Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Criminologia | Introdução à criminologia www.cenes.com.br | 1 DISCIPLINA CRIMINOLOGIA CONTEÚDO Introdução a Criminologia: objetivos e métodos Criminologia | Introdução à criminologia www.cenes.com.br | 2 A Faculdade Focus se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua edição (apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo). A instituição, nem os autores, assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoa ou bens, decorrentes do uso da presente obra. É proibida a reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, fotocópia e gravação, sem permissão por escrito do autor e do editor. O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poderá requerer a apreensão dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da indenização cabível (art. 102 da Lei n. 9.610, de 19.02.1998). Atualizações e erratas: este material é disponibilizado na forma como se apresenta na data de publicação. Atualizações são definidas a critério exclusivo da Faculdade Focus, sob análise da direção pedagógica e de revisão técnica, sendo as erratas disponibilizadas na área do aluno do site www.cenes.com.br. É missão desta instituição oferecer ao acadêmico uma obra sem a incidência de erros técnicos ou disparidades de conteúdo. Caso ocorra alguma incorreção, solicitamos que, atenciosamente, colabore enviando críticas e sugestões, por meio do setor de atendimento através do e-mail secretaria@cenes.com.br. © 2021, by Faculdade Focus Rua Maranhão, 924 - Ed. Coliseo - Centro Cascavel - PR, 85801-050 Tel: (45) 3040-1010 www.faculdadefocus.com.br Este documento possui recursos de interatividade através da navegação por marcadores. Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e DESCOMPLICADA pelo conteúdo. http://www.cenes.com.br/ secretaria@cenes.com.br. http://www.faculdadefocus.com.br/ Criminologia | Introdução à criminologia www.cenes.com.br | 3 1 Sumário 1 Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 3 2 Introdução à criminologia ------------------------------------------------------------------------------- 4 3 Conceito: criminologia geral e clínica ---------------------------------------------------------------- 5 4 Objetos de estudo da criminologia moderna ----------------------------------------------------- 10 4.1 Análise do crime -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 11 4.1.1 Conceito de crime por Émile Durkheim ------------------------------------------------------------------------------------- 11 4.1.2 Definição de crime por Raffaele Garofalo ---------------------------------------------------------------------------------- 12 4.1.3 Definição de crime por Anthony Giddens ----------------------------------------------------------------------------------- 13 4.2 Perfil do criminoso ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 13 4.3 Perfil da vítima ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 14 4.4 Controle social ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 15 5 Importância da criminologia na sociedade -------------------------------------------------------- 16 6 A criminologia como ciência e a interdisciplinaridade ----------------------------------------- 17 7 Escolas criminológicas ----------------------------------------------------------------------------------- 20 7.1 Escola clássica ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 21 7.2 Escola positiva ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 23 7.3 Escola intermediária -------------------------------------------------------------------------------------------------- 24 7.4 Escola da nova defesa social ---------------------------------------------------------------------------------------- 25 8 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 26 9 Referência Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------- 27 Criminologia | Introdução à criminologia www.cenes.com.br | 4 2 Introdução à criminologia A política criminal, cuida estrategicamente da abordagem de um crime, com base nas informações fornecidas por outras ciências criminais, sendo a criminologia uma delas. Entretanto, não é simples diminuir a criminalidade fazendo apenas uma simples abordagem do crime, do criminoso, das vítimas, ou do controle social, sem uma sistematização própria. Assim, podemos dizer que a criminologia é, basicamente, uma ciência empírica que atua de forma autônoma, alheia ao direito e a política criminal, pois, o trabalho dos criminólogos servirá de base para estes. Com mais de 1.200 tipos penais em vigentes no Brasil atualmente, é difícil fugir da afirmação criminológica de que todo cidadão comete crimes, vez que boa parte das condutas tipificadas no ordenamento jurídico nacional refletem o comportamento comum do brasileiro, muitas ações estão presentes no cotidiano das pessoas, mas nem todos estão presos. Em 2020 a população carcerária no Brasil era de quase 800 mil pessoas presas, no entanto, um fato interessante é que, basicamente 8 crimes são os únicos responsáveis pela grande maioria das prisões – tráfico de drogas, associação criminosa, roubo, furto, receptação, homicídio, latrocínio e violência doméstica – o restante é considerado simbólico. Além disso, outro ponto que devemos levar em consideração é o perfil da população carcerária brasileira. Pesquisas realizadas em 2016 pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública do Governo Federal apontam que 55% da população carcerária Criminologia | Conceito: criminologia geral e clínica www.cenes.com.br | 5 tem entre 18 e 29 anos e, quando considerado a cor da pele 64% dos presos possuem a pele preta ou parda. Ainda, com relação a escolaridade, 75% da população prisional não chegou nem mesmo ao ensino médio, ao passo que menos de 1% deles possui ensino superior. Assim, diante desses números percebemos que o direito penal acaba se tornando muito incisivo na sociedade, ao contrário das políticas penais que adquirem um caráter unilateral, apenas tipifica as condutas. O resultado desta equação é uma sociedade criminógena, onde várias pessoas cometem crimes, impulsionadas por um direito penal desabonado, que classifica especificamente os criminosos. 3 Conceito: criminologia geral e clínica A origem da palavra criminologia vem do latim “crimino” (crime) e do grego “logos”, (estudo/tratado), ou seja, do ponto de vista etimológico, criminologia significa “estudo do crime”. Sendo definida também de forma parcial, como a ciência que estuda o crime e os criminosos, ou seja, a criminalidade. Entretanto, o estudo da criminologia atualmente está além da análise clássica e simplória realizada nas décadas de 50 e 60, de modo que o foco era apenas a análise do crime e do criminoso. Hoje, além desses elementos, examinamos também as circunstâncias sociais, a vitimologia, o criminoso, o prognóstico delitivo juntamente com outros fatores relevantes. Associando o conceito de criminologia e os objetos da ciência, com a questão funcional e o método adotado para estudá-los. Os três principais nomes clássicos desta ciência são o psiquiatra Cesare Lombroso com a teoria do criminoso nato,o criminologista e político socialista italiano Enrico Ferri com os aspectos sociológicos e o positivismo criminológico, e, por fim o jurista italiano Raffaele Garofalo que estabeleceu alguns princípios ao estudo da criminologia. Em 1883 o francês Paul Topinard, foi o primeiro a utilizar o termo criminologia, mas a palavra foi definitivamente firmada em 1885, com a publicação da obra “Criminologia” Criminologia | Conceito: criminologia geral e clínica www.cenes.com.br | 6 de Garofalo, ganhando então publicidade internacional. Contudo, a doutrina majoritária considera que o nascimento da criminologia científica se deu em 1876, com a publicação da obra “O homem delinquente” de Cesare Lombroso. De acordo com Nestor Sampaio (2020, p. 16) “a criminologia é uma ciência do “ser”, empírica, na medida em que seu objeto (crime, criminoso, vítima e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos valores, como ocorre com o direito, que é uma ciência do “dever-ser”, portanto normativa e valorativa”. No entanto, falar de empirismo é o mesmo que falar de método experimental, ou seja, aquele que evolui a partir da observação do mundo fenomênico. Tanto é assim que, a metodologia empírica poderá ser chamada também de analítica ou indutiva, pois parte de um objeto para chegar a uma constatação. Portanto, o estudo da criminologia não possui aspectos formais, silogísticos ou dedutivos, ou seja, não encontram fundamento no raciocínio lógico, mas sim na análise e experimentação, pois, baseia seus estudos em métodos biológicos e sociológicos. Criminologia | Conceito: criminologia geral e clínica www.cenes.com.br | 7 Assim, podemos definir a criminologia em uma ciência autônoma e empírica, que monta suas análises com base na observação e não na indução. Contudo, embora seja uma ciência empírica que utiliza os métodos experimental, naturalístico e indutivo para estudar o delinquente, isso não se tornou suficiente para determinar as causas da criminalidade, desta forma buscando então auxílio dos métodos estatísticos, históricos, sociológicos e biológicos. Desta forma, dizemos que o estudo da criminologia se trata de uma matéria interdisciplinar, pois dialoga de forma direta com outras ciências, como, por exemplo, a psicologia, a sociologia, a estatística, o direito, a medicina legal e tantas outras. Inclusive, analisando pelo viés da criminologia moderna, o crime não pode ser examinado unicamente sob o aspecto do delinquente, pois, o real motivo vai muito além disso, por isso devem ser considerados os objetos sociológicos, por exemplo, que são capazes de coletar as informações que podem ter influenciado na prática do delito. Ainda, neste sentido, é importante destacar o conceito apresentado por Natacha Alves de Oliveira (2020, p. 17), a qual defende que a criminologia Trata-se de uma ciência empírica, pois se baseia na experiência e na observação da realidade dos fatos, visto que seu objeto de estudo (crime, criminoso, vítima e controle social) se situa no plano da realidade e não no plano dos valores. Neste aspecto, difere do Direito, porquanto é considerada uma ciência do "ser", ao passo que o Direito é uma ciência do "dever ser", com caráter normativo e valorativo (OLIVEIRA, 2020, p. 17). Desta forma, ao contrário das demais matérias relacionadas ao direito, a criminologia No que diz respeito a sua metodologia, a criminologia utiliza o modelo experimental, ou seja, as decisões só são tomadas após um meticuloso processo de observação. Isto é, os criminólogos observam, tomam nota, concluem o raciocínio e, só então, publicam o parecer, transformando o estudo da criminalidade em base teórica, apoiando a reação dos países neste aspecto. Criminologia | Conceito: criminologia geral e clínica www.cenes.com.br | 8 não se inclui em outras ciências, vez que não faz parte da política criminal, do direito penal, e, tampouco, do processo penal. Porém, não é incomum encontrarmos algumas noções criminológicas nessas matérias, ou seja, ela não faz parte de uma ciência em específico, mas sim de todas elas, mesmo que de forma indireta. Assim, podemos citar como exemplos da relação existente entre o direito penal e a criminologia são: DIREITO PENAL O artigo 59 do Código Penal diz respeito a fixação da pena pelo juiz, o qual considerará várias questões, dentre elas a conduta social, a personalidade do agente e o comportamento da vítima. Esse é um exemplo perfeito da influência exercida pela criminalidade no âmbito do direito penal. DIREITO PROCESSUAL PENAL no direito processual penal, podemos destacar a notificação da vítima, com relação ao criminoso. De acordo com o art. 201 do CPP, “sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações”. POLÍTICA CRIMINAL Dentre todas as outras áreas, a criminologia possui uma maior intersecção com a política criminal, visto que é justamente essa ciência que receberá a análise empírica feita pelo criminólogo, ainda que seja apenas através da criação de leis e do aumento de penas. Em tese, a política criminal deveria unir todas essas informações apresentadas, em prol da construção de um sistema normativo coerente. Criminologia | Conceito: criminologia geral e clínica www.cenes.com.br | 9 No mais, é importante ressaltar que, uma parcela da doutrina classifica a ciência da criminologia em diferentes ramos, como, por exemplo, a criminologia aplicada, pedagógica, analítica, organizacional, radical e, até mesmo, cultural, mas aqui vamos tratar especificamente sobre as duas principais classificações, a criminologia geral e a clínica. Conforme falamos, o estudo da criminologia analisa todos os fatores alheios a prática da conduta criminal, desde as implicações psicológicas que possam ter influenciado o criminoso na prática delituosa, até as implicações da conduta no local em que foi praticada. Desta forma, a criminologia geral é a responsável pela sistematização e análise dos dados obtidos através das ciências criminais. Por outro lado, a criminologia clínica é aquela que aplica os conceitos alcançados através da criminologia geral no tratamento dos criminosos, investigando a conduta criminosa, a personalidade do sujeito, os eventuais desdobramentos da prática delituosa, tudo isso com o intuito de prevenir e evitar a reincidência. Criminologia É anterior ao direito penal e a política criminal. É o estudo da criminologia que fornece informações concretas as outras ciências. Política Criminal A política criminal utiliza as informações obtidas através do estudo da criminologia, para criar um sistema normativo coerente. Direito Penal O direito penal é oriundo da política criminal, tem o objetivo de reduzir os indices de criminalidade, tipificando novas condutas e aumentando a punição das já existentes. Criminologia | Objetos de estudo da criminologia moderna www.cenes.com.br | 10 Nas palavras de Nestor Sampaio Penteado (2020, p. 24) “a criminologia geral consiste na sistematização, comparação e classificação dos resultados obtidos no âmbito das ciências criminais acerca do crime, criminoso, vítima, controle social e criminalidade”. Em contrapartida “a criminologia clínica consiste na aplicação dos conhecimentos teóricos da criminologia geral para o tratamento dos criminosos”. 4 Objetos de estudo da criminologia moderna Ao longo do tempo, os objetos de estudo da criminologia passaram por diversas modificações. Inicialmente, com os estudos de Cesare de Beccaria o objeto de estudo da criminologia era apenas o delito, o autor inclusive é famoso por sua obra “Dos Delitos e das Penas”, posteriormente, com o surgimento da Escola Positiva, além do delito,a criminologia passou a estudar também o criminoso, mais adiante, já na década de 50 o comportamento da vítima e os mecanismos de reação social também se tornaram relevantes para o estudo e culminaram nos objetos de estudo da criminologia moderna. Assim, embora a estrutura de criação e funcionamento do estado seja regido pelo Direito, este é regulado pelo estudo da criminologia, sendo ela a base teórica do estado democrático de direito no âmbito da persecução. No entanto, não confunda, Objetos da criminologia moderna Crimes praticados Perfil dos criminosos Perfil das vítimas Controle social Criminologia | Objetos de estudo da criminologia moderna www.cenes.com.br | 11 a criminologia não é uma ciência jurídica, mas sim uma ciência empírica e enfática com um viés normativo. 4.1 Análise do crime Para o estudo da criminologia o crime, também chamado de delito, é um fato social que interfere na organização da sociedade, podendo ser analisado tanto como algo positivo ou negativo, visto que é através dessas condutas que podemos identificar os desvios da sociedade e corrigi-los em seguida. No entanto, é importante lembrar que o conceito de crime utilizado na criminologia não é o mesmo empregado no direito penal, vez que para este último o conceito crime pode ser entendido como uma conduta típica, ilícita e culpável, ou seja, ela se concentra unicamente no comportamento do indivíduo perante a sociedade. Já, para a criminologia o conceito de crime é muito mais abrangente e, deve ser considerado ao mesmo tempo como um fenômeno e um problema social. De acordo com Nestor Sampaio Penteado (2020, p. 18) no que diz respeito ao “delito, a criminologia tem toda uma atividade verificativa, que analisa a conduta antissocial, suas causas geradoras, o efetivo tratamento dado ao delinquente visando sua não reincidência, bem como as falhas de sua profilaxia preventiva”. Em consonância Natacha Alves de Oliveira (2020, p. 42) defende que “sob a perspectiva da criminologia, o crime é um fenômeno humano, social e cultural, pois só existe na sociedade. Não há que se falar em crime na natureza, visto que ela é regida por leis próprias e são os animais seres irracionais”. Desta forma, cabe a sociedade tipificar e penalizar as condutas consideradas criminosas, de acordo com os costumes e valores do seu povo. 4.1.1 Conceito de crime por Émile Durkheim Para o sociólogo Émile Durkheim o crime, em função da complexidade social, é indispensável para a evolução moral do direito e útil para o equilíbrio e Criminologia | Objetos de estudo da criminologia moderna www.cenes.com.br | 12 desenvolvimento sociocultural, sendo também um fator de saúde pública. Em modo geral, social e antropologicamente, o crime é uma ofensa ao fato social, mas de acordo com Durkheim o fato criminoso é um fato comum, inerente a toda estrutura social. Neste sentido, Sérgio Salomão (2020) complementa dizendo que, de acordo com o pensamento de Durkheim o crime só deixa de ser um fato normal e torna-se preocupante quando ultrapassa alguns limites e ao invés de contribuir para o desenvolvimento social, acaba prejudicando a estrutura e gerando um estado de desorganização. Desta forma, a criminologia moderna não se baseia unicamente na convivência de uma sociedade de consenso, mas sim em uma sociedade conflitiva. Ao passo que, é possível definir o crime como um conceito simples e legal, dado o seu nível originário de complexidade, seja pelo desnível social existente na sociedade, pelos problemas psíquicos suportados pelo indivíduo, como traumas, fobias, transtornos de ordem emocional, entre outros fatores. 4.1.2 Definição de crime por Raffaele Garofalo O jurista Raffaele Garofalo, foi o primeiro positivista a propor um conceito para delito considerando as definições pré-penais. Segundo Sérgio Salomão (2020, p. 120) “Rafaele Garofalo (1851-1934) foi o terceiro grande nome do positivismo italiano. Jurista de renome, afirma que o crime sempre está no indivíduo, e que é a revelação de uma natureza degenerada, quaisquer que sejam as causas dessa degeneração, antigas ou recentes”. Para Garofalo, o crime seria uma lesão que prejudica o sentido moral do ser humano, Criminologia | Objetos de estudo da criminologia moderna www.cenes.com.br | 13 aquele ligado aos sentimentos altruístas fundamentais (piedade e probidade) do indivíduo, segundo o padrão médio em que se encontram as raças humanas superiores, cuja medida é necessária para adaptação de indivíduo à sociedade 4.1.3 Definição de crime por Anthony Giddens Por fim, o sociólogo inglês Anthony Giddens ensina que se considera a conduta delinquente pode ser definida como todo comportamento que transgrede ou não está em conformidade com o conjunto de regras aceitas pela sociedade. Nas palavras de Giddens e Sutton (2017, n.p), desvio pode ser definido como não conformidade a um determinado conjunto de normas que são aceitas por um número significativo de pessoas em uma comunidade ou sociedade. A maioria de nós, em algum momento, transgride regras de comportamento globalmente aceitas, ainda que de modo geral sigamos as normas sociais como resultado da socialização na infância (GIDDENS; SUTTON, 2017, n.p). 4.2 Perfil do criminoso A análise do perfil do criminoso é aquela realizada sob o comportamento do delinquente, sobre todos os aspectos que rodeiam o indivíduo e podem justificar a prática da conduta delituosa. No entanto, conforme vimos anteriormente, a análise do perfil do criminoso só foi considerada com o advento do positivismo penal, que deu ênfase a antropologia, sociologia e biologia criminal. Considerando a visão positivista, afirma Sergio Salomão (2020, p. 59) que, Para eles o livre-arbítrio era uma ilusão subjetiva, algo que pertencia à metafísica. O infrator era um prisioneiro de sua própria patologia (determinismo biológico), ou de processos causais alheios (determinismo social). Era ele um escravo de sua carga hereditária: um animal selvagem e perigoso, que tinha uma regressão atávica e que, em muitas oportunidades, havia nascido criminoso (SALOMÃO, 2020, p. 59). Criminologia | Objetos de estudo da criminologia moderna www.cenes.com.br | 14 Assim, de acordo com o pensamento da escola positiva, o delinquente era uma pessoa atávica, acorrentada a suas próprias patologias ou aos processos sociais que foi exposto. Na ótica positivista, a pessoa já nasce com o crime correndo em suas veias, servo de sua carga hereditária. No entanto, aos dias de hoje, essa teoria sustentada pela escola positiva soa estranha aos nossos ouvidos, pois já comprovamos que ninguém nasce totalmente voltado para o crime, independentemente de sua carga genética. Contudo, é válido mencionar que, por mais que as teorias apresentadas pelos positivistas tenham caído em desuso, são muito bem-vindas para o estudo e compreensão do fenômeno criminal. Portanto, assim como ressalta Nestor Sampaio (2020, p. 19) “o estudo atual da criminologia não confere mais a extrema importância dada ao delinquente pela criminologia tradicional, deixando-o em plano secundário de interesse”. 4.3 Perfil da vítima O estudo do perfil da vítima, embora muito importante, foi negligenciado por muito tempo. Esse aspecto só se tornou relevante para o estudo da criminologia na década de 50 e, somente após esse período o papel da vítima tornou-se relevante para o direito penal, no plano normativo. Podemos identificar três períodos que representaram maior relevância para a vítima nos estudos do direito penal e da criminologia: a idade do ouro, representada pelo início da civilização até a o fim da Idade Média; a mitigação do poder da vítima, com a repressão do poder inquisitivo; e, por fim, a revalorização da vítima ocorrida a partir da década de 70 até os dias atuais, quandoa vítima recuperou sua voz e passou a desenvolver um papel ativo nas políticas criminais (PENTEADO FILHO, 2020). Neste sentido, Eduardo Viana (2018, p. 160) afirma que “a recuperação da importância da vítima no fenômeno criminal determina não apenas repercussões no âmbito criminológico, mas também no processo penal e no direito penal material. Inclusive, nos dias de hoje, a vítima possui um papel mais ativo na investigação dos crimes de natureza sexual. Criminologia | Objetos de estudo da criminologia moderna www.cenes.com.br | 15 Assim, após esse período terrível e nebuloso da Segunda Grande Guerra, o papel da vítima foi finalmente consolidado no âmbito da criminologia, das políticas criminais e, até mesmo, no direito penal. Tamanha foi a importância dada a vítima que, pois é justamente neste interregno que surgem os primeiros estudos sobre a matéria de vitimologia, se preocupando em analisar a influência delas na prática criminosa. De acordo com Natacha Alves de Oliveira (2020, p. 45) O movimento vitimológico surgiu no período do pós-guerra, face às atrocidades perpetradas pelos nazistas contra os judeus, com o escopo de defender os vulneráveis que necessitassem de proteção especial, tendo ganho força nas décadas de 70 e 80, com o avanço da psicologia social, que veio a lhe fornecer um referencial teórico de cunho científico. Contudo, é importante mencionar que, o conceito de vítima adotado pela vitimologia é diferente daquele utilizado pelo direito penal. Para este último, chamamos de vítima o sujeito passivo da conduta criminosa, aquele que sofre um prejuízo, que é afetado pela ação delituosa. Em contrapartida, no estudo da vitimologia, entende-se como vítima toda pessoa, seja física ou jurídica, prejudicada pela conduta delitiva. Isto é, o conceito de vítima apresentado no direito penal é mais restrito do que o apresentado na vitimologia (OLIVEIRA, 2020). 4.4 Controle social De acordo com Sérgio Salomão (2020) podemos definir o controle social como sendo um conjunto de mecanismos e sanções sociais, cujo objetivo é submeter o indivíduo aos modelos e parâmetros comunitários, estabelecidos pela sociedade. O processo de controle social poderá ser feito tanto de maneira formal, através das normas e da atuação política do Estado, quanto de maneira informal que é regulada pela sociedade civil, ou seja, pelo meio social em que o indivíduo está inserido, através da escola, trabalho, comunidade, família, entre outros. Criminologia | Importância da criminologia na sociedade www.cenes.com.br | 16 Neste ponto, é válido mencionar que, embora pareça mais atrativo e eficaz a análise feita através do controle social formal, os dois aspectos são complementares e quando utilizados de maneira isolada – o controle social formal sem o informal ou vice-versa – produzem, quando muito, um efeito banal. Na opinião de Eduardo Viana (2018, p. 183) devemos considerar uma “justaposição dos controles, afinal – ao menos no plano das hipóteses – o controle social formal somente entrará em ação quando o informal falhar”. 5 Importância da criminologia na sociedade O estudo da criminologia é a base necessária para construção de um sistema criminal realmente eficaz. A ciência criminológica mede as estatísticas, faz análises sociológicas, psicológicas e criminais, examinando de forma interdisciplinar as diferentes possibilidades apresentadas por todas as áreas estudadas, que, posteriormente, desvendarão as tendências do crime em estudo, buscando uma espécie de harmonização social. Neste sentido, é importante ressaltar o entendimento de Aderlan Crespo (2009, p. 11) quando afirma que, “a harmonização social está relacionada à existência tolerável da violência, seja ela patrimonial ou física. Neste aspecto, cumpre-nos aceitar o fato de que a violência sempre estará presente na sociedade, seja envolvendo a honra, o patrimônio ou a vida de alguém, porém em níveis tão baixos que permitam a sua aceitação”. Controle social formal É aquele realizado através da atual política do Estado, por meio de leis e normas Controle social informal É aquele realizado pela sociedade civil (escola, trabalho, comunidade, família, etc.) Criminologia | A criminologia como ciência e a interdisciplinaridade www.cenes.com.br | 17 Desta forma, ainda que através dos estudos interdisciplinares, a criminologia consiga mapear as áreas de risco, concluindo que alguns cidadãos, expostos a determinadas situações, pratiquem mais crimes do que outros a violência nunca vai deixar de existir, é algo inerente a sociedade. Portanto, a função primordial da criminologia é desenvolver estratégias mais assertivas no combate e na prevenção das práticas delitivas, buscando o aumento da harmonização social. 6 A criminologia como ciência e a interdisciplinaridade A criminologia, é um ramo do conhecimento humano que tem princípios próprios, garantindo à essa ciência, autonomia, o que a faz existir independente de outras. No entanto, ainda que seja uma ciência autônoma, a criminologia se torna muito mais interessante, sobre o ponto de vista de completude de conhecimentos, quando compartilha informações, com outros ramos científicos. Sendo muitas dessas ciências não jurídicas, como por exemplo: a biologia, a sociologia, o direito, a psicologia, a psicologia e, até mesmo, com algumas áreas da estatística. Criminologia | A criminologia como ciência e a interdisciplinaridade www.cenes.com.br | 18 Figura 1 – Interdisciplinaridade da criminologia Fonte: Adaptação de Nestor Sampaio Penteado Filho, 2020. Portanto, considerando que o estudo da criminologia, entende o crime apenas como uma das várias formas de comportamento humano, é certo que sua estruturação dependerá do conhecimento obtido através de outros campos científicos. Assim, a interdisciplinaridade surge como uma necessidade prática, de articulação (evolução) de conhecimentos, de modo que, os fenômenos decorrem exatamente da integração das partes constitutivas de cada ciência, ou seja, da análise biológica, sociológica, psicológica, entre outras. Assim, conforme afirma Aderlan Crespo (2009, p. 3), “se a ciência é o estudo contínuo de um determinado objeto, realizado por métodos próprios destinados à interpretação, podemos dizer, facilmente, que a criminologia é uma ciência. E se o objeto da criminologia é o fato social, juridicamente desvalorado, podemos dizer que se trata de uma ciência social”. Criminologia Biologia criminal Sociologia Criminal Psicologia Criminal Medicina Legal Direito Estatística Criminologia | A criminologia como ciência e a interdisciplinaridade www.cenes.com.br | 19 Figura 2 – Criminologia como uma ciência Fonte: Núcleo Editorial Focus Fazendo um paralelo com a vida cotidiana, podemos exemplificar a situação da interdisciplinaridade da seguinte forma: imagine uma pessoa que tem medo de altura e outra não tem. Nesta hipótese, qual fato distingue as duas pessoas? A psiquê! Assim, é possível que a pessoa que possua o transtorno procure um profissional adequado para tratá-lo. Da mesma forma, ocorre na criminologia, há o indivíduo que furta simplesmente porque pode e aquele que furta para se alimentar e, é através da sociologia que podemos compreender os motivos que levaram o sujeito a agir de determinada forma. Neste sentido, Aderlan Crespo (2009, p. 4) complementa dizendo que “enquanto ciência, a criminologia busca uma aproximação verdadeira com o fato social criminoso, tentando visualizar o máximo de seus elementos integradores, como forma de melhor revelar a respectiva interpretação”. Contudo, é importante ressaltar que, apesar da interdisciplinaridade, alguns doutrinadores defendem que o estudo da criminologia seja também multidisciplinar, o que de fato não ocorre. A ideia de multidisciplinaridaderemete a ideia de várias ciências trabalhando lado a lado fornecendo diferentes perspectivas sobre determinada situação, ou seja, são várias ciências que chegam em conclusões diferentes sobre determinado assunto. Por outro lado, a interdisciplinaridade está associada a análises parciais, que se integram e cooperam entre si, formando uma visão mais profunda daquela fornecida pela Criminologia | Escolas criminológicas www.cenes.com.br | 20 abordagem multidisciplinar. Figura 3 – Diferença entre multidisciplinariedade e interdisciplinaridade Fonte: Núcleo Editorial Focus 7 Escolas criminológicas O estudo da criminologia se intensificou em meados do século XIX, quando surgiram diversas correntes que sistematizaram os princípios e os pensamentos criminológicos da época. A essas diversas correntes deu-se o nome de escolas penais, também chamadas de escolas criminológicas. Assim, podemos dividir as escolas criminológicas em clássica ou retribucionista, positiva, intermediária ou Terza Scuola Italiana e a escola da nova defesa social. É importante lembrar que não existe um consenso sobre as escolas criminológicas e alguns doutrinadores podem relacionar outras correntes, contudo, nesta unidade, vamos falar sobre as que consideramos principais no desenvolvimento da criminologia. Além disso, é válido mencionar que, além da classificação apresentada, uma parcela Criminologia | Escolas criminológicas www.cenes.com.br | 21 da doutrina considera que, em um primeiro momento as escolas criminológicas eram classificas como etiológicas e definicionistas. Assim, até o ano de 1970, as escolas criminológicas eram classificadas como etiológicas, pois tratavam especificamente sobre indivíduo e pretendiam diferenciá-los dos indivíduos comuns. Em seguida, após a década de 70, as escolas definicionistas também ganharam espaço no estudo da criminologia e passaram a rivalizar a postura das escolas etiológicas. As teorias definicionistas tinham o intuito de analisar e compreender as razões pelas quais as pessoas eram taxadas como criminosas – etiquetamento social –, e não as razões que efetivamente motivaram o ato criminoso. Figura 4 – Teorias etiológica e definicionistas Fonte: Núcleo Editorial CENES 7.1 Escola clássica De acordo com Natacha Alves de Oliveira (2020, p. 67) a Escola Clássica, “também chamada de idealista, é “baseada no movimento filosófico iluminista, desenvolveu-se Criminologia | Escolas criminológicas www.cenes.com.br | 22 no século XVIII em contraposição ao antigo regime absolutista, procurando estabelecer limitações ao poder punitivo do Estado, como garantia dos direitos individuais”. Neste sentido, afirma Nestor Sampaio (2020, p. 31) que as ideias iluministas influenciaram também o aristocrata Cesare de Beccaria, especialmente na elaboração da obra intitulada “Dos delitos e das penas (1764)”, que surge com uma proposta de humanização das ciências penais, evidenciando a necessidade de leis mais claras e simples. Ainda, “além de Beccaria, despontam como grandes intelectos dessa corrente Francesco Carrara (dogmática penal) e Giovanni Carmignani”. Os contratualistas clássicos, são técnicos e objetivos, baseiam-se na filosofia jusnaturalista, aceitam o predomínio das normas absolutas e eternas sobre as leis positivas. Assim, os pensadores da escola clássica consideram o crime um fenômeno jurídico e a pena um meio retributivo pela conduta praticada, ou seja, para a escola clássica, a pena é um mal imposto ao indivíduo que merece um castigo por conta do crime praticado de forma voluntária e consciente. Desta forma, podemos elencar como principais características da escola clássica, o seguinte: • De acordo com o pensamento clássico, o crime é considerado uma infração penal e não uma simples ação, o crime trata-se de um ente, um fenômeno jurídico; • A escola clássica defende que, na aplicação da punibilidade deve ser considerado o livre-arbítrio; • Os pensadores clássicos acreditam que, a aplicação da pena deve ser certa e O homem é um ser livre e racional, podendo arcar com as consequências de suas próprias escolhas. Criminologia | Escolas criminológicas www.cenes.com.br | 23 proporcional ao delito praticado, sendo previamente estabelecida em lei. Além disso, na escola clássica, a pena assume uma posição retribucionista e dissuasória, pois, nada mais é do que uma espécie de castigo imposto ao delinquente; • A escola positiva prioriza o método de raciocínio lógico-dedutivo. 7.2 Escola positiva O pensamento positivista surge no início do século XIX na Europa, extremamente influenciada pelos pensamentos desenvolvidos na escola clássica. Os principais nomes da escola positiva foram Cesare Lombroso, Enrico Ferri e Raffaele Garofalo, que dividiram o positivismo em três fases, respectivamente, antropológica (Lombroso), sociológica (Ferri) e jurídica (Garofalo). A escola positivista mantém um pensamento determinista e defensivista, vez que encara o crime como um fenômeno social, e a pena como meio de defesa da sociedade e de recuperação do indivíduo. Isto é, para a escola positiva, o crime é um fenômeno natural, e a pena é um meio de defesa social. Diferentemente da escola clássica, que tinha como fator principal a análise do crime, a escola positiva deixa o delito em segundo plano e passa a se preocupar com o indivíduo em si e com o meio social em que ele está inserido, examinando fatores exógenos (externos) e endógenos (internos) do comportamento, através da sociologia, psicologia, antropologia e, até mesmo, da estatística – interdisciplinaridade –, com o intuído de desvendar os motivos que levaram o delinquente a agir de determinada forma. O delinquente possui uma espécie de “anormalidade”, ainda que temporária, dado que as pessoas consideradas “normais” são aptas a conviver em sociedade. Criminologia | Escolas criminológicas www.cenes.com.br | 24 Além disso, foi na escola positiva que surgem os primeiros estudos a respeito da criminologia científica. Nas palavras de Natacha Alves de Oliveira (2020, p. 70), O positivismo, seguindo método empírico-indutivo, indutivo-experimental ou indutivo- quantitativo (busca-se uma proposição geral pela análise de dados particulares), procurou explicar cientificam ente as causas do delito (fato humano e social) a partir da observação dos fatos e dos dados (mundo sensível, fenomênico) e estabelecer formas de reação em defesa do corpo social. Assim, foram a partir dessas observações interdisciplinares que surgiu a chamada etiologia criminal, também conhecida como criminogênese. A etiologia criminal analisa os mecanismos de natureza biológica, psicológica e social através dos quais se projetam os comportamentos criminosos, veremos melhor adiante. 7.3 Escola intermediária Em meios aos extremos definidos pelas pelos pensadores clássicos e positivistas durante o seu apogeu, surgiram outras posições comuns que divergiam do pensamento implementado pelas escolas antecessoras, são as chamadas teorias ecléticas ou intermediárias. Os juristas da nova era propuseram outras soluções sem romper totalmente com os preceitos fundamentais clássicos e positivistas. Assim, embora acreditassem no princípio da responsabilidade moral, não aceitam que essa responsabilidade se fundamente no livre arbítrio, sendo substituído pelo determinismo psicológico. Uma vertente deste pensamento é representada pela escola “Terza Scuola Italiana” (terceira escola italiana), cujos precursores foram Carnevale, Bernardino Alimena e João Impallomeni. Essa escola confere a pena um caráter aflitivo, priorizando a defesa social, objetivando o controle da criminalidade através de uma reforma social. Criminologia | Escolas criminológicas www.cenes.com.br | 25 No mais, é importante ressaltar que,de acordo com Natacha Alves de Oliveira (2020, p. 79) a terceira escola italiana “embora se reporte a disciplinas não jurídicas, como a Antropologia, Estatística e Psicologia, defende que o Direito Penal não pode ser absorvido pela Sociologia criminal”. Além disso, é através dessa escola que surgem as primeiras discussões entre os sujeitos imputáveis e inimputáveis, pois, considerando o pensamento intermediário, aqueles que não tiverem plena capacidade de discernimento, estarão sujeitos a uma medida de segurança. 7.4 Escola da nova defesa social A ideia de defesa social foi inicialmente cogitada no período do iluminismo, quando os pensadores defendiam o poder da razão. No entanto, foi somente após a II Guerra Mundial que nasce a escola da nova defesa social, também conhecida como escola do Neodefensivismo Social, ela surge como uma forma de contrapor o sistema unicamente retributivo apresentado pela escola clássica. Nas palavras de Natacha Alves de Oliveira (2020, p. 86) a escola da nova defesa social, Rechaçando a concepção de um sistema penal repressivo, alicerça-se na finalidade de proteção da sociedade contra as práticas criminosas, e não na punição do criminoso. Para tanto, defende a adoção de um sistema preventivo e de intervenções (re)educativas, de forma individualizada e humanitária, para fazer com que 0 delinquente assuma sua responsabilidade com a sociedade, de modo a viabilizar seu convívio social (pedagogia da responsabilidade) (OLIVEIRA, 2020, p. 86). Os pensadores da nova defesa social, não buscam a punição do agente criminoso como prioridade, mas sim a proteção da sociedade de ações delituosas. Essa concepção se opõe a ideia de um direito penal repressivo, e defende que ele deve ser substituído por um sistema preventivo. Criminologia | Conclusão www.cenes.com.br | 26 8 Conclusão O estudo da criminologia hoje, além dos aspectos básicos relacionados na antiguidade, como o delito e o delinquente, examina também as circunstâncias sociais, a vitimologia, o criminoso, o prognóstico delitivo e outros fatores relevantes ao estudo criminológico, através de um processo interdisciplinar, valendo-se de outras ciências como a sociologia, filosofia, o direito penal e as políticas criminais para melhor compreender não só o delito praticado, mas o indivíduo e os fatores psicológicos e sociológicos que o rodeiam. Ao longo do tempo, não só o conceito de criminologia foi modificado, mas também os objetos de estudo. Inicialmente a ciência focava apenas na prática do delito em si, mas, posteriormente, com o surgimento da Escola Positiva e seus precursores, principalmente o Marquês de Beccaria, além do delito a criminologia passou a estudar os aspectos inerentes ao criminoso. Em seguida, já na década de 50 o comportamento da vítima e os mecanismos de reação social também se tornaram relevantes para o estudo. Assim, devido à realização de análises mais profundas sobre os aspectos filosóficos, sociais, penais e estatísticos, podemos dizer que, atualmente, a função primordial da criminologia é desenvolver estratégias mais assertivas no combate e na prevenção das práticas delitivas, buscando o aumento da harmonização social, pois, embora de forma reduzida, o índice de violência sempre estará presente na sociedade. Criminologia | Referência Bibliográficas www.cenes.com.br | 27 9 Referência Bibliográficas CRESPO, Aderlan. Curso de criminologia: as relações políticas e jurídicas sobre o crime. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. Depen lança dados do Sisdepen do primeiro semestre de 2020. Departamento Penitenciário Nacional. Disponível em: https://www.gov.br/depen/pt- br/assuntos/noticias/depen-lanca-dados-do-sisdepen-do-primeiro-semestre-de- 2020#:~:text=Depen%20lan%C3%A7a%20dados%20do%20Sisdepen%20do%20prim eiro%20semestre%20de%202020,- Compartilhe%3A&text=O%20n%C3%BAmero%20total%20de%20presos,d%C3%A9fi cit%20de%20vagas%20tamb%C3%A9m%20caiu. Acesso em: 06 mai. 2021. GIDDENS, Anthony; SUTTON, Philip W. Conceitos essenciais da sociologia. 1 ed. São Paulo: Editora Unesp Digital, 2017, edição Kindle, cap. 9. Há 726.712 pessoas presas no Brasil. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Disponível em: https://www.justica.gov.br/news/ha-726-712-pessoas-presas-no- brasil. Acesso em: 06 mai. 2021. OLIVEIRA, Natacha Alves de. Criminologia. 2 ed. sinopses para concursos. Salvador: Editora JusPodivm, 2020. PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. Manual esquemático de criminologia. 10 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 8 ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2020. VIANA, Eduardo. Criminologia. 6 ed. rev., atual. e ampl. Salvador: JusPodivm, 2018. Criminologia | Referência Bibliográficas www.cenes.com.br | 28 1 Sumário 2 Introdução à criminologia 3 Conceito: criminologia geral e clínica 4 Objetos de estudo da criminologia moderna 4.1 Análise do crime 4.1.1 Conceito de crime por Émile Durkheim 4.1.2 Definição de crime por Raffaele Garofalo 4.1.3 Definição de crime por Anthony Giddens 4.2 Perfil do criminoso 4.3 Perfil da vítima 4.4 Controle social 5 Importância da criminologia na sociedade 6 A criminologia como ciência e a interdisciplinaridade 7 Escolas criminológicas 7.1 Escola clássica 7.2 Escola positiva 7.3 Escola intermediária 7.4 Escola da nova defesa social 8 Conclusão 9 Referência Bibliográficas
Compartilhar