado e reexcretado na bile Uma pequena parte entra na circulação geral e aparece na urina No trato intestinal inferior, os 3 urobilinogênios são oxidados aos pigmentos biliares correspondentes estercobilina, mesobilina e urobilina (pigmentação das fezes) Urina bem amarelada e fezes claras: colelitíase importante FUNÇÕES HEPÁTICAS ESPECIALIZADAS metabolismo dos ácidos biliares Fígado colesterol 7α - hidroxilase 7α - hidroxicolesterol Ácidos biliares secundários Ácido cólico Ácido desoxicólico Ácido quenodesoxicólico Ácido litocólico Ácidos biliares primários (bile) intestino Ação da microbiota intestinal Circulação entero-hepática Fezes FUNÇÕES HEPÁTICAS ESPECIALIZADAS uréia e amônia AMÔNIA Fígado Como resultado do metabolismo proteíco e de aminoácidos (tóxica) URÉ IA Hiperamonemia Efeitos tóxicos no sistema nervoso central Excreção renal FUNÇOES HEPÁTICAS ESPECIALIZADAS Renovação de proteínas Albumina Transtirretina (pré-albumina) Ceruloplasmina (transporte de cobre) Doença de Wilson Proteínas da coagulação FUNÇÕES HEPÁTICAS ESPECIALIZADAS Metabolismo do álcool Catalase (peroxissomos) Sistema microssomal (RE) Álcool desidrogenase (citosol)* etanol Acetaldeído (tóxico) Acetaldeído desidrogenase Acetato (fonte de CO 2 , água e ácidos graxos) Oxidação do etanol * Depleção de NAD , pois N A D H não é reoxidado em taxas suficientes C H 3 C H 2 O H + NAD + → C H 3 C H O - + N A D H + H+ VIA Á L C O O L D E S I D R O G E N A S E (O aumento da relação NADH/NAD eleva a concentração de glicerofosfato, que favorece a deposição de T G no fígado) Excesso I N G E S T Ã O D E E T A N O L D E S E Q U I L Í B R I O D E S S E S I S TE M A R E D O X A L T E R A Ç Õ E S M E T A B Ó L I C A S ↑Síntese de ác. graxos ↑Mobilização dos ác. graxos do t. adiposo Esteatose hepática DESORDENS METABÓLICAS HEPÁTICAS TIPOS DE HIPERBILIRRUBINEMIA Não conjugada ou indireta (lipossolúvel) Conjugada ou direta (hidrossolúvel) HIPERBILIRRUBINEMIA POR BILIRRUBINA NÃO- CONJUGADA Degradação excessiva de hemoglobina •Quando a velocidade de formação da bilirrubina excede a velocidade de conjugação • Exemplos: icterícia neonatal (elevado turnover de eritrócitos) e doença hemolítica Captação hepática diminuída • Síndrome de Gilbert • Alguns medicamentos (rifampicina) – inibição competitiva com a bilirrubina pelos carreadores de membrana do hepatócito. Conjugação hepática deficiente • Diminuição da atividade da UDP- glicuroniltransferase •Exemplos: icterícia neonatal, Síndromes de Gilbert, Crigler- Najjar DISTÚRBIOS NO METABOLISMO DA BILIRRUBINA Causas congênitas • Doença benigna • Manifestação: elevação de bilirrubina indireta • Fisiopatologia:captação hepática de bilirrubina indireta reduzida Síndrome de Gilbert • Ausência da UDP-glicuroniltransferase • Manifestação: elevação de bilirrubina indireta • Em neonatos ocorre morte por kernicterus. O transplante hepático é a única terapia efetiva. Síndrome de Crigler-Najjar (tipo I) • Menos severa que a tipo I, não sendo fatal. • Fisiopatologia: ↓ da enzima uridina difosfato glicuroniltransferase. • Fototerapia. Síndrome de Crigler-Najjar (tipo II) ICTERÍCIA NEONATAL Icterícia neonatal Risco de kernicterus, uma vez que a BI é lipossolúvel e atravessa a barreira hematoencefálica. Danos neurológicos A partir da 2ª semana – níveis normais Degradação excessiva da hemoglobina Turnover elevado da massa dos eritrócitos Doença hemolítica (eritroblastose fetal) Conjugação não é proporcional à produção de bilirrubina Conjugação hepática deficiente (icterícia fisiológica) Em recém-nascidos a atividade da enzima UDP- glicuroniltransferase é muito baixa Mãe Rh -: sensibilizada por transfusão ou gravidez anterior Filho Rh + TRATAMENTO DA ICTERÍCIA NEONATAL Fototerapia • É capaz de converter a bilirrubina indireta em um isômero estrutural (solúvel), por meio de uma reação irreversível • Eliminada pelos rins HIPERBILIRRUBINEMIA POR BILIRRUBINA CONJUGADA Diminuição da excreção intra- hepática de bilirrubina conjugada •Doença dos ductos biliares intra-hepáticos (inflamação e fibrose dos ductos biliares interlobulares) Diminuição da excreção extra- hepática de bilirrubina conjugada • Colelitíase • Resulta da presença de cálculos biliares em qualquer local da árvore biliar • Ocorre aumento da bilirrubina total, sendo que 90% é devido a BD. ICTERÍCIA Surge quando BT > 3mg/dL DOENÇA HEPÁTICA Principais causas... Envenenamento Infecção Hepatites A, B e C Perfusão Inadequada Tetracloreto de Carbono, Paracetamol, Toxinas, Valproato de Sódio, Halotano. DOENÇA HEPÁTICA Lesão hepática resolve Insuficiência hepática aguda Insuficiência hepática crônica DOENÇA HEPÁTICA AGUDA Refere-se a uma lesão aguda direcionada contra os hepatócitos Direta (↑ rápido das enzimas AST, ALT, LD seguida de redução) Drogas Isquemia Indireta (aumento gradual de enzimas, fase de platô, redução gradual) Mediada por imunoglobulinas ou etanol DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA Caracterizada por lesão inflamatória persistente que atinge os hepatócitos, podendo estar acompanhada de regeneração e cicatrização Atividade necroinflamatória Fibrose (extensão da fibrose está relacionada com o risco de progressão p/ cirrose) Envolve: colágeno, elastina e fibronectina DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA Principais causas de cirrose... álcool Hepatites B e C hepatite crônica ativa, hemocromatose, doença de Wilson AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA FUNÇÃOHEPÁTICA PARÂMETROS QUE PODEM SER AVALIADOS Bioquímicos de rotina Análise da urina Imunológicos Hematológicos Técnicas de biologia molecular PARÂMETROS BIOQUÍMICOS BILIRRUBINA TOTAL, DIRETA E INDIRETA ASPARTATO AMINOTRANSFERASE (AST=TGO) ALANINA AMINOTRANSFERASE (ALT=TGP) GAMA GLUTAMIL TRANSFERASE (GGT) FOSFATASE ALCALINA (FA) TEMPO DE PROTROMBINA (TP)/ ALBUMINA O QUE OS PARÂMETROS NOS FORNECEM?? Detectar o padrão da lesão celular (hepatocelular ou colestática) Diagnóstico diferencial das várias doenças hepáticas Determinar a Determinar a AST, ALT, FA gravidade da lesão hepática (branda ou acentuada) cronicidade da lesão hepática (aguda ou crônica) Monitorar a terapêutica albumina Tempo de protrombina CORRELAÇÃO DOS PARÂMETROS BIOQUÍMICOS Bilirrubina • Diagnóstico da icterícia FA • Diagnóstico da colestase e cálculos biliares BI e BD • Diagnóstico do distúrbios correlacionados com metabolismo • Diagnóstico de distúrbios hepáticos em neonatos AST • Teste sensível para doença hepatocelular (AST > ALT – cirrose) ALT • Teste mais sensível e específico para doença hepatocelular Albumina • Indicador de cronicidade e gravidade • Indicador de gravidade e início de cirrose TP DETERMINAÇÃO DE BILIRRUBINA O soro deve ser protegido da luz (envolver amostra com papel alumínio) Bilirrubina direta Bilirrubina indireta BILIRRUBINA TOTAL DETERMINAÇÃO DE BILIRRUBINA Reagente Diazo (ácido sulfanílico diazotizado) Bilirrubina direta (conjugada) Amostra: soro ou plasma (heparina ou EDTA), livre de hemólise Para determinação de bilirrubina total: Acelerador – benzoato e cafeína tamponada (rápida solubilização e diazotização da bilirrubina indireta (lipossolúvel) – quebra das pontes de hidrogênio Azobilirrubina ENTENDENDO A ELEVAÇÃO DE ENZIMAS NO SANGUE • Especificidade tecidual • Distribuição celular • Atividade relativa no fígado e no plasma • Mecanismos de liberação • Velocidade de remoção da enzimas (tempo de ½ vida) ENTENDENDO A ELEVAÇÃO DE ENZIMAS NO SANGUE Especificidade tecidual: ✓Aspartato aminotranferase (AST) – fígado, m. esquelético e cardíaco, eritrócitos; ✓Alanina aminotransferase (ALT ou TGP) - fígado; ✓Fosfatase alcalina – osso, canalículos biliares, placenta; ✓Gama-glutaril-transferase (GGT) – canalículos biliares; ✓Lactato desidrogenase (LDH) – m. esquelético, hepatócitos. Distribuição dentro da célula: ✓AST, ALT e L D H são citosólicas; ✓AST e ALT (qte ↓) são mitocondriais nos hepatócitos; ✓Canalículos biliares (membrana das células) ricas em ALP e GGT. ENTENDENDO A ELEVAÇÃO DE ENZIMAS NO SANGUE Atividade relativa no fígado e no plasma ✓Enzimas citoplasmáticas - Atividade da AST nos hepatócitos é 2x a da ALT (atividades plasmáticas semelhantes); ✓Atividade da L D H no hepatócito é mais baixa que AST e ALT, enquanto que no plasma a atividade é maior que AST e ALT; Conclusão: Na lesão hepática a L D H terá menor aumento quando comparada com AST e ALT, porque sua atividade enzimática no plasma já é elevada. Mecanismos de liberação enzimática • Lesão celular extensa • Proliferação celular e aumento na renovação celular ENTENDENDO A ELEVAÇÃO DE ENZIMAS NO SANGUE • Aumento na síntese enzimática • Obstrução de ductos biliares • Remoção insuficiente • Indução enzimática – álcool, medicamentos • (anticonvulsivantes, antiepilépticos) ENTENDENDO A ELEVAÇÃO DE ENZIMAS NO SANGUE Velocidade de remoção da enzimas -A remoção das enzimas hepáticas ocorrem em tempos distintos. ✓Meia-vida da ALT citosólica – 47 horas; ✓ Meia-vida da AST citosólica – 17 horas; (atividade 2x maior) ✓ Meia-vida da AST mitocondrial – 87 horas; ✓Meia-vida da ALP – 1 – 10 dias; ✓ Meia-vida da G G T – 4 dias; Assim, mesmo ocorrendo uma grande liberação de ASTc, o tempo de permanência da ALT é muito maior, fazendo com que ela esteja mais freqüentemente elevada em distúrbios hepáticos agudos Lesão aguda AST> ALT ALT>AST Lesão crônica ALT> AST AST>ALT GGT x FA São enzimas ligadas à membrana das células dos canalículos biliares GGT x FA Mecanismos de liberação de G G T e FA Aumento da síntese GGT Síntese é ativada pelo etanol Marcador para consumo abusivo de álcool na medicina ocupacional Fragmentação da membrana pelos ácidos biliares Solubilização das enzimas ligadas à membrana, através dos ácidos biliares TEMPO DE ATIVAÇÃO DA PROTROMBINA A protrombina é um fator da coagulação sintetizado exclusivamente pelo fígado. O TAP investiga a atividade do fibrinogênio (fator I), protrombina (fator II) e fatores V, VII e X. Quanto maior o tempo de ativação da protrombina, pior o prognóstico do paciente! Nas colestases, por diminuição da liberação de sais biliares, há uma diminuição da absorção da vitamina K pelo intestino. ALGUMAS ESTRATÉGIAS DIAGNÓSTICAS DOENÇA HEPATOCELULAR X COLESTÁTICA AST>3x LSR/ FA< 2x L S R AST<3x LSR/ FA> 2x L S R Teste de função hepática alterado Doença hepatocelular Doença colestática Albumina normal Albumina diminuída Albumina normal Albumina diminuída Hepatite aguda Hepatite crônica Colestase aguda Colestase crônica ultrassom Colestase intra-hepática Colestase extra-hepática L S R = limite superior de referência AUMENTO DE FOSFATASE ALCALINA ORIGEMHEPÁTICA OUÓSSEA??? Elevação de fosfatase alcalina GGT normal GGT elevada Origem óssea Origem hepática AMINOTRANSFERASES AST > ALT ✓Albumina ✓Tempo de protrombina ✓Bilirrubina ✓Fosfatase alcalina normal elevada NÃO É LESÃO MUSCULAR LESÃO HEPATOCELULAR creatinoquinase normal elevada LESÃO MUSCULAR OBRIGADO!!!
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