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CONDUTAS-TÉCNICAS-E-NORMAS-NA-ENFERMAGEM-ESTÉTICA

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1 
 
 
CONDUTAS, TÉCNICAS E NORMAS NA ENFERMAGEM 
ESTÉTICA 
1 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
Sumário .................................................................................................................... 1 
NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 2 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 
A SITUAÇÃO DOS ENFERMEIROS, TÉCNICOS E AUXILIARES DE 
ENFERMAGEM EM ATUAÇÃO NO BRASIL ............................................................. 4 
HIPÓTESE .................................................................................................................. 8 
O ESTADO DA QUESTÃO ......................................................................................... 9 
MÉTODO................................................................................................................... 13 
ESTRUTURAS E PADRÕES ESTÉTICOS NA HISTÓRIA CULTURAL DA 
ENFERMAGEM ........................................................................................................ 17 
A ESTÉTICA E SUAS FONTES NA HISTÓRIA CULTURAL DOS CUIDADOS ...... 19 
ASPECTOS LEGAIS DA ENFERMAGEM ESTÉTICA NO BRASIL ........................ 20 
ESTÉTICOS .............................................................................................................. 22 
O QUE ENTENDEMOS POR ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA ESTÉTICA ......... 26 
CONTRA INDICAÇÕES (DIAGNÓSTICOS QUE PRECISAM SER FEITOS POR UM 
MÉDICO) ................................................................................................................... 37 
ESPECIALIDADES DO ENFERMEIRO POR ÁREA DE ABRANGÊNCIA .............. 40 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 46 
 
 
2 
 
 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia-se com a ideia visionária e da realização do sonho de 
um grupo de empresários na busca de atender à crescente demanda de cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. E assim foi criado o Instituto, como uma entidade 
capaz de oferecer serviços educacionais em nível superior. 
O Instituto tem como objetivo formar cidadão nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em diversos setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e assim, colaborar na sua 
formação continuada. Também promover a divulgação de conhecimentos científicos, 
técnicos e culturais, que constituem patrimônio da humanidade, transmitindo e 
propagando os saberes através do ensino, utilizando-se de publicações e/ou outras 
normas de comunicação. 
Tem como missão oferecer qualidade de ensino, conhecimento e cultura, de 
forma confiável e eficiente, para que o aluno tenha oportunidade de construir uma 
base profissional e ética, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no 
atendimento e valor do serviço oferecido. E dessa forma, conquistar o espaço de 
uma das instituições modelo no país na oferta de cursos de qualidade. 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
O mercado de trabalho pode ser definido como a relação de troca que 
aproxima aqueles que ofertam a força de trabalho e aqueles que a demandam, 
podendo também ser entendido como a relação entre os que oferecem o emprego e 
os que estão à procura de um trabalho. De um lado, o sistema produtivo precisa ser 
provido com o trabalho necessário para a geração de riqueza; do outro, os 
indivíduos detentores da força de trabalho necessitam dos meios monetários (salário 
e benefícios) e sociais para assegurar sua sobrevivência (AMARAL et al., 2012). 
Além disso, o mercado de trabalho é um espaço de socialização do indivíduo e um 
aspecto de suma importância reside no fato de ser o local onde estes transacionam 
sua capacidade trabalhista. 
O mercado é um espaço que sofre influência de vários fatores sociais, 
políticos e econômicos, tais como a abertura em um mundo globalizado e o 
desenvolvimento tecnológico, que propiciam o desenvolvimento humano em 
decorrência de maior interação entre as pessoas (SILVA et al., 2013). O processo de 
globalização é marcado por diversas modificações nas relações políticas, sociais, 
econômicas e culturais, que resultaram na liberalização das relações comerciais; 
fluxos de capital econômico; ampliação dos meios de comunicação; introdução e 
avanço de tecnologias; aumento da produção de bens e serviços; facilidade de 
difusão de conhecimentos; transformações ambientais; crescente migração das 
populações em busca de melhores condições de vida e de trabalho; crescimento de 
mercado financeiro e, por consequência, aumento da competitividade de trabalho 
(PRETO et al, 2015.). O mercado de trabalho, cada vez mais competitivo, busca 
profissionais com habilidades e competências renovadas. Além disso, valoriza perfis 
profissionais pautados na competência e no desenvolvimento de habilidades, pelo 
fato de que o mercado de trabalho necessita de profissionais atualizados e 
conscientes de sua realidade (APRIGIO, 2013). No Brasil, vive-se uma situação 
política e econômica instável que reflete nas taxas de desemprego. Em 2017, houve 
4 
 
 
uma significativa queda na taxa de desocupação, de 12,4% para 11,8%, 
caracterizando o pior ano para o mercado de trabalho no país desde 2012. 
A menor taxa apresentada anteriormente foi em 2014, com 6,8% de 
desocupação (BRASIL, 2018). Em relação à Enfermagem, a Fundação Oswaldo 
Cruz (FIOCRUZ), em parceria com o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), 
em 2015, fez um levantamento detalhado da 1 De acordo com o IBGE, são 
classificadas desocupadas as pessoas que estavam sem trabalho durante a semana 
em que a pesquisa foi realizada, e que tomaram ou não alguma providência efetiva 
para consegui-lo no período de referência de 30 dias. 
 
 
A SITUAÇÃO DOS ENFERMEIROS, TÉCNICOS E AUXILIARES DE 
ENFERMAGEM EM ATUAÇÃO NO BRASIL 
Constata-se que a Enfermagem é uma profissão ativa, em que a maioria dos 
profissionais, 91,8%, estão inseridos no mercado de trabalho. No entanto, há um 
alerta para o desemprego e o afastamento de profissionais, que atinge um total de 
9,5% da categoria, somando mais de 100 mil trabalhadores que experimentaram o 
desemprego e encontraram dificuldade na reinserção no mercado de trabalho 
(MARTINS; GOMES, 2015). 
As principais causas de desemprego destacadas no levantamento 
supracitado foram: a dificuldade de encontrar emprego devido à falta de experiência, 
a escassa oferta de empregos em tempo parcial, a ausência de concursos públicos, 
poucas oportunidades na área de especialização, pouca informação e divulgação a 
respeito das vagas de emprego (MACHADO et al., 2015; MARTINS; GOMES, 2015). 
Surge então o empreendedorismo como uma possibilidade para a prática autônoma 
e como forma de se chegar à satisfação no trabalho (ANDRADE; DAL BEN; SANNA, 
2014). 
Intensificado na década de 1970, o estudo sobre empreendedorismo vem 
avançando ao longo da história (COLICHI; LIMA, 2018). Atualmente, o 
empreendedor está sendo relacionado à exploração de novas oportunidades de 
5 
 
 
negócios; à responsabilidade pelas transformações no ambiente organizacional; às 
transformações intercedidas em favor da sociedade; ao progresso de novas 
tecnologias; aos novos procedimentos gerenciais e à inclusão social (COLICHI; 
LIMA, 2018). 
Além disso, o empreendedorismo ajuda a ampliar a visibilidade da profissão 
frente à sociedade, por meio da criação de novos espaços de atuação, 
impulsionando o crescimento econômico do país e possibilitando a abertura de 
novos negócios com atividades de Enfermagem condizentes com as demandas 
sociais, e também com as necessidades do mercado de trabalho (MORAIS et al., 
2013). 
Ao longo de sua construção histórica, a Enfermagem vem avançando na 
descoberta do conhecimentotécnico-científico, expressando assim, cada vez mais, 
o interesse em estabelecer uma identidade própria a partir da busca por 
reconhecimento e valorização social. Mediante essa construção, observa-se que 
inúmeras atividades que permeiam o mercado de trabalho não foram, até o 
momento, exploradas por essa categoria profissional, além de outras que ainda 
estão em desenvolvimento (POLAKIEWICZ et al., 2013). 
Segundo um estudo que analisou os aspectos gerais do mercado de trabalho 
da Enfermagem, a categoria possui pouca tradição em atuar como profissional 
liberal (autônomo) e, muito mais, como assalariado. 
É uma profissão que se caracteriza por atividades institucionalizadas, com 
forte inserção nas estruturas formais de emprego, seja no público, privado ou 
filantrópico (MACHADO et al., 2015). As empresas abertas por profissionais da 
saúde refletem novos mercados de trabalho e sua análise pode ser interpretada 
como importante indicador de empreendedorismo de negócios, bem como indicador 
da expansão da atuação desses profissionais no cenário atual. 
Na área de enfermagem, recentemente foi publicada a Resolução do COFEN 
nº 568/18, que regulamenta o funcionamento dos consultórios e clínicas de 
Enfermagem, valorizando o caráter empreendedor do enfermeiro ao reconhecer a 
personalidade jurídica desses serviços (COLICHI; LIMA, 2018). Percebe-se que a 
profissão está em ascensão na prática do empreendedorismo, buscando 
oportunidades para explorar novos campos. Um exemplo é a área estética, que 
6 
 
 
promove o bem-estar físico, social e emocional dos pacientes, e está sendo 
consolidado na Enfermagem como uma área emergente de cuidado e 
implementando-se como uma legítima especialidade em diversos países, variando 
em sua nomenclatura e regulamentação, como especialidade de Enfermagem 
estética, estética não cirúrgica, plástica ou cosmética (ANDRADE; DAL BEN; 
SANNA, 2014). 
No Brasil, em 2014, o COFEN, por meio do parecer 197/2014, esclarece que 
não há nenhum impedimento técnico legal da atuação da categoria de Enfermagem 
junto a procedimentos estéticos de natureza não invasiva perfurocortantes ou 
injetáveis (BRASIL, 2014). 
Em 2016, a Resolução COFEN Nº 529/2016, estabeleceu diretrizes que 
normatizam a atuação específica do Enfermeiro na área de Estética. Constituiu-se 
como competência do Enfermeiro: realizar consulta de enfermagem, anamnese e 
estabelecer o tratamento adequado; prescrever cuidados domiciliares e orientações 
para o auto cuidado; a realização dos procedimentos: ultrassom cavitacional, 
nutricosmético, intradermoterapia, escleroterapia, depilação a laser, entre outros; 
registrar em prontuário dados e ocorrências referentes ao procedimento; realizar 
processo de seleção de compra de materiais para uso estético; estabelecer 
protocolos dos procedimentos estéticos; manter-se atualizado (BRASIL, 2016). No 
entanto, em 2017, a referida Resolução, que normatiza a atuação do Enfermeiro na 
área de Estética, foi suspensa devido à ação movida por entidades médicas. 
O COFEN destacou que os procedimentos de estética são realizados por 
enfermeiros especialistas com pós-graduação lato sensu em estética, de acordo 
com a legislação estabelecida pelo Ministério da Educação, com no mínimo 100 
horas de aulas práticas. Assim, na defesa da Enfermagem, o COFEN está tomando 
medidas cabíveis para recorrer à decisão judicial, na busca do reconhecimento de 
que a Enfermagem estética já é uma realidade no Brasil e que regulamentar os 
recursos terapêuticos e procedimentos é importante para a segurança profissional e 
do paciente (COFEN, 2017). 
Nesse sentido, vale destacar a importância da Sociedade Brasileira de 
Enfermeiros em Saúde Estética (SOBESE), que desde 2016 promove e contribui 
para o progresso e evolução da Enfermagem em saúde estética, através da 
7 
 
 
promoção da educação, produção e divulgação científica nacional, lutando pela 
efetivação da regulamentação profissional e colaborando no desenvolvimento 
técnico científico, de acordo com os princípios éticos e legais para atuação do 
enfermeiro na promoção da saúde (SOBESE, 2016). 
Diante das transformações econômicas, globalização e inovações 
tecnológicas que causam grandes impactos na configuração do mercado de trabalho, 
resultando em aumento da instabilidade no emprego, elevação da taxa de 
desemprego, redução de salários e mercados mais competitivos, considera-se que a 
Enfermagem estética é uma temática promissora para a Enfermagem brasileira, já 
que na modernidade cuidar da beleza deixou de ser considerada uma atividade 
supérflua e passou a ser tratado como uma questão de saúde, bem-estar e, 
inclusive, ter relação com a auto motivação, sendo assim uma área pertinente a ser 
explorada no mercado pelos enfermeiros (BORBA; THIVES, 2011; MORAIS et al., 
2013). 
Os historiadores que estudaram os modos de produção, como fonte 
fundamental, esqueceram da incidência da estética e dos valores para explicar a 
existência das classes sociais no referencial do materialismo dialético, ou a 
subordinaram ao ideário do mesmo, como nas obras econômico-filosóficas 
características do marxismo. Da mesma forma, especialidades como a história da 
mulher e os estudos de gênero em muito relegaram a incidência dos sentimentos, os 
valores e as crenças no processo de socialização laboral em geral e dos cuidados 
da enfermagem em particular. 
Referindo-se, aqui, aos cuidados, considerando a enfermagem na sua 
acepção mais clássica e generalizada como a arte mais antiga e a ciência mais 
moderna. Esse termo engloba tanto a enfermagem pré-profissional como a 
profissional (que abrange, como antecedentes não profissionais ao longo da história: 
cuidados de sobrevivência, cuidados maternais, parto, perinatal, amamentação, 
criação etc.). 
Embora os cuidados da enfermagem nas suas diferentes fases históricas 
foram vinculados a estruturas: sociais como a unidade funcional (tribo, família, 
corporação profissional), espaciais como o referencial funcional e a atores sociais 
que assumem o papel de cuidadores pré-profissionais e profissionais (mulher, 
8 
 
 
esposa, religiosa, enfermeira) que respondem pelos padrões estéticos que 
determinaram diferentes formas de organizar, aplicar e interpretar os cuidados - 
verifica-se lacuna no conhecimento estético dos cuidados, tanto pré-profissionais 
como profissionais, em relação a suas correspondências estruturais, quer dizer, o 
sentimento de parentesco e a estrutura tribal ou familiar, ou o sentimento de 
maternidade, o sentimento do profissional de cuidados ou “profissionalismo” e a 
corporação ou família profissional. Todos eles trazem seus valores e sentimentos, 
associados na sua correspondente escala, seja tribal, familiar ou profissional. 
Expressado de outra forma, existe grande déficit no conhecimento sobre as 
conexões entre os mecanismos de pressão cultural (valores, moral, mitos, tradições, 
sentimentos e religiões) que configuram os padrões estéticos correspondentes às 
estruturas envolvidas nos cuidados. Este estudo teve os seguintes objetivos: 
1) esclarecer o papel da estética nos cuidados, avaliando sua incidência na 
organização e motivação dos cuidados pré-profissionais e profissionais, a partir da 
perspectiva da história cultural da enfermagem, e 
2) identificar as estruturas que contribuíram na organização, fundamentação e 
motivação dos cuidados de enfermagem (pré-profissionais e profissionais) nas 
diferentes fases históricas, relacionando-as aos seus correspondentes padrões 
estéticos (núcleos de sentimentos motivadores da ação de cuidar pré-profissional e 
profissional). 
 
 
HIPÓTESE 
A história cultural permite o estudo e análise dos valores e sentimentos e sua 
incidência na organização e motivação dos cuidados pré-profissionais e profissionais, 
assim, é pertinente para o estudo da estética dos cuidados. 
Os sentimentos de maternidade,altruísmo, caridade e piedade têm 
funcionado como bases de sustentação para a estética dos cuidados pré-
profissionais, durante grande parte da história da enfermagem. 
9 
 
 
Os valores projetam sentimentos, “ressonâncias subjetivas”, que 
correspondem a ferramentas de pressão cultural que determinam a organização e 
motivação dos cuidados (pré-profissionais e profissionais). Perguntas de pesquisa: 
quais os valores e sentimentos estéticos que têm fundamentado e motivado os 
cuidados pré-profissionais e profissionais? E em quais estruturas têm sido 
socializados historicamente? 
O ESTADO DA QUESTÃO 
O tema estético tem sido monopolizado durante muito tempo por disciplinas 
como a filosofia, a psicologia e a arte. Porém, os sentimentos são considerados 
elementos fundamentais para análise na área de enfermagem. 
A preocupação com a estética data da Antiguidade. Os filósofos da Grécia 
Antiga, porém, trataram o tema ao identificar a forma ou ideia do bem como valor 
supremo. Na perspectiva poética, dramatúrgica e histórica, se interpretava a estética 
como uma lógica da sensibilidade. Outros autores reinterpretaram o princípio 
platônico de que “o bom é belo”, vinculando a ética à estética no referencial dos 
cuidados de enfermagem. 
De fato, a história tem demonstrado que os cuidados ficaram por muito tempo 
sob a responsabilidade de pessoas que sintonizavam com valores supremos, como 
a maternidade e a religiosidade, e que determinaram esteticamente a morfologia e 
funcionalidade das estruturas sociais implicadas nos cuidados. 
Também, a função coercitiva dos valores vinculados à estética tem sido 
pesquisada e avaliada como algo consubstancial e preciso para que as pessoas 
realizem as funções socialmente determinadas, com certo convencimento de 
estarem atuando com legitimidade. Outros pesquisadores descrevem os 
mecanismos de pressão cultural necessários para que, por exemplo, a mãe se 
dedique às atividades domésticas, entre as quais os cuidados têm papel centra. 
A hermenêutica interpretativa contribui com o estudo dos sentimentos, 
demonstrando que constituem referência universal para a humanidade, permitindo 
realizar análise comparativa entre estética e hermenêutica. 
A partir desse mesmo contexto interpretativo, afirma-se que a identidade 
artística de qualquer obra deriva do seu potencial de compreensão, por meio de um 
10 
 
 
ato hermenêutico, que ocorre no âmbito da conexão entre o ato do cuidado e a 
necessidade de compreensão que o mesmo implica. Os historiadores culturais, a 
maioria dos quais tem suas origens na história social, dedicam-se ao estudo tanto 
dos sentimentos e valores da sociedade como dos mecanismos de transmissão e 
pressão cultural. 
Da Escola de Birmingham surgiu um núcleo importante de historiadores 
culturais que estudam a literatura, os Mass Media, e sua incidência nas formas de 
pensar e sentir da população, potenciando a padronização da estética de massas. A 
partir de outra perspectiva, fenômenos como a grande resistência à mudança de 
papel da mulher na família e do religioso/religiosa em uma dada ordem têm sido 
estudados, e ambos no contexto dos cuidados. 
A enfermagem tem estudado o fator referencial e organizador dos 
sentimentos, partindo daqueles inspirados pela própria natureza biológica nas 
culturas primitivas, além do caráter estruturador de todo esse processo na 
construção do conhecimento da enfermagem, aprofundando na natureza desse 
conhecimento. 
Em estudo, que pode ser considerado modelo sobre os padrões de 
conhecimento da enfermagem, esses são classificados em quatro níveis: empírico 
científico, ético, pessoal e estético. Essa classificação dos padrões de conhecimento 
de enfermagem tem sido seguida por numerosos pesquisadores, a partir de 
diferentes perspectivas, mas respeitando o essencial da classificação e os princípios 
marcados pela autora. 
Alguns anos depois, foi publicado trabalho que desenvolve análise crítica das 
contribuições de Carper, e também manifesta os aspectos positivos do seu trabalho, 
adicionando um novo padrão - o sociopolítico - que supõe, seguindo o conceito 
heideggeriano de estar “aí” desenvolvido em “O ser e o tempo”, a consideração do 
contexto histórico, geográfico, ideológico e sociocultural nas formas de estruturar o 
conhecimento. 
As novas fronteiras do conhecimento da enfermagem são abordadas em uma 
perspectiva que assume a complexidade dos cuidados. Outros pesquisadores têm 
estudado e analisado dialeticamente a enfermagem como uma arte. 
11 
 
 
Também são vários os autores que olharam a estética dos cuidados sob 
diversos pontos de vista, por exemplo: desde a ética e filosofia, explicitando a 
necessidade de que a enfermagem desenvolva e aplique espaços e estratégias 
profissionais para a expressão subjetiva dos sentimentos, a poesia, a sociopoética e 
a prosa escrita como forma de expressar e armazenar o conhecimento estético 
produzido na intensidade dos processos de interação enfermeira/paciente. Outros 
estudos enfocaram a contemplação, análise e reflexão de obras de arte 
iconográficas como instrumento de construção do conhecimento estético dos 
cuidados. 
A estética dos cuidados e sua função coadjuvante na adoção de um modelo 
social, de valores, tradições e sentimentos tem sido estudada em um meio com 
grande potencial de transmissão e pressão cultural – o cinema. Paradigma, 
referencial teórico e metodologia empregada. Este estudo parte dos pressupostos do 
paradigma hermenêutico desenvolvido por Gadamer, dado seu grande potencial de 
interpretação estética. 
Com o objetivo de explicar os lentos processos históricos que ocorrem nas 
estruturas sociais, implicadas nos cuidados e sua estética, é pertinente considerar 
os princípios do paradigma sócio crítico e o pensamento crítico como ferramenta de 
análise do fenômeno de transformação dos padrões estéticos, na sociedade e na 
vida cotidiana, como resultado das mudanças estruturais que a estética dos 
cuidados experimenta, como consequência dos mecanismos de pressão cultural, e 
que incidem no processo de transição da estética pré-profissional à estética 
profissional dos cuidados. 
O referencial teórico de partida, a história cultural e estética, que tem sua 
origem na escola de Bimingham, é caracterizado pelo estudo tanto dos sentimentos 
e valores da sociedade como dos mecanismos de transmissão e pressão cultural. 
Para entender adequadamente a história cultural, é preciso partir de uma ideia 
coerente de história (com relação à cultura). A história pode ser interpretada 
essencialmente seguindo Aróstegui, como: “a qualidade temporal que tem tudo que 
existe e também sua manifestação empírica”. Dessa forma, nada escapa à história, 
porque nada é sem ser através do tempo. Uma panorâmica holística da disciplina 
histórica foi oferecida ao afirmar que a história deve ser considerada como a única 
ciência que, sendo dinâmica e global, oferece visão sintética do fenômeno humano. 
12 
 
 
A seguinte definição esclarece a relação entre a história e a estética como núcleo 
dos sentimentos humanos: a estética está integrada na qualidade temporal dos 
cuidados aos quais dá forma e estilo, marcando as tendências que distinguem os 
cuidados através do tempo, em diferentes culturas. 
Por outro lado, de acordo com Vilar, a história como ciência simultaneamente 
dinâmica e global, que apresenta de forma sintética os fenômenos, ocupa-se do 
estudo da evolução dos sentimentos e valores e sua incidência na configuração 
estética dos cuidados. Para esclarecer o núcleo teórico que inspira este estudo, é 
preciso explicitar uma definição sobre a história cultural que resulte ampla, precisa e 
que abranja o mais essencial dos enunciados usados no intuito de expressar as 
características de necessidade, cultura, cuidados, antropologia, estética e história. 
A história cultural dos cuidados poderia definir-se comouma especialidade da 
ciência histórica, que visa o estudo do ser humano imerso na sua cultura, através do 
tempo, considerando todos aqueles comportamentos, ideias, sentimentos, símbolos 
e significados que acontecem em um determinado contexto social, econômico, 
familiar, laboral e que estão implícitos no processo de satisfação das necessidades 
de saúde de um grupo humano. 
A história cultural dos cuidados constitui ferramenta pertinente para o estudo 
da estética dos cuidados em relação aos fatores culturais e axiológicos. 
Etimologicamente, a palavra estética deriva do grego (aisthetikê) “sensação, 
percepção” e de (aisthesis) “sensação, sensibilidade”. Pode-se interpretar como a 
ciência que estuda e investiga a origem sistemática do sentimento puro e sua 
manifestação, que é a arte, conforme afirma Kant. 
As estruturas sociais e mentais básicas que serão estudadas e analisadas, a 
partir da perspectiva da história cultural e estética dos cuidados, de acordo com 
Siles, são: 
1- unidade funcional: família, religião, mitos, ciência (estrutura social ou mental 
que socializa e dá significado aos cuidados), 
2- referencial funcional: lar, hospital, centro de atenção primária, templo 
(estrutura espacial de onde se fornecem os cuidados) e 
3- elemento funcional: mulher, feiticeiro, bruxa, religioso, profissional (ator social 
encarregado de fornecer os cuidados. 
13 
 
 
 
 
 
MÉTODO 
Para evitar vieses seletivos no processo heurístico, foi estabelecido um 
protocolo de avaliação de artigos por tema, com filtros em três níveis: título, resumo 
e conteúdo na íntegra. 
O período cronológico estabelecido foi entre 1988 e 2010, durante o qual 
podiam ser consultados artigos em revistas com sistema de revisão por pares e 
monografias, referentes ao tema, escritas em inglês, espanhol e português. 
A busca foi realizada mediante descritores que refletiam os objetivos, 
hipóteses e a pergunta da pesquisa (estética, cuidados, estética dos cuidados, 
enfermagem e estética, história cultural dos cuidados, sentimentos e cuidados, 
estruturas funcionais e cuidados, arte e cuidados, padrões de conhecimento e 
estética), em fontes secundárias ou derivadas que foram selecionadas por 
possibilitar a busca de acordo com os critérios previamente estabelecidos (CUIDEN, 
CINAHL, MEDLINE, BIREME), das quais foram extraídas as fontes primárias 
selecionadas. 
Os critérios de inclusão, com vistas à maior adequação do estudo aos seus 
objetivos, foram: trabalhos que continham informação sobre a estética dos cuidados 
através da história; estudos sobre estética com enfoque integrador das dimensões 
sentimentais e técnicas de enfermagem; trabalhos que permitiram analisar as 
relações entre o padrão estético e as estruturas funcionais envolvidas nos cuidados 
(unidade funcional, referencial funcional e elemento funcional) e estudos que 
desenvolvem enfoques sintéticos entre aspectos culturais, estéticos, fisiológicos e 
axiológicos. Após período de busca de 60 dias, obteve-se o total de 102 publicações 
inicialmente selecionadas, das quais foram descartadas 58,82% daquelas 
selecionadas, após revisão, de acordo com os filtros e critérios de inclusão. Para 
categorizar e analisar os dados, com o fim de estabelecer as relações entre padrão 
estético, sentimentos, valores e símbolos estéticos, foram usados os termos habitus 
de Bourdieu e conformismo lógico, de Durkheim. 
14 
 
 
Para proceder à integração estrutural do padrão estético sob a perspectiva 
dos cuidados, foram usadas as estruturas funcionais dos cuidados de Siles: unidade 
funcional, referencial funcional e elemento funcional. 
Desenvolvimento do tema: a hierarquização de valores como mecanismo de 
pressão cultural e sua relação com os padrões estéticos dos cuidados. A partir de 
uma penumbrosa posição de invisibilidade - pelo menos para a história tradicional - 
os valores, as crenças, os sentimentos e os símbolos têm influenciado a forma 
manifesta de organizar os cuidados. 
O caráter universal dos valores corresponde a um ideário inapreciável por si 
só, a não ser que estejam encarnados em pessoas que os manifestam como 
qualidade ou atributo de seu ser. Assim, o que se percebe dos valores são as 
qualidades desses depositários: a beleza de uma pintura, a harmonia de uma 
melodia, a ternura de uma mãe cuidando de sua prole, a religiosidade de um 
membro de uma ordem religiosa que dedica sua vida a socorrer os pobres enfermos, 
o profissionalismo de uma enfermeira com formação científica, entre outros. Os 
valores foram hierarquizados, em meados do século XX, pelo filósofo alemão Max 
Scheller em quatro modalidades, em função de sua duração e universalidade. Das 
formas de valor mais específicas e locais os mais complexos e universais, Scheller 
apresenta essa classificação, na qual se valoriza a grande inter-relação entre os 
valores e os sentimentos. 
A saúde e a doença, assim como o vigor e as vivências emocionais, fazem 
parte dos “valores vitais” e ocupam o segundo nível na escala crescente. A estética 
dos cuidados poderia ser incluída no terceiro nível (espiritual), o tipo de interpretação, 
tanto das causas como dos tratamentos dos problemas de saúde, estaria localizado 
no nível mais elevado: o religioso ou profano 
N4: valores religiosos O santo e o profano (interpretação sobrenatural ou racional 
dos cuidados) 
N3: valores espirituais Estéticos, justiça, verdade (estética dos cuidados) 
N2: valores vitais Saúde/doença/bem-estar/vivências emocionais 
N1: valores sensíveis Afeto, prazer, dor 
15 
 
 
Para que as pessoas realizem as funções determinadas socialmente, a 
coerção necessita da superposição artificial de valores de forma vertical; esse 
processo está estreitamente vinculado aos processos de comunicação humana, à 
tecnologia e, principalmente, aos sentimentos implicados nos mesmos (Mass Media). 
Os conceitos de saúde e doença têm sido categorizados como valores vitais 
que geram sentimentos ou “ressonâncias subjetivas”, integrados em símbolos com 
significado estético que os têm representado e projetado sobre a sociedade, 
determinando uma particular estética dos cuidados. Esses valores, seus sentimentos 
(ressonâncias subjetivas) e sua simbologia, que incidem na configuração estética 
dos cuidados, têm estado sujeitos a variações histórico-culturais que constituem 
parte importante do objetivo de estudo da história cultural. Uma das consequências 
das variações histórico-culturais dos cuidados é a mudança de valores e 
sentimentos, desde a maternidade ao profissionalismo e à técnica. A transformação 
de uma estética dos cuidados pré-profissionais, estruturada em valores e 
sentimentos maternais, é substituída mediante um processo de desconstrução, 
propiciado pelo pensamento feminista e o pensamento crítico, durante o último terço 
do século XIX e a primeira metade do século XX(7). 
Essa nova estética dos cuidados profissionais, progressivamente, se assenta 
nos valores e sentimentos propiciados pelo pensamento racional tecnológico, a 
ciência e o profissionalismo. Una visão histórico-cultural sobre as relações entre as 
estruturas sociais e a estética dos cuidados: o conformismo lógico, o habitus e os 
padrões estéticos da enfermagem. 
As estruturas, na organização da sociedade, que cumprem função 
configuradora da estética dos cuidados, tais como a família parental, a família 
profissional ou o corporativismo, e as estruturas mentais, enraizadas em crenças e 
valores de ordem religiosa ou profissional, têm contribuído para complementar a 
função de cuidador (préprofissional e profissional) na sociedade, e são motivadas 
por uma constelação de símbolos com significado estético, dos quais fluem os 
sentimentos e valores que, sendo diferentes - a maternidade e o mundo feminino, o 
mundo interior afastado das paixões e debilidades do corpo (mas intensamente 
dogmatizado do simbolismo religioso),o profissionalismo regulado eticamente e 
centrado em valores e os conhecimentos e crenças profissionais - confluem para um 
mesmo fim: os cuidados, mesmo com estéticas diferenciadas em função da fase 
16 
 
 
histórica, quer dizer, a estética dos cuidados pré-profissionais (família, religião), 
estética dos cuidados profissional (corporativismo ou família profissional e os 
conhecimentos e princípios científicos). 
Na história da enfermagem, pode–se encontrar padrões estéticos cujas 
características estão condicionadas por diferentes tipos de valores: magia, animismo 
e religiosidade (interpretação sobrenatural das doenças e seu conseguinte 
tratamento em relação a essas causas); maternidade, altruísmo, solidariedade, 
empirismo, cientificismo (interpretação natural, doméstica, empírica, racional e 
científica dos cuidados e seu conseguinte tratamento em relação a suas causas). 
Os padrões de conhecimento, elaborados por Carper, a saber: empírico, ético, 
pessoal e estético, têm características e objetivos diferentes, mas isso não quer 
dizer que possam ser entendidos como entes isolados, pois constituem núcleos 
inter-relacionados de grande transversalidade, nos quais incidem as formas de 
pensamento e sentimento religiosos, domésticos, profissionais e científicos. 
O padrão de conhecimento estético tem sido reduzido por alguns autores a 
pouco menos que a “arte” de saber fazer as técnicas ou procedimentos. Essa 
tendência estética, aplicada aos cuidados, daria como resultado estética dos 
cuidados centrada, exclusivamente, no “saber fazer” e nas técnicas ou 
procedimentos de cuidados. Porém, como assinala Schiller, o mundo do estético 
corresponde também ao sensualismo empirista e aos sentimentos que têm lugar em 
cada experiência pessoal, profissional, ética e cultural. 
Nesse sentido, a estética dos cuidados vai além do puramente técnico, já que 
integra o mundo dos valores, os sentimentos e os aspectos éticos e culturais que 
constituem as experiências estéticas nos processos de cuidar. A pressão cultural 
propicia nas estruturas sociais e mentais que, através da socialização imperativa de 
sentimentos, valores, crenças, mitos e tradições, impõem - utilizando os padrões 
sociopolíticos, uma forma de pensamento, organização e ação - tudo o que diz 
respeito a cuidados e contribuem para a construção de determinada estética de 
cuidados. 
 A unidade funcional, como estrutura social básica de convivência e 
socialização (família, religião, humanismo, neopositivismo ou pensamento 
tecnológico, colégio ou sociedade profissional, entre outros), é a que determina a 
17 
 
 
motivação dos cuidados pré-profissionais e profissionais, a partir de uma estética 
que é produto da convivência e do processo de socialização do grupo. 
A unidade funcional também se torna fundamental para a aquisição de 
valores, normas, crenças, tradições, papéis e outros. O padrão estético de cuidados 
é baseado nos sentimentos emanados da unidade funcional (maternidade, altruísmo, 
caridade, solidariedade, profissionalismo, tecnicismo, entre outros). O marco 
funcional é a estrutura espacial na qual se prestam os cuidados, determinada pelas 
tendências estéticas fixadas pela unidade funcional. 
 
 
ESTRUTURAS E PADRÕES ESTÉTICOS NA HISTÓRIA CULTURAL 
DA ENFERMAGEM 
Considerando essas estruturas e analisando-as comparativamente em 
relação aos sentimentos, valores e crenças que dinamizarão o processo de 
socialização dos cuidados, valoriza-se como, somente a partir da influência dos 
sentimentos, símbolos e valores, se compreende o “conformismo lógico” das 
mulheres que, durante milênios, têm dedicado a parte central de suas vidas às 
mesmas tarefas. Dessa forma, os sentimentos, símbolos e valores têm um 
componente utilitarista que repercute na geração e manutenção das estruturas 
sociais que cumprem funções tão importantes como os cuidados pré profissionais e 
profissionais. 
A integração dos indivíduos que possibilitam o funcionamento dessas 
estruturas (a mulher na família, o religioso ou religiosa em uma ordem dada) se faz 
de forma inconsciente em relação a um plano, cujos objetivos contribuem para essa 
realização. A mulher que cuida dos seus filhos está impelida por sentimento 
maternal que deriva do poder simbólico da maternidade e determina essas práticas 
de cuidados, em que todas aquelas mulheres que as realizam, observando uma 
inclinação ou habitus cultural, são reconhecidas como pares. Para Bourdieu, o 
habitus constitui mecanismo de interiorização das classificações ou categorias de 
sentimentos, culturalmente estabelecidas. Nessa mesma linha, para entender o 
motivo pelo qual se tem mantido vigentes as funções cuidadoras de estruturas 
18 
 
 
sociais, como a família e ordens religiosas (como as dedicadas ao cuidado de 
doentes), o conceito de conformismo lógico, de Durkheim, torna-se extremamente 
esclarecedor. 
 A estética como teoria do conhecimento do sensível e sua interpretação a 
partir da perspectiva da enfermagem Antes de afirmar que a história cultural da 
enfermagem tem que se ocupar de tal e qual parcela da vida humana (neste caso do 
mundo dos sentimentos), é preciso esclarecer as suas características através do 
estudo epistemológico e etimológico pertinente. A íntima conexão entre sentimento 
maternal e estética dos cuidados (pré-profissionais) é comprovada ao se analisar a 
palavra empregada no âmbito anglo-saxão para identificar “enfermagem”, que é 
nurse, derivada de nutrix e nutrire (ama de leite, nutrir). A manifestação estética do 
sentimento de alimentar a criança, mediante o aleitamento materno, é tão universal 
quanto cheia de simbologia e significados estéticos, por exemplo: Vênus de 
diferentes lugares (na pré-história), Virgens dando de mamar ou cuidando da criança 
(Antiguidade, Idade Média e Renascimento), mulheres dando de mamar ou cuidando 
de crianças (desde a Antiguidade até nossos dias), entre outras. A teoria estética se 
integra à ciência filosófica como teoria do conhecimento vulgar (do sensível). 
Também, o conhecimento estético está separado do racional porque está 
fundamentado na individualidade da sensibilidade humana. Porém, as ideias 
estéticas são necessárias para dotar de representação as ideias racionais, mediante 
o desenho de uma forma estética (sensível). Quando Gadamer sustenta que é a 
experiência da arte – entre tudo que se encontra na natureza e na história – aquilo 
que comunica de forma imediata, próxima e familiar, como se todo encontro com 
uma obra de arte significasse um encontro consigo mesmo, o que afirma a 
universalidade dos sentimentos. 
A estética supera a hermenêutica, que constitui uma ponte para salvar a 
distância histórica, humana ou cultural entre as pessoas, enquanto a estética rompe 
diretamente essa separação devido à universalidade dos sentimentos. O 
conhecimento estético dos cuidados supera o potencial de comunicação da 
hermenêutica em termos de urgência. 
As ideias estéticas estão no meio do caminho entre o instinto e o conceitual, 
entre a sensibilidade e o entendimento, não produzem conhecimento, mas sim o 
regulam, dotando-o de forma; consequentemente, os conceitos de cuidado, doença, 
19 
 
 
saúde, dor, morte e outros são regulados pelas suas correspondentes formas 
estéticas. 
A estética dos cuidados se ocupa daquela parte do conhecimento vulgar 
(sensível) que provém da prática dos cuidados e que está muito inter-relacionada às 
capacidades perceptivas integradas nos cinco sensos do ser humano. A enfermeira 
que está cuidando de um idoso vive sentimentos individuais que não são mais que 
seus, na sua particularidade, e brotam dessa pessoa idosa da qual está cuidado, 
mas, quando tem a ocasião de observar uma pintura, assistir um filme, ler um 
romance ou escutar uma canção, cujas mensagens ou tramas contenham 
representação da ideia racional “cuidado de idosos”, em qualquer uma das suasinfinitas variedades espaciais, temporais, pessoais, culturais, lhe sobrevirão 
sentimentos que no fundo são partilhados universalmente. 
 
 
A ESTÉTICA E SUAS FONTES NA HISTÓRIA CULTURAL DOS 
CUIDADOS 
A reflexão epistemológica acima facilita o esclarecimento da natureza estética 
do conhecimento de enfermagem, uma das dimensões desse conhecimento que 
continuou praticamente invisível para a enfermagem profissional e científica. 
Como no caso de outros tipos de exclusão, por exemplo: gênero, raça, classe 
social, entre outras; a história tem a responsabilidade de resgatar do tempo passado 
esse “tesouro” que faz parte do acervo dos cuidados, desde a existência do ser 
humano – os sentimentos implicados nos cuidados – e de contribuir com seus 
resultados para a reinterpretação das formas de pensamento profissionais e 
científicas da enfermagem. 
 O sentimento como objetivo de estudo torna-se tão crucial para entender as 
causas dos amotinamentos quanto os fatos que os provocam. A história dos 
sentimentos, integrada à história cultural dos cuidados, pode contribuir para 
responder questões como esta: o que mantém a mãe tanto tempo atada ao hábito 
doméstico e ao dos cuidados… deve-se somente à submissão provocada pelo poder 
20 
 
 
do homem? Ao analisar os sentimentos integrados nos cuidados, o historiador 
cultural dos cuidados identifica a estética dos cuidados de cada fase histórica. 
 
 
ASPECTOS LEGAIS DA ENFERMAGEM ESTÉTICA NO BRASIL 
No Brasil, a enfermagem estética é uma nova forma de atuação para o 
exercício do cuidado, pois o reconhecimento da atuação e da inserção desta área no 
mercado de trabalho é recente, por isso, encontra-se em um delicado processo de 
desenvolvimento e progressão (BRASIL, 2014). A trajetória da enfermagem estética 
atuante nesse nicho do mercado oficializa-se quando o parecer 197-2014 é 
publicado pelo COFEN afirmando que não há nenhum impedimento técnico legal 
para atuação do enfermeiro, junto a procedimentos estéticos de natureza não 
invasiva perfurocortantes ou injetáveis. Nessa mesma publicação, o conselho 
também manifesta que se faz necessária a publicação da Resolução da 
Enfermagem Estética para o reconhecimento da especialidade profissional (BRASIL, 
2014). 
Em novembro 2016 a Resolução nº 0529/2016 foi publicada pelo COFEN, 
regulamentando a atuação do enfermeiro na enfermagem estética. Os seguintes 
procedimentos foram regulamentados: micropuntura, carboxiterapia, cosméticos, 
cosmecêuticos, criolipólise, depilação à laser, eletroterapia, escleroterapia, 
intradermoterapia, mesoterapia, laserterapia, terapia combinada de ultrassom e 
microcorrentes, micropigmentação, nutracêuticos, nutricosméticos, peelings, 
ultrassom cavitacional e vacuoterapia (BRASIL, 2016). 
Em abril de 2017, foi publicada a ampliação da Resolução 0529/2016, onde foram 
inseridos mais procedimentos como parte legal da atuação dos enfermeiros, entre 
eles: o peeling médio, aplicação de Botox, preenchimentos dérmicos, fios de 
sustentação absorvíveis e Procedimentos Estéticos Injetável para Microvasos (PEIM) 
(COFEN, 2017a). No entanto, diante desses avanços, em maio de 2017, a 
Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) entrou com uma liminar contra o 
COFEN, que suspendeu temporariamente a Resolução 0529/2016. 
21 
 
 
A liminar tem as seguintes alegações: 
(1) os limites legais de atuação regulamentar dos conselhos profissionais; 
(2) os procedimentos estéticos invasivos não cirúrgicos descritos na Resolução vão 
de encontro à lei do ato médico, que define como ato médico a indicação e 
execução de procedimentos invasivos; 
(3) na defesa à saúde da população exposta a riscos, caso haja atendimento por 
profissional não médico inabilitado científico e legalmente (COFEN, 2017b). 
Em agosto de 2017 foi realizada uma audiência de conciliação entre SBD e 
COFEN, no entanto, não houve acordo. A juíza deferiu o pedido da SBD e 
suspendeu, temporariamente, a Resolução 0529/2016, o que impede os enfermeiros 
de atuar na área. 
Nesta decisão, ficou restrito apenas à medicina os procedimentos: 
micropuntura (microagulhamento); laserterapia; depilação à laser; criolipólise; 
escleroterapia; intradermoterapia/mesoterapia; prescrição de 
nutracêuticos/nutricosméticos e peelings (BRASIL, 2016). 
Entretanto, as discussões, debates e preparos de argumentações se 
mantiveram dentro dos conselhos e sociedades de enfermagem, como a Sociedade 
Brasileira de Enfermeiros em Saúde Estética (SOBESE), a Sociedade Brasileira de 
Enfermagem Estética (SBEE), a Sociedade Brasileira de Feridas e Estética 
(SOBENFeE) e a Associação Brasileira Enfermagem em Dermatologia (SOBENDE) 
(COFEN, 2017). 
Em 2018 o COFEN lançou nota de esclarecimento e declarou que estava 
tomando todas as medidas cabíveis para recorrer à decisão da juíza, afirmando que 
a atuação na área estética é uma realidade no Brasil e no mundo e que 
regulamentar os procedimentos e recursos terapêuticos são importantes para a 
segurança do paciente e dos profissionais. 
Em 2019, o deputado federal Fred Costa apresentou projeto de lei (PL) 
dispondo sobre o reconhecimento da área de estética e cosmetologia e/ou saúde 
estética aos profissionais da saúde. 
22 
 
 
O PL 1559/2019 prevê que enfermeiros, biólogos, biomédicos, farmacêuticos, 
fonoaudiólogos e cirurgiões-dentistas possam atuar na área de estética, desde que 
possuam formação especializada lato sensu em “estética avançada”, reconhecida 
pelo Ministério da Educação. O PL entrou em consulta pública no site da Câmara 
dos Deputados e venceu com 51% dos votos (COFEN, 2019). 
Até o presente momento deste estudo, a regulamentação da Enfermagem 
Estética continua suspensa por determinação judicial. O COFEN encontra-se 
impedido de “editar nova norma que trate da atuação de Enfermeiros em cirurgia 
plástica, cirurgia vascular, dermatologia e estética” e segue apresentando recursos 
contra decisões liminares proferidas pela Justiça Federal do Rio Grande do Norte e 
do Distrito Federal (Processo nº. 0804210-12.2017.4.05.8400 e 20776-
45.2017.4.01.3400), que suspenderam os efeitos da resolução que normatiza a 
atuação dos enfermeiros na área da estética, independentemente de o profissional 
possuir especialização lato sensu. Esclarece-se, adicionalmente, que o Cofen 
aguarda um posicionamento definitivo do judiciário sobre essa questão (COFEN, 
2019). 
 
 
ESTÉTICOS 
Constata-se, a cada dia, o crescimento da demanda por procedimentos 
denominados como “estéticos”, os quais foram originalmente introduzidos e 
realizados por médicos com especialização em Cirurgia Plástica, Dermatologia e 
Cirurgia Dermatológica e mais recentemente, pela área da Medicina que se 
convencionou chamar de “Medicina estética”, especialidade ainda não reconhecida 
pelos órgãos de classe da Medicina, como o Conselho Federal de Medicina ( Di 
Maio, 2014) Tais procedimentos continuam a aumentar em popularidade, 
verificando-se o crescimento em sua busca, pela veiculação midiática de seus 
“resultados”, somado aos novos anseios das pessoas em relação ao seu corpo e 
sua imagem, como demonstram os estudos de mercado neste segmento do que se 
convencionou chamar “mercado da beleza” ( ABIFARMA, 2015) Com isto, é 
crescente o número de “profissionais não médicos” que vem se inserindo neste 
23 
 
 
contexto, buscando encontrar nichos de atuação e oferta de serviços das mais 
variadas naturezas frente ás novas necessidades de saúde. Muitos jovens são hoje 
atraídos por apelos de que encontrarão neste segmento, “um promissor e lucrativo” 
mercado, o que os leva a solicitarem amparo legal para realizar muitos dos 
procedimentos incluídos neste rol de novas tecnologias, sem, contudo, considerarem 
uma série de variáveis envolvidas com mudanças nas legislações e mesmo, na 
cultura e valores da sociedade acerca do que esperam de cada profissional neste 
novo cenário (Mandelbaum,2010). O chamado “mercado da beleza”, que segundo 
os dados mais recentes, movimenta mais de 60 bilhões de dólares por ano no 
mundo, e cresce vertiginosamente, é extremamente diverso, heterogêneo e 
complexo, incluindo-se nele, desde os cuidados pessoais, higiene, serviços de 
cabeleireiro e manicure, visagismo, maquilagem, dentre outros, como também, os 
mais complexos procedimentos como as cirurgias estéticas, aplicação de 
substâncias e produtos ativos, uso de aparelhos e tecnologias altamente 
especializados, e que atuam em estruturas profundas do corpo humano, requerendo 
formação e capacitação adequados, para sua utilização e para realização destes 
procedimentos. 
Configura-se hoje um grande conjunto de ações, recursos tecnológicos e 
procedimentos que se procura caracterizar como “Saúde estética”, cada vez mais 
preocupada em ampliar a oferta de serviços e soluções para as pessoas. 
Especialmente no que concerne aos procedimentos e tecnologias, constata-se a 
volatilidade com que são lançados, substituídos ou mesmo refutados, o que torna 
extremamente rápida a obsolescência de equipamentos, e ao mesmo tempo, da 
capacitação dos profissionais. Este ponto deve ser alvo de profunda reflexão quando 
se pensa em “ autorizar este ou aquele procedimento”, pois as legislações não 
podem ser alteradas com a velocidade da criação de tais tecnologias ou a oferta dos 
novos procedimentos, ou mesmo, novas formas de se utilizar antigos equipamentos. 
As empresas de tecnologia buscam ampliar a cada dia o espectro de 
profissionais que utilizem seus equipamentos, pois certamente seus objetivos 
concentram-se especialmente em metas de vendas e produção em larga escala, não 
lhes cabendo nenhuma forma de responsabilização pela adequada utilização dos 
mesmos por estes profissionais, tarefa esta que cabe aos conselhos das profissões 
regulamentadas. Assim, além dos profissionais da área médica, observa-se a 
24 
 
 
gradativa busca pela inserção de outros profissionais de saúde, como os 
odontológos, fisioterapeutas, enfermeiros, biomédicos, tecnólogos, técnicos e 
esteticistas no contexto dos chamados “procedimentos estéticos”, tanto aqueles que 
são denominados como “mais superficiais, ou não invasivos”, como procedimentos 
“injetáveis, ou invasivos”, tanto em clínicas, spas, salões de beleza, centros de 
estética, e mesmo em instituições tradicionais como hospitais e clínicas 
especializadas em cirurgia plástica e estética. 
A Enfermagem, por sua trajetória histórica, tem longa atuação nos 
procedimentos pré e pós-operatório em cirurgias plásticas, tanto estéticas como 
reparadoras, assim como, na recuperação estética e funcional pós-danos como 
queimaduras e sequelas (Mandelbaum, 1994). 
Além disto, a Enfermagem é o maior contingente de profissionais de saúde, 
atuando nos mais diversos cenários, desde a atenção básica á especializadas, 
realizando inúmeros procedimentos estabelecidos em protocolos e amparados em 
legislação e diretrizes. Da mesma forma, a Enfermagem faz parte da equipe 
multiprofissional e interdisciplinar de saúde, acompanhando a evolução de todos os 
tipos e modalidades de tratamento e das novas opções terapêuticas para o cuidado 
preventivo, a recuperação e a reabilitação da saúde das pessoas. 
A enfermagem tem ainda, dentro de suas competências, o atendimento ás 
necessidades estéticas, a dimensão do sensível das pessoas, e seu bem estar e 
qualidade de vida ( Santos, Brandão, 2014). É importante que se ressalte que 
embora se imagine que a Estética seja algo “ novo” na enfermagem, tal componente 
do cuidado já foi tema central de vários congressos, inclusive do Congresso 
Brasileiro de Enfermagem da ABEn, havendo vasto material bibliográfico acerca do 
assunto para consulta, o que não justifica, afirmações usuais de que” inexiste 
bibliografia acerca do mesmo”. 
Assim, é importante que se reflita que, a inserção da Enfermagem na área do 
que se denomina hoje como “Saúde estética”, não pode ser vista de forma diferente 
que o foi, a inserção da profissão nas demais especialidades que surgem a cada dia 
na saúde, como a Oncologia, o Tratamento intensivo, a Geriatria, e todas as áreas e 
campos de atuação que surgem cotidianamente, para melhoria dos resultados e da 
qualidade da atenção à saúde e o bem-estar das pessoas. Apesar de toda esta 
25 
 
 
evolução da Enfermagem, e do seu crescente acúmulo de conhecimentos e 
experiências, em todas as áreas da saúde, com sua crescente especialização e 
capacitação, surgem a cada dia, novas demandas e anseios dos profissionais, tanto 
por maior autonomia, como por proteção e amparo legal dos órgãos de fiscalização, 
para que novas áreas sejam incorporadas pela Enfermagem. 
Esta demanda é natural, salutar, mas, precisa ser precedida de um amplo 
debate e reflexão, da qual participem os órgãos de formação, regulação profissional, 
vigilância sanitária, assim como, as entidades representativas das profissões de 
saúde com as quais a Enfermagem atua em equipe, sempre com respeito legal e 
ético, como tem sido reconhecida e valorizada historicamente. 
Este legado de credibilidade e respeito, conquistado pela Enfermagem 
mundial, como comprovam pesquisas como as que foram realizadas pelo Instituto 
Gallup, deve ser preservado e ampliado, e acreditamos que ao discutirmos sobre 
estas novas áreas de atuação, devem balizar nossas discussões e reflexões, pois 
demonstram que “somos vistos como sérios, respeitosos, éticos e confiáveis” (Gallup 
Institute, 2014,2015). Também junto aos demais profissionais da saúde, a 
Enfermagem sempre gozou e ainda goza, de profundo respeito, tanto por seu papel 
de cuidado das pessoas diuturnamente, como pelos preceitos éticos que envolvem a 
prática da profissão. 
A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), entidade representativa dos 
dermatologistas brasileiros, reconhece “a importância de atuação em equipe e o 
papel da enfermagem nesta área, por sua postura ética, cientifica, técnica e 
competente ao longo da história de mais de 100 anos da especialidade no Brasil 
(Lupi, Omar, 2012)” Em levantamento realizado pela SOBENDE em 2014, verificou-
se que existem inúmeras ações junto ao Ministério Público, por parte do Conselho 
Federal de Medicina e associações médicas, relativas à realização de 
“procedimentos estéticos invasivos por profissionais não médicos”. Nenhum destes 
processos envolve até o momento os Enfermeiros, e é nosso desejo que continuem 
inexistindo. 
Estas reflexões iniciais visam trazer para o cenário das discussões acerca da 
Normatização da atuação da enfermagem nos chamados “procedimentos estéticos”, 
algumas discussões que a SOBENDE vem realizando em seus eventos e fóruns, 
26 
 
 
dentre os quais poderíamos citar alguns questionamentos que devemos nos fazer 
quando pensamos na necessidade de normatização da atuação da Enfermagem na 
Estética. 
 
 
O QUE ENTENDEMOS POR ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA 
ESTÉTICA 
A Enfermagem é uma profissão regulamentada por Lei (Lei n° 7.498/1986 ) , a 
qual tem explicito quais são as atribuições privativas do enfermeiro, e dentre elas, a 
Consulta de enfermagem, a realização da Sistematização da Assistência e a 
supervisão da equipe de enfermagem, com o planejamento do processo assistencial 
em todas as suas etapas. Cabe ao Enfermeiro, realizar as ações de maior 
complexidade, podendo “prescrever medicamentos estabelecidos em protocolos nas 
instituições, conforme a legislação de enfermagem”. 
Assim, a SOBENDE entende que a Enfermagem deve considerar, no 
estabelecimento destas novas áreas de atuação, toda a legislação que permeia sua 
atuação, desde a Constituição Federal, a Lei do Exercício profissional em vigor, o 
Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem e todos os Pareceres e 
Resoluções vigentes e disponíveis para consulta em nosso site, ou no site do 
Sistema Conselho Federal de Enfermagem e Conselho Regional deEnfermagem 
(Cofen-Coren). 
Dentre elas, ressalta-se, na presente matéria em consulta pública, a 
Resolução 389/2011, que estabelece as especialidades da Enfermagem. Hoje, com 
base na Resolução 389/2011, a especialidade de Enfermagem que abrange a área 
da “Estética”, é a Enfermagem em Dermatologia. 
Não apenas pelo aspecto legal, mas também, por toda a produção e o 
acúmulo de conhecimento sobre a atuação do Enfermeiro nesta área, realizada 
pelos especialistas em Enfermagem em Dermatologia nestes 15 anos de existência 
da especialidade e da SOBENDE, conforme podem ser comprovados por meio dos 
anais dos congressos e eventos, onde se podem encontrar inúmeros trabalhos , 
27 
 
 
pesquisas e relatos de experiência acerca da atuação do Enfermeiro na estética, em 
todas as fases do ciclo de vida, com base no Cuidado integral e na promoção da 
saúde da pele, qualidade de vida e bem estar das pessoas ( Site da SOBENDE, 
Eventos realizados ). Assim, entendemos que, no momento, o critério mínimo deva 
ser que o Enfermeiro tenha pós graduação em Dermatologia, em instituições 
devidamente registradas no MEC, ou por meio de prova de títulos, conforme prevê a 
Resolução 389/2011 do Cofen. 
Este Enfermeiro especialista deve ainda ter capacitações especificas, por 
meio de cursos devidamente normatizados, com carga horária de teoria e prática, 
minimamente disciplinados e estabelecidos. Deverá ainda registrar junto ao Sistema 
CofenCoren, esta especialização, conforme já prevê a Resolução 389/2011 do 
Cofen. Esta formação e capacitação devem ser permanentes, contínuas, para que 
se possa emitir, por meio da referida Resolução, amparo legal para que o 
Enfermeiro possa realizar os procedimentos que vierem a ser estabelecidos na 
mesma. 
Entendemos que esta definição deva ser precedida de um amplo debate com 
os Enfermeiros, sob coordenação do Cofen, com a participação das Associações de 
Enfermeiros da área, e docentes dos cursos de Enfermagem da área da 
Dermatologia, face á Resolução 389/2011, podendo ainda ter a participação de 
áreas afins da Enfermagem, devido ás interfaces do cuidado de Enfermagem. 
A SOBENDE não entende que o Enfermeiro, ao atuar na estética, deva 
desconsiderar toda a sua formação holística, humana e ética, e sim, buscar uma 
especialização e uma capacitação, para oferecer à população, o atendimento de 
suas necessidades estéticas, dentro do processo do “cuidar em Enfermagem”, como 
todo o arsenal de conhecimentos, teorias de Enfermagem, tecnologias e recursos 
existentes e à disposição dos Enfermeiros interessados em atuar nesta área e 
campo do conhecimento (Brandão, 2014). 
Hoje, entendemos que a estética é uma das áreas de atuação dos 
especialistas em Dermatologia, diante da trajetória histórica, da legislação vigente e 
da realidade de atuação e formação dos Enfermeiros. Assim, temos grande 
interesse em que se elabore uma Resolução especifica para atuação dos 
especialistas em dermatologia nesta área, mas, sempre com sua inserção dentro de 
28 
 
 
todo o arcabouço ético, legal, técnico, cientifico e tecnológico que ampara a atuação 
do Enfermeiro. 
A SOBENDE entende que “somos Enfermeiros, atuando numa especialidade, 
que é a Dermatologia, dentro de uma área especifica, que é a Estética”. Alguns 
pontos merecem profunda reflexão neste momento, para que possamos estabelecer 
um novo marco legal, que venha de fato amparar a atuação do Enfermeiro no 
cuidado especializado, dentro desta área de atuação do especialista em 
Dermatologia. Algumas questões merecem nossa reflexão neste momento e que 
trazemos para esta consulta pública: 
1. Quando falamos na realização de procedimentos estéticos pela Enfermagem, 
falamos em todos os profissionais da enfermagem, ou apenas alguns deles, como 
Enfermeiros? A Enfermagem atua em equipe, com atribuições diferentes, e uma 
Resolução na área da Estética precisa considerar este cenário e não pode se 
restringir ao enfermeiro, devendo explicitar os diversos papéis da equipe de 
enfermagem nesta área, assim como já o temos em áreas como o cuidado intensivo, 
urgências, e outras, em que há claro perfil de competências de cada um dos 
profissionais da enfermagem. 
2. Qual o conceito de “procedimento estético” estamos utilizando? Por que falar em 
“ procedimento”, e não em “ cuidado”? A Enfermagem utiliza uma série de 
procedimentos no processo do cuidar, e nem por isso, existe resolução especifica 
sobre cada um deles, visto que fazem parte do processo de cuidar dentro de um 
determinado âmbito de necessidades humanas, por meio da SAE. 
3. O que se entende por procedimento invasivo e não invasivo, procedimento 
injetável, prescrição de medicamentos baseados em protocolos? Quais as interfaces 
destas questões, entre Enfermagem e demais profissões da área da saúde? O que 
de fato é da natureza da Enfermagem, e o que se pretende “ copiar de outras áreas”, 
as quais não possuem um arcabouço ético e legal similar ao da Enfermagem? 
4. Como a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem ampara ou não os 
profissionais e quais as suas lacunas? 
5. Que tipo de aparato legal se faz necessário para que a Enfermagem possa ter 
uma atuação nesta área? 
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6. O que desejam os profissionais, de fato, nesta área chamada “estética”, e o que 
imaginam e desejam realizar no que se convencionou chamar “procedimentos 
estéticos” e uso de equipamentos e aparelhos destinados aos tratamentos estéticos? 
7. Quais são, de fato, os limites para que o Enfermeiro possa atuar e realizar ações 
de enfermagem e o cuidado de enfermagem na área da “Estética”? 
8. Qual o papel do enfermeiro nestes locais e cenários de atuação, como centros de 
estética, clínicas, e outros, com base no que prevê a legislação vigente, em relação 
à Consulta de Enfermagem e a aplicação da Sistematização da Assistência de 
Enfermagem (SAE) neste campo de atuação? 
9. Estamos falando exatamente sobre o que; – uma especialidade da Enfermagem – 
uma área de atuação interdisciplinar, dentro de uma especialidade – um campo do 
conhecimento da Enfermagem, transversal e universal? 
10. Qual a responsabilidade técnica, ética e legal do Enfermeiro na realização dos 
chamados “procedimentos estéticos”? 
11. . Existe uma busca do enfermeiro por “autonomia” e por trabalhar sem vínculo 
empregatício, de forma empresarial e empreendedora, mas, será que a categoria 
está devidamente preparada para esta nova forma de atuar, assumindo todos os 
riscos e responsabilidades inerentes a este tipo de atuação? 
Existem legislações diferentes em cada município e nem sempre o Enfermeiro 
consegue liberação das secretarias de finanças e vigilância sanitária para trabalhar 
como autônomo ou profissional liberal 
– Existem legislações diferentes em cada município e nem sempre o Enfermeiro 
consegue liberação das secretarias de finanças e vigilância sanitária para trabalhar 
como autônomo ou profissional liberal 
Todas estas perguntas merecem nossa discussão, tanto nas instituições 
formadoras, como juntos aos órgãos de regulação, e aos gestores e mercado de 
trabalho. 
Grande parte desses procedimentos, chamados, “Procedimentos Estéticos”, 
são geralmente associados a um perfil de risco favorável quando realizados por 
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médicos treinados e qualificados, com graduação em medicina, residências e 
capacitação permanente. 
Muitos cursos que oferecem capacitação para estes procedimentos, já 
mencionam no programa, aspectos relacionados a “ o que fazer quando ocorrem 
complicações”. Um exemplo recente, é um curso sobre o uso de Criolipólise, onde 
um dos temas é “ Se queimar, o que fazer “. Embora possa parecer absurdo, estes 
cursos são hoje frequentados por enfermeiros, que acabam considerando “ natural 
que estes tipos de iatrogenias sejam aceitáveis durante estes procedimentos” . 
A SOBENDE entende que isto fere frontalmente o Código de ética dos 
profissionais deenfermagem, que preconiza que devemos oferecer um cuidado 
seguro e livre de danos ao nosso cliente Preocupamo-nos em demasia, enquanto 
Associação de Enfermagem em Dermatologia, com a “proliferação e banalização” da 
utilização de equipamentos denominados “estéticos”, muitos deles com utilização de 
substâncias que demandam prescrição médica, por sua ação em estruturas 
extremamente delicadas e importantes, como a face, e a realização destes 
procedimentos por “ profissionais não médicos” , muitas vezes inadequadamente 
capacitados e supervisionado e sem o devido amparo legal para prescrever produtos 
e insumos neles utilizados. 
Preocupamo-nos sobremaneira, com o que nos parece ainda mais grave, que 
não se leve em conta a devida autonomia e preparo para agir nos casos em que 
ocorram iatrogenias, efeitos adversos ou erros na utilização e aplicação dos mesmos. 
Em muitas das complicações ou iatrogenias relatadas na literatura acerca de 
procedimentos denominados “ estéticos”, para a reversão das mesmas são 
necessárias substâncias que exigem prescrição médica, e sua presença, o que 
certamente não ocorre em muitos destes estabelecimentos onde tais procedimentos 
são hoje realizados, e certamente hão de se ampliar, à medida que outros 
profissionais passem a realiza-los. 
Preocupamo-nos ainda, com as centenas de “cursos de capacitação para 
procedimentos estéticos”, oferecidos aos diversos profissionais de saúde, dentre 
eles os Enfermeiros, sem que haja qualquer fiscalização sobre o conteúdo e 
principalmente, sobre as atividades práticas destes cursos. 
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A SOBENDE preocupa-se e alerta para a banalização destes cursos, sem a 
presença de Enfermeiros no quadro docente, e que se destinam a capacitar 
Enfermeiros! 
O que se observa, é que a maioria destes cursos se tornou de fato, um 
grande “negócio”, pois os profissionais, sem o devido amparo legal, realizam 
investimento financeiro nos mesmos, e certamente desejam retorno deste 
investimento. 
Entretanto, os responsáveis por tais cursos, na maioria das vezes, também 
não possuem amparo legal para realizar, eles próprios, os procedimentos para os 
quais estão capacitando os profissionais, tanto da Enfermagem, como de outras 
áreas da saúde. Isto tem gerado inúmeros conflitos entre os profissionais, pois o 
correto seria que a oferta destes cursos só fosse permitida, após o devido amparo 
legal dos profissionais para realização dos referidos procedimentos, e não o inverso, 
como se observa hoje. Pesquisa realizada pela Dermatology Nursing Association em 
2013 demonstra que as pessoas não esperam que o Enfermeiro, mesmo o 
especialista, realize procedimentos como esclerose de vasos, lipoaspiração e 
também os procedimentos denominados injetáveis. Esta pesquisa revela que esta 
percepção, de que tais procedimentos sejam de âmbito médico, é bastante 
semelhante entre os usuários, os médicos e os próprios enfermeiros especialistas. 
Importante lembrar que esta pesquisa foi realizada em um país onde existe o 
enfermeiro prescritor em dermatologia (NP dermatology nurse), cuja especialização 
é de no mínimo 18 meses! 
A SOBENDE não apoia e não reconhece estes cursos para fins de pontuação 
em seu concurso para titulação, e ampara sua decisão na importante campanha do 
Conselho Federal de Enfermagem contra o Ensino á distância na Enfermagem, 
parabenizando o Cofen por esta iniciativa. Acreditamos que se faz necessária uma 
Resolução específica, oriunda do Conselho Federal de Enfermagem, que estabeleça 
de forma clara quais as atividades especificas e quais dos procedimentos 
denominados “estéticos”, podem ser realizados pelo Enfermeiro, mas, ao mesmo 
tempo, qual deve ser a formação deste Enfermeiro para realiza-las. 
É fundamental que o estabelecimento destas atividades específicas estejam 
inseridas dentro de uma visão da natureza e a essência da Enfermagem como 
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profissão, que é o cuidado, e não apenas a realização deste ou daquele 
procedimento. 
Temos assistido cotidianamente que a crescente oferta destes 
“procedimentos cosméticos e estéticos” levou a um significativo aumento na 
incidência de complicações, tais como queimaduras e alterações pigmentares 
permanentes, bem como erros de diagnóstico de condições médicas graves 
(SBD,2015) 
Alguns fatores que podem contribuir para o crescimento destes problemas , 
especialmente quando realizados por “profissionais não médicos”, dentre os quais 
nós incluímos como Enfermagem são: falta de leis claras definindo a prática da 
medicina e das demais profissões, a distinção ambígua entre os procedimentos 
médicos e tratamentos de beleza , a proliferação dos institutos e centros de estética 
sem a devida fiscalização pelos órgãos responsáveis, e a falta de normatização 
acerca da venda e comercialização de produtos e equipamentos destinados aos 
tratamentos estéticos, com delimitação sobre seu manuseio e sua veiculação. 
Hoje se pode observar, em cada esquina do Brasil, os mais diversos 
profissionais fazendo divulgações diversas por meio de anúncios, outdoors, mídia 
falada, escrita e televisionada sobre “tratamentos estéticos milagrosos”, com os mais 
variados custos, e sem que haja qualquer forma de controle sobre tal “ mercado”. 
A Enfermagem possui um Código de Ética e a Lei do Exercício Profissional, 
que estão em vigor e devem ser seguidos pelos profissionais, servindo como 
proteção a eles e à população sobre os potenciais riscos ou mesmo, propaganda 
enganosa acerca de tais procedimentos. Especificamente em relação ao objeto 
desta consulta, é importantíssimo ponderar que, com relação á realização dos 
chamados “Procedimentos Estéticos pelo Enfermeiro“, deve-se ressaltar, 
inicialmente, que a SOBENDE entende que não se pode emitir um parecer único, 
geral e universal, pois a realidade e os contextos são extremamente heterogêneos 
com relação à formação, capacitação, competência técnica e ética dos Enfermeiros 
para sua utilização, conforme já exposto em parecer anterior, elaborado para o 
Conselho Regional de Enfermagem de SP (Parecer Coren-SP sobre uso do laser 
pelo Enfermeiro). Essencial que se lembre, inicialmente, que não existe um único 
tipo aparelho, ou mesmo, procedimento padronizado, e que a decisão sobre o que 
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será realizado ou qual o tipo de intervenção será indicado em cada situação, com 
base na Avaliação clínica do profissional, pautada na sua capacitação e experiência, 
utilizando-se das melhores evidências da Ciência e de Guias de Boas práticas para 
atuação da Enfermagem em Dermatologia e Estética, como já existe em outros 
países onde esta área de atuação já está mais consolidada (DNA,2012) 
Assim, entendemos que o primeiro aspecto a ser considerado, é a avaliação 
do cliente como um todo, durante a Consulta de Enfermagem, pelo Enfermeiro 
especialista. Esta avaliação precisa estar pautada no Processo de Enfermagem e 
guiada pela SAE, documentada, com todos os Diagnósticos de Enfermagem, assim 
como as indicações de Intervenções de Enfermagem e Avaliação dos Resultados. 
Esta avaliação norteará todas as condutas e indicações de intervenções, tanto 
aquelas que serão realizadas pelo Enfermeiro especialista, como os 
encaminhamentos para outros profissionais, conforme as situações identificadas. 
A prescrição das Intervenções de Enfermagem, após esta avaliação 
(anamnese), caberá ao Enfermeiro especialista, com base no que prevê a Lei do 
exercício profissional, e podem ser intervenções de 3 tipos, como refere 
Mandelbaum, (2013): 
1. Intervenções próprias do Enfermeiro, que são aquelas para os quais o enfermeiro 
tem total autonomia, e que se relacionam aos cuidados diários com a pele, 
higienização, orientação e educação para a promoção da saúde da pele, ou 
procedimentos que o Enfermeiro pode realizar de forma autônoma, como limpeza de 
pele, peelings superficiais, tratamentos corporais que não implicam na utilização desubstancias que exigem prescrição médica, uso de equipamentos eletroterápicos 
permitidos ao enfermeiro, prescrição de cosméticos, cosmecêuticos, correlatos, 
dentre outros cuidados de enfermagem Neste grupo, inserem-se os procedimentos, 
atividades e uso de tecnologias para os quais o Enfermeiro tenha a devida 
especialização e posterior capacitação técnicas, e que não conflitem com a 
legislação vigente nem sejam privativas de outros profissionais. 
2. Intervenções que exigem prescrição médica ou de outro profissional, que são 
aquelas que o Enfermeiro pode realizar, sob delegação do médico ou de outro 
profissional, que tem autoridade para prescrever substâncias ou terapias, e que 
podem ser realizadas pelo Enfermeiro mediante Protocolo Institucional, com 
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anuência da equipe e amparo institucional ou legal Neste grupo, inserem-se os 
procedimentos e atividades que o Enfermeiro pode realizar, em equipe 
multiprofissional, mediante delegação de outro profissional, estabelecida em 
protocolo devidamente registrado e amparado legalmente 
3. Intervenções que demandam encaminhamento para outros profissionais da 
equipe de saúde, como os médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, odontólogo, 
fonoaudiólogo, educador físico, etc. Neste caso, o cuidado significa encaminhar para 
outro profissional, mas, continuar sendo responsável pelo cliente, pelo seu 
acompanhamento e monitoramento. Neste grupo, inserem-se as atividades 
privativas ou preferencialmente de outros profissionais, e que o Enfermeiro 
encaminha o cliente, mas mantém-se responsável pelo seu acompanhamento e 
continuidade do seu cuidado até conclusão do tratamento ou alta. 
Em cada uma destas áreas, podem ser descritos os diversos procedimentos e 
técnicas utilizadas para os chamados “ tratamentos e procedimentos com finalidade 
estética”, conforme o contexto e realidade local de atuação do profissional. Um 
exemplo deste tipo de situação, é o que ocorreu com a “utilização do Laser pelo 
Enfermeiro“. 
No início, havia uma angustia para que os órgãos de classe emitissem um 
posicionamento único, autorizando ou proibindo sua utilização pelo Enfermeiro. À 
medida que se abriram discussões com os profissionais, percebeu-se que não se 
tratava de uma decisão unilateral, mas sim, de se criar um conjunto de 
recomendações e normatizações , que considerasse não só a diversidade dos 
equipamentos existentes, mas acima de tudo, a realidade dos profissionais e 
instituições. O que se observou com o Laser, e que vale trazer para reflexão na área 
da Enfermagem em estética, é que este é um nome que acabou se generalizando, 
para todo e qualquer tipo de luz que se utiliza nos tratamentos, muitas vezes de 
forma incorreta, sem se referir necessariamente ao que se entende por “ Laser”. 
Nos últimos vinte anos o uso do Laser na medicina tem evoluído bastante, os 
equipamentos tornaram-se mais eficazes e menos agressivos. Na Dermatologia, 
dispomos de aparelhos que podem tratar cicatrizes inestéticas, lesões vasculares, 
lesões pigmentares (tatuagens e manchas hipercrômicas), fazer depilação, foto 
rejuvenescimento e, até mesmo, tratar vitiligo e psoríase. Por outro lado, a 
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banalização do método e a má utilização dos aparelhos, vem trazendo uma série de 
problemas e, casos de lesões cicatriciais e queimaduras em vários pacientes, 
provocando sequelas e traumas definitivos e irreversíveis. 
A Sociedade Brasileira de Dermatologia juntamente com a ANVISA elaborou 
uma tabela com a classificação de riscos para todos os equipamentos que possuem 
autorização da ANVISA para serem utilizados no Brasil. A maioria dos Lasers 
usados na Dermatologia, ocupam a posição com grau de risco II, III e IV. 
Como, numericamente, as principais complicações do uso inadequado do 
Laser na estética ocorrem com a remoção de pelos, vamos discorrer mais sobre 
esse tópico. Para a remoção dos pelos com luz podem ser utilizados dois diferentes 
tipos de tecnologia, a saber: os equipamentos a Laser com comprimentos de onda 
do espectro eletromagnético que estão aproximadamente entre 750 e 1064nm ou a 
Luz Intensa Pulsada que abrange comprimentos de onda entre 400-900nm. 
Além de uma avaliação clínica objetiva quanto à saúde da pele, o 
dermatologista deve avaliar as características dos pelos, a quantidade a ser 
removida e a região a ser tratada. 
Deve ser descartada qualquer doença no local, inclusive uma pinta preta para 
um leigo pode representar um câncer maligno, um melanoma, que pode ter uma 
evolução acelerada quando atingido pelo Laser, podendo inclusive causar a morte 
no paciente. 
Vale lembrar que o câncer de pele é o mais frequente no Brasil. Além disso, é 
necessário calcular a energia e o comprimento de onda adequada, assim como 
orientar os pacientes com relação ao procedimento, ao número de sessões, aos 
possíveis efeitos colaterais, bem como à expectativa de resposta clínica após o 
tratamento. Portanto, é um procedimento extremamente individualizado e de muitas 
variáveis no qual um pequeno descuido pode causar cicatrizes definitivas nos 
pacientes. Os estudos sobre física e fundamentos do Laser e da luz intensa pulsada 
mostraram vários comprimentos de ondas capazes de servir para diversas 
finalidades terapêuticas, como remoção de manchas, vasos, pelos, 
rejuvenescimento e tratamento de cicatrizes. 
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As ondas eletromagnéticas têm objetivos e efeitos definidos e, portanto, se 
mal calculados em relação ao comprimento adequado, à intensidade correta de 
energia, à definição certa da estrutura-alvo a ser atingida, à etnia do paciente, à 
região do corpo a ser tratada; podem também levar a consequências adversas à 
saúde do paciente, como queimaduras e cicatrizes irreversíveis, manchas escuras 
ou mais claras que o tom natural da pele original. 
O que é o procedimento? O procedimento necessita de aparelho 
especializado com luzes de comprimentos de ondas eletromagnéticas variáveis que 
visam o pigmento melanina presente no pelo (porém, deve ser tomado muito 
cuidado, pois há melanina na pele devido ao sol (bronzeamento natural) ou a outras 
manchas hipercrômicas como o melasma, nevo de Becker, manchas café-aulait, 
nevo de Ota, eritema fixo pigmentar, dentre outras. 
No geral, a máquina contém duas partes: uma plataforma de controle da 
energia (fluência), tempo de pulso, número de disparos, comprimento de onda 
utilizado; a outra parte consiste num braço móvel e um dispositivo de mão, que 
controla o disparo da energia no exato local do tratamento. Os comprimentos de 
onda eletromagnética mais usados são, para o laser, entre 750 e 1064 nm e, para a 
luz intensa pulsada, entre 400- 900nm. 
Como é realizado? Cada aparelho desenvolvido, através da plataforma, 
mostra ao especialista suas características específicas, como fluência, tamanho das 
ponteiras, tempo de pulso, número de disparos, comprimento de onda a ser utilizado; 
assim, cabe ao médico avaliar e calcular o tipo de energia adequado para cada tipo 
de pele, local a ser tratado, avaliar as comorbidades do paciente e seu estilo de vida, 
afastando as contraindicações ao procedimento. 
Orientar o pós-tratamento é fundamental para uma resposta efetiva. O 
conhecimento acadêmico sobre o assunto é imprescindível para permitir uma 
avaliação adequada. Quais equipamentos podem ser utilizados? Os equipamentos 
regulamentados pela ANVISA com finalidade de remoção de pelos são: LightSheer, 
Etherea, Star Lux, Harmony, LEDA, Indicações MÉDICAS (ou seja, com diagnóstico 
médico): 
Após uma consulta médica dermatológica, em que se descartaram doenças 
diversas que provocam o crescimento e/ou o nascimento de pelos em áreas do 
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corpo onde não existiam, bem como, foi questionado sobre a dieta de rotina dos 
alimentos e suplementos, o médico poderá solicitar exames laboratoriais 
complementares de sangue e/ou de imagem para descartar alguma suspeita 
diagnóstica

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