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30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 1/53 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor Profª. Anara Oliveira Descrição Aspectos conceituais da dor, classificação da dor, fisiopatologia da dor, aspectos subjetivos da experiência álgica, avaliação da dor, assistência de enfermagem à pessoa com dor; métodos farmacológicos e não farmacológicos do controle álgico. Propósito A identificação e a classificação adequadas da dor, assim como o conhecimento sobre os principais tratamentos farmacológicos e não farmacológicos que possibilitam assistência de enfermagem qualificada e comprometida no cuidado integral individualizado à pessoa com dor. Objetivos Módulo 1 Principais conceitos relacionados à dor Identificar os principais conceitos relacionados à dor, seu mecanismo fisiopatológico e sua classificação. Módulo 2 A avaliação da dor Identificar como devem ser aplicadas a avaliação da dor e a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) ao paciente com dor. Módulo 3 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 2/53 Medidas não farmacológicas Identificar medidas não farmacológicas no tratamento da dor. A dor constitui-se como uma das mais conhecidas e temidas experiências negativas enfrentadas pela humanidade. As medidas para o seu alívio são buscadas desde os primórdios da humanidade. Conforme explicam Silveira et al. (2016), a dor é um importante motivo para sofrimento humano, que pode causar incapacidades e consequências psicossociais e econômicas, impactando na qualidade de vida das pessoas. Devido a essa magnitude, a dor já se tornou um problema de saúde pública, sendo a principal causa de procura por atendimento médico e no Brasil. Embora os dados sobre a prevalência de dor sejam escassos, estima-se que aproximadamente 80% da população busque os serviços de saúde do SUS devido a essa condição. O uso do termo dor é abrangente e assume diversas formas e expressões, quais sejam: dores físicas (cólicas, dor torácica e cefaleia); dores emocionais (dor pela perda de alguém); dores espirituais (dor existencial). Como é bem difundido nos preceitos budistas, a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. Ou seja, embora a dor esteja presente em muitos momentos do existir humano, não devemos naturalizá-la. A fim de atender a gama de questões que a experiência álgica demanda, é importante pensar que o manejo adequado da dor que está sob a responsabilidade da equipe de saúde na prática diária profissional. Nesse contexto, a equipe de enfermagem tem participação fundamental. Introdução 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 3/53 1 - Principais conceitos relacionados à dor Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os principais conceitos relacionados à dor, seu mecanismo �siopatológico e sua classi�cação. Conceitos na temática da dor A International Association for the Study of Pain (IASP – Associação Internacional de Estudo da Dor, em português) revisou e atualizou o conceito de dor, definindo-a como uma experiência sensitiva e emocional desagradável, associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial (IASP, 2020). Essa definição reforça a necessidade de compreender a experiência álgica a partir de questões físicas, psicológicas, culturais, econômicas e sociais. É, portanto, um fenômeno individual e subjetivo que assume expressões diversas de acordo com idade, cultura, gênero, entre outros. Assim, deve-se considerar que a dor existe sempre quando a pessoa diz senti-la. Em 1995, a dor foi considerada como o 5° sinal vital, conforme estratégia lançada pela Sociedade 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 4/53 Americana de Dor (APS), com o objetivo de alertar os profissionais de saúde para a necessidade de identificar e avaliar adequadamente esse sintoma (FERRARI et al., 2019). O reconhecimento da dor como quinto sinal vital desperta o profissional para a sua mensuração constante, para a necessidade de avaliação contínua, assim como intervenções precoces em casos de alterações na sua avaliação, como habitualmente ocorre diante da aferição da pressão arterial, do pulso, da respiração e da temperatura. No contexto da Oncologia, sobretudo na área de cuidados paliativos, o conceito de dor mais difundido é aquele introduzido por Cicely Saunders, conhecido como “dor total” (total pain), apresentado como um conjunto complexo de elementos físicos, emocionais, sociais e espirituais (SAUNDERS, 2018). Aspectos físicos Os aspectos físicos estão relacionados às doenças preexistentes, aos danos decorrentes dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos e, nos casos das neoplasias, estão relacionados à doença e ao tratamento. Aspectos emocionais Os aspectos emocionais envolvem os componentes da ansiedade, depressão, medo e sentimento de culpa. Aspectos espirituais Os problemas relacionados à morte, à liberdade, ao amor e à necessidade de encontrar algum sentido representam os aspectos espirituais. 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 5/53 Aspectos sociais E os aspectos sociais abrangem os relacionamentos familiares (cuidados e sexualidade), medo de dependência, relações com amigos e questões financeiras, distanciamento do trabalho e perda de direitos sociais. Fisiopatologia da dor Do ponto de vista sensorial, a experiência álgica é resultante da interação do ambiente com o sistema nervoso. Todo o processo álgico que envolve, desde o estímulo doloroso à percepção da dor, é mediado pelos sistemas nervoso central e periférico. Ao considerar esse processo, tem-se que a fisiopatologia da dor pode ser dividida em quatro fases. São elas: transdução, transmissão, modulação e percepção. Transdução A fase da transdução caracteriza-se pela ativação dos nociceptores (terminações nervosas livres na pele que respondem a estímulos álgicos intensos), também conhecidos como receptores da dor. Esses receptores respondem a estímulos físicos, químicos e térmicos, como calor, frio e exposição a ácido, transformando-os em atividade elétrica. Além da pele, os nociceptores, que possuem potencial para transmitir estímulos álgicos, podem ser encontrados nas articulações, no músculo esquelético, na fáscia, tendões e córnea. Já nas vísceras, os nociceptores não são os únicos receptores a reagirem aos estímulos dolorosos. Transmissão A fase da transmissão, como o próprio nome sugere, corresponde à fase em que o estímulo doloroso é transmitido do Sistema Nervoso Periférico (SNP) ao Sistema Nervoso Central (SNC). 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 6/53 Nessa fase, os potenciais de ação nociceptivos migram da periferia em direção à medula espinhal através do corno dorsal (NAIME, 2017). Modulação Na fase da modulação, ocorre a transmissão ou inibição do impulso nervoso da medula espinhal ao córtex cerebral e algumas substâncias químicas, como as endorfinas e as encefalinas (neurotransmissores), são as responsáveis pela redução ou inibição da percepção da dor. Caso a nocicepção não seja inibida pelos neurotransmissores, a modulação segue em direção ao córtex cerebral e é nessa fase que a percepção do estímulo nocivo começa a ser individualizada, sofrendo a influência de fatores como a ansiedade, experiências pregressas e expectativas. Por fim, a fase da percepção corresponde à fase da percepção do estímulo nociceptivo e reação ao mesmo. Classi�cação da dor A dor é classificada deacordo com o tempo de duração, quanto à origem, quanto ao padrão e quanto à intensidade. Tempo de duração No que se refere ao tempo de duração, a dor aguda é causada por ferimento ou estado patológico agudo e dura somente enquanto persistir a lesão do tecido. É uma condição fisiológica e assume uma função de alerta e proteção, sinalizando que houve algum dano. A dor crônica é causada por dano ao tecido nervoso e está associada ao desenvolvimento de mecanismo de adaptação musculoesquelético e psicocomportamental. Ela tem como característica principal a persistência da dor por, no mínimo, um período de três a seis meses. No entanto, alguns autores criticam esse recorte temporal e sugerem que a definição de dor crônica está mais diretamente relacionada à dor que persiste para além da cura da lesão que lhe deu origem. 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 7/53 tecido nervoso (periférico, medular ou central) Origem No que se refere à origem, a dor pode ser classificada em nociceptiva, neuropática ou mista. Dor nociceptiva A dor nociceptiva é aquela decorrente da estimulação das terminações nervosas livres do SNP. É desencadeada por fatores de natureza química, física e mecânica e é subdividida em visceral e somática. A dor nociceptiva visceral corresponde à dor provocada pelos processos patológicos em vísceras abdominopélvicas e torácicas, como inflamação, infecção e neoplasias. Ela também pode se manifestar distante do local onde há lesão anatômica. Costuma se apresentar sob a forma de espasmos e câimbras, sendo associada a sintomas como sudorese, palidez, náuseas e distúrbios gastrointestinais. Geralmente, é uma dor mal localizada. Já a dor nociceptiva somática se refere à dor decorrente de lesões na pele, músculos, ossos e articulações, como a dor nas metástases ósseas. Quando a dor é superficial (por exemplo, pequenas feridas ou queimaduras de primeiro grau que ocorrem ao nível da pele ou membranas mucosas), ela surge de forma imediata e aguda. Quando a dor é profunda, como nos casos de ruturas e fraturas ósseas, geralmente, ela tem início silencioso. Visceral Somática 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 8/53 Dor neuropática Quando ocorrem lesões ou disfunções das vias sensitivas dos SNP e SNC, instala-se, então, a dor neuropática. Tais lesões podem ser localizadas em qualquer ponto do sistema nervoso e esse fato, associado à diversidade de etiologias para essa dor, muitas vezes, tornam a dor neuropática difícil de ser diagnosticada. A dor neuropática costuma ser descrita como sensação de queimadura, formigamento, dormência, picadas e choque. Ao contrário da dor nociceptiva, que obtém boa resposta com o uso de analgésicos opioides e não opioides, a dor neuropática não é completamente aliviada com o uso de medicamentos dessas categorias, daí a importância de utilizar drogas adjuvantes no manejo desse tipo de dor, como será explicado adiante. Saiba mais Alguns quimioterápicos antineoplásicos podem causar dor neuropática. Medicamentos quimioterápicos utilizados no tratamento do câncer de mama e câncer do intestino podem causar esse tipo de dor, relatada pelos pacientes como sensação de choque, formigamento e queimação. Em alguns casos específicos, como no uso de um quimioterápico chamado Oxaliplatina, essa dor neuropática pode ser intensificada diante da exposição ao frio. Nesses casos, a atuação do enfermeiro é primordial na orientação do paciente e familiares quanto aos cuidados para prevenir/diminuir a dor neuropática, como evitar tocar em superfícies frias e evitar a ingesta de alimentos e líquidos frios. Dor mista A dor mista é o tipo de dor mais comum, sendo ocasionada por componentes nociceptivos e neuropáticos. A dor mista é o tipo de dor mais frequente na prática. Um exemplo dela é a dor relacionada ao câncer, quando há compressão de nervos e raízes que desencadeiam uma dor 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 9/53 neuropática, mas há também dor de origem nociceptiva a partir da compressão de ossos, ligamentos e articulações. (BRASIL, 2012) Padrão Quanto ao padrão, a dor episódica (breakthrough) refere-se a episódios intermitentes de dor moderada a intensa, de início súbito, e de curta duração em doentes com dor crônica já controlada. A dor episódica associada ao horário de intervalo da medicação (end-of-dose failure) surge quase no final do intervalo da dose usual de um esquema analgésico regular, pouco antes da tomada da medicação. Pode ser indicativo de que a dosagem do analgésico ou o intervalo entre as doses é insuficiente. Intensidade Em relação à intensidade, a dor pode ser leve, moderada e intensa. Através do uso da escala visual numérica, os pacientes podem atribuir um valor numérico à intesidade da sua dor, sendo considerada dor leve quando é atribuído um valor de O a 3; dor moderada, entre 4 a 7, e dor intensa quando é atribuído valor entre 7 e 10. É muito comum o uso de escalas associadas para a avaliação da dor, como, por exemplo, o uso conjunto das escalas de faces e escalas visuais numéricas. Nesses casos, é importante avaliar a imagem atribuída à escala de faces e associá-la ao valor correspondente na escala visual numérica, a fim de mensurar adequadamente a intensidade da dor. Observe a imagem a seguir: Escala de dor. Agora veja uma ilustração da escala de faces da dor: Sem dor Dor suave ou leve Dor moderada Dor severa ou intensa Dor muito severa ou intensa Pior dor possível 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 10/53 Escala de faces da dor. As manifestações e a percepção individual da dor são determinadas pelos seguintes fatores: Percepção (localização, duração e intensidade da dor). Movimentos dos músculos faciais (expressão de dor), movimentos de fuga (função protetora) e tônus muscular aumentado. Efeito sobre a emoção e mal-estar. Aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, dilatação pupilar, aprofundamento da respiração e sudorese. Componente cognitivo Componente motor Componente emocional Componente autônomo 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 11/53 A percepção da dor surge da interligação de vários circuitos cerebrais funcionais, por isso a sensibilidade varia entre os indivíduos. Dor relacionada ao câncer Conforme dados apresentados por Naime (2017, p. 15 e p.16), a maioria das dores em pacientes oncológicos pode ser diretamente relacionada ao tumor (92,5%), indiretamente relacionada ao tumor (2,3%) e relacionada ao tratamento (20,8%). As dores relacionadas à infiltração neoplásica podem ser por: Invasão óssea. Infiltração de vísceras. Invasão e oclusão de vasos sanguíneo. Infiltração de mucosas. Infiltração do neuroeixo e do canal raquidiano. Infiltração e compressão dos troncos nervosos periféricos. Carcinomatose meníngea. Aumento da pressão intracraniana. Pode ser causada também pelos procedimentos diagnósticos e terapêuticos, como: Dor aguda pós-biópsia. Pós-toracotomia. Pós-mastectomia. Pós-esvaziamento cervical. Pós-amputação (dor fantasma). Pós-quimioterapia (mucosite, neuropatia periférica, nevralgia pós-herpética, espasmos vesicais, necrose óssea). Pós-radioterapia (retite actínica, radiodermite, fibrose actínica de plexo braquial e lombar). Desordens concomitantes (osteoartrite, espondiloartrose, espondilite e fibromialgia). Pode ser ocasionada pelo processo avançado da doença (BRASIL, 2001). Influências psicogênicas 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controleda dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 12/53 Neurociência da dor A especialista Anara Oliveira conversa com profissionais de outras categorias da área da Saúde sobre a importância da identificação da percepção de dor a partir de seu conceito ampliado. Vamos lá! Comentário No contexto geral da abordagem em saúde, a dor, que já é considerada como o quinto sinal vital devido à sua magnitude e aos seus impactos, deve ser detectada, avaliada de forma detalhada e individualizada e, a partir daí, deve-se planejar um cuidado terapêutico adequado, avaliar sua eficácia e registrar de modo que toda a equipe possa ter conhecimento, mantendo a mesma conduta para alívio da dor e conforto do paciente. Surge, então, a pergunta: será possível atender a todas essas demandas na rotina dos serviços de saúde? Como posso ofertar um cuidado qualificado à pessoa que tem dor? Quer saber as respostas para essas perguntas? Então, é só seguir acompanhando a leitura nos módulos, mas, antes, vamos fixar o conteúdo com a realização de atividades. Vem que eu te explico! 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 13/53 Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 1 - Vem que eu te explico! Fisiopatologia da dor Módulo 1 - Vem que eu te explico! Classi�cação da dor, apresentando exemplos Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 14/53 Dor causada geralmente por inflamação e com duração limitada ao período em que a lesão ainda persiste, cuja função é alerta e proteção. Na classificação quanto ao tempo de duração, tal definição corresponde à: A Dor relacionada ao câncer. B Dor crônica. C Dor aguda. D Dor mista. E Dor neuropática. Parabéns! A alternativa C está correta. A dor crônica corresponde à dor que se mantém para além do tempo de cura e, geralmente, dura por seis meses ou mais. A dor aguda está associada a um dano ou lesão específica e, geralmente, diminui à medida que a cura é alcançada. A dor mista está relacionada à origem da dor e envolve componentes neuropáticos e nociceptivos. Questão 2 Em qual das alternativas a seguir são apresentadas as etapas da fisiopatologia da dor? A Etapas física, emocional, social e espiritual. B Transdução, transmissão, modulação e percepção. 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 15/53 C Transcrição, tradução, captação e emissão. D Leve, moderada, intensa e constante. E Transdução, percepção e captação. Parabéns! A alternativa B está correta. Os componentes físico, emocional, social e espiritual formam o conjunto dos elementos que constituem a dor total. As fases da fisiopatologia da dor, que envolvem a transdução, transmissão, modulação e percepção, correspondem a todo o processo que envolve a experiência álgica, da ativação dos nociceptores diante de lesão/dano à percepção do estímulo nóxico ou álgico (estímulo que causa a dor). As etapas da transcrição e da tradução relacionam-se com a decodificação do material genético e a síntese proteica. As classificações leve, moderada e intensa são utilizadas na categorização da dor quanto à intensidade. 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 16/53 2 - A avaliação da dor Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car como devem ser aplicadas a avaliação da dor e a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) ao paciente com dor. Avaliação da dor Todo paciente deve ser investigado quanto à presença de dor, o que inclui a avaliação das suas características: localização, intensidade, fatores que desencadeiam e fatores que aliviam, frequência, repercussões da dor no dia a dia, tratamentos utilizados e estratégias dispensadas para seu alívio (SMELTZER et al, 2009). Para cada característica a ser avaliada, é bom investigar as informações a seguir: Localização Especificação de onde dói. O paciente pode ser orientado a apontar para a área do corpo afetada. Alguns instrumentos de avaliação trazem desenhos de figuras humanas para facilitar ao paciente a sinalização do local dolorido. Intensidade Definição de o quanto dói. Geralmente, classificada em leve, moderada, intensa, como descrito no módulo anterior; não existe relação direta entre a intensidade relatada e o estímulo que a produziu, pois ela é influenciada pelo limiar de dor e pela tolerância à dor de cada pessoa. Frequência 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 17/53 Deve ser questionado sobre o início da dor, duração e relação entre o tempo e a intensidade. Essas informações são importantes para ajudar o profissional a classificar a dor, buscando as medidas mais adequadas para aliviá-la. Fatores agravantes e aliviadores Fatores agravantes: Quais fatores o paciente reconhece que pioram a sua dor. Alguns desses fatores podem ser o movimento, o frio, a tosse, a exposição a procedimentos, como durante os curativos e durante o banho. Fatores aliviadores: Quais fatores aliviam a dor do paciente. Alguns fatores que podem ser investigados são o uso dos analgésicos, além de medidas como massagem e repouso. Deve-se investigar também como o paciente faz uso de tais fatores para obter alívio de sua dor. Impactos na rotina Qual é a influência da dor na rotina da pessoa? O paciente tem limitação para o autocuidado em decorrência da dor? Há impactos na rotina social, nas relações familiares, no trabalho? A dor influencia na qualidade de vida? Essas são questões importantes para serem avaliadas na compreensão multidimensional da dor. Signi�cado pessoal Conforme já discutimos, a dor é subjetiva. Ela exerce funções diferentes nas pessoas e a relação que cada paciente estabelece com a queixa álgica deve ser abordada para direcionar a intervenção para cada caso. Limiar de dor 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 18/53 Menor estímulo para o qual uma pessoa relata dor. Tolerância à dor Quantidade máxima de dor que uma pessoa pode tolerar. Depois de ler as informações das características de avaliação da dor, preste atenção no seguinte dado: Dica Uma pessoa que apresenta um limiar de dor alto e maior tolerância à dor tem a tendência de apresentar dores de leve intensidade. A identificação das causas da dor, a avaliação minuciosa e o tratamento adequado são necessários sobretudo para a manutenção da qualidade de vida e da segurança do paciente. Ao considerar a dor como um fenômeno subjetivo e de caráter multidimensional, compreende-se que a avaliação e tratamento adequados da dor são um desafio para os profissionais da saúde. Assim, é imperativo que todos os membros da equipe multidisciplinar estejam aptos a identificá-la, avaliá-la e buscar as melhores opções de cuidado à pessoa que experiencia a queixa álgica. O papel do enfermeiro no cuidado do paciente com a dor A especialista Anara Oliveira e seus convidados refletem sobre a importância de o enfermeiro oferecer um cuidado centrado no paciente com dor, o enfermeiro como elo do paciente com a equipe multiprofissional e a importância da equipe de enfermagem na identificação e ações no manejo da dor a partir de seu conceito multidimensional. Vamos lá! 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 19/53 Após entendimento de como a dor deve ser avaliada,veremos um pouco sobre o tratamento medicamentoso da dor. Vamos lá? Tratamento medicamentoso da dor Ao considerar a dor relacionada ao câncer como uma emergência mundial, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu, em 1986, as primeiras diretrizes para o tratamento da dor no câncer, através da Escada Analgésica, que direciona a prescrição medicamentosa de acordo com a avaliação da intensidade da dor (AMARAL et al., 2019). De acordo com essa escada, para as dores de baixa intensidade são indicados analgésicos não opioides, como paracetamol, dipirona, diclofenaco e cetoprofeno; para as dores de intensidade moderada, indica-se a prescrição de opioides fracos, tais como a codeína e o tramadol; e os opioides fortes, como morfina, oxicodona, metadona e fentanil, são indicados nas dores de forte intensidade. Ainda, a OMS sugere a administração paralela ou isolada de drogas adjuvantes, como a amitriptilina, a dexametasona e a gabapentina, que fazem parte das categorias de antidepressivos, corticosteroides e anticonvulsivantes, respectivamente. Analgésicos não opioides Analgésicos simples e anti-inflamatórios não esteroides. Atenção Os opioides, que constituem o principal pilar do tratamento da dor oncológica, podem ser utilizados em todos os tipos de dor. O bom controle álgico e o fato de não apresentarem dose-teto (dose 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 20/53 considerada máxima, aquela que consegue o melhor equilíbrio entre analgesia e efeitos colaterais) justificam o uso dos opioides como primeira escolha em dores de intensidade moderada e intensa. Com os novos estudos acerca da dor, a escada da OMS vem sendo questionada em alguns aspectos, como a questão da necessidade do degrau 2 e utilidade clínica dos opioides fracos no controle da dor oncológica, bem como já vem sendo utilizada uma escala modificada na qual consta um quarto degrau que sinaliza para a realização de procedimentos invasivos nos casos em que os pacientes não tiveram resposta à terapia medicamentosa ou que não toleraram os efeitos colaterais. A utilização de técnicas pouco invasivas no manejo da dor, isoladamente ou em conjunto com a terapia medicamentosa, objetiva eliminar ou diminuir consideravelmente o consumo de analgésicos e, consequentemente, seus efeitos colaterais. Alguns exemplos são os procedimentos anestésicos, bloqueios nervoso e epidural, terapia neurolítica, que fazem parte do quarto degrau da escada analgésica. Procedimentos anestésicos Anestesia intrapleural, infusão epidural/intratecal. Recomendação Embora pensada inicialmente para o tratamento da dor no câncer e, apesar de não ser adequada para todos os tipos de dor, a escada analgésica é bastante utilizada no tratamento de dores crônicas não oncológicas. Ela continua sendo uma importante referência no direcionamento da terapêutica medicamentosa, de modo a garantir um controle adequado da dor em equilíbrio com o manejo dos efeitos colaterais proveniente do uso dos medicamentos. A seguir, temos as imagens da escada analgésica proposta pela OMS em 1986. Drogas adjuvantes Degrau 1 Degrau 2 Degrau 3 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 21/53 Escada analgésica proposta pela OMS para o tratamento da dor oncológica (versão adaptada). Dor leve Para o Degrau 1 são indicados: analgésicos não opioides/anti-inflamatórios não esteroidais. Exemplos: dipirona, paracetamol, diclofenaco. Drogas adjuvantes Degrau 1 Degrau 2 Degrau 3 Escada analgésica proposta pela OMS para o tratamento da dor oncológica (versão adaptada). Dor moderada Para o Degrau 2 são indicados: opioides fracos em conjunto com analgésicos não opioides/anti- inflamatórios. Exemplos: tramadol, codeína. Drogas adjuvantes Degrau 1 Degrau 2 Degrau 3 Escada analgésica proposta pela OMS para o tratamento da dor oncológica (versão adaptada). Dor Instensa Para o Degrau 3 são indicados: Opioides fortes em conjunto com analgésicos não opioides/ anti- inflamatórios. Exemplos: morfina, oxicodona, fentanil, metadona. 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 22/53 Drogas adjuvantes Degrau 1 Degrau 2 Degrau 3 Escada analgésica proposta pela OMS para o tratamento da dor oncológica (versão adaptada). Exemplos São drogas usadas para aumentar a analgesia: amitriptilina, gabapentina, dexametasona etc. Veja em seguida, a escada analgésica modificada, conforme tem sido sugerida pelos estudiosos em dor. Drogas adjuvantes Degrau 1 Degrau 2 Degrau 3 Degrau 4 Escala analgésica da OMS (versão adaptada). Dor leve Para o Degrau 1 são indicados: Analgésicos não opioides/ anti-inflamatórios não esteroidais. Exemplos: dipirona, paracetamol, diclofenaco. 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 23/53 Drogas adjuvantes Degrau 1 Degrau 2 Degrau 3 Degrau 4 Escala analgésica da OMS (versão adaptada). Dor moderada Para o Degrau 2 são indicados: Opioides fracos em conjunto com analgésicos não opioides/anti- inflamatórios. Exemplos: tramadol, codeína. Drogas adjuvantes Degrau 1 Degrau 2 Degrau 3 Degrau 4 Escala analgésica da OMS (versão adaptada). Dor Instensa Para o Degrau 3 são indicados: Opioides fortes em conjunto com analgésicos não opioides/ anti- inflamatórios. Exemplos: morfina, oxicodona, fentanil, metadona. Drogas adjuvantes Degrau 1 Degrau 2 Degrau 3 Degrau 4 Escala analgésica da OMS (versão adaptada). 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 24/53 Procedimentos intervencionistas O tratamento intervencionista da dor é indicado quando os do tipo farmacológico não promovem analgesia eficaz, com base na Escada Analgésica da OMS, ou quando os efeitos adversos se tornam intoleráveis. Drogas adjuvantes Degrau 1 Degrau 2 Degrau 3 Degrau 4 Escala analgésica da OMS (versão adaptada). Exemplos São drogas usadas para aumentar a analgesia: Amitriptilina, gabapentina, dexametasona etc. Ainda, no que se refere ao manejo adequado da dor através do uso de analgésicos, a OMS recomenda a observação de 5 princípios, que são apresentados abaixo: A via oral deve ser a via preferível para administração dos medicamentos analgésicos, sempre que possível. É fundamental respeitar a administração dos analgésicos em intervalos regulares de acordo com a duração da ação dos medicamentos. Pela boca Pelo relógio 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 25/53 Conforme proposto pela própria OMS, recomenda-se a escolha dos analgésicos de acordo com a intensidade da dor, seguindo a abordagem da escada analgésica explicada anteriormente. A dose dos analgésicos deve ser individualizada, contemplando as necessidades de analgesia de cada pessoa. Reavaliações frequentes das prescrições analgésicas quanto à dosagem, à indicação e aos efeitos colaterais são importantes. Até aqui, falamos sobre a avaliação da dor e o tratamento analgésico medicamentoso. Mas daí pode surgir a questão: e a enfermagem? Onde a enfermagem se insere nesse contexto? É a partir daí que vamos abordar a seguir a Sistematização da Assistência de Enfermagem à pessoa com dor. Vamos seguir em frente! Sistematização da Assistência de Enfermagem à pessoa com dor No que se refere à atuação da equipe de enfermagem no manejo da dor, não podemos deixar de salientar a importância da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) nesse processo, a Pela escada Para o indivíduo Atenção aos detalhes 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliaçãoe controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 26/53 fim de obter os melhores resultados. Conforme cita a Resolução COFEN-358/2009, a SAE organiza o trabalho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos, tornando possível a operacionalização do processo de Enfermagem. Para tal, é indispensável o uso do Processo de Enfermagem (PE) como norteador das ações da equipe de enfermagem (COFEN, 2009). O PE engloba as seguintes etapas: Histórico de Enfermagem; Diagnóstico de Enfermagem; Planejamento de Enfermagem; Implementação; e Avaliação de Enfermagem. Ao aplicar as etapas do PE em pessoas com dor, o enfermeiro busca direcionar as ações da enfermagem para atender a essas demandas individualizadas, mediante aplicação de técnicas e recursos importantes em cada uma das etapas, como veremos a seguir. Histórico de Enfermagem Na etapa do Histórico de Enfermagem, quando são coletadas as informações necessárias para planejamento da assistência, o enfermeiro deve investigar todas as questões relacionadas à queixa álgica do paciente. Um histórico de enfermagem qualificado deve constar da anamnese e do exame físico detalhados do paciente. Na anamnese, devem ser pesquisados: local da dor, qualidade, extensão para além do ponto de origem, intensidade, frequência, fatores agravantes e atenuantes e tratamentos realizados e possíveis estratégias usadas para alívio da dor. Alguns instrumentos podem ser utilizados pela enfermagem para avaliação da dor. Entre eles, temos os instrumentos de avaliação da dor, os quais podem ser unidimensionais, multidimensionais e específicos. Esses instrumentos são importantes na avaliação, pois atribuem objetividade ao subjetivo da experiência dolorosa. Instrumentos unidimensionais 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 27/53 As escalas unidimensionais, que avaliam de forma isolada a intensidade da dor, são mais voltadas para quantificar a dimensão sensorial da dor. São escalas simples, fáceis de aplicar e de interpretar (SBGG, 2018). A Escala Visual Analógica (EVA), escala de dor mais conhecida e amplamente utilizada, é um exemplo de escala unidimensional. Na aplicação dessa escala, é solicitado que o paciente assinale a intensidade da sua dor em uma escala de 0 a 10, sendo o zero a ausência de dor e o 10 a pior dor imaginável. Escala de faces e Escala Visual Numérica. Além dela, temos a Escala Visual Numérica e Escala de Faces, apresentadas nas imagens a seguir. Escala Visual Analógica (EVA). Instrumentos multidimensionais Os instrumentos multidimensionais, como o próprio nome sugere, avaliam, para além da dimensão sensorial, outros aspectos que envolvem a experiência álgica. Como exemplos, temos questionário de McGill de dor (MPQ) e inventário breve de dor. Escala Visual Numérica Escala de Faces Sem dor Máximo de dor 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 28/53 O MPQ avalia as dimensões da dor ao considerar as dimensões afetiva, avaliativa e dimensão sensorial, de acordo com as palavras do questionário que o paciente seleciona para descrever sua dor. O questionário é composto basicamente de uma ilustração corporal para identificação da localização da queixa álgica, uma escala de intensidade e 78 descritores organizados em 4 grupos (sensorial discriminativo, afetivo motivacional, avaliativo cognitivo, e miscelânea) e 20 subgrupos. Já o inventário breve de dor avalia questões como intensidade, interferência da dor na habilidade para caminhar, atividades diárias do paciente, no trabalho, atividades sociais, humor e sono. Instrumentos especí�cos Ainda existem os instrumentos específicos para avaliação da dor: Avaliação dos Sinais e Sintomas de Dor (LANSS) É um instrumento capaz de diferenciar adequadamente dor neuropática, a dor nociceptiva e a dor mista. DN4 e NPSI O questionário para diagnóstico da dor neuropática 4 (DN4) e o Inventário de Sintomas de Dor Neuropática (NPSI) são outros instrumentos específicos utilizados na avaliação da dor. Para além da aplicação de instrumentos de avaliação da dor, é importante a equipe conhecer comportamentos e alterações fisiológicas sugestivas de dor em populações especiais, como crianças, idosos e pacientes com comprometimento cognitivo: vocalizações, gemência, choro, grito, caretas, expressões faciais, postura viciosa, inquietação, agitação, fricção da parte do corpo afetada, isolamento, comportamento de defesa ou agressividade. No que se refere ao exame físico, duas etapas são particularmente importantes: a inspeção e a 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 29/53 palpação. O exame físico geral do paciente deve avaliar pele, cavidade oral, sistema cardiovascular, pulmonar, abdominal, circulatório, osteomuscular e sistema nervoso central, destacando a importância da avaliação minuciosa dos exames dos sistemas neurológico e musculoesquelético. Saiba mais O COREN-SP emitiu, em 2013, um parecer técnico sobre a competência para aplicação e avaliação de escalas da dor no âmbito da Equipe de Enfermagem e concluiu que, quando se tratar de escala categórica numérica/verbal ou escala analógico-visual, o técnico ou o auxiliar de enfermagem pode realizar sua aplicação e, quando do uso de escalas multidimensionais, somente competem ao enfermeiro a sua aplicação e avaliação. Alguns sinais e sintomas são esperados como respostas fisiológicas à dor, como a taquicardia, hipertensão, taquipneia, palidez, sudorese, midríase, hipervigilância e tônus muscular aumentado, e estão relacionadas à estimulação do Sistema Nervoso Autônomo. Geralmente, têm curta duração e são condicionadas à adaptação do organismo ao estresse (SMELTZER et al., 2009). Em um estudo realizado para identificar as intervenções de enfermagem realizadas para pacientes com dor aguda, Cavalheiro et al. (2019) identificaram as seguintes características como definidoras de dor em pacientes adultos e idosos: “relato verbal de dor”; “mudanças na frequência cardíaca”; “mudanças na frequência respiratória”; “alterações na pressão sanguínea” e “evidência observada de dor” (procedimentos invasivos e/ou trauma), conforme registros dos Boletins de Atendimento de pacientes atendidos em um serviço de Urgência e Emergência. Atenção É importante entender que a avaliação da queixa álgica está associada a outras respostas fisiológicas e compreender também que a ausência dessas respostas não indica a ausência de dor. Lembrando sempre que a dor existe quando a pessoa diz senti-la. Diagnóstico de Enfermagem Entre os Diagnósticos de Enfermagem (DE) aplicáveis à pessoa com dor, esse diagnóstico pode ser dor aguda, dor crônica, síndrome da dor crônica. Chama a atenção o fato da dor em si já ser um diagnóstico, sendo listados a seguir alguns DE relacionados à experiência álgica, bem como suas características definidoras e os fatores relacionados, conforme os Diagnósticos de Enfermagem da NANDA versão 2018-2020 (HERDMAN E KAMITSURU, 2018): 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 30/53 Dor aguda Experiência sensorial e emocional desagradável associada à lesão tissular real ou potencial, ou descrita em termos de tal lesão (IASP); início súbito ou lento, de intensidade leve a intensa, com término antecipado ou previsível e com duração menor que três meses. Alteração no apetite; alteração no parâmetro fisiológico; autorrelato da intensidade com escala padronizada da dor; autorrelato das características da dor com instrumento padronizado de dor; comportamento de distração; comportamento expressivo; espasmo muscular que minimiza o movimento da área afetada. Agente biológicolesivo; agente físico lesivo; agente químico lesivo. Dor crônica Experiência sensorial e emocional desagradável associada à lesão tissular real ou potencial, ou descrita em termos de tal lesão (IASP); início súbito ou lento, de intensidade leve a intensa, constante ou recorrente, sem término antecipado ou previsível e com duração maior que três meses. Definição Algumas características definidoras Fatores relacionados Definição 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 31/53 Alteração da capacidade de continuar atividades prévias; alteração no padrão de sono; anorexia; autorrelato da intensidade com escala padronizada da dor; autorrelato das características da dor com instrumento padronizado de dor, expressão facial de dor. Agente lesivo; alteração no padrão de sono; aumento no índice de massa corporal; compressão de nervo; desnutrição; fadiga; isolamento social; padrão de sexualidade ineficaz e sofrimento emocional. Síndrome da dor crônica Dor recorrente ou persistente há, no mínimo, três meses e que afeta significativamente o funcionamento diário ou o bem-estar. Ansiedade, conhecimento deficiente, constipação, distúrbio no padrão de sono, fadiga, insônia, isolamento social, medo, mobilidade física prejudicada, obesidade, regulação do humor. Dica A definição de dor nos três DE acima citados não está atualizada, pois a 11ª edição dos Diagnósticos de Enfermagem da Nanda I foi publicada em 2019 e o novo conceito de dor foi Algumas características definidoras Alguns fatores relacionados Definição Algumas características definidoras 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 32/53 revisado e atualizado pela IASP em 2019/2020. Além desses DE principais sobre a dor, outros DE podem ser associados à experiência álgica. Fica como dica uma busca despretensiosa desses diagnósticos na NANDA 2018-2020. Planejamento de Enfermagem Nas etapas seguintes do PE, os planejamento de enfermagem e implementação correspondem à definição, à organização e à execução das intervenções a fim de proporcionar o melhor cuidado. No contexto da assistência de enfermagem à pessoa com dor, essas intervenções têm como objetivo o alívio da dor e a promoção do conforto e estão relacionadas à administração de medicamentos analgésicos, conforme prescrição médica, adoção de medidas de alívio, como uso de compressas mornas e frias a depender da queixa álgica, realização de mudanças de decúbito, entre outras. A seguir, estão listadas algumas intervenções de enfermagem à pessoa com dor sinalizadas na pesquisa realizada por Cavalheiro et al. (2019): Escolher e implementar uma variedade de medidas (por exemplo: farmacológicas, não farmacológicas, interpessoais). Investigar o uso atual de métodos farmacológicos de alívio da dor pelo paciente. Assegurar que o paciente receba cuidados adequados para sua analgesia. Reconhecer a dor como quinto sinal vital. 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 33/53 Determinar a frequência necessária para fazer uma avaliação de conforto do paciente e implementar um plano de monitoramento da dor. Discutir junto ao paciente sobre a sua participação na gestão da analgesia, a capacidade do mesmo para isso, apoio de pessoas importantes em relação ao tratamento e contraindicações ao selecionar alguma estratégia de alívio de dor. Encorajar o paciente a manejar sua própria dor e a intervir de forma adequada. Encorajar o paciente a usar medicamento adequado para dor. Usar medidas de controle da dor antes de seu agravamento, assegurar analgesia pré- tratamento e/ou estratégias não medicamentosas antes de procedimentos dolorosos. Oferecer informações precisas para promover o conhecimento da família sobre como responder à experiência de dor, assim como perceber essa resposta. 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 34/53 É necessário ainda que o enfermeiro atue no controle dos efeitos adversos da utilização de medicamentos analgésicos, como as náuseas, vômitos e constipação decorrentes do uso dos opioides e avalie as possíveis consequências do tratamento nas dimensões físicas, emocionais e psíquica dos pacientes. O papel da equipe de enfermagem na educação dos pacientes e familiares é fundamental. É importante que pacientes e sua rede de apoio sejam treinados para o autogerenciamento da terapia analgésica, como doses e intervalos dos medicamentos, principais efeitos colaterais, cuidados para minimizar os efeitos colaterais e interações medicamentosas. Avaliação de Enfermagem Ainda seguindo nas etapas do PE, a Avaliação de Enfermagem corresponde à avaliação sistemática e contínua das mudanças nas respostas do paciente bem como a avaliação constante da necessidade de ajustes no PE. Para os pacientes com dor, entende-se que essa avaliação é realizada constantemente, sobretudo antes e após intervenções medicamentosas e não medicamentosas, antes e após procedimentos potencialmente dolorosos e sempre que o profissional estabelecer o contato com a pessoa que está com uma queixa álgica. Re�exão É importante entender que a sistematização da assistência de enfermagem à pessoa com dor possibilita um cuidar atento e individualizado, de forma a entregar aos pacientes e seus familiares medidas de conforto e bem-estar. Agora que já avançamos na identificação, na classificação, na avaliação, no tratamento medicamentoso e no SAE à pessoa com dor, estudaremos em seguida as medidas não farmacológicas da dor, tão importantes quanto a terapêutica medicamentosa. Vem que eu te explico! 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 35/53 Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 2 - Vem que eu te explico! Tratamento medicamentoso da dor Módulo 2 - Vem que eu te explico! SAE no cuidado com a dor Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 36/53 Indique a(s) etapa(s) do processo de enfermagem que podem ser aplicadas à pessoa com dor: A Avaliação de Enfermagem e Implementação, somente. B Histórico de Enfermagem, Avaliação e Implementação. C Planejamento de Enfermagem, Diagnóstico de Enfermagem e Histórico de Enfermagem. D Coleta de dados, Diagnóstico de Enfermagem e Planejamento. E Histórico de Enfermagem, Diagnóstico de Enfermagem, Planejamento de Enfermagem, Implementação e Avaliação de Enfermagem. Parabéns! A alternativa E está correta. O processo de enfermagem é composto por cinco etapas associadas entre si e interdependentes. À pessoa com dor, na etapa do Histórico de Enfermagem, o enfermeiro faz um levantamento das principais informações acerca da experiência álgica do indivíduo; a etapa do Diagnóstico de Enfermagem (DE) corresponde ao levantamento dos principais diagnósticos de enfermagem, que, no caso das pessoas com dor, são três: dor aguda/dor crônica/síndrome da dor crônica, conforme referencial da NANDA 2018-2020. As fases do planejamento e implementação correspondem ao momento em que os principais cuidados de enfermagem serão organizados e realizados a fim de promover alívio da dor. Como exemplos, temos a administração de terapias para dor, o manejo de efeitos colaterais do tratamento medicamentoso e orientação do paciente e família. A fase da avaliação, que deve ser contínua, se refere à avaliação das intervenções bem como de todo o processo da enfermagem. Sendoassim, todas as etapas do PE são aplicáveis à pessoa com dor. Questão 2 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 37/53 A enfermeira Ana, ao realizar a visita diária aos pacientes, faz algumas perguntas à senhora Marina sobre sua dor, para o que ela responde: relata dor na região sacra (onde ela tem uma lesão por pressão), a dor piora durante a realização do curativo e melhora após mudança para o decúbito lateral. A partir daí, identifique abaixo qual alternativa apresenta as três possíveis características da dor que podem ter sido avaliadas pela enfermeira no caso da senhora Marina: A Localização, fatores agravantes e fatores atenuantes. B Intensidade, frequência e significado pessoal. C Crenças pessoais, localização e tipo de dor. D Localização, frequência e intensidade. E Estágio da dor, fatores agravantes e fatores atenuantes. Parabéns! A alternativa A está correta. Na avaliação da dor, a enfermeira deve investigar as principais características da queixa álgica de forma individualizada. Entre as características a serem avaliadas, tem-se a localização, que corresponde ao ponto exato onde a dor é sentida; os fatores agravantes se referem às situações que pioram o nível de dor, como, por exemplo, realização de alguns procedimentos, como banho e fisioterapia; outra característica que deve ser avaliada são os fatores atenuantes, ou seja, aqueles fatores e situações que amenizam a sensação dolorosa. Significado pessoal e intensidade são outras características que devem ser avaliadas, mas, no contexto em estudo, as respostas da paciente sugerem uma avaliação da localização, fatores agravantes e atenuantes. 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 38/53 3 - Medidas não farmacológicas Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car medidas não farmacológicas no tratamento da dor. Medidas não farmacológicas no tratamento da dor A cultura da medicalização excessiva em que vivemos nos faz pensar muitas vezes que só o tratamento medicamentoso é capaz de controlar as queixas álgicas. Mas será que isso é verdade? E se o paciente não responder ao tratamento medicamentoso e não tiver condições de realizar as medidas intervencionistas? E se o tratamento medicamentoso adequado não estiver disponível ou não for acessível? Ou, simplesmente, se o paciente se recusar ao tratamento medicamentoso? Então, o que faremos? As questões apresentadas são provocativas, pois nos fazem refletir sobre a multiplicidade de abordagens para o controle da dor e que essas abordagens vão muito além do uso de medicamentos. Comentário 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 39/53 Embora os estudos apresentem um percentual de 7% de pessoas com dor relacionada ao câncer que recorrem ao uso de terapêuticas complementares e mais de 60% com dor não oncológica, o que se vê, na prática, ainda é uma dificuldade de indicar e implementar métodos não farmacológicos para manejo da experiência álgica (IASP, 2010). No entanto, ao pensar na definição ampliada de dor e sua dimensão multifacetada, torna-se compreensível que o tratamento medicamentoso isolado poderá não ser resolutivo na maioria dos casos. Para tanto, é preciso pensar em estratégias diversas que atuem nos diversos componentes da dor, com foco no conforto e bem-estar da pessoa, sobretudo aquelas que convivem com dor crônica. Principais métodos não farmacológicos usados no manejo da dor As modalidades de tratamento não medicamentoso devem abranger medidas de natureza educacional, física, comportamental e emocional e devem envolver não somente o paciente, mas também seus familiares e cuidadores. Entre essas modalidades, tem-se a massagem, a aplicação de calor e frio, o uso da Estimulação Nervosa Elétrica Transcutânea (TENS), técnica de relaxamento e imaginação orientada, hipnose e acupuntura. A Portaria nº 1083/2012 cita que a atividade física regular, a terapia cognitiva comportamental (TCC), a terapia com calor local ou a fisioterapia são algumas medidas não farmacológicas que podem ser utilizadas em pacientes com todos os tipos de dor (nociceptiva, neuropática ou mista), de acordo com as características individuais e condições físicas do doente e sob supervisão de profissional habilitado. 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 40/53 Em um estudo realizado por Oliveira, Palma e Cunha (2016, p. 220), as autoras encontraram estudos que traziam intervenções como a massagem terapêutica, o apoio espiritual e as medidas de conforto, como a mudança de decúbito como principais métodos não farmacológicos para o manejo da dor oncológica pela equipe de enfermagem. Para melhor compreensão, segue um quadro com algumas medidas não farmacológicas para manejo da dor: Exercícios físicos Psicoterapia Arteterapia Ioga Reabilitação fisioterapêutica Musicoterapia Acupuntura Atividades sociais e de lazer Autogerenciamento da dor Meditação Hipnose Massagem terapêutica Quadro: Medidas não farmacológicas para manejo da dor. Elaborado por: Anara Oliveira. Apresentação dos métodos não farmacológicos para manejo da dor Além dos benefícios diretos no controle da queixa álgica, os métodos não farmacológicos possuem vantagens. São elas: baixo custo financeiro, poucos efeitos colaterais (a depender do método, nem 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 41/53 tem efeito colateral), uso concomitante com a terapia medicamentosa, o que contribui para reduzir as doses de analgésicos e, por consequência, reduz o risco de efeitos colaterais (SBGG, 2018). Atenção É importante entender que essas medidas têm mecanismos de ação específicos e, como tal, também necessitam da avaliação prévia das características da dor a fim de serem indicadas corretamente, proporcionando o melhor alívio possível à pessoa com dor. As medidas não farmacológicas atuam no controle da queixa álgica de formas distintas: através de efeitos analgésicos diretos, como é o caso da acupuntura, podem exercer ação anti-inflamatória, a exemplo da fitoterapia ou com o uso de técnicas de distração, como a musicoterapia. Os principais objetivos são: alterar a percepção da dor, ajudar a relaxar, melhorar o sono ou reduzir sintomas como náuseas, neuropatia, vômitos, ansiedade ou depressão, assim como a dor. A seguir, falaremos um pouco sobre algumas modalidades. Estimulação Nervosa Elétrica Transcutânea (TENS) Corresponde a uma técnica de estimulação de fibras mielínicas aferentes, de forma a reduzir o impulso dos nociceptores à medula e ao cérebro. Essa estimulação elétrica é obtida a partir da aplicação de uma corrente de baixa intensidade através da colocação de eletrodos conectados na pele dos pacientes. É uma técnica bastante aplicada pelos fisioterapeutas e tem indicação em pessoas com dores de intensidade de leve a moderada. Termoterapia É um método não farmacológico para alívio da dor que consiste na aplicação de calor e de frio. 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 42/53 Aplicação de calor A termoterapia por aplicação de calor tem como efeitos: vasodilatação, melhoria do metabolismo e da circulação local, relaxamento muscular, analgesia e redução da rigidez articular. Auxilia no alívio de espasmos musculares e em inflamações superficiais. Pode ser realizada através da aplicação de bolsas, compressas mornas no local da dor, de 20 a 30 minutos, de 3 a 4 vezes ao dia. A aplicação do calor tem indicação nas artralgias e espasmos musculares.Em situações de infecção, sangramento ativo sobre o tumor, trauma agudo, insuficiência vascular e alteração de sensibilidade e consciência, o uso do calor é contraindicado (BRASIL, 2001). Aplicação de frio Já a termoterapia por aplicação de frio está associada à contração muscular, vasoconstrição e diminuição de edema, o frio também reduz a velocidade da condução nervosa e retarda os estímulos nociceptivos à medula. Pode ser realizada por meio da aplicação de bolsas e compressas frias, durante 15 minutos, de 2 a 3 vezes ao dia. Esse tipo de termoterapia é indicado em dor musculoesquelética, contusão e torção. Suas contraindicações são: doença vascular periférica, insuficiência arterial, alteração de sensibilidade e nível de consciência e alteração sanguínea decorrente de frio (BRASIL, 2001; SOUSA, 2009). 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 43/53 Acupuntura É uma técnica de medicina tradicional chinesa, que consiste na estimulação de pontos pré- determinados do corpo com agulhas esterilizadas, filiformes e descartáveis, induzindo à analgesia (IASP, 2010). Pode ser bastante útil em casos de dor devido ao espasmo muscular, ao espasmo vesical e em casos de hiperestesia, disestesia e nevralgia pós-herpética. A OMS apoia o recurso à acupuntura enquanto intervenção eficaz para as dores lombares, pós-operatórias e as reações adversas à radioterapia e à quimioterapia (BRASIL, 2001; IASP, 2010). Pode ser contraindicada em pessoas que apresentem fobia à agulha. Massagem É a aplicação de pressão, fricção ou movimentos de deslizamento entre os tecidos moles e a pele para promover circulação, relaxamento e alívio da dor, que pode ser realizada com auxílio de óleos e cremes. Entre os benefícios advindos com o uso da massagem, acredita-se que ela aumente o fluxo sanguíneo e linfático, favorecendo a circulação e relaxando a musculatura no local da sua aplicação, o que dá a sensação de conforto e de bem-estar ao doente. Existem diferentes técnicas de massagem, como a reflexologia, que é a massagem dos pés, das mãos ou do couro cabeludo, bastante conhecida e particularmente útil para pessoas debilitadas ou naquelas que se recuperam de algum procedimento cirúrgico (IASP, 2010). 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 44/53 As técnicas de massagem podem ser utilizadas em doentes com dor, acamados, ansiosos com distúrbios de sono ou tendência a isolamento e não devem ser realizadas em áreas com lesão de pele, óssea ou se causar dor (BRASIL, 2001). É importante que a massagem seja realizada por profissionais habilitados e com experiência na técnica, a fim de evitar lesões, fraturas ou até mesmo exacerbação da dor ao invés de seu alívio. Exercícios e atividade física A prática de exercícios corresponde à realização de movimentos que promovem o alongamento e a resistência, combatendo a rigidez e a debilidade associadas à dor e à inatividade através da recuperação muscular e do alongamento dos tendões, da amplitude de movimentos, da resistência, da funcionalidade e do conforto (SOUSA, 2009). Recomendação Importante pensar a prática de exercícios e atividade física como estratégia para prevenção da síndrome de desuso, distrofia e hipotonia muscular e diminuição da amplitude articular que podem ser ocasionadas pelo repouso prolongado e limitação das atividades na região que está dolorida. Para além de reduzir a dor e os efeitos positivos sobre a função muscular, pulmonar e cardiovascular, são benéficos também para o humor, pois melhoram a função intelectual, a capacidade de autocuidado e o padrão de sono. 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 45/53 As pessoas com dor devem ser orientadas a praticar exercícios com acompanhamento profissional a fim de adequar as atividades às condições físicas individuais, pois, geralmente, são orientados exercícios suaves de contração e de alongamento. Hipnose A hipnose é um estado de concentração ou de consciência alterada no qual as distrações são bloqueadas, permitindo à pessoa concentrar-se atentamente em um assunto, uma recordação, uma sensação ou um problema específico. A analgesia por hipnose também pode estar associada aos mecanismos cerebrais que impedem a consciência da dor depois de a nocicepção ter alcançado centros mais elevados. Pode também reduzir a dimensão afetiva, talvez à medida que o indivíduo reinterpreta os significados associados à sensação de dor. Ioga O ioga é um exercício físico e mental que combina posturas e meditação para acalmar a mente, o corpo e o espírito. A sua prática promove o relaxamento e o fluxo sanguíneo, mantendo a coluna vertebral ágil e os músculos flexíveis. Os aspetos combinados do ioga – as suas posturas suaves, a respiração profunda, a meditação e a interação no grupo – reduzem a percepção da dor e ajudam a lidar com ela e a se recuperar. Musicoterapia O uso da música como recurso terapêutico vem crescendo cada vez mais e, no contexto do alívio da dor, está relacionada ao alcance de emoções profundas e ao aumento do conforto e promoção do relaxamento, garantindo melhoria na qualidade de vida. 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 46/53 Nesse quesito, a participação do paciente é fundamental, inserindo-o na escolha das músicas, no incentivo ao canto, assim como o incentivo para tocar instrumentos musicais. Outras técnicas utilizadas Intervenções estratégicas para o alívio da tensão e ansiedade como técnicas de relaxamento, distração e imaginação dirigida são também muito importantes para o auxílio do tratamento da dor. Essas técnicas fazem parte da Terapia Cognitiva-Comportamental e têm por objetivo ajudar o doente a desenvolver habilidade para controlar e gerir a dor e o estresse, sempre em um esforço de mudança na sintonia dos pensamentos, convertendo as impressões negativas em impressões positivas. São técnicas de autocontrole e autorregulação baseadas no gerenciamento da dor pelos pacientes. Os mecanismos de ação não são completamente conhecidos, mas acredita-se que estão relacionadas à atuação das vias descendentes e consequente efeito inibitório da dor. Para além das medidas não farmacológicas discutidas acima, outras intervenções podem ser utilizadas no manejo da dor, como: Homeopatia. Fitoterapia. Uso dos óleos essenciais. Florais. Meditação. Re�exão Tais práticas carecem de maior investigação científica e estudos sobre seus benefícios na experiência álgica, embora venham sendo difundidas cada vez mais no Sistema de Saúde Único (SUS) brasileiro, sendo respaldadas mediante a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do SUS (PNPIC). 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 47/53 Estratégias não farmacológicas para o manejo da dor A especialista Anara de Oliveira e seu convidado discutem sobre a importância da hipnose como estratégia para alívio da dor, e auxiliam no esclarecimento acerca das crenças que envolvem o tema a partir da vivência profissional e contribuem para a divulgação da hipnose como método não farmacológico no alívio da dor. Vamos lá! Depois de consumir todo esse conteúdo sobre as medidas não farmacológicas, aprendemos que, assim como a dor se manifesta de forma múltipla, existe uma variedade de intervenções capazes de aliviá-la. Nesse contexto, a enfermagem, que é uma profissão com campo de atuação abrangente, tem habilidades e competências para se inserir nos distintos modelos de cuidado à pessoa com dor. Para isso, cabe ao profissional da enfermagem buscar atualização constante na temática,afincar os estudos sobre a dor e converter em cuidados os conhecimentos adquiridos sobre a experiência álgica. Chegamos ao final do conteúdo e, para finalizar, faremos nossas atividades de fixação! Vamos lá! Vem que eu te explico! 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 48/53 Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 3 - Vem que eu te explico! O papel do enfermeiro nas práticas não medicamentosas no manejo da dor Módulo 3 - Vem que eu te explico! PICs na terapia da dor Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 49/53 É um método que envolve o binômio corpo-mente no alívio da dor através da combinação de posturas e de meditação. Essa característica se relaciona com qual método não farmacológico listado a seguir? A Hipnose. B Ioga. C Musicoterapia. D Caminhada ao ar livre. E Termoterapia. Parabéns! A alternativa B está correta. O ioga é uma prática de origem oriental que combina posturas suaves, técnicas de respiração, meditação e relaxamento. Sua ação no controle da dor está relacionada à promoção do relaxamento e da circulação sanguínea, bem como a redução da percepção da dor através da combinação das técnicas. Seus benefícios já são bem documentados no controle da dor associada à fibromialgia, à osteoartrite, à artrite reumatoide, a síndromes do intestino irritável. A prática do ioga faz parte da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPIC) do SUS. Questão 2 Sobre o uso da musicoterapia no tratamento da dor, pode-se afirmar: A É pouco utilizada porque seus resultados são insuficientes no alívio da dor. 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 50/53 Considerações �nais A navegação no mundo da dor e de todas as nuances que envolvem essa temática possibilitou uma compreensão do conceito ampliado de dor, que vai além da experiência sensorial propriamente dita. Ela envolve experiências pregressas, crenças, contexto social e organização das emoções B Está associada ao alcance de emoções profundas, o que pode gerar ansiedade no paciente. C Entre os seus benefícios, pode-se citar o alcance das emoções profundas e a participação do paciente. D Contribui para o autogerenciamento da dor pelo paciente ao promover técnicas de distração. E Dispensa o uso de outros métodos de alívio da dor quando está sendo utilizada. Parabéns! A alternativa C está correta. Os benefícios da musicoterapia no manejo da dor vêm sendo cada vez mais estudados e comprovados cientificamente, o que tem contribuído para maior difusão do seu uso. Além dos benefícios na promoção do conforto e relaxamento, a musicoterapia também está associada a efeitos fisiológicos, como liberação de adrenalina, regulação de frequência respiratória e redução da fadiga. Tem a vantagem ainda de possibilitar a participação ativa dos pacientes durante a sua realização, quer seja através do canto ou do uso de instrumentos musicais. Como todo método utilizado no controle da dor, é importante ser associada a outras técnicas para maiores benefícios. 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 51/53 como fatores que influenciam diretamente na manifestação da dor, daí a importância da avaliação individualizada da queixa álgica. Identificar e promover métodos farmacológicos e não farmacológicos no alívio da dor torna-se uma premissa para os profissionais de saúde que lidam diariamente com pessoas com dor. O uso da escada analgésica no direcionamento da terapêutica medicamentosa mostra-se como uma estratégia útil para o manejo da dor e a sua revisão favorece os pacientes no sentido de pensar em redução dos efeitos colaterais da terapia medicamentosa. No que se refere ao uso das terapias não medicamentosas, percebe-se que elas ainda são um grande desafio para os profissionais de saúde. Embora tenham benefícios cientificamente comprovados e algumas delas já estejam inseridas na PNPIC do SUS, ainda carecem de maior uso na prática e também de maior investimento por parte dos profissionais. Assim, o estudo da temática dor requer constante atualização e aplicabilidade no cotidiano dos profissionais. Podcast Agora a especialista Anara Oliveira vai falar um pouco sobre a Associação Internacional do Estudo da Dor e abordar a origem da dor. Além disso ela vai responder as seguintes perguntas: O que é importante o enfermeiro identificar na avaliação da dor? Quais os desafios no manejo da dor oncológica? Qual a percepção geral dos profissionais de saúde sobre o uso das PIC no manejo da dor? Ela também vai dar a sua opinião sobre a aplicabilidade atualmente. Vamos lá! Referências 30/03/2022 07:50 Assistência de enfermagem na avaliação e controle da dor https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02968/index.html# 52/53 Referências AMARAL, J. B. et al. As dimensões da dor na pessoa em Cuidados Paliativos. In: AMARAL, J. B; MALAGUTTI, W. Enfermagem em Cuidados Paliativos- Cuidando para uma boa morte. 2. ed. São Paulo: Martinari, 2019. ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL PARA O ESTUDO DA DOR. IASP. IASP Terminology. Consultado na internet em: 13. jun. 2021. ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL PARA O ESTUDO DA DOR. IASP. Guia para o Tratamento da Dor em Contextos de Poucos Recursos. Iasp, 2010. Consultado na internet em: 10 jun. 2021. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Cuidados paliativos oncológicos: controle da dor. Rio de Janeiro: INCA, 2001. 124 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderno de atenção domiciliar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. Consultado na internet em: 5 ago. 2021. CAVALHEIRO, J. T. et al. Intervenções da Enfermagem para pacientes com dor aguda. 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Explore + Procure e pesquise os seguintes conteúdos: Política nacional de práticas integrativas e complementares no SUS: atitude de ampliação de acesso/Ministério da Saúde, publicada pelo Ministério da Saúde, em 2015. Portaria nº 1083, de 2 de outubro de 2012, também publicada pelo Ministério da Saúde. Declaração de Montreal, disponível no site da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor. Baixar conteúdo javascript:CriaPDF()
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