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Abordagem da Dor Crônica na APS DEFINIÇÃO: • De acordo com a OMS: “a dor crônica como uma dor persistente ou recorrente que dura por mais de três meses, ou além do tempo normal de cicatrização esperado para uma lesão ou doença específica.” • Já a definição por meio da Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) é: “uma experiencia sensorial e emocional de caráter desagradável, descrita em termos de lesões teciduais, reais, ou potenciais.” • Além disso, vale ressaltar que a dor é individual e subjetiva • Segundo a IASP a dor crônica é aquela que dura >6 meses, possui caráter contínuo e recorrente Abordagem Psicossocial - Modelo da Osquestra: • O modelo da orquestra diz respeito as comunicações entre o local de dor (tecido acometido), medula e cérebro. Entretanto, sabe-se que as emoções, memorias e circunstância interferem na condição dolorosa, causando consequências eletroquímicas e interferindo na comunicação cérebro-tecidos. • O modelo da orquestra diz respeito a um modelo em que o complexo sistema de percepção da dor funciona de forma harmônica, melodiosa. • No caso da dor crônica, alguns estímulos são amplificados enquanto outros são reduzidos, o que faz com que a orquestra se torne desarmônica A dor como sinal de alerta: • A correlação entre dor e lesão tecidual não é confirmada, pois a dor pode estar associada a elementos que vão desde a biologia até o sistema cognitivo/emocional. • A dor pode ser entendida como um sofisticado sistema de alarme que avia o cérebro quando o organismo está em perigo Características Gerais: • A correlação entre dor e lesão tecidual não é uma regra segundo a neurociência • A abordagem mais moderna da dor divide-a em dois componentes: dor neuropática e dor nociceptiva • as escalas mais usadas para avaliar a dor são: escala visual e escala verbal da dor • a OMS determina uma escada analgésica, que determina o uso de analgésicos e o sequencial de fármacos de acordo com o grau de dor • a abordagem à dor pode ser farmacológica ou não farmacológica (exercícios físicos, educação em dor e eletroterapia) CAUSAS DA DOR CRÔNICA: Existem dois componentes para a dor: 1) Nociceptivo: associado a danos nos tecidos (lesões musculares, ósseas, ligamentares), gerando inflamação na região acometida e dor local; a dor geralmente é em pancadas ou pontadas, tem duração limitada e tende a um processo de cicatrização ou redução do componente inflamatório Ex: Lesões musculoesqueléticas, cirurgias, inflamação, enxaqueca, artrite 2) Neuropático: ocorre por funcionamento desordenado do sistema nervoso, dura por mais tempo, não há melhora significativa com uso de medicamentos como AINES. A dor é em queimação constante ou intermitente, em pontadas ou choques; pode haver hiperalgesia (percepção aumentada da dor)a estímulos que seriam indolores (apenas colocar a mão no local); a dor costuma ser difusa ou em área especifica IESC V – Aula 16 Ex: Neuralgia do trigêmeo, neuropatia diabética, neuropatia pós-herpética, lesões nervosas traumáticas, esclerose múltipla MENSURAÇÃO DA DOR: Como a dor é subjetiva, não é possível medir a dor do paciente, por isso é necessário a aplicação de escalas da dor. 1) Escala verbal da dor: Pode ser feita por meio de descritores específicos, como: • Nenhuma dor • Dor leve • Dor moderada • Dor severa Ou pode ser feito por escala numérica com variação de 0 a 10, sendo 10 a pior dor da vida. Escala Visual: Consiste em uma linha de 10cm em que seus extremos são rotulados por nenhuma dor e pior dor imaginável. A pessoa é instruída a apontar com o dedo a gravidade de dor sentida, com os valores em centímetros. Em comparação com as escalas verbas esse método é vantajoso pois reduz a influência das respostas prévias quando repetidas respostas são solicitadas a uma mesma pessoa, como é frequente na dor crônica. ABORDAGEM DA DOR CRÔNICA NA APS: A busca por lesões que estejam causando a dor apenas gera custos para o sistema pela solicitação de exames desnecessários, além de aumentar a ansiedade do paciente e muitas vezes causar preocupações desnecessárias (paciente acreditar que possui doenças graves) Por exemplo nas lombalgias, não se tem indicação de exames de imagem na abordagem inicial A principal causadora de dor musculoesquelética é a síndrome de dor miofascial (SDM), que é uma condição dolorosa regional definição pela formação de bandas musculares tensas e palpáveis, em que se tem pontos intensamente dolorosos chamados de pontos-gatilho, que quando estimulados a palpação digital ou punção com agulha ocasionam dor local ou até mesmo a distância. As causas mais comuns de SDM são: traumas, sobrecarga aguda ou microtrauma. É importante diferenciar Radiculopatias, tendinites, tenossinovites e bursites de SDM. Abordagem Farmacológica: • É parte fundamental da terapêutica na literatura sobre o tema • Na década de 1980 a OMS publicou o princípio da escada analgésica para a dor de origem neoplásica, atualmente esse Guideline/metodologia passou a ser usado para o controle de dor aguda e crônica • A OMS considera que a escada analgésica deve ser aplicada em quadro doloroso que se apresenta como afecção crônica, sem previsão de resolução precoce • A intensidade da dor é usada para avaliar a escolha do melhor analgésico → 1º degrau: propõe o uso de analgésicos simples ou anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) em dores leves e moderadas, podendo ser ou não associados aos adjuvantes da dor (fármacos que potencializam a eficácia analgésica/tratam outros sintomas que exacerbam a dor. → 2º degrau: Se a dor não for controlada adequadamente com os analgésicos não opioides, são adicionados opioides fracos, como codeína ou tramadol. → 3º degrau: Se a dor persistir ou se tornar mais intensa, opioides potentes, como morfina, oxicodona ou fentanil Principais medicamentos usados na abordagem da dor crônica: • Analgésicos: paracetamol, dipirona • AINES: diclofenaco, ibuprofeno • Corticoesteroides: prednisona • Analgésicos opioides: codeína, tramadol, metadona, morfina • Antidepressivos: tricíclicos (amitriptilina/noratriptilina), ISRS, ISRSN • Anticonvulsivantes: carbamazepina, gabapentina • Psicotrópicos: clorpromazina, haloperidol • Miorrelaxantes: Tizanidina, Baclofeno, Ciclobenzaprina Abordagem Não Farmacológica: Atividade física: exercícios de alongamento são considerados padrão ouro, devem ser feitos com acompanhamento profissional a fim de evitar lesões. A inserção de exercícios deve ser gradual e progressiva, ritmada e coordenada. Eletroterapia não invasiva: promove analgesia, melhora a circulação local, exerce efeito contra irritativo, ativa o sistema de supressão de dor, mantem o trofismo muscular e é um método cinestésico Educação em dor: entendimento do paciente sobre a dor aumenta o limiar da dor durante a execução de determinadas tarefas físicas, reduzindo as dores associadas a crenças e atitudes, é feita por meio de: • Escolas de coluna: atividades em grupos com orientação sobre postura, e exercícios e manejo da dor • Treinamento para evitação do medo: busca ajudar o paciente a lidar melhor com o medo do movimento e agravamento da dor • Educação breve: orientações no próprio ambiente clínico Tratamento da síndrome de dor miofascial: deve incluir a individualidade de cada caso. Fármacos como analgésicos e AINES devem ser usados apenas em crises agudas pelo risco de hemorragia digestiva alta e perda de função renal. Os exercícios diminuem a sensibilidade da dor e devem ser encorajados, com início leve e evolução gradativa. Referencias: GUSSO, GUSTAVO; LOPES, JOSÉ MAURO CERATTI; DIAS, LÊDA CHAVES. Tratado de Medicina de Família e Comunidade:Princípios, Formação e Prática. 2ª. edição. Artmed, 2018.
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