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Geovana Sanches, TXXIV CÂNCER DE ENDOMÉTRIO INTRODUÇÃO O câncer de endométrio é o tumor mais frequente em mulheres na sexta e sétima década de vida, sendo 63 anos a idade média de diagnóstico no Brasil. Pode ser dito como o câncer da mulher na perimenopausa, sendo 75% das pacientes com idade superior aos 50 anos de idade. Epidemiologia • 6ª neoplasia mais comum do mundo • Incidência o 5,9% em países desenvolvidos o 4% em países subdesenvolvidos Fatores que geram aumento na incidência • Aumento da expectativa de vida • Diagnóstico precoce • Obesidade CAUSAS DE HEMORRAGIAS NA PÓS-MENOPAUSA • Atrofia de endométrio (60 a 80%) • Hiperplasia endometrial (5 a 10%) • Pólipos endometriais (2 a 12%) • Terapêutica hormonal • Câncer de endométrio (10%) CLASSIFICAÇÃO HISTOLÓGICA Adenocarcinoma endometrióide • 75% a 85% dos casos • Tem a hiperplasia endometrial atípica como lesão percursora Não-endometrióide • Pior prognóstico • Carcinoma seroso do endométrio o 10% dos casos o Em geral acomete pacientes mais velhas e o tumor se encontra mais avançado ao diagnóstico. TIPOS PATOGÊNICOS Tipo I • Desenvolve-se pela exposição a estrógenos sem oposição da progesterona, a partir do espessamento endometrial • Carcinoma moderadamente diferenciado, melhor prognóstico • Mais comum no Brasil Tipo II • Origem no endométrio atrófico • Acomete mulheres mais velhas, magras e na pós-menopausa • Pior prognóstico, com invasão profunda do miométrio e disseminação pélvica o Ao acometer a camada muscular, ocorre disseminação linfática Tipo I Tipo II Características gerais Fator de risco Exposição ao estrógeno Idade Raça Branca > Negra Branco = Negra Diferenciação Bem diferenciado Indiferenciado Histologia Endometrióide Não endometrióide Estágio ao diagnóstico I / II III / IV Característica do endométrio Hiperplasia atípica Atrofia endometrial Prognóstico Favorável Desfavorável Características moleculares Ploidia Diploide Aneploide K-RAS Sim Sim Her-2 Não Sim P53 Não Sim PTEN Sim Não MSI Sim Não FATORES DE RISCO Os fatores de risco dizem respeito principalmente ao câncer de endométrio tipo I, relacionando-se a exposição estrogênica não antagonizada pela progesterona. • Obesidade o Principal fator de risco isolado devido a conversão periférica de estrogênio no tecido adiposo. Embora a estrona seja um estrogênio fraco, apresenta ação sob o endométrio • História familiar • Nuliparidade o Nulíparas apresentaram durante toda a vida o ovário em plena atividade e, quanto maior o tempo Geovana Sanches, TXXIV de atividade ovariana, maior a quantidade de ciclos anovulatórios (produção de estrogênio sem que haja oposição pela progesterona) • Menarca precoce e menopausa tardia o Ovário funcionando por mais tempo, com maior o número de ciclos anovulatórios • Diabetes mellitus e HAS (com obesidade) o Isoladamente não é um fator de risco para CA de endométrio, mas em geral, as pacientes portadoras dessas doenças crônicas também apresentam obesidade • Estrogenioterapia sem oposição progestacional (climatério) o O estrogênio isolado pode ser fornecido de forma isolada apenas para pacientes histerectomizadas • Uso de Tamoxifeno o Modulador do receptor de estrogênio: liga-se em receptores de todo o corpo da mulher e, dependendo do local, apresenta ação agônica ou antagônica do estrogênio o No endométrio, apresenta a mesma ação do estrogênio, ou seja, proliferativa o Aumenta em 7x o risco de câncer de endométrio • Câncer colorretal hereditário não-polipoide – Síndrome de Lynch II o Câncer de endométrio é a neoplasia extra-colônica mais comum, acometendo de 40 a 60% das mulheres portadoras da síndrome o Indica-se acompanhamento com biópsia a partir dos 35 anos e histerectomia total aos 40 anos (caso não haja mais desejo de prole) • Hiperplasia endometrial atípica o É a lesão precursora do câncer de endométrio o Simples: aumento do tamanho da célula endometrial o Complexa: aumento do tamanho e do número das células endometriais o Pode ou não apresentar atipias o Há quatro tipos de hiperplasia endometrial, as quais envolvem maior ou menor risco para desenvolvimento de câncer de endométrio § Simples sem atipias § Malignização em 1% dos casos § Simples com atipias § Malignização em 8% dos casos § Complexa sem atipias § Malignização em 3% dos casos § Complexa com atipias § Malignização em 29% dos casos • Tumores ovarianos produtores de estrogênio o Paciente possui fonte extra de estrogênio, mas não de progesterona • Síndrome dos ovários policísticos (SOP) o Se a mulher não ovula, não há produção de corpo lúteo e, consequentemente, não há produção de progesterona o O mesmo ocorre em outras condições que cursem com anovulação QUADRO CLÍNICO O principal sintoma do câncer de endométrio é o sangramento vaginal anormal pós- menopausa, o qual está presente em 90% das pacientes. Outros sintomas frequentes consistem em corrimento vaginais e dor pélvica. Pacientes na menopausa que desenvolvem hiperplasia ou câncer de endométrio cursam com retorno do sangramento. Já aquelas que estão na perimenopausa (entre 45 e 55 anos) apresentam aumento do sangramento ao invés de redução. Na perimenopausa, em alguns ciclos, o FSH no ovário capta apenas folículos atresiados, que crescem um pouco, mas não possuem desenvolvimento pleno. Assim, não há pico de estradiol ou de LH, não havendo ovulação, formação de corpo lúteo e produção de progesterona. Geovana Sanches, TXXIV Menos de 10% das mulheres com diagnóstico de câncer de endométrio são assintomáticas, as quais em geral possuem atrofia no orifício externo do colo uterino. Nesses casos, a paciente apresenta sangramento, mas ele não é exteriorizado (hematométrio). A presença de hematométrio ou piométrio (hematométrio infectado, gerando pus) são achados associados a pior prognóstico. Doença avançada A principal forma de disseminação é por contiguidade, seguida da disseminação linfática, a qual ocorre quando o tumor acomete a camada muscular do útero. Há metástases regionais, com acometimento principal de: Linfonodos, vagina, colo e tubas. A disseminação por via hematogênica é mais rara, sendo o fígado o órgão mais acometido (36%). DIAGNÓSTICO • Histeroscopia associada à biópsia endometrial • Biópsia por aspiração do endométrio • Curetagem uterina semiótica • Ultrassonografia transvaginal o Endométrio > 5 mm de espessura em mulheres menopausadas o Apresenta valor apenas para avaliar espessura endometrial na mulher menopausada (pelo menos 1 ano sem menstruar). A partir do momento em que a paciente teve sangramento, perde o valor para avaliação da espessura AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA • Exame físico e ginecológico • Biópsia endometrial • Exames de imagem • CA 125 o Útil como marcador prognóstico de doença extra-uterina pré-operatório e detector de recorrência o É muito inespecífico, podendo estar positivo em condições como menstruação e endometriose. Sendo assim, deve ser solicitado apenas nos casos em que há realmente suspeita de neoplasia ESTADIAMENTO O estadiamento do câncer de endométrio é cirúrgico anatomopatológico (leva em consideração o grau de diferenciação do tumor), com retirada das fontes de estrogênio (útero, ovários, trompas e ovários) seguido de lavado peritoneal. Grau I (G1) • Bem diferenciado • Padrão de crescimento sólido em 5% ou menos do tumor Grau II (G2) • Moderadamente diferenciado • Padrão de crescimento sólido em 6 a 50% do tumor Grau III (G3) • Pouco diferenciado ou indiferenciado • Padrão de crescimento sólido em mais de 50% do tumor TRATAMENTO Câncer de endométrio O tratamento padrão do câncer de endométrio consistena Histerectomia total abdominal + salpingooforectomia bilateral + lavado peritoneal. A conduta a partir daí dependerá dos achados intra-operatórios: • G1/ G2 + Ia/ Ib: Fim da cirurgia • G3/ IC: Invasão de mais da metade da camada muscular ou independente da invasão é pouco diferenciado o Linfadenectomia para aórtica Geovana Sanches, TXXIV § Pós-operatório • Negativo o Radioterapia pélvica • Positivo o Radioterapia pélvica e para aórtica • A partir do estádio II + citologia peritoneal positiva o Prescrição de progesterona em altas doses por 3 a 6 meses (acetato de megestrol 160 mg/dia) § Caso alguma célula tumoral tenha restado, a medicação impede que o tumor prolifere e implante Hiperplasia endometrial • Se presença de atipias o Histerectomia • Se ausência de atipias o Histerectomia, porém, como alternativa tem-se a curetagem uterina, ablação histeroscópica do endométrio ou progesterona em altas doses por 3 a 6 meses SEGUIMENTO O seguimento é realizado através de exames de imagem, Papanicolau e CA 125, os quais devem ser realizados: • Trimestralmente nos primeiros 2 anos após o tratamento • Semestralmente até 5 anos • Anualmente após 5 anos do fim do tratamento
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