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OS POVOS ANTIGOS DO BRASIL

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O S P O V O S
A N T I G O S
D O B R A S I L
Sexto ano
Em relação ao processo de ocupação
humana do continente americano, o
trabalho de pesquisa desenvolvido até
o presente ainda guarda alguns
questionamentos. Para boa parte dos
pesquisadores, a ocupação humana do
continente ocorreu pelo estreito de
Bering, durante o último período de
glaciação do planeta
AULA
SOBRE O QUE IREMOS FALAR
Povos agrícolas do Baixo Amazonas
(3500 a.C. a 1400 d.C.) 
Como era exercido o poder entre os
primeiros povoadores do Brasil?
Como viviam os povos antigos do
Brasil?
A economia e o trabalho entre os
povos antigos do Brasil
A religião e a cultura entre os povos
antigos do Brasil
Outros estudos apontam que o processo de
ocupação se alternou entre povos de
procedência mongólica e de feições asiáticas e
povos de procedência negroide, de feições
africano-australianas. Em uma terceira
consideração, acredita-se que o processo de
ocupação da América iniciou-se a partir de 13
mil anos a.C. Essa teoria é justificada por meio
da descoberta de fósseis humanos – como a
Luzia, que teria vivido há 11 500 anos – no sítio
arqueológico de Lagoa Santa, em Minas Gerais.
Por fim, para outros pesquisadores a ocupação
pode ter sido ainda mais anterior, isto é,
ocorrida a partir de 40 mil a.C., como afirma a
antropóloga Niède Guidon, que sustenta seus
argumentos por meio de vestígios descobertos
no sítio arqueológico do Boqueirão da Pedra
OS POVOS ANTIGOS DO
BRASIL
Já os povos de sambaquis, organizados sobretudo
na costa brasileira entre 8 mil e 6 mil a.C.,
representavam a transição entre os hábitos
nômades e sedentários dos grupos humanos na
América.
Em algumas regiões do centro e do sul do
continente americano, o início da atividade agrícola
colaborou para a organização das primeiras
comunidades sedentárias, como os maias e os
astecas, no Vale do México; e os incas, nos altiplanos
andinos. Milênios mais tarde, esses povos se
tornariam as principais civilizações agrícolas
americanas.
Maias, astecas e incas realizaram estudos nas áreas
de Engenharia civil e hidráulica, de Arquitetura e de
Astronomia. Além disso, os maias e os astecas ainda
desenvolveram sistemas de escrita.
Entre o processo de ocupação e o processo de sedentarização dos grupos
humanos no continente americano, também permanecem algumas
incertezas que desafiam os pesquisadores. É provável que os primeiros
povos que ocuparam a América tenham sido caçadores e coletores.
Por meio do nomadismo, os primeiros habitantes teriam se expandido
pelo continente, convivendo e guerreando entre si. Assim, esses povos
sobreviviam da caça, da pesca e da coleta e ainda registravam cenas do
seu cotidiano em pinturas rupestres no interior de grutas e de cavernas,
em diferentes regiões do continente.
No Brasil, por exemplo, no período que se estendeu entre 9 mil a.C. e 1
500 d.C., temos como representantes dos grupos nômades os povos de
tradição Umbu e Humaitá, que ocuparam regiões de São Paulo e do sul
do país. Eles eram habilidosos na fabricação de instrumentos de caça,
como o arco e flecha e a boleadeira.
OS POVOS ANTIGOS DO
BRASIL
P o v o s a g r í c o l a s d o B a i x o
A m a z o n a s ( 3 5 0 0 a . C . a
1 4 0 0 d . C . )
MARAJOARA TAPAJÓ POVOS DO ALTO DO
XINGU
A ocupação da bacia Amazônica, segundo os
pesquisadores, iniciou-se por volta de 10 mil a.C. por
grupos de caçadores, coletores e pescadores. A partir de
3500 a.C., ao longo dos rios Tapajós e Curuá Una, onde
hoje se encontra a cidade de Santarém, no Pará,
começou o processo de sedentarização por meio da
atividade agrícola. O período de apogeu desses povos
teria ocorrido entre 2000 a.C. e 1000 d.C., quando havia
aldeias na região, constituídas de núcleos de até 10 mil
habitantes. Os povos tapajós praticavam, além da
agricultura, um intenso comércio, com mercados
movimentados onde se podiam encontrar variadas
mercadorias, produtos artesanais e animais
domesticados. No campo militar, os Tapajó eram bem
organizados e habilidosos na produção de armas de
guerra.
OS TAPAJÓ E A CULTURA
SANTARÉM (2000 A.C. A 1000
A.C.)
OS TAPAJÓ E A CULTURA SANTARÉM
(2000 A.C. A 1000 A.C.)
A HABILIDADE MILITAR DEMONSTRADA PELAS MULHERES
DESCENDENTES DOS POVOS ANTIGOS DE SANTARÉM CHAMOU A
ATENÇÃO DOS CONQUISTADORES ESPANHÓIS DO SÉCULO XVI QUE
EXPLORAVAM A BACIA AMAZÔNICA. OS EUROPEUS NOMEARAM-NAS
DE “AMAZONAS”, EM UMA
ASSOCIAÇÃO ÀS GUERREIRAS DA MITOLOGIA GREGA. DO PONTO DE
VISTA CULTURAL, OS TAPAJÓ PRODUZIRAM CERÂMICAS ORIGINAIS,
QUE MOSTRAM A SOFISTICADA HABILIDADE DOS ARTESÃOS. ALGUNS
ESTUDIOSOS, COM BASE NA ANÁLISE DESSAS CERÂMICAS, APONTAM
PARA A POSSIBILIDADE DE OS TAPAJÓ SEREM DESCENDENTES DOS
POVOS MAIAS OU INCAS. A CERÂMICA DE SANTARÉM SE DESTACA, EM
ESPECIAL, PELA PRODUÇÃO DECORATIVA DE
VASOS DE GARGALOS E DE CARIÁTIDES, ESTATUETAS E DEMAIS
UTENSÍLIOS REPRODUZIDOS EM FORMAS HUMANAS OU DE ANIMAIS
DA FAUNA AMAZÔNICA.
VOCÊ SABIA?
Sua estética tradicional é basicamente feita sobre os seguintes moldes:
1. Os vasos de gargalo – com predominância de elementos zoomorfos e de
expressões faciais humanas em seus bojos esféricos;
2. Os vasos cariátides – que suportam um prato sobre três figuras
femininas, ainda
na estética zoomorfa, podendo ser também antropomorfas;
3. As estatuetas, ocas ou maciças;
A CERÂMICA TAPAJÔNICA É UMA DAS TRADIÇÕES DA CULTURA AMAZÔNICA
MAIS ANTIGAS
VERÇOSA, Leila. Primeiro Encontro de Ceramistas do Tapajós, O Boto, 29
nov. 2018. Disponível em: <www.o-boto.com/2018/11/29/14-16-dez-primeiro-
encontro-de-ceramistas-do-tapajos/>. Acesso em: 13 maio 2019.
VASOS ZOOMORFOS
VASOS ZOOMORFOS
VASOS CARIÁTIDES
VASOS CARIÁTIDES
A ilha de Marajó, no Pará, é a maior ilha fluvial do
planeta. Passou a ser ocupada, a partir de 1500 a.C., por
povos agrícolas, entre os quais os Aruaque, procedentes
das fronteiras do Brasil com a Venezuela. No período
entre 400 e 1400 d.C., testemunhou-se nessa ilha o
florescimento de uma prós- pera sociedade de
agricultores e de habilidosos ceramistas.
Os povos da Ilha de Marajó construíam suas moradias
em aterros artificiais, que chegavam a 200 metros de
altura, definidos como “tesos”, com o objetivo de
assegurar a proteção contra as constantes cheias dos
rios amazônicos. As escavações arqueológicas realizadas
nesses morros revelaram a existência de aldeias
constituídas de mais de 5 mil pessoas.
OS ARUAQUE E A CULTURA
MARAJOARA (400 A 1400 D.C.)
No período de seu apogeu, chegou a abrigar uma população de 100 mil
habitantes. A produção ceramista dos marajoaras é marcada por peças
decorativas e utilitárias, com traços gráficos simétricos e geométricos, além
do predomínio de cores vermelha e preta sob um fundo branco. As peças
mais elaboradas da arte marajoara eram dedicadas para fins funerários ou
religiosos. Potes, vasos, estatuetas, urnas funerárias estilizadas em
diferentes formas e técnicas, além de animais, como lagartos, serpentes,
escorpiões, tartarugas e jacarés, ou chocalhos, bonecas, tangas e apitos são
exemplos de elementos produzidos por meio da cerâmica marajoara.
OS ARUAQUE E A CULTURA MARAJOARA (400 A 1400 D.C.)
ARTE MARAJOARA
TANGAS DE
CERÂMICA
Pesquisas recentes realizadas no norte do Mato Grosso,
na região cortada pelo rio Xingu, revelam que, no
período entre 1200 e 1600, a região do Alto Xingu foi
ocupada por povos agrícolas que ali se organizaram em
dezenove grandes aldeias, interligadas por meio de
estradas de até 5 km de extensão, que chegavam às
praças centrais das respectivas aldeias. Estima-se que o
total da população era de 3 a 5 mil pessoas, favorecidas
pela qualidade do solo da região, chamado terra preta.
As dezenove aldeias possuíam a mesma estrutura
urbana, apresentando uma praça central, pontes e
represas, protegidas externamente por fossos e
paliçadas.
POVOS AGRÍCOLAS DO ALTO
XINGU (1200 A 1600 D.C.)
ARTE DO POVO
XINGU
ARTE DO POVO DO
XINGU
PARADA OBRIGATÓRIA
O S P O V O S P R É
C A B R A L I N O S
Sexto ano
ZOOM
No Brasil, vivem atualmente cerca de 51 mil Guarani em sete estados
diferentes, tornando-osa etnia indígena mais numerosa do país. Uma
grande parte desse povo vive ainda no Paraguai, na Bolívia e na Argentina.
O povo Guarani, no Brasil, está dividi- do em três grupos: Kaiowá, Ñandeva e
M’byá, dos quais o maior é o Kaiowá, termo que significa “povo da floresta”.
As relações de poder praticadas entre os indígenas do Brasil eram marcadas pelo princípio
de igualdade política entre eles. Com exceção da autoridade exercida pelo cacique e da
autoridade religiosa exercida pelo pajé, não havia entre os membros do grupo uma divisão
social. O cacique não era uma espécie de rei, como os que existiram no Egito ou na
Mesopotâmia. A autoridade desse chefe poderia ser hereditária, mas, em geral, era exercida
pelos membros do grupo que demonstrassem, no cotidiano da aldeia, valores como a
competência militar, o prestígio social, além do carisma pessoal. Ao cacique, palavra de
origem tupi, era atribuído o direito de decretar a paz e a guerra, fiscalizar os bons costumes
do grupo, punir os membros rebeldes e solucionar os diferentes conflitos.
Apesar da inexistência de leis escritas, os povos antigos do Brasil seguiam costumes e
tradições orais baseados nos interesses coletivos e nos benefícios comuns. O pajé, ou xamã,
era respeitado como autoridade religiosa, intermediária entre os membros do grupo e a
vontade divina. Os indígenas acreditavam no poder dos pajés de atrair a chuva e a fartura
na caça e na pesca.
COMO ERA EXERCIDO O PODER ENTRE OS PRIMEIROS POVOADORES DO BRASIL?
Do ponto de vista familiar, entre os antigos povos do Brasil, o casamento de um jovem
guerreiro só poderia se realizar depois da captura de um inimigo ou da caça de um animal
perigoso por esse jovem. Para a festa do casamento, os noivos eram pintados pelos seus
familiares e adornados com penas, sementes e flores. O casamento não era culturalmente
uma instituição estável e duradoura. Assim, o divórcio era natural. Em relação às moradias, as
comunidades eram unidas por meio de laços de parentesco e vivam em aldeias, ou tabas,
constituídas de casas coletivas (ocas), dispostas em forma de círculo ou de ferradura. No
centro da aldeia eram realizadas as festas e cerimônias religiosas. Entre alguns povos, como
os Yanomami, que viviam na fronteira entre o Brasil e a Venezuela, as ocas abrigavam até 50
membros de uma mesma família. Já os Xavante, localizados no leste de Mato Grosso, viviam
em aldeias com forma de ferradura constituídas de vinte a trinta ocas particulares, cada uma
ocupada por um grupo de cinco familiares. As aldeias indígenas eram protegidas
externamente pelas paliçadas.
COMO VIVIAM OS POVOS ANTIGOS DO BRASIL?
A FAMÍLIA E O LAR
As crianças indígenas, também chamadas de curumins,
eram educadas nos hábitos e nos costumes de seu
grupo, tendo como modelo o cotidiano de seus
respectivos pais. Assim, desde cedo meninas e meninos
ajudavam na realização dos afazeres domésticos, na
lavoura, no tear, na caça ou na pesca.
Aos catorze anos de idade, os homens, em geral,
ingressavam na vida adulta participando das atividades
mais importantes do grupo. Eles se casavam a partir dos
vinte anos. As mulheres, por sua vez, já aos catorze anos
de idade eram orientadas para o casamento com os
jovens guerreiros da aldeia.
A EDUCAÇÃO DOS FILHOS
Em relação à vestimenta, os primeiros habitantes do
Brasil valorizavam o uso de adornos naturais,
produzidos por meio de penas ou de pedras. Eles
utilizavam, por exemplo, adornos feitos de penas na
cintura, no tornozelo, no pescoço, na orelha e no nariz.
Os aruaques e os aimorés usavam o botoque ou
tembetá, ornamento circular de pedra ou de madeira
introduzido nas orelhas, nas narinas ou no lábio inferior.
O uso do botoque era um símbolo da masculinidade
dos guerreiros do grupo. Além de ornamentos
plumários, de pedra ou de madeira, o corpo era tingido
com urucum, fruto de onde se obtém a coloração
vermelha, e com jenipapo, fruto de onde se obtém a
coloração escura.
O VESTUÁRIO
Em relação à vestimenta, os primeiros habitantes do
Brasil valorizavam o uso de adornos naturais,
produzidos por meio de penas ou de pedras. Eles
utilizavam, por exemplo, adornos feitos de penas na
cintura, no tornozelo, no pescoço, na orelha e no nariz.
Os aruaques e os aimorés usavam o botoque ou
tembetá, ornamento circular de pedra ou de madeira
introduzido nas orelhas, nas narinas ou no lábio inferior.
O uso do botoque era um símbolo da masculinidade
dos guerreiros do grupo. Além de ornamentos
plumários, de pedra ou de madeira, o corpo era tingido
com urucum, fruto de onde se obtém a coloração
vermelha, e com jenipapo, fruto de onde se obtém a
coloração escura.
O VESTUÁRIO
Entre os povos antigos do Brasil, a produção obtida por meio da lavoura, da caça, da pesca
e da coleta era voltada para a subsistência do grupo. Dessa forma, não havia a preocupação
de gerar excedentes. A terra era um bem explorado de forma coletiva, e a produção
realizada era dividida entre os membros de toda a tribo. As tarefas eram divididas entre
homens e mulheres, cada grupo com suas ocupações definidas. Aos homens cabiam as
preocupações com a guerra, a caça, a pesca, a construção de canoas e a realização das
coivaras, isto é, técnica agrícola de preparação do solo por meio da queimada. Às mulheres,
além da criação dos filhos, eram atribuídas as obrigações do plantio; da cole- ta de frutos e
de raízes; da produção ceramista; da fabricação de redes, cestos e tecidos; além da
produção de alimentos e de bebidas, como a farinha de mandioca e o cauim, bebida pro-
duzida por meio da mandioca.
A ECONOMIA E O TRABALHO ENTRE OS POVOS ANTIGOS DO BRASIL
A R E L I G I Ã O E
A C U L T U R A
E N T R E
O S A N T I G O S
P O V O S D O
B R A S I L
Os indígenas que ocupavam o território brasileiro eram
politeístas e seus deuses personificavam as forças da
natureza. Assim, em alguns grupos, por exemplo, Tupã
era o trovão; Jaci, a Lua; e Iara, as águas. Para esses
povos, os elementos naturais, como os rios, as
montanhas, as plantas ou as árvores, eram portadores
de vida e de espírito. Nas aldeias, cabia ao líder
espiritual, o pajé ou xamã, o comando dos rituais e as
celebra- ções em homenagem às forças da natureza.
A FORÇA DA NATUREZA
Para os Tupi-Guarani, a guerra não era motivada pela
disputa por terras ou pelo saque das riquezas do
inimigo. Ela era percebida culturalmente como a
oportunidade para a demonstração dos atributos
militares dos membros da aldeia – como a coragem, a
valentia, a força e a bravura do seu grupo de guerreiros.
Travadas como um ritual, as guerras também ocorriam
como forma de vingar os parentes mortos em guerras
passadas.
A GUERRA
Os indígenas do Brasil contribuíram intensamente para a
formação da cultura brasileira. Como elementos da
herança indígena, é possível citar a produção de cerâmicas
em algumas regiões do Brasil, uma prática realizada há
tempos no território brasileiro por povos pertencentes à
cultura de Santarém e à Marajoara, além de indígenas do
Alto Xingu. Além da cerâmica, constam a arte plumária, a
pintura corporal e de utensílios domésticos, a produção de
cestas e de instrumentos musicais, como a flauta e os
chocalhos. Do ponto de vista culinário, a mandioca, o
milho, a batata-doce, o feijão e o amendoim, originários da
América, compõem a base alimentar de indígenas e de
muitos brasileiros. Entre os pratos, é comum o consumo,
em certas regiões, por exemplo, do beiju, produzido a partir
da mandioca; da pamonha, a partir do milho; além de
receitas a base de tacacá, de tucupi e de maniçoba. O
hábito de dormir em redes e a higiene corporal também
são heranças indígenas. Por fim, existe a contribuição
indígena na língua portuguesa, com palavras como
“abacaxi”, “canjica”, “pipoca”, “cacau”, “carioca”, “tamanduá”,
“sabiá”, “tucano”, “mirim”, entre outras.
CONTRIBUIÇÕES CULTURAIS
P A S S A R
H T T P S : / / W W W . Y O U T U B E . C O M / W A T
C H ? V = Z O A O I Y 2 F C E Q
P A S S A R
H T T P S : / / W W W . Y O U T U B E . C O M / W A T
C H ? V = - M F 4 I B I E U M A
O P O V OY A N O M A M I
Formada por caçadores, coletores e agricultores de
coivara (itinerantes), a sociedade Yanomami vive nas
duas vertentes da serra Parima, cadeia de montanhas
de 1.700 m de altitude que define a fronteira entre o
Brasil e a Venezuela e é o divisor de águas entre o alto
Orinoco, no sul venezuelano, e a margem esquerda do
rio Negro, no norte do Brasil sobre uma área de 192 mil
km
Segundo uma das hipóteses mais aceitas por
pesquisadores, os Yanomami são descendentes de um
antigo grupo indígena (chamado de “proto-Yanomami”)
instalado há um milênio no entorno da serra, onde as
comunidades se isolaram por um longo período até os
séculos 19 e 20. Parte do grupo se dispersou para as
planícies nesse período por causa de um processo de
crescimento demográfico dos Yanomami, atribuído à
adoção de novos cultivos (como a banana).
O POVO YANOMAMI
Cerca de cinco séculos antes, os Yanomami já haviam iniciado um processo
de diferenciação interna que gerou as atuais línguas do grupo. A família
linguística Yanomami é composta de pelo menos quatro línguas (Yanomae,
Yanõmami, Sanima e Ninam) que se subdividem em diversos dialetos.
Pesquisadores consideram que os Yanomami são muito diferentes, dos
pontos de vista linguístico, genético e antropométrico (ramo da
antropologia que estuda o corpo humano), de seus vizinhos imediatos,
como os Ye'kuana, que também vivem entre o Brasil e a Venezuela.
O POVO YANOMAMI
26.780
 É a quantidade de indígenas Yanomami no Brasil, segundo dados de
2019 da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena); na Venezuela,
eles são pouco mais de 11.300, segundo dados de 2011.
Demarcada em 1992, a terra indígena Yanomami
brasileira ocupa 96.650 km² no extremo norte
do país, ao longo da fronteira venezuelana. Com
uma grande diversidade de ecossistemas, a área
— a maior demarcada no Brasil — é considerada
pela comunidade científica prioritária em
termos de proteção da biodiversidade da
Amazônia.
A palavra Yanomami é uma simplificação do
etnônimo Yañomami, que, seguido do plural
thëpë, significa “seres humanos” em yanomami
ocidental. O termo foi inicialmente adotado na
Venezuela para nomear o conjunto da etnia e
usado no Brasil a partir dos anos 1970.
DEMARCAÇÃO
C O M O A
C O M U N I D A D E S
S E O R G A N I Z A M ?
Cada comunidade yanomami é constituída em geral por um conjunto de parentes
cognáticos (que advêm do mesmo tronco, seja masculino, seja feminino) cujas famílias são
unidas por laços de intercasamento repetidos por duas ou mais gerações, idealmente entre
primos cruzados (filhos da tia paterna ou do tio materno).
Essas famílias vivem juntas em casas comunais em forma de cone ou de cone truncado (caso
dos Yanomami orientais e ocidentais) ou em aldeias compostas de casas retangulares (caso
dos indígenas que vivem nas regiões norte e nordeste do território).
Cada comunidade yanomami é constituída em geral por um conjunto de parentes
cognáticos (que advêm do mesmo tronco, seja masculino, seja feminino) cujas famílias são
unidas por laços de intercasamento repetidos por duas ou mais gerações, idealmente entre
primos cruzados (filhos da tia paterna ou do tio materno).
Essas famílias vivem juntas em casas comunais em forma de cone ou de cone truncado (caso
dos Yanomami orientais e ocidentais) ou em aldeias compostas de casas retangulares (caso
dos indígenas que vivem nas regiões norte e nordeste do território)
COMO VIVEM OS YANOMAMIS
4 A 6 M E S E S 
É Q U A N T O U M Y A N O M A M I
P O D E M P A S S A R A C A M P A D O S
P A R A R E A L I Z A R
A T I V D A D E S E M L O C A I S
A F A S T A D O S D A A L D E I A O U
D E S U A C A S A .
 
Os Yanomami manejam mais de 160 espécies vegetais
silvestres comestíveis, conhecem minuciosamente o
comportamento de mais de 80 animais de caça,
pescam cerca de 50 tipos de peixes, coletam 30
variedades diferentes de mel silvestre, 11 espécies de
cogumelos, dezenas de invertebrados e cultivam mais
de uma centena de alimentos, com destaque para a
banana, a mandioca, a batata-doce, a taioba, o cará, a
cana e o milho”, escreveram o líder indígena Davi
Kopenawa e o pesquisador do Instituto Socioambiental
Estêvão Senra em artigo publicado em 8 de fevereiro no
jornal Folha de S.Paulo.
COMO VIVEM OS YANOMAMIS
Como é comum entre caçadores-coletores e agricultores, os Yanomami gastam em média
menos de quatro horas de trabalho diárias para satisfazer suas necessidades materiais,
enquanto o restante do tempo é dedicado a atividades sociais e de lazer.
Entre as cerimônias típicas do grupo, está a de colheita do fruto da pupunheira e o chamado
reahu (festa de funeral), que celebra a morte de um indivíduo. Segundo disse a antropóloga
Alcida Rita Ramos numa entrevista à Agência Pública em 2022, embora haja pequenas
variações regionais, esses rituais são marcados pela cremação do cadáver e por um grande
evento:
COMO VIVEM OS YANOMAMIS
“Congregando várias comunidades
vizinhas e até mesmo distantes,
anfitriões e convidados
desempenham as diversas fases da
cerimônia que dura mais de uma
semana, incluindo cantos, danças,
sessões xamanísticas e o que
chamamos de diálogos
cerimoniais. No último dia, o mais
solene, os ossos do morto são
pulverizados, adicionados a
mingau de banana e ingeridos
pelos parentes mais próximos”
Alcida Rita Ramos
antropóloga e professora emérita
da UnB (Universidade de Brasília),
em entrevista à Agência Pública
em 2022
O P A P E L D O S
X A M Ã S P A R A O
G R U P O
Grande parte da vida yanomami está ligada aos xamãs.
Líderes espirituais das comunidades, eles fazem a
conexão entre o que os indígenas chamam de mundo
visível e mundo invisível, protegendo seus parentes de
doenças e de outros males com auxílio dos xapiri, as
entidades (espíritos) yanomami.
Esse trabalho também envolve rituais. Para ver e
chamar os xapiri, os xamãs precisam inalar um pó
alucinógeno chamado yãkoana, feito de resina ou
fragmentos secos e pulverizados da casca interior de
uma árvore. A inalação é feita por meio de um tubo de
palmeira: numa das pontas, um xamã sopra o pó; na
outra, outro o inala.
O POVO YANOMAMI
Davi Kopenawa, xamã e principal líder político dos
Yanomami no Brasil, falou sobre o xamanismo em “A
queda do céu: palavras de um xamã yanomami”, livro
que escreveu em coautoria com o antropólogo francês
Bruce Albert. O primeiro xamã foi o filho de Omama,
demiurgo (criador) que, segundo a mitologia yanomami,
deu origem ao povo indígena:
“[Omama] disse a ele [seu filho] estas palavras: ‘Com estes espíritos,
você protegerá os humanos e seus filhos, por mais numerosos que
sejam. Não deixe que os seres maléficos e as onças venham devorá-
los. Impeça as cobras e escorpiões de picá-los. Afaste deles as
fumaças de epidemia xawara. Proteja também a floresta. Não deixe
que se transforme em caos. Impeça as águas dos rios de afundá-la e a
chuva de inundá-la sem trégua. Afaste o tempo encoberto e a
escuridão. Segure o céu, para que não desabe’”
Davi Kopenawa
xamã e líder yanomami, no livro “A queda do céu: palavras de um
xamã yanomami”, escrito em coautoria com Bruce Albert
Kopenawa conta que Omama criou a terra, a floresta, o
vento e os rios. Mais tarde, ele criou os xapiri para que a
humanidade pudesse se vingar das doenças e se
proteger da morte, inventada pouco antes por seu irmão
mau, Yoasi. Segundo os xamãs, os xapiri estão em todos
os lugares, vistos sob a forma de miniaturas
humanoides, vestindo ornamentos brilhantes.
OS XAPIRI
OS XAPIRI
A V I S Ã O S O B R E
A T E R R A E A
F L O R E S T A
Apesar de estar na base da economia yanomami, a
floresta não é para eles um espaço de exploração de
recursos, mas uma entidade viva, que está intimamente
ligada à sua cosmologia. Kopenawa conta em “A queda
do céu” que os espíritos xapiri, por exemplo, colhem
seus cantos a partir de árvores:
“Omama plantou essas árvores de cantos nos confins da floresta,
onde a terra termina, onde estão fincados os pés do céu [...]. É a partir
de lá que elas distribuem sem trégua suas melodiasa todos os xapiri
que correm até elas. São árvores muito grandes, cobertas de
penugem brilhante de uma brancura ofuscante. Seus troncos são
cobertos de lábios que se movem sem parar, uns em cima dos outros”
Davi Kopenawa
xamã e líder yanomami, no livro “A queda do céu: palavras de um
xamã yanomami”, escrito em coautoria com Bruce Albert
Essa floresta é chamada de Hutukara. Segundo a mitologia yanomami,
Omama a criou no “primeiro tempo”, quando havia apenas os yarori
(ancestrais sobrenaturais que hoje são os animais de caça) e uma
floresta frágil. Para criar outra mais sólida, Omama derrubou o céu
sobre a antiga área e a partir dele ergueu a nova terra, onde também
pôs as árvores, as montanhas, os rios e os animais.
“Os Yanomami não existem à toa. Não caíram do céu. Foi Omama que
os criou para viver na floresta”, escreve Kopenawa no livro escrito com
Bruce Albert. “O pensamento deles segue caminhos outros que o da
mercadoria”, diz em outra passagem do texto.
Segundo a narrativa, quando criou a floresta, Omama
escondeu os minérios sob o chão. Para os Yanomami,
eles são as lascas do céu que caiu no primeiro tempo.
“São coisas maléficas e perigosas, impregnadas de
tosses e febres, que só Omama conhecia”, escreve
Kopenawa.
Além de guardar as epidemias (que os Yanomami
chamam de xawara), os metais servem para fincar os
pés do céu no solo, evitando que ele saia do lugar. Sem
as estacas, a terra teria ficado arenosa e quebradiça, e o
céu teria desabado, assim como no princípio.
Esse fenômeno esmagaria os Yanomami se acontecesse,
segundo Kopenawa. “Quando, às vezes, o peito do céu
emite ruídos ameaçadores [como trovões], mulheres e
crianças gemem e choram de medo”, conta em “A
queda do céu”. Para sustentá-lo, as comunidades
recorrem aos xamãs
A COSMOLOGIA YANOMAMI
A V I S Ã O S O B R E
A C H E G A D A D O
G A R I M P O
A floresta está viva. Só vai morrer se os brancos insistirem em
destruí-la. Se conseguirem, os rios vão desaparecer debaixo da terra,
o chão vai se desfazer, as árvores vão murchar e as pedras vão rachar
no calor. A terra ressecada ficará vazia e silenciosa. Os espíritos
xapiri, que descem das montanhas para brincar na floresta em seus
espelhos, fugirão para muito longe. Seus pais, os xamãs, não poderão
mais chamá-los e fazê-los dançar para nos proteger. Não serão
capazes de espantar as fumaças de epidemia que nos devoram. Não
conseguirão mais conter os seres maléficos, que transformarão a
floresta num caos. Então morreremos, um atrás do outro, tanto os
brancos quanto nós. Todos os xamãs vão acabar morrendo. Quando
não houver mais nenhum deles vivo para sustentar o céu, ele vai
desabar. 
Davi Kopenawa
Essa visão de mundo explica em grande parte a
resistência dos Yanomami ao avanço do garimpo em
seu território, que é ilegal. Kopenawa diz que a extração
de recursos promovida pelos brancos (que os indígenas
chama de napë, termo originalmente usado para
“inimigo”) pode destruir a floresta:
“Os brancos não entendem que, ao arrancar minérios da terra, eles
espalham um veneno que invade o mundo e que, desse modo, ele
acabará morrendo”
Davi Kopenawa
xamã e líder yanomami, em entrevista para a BBC Wildlife em 1990
Depois de séculos isolados ou convivendo apenas com outros
grupos indígenas, os Yanomami tiveram os primeiros contatos
com a sociedade nacional (não indígena) a partir de 1910,
quando o Serviço de Proteção ao Índio, órgão do governo federal
anterior à Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), se
instalou na região.
Outros grupos ocuparam a área a partir desse contato. Junto
com os funcionários públicos, adentraram o território
missionários, viajantes e caçadores. Mais tarde, a ditadura militar
(1964-1985) foi à região para construção de obras. O garimpo
chegou depois, entre os anos 1970 e 1980.
Essa ocupação, como se cumprisse a previsão narrada pelos
Yanomami, provocou um choque epidemiológico na terra
indígena, acometida por epidemias como de gripe e malária. O
garimpo também contaminou rios e peixes com mercúrio, o que
provocou insegurança alimentar e mortes por desnutrição e
intoxicação, num cenário parecido com o atual.
A VISÃO SOBRE A
CHEGADA DO GARIMPO
Kopenawa e outros líderes yanomami ganharam projeção internacional
ao decidir denunciar essas invasões. Para eles, é preciso falar com os
brancos sobre os Yanomami, para que entendam a importância da
floresta para os indígenas e para eles próprios, próprios, já que a
destruição ambiental também os afeta.
Kopenawa retornou na época ao tema da queda do céu. Segundo ele,
até hoje os xamãs têm mantido o equilíbrio ecológico, mas, sozinhos,
eles não vão conseguir impedir a destruição das florestas. Governos,
grandes corporações e o “homem da mercadoria” (como os Yanomami
chamam os brancos) precisam fazer o mesmo..
20%
da população Yanomami morreu entre 1987 e 1993 em decorrência do
garimpo ilegal, segundo estimativa da organização Survival
A C R I S E
Y A N O M A M I
No dia 20/1, a agência Sumaúma noticiou que 570 crianças de até cinco anos
morreram de doenças evitáveis, entre 2019 e 2022, na Terra Indígena (TI) Yanomami
(AM-RR). As fotos de crianças e idosos esquálidos, desnutridos, divulgadas na
imprensa e nas redes sociais causaram comoção dentro e fora do Brasil. 
Acompanhado de vários ministros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi a
Roraima avaliar a crise. O governo decretou emergência de saúde na área e
anunciou uma série de medidas, como o envio de equipes médicas à região e a
instalação de um hospital de campanha em Boa Vista.
A repercussão do caso gerou indignação, dúvidas, surpresa, com a impressão de que
o problema veio a público só agora, e, claro, fake news. Logo começaram a circular
notícias falsas para desviar o foco da responsabilidade do ex-presidente Jair
Bolsonaro. Contra fatos e imagens, ele classificou a situação como uma “farsa da
esquerda”. 
PARA ENTENDER A CRISE
A Lei 2.889/1956 diz que o genocídio é caracterizado pela
“intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional,
étnico, racial ou religioso”, por meio de atos como: “matar
membros do grupo; causar lesão grave à integridade física ou
mental de membros do grupo; submeter intencionalmente o
grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a
destruição física total ou parcial; adotar medidas destinadas a
impedir os nascimentos no seio do grupo; efetuar a transferência
forçada de crianças do grupo para outro grupo”. A definição
segue a legislação internacional. 
O QUE ESTÁ ACONTECENDO NA
TERRA INDÍGENA YANOMAMI
PODE SER CONSIDERADO
GENOCÍDIO? 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l2889.htm
Agravadas ao longo dos últimos cinco anos, as razões da
crise são a desestruturação da assistência à saúde indígena e
a invasão garimpeira, responsável por uma série de impactos
sanitários, ambientais, socioculturais e econômicos sobre as
comunidades. 
Não é verdade que a origem da situação seja a suposta
incapacidade produtiva dos indígenas. Ao contrário, com
suas terras e seus recursos naturais preservados, eles
conservam boas condições de vida. 
A tragédia sanitária atinge populações e território brasileiros
e não é provocada pela imigração de indígenas em situação
de vulnerabilidade da Venezuela.
Também não é verdade que a crise Yanomami seja comum a
outras populações indígenas neste momento. Há outras TIs
com problemas parecidos, mas não na mesma escala e pelos
mesmos motivos. 
QUAIS OS MOTIVOS PARA A
CRISE DE SAÚDE NA TERRA
INDÍGENA YANOMAMI? 
O garimpo é o responsável direto por uma série de problemas graves entre os povos originários.
No caso Yanomami, há relação comprovada entre a explosão da atividade e o aumento de casos
de doenças infectocontagiosas, como gripe e pneumonia. 
É inequívoca ainda a associação entre a devastação provocada pela mineração ilegal e a
propagação da malária, facilitada pela multiplicação de invasores e pelas crateras com água
parada, fruto da atividade e propícias à proliferação de mosquitos transmissores da enfermidade. 
Em virtude do contatorazoavelmente recente e do isolamento relativo, os indígenas têm menos
defesas imunológicas para moléstias comuns entre não indígenas.
A ocupação do território, a destruição da floresta, a contaminação dos corpos de água
promovidas pelo garimpo dificultam a manutenção e abertura de roças, a caça, a pesca e a coleta
de frutos, as principais fontes de alimentação das comunidades. 
Uma parte delas também é aliciada. Especialmente vulneráveis a falsas promessas de
prosperidade, jovens recebem armas e comida para trabalhar ou aliar-se aos invasores. Mulheres
são abusadas e exploradas sexualmente. O recrudescimento da violência cria um clima de tensão
permanente. Os moradores ficam sitiados em suas próprias aldeias.
PARA ENTENDER A CRISE
O garimpo é o responsável direto por uma série de problemas graves entre os povos
originários. No caso Yanomami, há relação comprovada entre a explosão da atividade e o
aumento de casos de doenças infectocontagiosas, como gripe e pneumonia. 
É inequívoca ainda a associação entre a devastação provocada pela mineração ilegal e a
propagação da malária, facilitada pela multiplicação de invasores e pelas crateras com
água parada, fruto da atividade e propícias à proliferação de mosquitos transmissores da
enfermidade. 
Em virtude do contato razoavelmente recente e do isolamento relativo, os indígenas têm
menos defesas imunológicas para moléstias comuns entre não indígenas.
A ocupação do território, a destruição da floresta, a contaminação dos corpos de água
promovidas pelo garimpo dificultam a manutenção e abertura de roças, a caça, a pesca
e a coleta de frutos, as principais fontes de alimentação das comunidades. 
Uma parte delas também é aliciada. Especialmente vulneráveis a falsas promessas de
prosperidade, jovens recebem armas e comida para trabalhar ou aliar-se aos invasores.
Mulheres são abusadas e exploradas sexualmente. O recrudescimento da violência cria
um clima de tensão permanente. Os moradores ficam sitiados em suas próprias aldeias. 
QUAL A RELAÇÃO ENTRE O GARIMPO
ILEGAL, A DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS E A
DESNUTRIÇÃO ENTRE OS YANOMAMI?
Conforme dados do Ministério da Saúde obtidos pela agência Sumaúma, 570
crianças de até cinco anos morreram de doenças evitáveis na TI Yanomami, entre
2019 e 2022, um aumento de 29% em relação a 2015-2018. De acordo com o
Ministério dos Povos Indígenas, 99 crianças de um a quatro anos teriam morrido,
só em 2022, por causas como desnutrição, pneumonia e diarreia. 
Cerca de 56% das crianças da área acompanhadas tinham um quadro de
desnutrição aguda (baixo ou baixíssimo peso para a idade) em 2021, segundo
dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) fornecidos à agência
Pública. “O estado nutricional das crianças Yanomami é realmente muito ruim, só
comparável aos dados de crianças da África Subsaariana”, afirmou o médico Paulo
Basta, da Fiocruz à agência. 
Apenas entre 2020 e 2021, a TI Yanomami registrou mais de 40 mil casos de
malária, de acordo com o Sistema de Informações de Vigilância
Epidemiológica (Sivep) do Ministério da Saúde. Isso tudo para uma população
de cerca de 30 mil pessoas
QUAL A EXTENSÃO DA CRISE DE
SAÚDE NA TERRA YANOMAMI?
https://sumauma.com/nao-estamos-conseguindo-contar-os-corpos/
https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2023/01/21/mais-de-500-criancas-morrem-na-ti-yanomami-e-lula-deve-decretar-estado-de-calamidade-publica.ghtml
https://apublica.org/2022/12/criancas-yanomami-morrem-13-vezes-mais-por-causas-evitaveis-do-que-media-nacional/
https://apublica.org/2023/01/so-comparavel-a-africa-subsaariana-um-terco-das-criancas-yanomami-tem-deficit-de-peso/
ARTE DO POVO
XINGU
ARTE DO POVO DO
XINGU
A saúde indígena foi desestruturada pelo governo Bolsonaro, embora sempre tenha apresentado
deficiências. A pandemia de Covid-19 agravou e escancarou a situação. 
No caso Yanomami, a má gestão de recursos e o aparelhamento político, com a nomeação de
pessoas sem conhecimento e experiência para cargos importantes, criaram um quadro de
desorganização, escassez de equipamentos, mão de obra, medicamentos e outros insumos. 
Indígenas e profissionais de saúde relataram o fechamento ou abandono de postos de saúde e a
redução dos atendimentos nos que continuaram funcionando. O problema foi documentado pelo
relatório Yanomami Sob Ataque, publicado pela Hutukara Associação Yanomami e a Associação
Wanasseduume Ye’kwana.
 
Auditorias da própria administração federal confirmaram várias falhas no Distrito Especial de
Saúde Indígena Yanomami (DSEI-Y): desatualização de indicadores de saúde; descumprimento
de jornadas de trabalho e metas de atendimento; entrega de medicamentos com data de
validade próxima do vencimento; transporte por aeronaves sem autorização de voo, entre outros.
Os relatórios foram ignorados pelo governo. 
Em 2022, o Ministério da Saúde deixou faltar cloroquina para atender os casos de malária entre
indígenas da Amazônia. O governo Bolsonaro recomendou o medicamento para tratar da Covid-
19 e chegou a distribui-lo para este fim entre os Yanomami, apesar de a Organização Mundial de
Saúde (OMS) e cientistas rejeitarem esse uso.
O QUE ACONTECEU COM OS SERVIÇOS DE SAÚDE
YANOMAMI NOS ÚLTIMOS ANOS?
https://folhabv.com.br/noticia/CIDADES/Interior/Indigenas-relatam-fechamento-de-polo-base-de-saude-em-comunidade-de-RR/84908
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-64381594
https://socioambiental.medium.com/yanomami-sob-ataque-bd9df62ebd1
https://www.cnnbrasil.com.br/politica/governo-bolsonaro-ignorou-relatorios-sobre-problemas-em-terras-yanomamis-dizem-funcionarios-da-saude/
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/08/indigenas-ficam-sem-cloroquina-para-malaria-apos-saude-desviar-uso-para-covid.shtml
https://www.cnnbrasil.com.br/saude/governo-enviou-cloroquina-a-indigenas-yanomami-para-tratar-covid-19/
Ainda no dia 20, o governo federal decretou Emergência em Saúde Pública de Importância
Nacional na TI Yanomami. Trata-se de uma situação que demanda o emprego urgente de
medidas de prevenção, controle e contenção de riscos, de danos e de agravos à saúde pública,
em situações que podem ser epidemiológicas (surtos e epidemias), de desastres ou de
desassistência à população. Esse último é o caso dos Yanomami.
A gestão federal também anunciou o envio de equipes médicas para prestar assistência
emergencial e fazer um diagnóstico da situação, além da instalação de um hospital de campanha
em Boa Vista e de um Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE), que fará a
coordenação das ações contra a crise e deverá ser gerido pela Sesai. [
Foi criado ainda um Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento à Desassistência
Sanitária das Populações em Território Yanomami, que vai discutir as medidas a serem adotadas,
apoiar a articulação entre poderes e estados e apresentar um plano de ação em 45 dias. Fazem
parte do colegiado os ministérios dos Povos Indígenas, da Saúde, da Defesa, da Justiça, do
Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e da Gestão e Inovação em
Serviços Públicos. 
QUAIS AS MEDIDAS TOMADAS PELO
GOVERNO ATÉ AGORA PARA ENFRENTAR A
CRISE SANITÁRIA NA TI YANOMAMI? 
PARADA OBRIGATÓRIA

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