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FXT F I L A C R OSS T RAI N I NG ENERGIZED FULL ゥゥゥnセ@ Exclusiva fórmula que garante maior amortecimento e resposta. Oi•rxmlvol em ' l'l'n1Nl$1 ... NETSHOES セ@ flllCOõ.FORmA #FilaFXT セ@ @filabr 11 lfila.br fila.com.br PRIMEIRA PÁGINA -+ DA MESA DO EDITOR A crise de confiança APRENDI UMA COISA lendo a reportagem de capa desta edição: o cachorro é uma das únicas espécies que nos olham nos olhos. Foi a evolução que ensinou esse truque a eles. Afinal, o Canis familiaris especializou-se em agradar humanos para ganhar seu sustento. Cães são primos dos lobos que se diferenciaram porque aprenderam a ganhar nossa confiança. E, ao longo dos milênios, eles entenderam que o caminho para a confian- ça humana é olhar fundo nos olhos de uma pessoa. Boa sacada dos nossos amigos caninos. Afinal, confiança é a coisa mais valiosa que existe. Duvida? Então imagine que você quer comprar um carro usado e tem duas opções de vendedor: um no qual você confia cegamente e outro que é um canalha notório. Quanto a mais você toparia pagar pelo carro do dono em quem você confia? Esse é um exemplo banal. FotoDulla O valor da confiança se manifesta de formas muito mais profundas. O próprio dinheiro no seu bolso só vale alguma coisa porque você confia - você acredita no Banco Central que o emitiu, e que as outras pessoas vão acreditar também quando che- gar sua hora de passar a nota para a frente. Se essa confiança sumir, aquela nota de R$ 100 vira só um pedaço de papel. Em grande medida, a enorme crise da nossa civilização, que é especialmen- te séria no Brasil, é uma crise de confiança. O país ficou mais pobre nos últimos anos, em parte, porque deixamos de acreditar nele. E deixamos de acreditar porque perdemos a confiança uns nos outros. A premissa é que não dá para confiar em ninguém - e acaba- mos entregando poder em mãos indignas de confiança. Fico imaginando o quanto essa crise generalizada se deve ao fato de vivermos numa sociedade na qual ficou raro nos olharmos nos olhos. De trás dos nossos vidros fumê, de nossas redes sociais, de nossas estratégias de marketing, ficou difícil encontrar o olhar do outro. E, como bem sabem os cachorros, sem isso, nada acontece. Denis Russo Burgierman DIR ETOR DE REDAÇÃO DENIS. BU RG IE RMANOABRI l .CO Jr.I. BR EDITORA. Abril \'!CTOlt Cl \'rJA ROBERTO avrrA J!9C7-!990, (IU6-2f.113) Conse!ho Editorial: Vktor Civila Neto (Presidente), Thomaz Souto Corrta (Vlce-Pmidentc), a ャ ・セセセZイャ[セセセ} ᄋ ッセセセセ[ P a、Gオ¬コセセイ。 L@ セャ、・ ョエ ゥ・@ do Grupo Abril : Wali cr Longo DiMtordeOperac6ei: Fábio Pl'lrOS!il Gal lo Dlr• torc;.ral d• PubllcldMk:: Rogério Gabriel Comprido Dlr•torcff Pl.ln-Jam1nto, Control• • oーNQセ Z@ Edilson Soares d ゥイ・ エセLZZ[[セセᄚZAZセZセ←G。Q、ウ a ウGAセ ゥセZOセZャャャGゥ イ。@ Dl11tord• V1ndlls SMraAud!tnda: Oi mas セゥ」エャ ッ@ Olrltor.11 Editorial Abril: A ltnandra Zapparoli Dlrl tor Editorial - EstAo de Vida: Strgio G.,,'fmn:m dwMセ@ セ。ャッ Z@ oイ。 ャセ@ セャャオイァャエエイ。ョ@ Diretor 、・セ Z@ Fabricio.\l ir;anda lt•dtilor-chef•: Akundrc | G」ャゥゥセhゥ@ Editurn : lkuao Gau!torâ, Can>I Cawro. Karin 11\X'd. Tilj!CI jokon. O.sigMl'll : Brun;a L0N. セエャ@ Prno.1. l nar.11 f'icpk lャ セョイN@ セ ャエ・ーョAイ・ ZセgャGイュZゥQ^QQNpNゥュイゥャcNNエャッョ イゥセセ ZャNFQャセャ@ Vide<>: Tbai1 Zlmnw:r M1rtiM Eoug!i ri<K ' Ana c Q イッセョ@ LN:wianli. Jltlll IYA ..... l..cooartlo Ram'"' Sanlol. Sophia Fmwdcc "odulor Graiu>: Andmen C.S. セ@ Fõlria c」ャQ「ッ イ セッ Z@ Aklr.1nd1t Cunlb• (1t•·i1io) lilrl AdtodalO (a<tc) Atendiml'flto ;oo lteitnr. Sa••r.i lhdk h Pool Admini'I U.Mivo: Clisl.iat Prrl'irJ (rnordrr1.a.,kxa) GK9M• d• nセ ャッウ@ Diçit1i1: Mui:anlll" Nts• ib1la G-MH da Procluto: F'm10 MGrtooc R.U• GomtidtApiarAnafai.o.d..l'rodulo: Eb.;.,,Cri$1.iaaclolSanl°"' t l tooa11 Brt hlrOO o..;,g,..ro;: dセョゥォ^@ bョセN@ ju li:ana セャッエエゥイ。N@ Simo111: Yalflôl.mOIO aョゥャョ。aッ Zfエャ ゥーイャG「ゥイッ\ゥゥ dエセ・\ョ\イN aゥキャュ。Nr・ョN。 ャo ャGキゥNc。ィf、ゥNNd」ョゥ[[@ V R!DiO.EUnlollo.p:s FnCTO. Eho.i PrHt eセゥmゥュ Z@ D41it:l llo t Viaic:i.sAnuda www.1uper1ntorHut1t1.<0m.bf VENDAS DE l"lJIUODADE A1d1ca v」ゥNセQ@ llll l. Ala Sk wci11 t l1\trn1do1il t 11..,iOHI). An.:i Pnl1 .\tott..i (l l od1. Ottoia(àci tÜlrKl rll(àol. C.+Jiano Ptrt1H 1Fi1U1nttirl),Daniftr.Stnlhn/f ttnologia.Tdrnoa.l:dur:içã•a!W11í<k).Stl..aSoul• 1llrH dt(on111sw> •. Wlllia,. lllRapi.n {Tr:lnipo<lt, セャッィゥャk「、 N@ ÚllrtlMll.,tnl11 t T•litllHI) Allll L BltANDED COMUNT Edwa"I Pimu!a VENDA5 PAll:A AUDllN CIA Adaillo. G••Hdol> (PnKH•DS). Char A! .. rida {Clr r•l ôl(.lio Eu,.tl Fc111Jai1u1. D11itl1 V1d1 (SAC}. faro FITi lH !Clrru liÇ&o ' 't\llblilo dt Vicia). L.rl Sill'I (\'cndu セィイエN」エ ゥ @ DirttOI . Marco fu lio AralH: (Ejl údla de cイィセIN@ セャ。Aj@ Vntal{Vrod;oçCarporair.-a.11. r「ッゥイゥコPcセQオeャゥNャHエᄋ「オセ ョ BBウQN@ W>koa jセョッッ イ@ f1Jm1h$ セャエI@ marャャZョ ャ ngm ョイゥ、 。 pGゥャョヲャゥッHセゥ。ッォmエNイN、。 INc。イッAヲQQ@ Bu tdl i (Ftmi1iu1). Ci1t•i1 Obrtchl (EltilD de Vida). D1t&@ l.hctdo {A bcil Bif! 0111). Ktil;i.Aitiptdc·(Vtj.11. Ltuokt M0tti111 (Üilm•) DIGITAL E MOllU Sud111 c。 イ セ。ャィッ@ DEDOC E Allltl l PltBS \ 'allr< Sabino Pl.ANEJAlllUiTO COMT!IOU f' OPEl.l.ÇÔES AdriaH Fik· !ll a, Adrhn Kun. EmlltM Pittt, Rrnal1 Aaluatil ll:ECUllS05 HUMANOS AltH1nd1a dtClfüo (Odu1'Clh·iml'l11G Orpniiatia.i\), An liiohl Hsエュセh@ dt Rll ). Mhclo Namacnlo ェrエュセョエイセ@ r セョエ ャゥ 」ゥ。エゥャ@ ャエセセ ゥw N 、オnゥャHォウuNゥ、。N N WRRALイッBQN、。イNpゥョィ」ゥイッウNsォゥ@ Pad-. SP. CEP0542i-902, ltl .(11) 10u.200ll. Publil:Kaif Uo , ... lo .. infarna;M Mセエ。ョu\、ャAーオ「ォゥMイNッbイャャゥQョッeョNイゥッイ[ LNNNNN ᄋ LNNQゥセ 。「イゥャ NNLNNNN「イ@ SUPEIUHTEltBSANTE cdiç>D n' 3"' (ISSN ojPNQNQQXYセ@ lflll 30. a' lO.t1m.ipul*'G'.IÇM illF.dilOr!IAbril 19IOG+I セsNaN@ B m MイャョャュGャャャセイlエュQQQィャセャイB|ヲNAー。ャャィ。N@ Eclic;õn ilrlllriorn: \'md1 adtiin on baMlll. pelei prt'Q'.I dl Ultil!lól. cdklo cm b111a.. sエォゥャイmゥヲエセ N セエュエャ、doー。■[[ーイゥ。ャm。ーウNaNoゥ^ィQBNlゥJョnャッッ。エm@ pオ「ャセsNjッpNキ「 N ᄃuBャャャhtヲヲャssahteャNGゥッ 。、ゥョ■ャイセ イ イ、^。N。ャN@ ]Zᄚ]] ]] セ[セUURセセ]セQANSゥZセセAAU@ Paraaninar.Grlnll• Slo,aulo:( llJ llU-2121 Dllm.11il IOQ!id1dn: <lll0!H75..ZB28 WWW.HJiinNbl'il.com.t>r lMP1tE5SAMAGAÁRCA.l.lltlL A•. Ükrlóln(lil.h;l'SdrU-.4400, ャGヲエーャセ@ セᅮN@ CEI' Cl2909-900, Sãii P.aole, SP 11/C. rtPP ,,. Abril MIDIA U .. Prtsldtni. AbrilPar. Gianairlo c ゥ |セエ。@ pセョオ、ッ gイオーッa「イrZLャヲNゥ ャ エ」イャNッョァッ@ SIP dゥイQエッイcッイーッイQエゥカッ、Qm。イエNエャョァZセa ヲッョUP@ d A イ・エッNN、・aオ、ゥセ Z@ Thomaz RobcmScott dャイエエッイsオー・イゥョエセョエQ@ da Gr!flr.a: Eduardo Cosia Dil'ltl)r;ll Corporatiu.a dt RIWln<M Huma.-:daudia Ribeiro Dfttota cl1I Rllac;6u (.orporativu: Mrire Fidclis oretoraJi.ri:ia:MarianaMacia PNskllntt Exlartivo da DGB: Claudi(J Prado www.abril.com.br CARDÁPIO I -+ AGOSTO OE 2016 ESSENCIAL 10 UMA IMAGEM ••• Raios na ilha de Kiribati, no Havaí, vistos da Estação Espacial Internacional 12 •.• MIL PALAVRAS "Se economia fosse esporte olímpico, estaríamos fora dos Jogos." SUPERNDVAS 14 FACETRUQUE O governo dos Estados Unidos vai te stalkear. Capa Foto Elke Vogelnng NO DIVÃ Hospital argentino faz エ ・イ。 ーゥ。 セ@ astral. セ@ IJ CRIMINALIDADE O mundo está cada vez mais perigoso - e isso é caro. 22 TESTE SUPER Hambúrguer de micro- -ondas: range em 90 segundos. 24 •ABY TESLA O carrinho de bebê que anda sozinho e funciona online. 15 DES .. EDIOA 16 ENQUANTO ISSO 17 vocl PAGA IESTIE POLfTICO l'AllA 26 PÉROLAS DO STREAMING 21 vod DECIDE NÜMERO INCRÍVEL So MIL PEÇAS DE LEGO São neces- sárias para reproduzir o esqueleto de um ti - ranossauro r ex.P. 54 ORÁCULO 28 A nova arma do Google O sistema de inteligência artificial capaz de assumir o controle da sua vida. 3l Capa CACHORRADA Amizade ancestral: como os cães domesticaram os homens e viraram os nossos melhores amigos. U Nosso dinheiro é deles Como os deputados e senadores gastam o dinheiro que, até então, era nosso. 56 Tro.:a-troca de drogas Enquanto o SUS não dá o medicamen· to, tem um clube pronto para doar os remédios para você. &2 A revolta em flashes Da praça da Paz Celestial a Baton Rouge: fotos icônicas de resistência ao poder. MUNDO SUPER66 DE CORPO E MENTE Havia provas artlsticas nos Jogos Olímpicos? 72 FLORA EM FESTA Segundo cérebro é o queri· dinho dos consultórios. 6J JOGO DURO Nas Olimpíadas antigas, セ@ 68 CÉRURO 80M8ADO Atletas reagem mais rápido a est ímulos visuais. 6J •Ã PUM 68 CICNCIA MALUCA 69 LISTA 70 CONEXÕES 71 MANUAL REALIDADE ALTERNATIVA 74 QUESTÃO OE GOSTO Quando uma bomba explo- de no lugar errado, o que acontece com São Paulo? ÚLTIMA PÁGINA 71 OS OLHOS DA CARA O custo real de imprimir dinheiro. • VIDEOAULAS com professores do curso Poliedro • EXERCÍCIOS para fix ar o que você assistiu • ACESSO AOS GUIAS DO ESTUDANTE toda a linha impressa disponível em formato digital INSCREVA- SE E SAIA NA FRENTE http ://guiadoestudante.abril .com.br /curso-e nem eGuiado Estudante boticarlo.com.br/diadospais ,, . - b. . · .. ·> ZZセ N@ . ·. · . . · . ...• g セ セ@ セ Z@ ,.,,, セ@ 'I セ B@ ': l:À. • •• セ@ ·.O: .! • ᄋセ@ .: t; encontre.boticario.com.bi. · .. ·. '. · •. t : セ ᄋN@ , , M セ@ 1 ' • ,Ot .. .. :·.. セ@ セ G ᄋ セ G@ loja lilll o, •. 0Bot1cár10 Acredite na beleza E é basicamente isso que o Brasil está fazendo, só que em outra modalidade, bem mais relevante que qualquer es- porte. Somos o Eric Mussambani da economia mundial. Ou quase isso. Das 183 nações que a agência de no- tícias Trading Economics monitora, a nossa está em 173• lugar no ranking de crescimento econômico. Desses 183 países, só 26 estão em recessão. E entre os 26 cujos PIBs encolhem, o Brasil consegue ser o 19• pior colocado. Es- tamos nadando cachorrinho. A variação anual do nosso PIB está em -5,4 %, o que nos deixa encaixotados entre o Sudão do Sul (-5a%) e a Líbia (-6%), dois países em guerra civil. Serra Leoa, Yemen, Omã e a Guiné Equatorial do glorioso Moussambani completam essa rabeira da economia mundial, junto com a Venezuela, que vive um colapso econômico até mais violento que o de um país em guerra - em julho, o gover- no Maduro precisou ocupar uma fábrica de papel higiênico falida e religar as máquinas para que não faltassem tantos rolos nos banheiros de Caracas. NA VENEZUELA, A MOEDA LOCAL já virou nota de Banco Imobiliário: a in- flação deles está em 500%, e a previsão para 2017 é de sarneyzianos i.600%. Por aqui, as subidas de preço tendem a deixar de ser problema: passamos de 10% em 2015, agora estamos em 8%, e com nossos dois presidentes, o interi- no e a afastada, apostando numa baixa ainda mais signifi cativa para 2017. Até porque manter uma infl ação rampan- te num cenário de recessão profunda, como acontece no país de Maduro, é tão difí cil quanto errar pênalti sem goleiro. Numa economia em recessão (a nossa), o consumo baixa, e quanto menos se consome, menos os preços sobem. Uma doença serve de remédio para a outra. No fim, mesmo se o seu pais for governado por uma lontra, só a recessão já serve como uma boa ar- ma contra a inflação - a Venezuela, tão hiperinflacionária quanto recessiva, é é a excessão que confirma essa regra. Isso não signifi ca, porém, que a água tenha deixado de bater nas nossas bun- das, claro. Com o PIB em queda, o go- verno federal fica mais pobre. Em 2013, a EllSil ALEXANDRE VER SIGNAS SI O Brasil agora está em QWSセ@ no ranking mundial de crescimen- to, QVYセ@ no de menores juros e QWUセ@ no de menos endividados. receita com impostos foi de R$1,6 trilhão (em valores de hoje, levando em conta a inflação). De lá para cá, foi só ladeira abaixo. E a previsão é que o Pais feche 2016 com uma arrecadação de R$ 1,27 trilhão - 20% aquém do recorde de 2013. Se o seu salário cai, o que você faz? Tenta gastar menos. Mas não é o que o governo tem feito. Os gastos da União só aumentaram, como se não houvesse crise. E para cobrir o rombo o jeito é pegar dinheiro emprestado, em quanti- dades cada vez mais assombrosas. A dívida do governo encerrou o ano passado em R$ 2,7 trilhões. Isso repre- sentou uma alta de 22% em relação a 2014. E a previsão é que ela feche 2016 em R$ 3.3 trilhões. Mais 22% de au- mento - talvez haja um numerólogo trabalhando no Tesouro Nacional. o PROBLEMA DAS DÍVIDAS é que elas teimam em vencer. Neste ano, o governo tem que amortizar R$ 613 milhões, além de pagar mais R$ 85 bilhões de juros. Note que esses R$ 698 já dão mais da metade do que o governo arrecada com impostos. Pegar 50% da receita tribu- tária para pagar dív ida não rola, senão não sobra para pagar saúde, educação nem amenidades como o aumento de 42% para o Judiciário e o querosene dos aviões da FAB que levam senador para implantar cabelo Brasil afora (ve- ja mais gastos "pitorescos" dos nossos congressistas na página 44). Bom, neste ano, o governo separou R$ 108 bilhões do seu caixa para pagar as dívidas correntes. Os R$ 590 bilhões que faltam vão vir de novas dív idas. Tem mais. O governo não faz dívida só para cobrir rombos. Tomar dinheiro emprestado também é uma ferramenta contra a inflação. Quando o governo pega emprestado, ele tira reais de cir- culação. Com menos reais na praça, o consumo diminui, o que diminuiu a pressão inflacionária. Isso mais os rombos cada vez maiores nas contas públicas faz o governo pegar dinheiro emprestado o tempo todo. Para conseguir dinheiro o tempo todo você precisa cobrar juros altos. E é por isso que os nossos seguem firmes entre os mais altos do mundo. Enquanto os juros no mundo de- senvolvido estão próximos de zero, os nossos são de 13%, 14%. Daqueles 183 países que a Trading Economics monitora, 168 pagam juros menores que os do Brasil. P iores que a gente nesse quesito só Haiti, Zâmbia, I rã ... Além da Venezuela, sempre ela, e, nesse caso, da Argentina. Nosso v izinho de baixo, diga-se, é o país mais caloteiro do mundo, e que por isso mesmo não consegue fazer dívida sem pagar pelo menos 30% de juros - caso a sonda Juno não revele novidades financeiras sobre Júpiter, esses continuarão os maiores juros do Sistema Solar. Mesmo assim, a dívida dos argentinos não machuca tanto o pais deles quanto a brasil eira machuca o nosso. A Argentina fechou 2015 R$ 110 bilhões no vermelho - ou seja, essa foi a diferença entre o que o país gastou (incluindo pagamentos de dívida) e o que o pais recebeu. Isso dá 5,4% do PIB argentino. No Brasil, esse buraco fi cou em R$ 613 bilhões. É o nú- mero que os jornais chamam de "défi cit nominal". Ele dá 10,4% do nosso PIB. Quer dizer: estamos duas vezes piores que a Argentina nesse quesito. E no ranking mundial de déficits nominais, ocupamos um embaraçoso 175• lugar, na companhia de feras como Moçambique, Eritreia, Egito, Síria e Afeganistão. Não tem pódio olímpico capaz de maquiar nosso desastre econômico. Porque hoje essa é a nossa vida. E a periferia do mundo, o nosso clube. O AGOSTO 2016 SUPER 13 -t I CO ISAS E FATOS QU ENTINHOS Quer entrar nos EUA? Passa o face o CONTROLE DE FRONTEIRAS AMERICANO quer incluir as redes soclals no formulário de concessão de vistos. A ideia é que programas de computação procurem "atividades e cone- xões nefastas" nas páginas de quem quiser entrar nos EUA. Não se sabe se aquela sua foto #top vai interferir na seleção (todos os procedimentos de análise são mantidos sob sigilo), mas é provável que busquem indícios de terrorismo. A fuçada nas redes sociais ganhou for- ça depois que, em dezembro, a paquistanesa Tashfeen Malik postou no Facebook mensagens de apoio ao Estado IslAmico, logo após executar 14 pessoas na Califórnia. Ela havia postado mensagens parecidas antes de ir para os EUA também. 'd'a"zfl',..,,,,,, sn. FATOS Meu planeta, minha vida Enceladus, a lua con- gelada de Saturno, é o melhor lugar no Sistema Solar para encont rar Els. Pelo menos é no que acreditam cientistas da Nasa, que querem mandar uma missão espacial para Lá. A expectativa vem do oceano subterrâneo escondido debaixo de uma crosta de gelo. Essa água é ejetada para a superfície de Ence- ladus por mais de 90 gêisers. Sãoesses jatos que a Nasa quer analisar para procurar organismos vivos. A esperança é que eles carreguem matéria orgânica do fundo do oceano para a superfície {pelo menos, é isso que acontece aqui na Terra). A busca será por aminoácidos e Lipídeos, estruturas essenciais para a formação de seres vivos. ACL lOºc A COR QUE NÃO ESTAVA LÁ Pesquisadores japoneseS© descobriram como implantar pen- samentos no seu cérebro - sem que você perceba. Para isso, colocaram voluntários em máquinas de ressonância magné- tica enquanto olhavam para uma tela com um círculo com listras verticais. Dentro dele, ficava outro circulo branco. Os cientistas deram apenas uma instrução: "Concentrem-se em fazer o círculo branco aumentar". E observavam a ressonân- cia. Os participantes pensavam em mil coisas, mas, quando imaginavam a cor vermelha, os cientistas faziam o círculo branco crescer - mas não explicavam nada. Esse treinamento foi repetido por três dias. Ao final, os pesquisadores mos- traram uma tela listrada em preto e branco e perguntaram qual era a cor das listras. Os pacientes treinados enxergavam vermelho, mesmo sem sinal de vermelho na tela. Cinco meses depois, os voluntários continuavam vendo a cor. Era uma memória falsa. Os pesquisadores querem agora criar novas associações cerebrais inconscientes que ajudem pacientes a lidar melhor com a depressão. Ana Carolina Leonardi é o quanto o planeta vai esquentar se queimarmos todas as nossas reservas de combustível fóssil. (E o Polo Norte vai aquecer ainda mais: 20 ºC) FonHs © l.tornlng to Auociatt Orltnt ation w/tfl Co/or in Eatly Vis.ia/ Ateas lly Associo エ ゥセ@ セ」ッ、エ 、@ /MRI Nt urofttdboc/c, K;ao ru Am;ino t outros ャ ャオウエ イセVエウ@ Ot;i'o'lo Sllwlr;a, Z;in llcy e Rodrigo 8;isto1 Dldillf. 111011 KAR I N HUfCK Mihaly Meszaros O menor homem do mundo Meszaros morreu aos 76 anos e 83 centímetros. Ele nasceu em i939, em Buda· peste, e trabalhou como palhaço na Hungria até i970, quando se mudou para os EUA. Lá ganhou fama: apareceu em filmes, atuou como AI fie, o ETeimoso e virou amigão de Michael Jackson. Gigantes Giaantes do Norte Com pelo menos 4 me· tros de altura, os gigantes do fictício mundo de Westeros, de Game of Thrones, viviam além da Muralha, bem ao norte dos sete reinos. O último deles, Wun Wun, morreu na batalha por Winterfell - e não se tem notícias de nenhum outro exemplar, pelo menos na série de TV. AGOSTO 2016 SU PER 15 sn. FATOS A ONU decidiu que nenhum governo pode censurar a internet. China e Rússia votaram contra. Por que será? Inspirada no Butão, a india criou o primeiro Ministério da Felicidade do mundo, que vai organizar eventos de ioga, meditação e arte. Uma reserva de i,5 bi de m1 de gás hf!Lio foi encontrada na Tanzânia. Isso é ótimo porque o gás estava quase em falta.O Cientistas descobriram uma bac· téria minúscula que vive escon- dida na saliva humana. Ela pode ser responsável por gengivite, fibrose cística e aumentar nossa resistência a antibióticos.O fonte ©Nt!wHigh-Gr;ideHt?tiunC>iS<ove- セセ@ セョ 」jA」ャゥャセセセセdNャsZセセ ャ [セョゥZNカZNエZゥセ@ Form;itlon Ol.lrifli lhe Eplblotk·p;ir;i$ltlc Rela· tlonshlp eetwMn ActinomvcH odontol.vtkus セョ 、ャエウeー ャ「ャッョ エ L ャ Nim 、 ヲm@ 1Ó SUPER AGOSTO 2016 Centenas de genes começam a funcionar quando morremos Dentro de você tem uma fábrica que re- põe material desgastado, abastece proces- sos químicos, fornece unhas e pensamentos ao corpo. É o DNA. Este mês, cientistas da Universidade de Washington@ fizeram uma descoberta incrível. Eles estavam estudando cadáveres de peixes-zebra e camundongos, recém-falecidos. A análise que fizeram foi química: saíram detectando RNA-mensa- geiro (RNAm) em cada um dos milhares de genes dos corpinhos. RNAm é o indicador de que a nossa fábrica genética está funcio- nando. A análise começou com os bichinhos ainda vivos, e depois seguiu por dias. Como era de se esperar, à medida que o tempo passava, mais silenciosa a máquina ficava. O estranho foi o que aconteceu com 515 genes dos camundongos e 548 dos peixes: eles foram ativados depois da morte. Os cientistas especulam que eles estivessem se preparando para uma improvável ressurrei- ção. São genes que ajudam nos processos de cicatrização, inflamação, cura, num esforço final para preparar a fábrica inteira para ro- dar de novo, se a chave-geral for religada. Denis Russo Burqierman Terapia astral. A astrologia não é considerada uma ciência, mas o Hospital Pivorano de Buenos Aires, na Argentina, começou a levar ases- trelas a sério. Uma das atividades mais populares na ala da psiquiatria é a oficina semanal "Conhecendo·me através dos astros". Nela, a astróloga Claudia Rico parte do mapa astral de cada paciente para discutir, em grupo, experiências dificeis. Apesar de a ideia parecer pouco científi ca, na prática, os workshops acabam funcionando como terapia em grupo. J:M fanl• © ""ter Nobte • Atv: Pl::lzhltkov ャャオQエZNイセゥッ qエ[ゥカゥッ@ Sil..,.!r.i, lslock 1 GUERRA E PAZ Crises políti cas, censura, terror ismo. armas nucleares: o mundo se tornou um l ugar menos seguro nos últimos 8 1! Islândia Custo da vioU!ncia USS 242 11i/ ano Militarizaçilo • ()()()() 1,3 Conflitos internos e ()()()O 1,1 Guerr.ls • ()000 1,1 151! Rússia Custo da violência USS 354 bifano Mil itarização •••• 0 3,3 Confl itos internos •••10 3,3 Guerras eeef Ol.6 fnd ice de violência - -MUITO M il: .DIO BAIXO - -MUITO ALTO Custo da violência US$ 2 tri/ ano Milit arização •••003 Conflitos internos ••0001 Guerras e.- 000 1,1 _,_ セ|T[V{@ セセセ@ ..... ... _ .>- 1 .,- ,,. セ@ セMM セ@ 1.. .. Q Vセ N@ " .. ..: : . 27! Chile セ ᄋ@ S1r1a ' ..:!&Ir:'''' M セ@ cu,to d-.;olênda ,_ .... セセ@ :.-. USSS7,3bi/ano li Militar ização •••41 0 3,1 ,f .i Conflitos internos ••••() 4,1 Custo da violência uss 18,5 bi fano Mili t arização e V 000 1,7 Conflitos internos ••l.002,7 Guerras • 00001 105! Brasil Custo da violência USS 254 bi fano Mi litarização ••coo2,2 Conflitos internos •••10 1,1 Guerras • 00001 2,4'11 M4.JRTES POR TERRORISMO 2006/ 11 2012/16·········· é o aumento da violência no mun· da desde 2008. Causa: terrorismo. •exceto Turquia AMIRICA DO NORTE 2006/11 2012/16 - 79 Você paga* este político: 'Projetos de lei que foram apresen- tados no plenário no último mês. / Fontl! mapa Global l'e.lCI! ln.du, lnstitutl!! fOf EconomicS セ ョ、@ Peace l l&.. , ' Cu°"ª' eeetJO 3,8 .. 40! Zâmbia O PREÇO DA GUERRA Conter, preveni r e lidar com as consequências da violência têm um preço alto. Custo da violência USS 2 ,5 bi/ano Militar ização e CIOOO 1,6 Conflitos internos ••e 00 l,3 Guerras e ciooo1,2 uss 8,2tri Gasto milita r US$742bi Confli tos US$4,2tri Segurança intern;icional USS 2,Stri Perdas com crimes e violência • O deputado federal Professor Victório Calli (PSC·MT) quer proibir a cobrança de a lvará de funcionamento para templos reli giosos. • O deputado federal Rô· mulo Gouveia (PSD·PB) defende que comercian- t es mantenham regist ros de documento de com- pradores de cigarros. 1 AGOSTO 2016 SUPER 17 APRESENTADO POR ABRIL RRANOEO CONTENT N o mundo rodo, grandes marcas têm re-dobrado seus investimentos em branded content para construção de imagem e pro- moção de produtos. Diferentemente da pu- blicidade tradicional, o conteúdo propicia às marcas uma interação mais orgânica com a audiência, menos interruptiva e necessaria- mente baseada em uma relação de confiança. Não é de se estranhar que Netfiix e HBO, dois dos mais renomados especiali stas na produção de conteúdo, apostem em branded content para promover suas séries. No ano passado, a HBO buscou a parceria do Abr il Branded Content - estúdio da Editora Abri l especializado em produzir e definir estraté- gias de contei.ido para marcas - na divulga- ção de O Hipnotizador. Em março deste ano foi a vez da Netflix noticiar, com a ajuda do estúdio, aestreia da quarta temporada de House ofCards. As ações para ambas as marcas foram di- vulgadas com grande repercussão nas plata- formas das marcas VEJA, SUPERINTERES- SA TE, VEJA SÃO PAULO e HUFFPOST BRASIL. "Para prender a atenção dos fãs de um seriado já consagrado, é preciso ir além do óbvio. Todo conteúdo que agente produz tem foco na audiência. É conteúdo relevante, útil, informativo, muitas vezes divertido, pensado para ser compartilhado. Sempre é possível conseguir uma pauta interessante e formatá- -la de um jeito que o público goste'', explica Thiago Araújo, gerente digital do estúdio. Matérias na SUPER e na VEJA SÃO PAULO contaram a história da hipnose; gifs hipnóticos de HBO. no HUFFPOST. viralizaram e o conteúdo ficou entre os mais acessados do site NETFLIX Pela primeira vez, a revista VEJA participou de uma ação co- -branded para lançar a nova temporada de House of Card5. E a estreia da associação da publicação de maior circulação na- cional com uma o urra marca veio com impacto: uma capa com o presidente Francis J. Underwood - personagem de Kevin Spacey na séri e - divulgada nas plataformas digitais do título: Facebook, 1\vitter e Instagram. O exercício foi imaginar como seria uma capa da revista se Frank Underwood fosse um per- sonagem real, em campanha para se reeleger à presidência dos Estados Unidos, um trabalho conjunto entre a redação de VEJA e o Estúdio ABC. A repercussão foi impressionan- te: mais de 1 milhão de pessoas foram alcançadas e mais de 35 000 reagiram à publi cação, 82,7% de maneira positiva. E o objetivo principal foi alcançado, já que 71% dos leitores que reagiram entenderam a mensagem; e mais, ajudaram outras pessoas a entender, aumencando a abrangência do conteúdo e sua repercussão. HBO Às vésperas do lançamento de O Hipnotizador, a HBO colo- cou o tema central da série na pauta. O Estúdio ABC produ- ziu quatro peças de nativas abordando a hipnose de acordo com a linha editoríal de cada marca. Na revista e no site de SUPERINTERESSANTE, uma reportagem esclareceu as apli cações atuais da técnica e como sua eficácia foi cienti- ficamente comprovada. VEJA SÃO PAULO apresentou, na revista e no site, os tratamentos de saúde baseados em hip- 0 nose disponíveis na capital. Em VEJA.com, uma timelü1e mostrou como a técnica deixou de ser considerada charl a- tanice e passou a ser utilizada como recurso no tratamento de quadros psicossomáticos. o HUFFPOST BRASIL, uma li sta de gifs hipnóticos divertiu os visitantes. Compartilhada nas redes sociais dos veículos e por influenciadores em seus perfis pessoais, a ação teve grande repercussão e ficou entre os conteúdos mais vi- sitados durante o periodo em que esteve em destaque. sn. COISAS Você é normal? Uqurh.inumrosru• C!)Ot".i.1..h,mofalmtc Gᄋセ M ·-- :!.• -=:;.- セ ᄋ@ -:t• ·=::::- :t• .. -- :t\f.. .;=..·=: :i..• --=- Zエセ@ Mセ ᆳ :i..• :t• セMZZ]MM :t,o1 ••.•• セM ᄋ@ Livro traz 80 testes de personalidade e inteligência - e compara seu resultado à média das pessoas. Texto Bruno Garattoni VOCÊ PREFERE ganhar R$ 500 agora, ou o dobro daqui a um ano? Se eu te contar dez coisas, cinco delas falsas, quantas mentiras você consegue detectar> A sua memória é melhor que a de um macaco? Escrito pelo psicólogo Ben Arnbridge, da Universidade de Liverpool, Psi-Q reúne testes como esses, que você responde a lápis ou caneta nas próprias páginas do livro - e depois vira a página para descobrir o que o resultado A MÃE DE TODAS AS BATALHAS o QUE É MELH O R: um Estado forte e atuante, que interfere na economia para tentar ajudá-la? Ou um Es- tado mínimo, que deixa o mercado resolver e tenta ape- nas não atrapalhar? É o grande debate econômico nos últimos cem anos, e surgiu pelas mãos de dois gigantes: o inglês John Maynard Keynes, defensor do Estado, e o austríaco Friedrich von Hayek, pró-mercado. Este li vro conta a trajetória dos dois (antes de virarem adversá- rios, Keynes era o ídolo de Hayek) e suas li gações com a história: Keynes levantou o dinheiro para financiar a 1 ' Guerra Mundial, que esmagou a Alemanha (e empo- breceu a familia de Hayek), desaguando na 2 ' Guerra - que ele previu e tentou desesperadamente evitar. 2 0 SUPER AGOSTO 2016 revela sobre a sua personalidade, sua inteligência emocional e analitica (spoiler: no teste de memória, talvez você perca para o macaco). Uma leitura divertida e profunda também: o livro explora marcos da psicologia como a Experiência de Milgram, que foi realizada em 1961 para tentar entender o surgimento do nazismo - e acabou fazendo uma descoberta aterradora sobre a mente humana. W::Jl. RS J4,90. O OUE ELES FAZEM OUANDO VOCÊ SAI o CATO que ataca a gela- deira, o pássaro vkiado em TV, o poodle grã-fino que na verdade é metaleiro - e o coelho que quer acabar com todos. Animação leve e simpática, do mesmo produtor de Meu Malvado Favorito (antes do filme, é exibido um curta-metragem estrelado pelos minions). Psts - A Vida Secreta dos Bichos Estreia dia 25/8 nos cinemas. "O cheiro de carne decom- posta era horrível. E o médi- co vivia cortando pedaços", ESCREVE O AMERICANO Hampton Sides neste livro sobre a expedição de conquista do Polo Norte, em i879. Um relato de arrepiar, com direito a naufrágio, fome, mortes e peregrina- ções a pé sob um frio quase extraterrestre: - 68 graus. No Reino do Gelo R$ 49,90. Star Wars holográfico -e em vinil LP DUPLO com a trilha sonora de O Despertar da Força, mais re- cente filme da série. Tem a música-tema de Star Wars, tem o tema Jedi, tem o hino do fi nal feliz e outras 20 faixas compostas pelo genial John Williams. E tem um encarte com fotos incriveis. Mas o mais legal são os hologramas: você aponta uma lanterna sobre o disco enquanto ele está sendo tocado e aparecem duas imagens em 3D, flutuando no ar, por meio de uma ilusão de óptica. The Force Awahns Saundtrack - Holographic Vinyl USS 52 na Amazon EDl•ll BRUNO GARUTONI VOCÊ DECIDE Os projetos mais interessantes (e surpreendentes) do mundo do crowdfunding Casaco perfeito indiegogo.co111 Projeto Flexwa rm O que é Um casaco que gera o próprio calor. Seu forro tem uma bateria pequena e leve, tipo de celular, e uma resistência elétrica flexível, que es- quenta. O casaco monitora a temperatura do seu corpo e do ambiente e se ajusta sozinho, para que você não passe calor nem fr io (também dá para escolher a temperatura por um app). A bateria dura 13 horas. Meta USS 50 mil Chance de conseguir •••OO Fronha de prata indieqoqo.com Projeto Silvon E outros :J LPs cheios de truques ---------! O que é Uma fronha que promete eliminar 99% dos ácaros e bactérias. O segredo está no tecido, que contém fios de prata (ela tem carga elétrica positiva, que atrai e mata os micro-organismos). Não usa bateria e pode ser lavada na máquina. Meta USS 20 mil Chance••••• De trás para Ouça e depois a frente coma Jack White 8reakbot By Lozaretto Ultra Your Side Seu lado A toca ao Feito de chocolate contrário (a agulha com 74% de cacau. se move do centro A ideia é que você para a lateral do coma o disco - disco). Tem duas música eletrônica músicas secretas francesa ao estilo escondidas sob o ró- Daft Punk - depois tulo, um holograma de escutã-lo. Aí e uma trilha infinita , já era. Por isso, é que toca sem parar extremamente raro: {como a última faixa apenas 120 cópias de Sgt. Pepper's, foram produzidas, dos Beatles). em2012. Dando o sangue (de verdade) Psrfsct Puss't, s。セ@ Yes to Lovs As primeiras 300 cópias do LP de estreia dessa banda punk, lançadas em 2014, contêm o sangue da cantora Meredith Graves - que foi misturado à massa plástica do disco e pode ser visto claramente (o vinil é transparente, desta- cando o sangue). Ímã de proteção kickstarter.com Projeto Nope 2.0 O que é Um ímã que pode ser usado para t ampar a câmera de smartphones, tablets e laptops. A ideia é proteger a privacidade de quem está em frente à câmera(que pode ser ligada remotamente por hackers). Você acha que é paranoia? O chefão do FBI e o dono do Facebook tampam. Meta U$S 964 Chance••••• AGOSTO 2016 SUPER 2.1 sn. 1 COISAS · ------------------- Hambúrguer de micro-ondas Eles já vêm prontinhos, com pão, queijo, molho e hambúrguer montados; é só colocar no micro-ondas por 90 segundos. A coisa mais prática já inventada, e uma das mais in- dustrializadas também (eles contêm mais de 20 ingredientes, e a carne é uma mistura de boi, porco e frango). Mas são gost osos? Qual o melhor? Provamos sete. Veio meio torto, com a carne um pouco para fora do pão. Mas seu grande problema é o hambúrguer, que não tem absolutamen- te nenhum gosto. Parece comida de hospital (se hos- pital seNisse hambúrguer). R$ 5.25 l 151 g l 34' kcal sadi o .co11t .br Tem algum sabor, em parte porque vem tempe- rado com molho barbecue. O pão é macio, e a carne é aceitável. O queijo "some" (é totalment e absorvido pelo pão) após o aqueci- mento. Um produto comível, mas sofrível. R$ 4,85 l 157 g 1 353 kcal searo.co11.br 22 SUPE R AGOSTO 2016 Seu modo de preparo é diferente: você esquenta o sanduíche num saquinho, o que deixa o pão (o único sem gergelim) encharcado. Não dá para sentir o gosto do queijo - pois o molho, com gosto de tomate, - encobre tudo. E a carne é a pior: parece de espuma. R$ S.38 l 145 g 1 324 kcal perdigao .cot1 .br COMO TESTAMOS. Preparamos duas unidades de cada sanduíche. Usamos sempre o mesmo micro-ondas (1.500 W de potência), e seguimos à risca as instruções de cada fabricante. Observamos a distribuição e a qualidade dos ingredientes e avaliamos o resul- tado final, comparando aroma, textura e sabor dos sanduíches. FoloStudloO: ャャ オセオNZゥャッ mセQ」ッウ、・uュNQQ@ O pão é sequinho, porém duro, e o queijo é cremo- so, mas insosso. A carne tem textura estranha, um pouco esponjosa, sabor fraco e artificial. O sanduiche tem pouco gosto, e tende a enjoar já na segunda mordida. R$ 5,25 l 153 g l 371 kcal sadia.co11.br ® Ambos os sanduíches preparados no teste vieram tortos e com problemas de controle de qualidade. Seu pão, que ficou encharcado após o preparo, soltou quase todo o gergelim. E o queijo simplesmente não derreteu. R$ 4.331146 g l 355 kcol ouroraali11entos .co11.br Tem menos carne bovina, e maior proporção de frango e porco, que os outros. Mas não parece: é o que mais tem gosto de carne. O hambúrguer é o único bom, com sabor defumado e textura natural. Lembra um sanduíchedeverdade. R$ 4,33 l 143 g l 368 kcal auroraalimentos. co11.br Corte a batata em rodelas bem finas (dica: use um descascador de Legumes, se t iver). 2. Deixe de molho em água fr ia por s minutos. Escorra e seque bem. 3. Coloque sobre um papel-toalha e cozinhe por 7 a 8 minutos, parando na metade do tempo para des- grudar as batatas do papel. Aproveite :-) AGOSTO 2016 SUPER 23 sn. COISAS O Tesla para bebês Direção robóti ca, control e por apl icativos, al arme de segurança, ar-condicionado, sistema de entretenimento e conexão à internet. Um carro elétr ico de última geração. Para recém-nascidos. t・クエッセイオョッ@ Gorattoni e Fe r nando Badô ELE SE CHAMA SmartBe, e não precisa ser em- purrado: conforme você anda (ou corre), detecta os seus movimentos e vai na frente. O segredo está no computador de bordo, que se comunica com o seu smartphone em tempo real. Se preferir, você pode empurrar o carrinho, mas não precisa fazer força: o motor elétrico cuida disso (ele é alimentado por uma bateria que dura 6 h). Pelo smartphone, você comanda os demais recursos, como climatizador, balanço, tocador de música, aquecedor de mamadeira e alarme - que toca se você se afastar. O carrinho também funciona co- mo babá eletrônica, transmitindo vídeo da criança pela internet. Vai custar US$ 3 mil (smartbe.co). 3 modos de uso (deslocamento manual , automático e híbrido) ... _,._ ____ 3 telas retráteis, contra Sol, chuva ou insetos UM PROJETO (QUASE) IMPOSSÍVEL A lmpossible , tem esse nome pois sua produção era considerada inviável. O problema é que a máquina usa filme inst.illlntâneo Polaroid, cuja fórmula não existe mais (ela se perdeu na caótica dissolução d .. Polaroid, empresoa que chegou a ser um império da fotografia, mas faliu duas vezes, em 2001 e 2008). Um grupo de dez engenheiros recriou tudo do zero, descobriu como produzir o filme e agora está lançando a câmera. Custa 300 euros - mais 20 euros cada pacote de filme, com oito chapas (coloridas ou p/b). 24 SUPER AGOSTO 2016 DE 26 A 28 DE AGOSTO » Palestras sobre + de 100 carreiras » Milhares de vagas de estágios » Estandes das melhores faculdades » Orientação vocacional » Simulados - Jogos - Debates Mestre de Cerimônia: Edson Júnior INSCREVA-SE. É GRÁTIS! feiraguiadoestudante.com.br sn. COISAS Céu artificial O COELUX ARTIFICIAL SKYLIGHT é um conjunto de LEDs e filtros com nanopartículas que reproduz a luz do Sol e a cor do céu com perfeição: o resultado é indistinguível de uma janela de verdade. Ele mede 2,y1,6 m, consome 270 watts (o equiva- lente a uma televisão de 60") e pode ser instalado no teto ou em paredes laterais. Um produto revolucioná- rio. Pena que é caro: US$ 50 mil. Espremedor gentil o SMEG SJF01RDEU (590 eu- ros) promete fazer sucos mais nutritivos e gostosos, com mais sabor da fruta, porque suas pás giram devagar: 43 rotações por minuto, contra 1700 dos espremedores comuns. É como espremer à mão - só que sem fazer força. A PULSEIRA OUE MEXE COM A CABECA ELA SE CHAMA Doppel, custa US$ 130 e promete deixar você mais relaxado ou alerta. Você escolhe o efeito dese- jado e a pulseira emite uma série de vibrações bem fraquinhas, quase im- perceptíveis (50 por minuto no modo relaxante e 100 no modo energizante). Depois de alguns minutos, isso come- ça a alterar o seu estado de espírito. A eficácia foi comprovada num estu- do feito pela Universidade de Londres com 40 voluntários. Ulfil BRUNO GARATTONI PÉROLAS DO STREAMING Tesouros escondidos nos principais sites NETFLI X O Homem Duplicado Filme Adam (Jake Gylle- nhaal) é professor e leva uma vida tranquila. Até que vê um film e estranho: um dos atores é idêntico a ele e participa de um ritual sinistro. Obcecado, Adam tenta encontrar o sósia m au. Sus- ー・ョセ@ complexo e desafiador, daqueles que ren- dem mil teorias. YOUTUBE DeepLook Canal Você sabia que o mosquito usa seis ferrões para picar? Que a borboleta azul não tem pig- menta dessa cor? Que a areia viaja pelo mundo - e cada grão revela de onde veio? Pro- duzido pela rede americana PBS, o canal usa novas técnicas e lentes ultrapotentes para desvendar o mundo das coisas microscópicas. Cartel Land Docu1J1entário De um lado, os cartéis do tráfico: Familia e Cava- leiros Templários. Do outro, a Au- todefesa: milícia armada que reúne a população das cidades mexica- nas na fronteira com os EUA. Um documentário de arrepiar, tão real (e violento) que chega a parecer ficção. Indicado ao Oscar de 2016. YOUTUBIE Harbin- uma aventura congelante Vídeo Pensou em China, pensou em mul- tidões, fábricas, prédios futuristas. Harbin é diferen- te. Fica bem ao Norte, perto da Rússia: com quem partilha o inverno de -20 graus, a cultura e a arquitetura (cujo destaque é um incrível festival de construções de gelo). 28 SUP!R AGÓSTO 2016 - , -- . .. - - -- - - , ... ·. <. ... '· ;. .. ACOSTO 2016 SUPIR 29 ESSA CENA E uma simulação. Mas já poderia ser real: todas as tecnologias de inteligência artificial envolvidas ne- la já existem, e funcionam. Algumas foram lançadas, outras são protótipos em estágio avançado, que estão sendo desenvolvidos pelo Google e por gigan- tes como Apple, Microsoft, Amazon e Facebook - que, neste ano, fizeram da inteligência artificial sua grande aposta. Eu vim à sede do maior de todos (a convite do Google, passei trêsdias na cidade de Mountain View, no mês de maio) para descobrir o porquê. G GATO, CACHORRO E AVIÃO "Quando eu estava na facul- dade, nos anos 1990, os com- putadores não conseguiam diferenciar um gato de um cachorro", conta o físico e neurocientista Greg Corrado. "Distinguiam um gato de um avião, mas não de um cachorro. É difícil, ambos são peludos e têm quatro patas", explica. Algo banal para o cérebro hu- mano, mas inatingível para as máquinas. Tanto que dois colegas de faculdade de Greg fizeram uma aposta. Um disse que os computadores demorariam pelo me- nos dez anos para aprender a distinguir gato e cachorro. O outro disse que se- ria rápido. Não levou uma década, mas também não foi rápido: aconteceu nove anos e seis meses depois. "Hoje, nosso software consegue olhar uma foto, re- conhecer os elementos e até escrever a legenda", diz Greg, criador e diretor do Google Brain, o centro de inteligência artificial (IA) do Google. Ele foi funda- do em 2011 por apenas três pessoas, e era o que a empresa chama de "projeto 20%" - uma iniciativa paralela, a que os funcionários podem dedicar 20% do seu tempo. Hoje o Google Brain reúne mais de cem cientistas, com a missão de desenvolver a inteligência usada nos demais produtos da empresa - que, atu- almente, tem nada menos do que 1.200 projetos envolvendo IA. 30 SU PER AGOSTO 2016 *1---4_.·. セ NLN@ J_ セ@ .... . - .-'.1· ·-- . ;· ·.:.. . .. : ; ᄋ MZ \ ᄋ セ@ ,.. ..f • • セ@ セ@ .. . " . .. ·. · -.--·· -·.·.·.·.· Desde fevereiro, o diretor de buscas do Google é o engenheiro John Gian- nandrea, especialista em inteligência artificial. E, desde o ano passado, as pesquisas no Google são gerenciadas pelo RankBrain, um robô inteligen- te que aprende sozinho a interpretar buscas inéditas, que nunca foram feitas antes (cerca de 20% das pesquisas feitas a cada dia). O Google também já usa inteligência artificial para gerenciar a distribuição de anúncios online, sua grande fonte de receita. Em suma: está apostando tudo nisso. Não está sozinho. O destaque do iOS 10, próximo sistema operacional da Apple, é a nova versão da assistente Siri, que agora vai conversar com os aplicativos do iPhone (e assumir muito do que hoje é feito via apps, de chamar táxi a pedir pizza). A Apple está seguin- do a deixa da Amazon, cuja assistente virtual Alexa se comunica com mais de cem aplicativos - lê notícias, pede Uber e faz compras, entre diversas ou- tras coisas. A Microsoft colocou uma assistente, a Cortana, no Windows 10, e está desenvolvendo softwares capazes de conversar em nível humano - coisa que o Facebook também persegue. É um movimento gigantesco, que tem sido comparado a primeira corrida do ouro da internet: a onda das "empresas ponto. com", na década de 1990, que gerou a rede que temos hoje. Mas por que justo agora? Talvez você não saiba, mas a inteligência artificial não tem um retrospecto muito bom. Lançado em 1968, o clássico filme 2001 tem como protagonista o computador HAL, tão inteligente quanto uma pes- soa. Naquela época otimista (o homem chegou à Lua um ano depois), isso pa- recia exequível. Mas não chegou nem perto. As décadas seguintes foram de impasses e frustrações, que deram à inteligência artificial uma fama ruim. Tanto que hoje os cientistas da área pre- ferem usar outro termo: machine lear- ning, ou seja, aprendizado da máquina. E a novidade está justamente nisso. Em vez de tentar ensinar o compu- tador, agora a jogada é fazê-lo apren- der sozinho, usando as chamadas re- des neurais artificiais. "No cérebro, os neurônios se conectam uns aos outros e trocam informações. No sistema arti- ficial , é a mesma coisa. Só que no lugar dos neurônios nós temos uma coleção de funções matemáticas', explica Greg. Quando você nasce, os seus neurônios já estão formados, mas não sabem tra- balhar juntos. Conforme você cresce e aprende coisas, eles formam ligações semipermanentes (são as memórias) e aprendem a funcionar em conjunto. decolando. Porque nada na história teve acesso a tantos dados quanto o Google. Além de indexar bilhões de páginas da internet, ele também é alimentado pelos próprios usuários. Quando você recebe um email no Gmail ou salva álbuns no Photos, por exemplo, Depois de décadas em marcha lenta, a inteligência artificial disparou nos últimos anos. Gra- o Google usa os seus arquivos para alimen- tar as redes neurais. "Mostre 1 milhão de imagens de árvores para o computador, e deixe ele aprender so- zinho', explica o enge- nheiro Otavio Good. Árvores ou qualquer ças a uma nova tática: em vez de tentar ensinar as máquinas, deixá-las aprender sozinhas. As redes neurais artificiais funcio- nam de um jeito parecido. Primeiro, o computador é alimentado com dados: a foto de um gatinho, por exemplo. Aí, cada grupo de "neurônios" avalia um aspecto daquela imagem. No nosso exemplo, pode ser a cor do objeto, se a textura é de pelo, se ele tem patas e olhos, etc. Dentro de cada grupo, os neurônios "votam", ou seja, cada um dá seu parecer (se o objeto tem ou não olhos, pelos, etc.). A rede neural erra muito, literalmente milhões de vezes. Mas uma hora, por pura insistência, acaba acertando. Quando isso acontece, ela evolui: os neurônios que estavam certos desde o início ganham mais peso, e passam a ser copiados pelos demais. Ou seja, a rede neural aprende. Dali em diante, toda vez que aparecer um gato, ela vai identificar no ato. E quan- do for aprender a analisar outra coisa (a foto de um cachorro, por exemplo), não vai sair do zero: deduzirá as seme- lhanças e diferenças daquilo com o que aprendeu antes (gato). Como não requer intervenção humana, esse processo pode ser executado infinitamente. E repetindo o processo muitas vezes, com muitas coi- sas - imagens, palavras, frases, perguntas, respostas-, e você vai acabar chegando a um computador hiperinteligente. Pelo menos essa é a ideia. Ela não é nova: as redes neurais foram propostas pela primeira vez em 1946. Mas só ago- ra, com chips potentes e quantidades as- tronômicas de dados para treinar, estão outra coisa - até placas de rua. Tímido, simpático e intensamente nerd, Otavio trabalhava fazendo games de PlayStation e Xbox antes de ir para o Google. Ele é filho de mãe brasileira, aprendeu um pouco de português na infância. E em 2010, para ajudar ami- gos que iriam visitar o Brasil, criou o WordLens: um app que traduz, em tem- po real, o que está escrito em placas, cardápios, etc. Basta apontar a câmera do celular, e a tradução aparece no ato. É bem impressionante. O Google tam- bém achou, tanto que em 2014 contratou Otavio e comprou o app dele, que hoje é parte do Translate e funciona com deze- nas de idiomas. Nas horas de folga, ele e a esposa (Zinaida Good, bióloga compu- tacional da Universidade Stanford) or- ganizam o que ele chama de festas de machine learning: recebem amigos, cada um com o respectivo laptop, e tentam bolar novos algoritmos de inteligência artificial. Divertido. Otavio está há dois anos no Google, mas ainda parece meio perplexo. "Quan- do eu fazia games, meu público era tipo 100 mil pessoas. Hoje é uma fração da humanidade inteira", diz. Quando a conversa termina, pergunto onde fica determinado prédio do Google, onde a próx ima entrevista está marcada. E Otavio comete uma inconfidência: "Eu mostro, vou até lá fora. Não tenho nada para fazer agora", confessa, rindo. Conforme as máquinas forem se tornando mais inteligentes e assu- mindo mais funções, vai sobrar cada -+ AGOSTO 2016 SUPER 31. vez menos trabalho para as pessoas - inclusive as que trabalham no Google. Mas a tecnologia ainda exige muito suor humano. "Nós transcrevemos, manualmente, 33 mil horas de grava- ções", conta a engenheira Françoise Beufays, responsável pelo reconheci- mento de voz do Google. Um esforço monumental, que exigiu uma equipe de 600 pessoas. A rede neural do Goo- gle foi alimentada com o áudio e as transcrições,comparou as duas coisas e foi aprendendo a reconhecer vozes. Françoise trabalha com reconhecimen- to de voz há 25 anos, 11 no Google, mas não aparenta: baixinha e elétrica, ela fala excitadamente sobre diversos assuntos - até as gafes que, no processo de aprender e se aperfeiçoar sozinhas, as redes neurais acabam cometendo. "Os alemães inspiram antes de falar", diz, ao contar um caso envolvendo as buscas de voz no Google alemão. Um belo dia, o software decidiu ignorar isso, e começou a entender a típica respira- ção germânica como se ela fosse um palavrão em inglês (fuck). •Às vezes, o sistema explode na nossa cara", admite. No ano passado, a nova-iorqui- na Jackie Alciné se revoltou ao ver a classificação dada pelo Google Photos a uma imagem na qual ela aparece com uma amiga: "gorilas" (ambas são negras). Por algum motivo, o software achou que essa era a resposta correta. "Nem todo erro é tão doloroso quanto esse. Mas alguns podem ser", admite o engenheiro Tom Duerig, responsável pelo Photos. Loiro, surfista e típico californiano bicho-grilo, Tom perde a alegria ao falar sobre o caso. Ele lembra outro episódio do tipo, em que o Photos classificou como "baleia" a imagem de uma pessoa obesa na piscina. O algo- ritmo não é racista nem gordofóbico: simplesmente não tinha visto fotos su- ficientes de pessoas negras ou obesas. Acabou sendo alterado, manualmente, para não comparar humanos a animais. 32 SUPER AGOSTO 2016 • MICROCOZINHAS EMAXIMESAS A sede do Google fica em Mountain View, a uma hora de São Francisco. Recebe 30 mil funcio-nários e 3 mil estagiários por dia, que consomem de 35 a 50 mil refeições em dezenas de restaurantes e cafeterias e mais de 150 microcozinhas: áreas self- service com geladeiras, máquinas de café e todos os tipos de snack, do mais saudável e exótico (algas importadas da Coreia) ao mais trash - que o Google, propositalmente, coloca em prateleiras baixas e escondidas. O com plexo tem dezenas de prédios agrupados em blocos, lembra um campus de universidade americana. As constru- ções são todas diferentes, sem nada em comum a não ser a altura (no máximo quatro andares), e os escritórios também não seguem um padrão. Uns são abertos, • outros têm divisórias e até tendas indivi- duais. Uns têm mesa de pingue-pongue e parede de escalada, outros não têm muita frescura. Muitos têm estandes com re- vistas e jornais (de papel mesmo). Uma coisa é comum a todos: são silenciosos, tranquilos e até meio vazios. Suas mesas são enormes, com o triplo do espaço nor- mal, e nunca estão lotadas. Isso tem a ver com o tamanho do complexo (os prédios têm 290 mil m2 ), mas também com uma política: muitos dos funcionários podem trabalhar de casa, e só precisam vir à sede uma vez por semana. E isso não é um gesto de generosidade. Mountain View tem 74 mil habitan- tes. É pequena, pacata, lembra a cidade de Marty McFly em De Volta para o Fu- turo. Mas, por causa do Google, virou um dos lugares mais caros dos EUA. Alugar uma casa custa US$ 4.000 por mês, e isso se você conseguir uma: a cidade tem déficit de 20 mil residên- cias. Ou seja, acaba sendo meio inviável morar lá. A maioria dos funcionários do Google vive em cidades adjacentes, como San Jose e São Francisco, e vai de carro ou ônibus - o que gera conges- tionamentos monumentais. O Google quer dobrar o tamanho do seu campus, mas a prefeitura só deixa se a empresa também construir 10 mil casas (ao custo de US$ 6 bilhões). No impasse, a saída foi liberar o home office. Outra possível solução são os carros autônomos, que podem andar quase co- lados uns aos outros, o que reduziria muito os congestionamentos. Mas já é meu segundo dia em Mountain View, e ainda não vi o carro do Google. É um protótipo extremamente ousado, sem volante nem pedais, que transporta engenheiros pelas ruas da cidade (único lugar do mundo onde é permitido). de fazer por meio do GPS do telefone). "Nós aprendemos os melhores horários para as coisas, que podem variar con- forme a pessoa ou a profissão dela, por exemplo", diz Jacob Bank, gerente do Google Calendar. "É uma mistura de inteligência artificial O Google está liberando seus algoritmos para que outras empresas usem e desenvolvam. É a mesma estratégia do Android - hoje presente em 80% dos celulares do mundo. com ciência compor- tamental", diz. Jacob ainda não alcançou a própria meta, aprender espanhol. "Nós vamos levar muitos anos até mudar a relação das pessoas com suas agendas", admite. • EMAILS E DINOSSAUROS "Seria bom não ter que digi-tar tanto", conta o engenhei-ro Bálint Mi klós, que cuida do Gmail. Pensando nisso, ele criou o que talvez seja o mais impressionante dos inventos de inteligência artificial do Google: o Smart Reply, um sistema que lê emails e responde sozinho. Bálint tem a expressão fechada e séria. Só de olhar, você jamais adivinharia o que fazia an- tes do Google - foi vice-campeão nacio- nal de patinação artística na Romênia, sua terra natal. Ele só se anima ao falar sobre a inteligência do programa. "Às vezes o algoritmo entende até piadas", conta. A novidade faz parte do lnbox, aplicativo que é uma espécie de versão experimental do Gmail, e já pode ser baixado na loja Google Play. Conforme você usa o app, ele vê com quem você mais conversa, os assuntos que comenta e até o estilo da sua escrita. Depois de alguns dias, começa a sugerir respostas curtas para os emails. Sempre apresenta três opções, para que você escolha a melhor (também dá para ignorá-las e escrever você mesmo). Funciona super- bem. Mas, por enquanto, só em inglês. A inteligência artificial do app Goo- gle Agenda, poroutro lado, já funciona na versão em português. Você define uma meta, como fazer exercício ou es- tudar um idioma. Aí o robõ encontra tempo livre na sua agenda - e vai ajus- tando isso de acordo com a sua rotina (ele deduz o que você fez ou deixou No mundo da tec- nologia, é uma eterni- dade. No Computer History Museum, a cinco minutos da sede do Google, estão os computadores mais importantes da história. São marcos tecnológicos in- críveis, criados por empresas que pare- ciam imbativeis. Mas foram aniquiladas ou viraram sombras do que eram. O Google sabe que não está imune a isso. Tanto é que seus fundadores, Larry Page e Sergey Brin, colocaram a réplica da ossada de um dinossauro, em tamanho natural, no meio do campus. A mensa- gem é clara: quem não evolui é extinto. Por isso o Google, mesmo no auge do sucesso, decidiu se reinventar. Tem boas chances de conseguir. Al ém de investir pesado em inteli- gência artificial, está distribuindo os fru tos: liberando boa parte do que de- senvolve, numa plataforma de código aberto chamada Tensor Flow (o nome vem de uma operação matemática re- alizada pelas redes neurais). A ideia é que outros pesquisadores e empresas usem a Tensor Flow em seus próprios projetos. Se isso acontecer, o Google dominará esse mercado - como hoje o Android, que ele também distribui de graça, domina os smartphones. No meu último dia em Mountain View, os carros autônomos fi nalmente dão as caras. Vejo um, dois, três, quatro rodando pela cidade. Ninguém dá bola, eles já fazem parte do cotidiano. Daqui a um tempo, talvez seja difícil imaginar a vida sem eles. Como é, hoje, impossível imaginá-la sem o Google. O AGOSTO 2016 SU PER 33 R•portaq•• Otavio Cohen Design Inoro Ns rão Foto fõiióS Arthuzzi Edi ção Tiago Jokura Ele enxerga o mundo pelo nariz, mas aprendeu a nos olhar nos olhos, virou parte da família e conhece mais sobre nós do que nós mesmos. Entenda como os primos dos lobos domesticaram o homem e se transformaram em cães. MEU DON O P A RA de re- pedaço de pão a metros pente. Uma faixa de pelo de distância para me ao longo das costas até puxar até lá. Nesses mo- o cóccix se arrepia. A mentas ferozes, Legolas boca, que normalmen- me lembra que, apesar de te esboça algo parecido ter nome, cama,frequen- com um sorriso, agora tar uma creche, ser ótimo está fechada, e o nariz com crianças e fazer su- faz movimentos quase cesso no Instagram, ele imperceptíveis. Apesar é um cachorro. E que, de andar sempre ao meu como todo cachorro, é lado, Legolas me arrasta meio lobo. em direção a seu alvo. O Quer dizer, mais ou motivo da transformação menos. Em 2014, cien- do meu labrador brinca- tistas de Universidade !hão em um cão de caça de Uppsala, na Suécia, é um gato do outro lado compararam os genomas da esquina. Em dois anos de algumas raças de ca- de convivência, ele sem- charro com os de outros pre gostou de perseguir caninos, incluindo lobos gatos na rua, e nunca de de regiões em que teria maneira amigável. A úni- se iniciado a domestica- ca outra coisa que surte ção dos cães pelo homem nele um efeito parecido (Croácia, China e Israel). é comida. É enxergar um O que descobri ram foi 36 SUPER AGOS TO 2016 .J, AMIZADE HISTÓRICA llmila.C. Osances· trais dos cachorros seaproxi· mamde humanos. 300a.C. Alexandre, o Grande, usa cachorros com arma· duras nas batalhas. que os genes dos cachor- ros são parecidos entre si, mas não tão similares aos dos lobos de hoje em dia a ponto de dizermos que um evoluiu do outro. Aliás, os traços genéticos que comparti lham têm mais a ver com cruza- mento entre as espécies do que com uma descen- dência direta. Então, de onde vieram os cachor- ros? Uma possibilidade é que tanto cães como lobos evoluíram a partir de um ancestral comum já extinto entre 9 e 34 mil anos atrás. Cachorros não são lobos, ao contrário do que sugerem os gurus do adestramento na TV. A ideia mais aceita hoje é que, cerca de 13 mil anos atrás, a tal es- pécie canina ancestral percebeu que andar pró- xima a lugares por on- de os homens nômades passavam era uma boa. Afina, era comum sobrar restos de comida nessas áreas. De cara, evitavam contato d ireto com hu- manos, aquela espécie desconhecida e poten- cialmente perigosa. Mas alguns caninos menos medrosos chegaram um pouco mais perto, em busca de restos mais nobres. Os humanos vi - ram vantagem. Aqueles bichos percebiam coisas que os homens não eram capazes de notar, como a presença de predadores e a proximidade de presas. Era o início da amizade. A domesticação de- morou a acontecer. O homem de 13 mil anos atrás não era exatamente um cara civilizado com moradia fixa a ponto de ter um animal domésti- co. Nos milhares de anos seguintes, os humanos foram selecionando os bichinhos mais dóceis e descartando os agressi- vos. Foi a invenção doca- chorro. Uma seleção ar- tificial tão eficiente que foi reproduzida em labo- ratório. Nos anos 1960, o geneticista russo Dmitry Belyaev começou a criar raposas em cativeiro. Por 40 anos, liberava as mais simpáticas para cruzar e gerar raposinhas. Mais de dez gerações depois, elas mudaram física e psicologicamente. Lam- biam, pediam carinho, interagiam com huma- nos, tinham orelhinhas caídas quando filh otes, rabo em pé e focinho mais curto que seus an- cestrais selvagens. Vira- ram cachorros. A história das raposas é uma evidência de co- mo a espécie humana é capaz de moldar outras espécies. Mas, no caso dos cachorros, fomos longe demais. Basta ver como a obsessão por ra- ças perfeitas por meio de cruzamentos de indiví- duos da mesma família criou cães como o pug, que não respira direito e pode morrer se fizer muito esforço físico. O abuso de poder está tam- bém em pequenos gestos. Adoramos dar banho e encher os cachorros de perfume, tirando-lhes o cheiro natural: o do- cumento de identidade deles. Resumindo, esta- mos descachorrizando os cães. Eles têm roupas, vão à creche, ganham fes- ta de aniversário - e há _,. ATIREI PRIMEIRA PEDRA. .. ••• QUEM NU N CA cedeu à carinha de um cachorro pidão implo- rando por comida ao pé da mesa. Cientistas da Universidade Lincoln, EUA, notaram que, diante de duas pessoas comendo - uma com os olhos vendados e a outra não-, os cachorros se aproximam da que está sem a venda. Os dogs acreditam que há mais chances se conseguirem contato visual. Eles Leem os gestos humanos tão bem quanto os sinais vindos de outros cães. quem garanta que eles política nacional, a tem- cachorro quase não para tanto por nossas roupas amam tudo isso. Mas, parada mais recente de de inspirar. O órgão vo- quando estamos longe. quando atribuímos aos Game ofThrones (incluin- meronasal está em plena Humanos podem de- cachorros sentimentos do o destino dos lobos atividade o tempo todo, morar até reconhecer humanos, como inveja, gigantes dos Stark), esta sempre recebendo novas um amigo que mudou ciúmes ou alegria, nos revista, uma montanha de informações. já reparou a cor do cabelo ou fez esquecemos de que eles dinheiro - é irrelevante. que é difíci l perceber que uma cirurgia plástica no funcionam de um modo Para Von Uexküll, só é está vazando gás no fo- rosto. Cães reconhecem muito diferente do nosso. possível compreender a gão se você estiver na na hora. Não importa se Não é assim que se trata pulga ao levarmos em cozinha desde o início você usa perfume francês o melhor amigo. conta o ponto de v ista do vazamento? Seu cére- ou se não toma banho dela. Essa perspectiva bro é programado para se há três dias. Eles sabem culiar recebeu o no- acostumar com odores, que você é você porque de umwelt (algo como mesmo os mais desagra- são capazes de te cheirar biente", em alemão). dáveis. Cães jamais se por dentro. É por isso que mwelt do cachorro é acostumam. Cada lufada existem cães treinados mais complexo do é carregada de novida- para identificar doenças EI Ili q e o da pulga que se des. Eles sentem cheiros como diabetes, câncer, ou Ili h. speda nele. E muito de maneira tão específica até esquizofrenia. Mais 111111, erente do seu. que não é de se espantar do que identificar aromas, Ili m cão não liga para que o odor sirva como eles os interpretam. Se a agnífica vista do par- identificação na socieda- percebem uma quanti- q em que passeia. Para de canina - cada cão tem dade maior de adrenali- e1 , importante é cheirar. seu cheiro único. na no seu sangue, sabem N nhum sentido é tão O biólogo Marc Beko- que você está nervoso. Se çado num cachorro ff, um dos maiores espe- identificam feromônios, ência do comportamento quanto o olfato. Ele tem cialistas do mundo em percebem que você está animal ao propor ver o 220 milhões de células cachorros, desenvolveu excitado. E, se tiverem mundo pelos olhos de olfativas, 100 mil vezes um teste para ver se seu alguma dúvida, eles con- uma pulga. Esse parasita mais do que você. Além cão reconhecia o cheiro firmam com o olhar. não tem uma vida muito de terem mais receptores do próprio xixi diante Para a maior parte das variada. Ele não enxerga de cheiros, eles têm tipos de várias amostras de espécies animais, olhar e não liga para barulhos. diferentes de células oi- 1884 urin a de outros animais nos olhos é sinal de ame-De todos os cheiros do fativas. lsso faz com que Surge o na neve. jethro passou no aça. Quando um lobo é mundo, só um importa: não só cheirem melhor: American teste sem difi culdade. O encarado, ou ataca ou o de ácido butanoico, eles cheiram de um jeito Kennel caso da "neve amarela", desvia o olhar e se afasta, presente em manteiga, que você nem imagina Club. Hoje, publicado em 2001, ficou porque acha que está em em alguns queijos e no que é possível. Entre o oAKCreco · famoso porque esclareceu perigo. Até chimpanzés suor de animais de san- céu da boca e a parede in- nhece 200 que os cães têm muito evitam o contato visual gue quente. Para a pulga, ferior do focinho, há um raças, mas mais facilidade em se longo. Para os dogs, vale estima-se encontrar um desses ani- aparelhinho muito úti l haver mais identificar pelo olfato do a pena sustentar a mirada mais é como ganhar na chamado órgão vome- de 700. que pela visão. Coloque o para obter informações loteria. Elamorde, suga ronasal, uma espécie de seu filhote diante de um sobre os humanos com um bocadinho de sangue decodificador de odores. 1923 espelho e ele logo per- quem interagem. Esse e pronto, sua missão na Tudo o que entra pelo na- RinTinTin derá o interesse naquele comportamento raro em Terra está completa. Se riz é processado e trans- estrela no bichinho peludo fofo, mas outras espécies é prova a pulga pudesse falar, só formado em informações cinema.Em completamente inodoro. do vínculo milenar entre diria que há três tipos de no cérebro canino. 1929. foi o Só tem um cheiro que eles nós e eles - milênios de mais votado coisas no mundo: lugares O aparelho olfativo para Levar conhecem tão bem quan- coevolução resultaram para esperar surgir no ar tem outra peculiarida- oOscar to o próprio, e é o seu. em cachorros adaptados o cheiro de ácido buta- de. Quando o cachorro de Melhor Para os cachorros, nós para decifrar nosso olhar. noico, superfícies com expira, cria uma peque- Ator , mas a somos nosso cheiro. Seu Temos a sensação de que ácido butanoico e sangue na corrente que empurra Academia tênis é uma extensão do nos entendem. E enten-eliminou-o (que está cheio de ácido ar de volta para dentro. por não ser seu corpo, e isso expli ca dem mesmo, mas de um butanoico). O resto - a Em outras palavras, um humano. por que eles se interessam jeito todo particular. セ@ 38 SUPER AGOSTO 2016 .· FARO Rll CACHORROS de- tectam rastros quí- micos produzidos pelo corpo. Assim como farejam drogas no aero- porto, eles podem ser treinados para detectar odores de células cancerosas ou a alta concen- traÇão de glicose no sangue, comum na diabetes. Mu- danças セッイュッョ。ゥsG G@ e de pressão, volume de suor, tudo isso altera sutilmente nosso cheiro. E isso não passa batido por foci nhos caninos. elas. Um ursinho especializada em caninos quanto brincar_ Não é à pelúcia, um graveto e e autora de A Cabeça do toa que escolhemos os 11111111 a bola de pingue-pon- Cachorro_ Adestradores cães como amigos_ Ou são praticamente a sempre chamam aten- será que foram eles que IEflEllU sma coisa: estão na ção para o jeito como os nos escolheram? egoria "mastigáveis"_ comandos devem ser en- Independente dares- biscoitinho em forma sinados. Um "senta" firme, posta, é evidente que osso é tão comestível com entonação assertiva, muitas características nto uma maçã. Tudo jamais será confundido caninas foram surgin- é grande demais pa- com a palavra "senta" co- do em resposta a tra- omer, mo rder, sentar loquial no meio de uma ços humanos_ O latido, ck russell terrier, e publi- ou rolar em cima não faz frase. Comandos verbais por exemplo, tem toda cou o vídeo na internet. diferença na vida dele. têm mais a ver com o tom a pinta de ser um ins- Assisti-lo é revelador. A A não ser que essa coi- de voz do que com o sig- trumento desenvolvido visão dos cachorros é po- sa se mexa: cães adoram nificado das palavras usa- para se comunicar com voada por pernas, sapatos coisas que se mexem. das_ Ainda mais quando o homem, que é tão ver- e meias, cheia de pneus Um cachorro pode latir são associados a gestos. bal (lobos não latem)_ de carros, raízes de árvo- incansavelmente para Cachorros também Para compreender seus res, pés de mesa, cantei- alguém deslizando so- são excelentes em leitu- companheiros bípedes, ros e jardins_ Para eles, o bre um skate e se calar ra corporal. Identificam os cães aprenderam até chão é limi te. A imagens no momento em que a a metros de distância se uma habilidade men- que as câmeras humanas pessoa para_ Aos olhos o outro cão que vem na tal que só existe tão captam da experiência dele, o gato parado na direção oposta é amigável desenvolvida no pró- canina, porém, são li mi- esquina se transforma, ou não. Se for, em segun- prio homem. Trata-se tadas para representar a num passe de mágica, em dos, eles podem engatar da teoria da mente, que experiência sensorial ca- outro gato quando foge - uma brincadeira. Nos é a capacidade de ima- nina como um todo. e o gato correndo é bem poucos segundos entre ginar o que passa pela Que o olfato é impor- mais divertido_ Observar o encontro e a interação cabeça de outra pessoa_ tante para eles, já está mais o comportamento de um física, eles trocam vários Cachorros também têm que claro. Cheirar o tra- cachorro num passeio dá sinais_ Estender as patas bons palpites de como seiro de outro cãozinho muitas dicas sobre como para frente e baixar o vamos nos comportar na rua é o equivalente ao eles sentem o mundo. Se focinho é um dos mais em determinadas situa- nosso "bom-diá'_ Mas es- um cão late para o nada, é conhecidos: significa ções, mesmo tendo uma se gesto também mostra sinal de que ele percebeu que ele quer brincar e teoria da mente menos como eles lidam com o algo que você não notou_ está convidando seu mais refinada que a nossa_ espaço individual. Entre Se não for um cheiro for- 1957 novo amigo. Ao longo da E eles usam e abusam humanos, é cada um no te é grande a chance de brincadeira, eles estabele- desse superpoder_ seu quadrado. Pega mal ser um barulho quase Abordo do cem limites e contam um encostar em desconheci- imperceptível_ Enquanto Sputnik 2. a para o outro se a mordida cadela Laika dos na rua. Já os cães não humanos escutam nu- é o pr imeiro foi muito forte ou se a têm cerimônia. Põem o ma frequência de até 20 ser vivo patada machucou. nariz na nossa virilha para kHz, cachorros podem a entrilr Está aí outra peculia- saber por onde andamos, percebem sons bem mais na órbita ridade dos cachorros em lambem nossa perna e se agudos, de até 45 Hz. terrestre. r_elação a outros bichos. ANTRDPÓ· aconchegam para uma so- Além de escutarem 1967 E raro encontrar no rei- L D G D S neca. Tudo o que está ao bem, também são bons no animal espécies que D E QUATRO alcance do cachorro é dele_ ouvintes. "Já que não fa- Os Beatles brincam na fase adulta. Mas, se for grande demais lam, eles prestam mais lançam A É que o risco da brinca- PATAS Dayinthr para caber na boca, eles atenção no ritmo de nos- l.ife. com deira é grande. Rolar na deixam para lá_ sas frases, no tom de nos- trechos grama pode machucar e LEGOLAS P ERCEBE O Assim como a pulga, sa voz, na exuberância de ョオュ。ヲイ・セ@ gasta uma energia que cheiro de pão da padaria cachorro também divi- um ponto de exclamação quê nci a que faria falta mais tarde. entrar pela janela e sabe de as coisas do mundo e na veemência da caixa humanos Mas a sociabilidade fala que é hora de acordar. não ouvem, em categorias a partir da alta", escreveu Alexan- mascachor - mais ai to - e nada esti- Eu mudo de posição e maneira como interage dra Horowitz, psicóloga rossim . mula tanto a sociabilidade fin jo que ainda estou セ@ .tJO SUPER AGOSTO 2016 GRANDE FAMÍLIA A Q UELE PA PO de que o dono do cão precisa ser o macho alfa da matilha é lenda . Para a pesqui- sadora Alexandra Horowitz, isso não se aplica aos cachorros, que não caçam em grupo e socializaram com humanos. Eles demonstram apego (preferência por uma pessoa) , enquanto Lobos não têm apego nem sen- tem medo de serem abandonados. dormindo, mas ele sabe inacreditáveis poderes A, monitorou o cére- muito bem que não. Em físicos, faz com que eles de cachorros expostos segundos, está na porta estejam no topo da !is- D árias amostras olfati- do quarto, pronto para o ta de bichos adaptados 1111111110 (cheiros de cães des- passeio da manhã. Ele é para viver perto de nós. E IEI hecidos e conhecidos, paciente, normalmente Nem os primatas mais Hlllll anos desconhecidos, espera com calma até espertos são tão bons em es mesmos e de seus eu me vestir, sair doba- entender, por exem pio, se dô os). Na hora em que nheiro, encher a vasilha apontamos numa direção. s tiam o aroma dos do- de ração, pegar o rolo Cachorros conseguem, n , uma parte do cérebro de saquinhos plásticos, principalmente se mos- ada núcleo caudado, uma porção de petiscos, tramas com o dedo onde para meu cachorro após associado a sensaçõesde e a guia de couro mas- está a comida ou o brin- 20 dias fora. Ele pensa prazer e às primeiras fases ti gada. Mas, se enrolo quedo. Mas o superpoder que não vou mais voltar, do amor, intensifi cava a mais do que o de cos- de prestar atenção nos pois nunca passamos atividade. tume para sair da cama, mínimos detalhes tem tanto tempo separados. Cachorro costuma ele começa seu próprio uma contrapartida: eles Fiquei fora tempo o su- gostar de gente. Ao verem ritual. Primeiro, chora não sabem generalizar. ficiente para que ele já fotografias de humanos, baixinho. Depois, solta São capazes de perceber não me esperasse mais no reagem como nós, do um latido fino. Se não as mil hões de nuances horário de sempre. Abro a ponto de vista da ativi- adiantar, começa a puxar no aroma de uma rai z de porta e vejo Legolas dei- dade cerebral. O córtex o edredom com a boca. árvore, mas não necessa- tado no sofá com as ore- temporal, que processa "É hora de levantar, está riamente sabem que estão lhas em pé, arrancado de informações complexas, um dia particularmente numa floresta. Cheiram um sono profundo. Nos 5 como microexpressões cheiroso lá fora. Ante- uma árvore de cada vez. minutos seguintes, vejo-o faciais, fica ligado. Essa ontem foi assim, ontem "Viver sem capacida- correr pela casa, subir e sintonia faz deles exce- também, e hoje será a de de abstração signifi - descer escadas trazendo lentes animais de serviço mesma coisa. Não há na- ca encarar cada evento o primeiro brinquedo que (como guias para cegos) da que você possa fazer e objeto como singular", 2007 viu pelo caminho, rodo- e terapêuticos. Depois do a respeito, humano", eu diz Horowitz. Uma das Nascem piar, pular, cheirar minha atentado de 11 de Setem- falo, imitando a voz que possibilidades da cons- os pr imei- calça, passar por baixo das bro, mais de 500 cachor- inventei para ele. ciência humana é pensar ros clones minhas pernas, dobrar- ros foram designados pa- Jakob von Uexküll sobre o pensamento. Pa- caninos se para que eu coce seu ra consolar e amenizar o não escreveu sobre o ra um cachorro, pouco do mundo : lugarzinho preferido na trauma de sobreviventes umwelt de cachorros, só interessa a fil osofia. De sete base da cauda, tudo is- e famili ares das vítimas sobre o das pulgas deles. acordo com o umweltca- filhotes de so ao mesmo tempo. É em Nova York. Eles tam-labrador . Mas Alexandra Horowitz nino, só interessa o aqui o melhor momento de bém são os únicos bichos tem alguns palpites de e o agora. Isso explica 2013 nossas vidas. que bocejam quando nos como é um dia na vida por que não é uma boa si milhões Comprovado: ter um veem bocejando. Sinal do cachorro. "Nós somos ideia dar a bronca no de dogs cachorro amigável por claro de empatia. a primeira fonte de co- cãozinho que destruiu vivem perto faz despencar o Graças a essa cumpli- nhecimento sobre o dia: a almofada enquanto vo- em lares nível de cortisol (hormô- cidade milenar, temos organizamos o dia doca- cê estava fora. Na mente brasi leiros, nio do estresse) no corpo. hoje ao nosso lado cães charro em paralelo com o dele, aquilo aconteceu há contra 33,9 Ao mesmo tempo, sobe de companhia, de guarda, milhões de nosso, fornecendo dicas tanto tempo que não há crianças até a concentração de ocito- de serviço; cachorros que e cercando-o de rituais", conexão possível entre o 14anos. cina, um hormônio que arrancam aplausos em escreve a pesquisadora. ato e a punição. Aquela desperta a sensação de competições ou risadas Se eu me movimento de carinha de culpado en- 2016 apego e amor, o mesmo no YouTube. Quanto mais manhã na cama, está na gana. Ele só está assus- Morr e, com liberado nas mulheres a ciência se dedica ades- .. cara que já acordei. Lo- tado com sua reação e 30 anos, a durante o parto. Do lado vendar os segredos dos i セ@ go, está liberado implorar não faz ideia do motivo. australlan de cá, é amor verdadeiro nossos melhores amigos, o pelo passeio. A bronca só vai estra- kelpie correndo na veia. Do lado mais claro fica quem é セ@ A teoria da mente ru- gar o momento preferido Maggie - de lá, rola algo bem pare- quem na amizade milenar セ@cão mais li dimentar que os cachor- do cachorro: o encontro longevoda cido. Em 2015, o pessoal entre o Homo sapiens e o "i ros têm, ali ada aos seus com seu humano. históri a. da Universidade Emory, Canis famíliaris. 0 : 42 SU PE R AGOSTO 2016 llHA EllllE (EISSI) A CONIXÃ O entre cães e gente sugere que a domesticação não tenha sido produto exclusivo da ação humana. "Talvez os cães tenham mostrado como queriam ser domesticados. Isso acabou levando nos- sos antepassados a desenvolver relações mais complexas com outras espécies", sugere o neurocien- tista e antropólogo Greg Downey, da Universidade Mac- quarie, na Austrália. TRANSPARÊNCIA Todo parlamentar tem direito a uma verba mensal durante seu mandato - o dinheiro sai do bolso dele para vo ltar por reembolso. Cada Como ler este gráfico セセセセエセイセセセᄎ。ャセ イ セセョエ。@ parlamentar em cada categori a. O tamanho indica o valor, e as cores mostram a despesa. R$10.000 R$ 50.000 R$150.000 R$ 300.000 • Orça- mento RS 20 a45 mil é o valor que cada parla- mentar tem para gastar por mês. O tet o varia con- forme o Estado de origem dele: quanto mais longe de Brasília, maior o custo de passagens aéreas - e maior o orçamento. Em 2015, nin- guém ult rapassou o Li mite. Mas será que seu dinheiro está sendo bem gasto? As categorias SENA DO O Despesas de escritório O Materiais de escritó rio CÃ MARA Combustíveis e lubrifi cantes O Contratação de consultorias Divulgação do parlamentar Transporte, hotel. comida O Consultorias e trabalhos técnicos O Divulgação do parlamentar O Passagens aéreas O Aluguel de carros e gasolina O Passagens aéreas e outras Segurança privada @ l indbergh Farias (PT-RJ) RS 242,7 MIL Lidera os gastos com passagens aéreas: torrou R$ 40 mil a mais do que o segundo maior viajante. Senadores ® O Manutenção de escritório O Telefonia Outros' Aéci o Neves (PSDB -MG) R$213, 8MIL Seu escritó rio é o mais caro: foram R$ 14 mil com condo- mínio e aluguel. Em compensação, economizou com セz セセセセ ゥ イ ・ セ ・ セァセ ウ N@ Cota Parlamentar de R$ 21.045,20 (DF) a R$ 44.176,60 (AM). fッエッウ dャカ オ ャァセ@ centavo precisa ser declarado no Portal da Transparência. A SUPER analisou todas as despesas dos nossos senadores e deputados em 2015. !nf!!Jlráfica Carol Castro, Flávio Pessoa, Har co Túli o Pires e Pd111ela Corbonori Torra- torra A ponta do ® iceberg Vinícius A cota é só uma Gurgel parte do borderô (PR-AP) anual dos nossos R$ 229,15 M IL セアオ・ュ@ mais polít icos. gasta com ;ilu- guel. Manteve R$33.JS3 6escritóri os SALÃ.11:10 M ENSAL <1omesmo tempo- 4 só em Macapá. Câmar a• (47%doguto anual). RS 242,5 MILHÕES Salários dos ® deputados André Moura HS 5D7,4 MILHÕES (PSC-SE) Salários dos funcio- R$ 2.45,8 MI L nârios do gabinete Apostou mais HS 4,3 MILHÕES • eg;, セゥセセセセᆰjcZセ@ Castos com saúde Gastou 66% da HS 9,8 MILHÕES cota com redes sociais, $râfica Auxilio-moradia e cl1pping. 1$1&411Lll EI © Átila lins Senado• (PSD-AM) RS 33' MI L HS 38,3 MILHÕES 750Jodas 、 ・ウヲオセ]セ@ セZZZ@ Salários dos senadores viajar de 。カゥセッN@ HS 3,9 MILHÕES A distância justifica o Outros gastos gasto? ゥセセセセセセセZエセセャ@ carros @ HS96B MIL Auxilio-moradia Conceição HS 312,9 MILHÕES Sampaio (PP-AM) Salários do gabinete RS 51 MI L RS 3.4MILHÕES Gastou seis vezes menos Castos com saúde ー。イ。 ゥ イ 、セm。ᄋ@ I USl,HILll ES naus ao DF. TOTAL Deputados Câmara + Senado Cota Parlamentar 1$1,12311 de R$ 30.788,66 (DF)a RS 4S.612,S3 (RR) Equivale a : 46% do corte no Ministério da Saúde eml016. 1/4 da verba do Pronatec em 201S. ' Ac:umulitdo l"m 1.015 AGOSTO 2016 SUPER 45 Senadores Despesas de Materiais de =Consultorias Divu lgaç,ão escritório ' escritório 1.000 N" DE PARLA- MENTARES ATENDIDOS PELAS EMPRE SAS 100 Vivo
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