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Criminologia | 
Introdução à criminologia 
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DISCIPLINA 
CRIMINOLOGIA 
 
CONTEÚDO 
Introdução a Criminologia: 
objetivos e métodos 
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Introdução à criminologia 
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Criminologia | 
Introdução à criminologia 
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1 Sumário 
1 Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 3 
2 Introdução à criminologia ------------------------------------------------------------------------------- 4 
3 Conceito: criminologia geral e clínica ---------------------------------------------------------------- 5 
4 Objetos de estudo da criminologia moderna ----------------------------------------------------- 10 
4.1 Análise do crime -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 11 
4.1.1 Conceito de crime por Émile Durkheim ------------------------------------------------------------------------------------- 11 
4.1.2 Definição de crime por Raffaele Garofalo ---------------------------------------------------------------------------------- 12 
4.1.3 Definição de crime por Anthony Giddens ----------------------------------------------------------------------------------- 13 
4.2 Perfil do criminoso ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 13 
4.3 Perfil da vítima ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 14 
4.4 Controle social ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 15 
5 Importância da criminologia na sociedade -------------------------------------------------------- 16 
6 A criminologia como ciência e a interdisciplinaridade ----------------------------------------- 17 
7 Escolas criminológicas ----------------------------------------------------------------------------------- 20 
7.1 Escola clássica ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 21 
7.2 Escola positiva ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 23 
7.3 Escola intermediária -------------------------------------------------------------------------------------------------- 24 
7.4 Escola da nova defesa social ---------------------------------------------------------------------------------------- 25 
8 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 26 
9 Referência Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------- 27 
 
 
 
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Introdução à criminologia 
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2 Introdução à criminologia 
A política criminal, cuida estrategicamente da abordagem de um crime, com base nas 
informações fornecidas por outras ciências criminais, sendo a criminologia uma delas. 
Entretanto, não é simples diminuir a criminalidade fazendo apenas uma simples 
abordagem do crime, do criminoso, das vítimas, ou do controle social, sem uma 
sistematização própria. 
 
Assim, podemos dizer que a criminologia é, basicamente, uma ciência empírica que 
atua de forma autônoma, alheia ao direito e a política criminal, pois, o trabalho dos 
criminólogos servirá de base para estes. 
 
 
 
Com mais de 1.200 tipos penais em vigentes no Brasil atualmente, é difícil fugir da 
afirmação criminológica de que todo cidadão comete crimes, vez que boa parte das 
condutas tipificadas no ordenamento jurídico nacional refletem o comportamento 
comum do brasileiro, muitas ações estão presentes no cotidiano das pessoas, mas 
nem todos estão presos. 
 
Em 2020 a população carcerária no Brasil era de quase 800 mil pessoas presas, no 
entanto, um fato interessante é que, basicamente 8 crimes são os únicos responsáveis 
pela grande maioria das prisões – tráfico de drogas, associação criminosa, roubo, 
furto, receptação, homicídio, latrocínio e violência doméstica – o restante é 
considerado simbólico. 
 
Além disso, outro ponto que devemos levar em consideração é o perfil da população 
carcerária brasileira. Pesquisas realizadas em 2016 pelo Ministério da Justiça e 
Segurança Pública do Governo Federal apontam que 55% da população carcerária 
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Conceito: criminologia geral e clínica 
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tem entre 18 e 29 anos e, quando considerado a cor da pele 64% dos presos possuem 
a pele preta ou parda. Ainda, com relação a escolaridade, 75% da população prisional 
não chegou nem mesmo ao ensino médio, ao passo que menos de 1% deles possui 
ensino superior. 
 
Assim, diante desses números percebemos que o direito penal acaba se tornando 
muito incisivo na sociedade, ao contrário das políticas penais que adquirem um 
caráter unilateral, apenas tipifica as condutas. O resultado desta equação é uma 
sociedade criminógena, onde várias pessoas cometem crimes, impulsionadas por um 
direito penal desabonado, que classifica especificamente os criminosos. 
 
3 Conceito: criminologia geral e clínica 
A origem da palavra criminologia vem do latim “crimino” (crime) e do grego “logos”, 
(estudo/tratado), ou seja, do ponto de vista etimológico, criminologia significa “estudo 
do crime”. Sendo definida também de forma parcial, como a ciência que estuda o 
crime e os criminosos, ou seja, a criminalidade. 
 
Entretanto, o estudo da criminologia atualmente está além da análise clássica e 
simplória realizada nas décadas de 50 e 60, de modo que o foco era apenas a análise 
do crime e do criminoso. Hoje, além desses elementos, examinamos também as 
circunstâncias sociais, a vitimologia, o criminoso, o prognóstico delitivo juntamente 
com outros fatores relevantes. Associando o conceito de criminologia e os objetos da 
ciência, com a questão funcional e o método adotado para estudá-los. 
 
Os três principais nomes clássicos desta ciência são o psiquiatra Cesare Lombroso com 
a teoria do criminoso nato,o criminologista e político socialista italiano Enrico Ferri 
com os aspectos sociológicos e o positivismo criminológico, e, por fim o jurista italiano 
Raffaele Garofalo que estabeleceu alguns princípios ao estudo da criminologia. 
 
Em 1883 o francês Paul Topinard, foi o primeiro a utilizar o termo criminologia, mas a 
palavra foi definitivamente firmada em 1885, com a publicação da obra “Criminologia” 
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Conceito: criminologia geral e clínica 
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de Garofalo, ganhando então publicidade internacional. Contudo, a doutrina 
majoritária considera que o nascimento da criminologia científica se deu em 1876, 
com a publicação da obra “O homem delinquente” de Cesare Lombroso. 
 
 
 
De acordo com Nestor Sampaio (2020, p. 16) “a criminologia é uma ciência do “ser”, 
empírica, na medida em que seu objeto (crime, criminoso, vítima e controle social) é 
visível no mundo real e não no mundo dos valores, como ocorre com o direito, que é 
uma ciência do “dever-ser”, portanto normativa e valorativa”. 
 
No entanto, falar de empirismo é o mesmo que falar de método experimental, ou seja, 
aquele que evolui a partir da observação do mundo fenomênico. Tanto é assim que, 
a metodologia empírica poderá ser chamada também de analítica ou indutiva, pois 
parte de um objeto para chegar a uma constatação. Portanto, o estudo da 
criminologia não possui aspectos formais, silogísticos ou dedutivos, ou seja, não 
encontram fundamento no raciocínio lógico, mas sim na análise e experimentação, 
pois, baseia seus estudos em métodos biológicos e sociológicos. 
 
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Conceito: criminologia geral e clínica 
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Assim, podemos definir a criminologia em uma ciência autônoma e empírica, que 
monta suas análises com base na observação e não na indução. Contudo, embora 
seja uma ciência empírica que utiliza os métodos experimental, naturalístico e indutivo 
para estudar o delinquente, isso não se tornou suficiente para determinar as causas 
da criminalidade, desta forma buscando então auxílio dos métodos estatísticos, 
históricos, sociológicos e biológicos. 
 
Desta forma, dizemos que o estudo da criminologia se trata de uma matéria 
interdisciplinar, pois dialoga de forma direta com outras ciências, como, por exemplo, 
a psicologia, a sociologia, a estatística, o direito, a medicina legal e tantas outras. 
Inclusive, analisando pelo viés da criminologia moderna, o crime não pode ser 
examinado unicamente sob o aspecto do delinquente, pois, o real motivo vai muito 
além disso, por isso devem ser considerados os objetos sociológicos, por exemplo, 
que são capazes de coletar as informações que podem ter influenciado na prática do 
delito. 
 
 
 
Ainda, neste sentido, é importante destacar o conceito apresentado por Natacha Alves 
de Oliveira (2020, p. 17), a qual defende que a criminologia 
Trata-se de uma ciência empírica, pois se baseia na experiência e na observação da realidade 
dos fatos, visto que seu objeto de estudo (crime, criminoso, vítima e controle social) se situa 
no plano da realidade e não no plano dos valores. Neste aspecto, difere do Direito, porquanto 
é considerada uma ciência do "ser", ao passo que o Direito é uma ciência do "dever ser", com 
caráter normativo e valorativo (OLIVEIRA, 2020, p. 17). 
 
Desta forma, ao contrário das demais matérias relacionadas ao direito, a criminologia 
No que diz respeito a sua metodologia, a criminologia utiliza o modelo 
experimental, ou seja, as decisões só são tomadas após um meticuloso processo 
de observação. Isto é, os criminólogos observam, tomam nota, concluem o 
raciocínio e, só então, publicam o parecer, transformando o estudo da 
criminalidade em base teórica, apoiando a reação dos países neste aspecto. 
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Conceito: criminologia geral e clínica 
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não se inclui em outras ciências, vez que não faz parte da política criminal, do direito 
penal, e, tampouco, do processo penal. Porém, não é incomum encontrarmos algumas 
noções criminológicas nessas matérias, ou seja, ela não faz parte de uma ciência em 
específico, mas sim de todas elas, mesmo que de forma indireta. Assim, podemos citar 
como exemplos da relação existente entre o direito penal e a criminologia são: 
 
DIREITO PENAL 
O artigo 59 do Código Penal diz respeito a fixação da pena pelo juiz, o qual 
considerará várias questões, dentre elas a conduta social, a personalidade do agente 
e o comportamento da vítima. Esse é um exemplo perfeito da influência exercida 
pela criminalidade no âmbito do direito penal. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
no direito processual penal, podemos destacar a notificação da vítima, com relação 
ao criminoso. De acordo com o art. 201 do CPP, “sempre que possível, o ofendido 
será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou 
presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas 
declarações”. 
 
POLÍTICA CRIMINAL 
Dentre todas as outras áreas, a criminologia possui uma maior intersecção com a 
política criminal, visto que é justamente essa ciência que receberá a análise empírica 
feita pelo criminólogo, ainda que seja apenas através da criação de leis e do 
aumento de penas. Em tese, a política criminal deveria unir todas essas informações 
apresentadas, em prol da construção de um sistema normativo coerente. 
 
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Conceito: criminologia geral e clínica 
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No mais, é importante ressaltar que, uma parcela da doutrina classifica a ciência da 
criminologia em diferentes ramos, como, por exemplo, a criminologia aplicada, 
pedagógica, analítica, organizacional, radical e, até mesmo, cultural, mas aqui vamos 
tratar especificamente sobre as duas principais classificações, a criminologia geral e a 
clínica. 
 
Conforme falamos, o estudo da criminologia analisa todos os fatores alheios a prática 
da conduta criminal, desde as implicações psicológicas que possam ter influenciado o 
criminoso na prática delituosa, até as implicações da conduta no local em que foi 
praticada. 
 
Desta forma, a criminologia geral é a responsável pela sistematização e análise dos 
dados obtidos através das ciências criminais. Por outro lado, a criminologia clínica é 
aquela que aplica os conceitos alcançados através da criminologia geral no tratamento 
dos criminosos, investigando a conduta criminosa, a personalidade do sujeito, os 
eventuais desdobramentos da prática delituosa, tudo isso com o intuito de prevenir e 
evitar a reincidência. 
 
Criminologia
É anterior ao direito penal
e a política criminal. É o
estudo da criminologia
que fornece informações
concretas as outras
ciências.
Política Criminal
A política criminal utiliza
as informações obtidas
através do estudo da
criminologia, para criar um
sistema normativo
coerente.
Direito Penal
O direito penal é oriundo
da política criminal, tem o
objetivo de reduzir os
indices de criminalidade,
tipificando novas condutas
e aumentando a punição
das já existentes.
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Objetos de estudo da criminologia moderna 
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Nas palavras de Nestor Sampaio Penteado (2020, p. 24) “a criminologia geral consiste 
na sistematização, comparação e classificação dos resultados obtidos no âmbito das 
ciências criminais acerca do crime, criminoso, vítima, controle social e criminalidade”. 
Em contrapartida “a criminologia clínica consiste na aplicação dos conhecimentos 
teóricos da criminologia geral para o tratamento dos criminosos”. 
 
4 Objetos de estudo da criminologia moderna 
Ao longo do tempo, os objetos de estudo da criminologia passaram por diversas 
modificações. Inicialmente, com os estudos de Cesare de Beccaria o objeto de estudo 
da criminologia era apenas o delito, o autor inclusive é famoso por sua obra “Dos 
Delitos e das Penas”, posteriormente, com o surgimento da Escola Positiva, além do 
delito,a criminologia passou a estudar também o criminoso, mais adiante, já na 
década de 50 o comportamento da vítima e os mecanismos de reação social também 
se tornaram relevantes para o estudo e culminaram nos objetos de estudo da 
criminologia moderna. 
 
 
 
Assim, embora a estrutura de criação e funcionamento do estado seja regido pelo 
Direito, este é regulado pelo estudo da criminologia, sendo ela a base teórica do 
estado democrático de direito no âmbito da persecução. No entanto, não confunda, 
Objetos da 
criminologia 
moderna
Crimes 
praticados
Perfil dos 
criminosos
Perfil das vítimas
Controle social
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Objetos de estudo da criminologia moderna 
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a criminologia não é uma ciência jurídica, mas sim uma ciência empírica e enfática 
com um viés normativo. 
 
4.1 Análise do crime 
Para o estudo da criminologia o crime, também chamado de delito, é um fato social 
que interfere na organização da sociedade, podendo ser analisado tanto como algo 
positivo ou negativo, visto que é através dessas condutas que podemos identificar os 
desvios da sociedade e corrigi-los em seguida. 
 
No entanto, é importante lembrar que o conceito de crime utilizado na criminologia 
não é o mesmo empregado no direito penal, vez que para este último o conceito 
crime pode ser entendido como uma conduta típica, ilícita e culpável, ou seja, ela se 
concentra unicamente no comportamento do indivíduo perante a sociedade. Já, para 
a criminologia o conceito de crime é muito mais abrangente e, deve ser considerado 
ao mesmo tempo como um fenômeno e um problema social. 
 
De acordo com Nestor Sampaio Penteado (2020, p. 18) no que diz respeito ao “delito, 
a criminologia tem toda uma atividade verificativa, que analisa a conduta antissocial, 
suas causas geradoras, o efetivo tratamento dado ao delinquente visando sua não 
reincidência, bem como as falhas de sua profilaxia preventiva”. 
 
Em consonância Natacha Alves de Oliveira (2020, p. 42) defende que “sob a 
perspectiva da criminologia, o crime é um fenômeno humano, social e cultural, pois 
só existe na sociedade. Não há que se falar em crime na natureza, visto que ela é 
regida por leis próprias e são os animais seres irracionais”. Desta forma, cabe a 
sociedade tipificar e penalizar as condutas consideradas criminosas, de acordo com 
os costumes e valores do seu povo. 
 
4.1.1 Conceito de crime por Émile Durkheim 
Para o sociólogo Émile Durkheim o crime, em função da complexidade social, é 
indispensável para a evolução moral do direito e útil para o equilíbrio e 
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Objetos de estudo da criminologia moderna 
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desenvolvimento sociocultural, sendo também um fator de saúde pública. 
 
 
 
Em modo geral, social e antropologicamente, o crime é uma ofensa ao fato social, mas 
de acordo com Durkheim o fato criminoso é um fato comum, inerente a toda estrutura 
social. Neste sentido, Sérgio Salomão (2020) complementa dizendo que, de acordo 
com o pensamento de Durkheim o crime só deixa de ser um fato normal e torna-se 
preocupante quando ultrapassa alguns limites e ao invés de contribuir para o 
desenvolvimento social, acaba prejudicando a estrutura e gerando um estado de 
desorganização. 
 
Desta forma, a criminologia moderna não se baseia unicamente na convivência de 
uma sociedade de consenso, mas sim em uma sociedade conflitiva. Ao passo que, é 
possível definir o crime como um conceito simples e legal, dado o seu nível originário 
de complexidade, seja pelo desnível social existente na sociedade, pelos problemas 
psíquicos suportados pelo indivíduo, como traumas, fobias, transtornos de ordem 
emocional, entre outros fatores. 
 
4.1.2 Definição de crime por Raffaele Garofalo 
O jurista Raffaele Garofalo, foi o primeiro positivista a propor um conceito para delito 
considerando as definições pré-penais. Segundo Sérgio Salomão (2020, p. 120) 
“Rafaele Garofalo (1851-1934) foi o terceiro grande nome do positivismo italiano. 
Jurista de renome, afirma que o crime sempre está no indivíduo, e que é a revelação 
de uma natureza degenerada, quaisquer que sejam as causas dessa degeneração, 
antigas ou recentes”. 
 
Para Garofalo, o crime seria uma lesão que prejudica o sentido moral do ser humano, 
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Objetos de estudo da criminologia moderna 
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aquele ligado aos sentimentos altruístas fundamentais (piedade e probidade) do 
indivíduo, segundo o padrão médio em que se encontram as raças humanas 
superiores, cuja medida é necessária para adaptação de indivíduo à sociedade 
 
4.1.3 Definição de crime por Anthony Giddens 
Por fim, o sociólogo inglês Anthony Giddens ensina que se considera a conduta 
delinquente pode ser definida como todo comportamento que transgrede ou não 
está em conformidade com o conjunto de regras aceitas pela sociedade. 
 
Nas palavras de Giddens e Sutton (2017, n.p), 
desvio pode ser definido como não conformidade a um determinado conjunto de normas que 
são aceitas por um número significativo de pessoas em uma comunidade ou sociedade. A 
maioria de nós, em algum momento, transgride regras de comportamento globalmente 
aceitas, ainda que de modo geral sigamos as normas sociais como resultado da socialização 
na infância (GIDDENS; SUTTON, 2017, n.p). 
 
4.2 Perfil do criminoso 
A análise do perfil do criminoso é aquela realizada sob o comportamento do 
delinquente, sobre todos os aspectos que rodeiam o indivíduo e podem justificar a 
prática da conduta delituosa. No entanto, conforme vimos anteriormente, a análise do 
perfil do criminoso só foi considerada com o advento do positivismo penal, que deu 
ênfase a antropologia, sociologia e biologia criminal. 
 
Considerando a visão positivista, afirma Sergio Salomão (2020, p. 59) que, 
Para eles o livre-arbítrio era uma ilusão subjetiva, algo que pertencia à metafísica. O infrator 
era um prisioneiro de sua própria patologia (determinismo biológico), ou de processos causais 
alheios (determinismo social). Era ele um escravo de sua carga hereditária: um animal selvagem 
e perigoso, que tinha uma regressão atávica e que, em muitas oportunidades, havia nascido 
criminoso (SALOMÃO, 2020, p. 59). 
 
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Assim, de acordo com o pensamento da escola positiva, o delinquente era uma pessoa 
atávica, acorrentada a suas próprias patologias ou aos processos sociais que foi 
exposto. Na ótica positivista, a pessoa já nasce com o crime correndo em suas veias, 
servo de sua carga hereditária. 
 
No entanto, aos dias de hoje, essa teoria sustentada pela escola positiva soa estranha 
aos nossos ouvidos, pois já comprovamos que ninguém nasce totalmente voltado 
para o crime, independentemente de sua carga genética. Contudo, é válido mencionar 
que, por mais que as teorias apresentadas pelos positivistas tenham caído em desuso, 
são muito bem-vindas para o estudo e compreensão do fenômeno criminal. Portanto, 
assim como ressalta Nestor Sampaio (2020, p. 19) “o estudo atual da criminologia não 
confere mais a extrema importância dada ao delinquente pela criminologia tradicional, 
deixando-o em plano secundário de interesse”. 
 
4.3 Perfil da vítima 
O estudo do perfil da vítima, embora muito importante, foi negligenciado por muito 
tempo. Esse aspecto só se tornou relevante para o estudo da criminologia na década 
de 50 e, somente após esse período o papel da vítima tornou-se relevante para o 
direito penal, no plano normativo. 
 
Podemos identificar três períodos que representaram maior relevância para a vítima 
nos estudos do direito penal e da criminologia: a idade do ouro, representada pelo 
início da civilização até a o fim da Idade Média; a mitigação do poder da vítima, com 
a repressão do poder inquisitivo; e, por fim, a revalorização da vítima ocorrida a partir 
da década de 70 até os dias atuais, quandoa vítima recuperou sua voz e passou a 
desenvolver um papel ativo nas políticas criminais (PENTEADO FILHO, 2020). 
 
Neste sentido, Eduardo Viana (2018, p. 160) afirma que “a recuperação da importância 
da vítima no fenômeno criminal determina não apenas repercussões no âmbito 
criminológico, mas também no processo penal e no direito penal material. Inclusive, 
nos dias de hoje, a vítima possui um papel mais ativo na investigação dos crimes de 
natureza sexual. 
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Objetos de estudo da criminologia moderna 
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Assim, após esse período terrível e nebuloso da Segunda Grande Guerra, o papel da 
vítima foi finalmente consolidado no âmbito da criminologia, das políticas criminais e, 
até mesmo, no direito penal. Tamanha foi a importância dada a vítima que, pois é 
justamente neste interregno que surgem os primeiros estudos sobre a matéria de 
vitimologia, se preocupando em analisar a influência delas na prática criminosa. 
 
De acordo com Natacha Alves de Oliveira (2020, p. 45) 
O movimento vitimológico surgiu no período do pós-guerra, face às atrocidades perpetradas 
pelos nazistas contra os judeus, com o escopo de defender os vulneráveis que necessitassem 
de proteção especial, tendo ganho força nas décadas de 70 e 80, com o avanço da psicologia 
social, que veio a lhe fornecer um referencial teórico de cunho científico. 
 
Contudo, é importante mencionar que, o conceito de vítima adotado pela vitimologia 
é diferente daquele utilizado pelo direito penal. Para este último, chamamos de vítima 
o sujeito passivo da conduta criminosa, aquele que sofre um prejuízo, que é afetado 
pela ação delituosa. Em contrapartida, no estudo da vitimologia, entende-se como 
vítima toda pessoa, seja física ou jurídica, prejudicada pela conduta delitiva. Isto é, o 
conceito de vítima apresentado no direito penal é mais restrito do que o apresentado 
na vitimologia (OLIVEIRA, 2020). 
 
4.4 Controle social 
De acordo com Sérgio Salomão (2020) podemos definir o controle social como sendo 
um conjunto de mecanismos e sanções sociais, cujo objetivo é submeter o indivíduo 
aos modelos e parâmetros comunitários, estabelecidos pela sociedade. O processo de 
controle social poderá ser feito tanto de maneira formal, através das normas e da 
atuação política do Estado, quanto de maneira informal que é regulada pela sociedade 
civil, ou seja, pelo meio social em que o indivíduo está inserido, através da escola, 
trabalho, comunidade, família, entre outros. 
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Importância da criminologia na sociedade 
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Neste ponto, é válido mencionar que, embora pareça mais atrativo e eficaz a análise 
feita através do controle social formal, os dois aspectos são complementares e quando 
utilizados de maneira isolada – o controle social formal sem o informal ou vice-versa 
– produzem, quando muito, um efeito banal. Na opinião de Eduardo Viana (2018, p. 
183) devemos considerar uma “justaposição dos controles, afinal – ao menos no plano 
das hipóteses – o controle social formal somente entrará em ação quando o informal 
falhar”. 
 
5 Importância da criminologia na sociedade 
O estudo da criminologia é a base necessária para construção de um sistema criminal 
realmente eficaz. A ciência criminológica mede as estatísticas, faz análises 
sociológicas, psicológicas e criminais, examinando de forma interdisciplinar as 
diferentes possibilidades apresentadas por todas as áreas estudadas, que, 
posteriormente, desvendarão as tendências do crime em estudo, buscando uma 
espécie de harmonização social. 
 
Neste sentido, é importante ressaltar o entendimento de Aderlan Crespo (2009, p. 11) 
quando afirma que, “a harmonização social está relacionada à existência tolerável da 
violência, seja ela patrimonial ou física. Neste aspecto, cumpre-nos aceitar o fato de 
que a violência sempre estará presente na sociedade, seja envolvendo a honra, o 
patrimônio ou a vida de alguém, porém em níveis tão baixos que permitam a sua 
aceitação”. 
Controle social formal
É aquele realizado através da atual
política do Estado, por meio de leis e
normas
Controle social informal
É aquele realizado pela sociedade
civil (escola, trabalho, comunidade,
família, etc.)
Criminologia | 
A criminologia como ciência e a interdisciplinaridade 
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Desta forma, ainda que através dos estudos interdisciplinares, a criminologia consiga 
mapear as áreas de risco, concluindo que alguns cidadãos, expostos a determinadas 
situações, pratiquem mais crimes do que outros a violência nunca vai deixar de existir, 
é algo inerente a sociedade. Portanto, a função primordial da criminologia é 
desenvolver estratégias mais assertivas no combate e na prevenção das práticas 
delitivas, buscando o aumento da harmonização social. 
 
6 A criminologia como ciência e a interdisciplinaridade 
A criminologia, é um ramo do conhecimento humano que tem princípios próprios, 
garantindo à essa ciência, autonomia, o que a faz existir independente de outras. No 
entanto, ainda que seja uma ciência autônoma, a criminologia se torna muito mais 
interessante, sobre o ponto de vista de completude de conhecimentos, quando 
compartilha informações, com outros ramos científicos. Sendo muitas dessas ciências 
não jurídicas, como por exemplo: a biologia, a sociologia, o direito, a psicologia, a 
psicologia e, até mesmo, com algumas áreas da estatística. 
 
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A criminologia como ciência e a interdisciplinaridade 
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Figura 1 – Interdisciplinaridade da criminologia 
Fonte: Adaptação de Nestor Sampaio Penteado Filho, 2020. 
 
Portanto, considerando que o estudo da criminologia, entende o crime apenas como 
uma das várias formas de comportamento humano, é certo que sua estruturação 
dependerá do conhecimento obtido através de outros campos científicos. Assim, a 
interdisciplinaridade surge como uma necessidade prática, de articulação (evolução) 
de conhecimentos, de modo que, os fenômenos decorrem exatamente da integração 
das partes constitutivas de cada ciência, ou seja, da análise biológica, sociológica, 
psicológica, entre outras. 
 
Assim, conforme afirma Aderlan Crespo (2009, p. 3), “se a ciência é o estudo contínuo 
de um determinado objeto, realizado por métodos próprios destinados à 
interpretação, podemos dizer, facilmente, que a criminologia é uma ciência. E se o 
objeto da criminologia é o fato social, juridicamente desvalorado, podemos dizer que 
se trata de uma ciência social”. 
 
Criminologia
Biologia 
criminal
Sociologia 
Criminal
Psicologia 
Criminal
Medicina 
Legal
Direito
Estatística
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A criminologia como ciência e a interdisciplinaridade 
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Figura 2 – Criminologia como uma ciência 
Fonte: Núcleo Editorial Focus 
 
Fazendo um paralelo com a vida cotidiana, podemos exemplificar a situação da 
interdisciplinaridade da seguinte forma: imagine uma pessoa que tem medo de altura 
e outra não tem. Nesta hipótese, qual fato distingue as duas pessoas? A psiquê! Assim, 
é possível que a pessoa que possua o transtorno procure um profissional adequado 
para tratá-lo. Da mesma forma, ocorre na criminologia, há o indivíduo que furta 
simplesmente porque pode e aquele que furta para se alimentar e, é através da 
sociologia que podemos compreender os motivos que levaram o sujeito a agir de 
determinada forma. 
 
Neste sentido, Aderlan Crespo (2009, p. 4) complementa dizendo que “enquanto 
ciência, a criminologia busca uma aproximação verdadeira com o fato social 
criminoso, tentando visualizar o máximo de seus elementos integradores, como forma 
de melhor revelar a respectiva interpretação”. Contudo, é importante ressaltar que, 
apesar da interdisciplinaridade, alguns doutrinadores defendem que o estudo da 
criminologia seja também multidisciplinar, o que de fato não ocorre. 
 
A ideia de multidisciplinaridaderemete a ideia de várias ciências trabalhando lado a 
lado fornecendo diferentes perspectivas sobre determinada situação, ou seja, são 
várias ciências que chegam em conclusões diferentes sobre determinado assunto. Por 
outro lado, a interdisciplinaridade está associada a análises parciais, que se integram 
e cooperam entre si, formando uma visão mais profunda daquela fornecida pela 
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Escolas criminológicas 
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abordagem multidisciplinar. 
 
 
Figura 3 – Diferença entre multidisciplinariedade e interdisciplinaridade 
Fonte: Núcleo Editorial Focus 
 
7 Escolas criminológicas 
O estudo da criminologia se intensificou em meados do século XIX, quando surgiram 
diversas correntes que sistematizaram os princípios e os pensamentos criminológicos 
da época. A essas diversas correntes deu-se o nome de escolas penais, também 
chamadas de escolas criminológicas. 
 
Assim, podemos dividir as escolas criminológicas em clássica ou retribucionista, 
positiva, intermediária ou Terza Scuola Italiana e a escola da nova defesa social. É 
importante lembrar que não existe um consenso sobre as escolas criminológicas e 
alguns doutrinadores podem relacionar outras correntes, contudo, nesta unidade, 
vamos falar sobre as que consideramos principais no desenvolvimento da 
criminologia. 
 
Além disso, é válido mencionar que, além da classificação apresentada, uma parcela 
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da doutrina considera que, em um primeiro momento as escolas criminológicas eram 
classificas como etiológicas e definicionistas. Assim, até o ano de 1970, as escolas 
criminológicas eram classificadas como etiológicas, pois tratavam especificamente 
sobre indivíduo e pretendiam diferenciá-los dos indivíduos comuns. 
 
Em seguida, após a década de 70, as escolas definicionistas também ganharam espaço 
no estudo da criminologia e passaram a rivalizar a postura das escolas etiológicas. As 
teorias definicionistas tinham o intuito de analisar e compreender as razões pelas 
quais as pessoas eram taxadas como criminosas – etiquetamento social –, e não as 
razões que efetivamente motivaram o ato criminoso. 
 
 
Figura 4 – Teorias etiológica e definicionistas 
Fonte: Núcleo Editorial CENES 
 
7.1 Escola clássica 
De acordo com Natacha Alves de Oliveira (2020, p. 67) a Escola Clássica, “também 
chamada de idealista, é “baseada no movimento filosófico iluminista, desenvolveu-se 
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no século XVIII em contraposição ao antigo regime absolutista, procurando 
estabelecer limitações ao poder punitivo do Estado, como garantia dos direitos 
individuais”. 
 
Neste sentido, afirma Nestor Sampaio (2020, p. 31) que as ideias iluministas 
influenciaram também o aristocrata Cesare de Beccaria, especialmente na elaboração 
da obra intitulada “Dos delitos e das penas (1764)”, que surge com uma proposta de 
humanização das ciências penais, evidenciando a necessidade de leis mais claras e 
simples. Ainda, “além de Beccaria, despontam como grandes intelectos dessa corrente 
Francesco Carrara (dogmática penal) e Giovanni Carmignani”. 
 
Os contratualistas clássicos, são técnicos e objetivos, baseiam-se na filosofia 
jusnaturalista, aceitam o predomínio das normas absolutas e eternas sobre as leis 
positivas. Assim, os pensadores da escola clássica consideram o crime um fenômeno 
jurídico e a pena um meio retributivo pela conduta praticada, ou seja, para a escola 
clássica, a pena é um mal imposto ao indivíduo que merece um castigo por conta do 
crime praticado de forma voluntária e consciente. 
 
 
 
Desta forma, podemos elencar como principais características da escola clássica, o 
seguinte: 
• De acordo com o pensamento clássico, o crime é considerado uma infração 
penal e não uma simples ação, o crime trata-se de um ente, um fenômeno 
jurídico; 
• A escola clássica defende que, na aplicação da punibilidade deve ser 
considerado o livre-arbítrio; 
• Os pensadores clássicos acreditam que, a aplicação da pena deve ser certa e 
O homem é um ser livre e racional, podendo arcar com as consequências de suas 
próprias escolhas. 
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proporcional ao delito praticado, sendo previamente estabelecida em lei. Além 
disso, na escola clássica, a pena assume uma posição retribucionista e 
dissuasória, pois, nada mais é do que uma espécie de castigo imposto ao 
delinquente; 
• A escola positiva prioriza o método de raciocínio lógico-dedutivo. 
 
7.2 Escola positiva 
O pensamento positivista surge no início do século XIX na Europa, extremamente 
influenciada pelos pensamentos desenvolvidos na escola clássica. Os principais nomes 
da escola positiva foram Cesare Lombroso, Enrico Ferri e Raffaele Garofalo, que 
dividiram o positivismo em três fases, respectivamente, antropológica (Lombroso), 
sociológica (Ferri) e jurídica (Garofalo). 
 
A escola positivista mantém um pensamento determinista e defensivista, vez que 
encara o crime como um fenômeno social, e a pena como meio de defesa da 
sociedade e de recuperação do indivíduo. Isto é, para a escola positiva, o crime é um 
fenômeno natural, e a pena é um meio de defesa social. 
 
Diferentemente da escola clássica, que tinha como fator principal a análise do crime, 
a escola positiva deixa o delito em segundo plano e passa a se preocupar com o 
indivíduo em si e com o meio social em que ele está inserido, examinando fatores 
exógenos (externos) e endógenos (internos) do comportamento, através da 
sociologia, psicologia, antropologia e, até mesmo, da estatística – interdisciplinaridade 
–, com o intuído de desvendar os motivos que levaram o delinquente a agir de 
determinada forma. 
 
 
 
O delinquente possui uma espécie de “anormalidade”, ainda que temporária, 
dado que as pessoas consideradas “normais” são aptas a conviver em sociedade. 
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Além disso, foi na escola positiva que surgem os primeiros estudos a respeito da 
criminologia científica. Nas palavras de Natacha Alves de Oliveira (2020, p. 70), 
O positivismo, seguindo método empírico-indutivo, indutivo-experimental ou indutivo-
quantitativo (busca-se uma proposição geral pela análise de dados particulares), procurou 
explicar cientificam ente as causas do delito (fato humano e social) a partir da observação dos 
fatos e dos dados (mundo sensível, fenomênico) e estabelecer formas de reação em defesa do 
corpo social. 
 
Assim, foram a partir dessas observações interdisciplinares que surgiu a chamada 
etiologia criminal, também conhecida como criminogênese. A etiologia criminal 
analisa os mecanismos de natureza biológica, psicológica e social através dos quais se 
projetam os comportamentos criminosos, veremos melhor adiante. 
 
7.3 Escola intermediária 
Em meios aos extremos definidos pelas pelos pensadores clássicos e positivistas 
durante o seu apogeu, surgiram outras posições comuns que divergiam do 
pensamento implementado pelas escolas antecessoras, são as chamadas teorias 
ecléticas ou intermediárias. 
 
Os juristas da nova era propuseram outras soluções sem romper totalmente com os 
preceitos fundamentais clássicos e positivistas. Assim, embora acreditassem no 
princípio da responsabilidade moral, não aceitam que essa responsabilidade se 
fundamente no livre arbítrio, sendo substituído pelo determinismo psicológico. 
 
Uma vertente deste pensamento é representada pela escola “Terza Scuola Italiana” 
(terceira escola italiana), cujos precursores foram Carnevale, Bernardino Alimena e 
João Impallomeni. Essa escola confere a pena um caráter aflitivo, priorizando a defesa 
social, objetivando o controle da criminalidade através de uma reforma social. 
 
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No mais, é importante ressaltar que,de acordo com Natacha Alves de Oliveira (2020, 
p. 79) a terceira escola italiana “embora se reporte a disciplinas não jurídicas, como a 
Antropologia, Estatística e Psicologia, defende que o Direito Penal não pode ser 
absorvido pela Sociologia criminal”. Além disso, é através dessa escola que surgem as 
primeiras discussões entre os sujeitos imputáveis e inimputáveis, pois, considerando 
o pensamento intermediário, aqueles que não tiverem plena capacidade de 
discernimento, estarão sujeitos a uma medida de segurança. 
 
7.4 Escola da nova defesa social 
A ideia de defesa social foi inicialmente cogitada no período do iluminismo, quando 
os pensadores defendiam o poder da razão. No entanto, foi somente após a II Guerra 
Mundial que nasce a escola da nova defesa social, também conhecida como escola do 
Neodefensivismo Social, ela surge como uma forma de contrapor o sistema 
unicamente retributivo apresentado pela escola clássica. 
 
Nas palavras de Natacha Alves de Oliveira (2020, p. 86) a escola da nova defesa social, 
Rechaçando a concepção de um sistema penal repressivo, alicerça-se na finalidade de proteção 
da sociedade contra as práticas criminosas, e não na punição do criminoso. Para tanto, defende 
a adoção de um sistema preventivo e de intervenções (re)educativas, de forma individualizada 
e humanitária, para fazer com que 0 delinquente assuma sua responsabilidade com a 
sociedade, de modo a viabilizar seu convívio social (pedagogia da responsabilidade) (OLIVEIRA, 
2020, p. 86). 
 
Os pensadores da nova defesa social, não buscam a punição do agente criminoso 
como prioridade, mas sim a proteção da sociedade de ações delituosas. Essa 
concepção se opõe a ideia de um direito penal repressivo, e defende que ele deve ser 
substituído por um sistema preventivo. 
 
Criminologia | 
Conclusão 
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8 Conclusão 
O estudo da criminologia hoje, além dos aspectos básicos relacionados na 
antiguidade, como o delito e o delinquente, examina também as circunstâncias sociais, 
a vitimologia, o criminoso, o prognóstico delitivo e outros fatores relevantes ao estudo 
criminológico, através de um processo interdisciplinar, valendo-se de outras ciências 
como a sociologia, filosofia, o direito penal e as políticas criminais para melhor 
compreender não só o delito praticado, mas o indivíduo e os fatores psicológicos e 
sociológicos que o rodeiam. 
 
Ao longo do tempo, não só o conceito de criminologia foi modificado, mas também 
os objetos de estudo. Inicialmente a ciência focava apenas na prática do delito em si, 
mas, posteriormente, com o surgimento da Escola Positiva e seus precursores, 
principalmente o Marquês de Beccaria, além do delito a criminologia passou a estudar 
os aspectos inerentes ao criminoso. Em seguida, já na década de 50 o comportamento 
da vítima e os mecanismos de reação social também se tornaram relevantes para o 
estudo. 
 
Assim, devido à realização de análises mais profundas sobre os aspectos filosóficos, 
sociais, penais e estatísticos, podemos dizer que, atualmente, a função primordial da 
criminologia é desenvolver estratégias mais assertivas no combate e na prevenção das 
práticas delitivas, buscando o aumento da harmonização social, pois, embora de 
forma reduzida, o índice de violência sempre estará presente na sociedade. 
 
 
Criminologia | 
Referência Bibliográficas 
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9 Referência Bibliográficas 
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2020#:~:text=Depen%20lan%C3%A7a%20dados%20do%20Sisdepen%20do%20prim
eiro%20semestre%20de%202020,-
Compartilhe%3A&text=O%20n%C3%BAmero%20total%20de%20presos,d%C3%A9fi
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GIDDENS, Anthony; SUTTON, Philip W. Conceitos essenciais da sociologia. 1 ed. São 
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Há 726.712 pessoas presas no Brasil. Ministério da Justiça e Segurança Pública. 
Disponível em: https://www.justica.gov.br/news/ha-726-712-pessoas-presas-no-
brasil. Acesso em: 06 mai. 2021. 
OLIVEIRA, Natacha Alves de. Criminologia. 2 ed. sinopses para concursos. Salvador: 
Editora JusPodivm, 2020. 
PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. Manual esquemático de criminologia. 10 ed. 
São Paulo: Saraiva Educação, 2020. 
SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 8 ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: 
Thomson Reuters Brasil, 2020. 
VIANA, Eduardo. Criminologia. 6 ed. rev., atual. e ampl. Salvador: JusPodivm, 2018. 
 
Criminologia | 
Referência Bibliográficas 
www.cenes.com.br | 28 
 
 
 
	1 Sumário
	2 Introdução à criminologia
	3 Conceito: criminologia geral e clínica
	4 Objetos de estudo da criminologia moderna
	4.1 Análise do crime
	4.1.1 Conceito de crime por Émile Durkheim
	4.1.2 Definição de crime por Raffaele Garofalo
	4.1.3 Definição de crime por Anthony Giddens
	4.2 Perfil do criminoso
	4.3 Perfil da vítima
	4.4 Controle social
	5 Importância da criminologia na sociedade
	6 A criminologia como ciência e a interdisciplinaridade
	7 Escolas criminológicas
	7.1 Escola clássica
	7.2 Escola positiva
	7.3 Escola intermediária
	7.4 Escola da nova defesa social
	8 Conclusão
	9 Referência Bibliográficas

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