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1 As instituições e as políticas públicas para o desenvolvimento rural no Brasil1 César Augusto Da Ros2 1. Introdução Esta aula persegue dois objetivos. Num primeiro momento, pretende-se apresentar uma caracterização geral das instituições que coordenam as políticas públicas de desenvolvimento rural no Brasil. E, num segundo momento, oferecer uma visão geral sobre as principais modalidades de políticas de crédito rural destinadas ao financiamento dos setores ligados à agricultura patronal e familiar. Para tanto, procederemos inicialmente o esclarecimento de alguns conceitos básicos que costumam freqüentar os debates em torno das políticas públicas. 2. Esclarecendo alguns conceitos importantes: O primeiro conceito que precisa ser esclarecido é o de Estado, aqui entendido como um conjunto de instituições permanentes, tais como órgãos legislativos, tribunais, exércitos, autarquias federais e estaduais e outras instituições que possibilitam a ação dos governos. Pode-se se dizer também que a maneira pela qual uma determinada sociedade se organiza do ponto de vista econômico, social e política incide diretamente no formato de Estado predominante. Por essa razão o conceito de Estado não é neutro, podendo assumir um formato liberal, social-democrata, populista, fascista, socialista, etc. Dizer que o Estado é composto por instituições de caráter permanente, não quer dizer que estas sejam imutáveis, posto que ao longo da história o Estado se modificou em correspondência à correlação de forças estabelecida entre os grupos sociais. O segundo conceito que precisa ser esclarecido é o de governo, aqui entendido com o conjunto de programas e projetos que determinados grupos sociais (políticos, técnicos, organismos da sociedade civil e outros) propõem para o conjunto da sociedade, configurando-se na orientação política de um partido ou grupo de partidos que dirigem as instituições do Estado num determinado período de tempo. Ou seja, enquanto o Estado caracteriza-se pela sua permanência, o governo, por sua vez se caracteriza pela sua transitoriedade. O terceiro conceito importante é o de políticas públicas, as quais podem ser entendidas como o “Estado em ação”. Neste processo as instituições permanentes do Estado são mobilizadas para pôr em prática um projeto de governo, através de programas e ações voltadas para setores específicos da sociedade, tais como políticas de trabalho e renda, educação, saúde, agrícolas e agrárias, de saneamento, habitação, etc. Apesar de o Estado ser um dos grandes responsáveis pela implementação das políticas públicas é preciso ter cuidado para não confundi-las como sinônimas de políticas estatais, já que a sua formulação e implementação poderá envolver a participação direta ou indireta dos representantes ou mesmo dos próprios beneficiários. No que diz respeito às políticas de desenvolvimento rural é preciso ter presente que existe um conjunto diversificado de políticas públicas, as quais já foram mencionadas na primeira aula, entre as quais destacam-se: 1) as políticas agrárias ou fundiárias; 2) políticas de crédito rural; 3) políticas de garantia de preços mínimos; 4) políticas de Seguro Agropecuário; 5) políticas de abastecimento e segurança alimentar; 6) políticas de ensino agrícola e formação profissional (ensino médio, ensino superior e pós-graduação); 7) Políticas de pesquisa agropecuária; 8) Políticas de assistência técnica e extensão rural; 9) políticas de infra-estrutura e logística; 10) Políticas sociais (previdência, saúde, educação, transporte, cultura); 11) Políticas sociais compensatórias. Todas estas políticas são operacionalizadas atualmente por duas instituições específicas: o Ministério da Agricultura e da Pecuária 1 Texto introdutório preparado para as aulas teóricas da disciplina de Extensão Rural (IH 447) referente à Unidade 8: Extensão rural e políticas públicas de desenvolvimento para o campo brasileiro – Rio de Janeiro: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2008. 2 Engenheiro Agrônomo pela UFSM, Doutor em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pelo CPDA/UFRRJ – Professor Adjunto do DLCS/UFRRJ – Coordenador da Área de Extensão Rural. 2 (MAPA) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), ambos com estruturas, finalidades e públicos distintos. 2.1. O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA): O Ministério da Agricultura, originalmente denominado Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, foi criado no século XIX por decisão da Assembléia Legislativa, quando da promulgação do Decreto Imperial nº 1067 de 28 de julho de 1860, passando a integrar a estrutura formal do Gabinete do 2º Império. Essa estrutura organizacional perdurou por 32 anos, sendo extinta no início do regime Republicano, quando as suas atribuições foram absorvidas pelo Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas, em 1892. A subordinação ao Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas vigorou por 17 anos, quando da edição do Decreto nº 7.501, de 12.8.1909 foi recriada a Pasta da Agricultura incorporando, ainda, as competências e atividades ligadas a Indústria e ao Comércio, sob a designação de Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Posteriormente, com a promulgação do Decreto n º 19.448, de 3 de dezembro de 1930, o Ministério da Agricultura passou a compor a estrutura governamental da República, ganhando proeminência e destaque nacional. Desde então, as competências e a estrutura organizacional do Ministério da Agricultura permaneceram inalteradas por cerca de 50 anos, quando na década de 1980, lhe foram excluídas da competência os assuntos relativos à reforma agrária e aos recursos florestais e pesqueiro. Nos anos 90 o MAPA passou por uma série de mudanças operacionalizadas por Medidas provisórias que lhe conferiram o formato atualmente em vigor. Por ser uma instituição estatal tradicionalmente vinculada aos interesses da grande agricultura comercial o MAPA tem como missão: “(...) Estimular o aumento da produção agropecuária e o desenvolvimento do agronegócio, com o objetivo de atender o consumo interno e formar excedentes para exportação”. “(...) Para cumprir sua missão, o Mapa formula e executa políticas para o desenvolvimento do agronegócio, integrando aspectos mercadológicos, tecnológicos, científicos, organizacionais e ambientais, para atendimento dos consumidores brasileiros e do mercado internacional. A atuação do ministério baseia-se na busca de sanidade animal e vegetal, da organização da cadeia produtiva do agronegócio, da modernização da política agrícola, do incentivo às exportações, do uso sustentável dos recursos naturais e do bem-estar social”3. A estrutura organizacional do MAPA é formada pelas áreas de política agrícola (produção, comercialização, abastecimento, armazenagem e indicadores de preços mínimos), produção e fomento agropecuário; mercado, comercialização e abastecimento agropecuário; informação agrícola, defesa sanitária (animal e vegetal); fiscalização dos insumos agropecuários; classificação e inspeção de produtos de origem animal e vegetal; pesquisa tecnológica, agrometeorologia, cooperativismo e associativismo rural; eletrificação rural; assistência técnica e extensão rural. Nesta estrutura estão vinculadas as Delegacias Estaduais de Agricultura e as empresas vinculadas ao ministério tais como, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), a Companhia de Entrepostos e Armazéns de São Paulo (Ceagesp), a Companhia de Armazéns e Silos do Estado de Minas Gerais (Casemg) e as Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa/MG) – também executam as políticas públicas voltados ao agronegócio. No período recente foram criadas também as câmaras setoriais das diversascadeias produtivas do agronegócio (carne, leite, avicultura, açúcar e álcool, fruticultura, entre outras). Elas reúnem representantes do governo e do setor privado para debater e propor políticas públicas para o agronegócio brasileiro. 2.2. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA): O Ministério do Desenvolvimento Agrário, por sua vez, constituiu-se a partir das pressões desencadeadas pelos atores sociais organizados em torno das bandeiras da reforma agrária e da valorização da agricultura familiar. O seu precursor foi o Ministério Especial de Política Fundiária, criado 3 In: www.agricultura.gov.br (Acessado em 30/10/2007). 3 em 1996, em face da escalada das ocupações de terras pelos movimentos sociais do campo e das repercussões causadas pelos massacres de trabalhadores sem terra ocorridos, respectivamente, nos municípios de Corumbiara (RO) e Eldorado dos Carajás (PA), nos anos de 1995 e 1996. A partir de 1999, o MEPF foi transformado em MDA e passou a incorporar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e o recém criado Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF). A partir de então, pela primeira vez no Brasil passa a existir uma estrutura institucional que reconhecia a importância da agricultura familiar e dos assentamentos de reforma agrária como componentes da agricultura brasileira. Desde a sua criação o MDA tem vem ampliando e complexificando a sua estrutura organizacional, a fim de operacionalizar uma gama crescente e variada de programas destinados a atender os diversos públicos que compõem a agricultura familiar no Brasil. Do mesmo modo em que vem disputando recursos orçamentários com os setores patronais vinculados ao MAPA. A atuação do MDA concentra-se em três focos principais: 1) reforma agrária; 2) promoção do desenvolvimento sustentável do segmento rural constituído pelos agricultores familiares; 3) identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas pelos remanescentes das comunidades dos quilombos. Para tanto conta com a seguinte estrutura organizacional: a) orgãos de assistência direta e imediata ao Ministro de Estado(Gabinete, Secretaria-Executiva, Consultoria Jurídica); b) órgãos específicos singulares, os quais compreendem: i) Secretaria de Reordenamento Agrário (Departamento de Reordenamento Agrário e o Departamento de Crédito Fundiário; ii) a Secretaria da Agricultura Familiar (Departamento de Financiamento e Proteção da Produção e Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural); iii) Secretaria de Desenvolvimento Territorial (Departamento de Ações de Desenvolvimento Territorial); iv) Delegacias Federais de Desenvolvimento Agrário; v) Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável - CONDRAF; vi) Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA. A caracterização da estrutura organizacional do MAPA e do MDA pode ser melhor visualizada nos seus respectivos organogramas, apresentados nos anexos 01 e 02. 2.3. Principais diferenças entra a agricultura patronal e a agricultura familiar: Agricultura patronal Agricultura familiar • Completa separação entre gestão e trabalho • Organização centralizada • Ênfase na especialização • Ênfase em práticas agrícolas padronizáveis • Trabalho assalariado predominante • Tecnologias dirigidas à eliminação das decisões de momento (pouca flexibilidade) • Área média (ha) = 600 • Área ocupada (milhões ha)= 240 • Número de estabelecimentos (milhões) = 0,5 • Participação na área total = 68% • Trabalho e gestão intimamente relacionados • Direção do processo produtivo assegurada diretamente pelos proprietários • Ênfase na diversificação • Ênfase na durabilidade dos recursos e na qualidade de vida • Trabalho assalariado complementar • Decisões imediatas, adequadas ao alto grau de imprevisibilidade do processo produtivo • Área média (ha) = 50 • Área ocupada (milhões ha)= 108 • Número de estabelecimentos (milhões) = 4,1 • Participação na área total = 30% Fonte: Banco do Brasil (2004, p. 21). 3. As políticas de crédito rural no Brasil: As políticas de crédito rural podem ser definidas como um conjunto de medidas e procedimentos adotados pelos governos (federal, estadual e municipal) que tem por finalidade disponibilizar aos produtores rurais o suprimento de recursos financeiros necessários à viabilização da produção, quer seja para compra de sementes, insumos, máquinas, equipamentos, infra-estrutura, etc. No que diz respeito a sua finalidade, o crédito rural pode ser classificado como: a) crédito de custeio: quando atende às despesas do ciclo produtivo; b) crédito de investimento: quando é destinado às inversões em bens e serviços que gerem benefícios por mais de um ciclo de produção; c) crédito de comercialização: quando atende as despesas previstas no período pós-produção. Ao analisarmos a história do crédito rural no Brasil é possível dividi-la em quatro fases distintas: a) uma primeira que vai do descobrimento do país e se estende até o ano de 1937; b) uma segunda 4 compreendida entre os anos de 1937 até 1965; c) uma terceira, compreendida entre os anos de 1965 até 1986; d) e a última de 1986 até os dias atuais (Gonçalves Neto, 1997; Belik e Paulilo, 2001). A principal característica da primeira fase foi a inexistência de medidas mais sistemáticas nas políticas de crédito, consistindo apenas em iniciativas localizadas e voltadas para um número diminuto de produtores rurais. Dentre as principais fontes de financiamento disponíveis nesta época estavam: a) a herança ou dote, composto basicamente pelas terras, escravos e de capitais da família; b) os fazendeiros das vizinhanças, que emprestavam dinheiro a juros, sendo que muitos destes enriqueceram com esta prática; c) os capitalistas locais, que emprestavam dinheiro somente sob garantias hipotecárias; d) as casas comissárias do Rio de Janeiro, que se envolviam com os fazendeiro e os negócios do café; e) as casas bancárias, que após o ano de 1850, quando o tráfico negreiro foi proibido, passaram a realocar os seus capitais para o financiamento da agricultura (Gonçalves Neto, 1997, p. 157). Nesta época a preocupação fundamental dos fazendeiros era a auto-suficiência das propriedades, motivada não apenas pela distância e pelo isolamento em que estas se encontravam, como também das dificuldades de obtenção de crédito. Por essa razão, a estrutura de financiamento que vigeu neste primeiro período era extremamente deficiente, com crédito curto, atendido por poucas casas bancárias, ainda em início de expansão, que cobravam juros bastante altos, somente suportáveis por aqueles que lidavam com produtos de exportação (Gonçalves Neto, 1997, p. 157-158). A segunda fase, compreendida pelos anos de 1937 e 1965, caracteriza-se por um processo de ampliação do crédito oficial, principalmente após a criação da Carteira de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do Brasil (CREAI), em julho de 1937. Esta iniciativa foi pioneira no processo de sistematização do crédito para a agricultura, sendo que a maior responsabilidade no suprimento de recursos ao setor, até o ano de 1965, recaiu apenas sobre o Banco do Brasil. A participação de outros bancos criados nesta época como o Banco Nacional Cooperativo (BNCC), em 1951, o Banco do Nordeste, em 1952, o Banco da Amazônia, em 1950, foi diminuta, e a dos bancos privados praticamente inexistiu. A criação da CREAI permitiu aumentar significativamente os recursos ao setor agrícola, aumentando ano a ano o número de contratos realizados (Gonçalves Neto, 1997, p. 159). A terceira fase iniciou em 1965, sendo caracterizada pela institucionalização propriamente dita da estrutura de financiamento público da agricultura tal como a conhecemos, mediante a criação do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), no qual estavam incluídos: o Banco Central, o Banco do Brasil, os bancos regionais de desenvolvimento,o BNCC, o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDE), bancos estaduais, caixas econômicas, bancos privados, sociedades de crédito e cooperativas. Nessa época as duas fontes principais de recursos destinadas ao crédito rural provinham basicamente: a) das dotações orçamentárias do governo, ou seja, do Tesouro Nacional; b) de um montante de 10% dos depósitos à vista dos bancos privados e das sociedades de crédito, financiamento e investimento4. Apesar das tentativas do governo em ampliar a participação do setor privado no financiamento da agricultura, observou-se que esta tarefa acabou sendo assumida quase que integralmente pelos bancos oficiais, em particular pelo Banco do Brasil (Gonçalves Neto, 1997, p. 160-161). A partir da criação do SNCR, observou-se um aumento acelerado do volume de crédito ofertado, bem como do número de contratos firmados com os produtores rurais, especialmente entre os anos de 1967 e 1975, perdendo o fôlego nos três últimos anos da década, em face da crise econômica atravessada pelo país. Dentre as principais marcas que caracterizaram este período de farta disponibilidade de recursos para a agricultura podemos citar: a) a elevada participação dos subsídios nos contratos firmados, os quais giraram em torno de 1%, em 1969, até atingir 26%, em 1980, o que contribuiu para minar com as contas públicas no período subseqüente; b) a concentração dos empréstimos nos estratos de médios e grandes produtores, pois os bancos consideravam oneroso conceder empréstimos inferiores à U$ 10.000,00 em face dos custos administrativos5; c) a concentração dos contratos de crédito rural para as culturas voltadas à exportação; d) a concentração regional da concessão dos recursos de crédito rural, 4 Aos poucos este percentual foi sendo aumentado, passando para 17% em 1979, para 20% em 1980 e, finalmente, 25% em 1981. 5 Alguns autores têm feito aproximações e concluído que este serviço atendeu apenas algo em torno de 20% a 25% das propriedades brasileiras. 5 especialmente nas regiões Sul e Sudeste e uma parte do Centro-Oeste, com uma sensível discriminação das regiões Norte e Nordeste (Gonçalves Neto, 1997). Como resultado, observa-se que os principais beneficiários desta política de crédito foram: i) o sistema bancário comercial, que utilizou recursos que de outra forma seriam recolhidos pelo Banco Central e remunerados com taxas inferiores às do mercado; ii) os grandes proprietários de terras, que tiveram acesso facilitado ao crédito altamente subsidiado e controlaram a maior parte do seu valor, possibilitando inclusive, que estes diversificassem os seus investimentos para outros setores da economia; iii) as culturas comerciais, normalmente exploradas pelos grandes produtores, e que açambarcaram um volume de crédito bastante superior à sua participação na produção agrícola; iv) as regiões mais desenvolvidas, Sul e Sudeste, onde estão os produtores mais integrados às formas modernas de produzir; vi) o setor industrial ligado a produção agrícola, que foi o destinatário final de grande parte do crédito subsidiado nas três modalidades, custeio, investimento e comercialização. Em suma, a política de crédito operacionalizada pelo SNCR foi o principal vetor do processo de modernização técnica da agricultura brasileira nas décadas de 1960 e 1970, tendo funcionado de forma articulada à política de pesquisa agropecuária e extensão rural (Gonçalves Neto, 1997, p. 179-180). A quarta e última fase, se inicia com a extinção da Conta Movimento no ano de 1986, o que causou uma redução drástica no volume de recursos disponibilizados para o crédito rural, atingindo um patamar cinco vezes inferior ao que havia sido consolidado no período anterior. Tal mudança ocorreu em face do esvaziamento da capacidade de financiamento do Estado provocada pela crise da dívida externa, no início da década de 1980. A partir de então, observa-se um afastamento paulatino do governo no apoio à agricultura em geral (Belik & Paulilo, 2001, p. 98). A partir da segunda metade da década de 80, o que restou da política agrícola anterior foram algumas ações compensatórias e pontuais para segmentos específicos do agro. De um modo geral, as cadeias agroindustriais sofreram uma rápida perda de regulação com relação à organização e aos incentivos setoriais. Entretanto, isso não significou um grande impacto nas esferas da produção e da renda nos segmentos agropecuários do país. Ao contrário, os dados da produção agrícola na década de 80 demonstram que a produção de grãos cresceu, assim como a de carnes de aves, cana-de-açucar, suco de laranja e outros. A explicação para essa aparente contradição está na maturidade e estabilidade desses setores específicos, assim como as suas formas de financiamento e sustentação paralelas (Belik & Paulilo, 2001, p. 99). Segundo estes autores: “(...) Esse movimento de perda deliberada do poder de regulação por parte do Estado se intensificou nos anos 90. A abertura da economia e a queda das barreiras a importações transformaram a agricultura e o agronegócio em segmentos afastados de qualquer política preferencial em uma situação muito diferente daquela do período de modernização compulsória da agricultura (Belik & Paulilo, 2001, p. 99)”. Estes mesmos autores observaram uma queda na relação existente entre o crédito de custeio e a renda gerada em 11 culturas analisadas entre os anos de 1988 e 1997. Ou seja, a redução do volume de crédito ofertado teve pouco impacto sobre a produção e sobre a renda das culturas analisadas. Isso porque, nos casos dos segmentos mais expressivos como a soja, o milho, o suco de laranja etc., foram criadas novas rotinas e novas formas de financiamentos não dependentes do Estado para o desenvolvimento dos seus negócios. Este processo tem ocorrido mediante a subordinação da agricultura no sistema econômico geral, sendo que a reestruturação agroindustrial em curso tem avançado de acordo com os interesses das grandes corporações industriais e financeiras (Belik & Paulilo, 2001, p. 99-101). Entre as novas formas de financiamento da agropecuária surgidas nos anos 90, destacam-se: a) o sistema da “soja verde”, no qual a indústria antecipa o pagamento da soja contra a entrega posterior do produto; b) os títulos privados; c) certificados de mercadorias negociadas em bolsas de mercadorias; d) troca de produtos por insumos utilizados na indústria que avançou mais nos segmentos da soja e do café. Esses mecanismos se caracterizam pelo alto custo da operação e a insegurança quanto ao cumprimento dos contratos que é tanto maior quanto a falta de legislação e instituições fortes na regulação desses mecanismos (Belik & Paulilo, 2001, p. 103-107). 6 Paralelamente, o Estado brasileiro vem tomando algumas medidas no sentido de regularizar essas fontes de financiamento entre as quais se destacam: a) a captação e aplicação de recursos externos, regulamentada pela resolução do Bacen, em 1995; b) utilização de Cédulas de Produtor Rural (CPR), criada em 1994; c) uso dos contratos de opção de venda, entre outros mecanismos de comercialização; d) avanço do financiamento direto junto às empresas de insumos agroindustriais, com base na variação cambial (Belik & Paulilo, 2001, p. 108). Alguns desses instrumentos serão mais bem detalhados na seqüência. 4. Os instrumentos de política de crédito para o financiamento da agricultura patronal e familiar: O breve histórico das políticas de crédito rural, serve de ilustração para compreendermos melhor a atual dinâmica do financiamento da agricultura brasileira. Para tanto, é preciso que tenhamos presente que as diretrizes e prioridades das políticas de crédito do governo federal, são ditadas anualmente pelo lançamento dos Planos Safras. Nestes planos estão contempladas as medidas de incentivo à produção de determinados produtos e o volume de recursos destinados à agropecuária nacional, inclusive o montantede crédito à juros favorecidos a ser disponibilizado no ano safra – período compreendido entre julho do ano corrente e junho do ano seguinte. O montante de recursos liberados depende da disponibilidade orçamentária do Tesouro Nacional e das prioridades acordadas para com o setor agrícola. No período recente, em face da crescente valorização conquistada pela agricultura familiar, observa-se que os governos lançam dois tipos de Planos: a) o Plano Agrícola e Pecuário, que contém a discriminação detalhada do montante dos recursos a serem investidos nos programas de incentivo à agricultura patronal; b) o Plano Safra da Agricultura Familiar, que contém a discriminação detalhada do montante dos recursos a serem investidos nos programas de incentivo à agricultura familiar (Banco do Brasil, 2004, p. 10). As fontes de recursos para o crédito rural atualmente estão divididas em três grupos principais: 1) Recursos controlados (taxas controladas pelo governo), os quais provêm das exigibilidades dos depósitos à vista, dos obrigatórios da poupança rural equalizáveis, do Fundo de Amparo ao Trabalhador e do Tesouro Nacional; 2) Recursos Não controlados (Taxas livres), os quais provêm dos obrigatórios da poupança rural equalizáveis, da poupança rural de aplicação livre e de recursos externos; 3) Fundos e Programas (principais), os quais provêm do BNDES, dos Fundos Constitucionais do Centro-Oeste (FCO), do Nordeste (FNE) e do Norte (FNO), do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé). 4.1. As linhas de crédito para o financiamento da agricultura familiar: A constituição de linhas de crédito oficial específicas para o financiamento da agricultura familiar no Brasil, é um acontecimento recente que derivou da conjunção de três fatores importantes: 1) a luta política travada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pela Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) reivindicando a valorização da agricultura familiar como estratégia de desenvolvimento rural, inicialmente através de mobilizações como as “Jornadas Nacionais de Luta” e, posteriormente, através dos “Gritos da Terra Brasil”, realizados anualmente em Brasília, com caravanas que reuniam milhares de agricultores familiares de todo o país; 2) a divulgação de estudos realizados pela FAO/INCRA, nos quais se definiu com maior precisão conceitual a agricultura familiar, estabelecendo um conjunto de diretrizes que deveriam nortear a formulação de políticas públicas adequadas a este setor; 3) a difusão de alguns trabalhos acadêmicos, que procuraram demonstrar a importância assumida pela agricultura familiar no desenvolvimento de algumas nações capitalistas importantes, especialmente na Europa6. Desse modo, no ano de 1994, em face das pressões dos Movimentos sociais do campo, o governo Itamar Franco criou o Programa de Valorização da Pequena Produção – PROVAP, que operava basicamente com os recursos do BNDES e destinava-se a oferecer crédito de custeio aos “mini- produtores”. A partir de 1995, já no Governo Fernando Henrique Cardoso, o PROVAP foi reformulado, dando origem o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), cujo objetivo 6 Aqui estou me referindo a três obras importantes que influenciaram o debate brasileiro, entre as quais situo os livros de José Eli da Veiga (O desenvolvimento Agrícola: uma visão histórica, 1991), de Ricardo Abramovay (Paradigmas do capitalismo agrário em questão, 1991) e de Huges Lamarche (Agricultura familiar: comparação internacional, 1993). 7 principal era fortalecer os agricultores familiares mediante o apoio técnico e financeiro, visando a promoção do desenvolvimento rural sustentável (Schneider, et. Al, 2004). O seu objetivo geral consiste em fortalecer a capacidade produtiva da agricultura familiar; contribuir para a geração de emprego e renda nas áreas rurais e melhorar a qualidade de vida dos agricultores familiares. Além disso, o programa rege-se por quatro objetivos específicos: 1) ajustar as políticas públicas de acordo com a realidade dos agricultores familiares; 2) viabilizar a infra-estrutura necessária à melhoria do desempenho produtivo dos agricultores familiares; 3) elevar o nível de profissionalização dos agricultores familiares através do acesso aos novos padrões de tecnologia e de gestão social; 4) estimular o acesso desses agricultores aos mercados de insumos e produtos (Schneider, et. Al, 2004). Operacionalmente, o PRONAF apresenta quatro grandes linhas de atuação: a) crédito de custeio e investimento, destinado às atividades produtivas rurais; b) financiamento de infra-estrutura e serviços a municípios de todas as regiões do país, cuja economia dependa da agricultura familiar; c) capacitação e profissionalização dos agricultores, mediante cursos e treinamentos de agricultores, conselheiros municipais e equipes técnicas responsáveis pela implantação das políticas de desenvolvimento rural; d) financiamento de pesquisa e extensão rural, visando a transferência de tecnologias para os agricultores familires (Schneider, et. Al, 2004). No que se refere ao público-alvo, o PRONAF atende especificamente aos agricultores familiares que atende aos seguintes critérios: a) possuir, pelo menos 80% da renda familiar oriunda de atividades agropecuárias; b) deter ou explorar estabelecimentos com área de até 4 módulos fiscais (ou até 6 módulos, quando a atividade do estabelecimento for a pecuária); c) explorar a terra na condição de proprietário, meeiro, parceiro ou arrendatário; d) utilizar a mão-de-obra exclusivamente familiar, podendo, no entanto, manter até 2 empregados permanentes; e) residir no imóvel ou em aglomerado rural ou urbano próximo; f) possuir renda bruta familiar anual de até R$ 60.000,00 (Schneider, et. Al, 2004). Para operacionalizar a concessão dos financiamentos o MDA estipulou uma categorização dos agricultores familiares baseada em estudos realizados no âmbito de um convênio entre a FAO/INCRA, no ano de 1999, no qual os beneficiários do PRONAF foram agrupados em 6 categorias, a saber: Grupo A: Constituído de agricultores assentados da reforma agrária que com a extinção do Programa Especial de Crédito para a Reforma Agrária (PROCERA), passaram a ser atendidos pelo PRONAF. Atualmente esta modalidade atende também aos beneficiários do Programa Nacional de Crédito Fundiário. Pelas regras de financiamento do Plano Safra 2007/2008, os beneficiários podem acessar até R$ 16,5 mil + R$ 1,5 mil para ATER, a uma taxa de juros de 0,5 a.a., com prazo de até 10 anos para pagar e 5 anos de carência, prevendo ainda um bônus de adimplência de 45% quando houver ATER e 40% quando não houver. Para custeio da safra estes agricultores podem acessar até R$ 2.500,00, cujo prazo de pagamento é de dois anos e as taxas de juros são de 2% a.a. Grupo B: Constituído de agricultores familiares com renda bruta anual de até R$ 4.000,00. Este grupo inclui as famílias rurais com baixa produção e pouco potencial para incrementá-la no curto prazo. Geralmente estas famílias situam-se em regiões com concentração de pobreza rural. Os valores previstos pelo Plano Safra 2007/2008 para as modalidades de crédito de custeio e investimento permite o acesso de até R$ 1,5 mil por operação, a taxas de juros de 05, a.a., um prazo de 2 anos de pagamento e um bônus de adimplência de 25%. Grupo C: Constituído de agricultores familiares com renda bruta anual entre R$ 4.000,00 e R$ 18.000,00, que apresentem explorações intermediárias com bom potencial de resposta produtiva. Os limites de financiamento para custeio variam entre R$ 500,00 até R$ 5.000,00, a taxas de juros de 3% a.a., um prazo de 2 anos para o pagamento e um bônus de adimplência de até R$ 200,00 por produtor até 6 operações. Nas operações de investimento prevê-se tetos de financiamento de R$ 1,5 mil até R$ 6.000,00, a taxa de juros é de 2% a.a., um prazo de 8 anos para pagar e 5 de carência, prevê umbônus de adimplência de até R$ 700,00 por produtor, até 2 operações. 8 Grupo A/C: Constituído por agricultores(as) egressos do grupo A ou do PROCERA. Os limites de financiamento variam de R$ 500,00 até R$ 3.500,00 (até 3 operações), a taxas de juros de 1,5% a.a, um prazo de 2 anos para o pagamento e com bônus de adimplência de até R$ 200,00 em cada operação, restrito a apenas um bônus por ano agrícola. Grupo D: Constituído de agricultores(as) familiares com renda bruta anual acima de R$ 18 mil e de até R$ 50 mil. Os limites previstos para investimentos são de até R$ 18 mil, a taxas de juros de 2% a.a, um prazo de 8 anos para o pagamento e de 5 anos de carência, porém não prevê bônus de adimplência. Nas operações de custeio os limites podem chegar até R$ 10 mil, a taxas de juros de 3% a.a., um prazo de 2 anos para o pagamento, sem bônus de adimplência. Grupo E: Constituído de agricultores(as) familiares com renda bruta anual acima de R$ 50 mil e de até R$ 110 mil. Os limites previstos para investimentos são de até R$ 36 mil e para custeio R$ 28 mil, as taxas de juros são de 5,5% a.a., os prazos de pagamento para investimento são de 8 anos com carência de até 5 anos, e para o custeio o prazo de pagamento é de 2 anos, em ambas as modalidades não está previsto o bônus de adimplência. Além destas modalidades de financiamento por classificação de produtores, o PRONAF conta ainda com outras 9 modalidades de financiamento, entre as quais destacam-se: a) o Pronaf Agroindústria, destinado aos grupos A/C, B, C e D, no qual estão previstos investimento para implantação de pequenas e médias agroindústrias ou ampliação, recuperação e modernização de unidades agroindustriais; b) o Pronaf Custeio – Agroindústrias Familiares e de Comercialização da Agricultura Familiar, no qual estão previstos recursos de custeio para beneficiamento, industrialização e comercialização da produção; c) o Pronaf Cota-Parte, no qual estão previstos financiamentos para a integralização de cotas-partes, aplicação em capital de giro, custeio ou investimento em pequenas cooperativas; d) o Pronaf Mulher, destinado ao oferecimento de crédito para investimento em atividades agropecuárias, turismo rural, artesanato e outras atividades no meio rural de interesse das agricultoras, independentemente do seu estado civil; e) o Pronaf Jovem, destinado ao oferecimento de crédito de investimento para agricultores (as) familiares com idades entre 16 e 29 anos, que tenham no mínimo 100 horas de cursos ou estágios; f) o Pronaf Convivência com o Semi-Árido, destinado ao oferecimento de crédito de investimento para agricultores(as) familiares enquadrados(as) nos Grupos: A, A/C, B, C e D, em projetos de infra-estrutura hídrica e de produção agropecuária; g) o Pronaf Florestal, destinado ao oferecimento de crédito de investimento para Agricultores(as) familiares dos Grupos: A, A/C, B, C e D, cuja finalidade é a implantação de projetos de sistemas agroflorestais, exploração extrativista ecologicamente sustentável, plano de manejo e manejo florestal; h) o Pronaf Agroecologia, destinado a oferecer crédito de investimento para agricultores(as) familiares enquadrados(as) nos Grupos: C ou D ou E, que desenvolvam sistemas de produção agroecológicos e/ou orgânicos; i) o Pronaf ECO Sustentabilidade Ambiental, destinado ao oferecimento de crédito para investimento para a agricultores familiares enquadrados nos Grupos C, D ou E, em projetos de utilização ou recuperação de tecnologias de energia renovável, biocombustíveis, armazenamento hídrico, pequenos aproveitamentos hidroenergéticos e silvicultura. 4.2. O financiamento da agricultura patronal: Os demais produtores que não se enquadram na classificação prevista pelo PRONAF, dispõem das seguintes linhas de crédito: a) crédito de custeio agropecuário; crédito de investimento agropecuário e crédito para a comercialização. 4.2.1. Crédito de custeio agropecuário: a) Custeio agrícola tradicional (diversas fontes), no qual são financiadas todas as despesas normais do ciclo de produção. b) Custeio Pecuário Tradicional (diversas fontes), no qual são financiados todas as despesas normais do ciclo de produção. 9 c) BB Agricultura orgânica, destinado a financiar as despesas normais do ciclo de produção de produtos orgânicos, comprovados por certificadores credenciados. d) Proger Rural – Custeio, destinado a financiar as despesas normais do ciclo produtivo de empreendimentos agropecuários, para produtos enquadráveis, no Programa de Emprego e Geração de Renda. e) Funcafé – Custeio da Colheita, destinado a financiar todos os itens relacionados às despesas normais da colheita do café. f) Funcafé – Custeio de tratos culturais, destinado a financiar toso os itens relacionados aos tratos culturais das lavouras de café. g) Aquisição de bens para fornecimento a cooperados, destinado a financiar todos os itens passíveis de financiamento nas linhas de custeio para as cooperativas de produtores rurais, suas centrais ou federações. 4.2.2. Crédito para investimento agropecuário: 1) Investimento agrícola tradicional (diversas fontes), destinado a financiar estruturas fixas ou semi- fixas para a implantação ou melhoramento da condução de atividades agrícolas. 2) Investimento pecuário tradicional (diversas fontes), destinado a financiar estruturas fixas e semifixas para a implantação e melhoramento da condução das atividades pecuárias. 3) BNDES/Finame (Financiamento de Máquinas e Equipamentos) – Moderfrota, destinado a financiar máquinas e equipamentos novos, fabricadas por empresas cadastradas no programa. 4) BNDES/Finame – Finame especial, destinado a financiar máquinas e equipamentos novos, fabricados por empresas cadastradas na Finame e não financiáveis no Moderfrota. 5) BNDES/Finame – Finame agrícola, destinado ao financiamento de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional, incluindo as não específicas para a agricultura. 6) Prodefruta, destinado aos investimentos fixos e semifixos relacionados com a implantação ou melhoramento de espécies frutíferas, e em projetos de agregação de valor. 7) Moderagro, destinado aos investimentos fixos e semifixos relacionados com floricultura, ovinocaprinocultura, aqüicultura, apicultura, suinocultura, avicultura, sericicultura, pecuária leiteira e implantação de sistemas de rastreabilidade de bovinos e bubalinos. 8) Moderinfra, destinado aos investimentos fixos e semifixos direcionados à agricultura irrigada e a instalação e modernização de armazéns nas propriedades rurais. 9) Prodecoop, destinado aos investimentos fixos e semifixos direcionados às estruturas cooperativas, visando à agregação de valor à produção agropecuária. 10) Propflora, destinado aos investimentos fixos e semifixos dirigidos ao plantio e produção comercial de florestas, recomposição de reserva legal e produção de madeira para a queima na secagem de grãos. Entre outros. 4.2.3. Crédito para a comercialização: a) Comercialização e Industrialização de produtos e insumos agropecuários. b) Comercialização de produtos de produção própria. c) Linha Especial de Crédito à Comercialização – LEC: se assemelha ao Empréstimo do Governo Federal (EGF), diferindo deste por não estar baseada no preço mínimo, e sim num outro preço arbitrado pelo MAPA, utilizada principalmente para os seguintes produtos: milho, sorgo, café e trigo. 10 d) Empréstimo do Governo Federal (EGF) pode ser com opção de venda ou sem opção de venda, sendo que os itens financiados são todos aqueles abrangidos pela Política de Preços Mínimos (PGPM). e) Garantia de aval para Cédula de Produtor Rural (CPR). 4.3. Quadro demonstrativo dos recursos disponibilizados à agricultura patronal e familiar Ano safra Valores contratados em bilhões de Reais para a agricultura patronal (A) Valores contratados em bilhões de Reais para a agricultura familiar (B) Relação A/B 2002/2003 24,7 2,310,73 2003/2004 39,45 4,5 8,76 2004/2005 46,45 6,1 7,61 2005/2006 53,35 7,6 7,019 2006/2007 50 8,5 5,88 2007/2008 58 12,00 4,83 Bibliografia Consultada: BELIK, Walter & PAULILLO, Luiz Fernando. “O financiamento da produção agrícola brasileira na década de 1990: ajustamento e seletividade”. In: LEITE, Sérgio Pereira (Org.) Políticas públicas e agricultura no Brasil. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2001, p. 95-120. BANCO DO BRASIL – DIRETORIA DE AGRONEGÓCIOS. “Evolução histórica do crédito rural”. In: Revista de Política Agrícola. Brasília, ano XIII, n.4, out/nov/dez de 2004, p. 10-17. BANCO DO BRASIL – DIRETORIA DE AGRONEGÓCIOS. “O atendimento à agricultura empresarial”. In: Revista de Política Agrícola. Brasília, ano XIII, n.4, out/nov/dez de 2004, p. 21-25. SCHNEIDER, Sérgio et al. “Histórico, caracterização e dinâmica recente do PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar”. In: SCHNEIDER, Sérgio et al., (org.). Políticas públicas e participação social no Brasil rural. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004, p. 21-50. GONÇALVES NETO, Wenceslau. Estado e agricultura no Brasil: política agrícola e modernização econômica brasileira: 1960-1980. São Paulo: Hucitec, 1997. 11 Anexo 01: Organograma do Ministério da Agricultura e da Pecuária (MAPA) 12 Anexo 02: Organograma do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria de Reordenamento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar Secretaria de Desenvolvimento Territorial Delegacias Federais de Desenvolvimento Agrário Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (CONDRAF) Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Gabinete do Ministro Secretaria Executiva Consultoria Jurídica Departamento de Reordenamento Agrário Departamento de Crédito Fundiário Departamento de financiamento e proteção da produção Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural Departamento de Ações de Desenvolvimento Territorial
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