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SuperInteressante_Ed_364_Agosto

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PRIMEIRA PÁGINA -+ DA MESA DO EDITOR 
A crise de confiança 
APRENDI UMA COISA lendo 
a reportagem de capa desta 
edição: o cachorro é uma das 
únicas espécies que nos olham 
nos olhos. Foi a evolução que 
ensinou esse truque a eles. 
Afinal, o Canis familiaris 
especializou-se em agradar 
humanos para ganhar seu 
sustento. Cães são primos dos 
lobos que se diferenciaram 
porque aprenderam a ganhar 
nossa confiança. E, ao longo 
dos milênios, eles entenderam 
que o caminho para a confian-
ça humana é olhar fundo nos 
olhos de uma pessoa. 
Boa sacada dos nossos 
amigos caninos. Afinal, 
confiança é a coisa mais 
valiosa que existe. Duvida? 
Então imagine que você quer 
comprar um carro usado e tem 
duas opções de vendedor: um 
no qual você confia cegamente 
e outro que é um canalha 
notório. Quanto a mais você 
toparia pagar pelo carro do 
dono em quem você confia? 
Esse é um exemplo banal. 
FotoDulla 
O valor da confiança se 
manifesta de formas muito 
mais profundas. O próprio 
dinheiro no seu bolso só vale 
alguma coisa porque você 
confia - você acredita no 
Banco Central que o emitiu, 
e que as outras pessoas vão 
acreditar também quando che-
gar sua hora de passar a nota 
para a frente. Se essa confiança 
sumir, aquela nota de R$ 100 
vira só um pedaço de papel. 
Em grande medida, a 
enorme crise da nossa 
civilização, que é especialmen-
te séria no Brasil, é uma crise 
de confiança. O país ficou 
mais pobre nos últimos anos, 
em parte, porque deixamos 
de acreditar nele. E deixamos 
de acreditar porque perdemos 
a confiança uns nos outros. 
A premissa é que não dá para 
confiar em ninguém - e acaba-
mos entregando poder em 
mãos indignas de confiança. 
Fico imaginando o quanto 
essa crise generalizada se deve 
ao fato de vivermos numa 
sociedade na qual 
ficou raro nos 
olharmos nos olhos. 
De trás dos nossos 
vidros fumê, de 
nossas redes sociais, 
de nossas estratégias 
de marketing, ficou 
difícil encontrar o 
olhar do outro. E, 
como bem sabem os 
cachorros, sem isso, 
nada acontece. 
Denis Russo Burgierman 
DIR ETOR DE REDAÇÃO 
DENIS. BU RG IE RMANOABRI l .CO Jr.I. BR 
EDITORA. Abril 
\'!CTOlt Cl \'rJA ROBERTO avrrA 
J!9C7-!990, (IU6-2f.113) 
Conse!ho Editorial: Vktor Civila Neto (Presidente), 
Thomaz Souto Corrta (Vlce-Pmidentc), 
a ャ ・セセセZイャ[セセセ} ᄋ ッセセセセ[ P a、Gオ¬コセセイ。 L@
セャ、・ ョエ ゥ・@ do Grupo Abril : Wali cr Longo 
DiMtordeOperac6ei: Fábio Pl'lrOS!il Gal lo 
Dlr• torc;.ral d• PubllcldMk:: Rogério Gabriel Comprido 
Dlr•torcff Pl.ln-Jam1nto, Control• • oーNQセ Z@ Edilson Soares 
d ゥイ・ エセLZZ[[セセᄚZAZセZセ←G。Q、ウ a ウGAセ ゥセZOセZャャャGゥ イ。@
Dl11tord• V1ndlls SMraAud!tnda: Oi mas セゥ」エャ ッ@
Olrltor.11 Editorial Abril: A ltnandra Zapparoli 
Dlrl tor Editorial - EstAo de Vida: Strgio G.,,'fmn:m 
dwMセ@ セ。￧ャッ Z@ oイ。 ャセ@ セャャオイァャエエイ。ョ@ Diretor 、・セ Z@ Fabricio.\l ir;anda 
lt•dtilor-chef•: Akundrc | G」ャゥゥセhゥ@ Editurn : lkuao Gau!torâ, Can>I Cawro. 
Karin 11\X'd. Tilj!CI jokon. O.sigMl'll : Brun;a L0N. セエャ@ Prno.1. l nar.11 f'icpk lャ セョイN@
セ ャエ・ー￳ョAイ・ ZセgャGイュZゥQ^QQNpNゥュイゥャcNNエャッョ￴ イゥセセ ZャNFQャセャ@
Vide<>: Tbai1 Zlmnw:r M1rtiM Eoug!i ri<K ' Ana c Q イッセョ@ LN:wianli. Jltlll IYA ..... 
l..cooartlo Ram'"' Sanlol. Sophia Fmwdcc "odulor Graiu>: Andmen C.S. セ@ Fõlria 
c」ャQ「ッ イ セッ Z@ Aklr.1nd1t Cunlb• (1t•·i1io) lilrl AdtodalO (a<tc) Atendiml'flto 
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GK9M• d• nセ ャッウ@ Diçit1i1: Mui:anlll" Nts• ib1la G-MH da Procluto: F'm10 
MGrtooc R.U• GomtidtApiarAnafai.o.d..l'rodulo: Eb.;.,,Cri$1.iaaclolSanl°"' 
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www.1uper1ntorHut1t1.<0m.bf 
VENDAS DE l"lJIUODADE A1d1ca v」ゥNセQ@ llll l. Ala Sk wci11 t l1\trn1do1il t 
11..,iOHI). An.:i Pnl1 .\tott..i (l l od1. Ottoia(àci tÜlrKl rll(àol. C.+Jiano Ptrt1H 
1Fi1U1nttirl),Daniftr.Stnlhn/f ttnologia.Tdrnoa.l:dur:içã•a!W11í<k).Stl..aSoul• 
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t T•litllHI) Allll L BltANDED COMUNT Edwa"I Pimu!a VENDA5 PAll:A 
AUDllN CIA Adaillo. G••Hdol> (PnKH•DS). Char A! .. rida {Clr r•l ôl(.lio Eu,.tl 
Fc111Jai1u1. D11itl1 V1d1 (SAC}. faro FITi lH !Clrru liÇ&o ' 't\llblilo dt Vicia). 
L.rl Sill'I (\'cndu セィイエN」エ ゥ @ DirttOI . Marco fu lio AralH: (Ejl údla de cイィ￧セIN@
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Pad-. SP. CEP0542i-902, ltl .(11) 10u.200ll. Publil:Kaif Uo , ... lo .. infarna;M 
Mセエ。ョu\、ャAーオ「ォゥMイNッbイャャゥQョッeョNイゥッイ[ LNNNNN ᄋ LNNQゥセ 。「イゥャ NNLNNNN「イ@
SUPEIUHTEltBSANTE cdiç>D n' 3"' (ISSN ojPNQNQQXYセ@ lflll 30. a' lO.t1m.ipul*'G'.IÇM 
illF.dilOr!IAbril 19IOG+I セsNaN@ B m MイャョャュGャャャセイlエュQQQィャセャイB|ヲNAー。ャャィ。N@
Eclic;õn ilrlllriorn: \'md1 adtiin on baMlll. pelei prt'Q'.I dl Ultil!lól. cdklo cm b111a.. 
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d A イ・エッNN、・aオ、ゥセ Z@ Thomaz RobcmScott 
dャイエエッイsオー・イゥョエセョエQ@ da Gr!flr.a: Eduardo Cosia 
Dil'ltl)r;ll Corporatiu.a dt RIWln<M Huma.-:daudia Ribeiro 
Dfttota cl1I Rllac;6u (.orporativu: Mrire Fidclis 
oretoraJi.ri:ia:MarianaMacia 
PNskllntt Exlartivo da DGB: Claudi(J Prado 
www.abril.com.br 
CARDÁPIO I -+ AGOSTO OE 2016 
ESSENCIAL 
10 UMA IMAGEM ••• 
Raios na ilha de Kiribati, 
no Havaí, vistos da Estação 
Espacial Internacional 
12 •.• MIL PALAVRAS 
"Se economia fosse 
esporte olímpico, 
estaríamos fora 
dos Jogos." 
SUPERNDVAS 
14 FACETRUQUE 
O governo dos Estados 
Unidos vai te stalkear. 
Capa 
Foto Elke Vogelnng 
NO DIVÃ 
Hospital 
argentino 
faz エ ・イ。 ーゥ。 セ@
astral. セ@
IJ CRIMINALIDADE 
O mundo está cada vez 
mais perigoso - e isso é caro. 
22 TESTE SUPER 
Hambúrguer de micro-
-ondas: range em 90 
segundos. 
24 •ABY TESLA 
O carrinho de bebê 
que anda sozinho e 
funciona online. 
15 DES .. EDIOA 
16 ENQUANTO ISSO 
17 vocl PAGA IESTIE 
POLfTICO l'AllA 
26 PÉROLAS DO STREAMING 
21 vod DECIDE 
NÜMERO 
INCRÍVEL 
So 
MIL PEÇAS 
DE LEGO 
São neces-
sárias para 
reproduzir 
o esqueleto 
de um ti -
ranossauro 
r ex.P. 54 
ORÁCULO 
28 A nova arma do Google 
O sistema de inteligência artificial capaz 
de assumir o controle da sua vida. 
3l Capa 
CACHORRADA 
Amizade ancestral: como os cães 
domesticaram os homens e viraram 
os nossos melhores amigos. 
U Nosso dinheiro é deles 
Como os deputados e senadores gastam 
o dinheiro que, até então, era nosso. 
56 Tro.:a-troca de drogas 
Enquanto o SUS não dá o medicamen· 
to, tem um clube pronto para doar os 
remédios para você. 
&2 A revolta em flashes 
Da praça da Paz Celestial a Baton Rouge: 
fotos icônicas de resistência ao poder. 
MUNDO SUPER66 DE CORPO E MENTE 
Havia provas artlsticas 
nos Jogos Olímpicos? 
72 FLORA EM FESTA 
Segundo cérebro é o queri· 
dinho dos consultórios. 
6J JOGO DURO 
Nas Olimpíadas antigas, 
セ@
68 CÉRURO 80M8ADO 
Atletas reagem mais rápido 
a est ímulos visuais. 
6J •Ã PUM 
68 CICNCIA MALUCA 
69 LISTA 
70 CONEXÕES 
71 MANUAL 
REALIDADE 
ALTERNATIVA 
74 QUESTÃO OE GOSTO 
Quando uma bomba explo-
de no lugar errado, o que 
acontece com São Paulo? 
ÚLTIMA PÁGINA 
71 OS OLHOS DA CARA 
O custo real de 
imprimir dinheiro. 
• VIDEOAULAS 
com professores do curso Poliedro 
• EXERCÍCIOS 
para fix ar o que você assistiu 
• ACESSO AOS GUIAS 
DO ESTUDANTE 
toda a linha impressa disponível 
em formato digital 
INSCREVA- SE E SAIA NA FRENTE 
http ://guiadoestudante.abril .com.br /curso-e nem eGuiado Estudante 
boticarlo.com.br/diadospais 
,, . - b. 
. · .. ·> ZZセ N@
. ·. · . . · . ...• g セ セ@ セ Z@ ,.,,, セ@ 'I セ B@ ': l:À. 
• •• セ@ ·.O: .! • ᄋセ@ .: t; 
encontre.boticario.com.bi. · .. ·. '. · •. t : セ ᄋN@ , , M セ@
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loja 
lilll 
o, 
•. 
0Bot1cár10 
Acredite na beleza 
E é basicamente isso que o Brasil está 
fazendo, só que em outra modalidade, 
bem mais relevante que qualquer es-
porte. Somos o Eric Mussambani da 
economia mundial. Ou quase isso. 
Das 183 nações que a agência de no-
tícias Trading Economics monitora, a 
nossa está em 173• lugar no ranking 
de crescimento econômico. Desses 183 
países, só 26 estão em recessão. E entre 
os 26 cujos PIBs encolhem, o Brasil 
consegue ser o 19• pior colocado. Es-
tamos nadando cachorrinho. 
A variação anual do nosso PIB está 
em -5,4 %, o que nos deixa encaixotados 
entre o Sudão do Sul (-5a%) e a Líbia 
(-6%), dois países em guerra civil. Serra 
Leoa, Yemen, Omã e a Guiné Equatorial 
do glorioso Moussambani completam 
essa rabeira da economia mundial, junto 
com a Venezuela, que vive um colapso 
econômico até mais violento que o de 
um país em guerra - em julho, o gover-
no Maduro precisou ocupar uma fábrica 
de papel higiênico falida e religar as 
máquinas para que não faltassem tantos 
rolos nos banheiros de Caracas. 
NA VENEZUELA, A MOEDA LOCAL já 
virou nota de Banco Imobiliário: a in-
flação deles está em 500%, e a previsão 
para 2017 é de sarneyzianos i.600%. 
Por aqui, as subidas de preço tendem 
a deixar de ser problema: passamos de 
10% em 2015, agora estamos em 8%, e 
com nossos dois presidentes, o interi-
no e a afastada, apostando numa baixa 
ainda mais signifi cativa para 2017. Até 
porque manter uma infl ação rampan-
te num cenário de recessão profunda, 
como acontece no país de Maduro, é 
tão difí cil quanto errar pênalti sem 
goleiro. Numa economia em recessão 
(a nossa), o consumo baixa, e quanto 
menos se consome, menos os preços 
sobem. Uma doença serve de remédio 
para a outra. No fim, mesmo se o seu 
pais for governado por uma lontra, só 
a recessão já serve como uma boa ar-
ma contra a inflação - a Venezuela, tão 
hiperinflacionária quanto recessiva, é 
é a excessão que confirma essa regra. 
Isso não signifi ca, porém, que a água 
tenha deixado de bater nas nossas bun-
das, claro. Com o PIB em queda, o go-
verno federal fica mais pobre. Em 2013, a 
EllSil ALEXANDRE VER SIGNAS SI 
O Brasil agora está em QWSセ@ no 
ranking mundial de crescimen-
to, QVYセ@ no de menores juros 
e QWUセ@ no de menos endividados. 
receita com impostos foi de R$1,6 trilhão 
(em valores de hoje, levando em conta 
a inflação). De lá para cá, foi só ladeira 
abaixo. E a previsão é que o Pais feche 
2016 com uma arrecadação de R$ 1,27 
trilhão - 20% aquém do recorde de 2013. 
Se o seu salário cai, o que você faz? 
Tenta gastar menos. Mas não é o que o 
governo tem feito. Os gastos da União 
só aumentaram, como se não houvesse 
crise. E para cobrir o rombo o jeito é 
pegar dinheiro emprestado, em quanti-
dades cada vez mais assombrosas. 
A dívida do governo encerrou o ano 
passado em R$ 2,7 trilhões. Isso repre-
sentou uma alta de 22% em relação a 
2014. E a previsão é que ela feche 2016 
em R$ 3.3 trilhões. Mais 22% de au-
mento - talvez haja um numerólogo 
trabalhando no Tesouro Nacional. 
o PROBLEMA DAS DÍVIDAS é que elas 
teimam em vencer. Neste ano, o governo 
tem que amortizar R$ 613 milhões, além 
de pagar mais R$ 85 bilhões de juros. 
Note que esses R$ 698 já dão mais da 
metade do que o governo arrecada com 
impostos. Pegar 50% da receita tribu-
tária para pagar dív ida não rola, senão 
não sobra para pagar saúde, educação 
nem amenidades como o aumento de 
42% para o Judiciário e o querosene 
dos aviões da FAB que levam senador 
para implantar cabelo Brasil afora (ve-
ja mais gastos "pitorescos" dos nossos 
congressistas na página 44). 
Bom, neste ano, o governo separou 
R$ 108 bilhões do seu caixa para pagar 
as dívidas correntes. Os R$ 590 bilhões 
que faltam vão vir de novas dív idas. 
Tem mais. O governo não faz dívida 
só para cobrir rombos. Tomar dinheiro 
emprestado também é uma ferramenta 
contra a inflação. Quando o governo 
pega emprestado, ele tira reais de cir-
culação. Com menos reais na praça, o 
consumo diminui, o que diminuiu a 
pressão inflacionária. 
Isso mais os rombos cada vez maiores 
nas contas públicas faz o governo pegar 
dinheiro emprestado o tempo todo. Para 
conseguir dinheiro o tempo todo você 
precisa cobrar juros altos. E é por isso 
que os nossos seguem firmes entre os 
mais altos do mundo. 
Enquanto os juros no mundo de-
senvolvido estão próximos de zero, 
os nossos são de 13%, 14%. Daqueles 
183 países que a Trading Economics 
monitora, 168 pagam juros menores 
que os do Brasil. P iores que a gente 
nesse quesito só Haiti, Zâmbia, I rã ... 
Além da Venezuela, sempre ela, e, nesse 
caso, da Argentina. Nosso v izinho de 
baixo, diga-se, é o país mais caloteiro 
do mundo, e que por isso mesmo não 
consegue fazer dívida sem pagar pelo 
menos 30% de juros - caso a sonda Juno 
não revele novidades financeiras sobre 
Júpiter, esses continuarão os maiores 
juros do Sistema Solar. 
Mesmo assim, a dívida dos argentinos 
não machuca tanto o pais deles quanto a 
brasil eira machuca o nosso. A Argentina 
fechou 2015 R$ 110 bilhões no vermelho 
- ou seja, essa foi a diferença entre o que 
o país gastou (incluindo pagamentos de 
dívida) e o que o pais recebeu. Isso dá 
5,4% do PIB argentino. No Brasil, esse 
buraco fi cou em R$ 613 bilhões. É o nú-
mero que os jornais chamam de "défi cit 
nominal". Ele dá 10,4% do nosso PIB. 
Quer dizer: estamos duas vezes piores 
que a Argentina nesse quesito. E no 
ranking mundial de déficits nominais, 
ocupamos um embaraçoso 175• lugar, na 
companhia de feras como Moçambique, 
Eritreia, Egito, Síria e Afeganistão. 
Não tem pódio olímpico capaz de 
maquiar nosso desastre econômico. 
Porque hoje essa é a nossa vida. E a 
periferia do mundo, o nosso clube. O 
AGOSTO 2016 SUPER 13 
-t I CO ISAS E FATOS QU ENTINHOS 
Quer entrar nos EUA? Passa o face 
o CONTROLE DE FRONTEIRAS AMERICANO quer incluir as redes soclals no formulário de 
concessão de vistos. A ideia é que programas de computação procurem "atividades e cone-
xões nefastas" nas páginas de quem quiser entrar nos EUA. Não se sabe se aquela sua foto 
#top vai interferir na seleção (todos os procedimentos de análise são mantidos sob sigilo), 
mas é provável que busquem indícios de terrorismo. A fuçada nas redes sociais ganhou for-
ça depois que, em dezembro, a paquistanesa Tashfeen Malik postou no Facebook mensagens 
de apoio ao Estado IslAmico, logo após executar 14 pessoas na Califórnia. Ela havia postado 
mensagens parecidas antes de ir para os EUA também. 'd'a"zfl',..,,,,,, 
sn. FATOS 
Meu planeta, 
minha vida 
Enceladus, a lua con-
gelada de Saturno, 
é o melhor lugar no 
Sistema Solar para 
encont rar Els. Pelo 
menos é no que 
acreditam cientistas 
da Nasa, que querem 
mandar uma missão 
espacial para Lá. A 
expectativa vem do 
oceano subterrâneo 
escondido debaixo 
de uma crosta de 
gelo. Essa água 
é ejetada para a 
superfície de Ence-
ladus por mais de 
90 gêisers. Sãoesses 
jatos que a Nasa 
quer analisar para 
procurar organismos 
vivos. A esperança é 
que eles carreguem 
matéria orgânica 
do fundo do oceano 
para a superfície 
{pelo menos, é isso 
que acontece aqui 
na Terra). A busca 
será por aminoácidos 
e Lipídeos, estruturas 
essenciais para a 
formação de seres 
vivos. ACL 
lOºc 
A COR QUE NÃO ESTAVA LÁ 
Pesquisadores japoneseS© descobriram como implantar pen-
samentos no seu cérebro - sem que você perceba. Para isso, 
colocaram voluntários em máquinas de ressonância magné-
tica enquanto olhavam para uma tela com um círculo com 
listras verticais. Dentro dele, ficava outro circulo branco. Os 
cientistas deram apenas uma instrução: "Concentrem-se em 
fazer o círculo branco aumentar". E observavam a ressonân-
cia. Os participantes pensavam em mil coisas, mas, quando 
imaginavam a cor vermelha, os cientistas faziam o círculo 
branco crescer - mas não explicavam nada. Esse treinamento 
foi repetido por três dias. Ao final, os pesquisadores mos-
traram uma tela listrada em preto e branco e perguntaram 
qual era a cor das listras. Os pacientes treinados enxergavam 
vermelho, mesmo sem sinal de vermelho na tela. Cinco meses 
depois, os voluntários continuavam vendo a cor. Era uma 
memória falsa. Os pesquisadores querem agora criar novas 
associações cerebrais inconscientes que ajudem pacientes a 
lidar melhor com a depressão. Ana Carolina Leonardi 
é o quanto o planeta vai esquentar se queimarmos 
todas as nossas reservas de combustível fóssil. 
(E o Polo Norte vai aquecer ainda mais: 20 ºC) 
FonHs © l.tornlng to Auociatt Orltnt ation w/tfl Co/or in Eatly Vis.ia/ Ateas lly Associo エ ゥセ@ セ」ッ、エ 、@ /MRI Nt urofttdboc/c, K;ao ru Am;ino t outros 
ャ ャオウエ イセVエウ@ Ot;i'o'lo Sllwlr;a, Z;in llcy e Rodrigo 8;isto1 Dldillf. 
111011 KAR I N HUfCK 
Mihaly Meszaros 
O menor homem 
do mundo 
Meszaros morreu aos 76 
anos e 83 centímetros. Ele 
nasceu em i939, em Buda· 
peste, e trabalhou como 
palhaço na Hungria até 
i970, quando se mudou 
para os EUA. Lá ganhou 
fama: apareceu em filmes, 
atuou como AI fie, o 
ETeimoso e virou amigão 
de Michael Jackson. 
Gigantes 
Giaantes do Norte 
Com pelo menos 4 me· 
tros de altura, os gigantes 
do fictício mundo de 
Westeros, de Game of 
Thrones, viviam além da 
Muralha, bem ao norte 
dos sete reinos. O último 
deles, Wun Wun, morreu 
na batalha por Winterfell 
- e não se tem notícias de 
nenhum outro exemplar, 
pelo menos na série de TV. 
AGOSTO 2016 SU PER 15 
sn. FATOS 
A ONU decidiu que nenhum 
governo pode censurar a 
internet. China e Rússia 
votaram contra. Por que será? 
Inspirada no Butão, a india 
criou o primeiro Ministério 
da Felicidade do mundo, 
que vai organizar eventos 
de ioga, meditação e arte. 
Uma reserva de i,5 bi de m1 
de gás hf!Lio foi encontrada na 
Tanzânia. Isso é ótimo porque 
o gás estava quase em falta.O 
Cientistas descobriram uma bac· 
téria minúscula que vive escon-
dida na saliva humana. Ela pode 
ser responsável por gengivite, 
fibrose cística e aumentar nossa 
resistência a antibióticos.O 
fonte ©Nt!wHigh-Gr;ideHt?tiunC>iS<ove-
セセ@ セョ 」jA」ャゥャセセセセdNャsZセセ ャ [セョゥZNカZNエZゥセ@
Form;itlon Ol.lrifli lhe Eplblotk·p;ir;i$ltlc Rela· 
tlonshlp eetwMn ActinomvcH odontol.vtkus 
セョ 、ャエウeー ャ「ャッョ エ L ャ Nim 、 ヲm@
1Ó SUPER AGOSTO 2016 
Centenas de genes começam 
a funcionar quando morremos 
Dentro de você tem uma fábrica que re-
põe material desgastado, abastece proces-
sos químicos, fornece unhas e pensamentos 
ao corpo. É o DNA. Este mês, cientistas da 
Universidade de Washington@ fizeram uma 
descoberta incrível. Eles estavam estudando 
cadáveres de peixes-zebra e camundongos, 
recém-falecidos. A análise que fizeram foi 
química: saíram detectando RNA-mensa-
geiro (RNAm) em cada um dos milhares de 
genes dos corpinhos. RNAm é o indicador 
de que a nossa fábrica genética está funcio-
nando. A análise começou com os bichinhos 
ainda vivos, e depois seguiu por dias. Como 
era de se esperar, à medida que o tempo 
passava, mais silenciosa a máquina ficava. 
O estranho foi o que aconteceu com 515 
genes dos camundongos e 548 dos peixes: 
eles foram ativados depois da morte. Os 
cientistas especulam que eles estivessem se 
preparando para uma improvável ressurrei-
ção. São genes que ajudam nos processos de 
cicatrização, inflamação, cura, num esforço 
final para preparar a fábrica inteira para ro-
dar de novo, se a chave-geral for religada. 
Denis Russo Burqierman 
Terapia astral. A astrologia não é considerada uma ciência, mas o 
Hospital Pivorano de Buenos Aires, na Argentina, começou a levar ases-
trelas a sério. Uma das atividades mais populares na ala da psiquiatria é 
a oficina semanal "Conhecendo·me através dos astros". Nela, a astróloga 
Claudia Rico parte do mapa astral de cada paciente para discutir, em 
grupo, experiências dificeis. Apesar de a ideia parecer pouco científi ca, na 
prática, os workshops acabam funcionando como terapia em grupo. J:M 
fanl• © ""ter Nobte • Atv: Pl::lzhltkov ャャオQエZNイセゥッ qエ[ゥカゥッ@ Sil..,.!r.i, lslock 
1 
GUERRA E PAZ 
Crises políti cas, censura, terror ismo. armas nucleares: 
o mundo se tornou um l ugar menos seguro nos últimos 8 
1! 
Islândia 
Custo da vioU!ncia 
USS 242 11i/ ano 
Militarizaçilo 
• ()()()() 1,3 
Conflitos internos 
e ()()()O 1,1 
Guerr.ls 
• ()000 1,1 
151! 
Rússia 
Custo da violência 
USS 354 bifano 
Mil itarização 
•••• 0 3,3 
Confl itos internos 
•••10 3,3 
Guerras 
eeef Ol.6 
fnd ice de violência - -MUITO M il: .DIO BAIXO - -MUITO ALTO 
Custo da violência 
US$ 2 tri/ ano 
Milit arização 
•••003 
Conflitos internos 
••0001 
Guerras 
e.- 000 1,1 
_,_ 
セ|T[V{@
セセセ@ ..... 
... _ 
.>- 1 .,- ,,. セ@ セMM
セ@ 1.. .. Q Vセ N@ " .. ..: : . 
27! 
Chile 
セ ᄋ@
S1r1a ' ..:!&Ir:'''' M セ@ cu,to d-.;olênda ,_ .... セセ@ :.-. 
USSS7,3bi/ano li 
Militar ização •••41 0 3,1 
,f .i Conflitos internos ••••() 4,1 
Custo da 
violência 
uss 18,5 
bi fano 
Mili t arização 
e V 000 1,7 
Conflitos 
internos 
••l.002,7 
Guerras 
• 00001 
105! 
Brasil 
Custo da violência 
USS 254 bi fano 
Mi litarização 
••coo2,2 
Conflitos internos 
•••10 1,1 
Guerras 
• 00001 
2,4'11 M4.JRTES POR TERRORISMO 2006/ 11 
2012/16·········· 
é o aumento da 
violência no mun· 
da desde 2008. 
Causa: terrorismo. 
•exceto Turquia 
AMIRICA DO NORTE 
2006/11 
2012/16 - 79 
Você paga* 
este político: 
'Projetos de lei que foram apresen-
tados no plenário no último mês. / 
Fontl! mapa Global l'e.lCI! ln.du, lnstitutl!! fOf EconomicS セ ョ、@ Peace 
l
l&.. , ' Cu°"ª' eeetJO 3,8 
.. 40! 
Zâmbia 
O PREÇO 
DA GUERRA 
Conter, preveni r 
e lidar com as 
consequências 
da violência têm 
um preço alto. 
Custo da violência 
USS 2 ,5 bi/ano 
Militar ização e CIOOO 1,6 
Conflitos internos ••e 00 l,3 
Guerras e ciooo1,2 
uss 8,2tri 
Gasto 
milita r 
US$742bi 
Confli tos 
US$4,2tri 
Segurança 
intern;icional 
USS 2,Stri 
Perdas 
com crimes 
e violência 
• O deputado federal 
Professor Victório Calli 
(PSC·MT) quer proibir 
a cobrança de a lvará 
de funcionamento para 
templos reli giosos. 
• O deputado federal Rô· 
mulo Gouveia (PSD·PB) 
defende que comercian-
t es mantenham regist ros 
de documento de com-
pradores de cigarros. 
1 
AGOSTO 2016 SUPER 17 
APRESENTADO POR ABRIL RRANOEO CONTENT 
N o mundo rodo, grandes marcas têm re-dobrado seus investimentos em branded 
content para construção de imagem e pro-
moção de produtos. Diferentemente da pu-
blicidade tradicional, o conteúdo propicia às 
marcas uma interação mais orgânica com a 
audiência, menos interruptiva e necessaria-
mente baseada em uma relação de confiança. 
Não é de se estranhar que Netfiix e HBO, 
dois dos mais renomados especiali stas na 
produção de conteúdo, apostem em branded 
content para promover suas séries. No ano 
passado, a HBO buscou a parceria do Abr il 
Branded Content - estúdio da Editora Abri l 
especializado em produzir e definir estraté-
gias de contei.ido para marcas - na divulga-
ção de O Hipnotizador. Em março deste ano 
foi a vez da Netflix noticiar, com a ajuda do 
estúdio, aestreia da quarta temporada de 
House ofCards. 
As ações para ambas as marcas foram di-
vulgadas com grande repercussão nas plata-
formas das marcas VEJA, SUPERINTERES-
SA TE, VEJA SÃO PAULO e HUFFPOST 
BRASIL. "Para prender a atenção dos fãs de 
um seriado já consagrado, é preciso ir além do 
óbvio. Todo conteúdo que agente produz tem 
foco na audiência. É conteúdo relevante, útil, 
informativo, muitas vezes divertido, pensado 
para ser compartilhado. Sempre é possível 
conseguir uma pauta interessante e formatá-
-la de um jeito que o público goste'', explica 
Thiago Araújo, gerente digital do estúdio. 
Matérias na SUPER e na VEJA SÃO PAULO 
contaram a história da hipnose; gifs hipnóticos 
de HBO. no HUFFPOST. viralizaram e o conteúdo 
ficou entre os mais acessados do site 
NETFLIX 
Pela primeira vez, a revista VEJA participou de uma ação co-
-branded para lançar a nova temporada de House of Card5. E 
a estreia da associação da publicação de maior circulação na-
cional com uma o urra marca veio com impacto: uma capa com 
o presidente Francis J. Underwood - personagem de Kevin 
Spacey na séri e - divulgada nas plataformas digitais do título: 
Facebook, 1\vitter e Instagram. O exercício foi imaginar como 
seria uma capa da revista se Frank Underwood fosse um per-
sonagem real, em campanha para se reeleger à presidência 
dos Estados Unidos, um trabalho conjunto entre a redação 
de VEJA e o Estúdio ABC. A repercussão foi impressionan-
te: mais de 1 milhão de pessoas foram alcançadas e mais de 
35 000 reagiram à publi cação, 82,7% de maneira positiva. E 
o objetivo principal foi alcançado, já que 71% dos leitores que 
reagiram entenderam a mensagem; e mais, ajudaram outras 
pessoas a entender, aumencando a abrangência do conteúdo 
e sua repercussão. 
HBO 
Às vésperas do lançamento de O Hipnotizador, a HBO colo-
cou o tema central da série na pauta. O Estúdio ABC produ-
ziu quatro peças de nativas abordando a hipnose de acordo 
com a linha editoríal de cada marca. Na revista e no site de 
SUPERINTERESSANTE, uma reportagem esclareceu as 
apli cações atuais da técnica e como sua eficácia foi cienti-
ficamente comprovada. VEJA SÃO PAULO apresentou, na 
revista e no site, os tratamentos de saúde baseados em hip-
0 nose disponíveis na capital. Em VEJA.com, uma timelü1e 
mostrou como a técnica deixou de ser considerada charl a-
tanice e passou a ser utilizada como recurso no tratamento 
de quadros psicossomáticos. 
o HUFFPOST BRASIL, uma li sta de gifs hipnóticos 
divertiu os visitantes. Compartilhada nas redes sociais dos 
veículos e por influenciadores em seus perfis pessoais, a ação 
teve grande repercussão e ficou entre os conteúdos mais vi-
sitados durante o periodo em que esteve em destaque. 
sn. COISAS 
Você é normal? 
Uqurh.inumrosru• 
C!)Ot".i.1..h,mofalmtc 
Gᄋセ M ·--
:!.• -=:;.-
セ ᄋ@ -:t• ·=::::-
:t• .. --
:t\f.. .;=..·=: 
:i..• --=-
Zエセ@ Mセ ᆳ
:i..• 
:t• セMZZ]MM
:t,o1 ••.•• 
セM ᄋ@
Livro traz 80 testes de personalidade e inteligência - e compara seu resultado à média das pessoas. Texto Bruno Garattoni 
VOCÊ PREFERE ganhar R$ 500 agora, ou o dobro daqui a um 
ano? Se eu te contar dez coisas, cinco delas falsas, quantas 
mentiras você consegue detectar> A sua memória é melhor 
que a de um macaco? Escrito pelo psicólogo Ben Arnbridge, 
da Universidade de Liverpool, Psi-Q reúne testes como esses, 
que você responde a lápis ou caneta nas próprias páginas do 
livro - e depois vira a página para descobrir o que o resultado 
A MÃE DE TODAS AS BATALHAS 
o QUE É MELH O R: um Estado forte e atuante, que 
interfere na economia para tentar ajudá-la? Ou um Es-
tado mínimo, que deixa o mercado resolver e tenta ape-
nas não atrapalhar? É o grande debate econômico nos 
últimos cem anos, e surgiu pelas mãos de dois gigantes: 
o inglês John Maynard Keynes, defensor do Estado, e o 
austríaco Friedrich von Hayek, pró-mercado. Este li vro 
conta a trajetória dos dois (antes de virarem adversá-
rios, Keynes era o ídolo de Hayek) e suas li gações com a 
história: Keynes levantou o dinheiro para financiar a 1 ' 
Guerra Mundial, que esmagou a Alemanha (e empo-
breceu a familia de Hayek), desaguando na 2 ' Guerra -
que ele previu e tentou desesperadamente evitar. 
2 0 SUPER AGOSTO 2016 
revela sobre a sua personalidade, sua inteligência emocional e 
analitica (spoiler: no teste de memória, talvez você perca para 
o macaco). Uma leitura divertida e profunda também: o livro 
explora marcos da psicologia como a Experiência de Milgram, 
que foi realizada em 1961 para tentar entender o surgimento 
do nazismo - e acabou fazendo uma descoberta aterradora 
sobre a mente humana. W::Jl. RS J4,90. 
O OUE ELES 
FAZEM OUANDO 
VOCÊ SAI 
o CATO que ataca a gela-
deira, o pássaro vkiado em 
TV, o poodle grã-fino que 
na verdade é metaleiro - e 
o coelho que quer acabar 
com todos. Animação leve 
e simpática, do mesmo 
produtor de Meu Malvado 
Favorito (antes do filme, é 
exibido um curta-metragem 
estrelado pelos minions). 
Psts - A Vida Secreta 
dos Bichos 
Estreia dia 25/8 nos cinemas. 
"O cheiro 
de carne 
decom-
posta era 
horrível. 
E o médi-
co vivia 
cortando 
pedaços", 
ESCREVE O AMERICANO 
Hampton Sides neste 
livro sobre a expedição de 
conquista do Polo Norte, em 
i879. Um relato de arrepiar, 
com direito a naufrágio, 
fome, mortes e peregrina-
ções a pé sob um frio quase 
extraterrestre: - 68 graus. 
No Reino do Gelo 
R$ 49,90. 
Star Wars holográfico 
-e em vinil 
LP DUPLO com a trilha sonora de O Despertar da Força, mais re-
cente filme da série. Tem a música-tema de Star Wars, tem o tema 
Jedi, tem o hino do fi nal feliz e outras 20 faixas compostas pelo 
genial John Williams. E tem um encarte com fotos incriveis. Mas 
o mais legal são os hologramas: você aponta uma lanterna sobre 
o disco enquanto ele está sendo tocado e aparecem duas imagens 
em 3D, flutuando no ar, por meio de uma ilusão de óptica. 
The Force Awahns Saundtrack - Holographic Vinyl 
USS 52 na Amazon 
EDl•ll BRUNO GARUTONI 
VOCÊ DECIDE 
Os projetos mais 
interessantes (e 
surpreendentes) 
do mundo do 
crowdfunding 
Casaco perfeito 
indiegogo.co111 
Projeto Flexwa rm 
O que é Um casaco que 
gera o próprio calor. Seu 
forro tem uma bateria 
pequena e leve, tipo de 
celular, e uma resistência 
elétrica flexível, que es-
quenta. O casaco monitora 
a temperatura do seu corpo 
e do ambiente e se ajusta 
sozinho, para que você 
não passe calor nem fr io 
(também dá para escolher 
a temperatura por um app). 
A bateria dura 13 horas. 
Meta USS 50 mil 
Chance de conseguir 
•••OO 
Fronha de prata 
indieqoqo.com 
Projeto Silvon 
E outros :J LPs cheios de truques ---------! 
O que é Uma fronha que 
promete eliminar 99% dos 
ácaros e bactérias. 
O segredo está no tecido, 
que contém fios de prata 
(ela tem carga elétrica 
positiva, que atrai e mata 
os micro-organismos). 
Não usa bateria e pode 
ser lavada na máquina. 
Meta USS 20 mil 
Chance••••• 
De trás para Ouça e depois 
a frente coma 
Jack White 8reakbot By 
Lozaretto Ultra Your Side 
Seu lado A toca ao Feito de chocolate 
contrário (a agulha com 74% de cacau. 
se move do centro A ideia é que você 
para a lateral do coma o disco -
disco). Tem duas música eletrônica 
músicas secretas francesa ao estilo 
escondidas sob o ró- Daft Punk - depois 
tulo, um holograma de escutã-lo. Aí 
e uma trilha infinita , já era. Por isso, é 
que toca sem parar extremamente raro: 
{como a última faixa apenas 120 cópias 
de Sgt. Pepper's, foram produzidas, 
dos Beatles). em2012. 
Dando o sangue 
(de verdade) 
Psrfsct Puss't, 
s。セ@ Yes to Lovs 
As primeiras 300 
cópias do LP de 
estreia dessa banda 
punk, lançadas em 
2014, contêm o 
sangue da cantora 
Meredith Graves -
que foi misturado à 
massa plástica do 
disco e pode ser visto 
claramente (o vinil é 
transparente, desta-
cando o sangue). 
Ímã de proteção 
kickstarter.com 
Projeto Nope 2.0 
O que é Um ímã que pode 
ser usado para t ampar a 
câmera de smartphones, 
tablets e laptops. A ideia 
é proteger a privacidade 
de quem está em frente à 
câmera(que pode ser ligada 
remotamente por hackers). 
Você acha que é paranoia? 
O chefão do FBI e o dono 
do Facebook tampam. 
Meta U$S 964 
Chance••••• 
AGOSTO 2016 SUPER 2.1 
sn. 1 COISAS · -------------------
Hambúrguer de micro-ondas 
Eles já vêm prontinhos, com pão, queijo, molho e hambúrguer montados; é só colocar 
no micro-ondas por 90 segundos. A coisa mais prática já inventada, e uma das mais in-
dustrializadas também (eles contêm mais de 20 ingredientes, e a carne é uma mistura 
de boi, porco e frango). Mas são gost osos? Qual o melhor? Provamos sete. 
Veio meio torto, com a 
carne um pouco para fora 
do pão. Mas seu grande 
problema é o hambúrguer, 
que não tem absolutamen-
te nenhum gosto. Parece 
comida de hospital (se hos-
pital seNisse hambúrguer). 
R$ 5.25 l 151 g l 34' kcal 
sadi o .co11t .br 
Tem algum sabor, em 
parte porque vem tempe-
rado com molho barbecue. 
O pão é macio, e a carne é 
aceitável. O queijo "some" 
(é totalment e absorvido 
pelo pão) após o aqueci-
mento. Um produto 
comível, mas sofrível. 
R$ 4,85 l 157 g 1 353 kcal 
searo.co11.br 
22 SUPE R AGOSTO 2016 
Seu modo de preparo é 
diferente: você esquenta o 
sanduíche num saquinho, 
o que deixa o pão (o único 
sem gergelim) encharcado. 
Não dá para sentir o gosto 
do queijo - pois o molho, 
com gosto de tomate, -
encobre tudo. E a carne 
é a pior: parece de espuma. 
R$ S.38 l 145 g 1 324 kcal 
perdigao .cot1 .br 
COMO TESTAMOS. Preparamos duas unidades de cada sanduíche. 
Usamos sempre o mesmo micro-ondas (1.500 W de potência), e 
seguimos à risca as instruções de cada fabricante. Observamos 
a distribuição e a qualidade dos ingredientes e avaliamos o resul-
tado final, comparando aroma, textura e sabor dos sanduíches. 
FoloStudloO: ャャ オセオNZゥ￧ャッ mセQ」ッウ、・uュNQQ@
O pão é sequinho, porém 
duro, e o queijo é cremo-
so, mas insosso. A carne 
tem textura estranha, 
um pouco esponjosa, 
sabor fraco e artificial. 
O sanduiche tem pouco 
gosto, e tende a enjoar já 
na segunda mordida. 
R$ 5,25 l 153 g l 371 kcal 
sadia.co11.br 
® 
Ambos os sanduíches 
preparados no teste vieram 
tortos e com problemas de 
controle de qualidade. Seu 
pão, que ficou encharcado 
após o preparo, soltou 
quase todo o gergelim. 
E o queijo simplesmente 
não derreteu. 
R$ 4.331146 g l 355 kcol 
ouroraali11entos .co11.br 
Tem menos carne bovina, e 
maior proporção de frango 
e porco, que os outros. 
Mas não parece: é o que 
mais tem gosto de carne. 
O hambúrguer é o único 
bom, com sabor defumado 
e textura natural. Lembra 
um sanduíchedeverdade. 
R$ 4,33 l 143 g l 368 kcal 
auroraalimentos. co11.br 
Corte a batata 
em rodelas bem 
finas (dica: use um 
descascador de 
Legumes, se t iver). 
2. 
Deixe de molho em 
água fr ia por s minutos. 
Escorra e seque bem. 
3. 
Coloque sobre um 
papel-toalha e cozinhe 
por 7 a 8 minutos, 
parando na metade 
do tempo para des-
grudar as batatas do 
papel. Aproveite :-) 
AGOSTO 2016 SUPER 23 
sn. COISAS 
O Tesla para bebês 
Direção robóti ca, control e por apl icativos, al arme de segurança, 
ar-condicionado, sistema de entretenimento e conexão à internet. 
Um carro elétr ico de última geração. Para recém-nascidos. 
t・クエッセイオョッ@ Gorattoni e Fe r nando Badô 
ELE SE CHAMA SmartBe, e não precisa ser em-
purrado: conforme você anda (ou corre), detecta 
os seus movimentos e vai na frente. O segredo 
está no computador de bordo, que se comunica 
com o seu smartphone em tempo real. Se preferir, 
você pode empurrar o carrinho, mas não precisa 
fazer força: o motor elétrico cuida disso (ele é 
alimentado por uma bateria que dura 6 h). Pelo 
smartphone, você comanda os demais recursos, 
como climatizador, balanço, tocador de música, 
aquecedor de mamadeira e alarme - que toca se 
você se afastar. O carrinho também funciona co-
mo babá eletrônica, transmitindo vídeo da criança 
pela internet. Vai custar US$ 3 mil (smartbe.co). 
3 modos de uso 
(deslocamento 
manual , automático 
e híbrido) 
... _,._ ____ 3 telas 
retráteis, 
contra Sol, 
chuva ou 
insetos 
UM PROJETO (QUASE) IMPOSSÍVEL 
A lmpossible , tem esse nome pois sua produção era considerada 
inviável. O problema é que a máquina usa filme inst.illlntâneo 
Polaroid, cuja fórmula não existe mais (ela se perdeu na caótica 
dissolução d .. Polaroid, empresoa que chegou a ser um império da 
fotografia, mas faliu duas vezes, em 2001 e 2008). Um grupo de 
dez engenheiros recriou tudo do zero, descobriu como produzir o 
filme e agora está lançando a câmera. Custa 300 euros - mais 20 
euros cada pacote de filme, com oito chapas (coloridas ou p/b). 
24 SUPER AGOSTO 2016 
DE 26 A 28 DE AGOSTO 
» Palestras sobre + de 100 carreiras 
» Milhares de vagas de estágios 
» Estandes das melhores faculdades 
» Orientação vocacional 
» Simulados - Jogos - Debates 
Mestre de Cerimônia: Edson Júnior 
INSCREVA-SE. É GRÁTIS! 
feiraguiadoestudante.com.br 
sn. COISAS 
Céu artificial 
O COELUX ARTIFICIAL SKYLIGHT é 
um conjunto de LEDs e filtros com 
nanopartículas que reproduz a luz 
do Sol e a cor do céu com perfeição: 
o resultado é indistinguível de uma 
janela de verdade. Ele mede 2,y1,6 
m, consome 270 watts (o equiva-
lente a uma televisão de 60") e pode 
ser instalado no teto ou em paredes 
laterais. Um produto revolucioná-
rio. Pena que é caro: US$ 50 mil. 
Espremedor gentil 
o SMEG SJF01RDEU (590 eu-
ros) promete fazer sucos mais 
nutritivos e gostosos, com 
mais sabor da fruta, porque 
suas pás giram devagar: 43 
rotações por minuto, contra 
1700 dos espremedores 
comuns. É como espremer à 
mão - só que sem fazer força. 
A PULSEIRA OUE MEXE COM A CABECA 
ELA SE CHAMA Doppel, custa US$ 130 
e promete deixar você mais relaxado 
ou alerta. Você escolhe o efeito dese-
jado e a pulseira emite uma série de 
vibrações bem fraquinhas, quase im-
perceptíveis (50 por minuto no modo 
relaxante e 100 no modo energizante). 
Depois de alguns minutos, isso come-
ça a alterar o seu estado de espírito. 
A eficácia foi comprovada num estu-
do feito pela Universidade de Londres 
com 40 voluntários. 
Ulfil BRUNO GARATTONI 
PÉROLAS DO 
STREAMING 
Tesouros escondidos 
nos principais sites 
NETFLI X 
O Homem 
Duplicado 
Filme 
Adam (Jake Gylle-
nhaal) é professor 
e leva uma vida 
tranquila. Até 
que vê um film e 
estranho: um dos 
atores é idêntico a 
ele e participa de 
um ritual sinistro. 
Obcecado, Adam 
tenta encontrar 
o sósia m au. Sus-
ー・ョセ@ complexo 
e desafiador, 
daqueles que ren-
dem mil teorias. 
YOUTUBE 
DeepLook 
Canal 
Você sabia que o 
mosquito usa seis 
ferrões para picar? 
Que a borboleta 
azul não tem pig-
menta dessa cor? 
Que a areia viaja 
pelo mundo - e 
cada grão revela 
de onde veio? Pro-
duzido pela rede 
americana PBS, 
o canal usa novas 
técnicas e lentes 
ultrapotentes 
para desvendar o 
mundo das coisas 
microscópicas. 
Cartel Land 
Docu1J1entário 
De um lado, os 
cartéis do tráfico: 
Familia e Cava-
leiros Templários. 
Do outro, a Au-
todefesa: milícia 
armada que reúne 
a população das 
cidades mexica-
nas na fronteira 
com os EUA. Um 
documentário de 
arrepiar, tão real 
(e violento) que 
chega a parecer 
ficção. Indicado 
ao Oscar de 2016. 
YOUTUBIE 
Harbin- uma 
aventura 
congelante 
Vídeo 
Pensou em China, 
pensou em mul-
tidões, fábricas, 
prédios futuristas. 
Harbin é diferen-
te. Fica bem ao 
Norte, perto da 
Rússia: com quem 
partilha o inverno 
de -20 graus, 
a cultura e a 
arquitetura (cujo 
destaque é um 
incrível festival 
de construções 
de gelo). 
28 SUP!R AGÓSTO 2016 
-
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ACOSTO 2016 SUPIR 29 
ESSA CENA E uma simulação. Mas já 
poderia ser real: todas as tecnologias 
de inteligência artificial envolvidas ne-
la já existem, e funcionam. Algumas 
foram lançadas, outras são protótipos 
em estágio avançado, que estão sendo 
desenvolvidos pelo Google e por gigan-
tes como Apple, Microsoft, Amazon e 
Facebook - que, neste ano, fizeram da 
inteligência artificial sua grande aposta. 
Eu vim à sede do maior de todos (a 
convite do Google, passei trêsdias na cidade 
de Mountain View, no mês de maio) para 
descobrir o porquê. 
G 
GATO, CACHORRO E AVIÃO 
"Quando eu estava na facul-
dade, nos anos 1990, os com-
putadores não conseguiam 
diferenciar um gato de um cachorro", 
conta o físico e neurocientista Greg 
Corrado. "Distinguiam um gato de um 
avião, mas não de um cachorro. É difícil, 
ambos são peludos e têm quatro patas", 
explica. Algo banal para o cérebro hu-
mano, mas inatingível para as máquinas. 
Tanto que dois colegas de faculdade de 
Greg fizeram uma aposta. Um disse que 
os computadores demorariam pelo me-
nos dez anos para aprender a distinguir 
gato e cachorro. O outro disse que se-
ria rápido. Não levou uma década, mas 
também não foi rápido: aconteceu nove 
anos e seis meses depois. "Hoje, nosso 
software consegue olhar uma foto, re-
conhecer os elementos e até escrever a 
legenda", diz Greg, criador e diretor do 
Google Brain, o centro de inteligência 
artificial (IA) do Google. Ele foi funda-
do em 2011 por apenas três pessoas, e 
era o que a empresa chama de "projeto 
20%" - uma iniciativa paralela, a que 
os funcionários podem dedicar 20% do 
seu tempo. Hoje o Google Brain reúne 
mais de cem cientistas, com a missão 
de desenvolver a inteligência usada nos 
demais produtos da empresa - que, atu-
almente, tem nada menos do que 1.200 
projetos envolvendo IA. 
30 SU PER AGOSTO 2016 
*1---4_.·. セ NLN@ J_ セ@
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ᄋ MZ \ ᄋ セ@ ,.. ..f • • セ@ セ@ .. 
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Desde fevereiro, o diretor de buscas 
do Google é o engenheiro John Gian-
nandrea, especialista em inteligência 
artificial. E, desde o ano passado, as 
pesquisas no Google são gerenciadas 
pelo RankBrain, um robô inteligen-
te que aprende sozinho a interpretar 
buscas inéditas, que nunca foram feitas 
antes (cerca de 20% das pesquisas feitas 
a cada dia). O Google também já usa 
inteligência artificial para gerenciar a 
distribuição de anúncios online, sua 
grande fonte de receita. Em suma: está 
apostando tudo nisso. 
Não está sozinho. O destaque do 
iOS 10, próximo sistema operacional 
da Apple, é a nova versão da assistente 
Siri, que agora vai conversar com os 
aplicativos do iPhone (e assumir muito 
do que hoje é feito via apps, de chamar 
táxi a pedir pizza). A Apple está seguin-
do a deixa da Amazon, cuja assistente 
virtual Alexa se comunica com mais 
de cem aplicativos - lê notícias, pede 
Uber e faz compras, entre diversas ou-
tras coisas. A Microsoft colocou uma 
assistente, a Cortana, no Windows 10, e 
está desenvolvendo softwares capazes 
de conversar em nível humano - coisa 
que o Facebook também persegue. É um 
movimento gigantesco, que tem sido 
comparado a primeira corrida do ouro 
da internet: a onda das "empresas ponto. 
com", na década de 1990, que gerou a 
rede que temos hoje. 
Mas por que justo agora? Talvez você 
não saiba, mas a inteligência artificial 
não tem um retrospecto muito bom. 
Lançado em 1968, o clássico filme 2001 
tem como protagonista o computador 
HAL, tão inteligente quanto uma pes-
soa. Naquela época otimista (o homem 
chegou à Lua um ano depois), isso pa-
recia exequível. Mas não chegou nem 
perto. As décadas seguintes foram de 
impasses e frustrações, que deram à 
inteligência artificial uma fama ruim. 
Tanto que hoje os cientistas da área pre-
ferem usar outro termo: machine lear-
ning, ou seja, aprendizado da máquina. 
E a novidade está justamente nisso. 
Em vez de tentar ensinar o compu-
tador, agora a jogada é fazê-lo apren-
der sozinho, usando as chamadas re-
des neurais artificiais. "No cérebro, os 
neurônios se conectam uns aos outros 
e trocam informações. No sistema arti-
ficial , é a mesma coisa. Só que no lugar 
dos neurônios nós temos uma coleção 
de funções matemáticas', explica Greg. 
Quando você nasce, os seus neurônios 
já estão formados, mas não sabem tra-
balhar juntos. Conforme você cresce e 
aprende coisas, eles formam ligações 
semipermanentes (são as memórias) 
e aprendem a funcionar em conjunto. 
decolando. Porque nada na história teve 
acesso a tantos dados quanto o Google. 
Além de indexar bilhões de páginas da 
internet, ele também é alimentado pelos 
próprios usuários. Quando você recebe 
um email no Gmail ou salva álbuns no 
Photos, por exemplo, 
Depois de décadas em marcha 
lenta, a inteligência artificial 
disparou nos últimos anos. Gra-
o Google usa os seus 
arquivos para alimen-
tar as redes neurais. 
"Mostre 1 milhão 
de imagens de árvores 
para o computador, e 
deixe ele aprender so-
zinho', explica o enge-
nheiro Otavio Good. 
Árvores ou qualquer 
ças a uma nova tática: em vez 
de tentar ensinar as máquinas, 
deixá-las aprender sozinhas. 
As redes neurais artificiais funcio-
nam de um jeito parecido. Primeiro, o 
computador é alimentado com dados: 
a foto de um gatinho, por exemplo. Aí, 
cada grupo de "neurônios" avalia um 
aspecto daquela imagem. No nosso 
exemplo, pode ser a cor do objeto, se 
a textura é de pelo, se ele tem patas 
e olhos, etc. Dentro de cada grupo, os 
neurônios "votam", ou seja, cada um dá 
seu parecer (se o objeto tem ou não 
olhos, pelos, etc.). A rede neural erra 
muito, literalmente milhões de vezes. 
Mas uma hora, por pura insistência, 
acaba acertando. Quando isso acontece, 
ela evolui: os neurônios que estavam 
certos desde o início ganham mais peso, 
e passam a ser copiados pelos demais. 
Ou seja, a rede neural aprende. 
Dali em diante, toda vez que aparecer 
um gato, ela vai identificar no ato. E quan-
do for aprender a analisar outra coisa 
(a foto de um cachorro, por exemplo), 
não vai sair do zero: deduzirá as seme-
lhanças e diferenças daquilo com o que 
aprendeu antes (gato). Como não requer 
intervenção humana, esse processo pode 
ser executado infinitamente. E repetindo 
o processo muitas vezes, com muitas coi-
sas - imagens, palavras, frases, perguntas, 
respostas-, e você vai acabar chegando a 
um computador hiperinteligente. 
Pelo menos essa é a ideia. Ela não é 
nova: as redes neurais foram propostas 
pela primeira vez em 1946. Mas só ago-
ra, com chips potentes e quantidades as-
tronômicas de dados para treinar, estão 
outra coisa - até placas 
de rua. Tímido, simpático e intensamente 
nerd, Otavio trabalhava fazendo games 
de PlayStation e Xbox antes de ir para 
o Google. Ele é filho de mãe brasileira, 
aprendeu um pouco de português na 
infância. E em 2010, para ajudar ami-
gos que iriam visitar o Brasil, criou o 
WordLens: um app que traduz, em tem-
po real, o que está escrito em placas, 
cardápios, etc. Basta apontar a câmera 
do celular, e a tradução aparece no ato. 
É bem impressionante. O Google tam-
bém achou, tanto que em 2014 contratou 
Otavio e comprou o app dele, que hoje é 
parte do Translate e funciona com deze-
nas de idiomas. Nas horas de folga, ele e 
a esposa (Zinaida Good, bióloga compu-
tacional da Universidade Stanford) or-
ganizam o que ele chama de festas de 
machine learning: recebem amigos, cada 
um com o respectivo laptop, e tentam 
bolar novos algoritmos de inteligência 
artificial. Divertido. 
Otavio está há dois anos no Google, 
mas ainda parece meio perplexo. "Quan-
do eu fazia games, meu público era tipo 
100 mil pessoas. Hoje é uma fração da 
humanidade inteira", diz. Quando a 
conversa termina, pergunto onde fica 
determinado prédio do Google, onde 
a próx ima entrevista está marcada. 
E Otavio comete uma inconfidência: 
"Eu mostro, vou até lá fora. Não tenho 
nada para fazer agora", confessa, rindo. 
Conforme as máquinas forem se 
tornando mais inteligentes e assu-
mindo mais funções, vai sobrar cada -+ 
AGOSTO 2016 SUPER 31. 
vez menos trabalho para as pessoas -
inclusive as que trabalham no Google. 
Mas a tecnologia ainda exige muito 
suor humano. "Nós transcrevemos, 
manualmente, 33 mil horas de grava-
ções", conta a engenheira Françoise 
Beufays, responsável pelo reconheci-
mento de voz do Google. Um esforço 
monumental, que exigiu uma equipe 
de 600 pessoas. A rede neural do Goo-
gle foi alimentada com o áudio e as 
transcrições,comparou as duas coisas 
e foi aprendendo a reconhecer vozes. 
Françoise trabalha com reconhecimen-
to de voz há 25 anos, 11 no Google, 
mas não aparenta: baixinha e elétrica, 
ela fala excitadamente sobre diversos 
assuntos - até as gafes que, no processo 
de aprender e se aperfeiçoar sozinhas, 
as redes neurais acabam cometendo. 
"Os alemães inspiram antes de falar", 
diz, ao contar um caso envolvendo as 
buscas de voz no Google alemão. Um 
belo dia, o software decidiu ignorar isso, 
e começou a entender a típica respira-
ção germânica como se ela fosse um 
palavrão em inglês (fuck). •Às vezes, o 
sistema explode na nossa cara", admite. 
No ano passado, a nova-iorqui-
na Jackie Alciné se revoltou ao ver a 
classificação dada pelo Google Photos 
a uma imagem na qual ela aparece 
com uma amiga: "gorilas" (ambas são 
negras). Por algum motivo, o software 
achou que essa era a resposta correta. 
"Nem todo erro é tão doloroso quanto 
esse. Mas alguns podem ser", admite o 
engenheiro Tom Duerig, responsável 
pelo Photos. Loiro, surfista e típico 
californiano bicho-grilo, Tom perde a 
alegria ao falar sobre o caso. Ele lembra 
outro episódio do tipo, em que o Photos 
classificou como "baleia" a imagem de 
uma pessoa obesa na piscina. O algo-
ritmo não é racista nem gordofóbico: 
simplesmente não tinha visto fotos su-
ficientes de pessoas negras ou obesas. 
Acabou sendo alterado, manualmente, 
para não comparar humanos a animais. 
32 SUPER AGOSTO 2016 
• MICROCOZINHAS EMAXIMESAS A sede do Google fica em Mountain View, a uma hora de São Francisco. Recebe 30 mil funcio-nários e 3 mil estagiários por dia, que 
consomem de 35 a 50 mil refeições em 
dezenas de restaurantes e cafeterias e 
mais de 150 microcozinhas: áreas self-
service com geladeiras, máquinas de 
café e todos os tipos de snack, do mais 
saudável e exótico (algas importadas da 
Coreia) ao mais trash - que o Google, 
propositalmente, coloca em prateleiras 
baixas e escondidas. 
O com plexo tem dezenas de prédios 
agrupados em blocos, lembra um campus 
de universidade americana. As constru-
ções são todas diferentes, sem nada em 
comum a não ser a altura (no máximo 
quatro andares), e os escritórios também 
não seguem um padrão. Uns são abertos, 
• 
outros têm divisórias e até tendas indivi-
duais. Uns têm mesa de pingue-pongue e 
parede de escalada, outros não têm muita 
frescura. Muitos têm estandes com re-
vistas e jornais (de papel mesmo). Uma 
coisa é comum a todos: são silenciosos, 
tranquilos e até meio vazios. Suas mesas 
são enormes, com o triplo do espaço nor-
mal, e nunca estão lotadas. Isso tem a ver 
com o tamanho do complexo (os prédios 
têm 290 mil m2 ), mas também com uma 
política: muitos dos funcionários podem 
trabalhar de casa, e só precisam vir à sede 
uma vez por semana. E isso não é um 
gesto de generosidade. 
Mountain View tem 74 mil habitan-
tes. É pequena, pacata, lembra a cidade 
de Marty McFly em De Volta para o Fu-
turo. Mas, por causa do Google, virou 
um dos lugares mais caros dos EUA. 
Alugar uma casa custa US$ 4.000 por 
mês, e isso se você conseguir uma: a 
cidade tem déficit de 20 mil residên-
cias. Ou seja, acaba sendo meio inviável 
morar lá. A maioria dos funcionários 
do Google vive em cidades adjacentes, 
como San Jose e São Francisco, e vai de 
carro ou ônibus - o que gera conges-
tionamentos monumentais. O Google 
quer dobrar o tamanho do seu campus, 
mas a prefeitura só deixa se a empresa 
também construir 10 mil casas (ao custo 
de US$ 6 bilhões). No impasse, a saída 
foi liberar o home office. 
Outra possível solução são os carros 
autônomos, que podem andar quase co-
lados uns aos outros, o que reduziria 
muito os congestionamentos. Mas já é 
meu segundo dia em Mountain View, 
e ainda não vi o carro do Google. É 
um protótipo extremamente ousado, 
sem volante nem pedais, que transporta 
engenheiros pelas ruas da cidade (único 
lugar do mundo onde é permitido). 
de fazer por meio do GPS do telefone). 
"Nós aprendemos os melhores horários 
para as coisas, que podem variar con-
forme a pessoa ou a profissão dela, por 
exemplo", diz Jacob Bank, gerente do 
Google Calendar. "É uma mistura de 
inteligência artificial 
O Google está liberando seus 
algoritmos para que outras 
empresas usem e desenvolvam. 
É a mesma estratégia do 
Android - hoje presente em 
80% dos celulares do mundo. 
com ciência compor-
tamental", diz. Jacob 
ainda não alcançou a 
própria meta, aprender 
espanhol. "Nós vamos 
levar muitos anos até 
mudar a relação das 
pessoas com suas 
agendas", admite. 
• EMAILS E DINOSSAUROS "Seria bom não ter que digi-tar tanto", conta o engenhei-ro Bálint Mi klós, que cuida do Gmail. Pensando nisso, ele criou o que talvez seja o mais impressionante 
dos inventos de inteligência artificial do 
Google: o Smart Reply, um sistema que 
lê emails e responde sozinho. Bálint tem 
a expressão fechada e séria. Só de olhar, 
você jamais adivinharia o que fazia an-
tes do Google - foi vice-campeão nacio-
nal de patinação artística na Romênia, 
sua terra natal. Ele só se anima ao falar 
sobre a inteligência do programa. "Às 
vezes o algoritmo entende até piadas", 
conta. A novidade faz parte do lnbox, 
aplicativo que é uma espécie de versão 
experimental do Gmail, e já pode ser 
baixado na loja Google Play. Conforme 
você usa o app, ele vê com quem você 
mais conversa, os assuntos que comenta 
e até o estilo da sua escrita. Depois de 
alguns dias, começa a sugerir respostas 
curtas para os emails. Sempre apresenta 
três opções, para que você escolha a 
melhor (também dá para ignorá-las e 
escrever você mesmo). Funciona super-
bem. Mas, por enquanto, só em inglês. 
A inteligência artificial do app Goo-
gle Agenda, poroutro lado, já funciona 
na versão em português. Você define 
uma meta, como fazer exercício ou es-
tudar um idioma. Aí o robõ encontra 
tempo livre na sua agenda - e vai ajus-
tando isso de acordo com a sua rotina 
(ele deduz o que você fez ou deixou 
No mundo da tec-
nologia, é uma eterni-
dade. No Computer History Museum, a 
cinco minutos da sede do Google, estão 
os computadores mais importantes da 
história. São marcos tecnológicos in-
críveis, criados por empresas que pare-
ciam imbativeis. Mas foram aniquiladas 
ou viraram sombras do que eram. O 
Google sabe que não está imune a isso. 
Tanto é que seus fundadores, Larry Page 
e Sergey Brin, colocaram a réplica da 
ossada de um dinossauro, em tamanho 
natural, no meio do campus. A mensa-
gem é clara: quem não evolui é extinto. 
Por isso o Google, mesmo no auge do 
sucesso, decidiu se reinventar. 
Tem boas chances de conseguir. 
Al ém de investir pesado em inteli-
gência artificial, está distribuindo os 
fru tos: liberando boa parte do que de-
senvolve, numa plataforma de código 
aberto chamada Tensor Flow (o nome 
vem de uma operação matemática re-
alizada pelas redes neurais). A ideia é 
que outros pesquisadores e empresas 
usem a Tensor Flow em seus próprios 
projetos. Se isso acontecer, o Google 
dominará esse mercado - como hoje o 
Android, que ele também distribui de 
graça, domina os smartphones. 
No meu último dia em Mountain 
View, os carros autônomos fi nalmente 
dão as caras. Vejo um, dois, três, quatro 
rodando pela cidade. Ninguém dá bola, 
eles já fazem parte do cotidiano. Daqui a 
um tempo, talvez seja difícil imaginar a 
vida sem eles. Como é, hoje, impossível 
imaginá-la sem o Google. O 
AGOSTO 2016 SU PER 33 
R•portaq•• 
Otavio Cohen 
Design 
Inoro Ns rão 
Foto 
fõiióS Arthuzzi 
Edi ção 
Tiago Jokura 
Ele enxerga o mundo pelo nariz, mas aprendeu a nos olhar nos olhos, virou 
parte da família e conhece mais sobre nós do que nós mesmos. Entenda como 
os primos dos lobos domesticaram o homem e se transformaram em cães. 
MEU DON O P A RA de re- pedaço de pão a metros 
pente. Uma faixa de pelo de distância para me 
ao longo das costas até puxar até lá. Nesses mo-
o cóccix se arrepia. A mentas ferozes, Legolas 
boca, que normalmen- me lembra que, apesar de 
te esboça algo parecido ter nome, cama,frequen-
com um sorriso, agora tar uma creche, ser ótimo 
está fechada, e o nariz com crianças e fazer su-
faz movimentos quase cesso no Instagram, ele 
imperceptíveis. Apesar é um cachorro. E que, 
de andar sempre ao meu como todo cachorro, é 
lado, Legolas me arrasta meio lobo. 
em direção a seu alvo. O Quer dizer, mais ou 
motivo da transformação menos. Em 2014, cien-
do meu labrador brinca- tistas de Universidade 
!hão em um cão de caça de Uppsala, na Suécia, 
é um gato do outro lado compararam os genomas 
da esquina. Em dois anos de algumas raças de ca-
de convivência, ele sem- charro com os de outros 
pre gostou de perseguir caninos, incluindo lobos 
gatos na rua, e nunca de de regiões em que teria 
maneira amigável. A úni- se iniciado a domestica-
ca outra coisa que surte ção dos cães pelo homem 
nele um efeito parecido (Croácia, China e Israel). 
é comida. É enxergar um O que descobri ram foi 
36 SUPER AGOS TO 2016 
.J, 
AMIZADE 
HISTÓRICA 
llmila.C. 
Osances· 
trais dos 
cachorros 
seaproxi· 
mamde 
humanos. 
300a.C. 
Alexandre, 
o Grande, 
usa 
cachorros 
com arma· 
duras nas 
batalhas. 
que os genes dos cachor-
ros são parecidos entre 
si, mas não tão similares 
aos dos lobos de hoje em 
dia a ponto de dizermos 
que um evoluiu do outro. 
Aliás, os traços genéticos 
que comparti lham têm 
mais a ver com cruza-
mento entre as espécies 
do que com uma descen-
dência direta. Então, de 
onde vieram os cachor-
ros? Uma possibilidade 
é que tanto cães como 
lobos evoluíram a partir 
de um ancestral comum 
já extinto entre 9 e 34 mil 
anos atrás. Cachorros não 
são lobos, ao contrário do 
que sugerem os gurus do 
adestramento na TV. 
A ideia mais aceita 
hoje é que, cerca de 13 
mil anos atrás, a tal es-
pécie canina ancestral 
percebeu que andar pró-
xima a lugares por on-
de os homens nômades 
passavam era uma boa. 
Afina, era comum sobrar 
restos de comida nessas 
áreas. De cara, evitavam 
contato d ireto com hu-
manos, aquela espécie 
desconhecida e poten-
cialmente perigosa. Mas 
alguns caninos menos 
medrosos chegaram um 
pouco mais perto, em 
busca de restos mais 
nobres. Os humanos vi -
ram vantagem. Aqueles 
bichos percebiam coisas 
que os homens não eram 
capazes de notar, como a 
presença de predadores e 
a proximidade de presas. 
Era o início da amizade. 
A domesticação de-
morou a acontecer. O 
homem de 13 mil anos 
atrás não era exatamente 
um cara civilizado com 
moradia fixa a ponto de 
ter um animal domésti-
co. Nos milhares de anos 
seguintes, os humanos 
foram selecionando os 
bichinhos mais dóceis e 
descartando os agressi-
vos. Foi a invenção doca-
chorro. Uma seleção ar-
tificial tão eficiente que 
foi reproduzida em labo-
ratório. Nos anos 1960, o 
geneticista russo Dmitry 
Belyaev começou a criar 
raposas em cativeiro. Por 
40 anos, liberava as mais 
simpáticas para cruzar e 
gerar raposinhas. Mais 
de dez gerações depois, 
elas mudaram física e 
psicologicamente. Lam-
biam, pediam carinho, 
interagiam com huma-
nos, tinham orelhinhas 
caídas quando filh otes, 
rabo em pé e focinho 
mais curto que seus an-
cestrais selvagens. Vira-
ram cachorros. 
A história das raposas 
é uma evidência de co-
mo a espécie humana é 
capaz de moldar outras 
espécies. Mas, no caso 
dos cachorros, fomos 
longe demais. Basta ver 
como a obsessão por ra-
ças perfeitas por meio de 
cruzamentos de indiví-
duos da mesma família 
criou cães como o pug, 
que não respira direito 
e pode morrer se fizer 
muito esforço físico. O 
abuso de poder está tam-
bém em pequenos gestos. 
Adoramos dar banho e 
encher os cachorros de 
perfume, tirando-lhes 
o cheiro natural: o do-
cumento de identidade 
deles. Resumindo, esta-
mos descachorrizando 
os cães. Eles têm roupas, 
vão à creche, ganham fes-
ta de aniversário - e há _,. 
ATIREI 
PRIMEIRA 
PEDRA. .. 
••• QUEM NU N CA 
cedeu à carinha de um 
cachorro pidão implo-
rando por comida ao 
pé da mesa. Cientistas 
da Universidade 
Lincoln, EUA, notaram 
que, diante de duas 
pessoas comendo -
uma com os olhos 
vendados e a outra 
não-, os cachorros 
se aproximam da que 
está sem a venda. Os 
dogs acreditam que 
há mais chances se 
conseguirem contato 
visual. Eles Leem os 
gestos humanos tão 
bem quanto os sinais 
vindos de outros cães. 
quem garanta que eles política nacional, a tem- cachorro quase não para tanto por nossas roupas 
amam tudo isso. Mas, parada mais recente de de inspirar. O órgão vo- quando estamos longe. 
quando atribuímos aos Game ofThrones (incluin- meronasal está em plena Humanos podem de-
cachorros sentimentos do o destino dos lobos atividade o tempo todo, morar até reconhecer 
humanos, como inveja, gigantes dos Stark), esta sempre recebendo novas um amigo que mudou 
ciúmes ou alegria, nos revista, uma montanha de informações. já reparou a cor do cabelo ou fez 
esquecemos de que eles dinheiro - é irrelevante. que é difíci l perceber que uma cirurgia plástica no 
funcionam de um modo Para Von Uexküll, só é está vazando gás no fo- rosto. Cães reconhecem 
muito diferente do nosso. possível compreender a gão se você estiver na na hora. Não importa se 
Não é assim que se trata pulga ao levarmos em cozinha desde o início você usa perfume francês 
o melhor amigo. conta o ponto de v ista do vazamento? Seu cére- ou se não toma banho 
dela. Essa perspectiva bro é programado para se há três dias. Eles sabem 
culiar recebeu o no- acostumar com odores, que você é você porque 
de umwelt (algo como mesmo os mais desagra- são capazes de te cheirar 
biente", em alemão). dáveis. Cães jamais se por dentro. É por isso que 
mwelt do cachorro é acostumam. Cada lufada existem cães treinados 
mais complexo do é carregada de novida- para identificar doenças 
EI Ili q e o da pulga que se des. Eles sentem cheiros como diabetes, câncer, ou 
Ili h. speda nele. E muito de maneira tão específica até esquizofrenia. Mais 
111111, erente do seu. que não é de se espantar do que identificar aromas, 
Ili m cão não liga para que o odor sirva como eles os interpretam. Se a agnífica vista do par- identificação na socieda- percebem uma quanti-
q em que passeia. Para de canina - cada cão tem dade maior de adrenali-
e1 , importante é cheirar. seu cheiro único. na no seu sangue, sabem 
N nhum sentido é tão O biólogo Marc Beko- que você está nervoso. Se 
çado num cachorro ff, um dos maiores espe- identificam feromônios, 
ência do comportamento quanto o olfato. Ele tem cialistas do mundo em percebem que você está 
animal ao propor ver o 220 milhões de células cachorros, desenvolveu excitado. E, se tiverem 
mundo pelos olhos de olfativas, 100 mil vezes um teste para ver se seu alguma dúvida, eles con-
uma pulga. Esse parasita mais do que você. Além cão reconhecia o cheiro firmam com o olhar. 
não tem uma vida muito de terem mais receptores do próprio xixi diante Para a maior parte das 
variada. Ele não enxerga de cheiros, eles têm tipos de várias amostras de espécies animais, olhar 
e não liga para barulhos. diferentes de células oi- 1884 urin a de outros animais nos olhos é sinal de ame-De todos os cheiros do fativas. lsso faz com que 
Surge o 
na neve. jethro passou no aça. Quando um lobo é 
mundo, só um importa: não só cheirem melhor: American teste sem difi culdade. O encarado, ou ataca ou 
o de ácido butanoico, eles cheiram de um jeito Kennel caso da "neve amarela", desvia o olhar e se afasta, 
presente em manteiga, que você nem imagina Club. Hoje, publicado em 2001, ficou porque acha que está em 
em alguns queijos e no que é possível. Entre o oAKCreco · famoso porque esclareceu perigo. Até chimpanzés 
suor de animais de san- céu da boca e a parede in- nhece 200 que os cães têm muito evitam o contato visual 
gue quente. Para a pulga, ferior do focinho, há um 
raças, mas 
mais facilidade em se longo. Para os dogs, vale estima-se 
encontrar um desses ani- aparelhinho muito úti l haver mais identificar pelo olfato do a pena sustentar a mirada 
mais é como ganhar na chamado órgão vome- de 700. que pela visão. Coloque o para obter informações 
loteria. Elamorde, suga ronasal, uma espécie de seu filhote diante de um sobre os humanos com 
um bocadinho de sangue decodificador de odores. 1923 espelho e ele logo per- quem interagem. Esse 
e pronto, sua missão na Tudo o que entra pelo na- RinTinTin derá o interesse naquele comportamento raro em 
Terra está completa. Se riz é processado e trans- estrela no bichinho peludo fofo, mas outras espécies é prova 
a pulga pudesse falar, só formado em informações cinema.Em completamente inodoro. do vínculo milenar entre 
diria que há três tipos de no cérebro canino. 1929. foi o Só tem um cheiro que eles nós e eles - milênios de mais votado 
coisas no mundo: lugares O aparelho olfativo para Levar conhecem tão bem quan- coevolução resultaram 
para esperar surgir no ar tem outra peculiarida- oOscar to o próprio, e é o seu. em cachorros adaptados 
o cheiro de ácido buta- de. Quando o cachorro de Melhor Para os cachorros, nós para decifrar nosso olhar. 
noico, superfícies com expira, cria uma peque- Ator , mas a somos nosso cheiro. Seu Temos a sensação de que 
ácido butanoico e sangue na corrente que empurra Academia tênis é uma extensão do nos entendem. E enten-eliminou-o 
(que está cheio de ácido ar de volta para dentro. por não ser seu corpo, e isso expli ca dem mesmo, mas de um 
butanoico). O resto - a Em outras palavras, um humano. por que eles se interessam jeito todo particular. セ@
38 SUPER AGOSTO 2016 
.· 
FARO 
Rll 
CACHORROS de-
tectam rastros quí-
micos produzidos 
pelo corpo. Assim 
como farejam 
drogas no aero-
porto, eles podem 
ser treinados para 
detectar odores de 
células cancerosas 
ou a alta concen-
traÇão de glicose 
no sangue, comum 
na diabetes. Mu-
danças セッイュッョ。ゥsG G@
e de pressão, 
volume de suor, 
tudo isso altera 
sutilmente nosso 
cheiro. E isso não 
passa batido por 
foci nhos caninos. 
elas. Um ursinho especializada em caninos quanto brincar_ Não é à 
pelúcia, um graveto e e autora de A Cabeça do toa que escolhemos os 
11111111 
a bola de pingue-pon- Cachorro_ Adestradores cães como amigos_ Ou 
são praticamente a sempre chamam aten- será que foram eles que 
IEflEllU sma coisa: estão na ção para o jeito como os nos escolheram? 
egoria "mastigáveis"_ comandos devem ser en- Independente dares-
biscoitinho em forma sinados. Um "senta" firme, posta, é evidente que 
osso é tão comestível com entonação assertiva, muitas características 
nto uma maçã. Tudo jamais será confundido caninas foram surgin-
é grande demais pa- com a palavra "senta" co- do em resposta a tra-
omer, mo rder, sentar loquial no meio de uma ços humanos_ O latido, 
ck russell terrier, e publi- ou rolar em cima não faz frase. Comandos verbais por exemplo, tem toda 
cou o vídeo na internet. diferença na vida dele. têm mais a ver com o tom a pinta de ser um ins-
Assisti-lo é revelador. A A não ser que essa coi- de voz do que com o sig- trumento desenvolvido 
visão dos cachorros é po- sa se mexa: cães adoram nificado das palavras usa- para se comunicar com 
voada por pernas, sapatos coisas que se mexem. das_ Ainda mais quando o homem, que é tão ver-
e meias, cheia de pneus Um cachorro pode latir são associados a gestos. bal (lobos não latem)_ 
de carros, raízes de árvo- incansavelmente para Cachorros também Para compreender seus 
res, pés de mesa, cantei- alguém deslizando so- são excelentes em leitu- companheiros bípedes, 
ros e jardins_ Para eles, o bre um skate e se calar ra corporal. Identificam os cães aprenderam até 
chão é limi te. A imagens no momento em que a a metros de distância se uma habilidade men-
que as câmeras humanas pessoa para_ Aos olhos o outro cão que vem na tal que só existe tão 
captam da experiência dele, o gato parado na direção oposta é amigável desenvolvida no pró-
canina, porém, são li mi- esquina se transforma, ou não. Se for, em segun- prio homem. Trata-se 
tadas para representar a num passe de mágica, em dos, eles podem engatar da teoria da mente, que 
experiência sensorial ca- outro gato quando foge - uma brincadeira. Nos é a capacidade de ima-
nina como um todo. e o gato correndo é bem poucos segundos entre ginar o que passa pela 
Que o olfato é impor- mais divertido_ Observar o encontro e a interação cabeça de outra pessoa_ 
tante para eles, já está mais o comportamento de um física, eles trocam vários Cachorros também têm 
que claro. Cheirar o tra- cachorro num passeio dá sinais_ Estender as patas bons palpites de como 
seiro de outro cãozinho muitas dicas sobre como para frente e baixar o vamos nos comportar 
na rua é o equivalente ao eles sentem o mundo. Se focinho é um dos mais em determinadas situa-
nosso "bom-diá'_ Mas es- um cão late para o nada, é conhecidos: significa ções, mesmo tendo uma 
se gesto também mostra sinal de que ele percebeu que ele quer brincar e teoria da mente menos 
como eles lidam com o algo que você não notou_ está convidando seu mais refinada que a nossa_ 
espaço individual. Entre Se não for um cheiro for- 1957 novo amigo. Ao longo da E eles usam e abusam humanos, é cada um no te é grande a chance de brincadeira, eles estabele- desse superpoder_ 
seu quadrado. Pega mal ser um barulho quase Abordo do cem limites e contam um 
encostar em desconheci- imperceptível_ Enquanto Sputnik 2. a para o outro se a mordida 
cadela Laika 
dos na rua. Já os cães não humanos escutam nu- é o pr imeiro foi muito forte ou se a 
têm cerimônia. Põem o ma frequência de até 20 ser vivo patada machucou. 
nariz na nossa virilha para kHz, cachorros podem a entrilr Está aí outra peculia-
saber por onde andamos, percebem sons bem mais na órbita ridade dos cachorros em 
lambem nossa perna e se agudos, de até 45 Hz. terrestre. r_elação a outros bichos. ANTRDPÓ· 
aconchegam para uma so- Além de escutarem 1967 E raro encontrar no rei- L D G D S neca. Tudo o que está ao bem, também são bons no animal espécies que D E QUATRO 
alcance do cachorro é dele_ ouvintes. "Já que não fa- Os Beatles brincam na fase adulta. 
Mas, se for grande demais lam, eles prestam mais lançam A É que o risco da brinca- PATAS Dayinthr 
para caber na boca, eles atenção no ritmo de nos- l.ife. com deira é grande. Rolar na 
deixam para lá_ sas frases, no tom de nos- trechos grama pode machucar e LEGOLAS P ERCEBE O 
Assim como a pulga, sa voz, na exuberância de ョオュ。ヲイ・セ@ gasta uma energia que cheiro de pão da padaria 
cachorro também divi- um ponto de exclamação quê nci a que faria falta mais tarde. entrar pela janela e sabe 
de as coisas do mundo e na veemência da caixa humanos Mas a sociabilidade fala que é hora de acordar. não ouvem, 
em categorias a partir da alta", escreveu Alexan- mascachor - mais ai to - e nada esti- Eu mudo de posição e 
maneira como interage dra Horowitz, psicóloga rossim . mula tanto a sociabilidade fin jo que ainda estou セ@
.tJO SUPER AGOSTO 2016 
GRANDE 
FAMÍLIA 
A Q UELE PA PO de 
que o dono do cão 
precisa ser o macho 
alfa da matilha é 
lenda . Para a pesqui-
sadora Alexandra 
Horowitz, isso 
não se aplica aos 
cachorros, que não 
caçam em grupo e 
socializaram com 
humanos. Eles 
demonstram 
apego (preferência 
por uma pessoa) , 
enquanto Lobos não 
têm apego nem sen-
tem medo de serem 
abandonados. 
dormindo, mas ele sabe inacreditáveis poderes A, monitorou o cére-
muito bem que não. Em físicos, faz com que eles de cachorros expostos 
segundos, está na porta estejam no topo da !is- D árias amostras olfati-
do quarto, pronto para o ta de bichos adaptados 1111111110 (cheiros de cães des-
passeio da manhã. Ele é para viver perto de nós. E IEI hecidos e conhecidos, 
paciente, normalmente Nem os primatas mais Hlllll anos desconhecidos, espera com calma até espertos são tão bons em es mesmos e de seus 
eu me vestir, sair doba- entender, por exem pio, se dô os). Na hora em que 
nheiro, encher a vasilha apontamos numa direção. s tiam o aroma dos do-
de ração, pegar o rolo Cachorros conseguem, n , uma parte do cérebro 
de saquinhos plásticos, principalmente se mos- ada núcleo caudado, 
uma porção de petiscos, tramas com o dedo onde para meu cachorro após associado a sensaçõesde 
e a guia de couro mas- está a comida ou o brin- 20 dias fora. Ele pensa prazer e às primeiras fases 
ti gada. Mas, se enrolo quedo. Mas o superpoder que não vou mais voltar, do amor, intensifi cava a 
mais do que o de cos- de prestar atenção nos pois nunca passamos atividade. 
tume para sair da cama, mínimos detalhes tem tanto tempo separados. Cachorro costuma 
ele começa seu próprio uma contrapartida: eles Fiquei fora tempo o su- gostar de gente. Ao verem 
ritual. Primeiro, chora não sabem generalizar. ficiente para que ele já fotografias de humanos, 
baixinho. Depois, solta São capazes de perceber não me esperasse mais no reagem como nós, do 
um latido fino. Se não as mil hões de nuances horário de sempre. Abro a ponto de vista da ativi-
adiantar, começa a puxar no aroma de uma rai z de porta e vejo Legolas dei- dade cerebral. O córtex 
o edredom com a boca. árvore, mas não necessa- tado no sofá com as ore- temporal, que processa 
"É hora de levantar, está riamente sabem que estão lhas em pé, arrancado de informações complexas, 
um dia particularmente numa floresta. Cheiram um sono profundo. Nos 5 como microexpressões 
cheiroso lá fora. Ante- uma árvore de cada vez. minutos seguintes, vejo-o faciais, fica ligado. Essa 
ontem foi assim, ontem "Viver sem capacida- correr pela casa, subir e sintonia faz deles exce-
também, e hoje será a de de abstração signifi - descer escadas trazendo lentes animais de serviço 
mesma coisa. Não há na- ca encarar cada evento o primeiro brinquedo que (como guias para cegos) 
da que você possa fazer e objeto como singular", 2007 viu pelo caminho, rodo- e terapêuticos. Depois do a respeito, humano", eu diz Horowitz. Uma das Nascem piar, pular, cheirar minha atentado de 11 de Setem-
falo, imitando a voz que possibilidades da cons- os pr imei- calça, passar por baixo das bro, mais de 500 cachor-
inventei para ele. ciência humana é pensar ros clones minhas pernas, dobrar- ros foram designados pa-
Jakob von Uexküll sobre o pensamento. Pa- caninos se para que eu coce seu ra consolar e amenizar o 
não escreveu sobre o ra um cachorro, pouco do mundo : lugarzinho preferido na trauma de sobreviventes 
umwelt de cachorros, só interessa a fil osofia. De sete base da cauda, tudo is- e famili ares das vítimas 
sobre o das pulgas deles. acordo com o umweltca-
filhotes de 
so ao mesmo tempo. É em Nova York. Eles tam-labrador . 
Mas Alexandra Horowitz nino, só interessa o aqui o melhor momento de bém são os únicos bichos 
tem alguns palpites de e o agora. Isso explica 2013 nossas vidas. que bocejam quando nos como é um dia na vida por que não é uma boa si milhões Comprovado: ter um veem bocejando. Sinal 
do cachorro. "Nós somos ideia dar a bronca no de dogs cachorro amigável por claro de empatia. 
a primeira fonte de co- cãozinho que destruiu vivem perto faz despencar o Graças a essa cumpli-
nhecimento sobre o dia: a almofada enquanto vo- em lares nível de cortisol (hormô- cidade milenar, temos 
organizamos o dia doca- cê estava fora. Na mente brasi leiros, nio do estresse) no corpo. hoje ao nosso lado cães 
charro em paralelo com o dele, aquilo aconteceu há contra 33,9 Ao mesmo tempo, sobe de companhia, de guarda, milhões de 
nosso, fornecendo dicas tanto tempo que não há crianças até a concentração de ocito- de serviço; cachorros que 
e cercando-o de rituais", conexão possível entre o 14anos. cina, um hormônio que arrancam aplausos em 
escreve a pesquisadora. ato e a punição. Aquela desperta a sensação de competições ou risadas 
Se eu me movimento de carinha de culpado en- 2016 apego e amor, o mesmo no YouTube. Quanto mais 
manhã na cama, está na gana. Ele só está assus- Morr e, com liberado nas mulheres a ciência se dedica ades- .. 
cara que já acordei. Lo- tado com sua reação e 30 anos, a durante o parto. Do lado vendar os segredos dos i 
セ@
go, está liberado implorar não faz ideia do motivo. australlan de cá, é amor verdadeiro nossos melhores amigos, o 
pelo passeio. A bronca só vai estra- kelpie correndo na veia. Do lado mais claro fica quem é セ@
A teoria da mente ru- gar o momento preferido Maggie - de lá, rola algo bem pare- quem na amizade milenar セ@cão mais li dimentar que os cachor- do cachorro: o encontro longevoda cido. Em 2015, o pessoal entre o Homo sapiens e o "i 
ros têm, ali ada aos seus com seu humano. históri a. da Universidade Emory, Canis famíliaris. 0 : 
42 SU PE R AGOSTO 2016 
llHA 
EllllE 
(EISSI) 
A CONIXÃ O entre 
cães e gente sugere 
que a domesticação 
não tenha sido 
produto exclusivo 
da ação humana. 
"Talvez os cães 
tenham mostrado 
como queriam ser 
domesticados. Isso 
acabou levando nos-
sos antepassados a 
desenvolver relações 
mais complexas com 
outras espécies", 
sugere o neurocien-
tista e antropólogo 
Greg Downey, da 
Universidade Mac-
quarie, na Austrália. 
TRANSPARÊNCIA 
Todo parlamentar tem direito a uma verba mensal durante seu mandato - o dinheiro sai do bolso dele para vo ltar por reembolso. Cada 
Como ler 
este gráfico 
セセセセエセイセセセᄎ。ャセ イ セセョエ。@
parlamentar em cada 
categori a. O tamanho 
indica o valor, e as cores 
mostram a despesa. 
R$10.000 
R$ 50.000 
R$150.000 
R$ 300.000 
• Orça-
mento 
RS 20 a45 mil 
é o valor que cada parla-
mentar tem para gastar 
por mês. O tet o varia con-
forme o Estado de origem 
dele: quanto mais longe de 
Brasília, maior o custo de 
passagens aéreas - e maior 
o orçamento. Em 2015, nin-
guém ult rapassou o Li mite. 
Mas será que seu dinheiro 
está sendo bem gasto? 
As categorias 
SENA DO 
O Despesas de escritório 
O Materiais de escritó rio 
CÃ MARA 
Combustíveis e lubrifi cantes 
O Contratação de consultorias 
Divulgação do parlamentar 
Transporte, hotel. comida 
O Consultorias e trabalhos técnicos 
O Divulgação do parlamentar 
O Passagens aéreas 
O Aluguel de carros 
e gasolina 
O Passagens aéreas e outras 
Segurança privada 
@ 
l indbergh Farias 
(PT-RJ) 
RS 242,7 MIL 
Lidera os gastos com 
passagens aéreas: 
torrou R$ 40 mil a 
mais do que o segundo 
maior viajante. 
Senadores 
® 
O Manutenção de escritório 
O Telefonia 
Outros' 
Aéci o Neves 
(PSDB -MG) 
R$213, 8MIL 
Seu escritó rio é o 
mais caro: foram R$ 
14 mil com condo-
mínio e aluguel. 
Em compensação, 
economizou com 
セz セセセセ ゥ イ ・ セ ・ セァセ ウ N@
Cota Parlamentar de R$ 21.045,20 (DF) 
a R$ 44.176,60 (AM). 
fッエッウ dャカ オ ャァセ@
centavo precisa ser declarado no Portal da Transparência. A SUPER analisou todas as despesas dos nossos senadores e deputados em 2015. 
!nf!!Jlráfica 
Carol Castro, Flávio Pessoa, Har co Túli o Pires e Pd111ela Corbonori 
Torra-
torra A ponta do 
® iceberg 
Vinícius A cota é só uma 
Gurgel parte do borderô 
(PR-AP) anual dos nossos 
R$ 229,15 M IL 
セアオ・ュ@ mais polít icos. 
gasta com ;ilu-
guel. Manteve R$33.JS3 
6escritóri os SALÃ.11:10 M ENSAL 
<1omesmo 
tempo- 4 só 
em Macapá. Câmar a• (47%doguto 
anual). RS 242,5 MILHÕES 
Salários dos 
® deputados 
André Moura HS 5D7,4 MILHÕES 
(PSC-SE) Salários dos funcio-
R$ 2.45,8 MI L nârios do gabinete 
Apostou mais 
HS 4,3 MILHÕES • eg;, セゥセセセセᆰjcZセ@ Castos com saúde 
Gastou 66% da 
HS 9,8 MILHÕES cota com redes 
sociais, $râfica Auxilio-moradia 
e cl1pping. 1$1&411Lll EI 
© 
Átila lins Senado• (PSD-AM) 
RS 33' MI L HS 38,3 MILHÕES 750Jodas 
、 ・ウヲオセ]セ@ セZZZ@
Salários dos 
senadores 
viajar de 。カゥセッN@ HS 3,9 MILHÕES A distância 
justifica o Outros gastos 
gasto? ゥセセセセセセセZエセセャ@ carros 
@ HS96B MIL Auxilio-moradia 
Conceição 
HS 312,9 MILHÕES Sampaio 
(PP-AM) Salários do gabinete 
RS 51 MI L RS 3.4MILHÕES Gastou seis 
vezes menos Castos com saúde 
ー。イ。 ゥ イ 、セm。ᄋ@ I USl,HILll ES naus ao DF. 
TOTAL 
Deputados 
Câmara + Senado 
Cota Parlamentar 
1$1,12311 
de R$ 30.788,66 
(DF)a RS 
4S.612,S3 (RR) Equivale a : 
46% do corte no 
Ministério da Saúde 
eml016. 
1/4 da verba do 
Pronatec em 201S. 
' Ac:umulitdo l"m 1.015 
AGOSTO 2016 SUPER 45 
Senadores 
Despesas de Materiais de =Consultorias Divu lgaç,ão 
escritório ' escritório 
1.000 
N" DE 
PARLA-
MENTARES 
ATENDIDOS 
PELAS 
EMPRE SAS 
100 
Vivo

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