Buscar

3 - Psicomotricidade na educação infantil (1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EDUCAÇÃO 
FÍSICA NA 
EDUCAÇÃO 
INFANTIL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Reconhecer o papel do psicomotricista e sua área de trabalho e intervenção.
 > Descrever os estágios do desenvolvimento da psicomotricidade do recém-
-nascido até a criança de 4 anos.
 > Identificar a importância da psicomotricidade para o desenvolvimento 
integral da criança. 
Introdução
A psicomotricidade é uma ciência holística que busca conectar os aspectos emo-
cionais, cognitivos e motores nas diversas etapas da vida do ser humano. Para 
memorizar o conceito, pode-se separar a palavra da seguinte forma: “psi” (aspectos 
emocionais) + “co” (aspectos cognitivos) + “motric” (aspectos motores) + “idade” 
(etapas da vida do ser humano). Assim, será mais fácil você se recordar de que 
a área de trabalho e intervenção do psicomotricista não se restringe somente a 
um único público-alvo. Tão importante quanto o trabalho pedagógico na primeira 
infância é o trabalho multiprofissional da psicomotricidade na terceira idade. 
Neste capítulo, você conhecerá o papel do psicomotricista, bem com a sua área 
de trabalho e intervenção. Além disso, conhecerá a importância da psicomotri-
cidade aplicada à educação infantil. Por fim, você verá como a psicomotricidade 
atua no desenvolvimento integral do indivíduo em diferentes faixas etárias da vida.
Psicomotricidade 
aplicada à 
educação infantil
Suziane Ungari Cayres Santos
O papel da psicomotricidade e seu campo 
de prática profissional
Quem é o psicomotricista? E qual é o seu papel na educação infantil? Esse, 
de fato, é um cenário de prática profissional que ainda passa por trans-
formações estruturais. A psicomotricidade foi reconhecida como campo 
profissional somente em 2019 (BRASIL, 2019), comportando psicomotricistas 
de formação inicial (p. ex., graduação em psicomotricidade) ou continuada (p. 
ex., pós-graduação lato sensu). Desse modo, a psicomotricidade é uma área 
de intervenção que abarca diferentes perfis de profissionais com um amplo 
leque de intervenção, como médicos psiquiatras, pedagogos, profissionais 
de educação física, psicopedagogos, fonoaudiólogos, entre outros.
Todavia, o foco da psicomotricidade no trabalho pedagógico na educação 
infantil é abordar a criança integralmente, não se restringindo apenas a aspec-
tos emocionais, cognitivos ou motores. A aposta está na sinergia entre esses 
elementos, de modo que a prática docente — principalmente do profissional 
de educação física no ensino infantil — poderá valer-se da sistematização 
do ensino tanto dos elementos psicomotores quanto da cultura corporal de 
movimento, manifestada pela criança desde a mais tenra idade. 
De acordo com Cipriano e Moreira (2016), os precursores da psicomotri-
cidade foram o neuropsiquiatra Dupré, em 1909, o médico e psicólogo Henry 
Wallon, em 1925, e o neurologista Edouard Guilmain, em 1935. Portanto, na 
década de 70, vários autores definiram a psicomotricidade como uma “mo-
tricidade de relação”. Atualmente, o psicomotricista pode atuar com bebês, 
crianças, adultos e idosos, porém sempre tendo em mente que, para cada 
público, há um alvo de desenvolvimento a ser acertado. Desse modo, o psi-
comotricista aposta em um trabalho pedagógico que englobe os aspectos 
emocionais, cognitivos e motores, a fim de identificar e/ou minimizar as 
suas deficiências e dificuldades, de modo a estimular o desenvolvimento 
integral do sujeito. Nessa empreitada, o psicomotricista deverá identificar 
as limitações e potencialidades do indivíduo que está sendo atendido no 
que tange aos elementos psicomotores. O Quadro 1, a seguir, apresenta os 
elementos psicomotores aos quais o psicomotricista deverá estar atento e 
seus conceitos.
Psicomotricidade aplicada à educação infantil2
Quadro 1. Elementos psicomotores
Elementos 
psicomotores Conceito Autor
Coordenação 
motora ampla 
Primeira condição a ser desenvolvida no 
espaço infantil. É o trabalho que aperfeiçoa 
os movimentos dos membros superiores e 
inferiores.
Almeida 
(2007)
Coordenação 
motora fina 
A coordenação visomotora e a motricidade fina 
se iniciam no primeiro ano e terminam ao final 
da educação infantil. A coordenação motora 
fina ocorre a partir da reação conjunta do olho 
e da mão dominante. É a capacidade de realizar 
movimentos coordenados utilizando pequenos 
grupos musculares das extremidades.
Le Boulch 
(1986)
Lateralidade É a dominância lateral de um lado em 
relação ao outro. Durante uma atividade de 
deslocamento, a criação adquire a noção de 
qual lado do corpo está sendo trabalhado.
Meur e 
Staes (1984)
Equilíbrio Habilidade da criança de manter o controle do 
corpo utilizando ambos os lados ao mesmo 
tempo, apenas um lado ou ambos de modo 
alternado.
Hurtado 
(1991)
Estruturação 
espacial 
Quando se tem noção de como se deve agir 
e movimentar-se em um determinado lugar, 
adaptando-se às limitações do espaço.
Meur e 
Staes (1984)
Orientação 
temporal 
Capacidade de situar-se em função da sucessão 
dos acontecimentos: antes, após e durante os 
intervalos.
Meur e 
Staes (1984)
Ritmo É a capacidade da criança de perceber um 
fenômeno que ocorre com uma determinada 
duração, ordem e alternância. A percepção 
ocorre de forma individual e espontânea.
Boato (1996)
Esquema 
corporal 
É o conhecimento que a criança adquire do 
próprio corpo e de suas partes. Por meio desse 
conhecimento, a criança consegue manipular 
e utilizar o corpo para o relacionamento com o 
meio ambiente.
Le Boulch 
(1983)
Fonte: Adaptado de Aquino et al. (2012).
Psicomotricidade aplicada à educação infantil 3
Mas, afinal, você já parou para pensar em quem é o psicomotricista? Qual é o 
seu campo profissional? E a sua área de intervenção? Qual é a importância de sua 
prática pedagógica na educação infantil? Pois bem, é preciso reconhecer, primei-
ramente, que a psicomotricidade, como campo profissional e área de intervenção, 
tem passado por estruturais transformações nos últimos anos. Há vários anos, 
essa área de intervenção tem sido cooptada por diferentes perfis de profissionais 
da saúde, educação e até mesmo do lazer. Muito disso está centrado no fato de 
que somente recentemente a psicomotricidade foi reconhecida como campo pro-
fissional, o que exigiu do sujeito que usa de suas teorias e técnicas uma formação 
inicial na área ou, ao menos, uma especialização comprovada (BRASIL, 2019).
Atualmente, o psicomotricista precisa ter em mãos o título de Graduação 
em Psicomotricidade ou, de acordo com a Lei nº 13.794, de 3 de janeiro de 
2019, ter concluído especialização na área (BRASIL, 2019). Desse modo, a 
psicomotricidade abarca diferentes perfis de profissionais, e, por conse-
guinte, um amplo leque de intervenção profissional. É possível encontrar 
psicomotricistas que são médicos, professores, gestores, fonoaudiólogos 
ou até mesmo psicopedagogos de formação inicial. Na prática, a teoria e as 
técnicas psicomotoras podem marcar presença em diferentes setores da 
sociedade, da saúde (p. ex., Unidades Básicas de Saúde, hospitais, clínicas, 
etc.) à educação (p. ex., escolas, creches, etc.), porém sempre direcionadas 
ao desenvolvimento integral do aluno e/ou paciente. 
Em geral, de acordo com a atual regulamentação da área (BRASIL, 2019), 
compete ao psicomotricista as seguintes incumbências:
 � atuar nas áreas de educação, reeducação e terapia psicomotora, uti-
lizando recursos para a prevenção e o desenvolvimento psicomotor;
 � ministrar disciplinas específicas dos cursos de Graduação e Pós-
-Graduação em Psicomotricidade;
 � atuar em treinamento institucional e em atividades de ensino e pesquisa;
 � participar de planejamento, elaboração, programação, implementação, 
direção, coordenação, análise, organização, avaliação de atividades 
clínicas e parecer psicomotor em clínicas de reabilitação ou em serviços 
de assistência escolar;
 � prestar auditoria, consultoria e assessoria no campo da psicomotricidade;
 � gerenciar projetos de desenvolvimento de produtos e serviços rela-
cionados com a psicomotricidade;� elaborar informes e pareceres técnico-científicos, estudos, tra-
balhos e pesquisas mercadológicas ou experimentais relativos à 
psicomotricidade.
Psicomotricidade aplicada à educação infantil4
Uma vez ciente desse cenário, qual é a importância da prática pedagógica 
do psicomotricista na educação infantil? Confira a seguir.
Psicomotricidade e educação infantil: o que isso tem a ver?
É na educação infantil que as habilidades cognitivas e de apren-
dizagem são solidificadas. Nesse contexto, a psicomotricidade é o alicerce 
para a aprendizagem na infância. Para saber mais sobre esse assunto, assista 
ao vídeo “Psicomotricidade na Educação Infantil”, da psicomotricista Luciana 
Brites, disponível no canal NeuroSaber, no YouTube.
Contudo, reconhecer a importância da psicomotricidade nesse setor edu-
cacional perpassa identificar quem é o profissional que fará uso de suas 
teorias e técnicas. Na educação infantil, tem-se majoritariamente a atuação de 
pedagogos (COSTA et al., 2019). Em menor proporção, as instituições de ensino 
infantil contratam professores especialistas para determinadas disciplinas, 
como, por exemplo, educação física escolar (COSTA et al., 2019). Contudo, a 
figura do psicomotricista nem sempre tem seu espaço reservado nas escolas 
de ensino infantil. Em tese, o ideal seria que houvesse espaço e tempo nas 
escolas especificamente para o atendimento das necessidades das crianças 
por intermédio da psicomotricidade. Se, por vezes, o ideal parece utopia, em 
algumas instituições de ensino, a abordagem psicomotora é tratada em outras 
disciplinas, caso da educação física escolar (AQUINO et al., 2012). 
Não há dúvidas de que ainda existe um abismo no setor educacional brasi-
leiro com relação à importância de determinadas práticas pedagógicas e sua 
valorização no espaço escolar. A importância da psicomotricidade, nesta que é 
a primeira etapa da Educação Básica (BRASIL, 2017), centra-se na possibilidade 
de identificar precocemente as deficiências e limitações das crianças desde a 
mais tenra idade, tendo pela frente tempo hábil para amenizá-las ou até mesmo 
revertê-las. Soma-se a isso o fato de que o psicomotricista não enfatizará 
apenas um recorte da realidade, mas sim optará por um trabalho dinâmico 
que englobe os aspectos emocionais, cognitivos e motores das crianças. 
Em geral, todas as crianças podem se beneficiar da prática profissional ou, ao 
menos, das teorias e técnicas da psicomotricidade no ensino infantil. O psicomotri-
cista não precisa sempre estar voltado a um trabalho pedagógico individualizado, 
pois é na dinâmica da sala de aula que o educador poderá exercer a beleza de sua 
profissão, ao integrar os deficientes, identificar as limitações e potencialidades 
da turma, bem como oportunizar a todos, sem exceção, o acesso a um ensino 
sistematizado de qualidade direcionado ao seu desenvolvimento integral. 
Psicomotricidade aplicada à educação infantil 5
A psicomotricidade em diferentes estágios 
de desenvolvimento infantil
O trabalho psicomotor vem ganhando cada vez mais destaque no ensino 
infantil. Via de regra, tal relevância está centrada no fato de que o trabalho 
pedagógico pode prevenir ou até mesmo amenizar problemas atrelados à 
aprendizagem. Tendo-se em vista que o desenvolvimento da criança ocorre 
de maneira gradativa ao longo de seu crescimento, concomitantemente à 
sua capacidade de se adaptar diante das suas necessidades básicas (AQUINO 
et al., 2012), cabe ao psicomotricista observar justamente os estágios de 
desenvolvimento infantil e adequar a tal demanda o trabalho pedagógico, 
tendo como base a psicomotricidade. 
Diante desse cenário, neste capítulo, serão apresentados os estágios de 
desenvolvimento infantil de acordo com a teoria de Henri Wallon, a qual o 
psicomotricista poderá levar em consideração ao sistematizar o ensino, a 
fim de otimizar a sua intervenção. Diferentemente de outros pensadores 
da educação, em suas proposições, Wallon questionou a visão linear do 
desenvolvimento infantil, bem como a abordagem psicométrica adotada. 
Para ele, o educador, ao mensurar, quantificar e avaliar a inteligência infantil 
por meio de testes, nem sempre alcançará um resultado fidedigno à reali-
dade, pois esses instrumentos são limitados (FREITAS; ALMEIDA; TALAMONI, 
2020). Nesse sentido, Wallon acredita que o desenvolvimento humano é um 
processo marcado por avanços, recuos e contradições (FREITAS; ALMEIDA; 
TALAMONI, 2020).
Em linhas gerais, para Wallon, o desenvolvimento infantil está centrado na 
afetividade, isto é, a capacidade que os seres humanos têm de ser afetados 
pelo mundo externo e interno. É justamente a partir desse pressuposto que o 
autor estruturou a teoria acerca dos estágios de desenvolvimento da criança. 
O Quadro 2, a seguir, apresenta alguns aspectos da epistemologia de Wallon 
no que tange aos estágios de desenvolvimento infantil.
Quadro 2. Estágios de desenvolvimento infantil de acordo com Henri Wallon
Estágio Faixa etária Campos funcionais
1. Impulsivo
 Emocional
0 a 3 meses
3 meses a 1 ano
A criança é regida pela afetividade 
e usa de movimentos reflexos, 
choro, grito e expressão de sílabas 
para relacionar-se com o mundo.
(Continua)
Psicomotricidade aplicada à educação infantil6
Estágio Faixa etária Campos funcionais
2. Sensório-motor 
projetivo
12 a 18 meses
3 anos
Inicialmente, no estágio sensório-
motor, a criança permanece em 
uma fase de subordinação. Em 
seguida, quando ela aprende a 
segurar objetos e a se deslocar, 
ocorre a fase de exploração do 
mundo por meio dos sentidos e 
das habilidades motoras. Contudo, 
por volta dos 3 anos de idade, a 
criança atinge o estágio projetivo, 
que, conforme designa o próprio 
nome, tem predomínio de relações 
exteriores e cognitivas da criança 
com o meio.
3. Personalismo
 Crise de oposição
 Idade da graça
 Imitação
3 aos 6 anos
3 aos 4 anos
4 aos 5 anos
5 aos 6 anos
Predomínio da afetividade, 
com concomitante formação da 
personalidade e autoconsciência. 
Nessa fase, é comum ocorrer a 
negação dos adultos por parte da 
criança, que busca autonomia. 
4. Categorial 6 a 11 anos Predomínio da inteligência e 
da exterioridade, em que a 
criança segue avançando do 
pensamento abstrato para o 
pensamento simbólico, fato que 
favorece a memória, a atenção e o 
desenvolvimento do raciocínio.
5. Adolescência A partir dos 11 
anos
Fase da vida de caráter afetivo 
atrelada às mudanças físicas, 
hormonais e psicológicas 
decorrentes da maturação 
biológica. 
Fonte: Adaptado de Freitas, Almeida e Talamoni (2020).
Um aspecto importante a ser destacado no que tange aos estágios de 
desenvolvimento infantil propostos por Wallon é que a idade não é o indicador 
principal (FREITAS; ALMEIDA; TALAMONI, 2020). Adentrar uma nova faixa etária 
não necessariamente implicaria afirmar que a criança aprendeu todos os 
pressupostos da fase anterior, ou até mesmo que não sabe nada acerca dos 
novos elementos a serem incorporados na fase seguinte. Portanto, deve-se 
ter essas categorias apenas como um norte, prestando-se especial atenção 
(Continuação)
Psicomotricidade aplicada à educação infantil 7
às características dos campos funcionais. Afinal, o objetivo não é meramente 
passar de fase, mas sim oportunizar, por intermédio de um ensino diretivo e 
sistematizado, a aprendizagem das crianças desde a mais tenra idade. 
Agora que você já identificou quais são os estágios de desenvolvimento 
de acordo com a teoria de Henri Wallon, é preciso ter em mente que:
[...] para Wallon o desenvolvimento não se encerra no estágio da adolescência, 
mas permanece em processo ao longo de toda a vida do indivíduo. Afetividade e 
cognição estarão, dialeticamente, sempre em movimento, alternando-se nas dife-
rentes aprendizagens que o indivíduo incorporará ao longo de sua vida (FREITAS; 
ALMEIDA; TALAMONI, 2020, p. 272).
Quem foi Henri Wallon?
Médico, filósofo e psicólogo que viveu entre os séculos XIX e XX e se 
dedicou ao estudo da criança, direcionando osseus esforços para entender a 
origem dos processos psicológicos. Para Wallon, é por intermédio da interação 
entre as capacidades cognitivas, afetivas e motoras que ocorrerá o desenvolvi-
mento integral da criança. Para saber mais a respeito do pensamento pedagógico 
de Wallon, assista ao vídeo “Afetividade e Inteligência – Teoria Psicogenética”, 
disponível no canal Didatics, no YouTube. 
Qual são os pressupostos teóricos dos estágios de desenvolvimento propostos 
por Wallon? 
Para Wallon, ao longo do seu processo de crescimento e desenvolvimento, a 
criança busca construir a sua própria identidade, e isso se dá por intermé-
dio de avanços, regressos e até mesmo rupturas. O que Wallon enfatiza é a 
predominância da afetividade nos diversos estágios de desenvolvimento, em 
um contínuo movimento de internalização (introspecção) e externalização 
(extroversão), rumando em direção à autonomia. Para saber mais acerca dos 
estágios de desenvolvimento infantil elaborados por Henri Wallon, assista ao 
vídeo “Desenvolvimento infantil – Teoria Psicogenética”, disponível no canal 
Didatics, no YouTube. 
Como Henri Wallon é reconhecido atualmente? 
Wallon é tido por uns como o psicólogo da emoção. Já outros acreditam que ele 
foi principalmente o psicólogo da criança. Outros, ainda, acreditam que ele foi o 
idealizador do projeto da reforma do ensino francês. De fato, ele foi tudo isso, 
mas foi principalmente um psicólogo que dedicou os seus esforços a estudar 
o desenvolvimento infantil. Para saber mais acerca da produção acadêmica e 
do pensamento de Wallon, assista ao vídeo “Pensadores na educação: Wallon”, 
disponível no canal Instituto Claro, no YouTube. 
Psicomotricidade aplicada à educação infantil8
Desse modo, no ensino infantil, o educador tem pela frente uma salutar 
missão. Por um lado, ele tem de orquestrar a sua prática docente de modo 
a corresponder ao que dispõem os documentos norteadores da educação 
nacional, como, por exemplo, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRA-
SIL, 2017). Por outro lado, ciente dos estágios de desenvolvimento infantil, o 
educador precisa atrelar a problematização dos objetivos de aprendizagem 
dispostos nos diferentes Campos de Experiências da BNCC para a educação 
infantil às técnicas psicomotoras, a fim de não enfatizar apenas um aspecto 
do desenvolvimento, seja ele afetivo, cognitivo ou motor. Assim, ele deve aliar 
a sinergia entre esses aspectos do desenvolvimento à prática pedagógica, 
de modo a oportunizar o aprendizado das crianças.
A importância da psicomotricidade 
na educação infantil
Atualmente, a educação infantil tem sido moldada para tratar a criança como 
o centro do processo de ensino-aprendizagem. Mediante essa moderna 
empreitada, é preciso reconhecer que nem sempre a infância foi tratada sob 
esse prisma. Por vezes, as crianças foram tidas como adultos em miniatura, 
ou até mesmo foram desvalorizadas em suas expressões próprias do mundo 
infantil, quando, na verdade, esses pequenos ávidos por aprender estão em 
contínua descoberta de si e do entorno que os cerca. 
Em contrapartida, hoje, o professor que está alocado no ensino infantil é 
tido apenas como um facilitador da aprendizagem. Não seria essa uma visão 
reducionista demais do seu valoroso papel de cuidar e educar as crianças? 
Diante desse contexto de prática profissional, nesta seção, será apresentada 
a importância da psicomotricidade para o desenvolvimento integral das 
crianças, bem como a preciosa oportunidade que o profissional de educação 
física tem em mãos para sistematizar o ensino por intermédio da teoria e 
das técnicas psicomotoras. 
Inicialmente, faz-se necessário refletir acerca do papel da psicomotrici-
dade no desenvolvimento integral das crianças desde a mais tenra idade. 
Uma vez ciente de que diferentes grupamentos etários estão presentes na 
educação infantil (Figura 1), o educador precisa direcionar a sua prática 
pedagógica às necessidades e etapas do desenvolvimento do aluno. O tão 
falado desenvolvimento integral da criança seria, portanto, a demons-
tração da difícil equação entre propostas de ensino e realidade escolar, 
Psicomotricidade aplicada à educação infantil 9
entre teorias e técnicas pedagógicas. Na prática, trata-se de trabalhar a 
criança como um todo, sem privilegiar as partes, na busca pela sinergia 
no aprendizado. 
Figura 1. Grupamentos etários das crianças no ensino infantil.
Fonte: Adaptada da BNCC (BRASIL, 2017).
Eis aí o papel singular da psicomotricidade, ciência aplicada que aglutina 
não somente os aspectos emocionais e cognitivos, mas também leva em 
consideração a contribuição dos aspectos motores na dinâmica do processo 
de ensino-aprendizagem (AQUINO et al., 2012). Nesse sentido, para o educa-
dor no ensino infantil, a atividade psicomotora é uma ferramenta que pode 
ser acoplada à engrenagem de ensino, a fim de polir a pedra preciosa da 
aprendizagem. Contudo, para que a boa semente das técnicas psicomotoras 
possa crescer e dar frutos, é preciso que o psicomotricista cerque a sua 
área de intervenção de criatividade e ludicidade. Nesse sentido, o lúdico é a 
chave entre o mundo real e o imaginário para a criança, e essa abordagem 
não somente desperta a criança para a aula, como também favorece a sua 
espontaneidade e participação (CIPRIANO; MOREIRA, 2016).
Diante desse cenário, qual é a importância da psicomotricidade para 
a educação física escolar no ensino infantil? De acordo com Aquino et al. 
(2012, p. 256): 
[...] a psicomotricidade e a educação física estão intimamente interligadas, uma 
vez que são duas metodologias que visam a trabalhar com o corpo em movimento 
proporcionando à criança o desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo social, 
por meio das atividades motoras. Por meio do movimento, a criança desenvolve 
a cognição, já que as experiências corporais modificam o intelecto, a vida afetiva 
e as ações motoras do indivíduo.
Assim, é no mínimo questionável quando nos deparamos com práticas 
educativas no ensino infantil que impõem a restrição do movimento hu-
mano sob a prerrogativa de facilitar o aprendizado (AQUINO et al., 2012). 
Práticas de outrora sublinhavam a necessidade de se manter imóvel e em 
Psicomotricidade aplicada à educação infantil10
silêncio por um longo período, mas será, de fato, que esse é o caminho 
para o sucesso da aprendizagem escolar? Há quem diga que: “A exigência 
de contenção motora está baseada na ideia de que o movimento impede 
a concentração e a atenção da criança, prejudicando a aprendizagem [...]” 
(AQUINO et al., 2012, p. 247).
 É claro que uma total algazarra em sala de aula denota, no mínimo, 
a ausência do docente; se porventura este estiver presente, possui nota 
zero de intencionalidade pedagógica, não é mesmo? Nesse sentido, se 
o movimento é um aliado do desenvolvimento dos aspectos emocionais 
e cognitivos, por que não o ordenar de modo a alcançar tal êxito? É por 
isso que o papel do educador no ensino infantil vai muito além de vigiar 
as crianças enquanto elas brincam (BORRE; REVERDITO, 2019). O trabalho 
pedagógico precisa ter bem claro o seu alvo a longo, médio e curto prazo 
para que seja bem-sucedido, de forma que a educação infantil não seja 
apenas um mero passatempo para as crianças, mas sim um investimento, 
cujo aprendizado poderá contribuir sobremaneira para as demais etapas 
da escolarização que estão por vir. 
Nessa perspectiva, destaca-se a relevância de os educadores que atuam 
no ensino infantil, desde os pedagogos até os profissionais de educação 
física, buscarem aprofundar os seus conhecimentos acerca da teoria e 
das técnicas psicomotoras por meio da formação continuada. De acordo 
com Aquino et al. (2012), a psicomotricidade é uma valiosa ferramenta que 
poderá auxiliar no desenvolvimento das potencialidades e/ou diminuir as 
defasagens das crianças, de modo a estimular o desenvolvimento integral 
dos alunos. 
Nesse sentido, pode-se concluir que a psicomotricidade é uma ferra-
menta que poderá ser aplicada no ensinoinfantil, a fim de contribuir para 
o desenvolvimento integral das crianças. O educador que atua com esse 
público poderá oportunizar o desenvolvimento dos elementos psicomotores, 
de modo a estimular o aprendizado não somente dos aspectos emocionais 
e cognitivos, mas também dos motores. 
Quanto à linguagem corporal, cabe destacar o papel do profissional de 
educação física no ensino infantil, uma vez que tanto a psicomotricidade 
quanto a educação física escolar convergem para o mesmo objeto de trabalho: 
o corpo em movimento. Sendo assim, o educador poderá valer-se da teoria e 
das técnicas psicomotoras nos diferentes estágios de desenvolvimento das 
crianças, a fim de adequar as propostas pedagógicas à realidade escolar, 
bem como às limitações e potencialidades dos alunos. 
Psicomotricidade aplicada à educação infantil 11
Referências
AQUINO, M. F. S. et al. A psicomotricidade como ferramenta da educação física na educa-
ção infantil. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, v. 4, n. 14, p. 245–257, 2012.
BORRE, L. M.; REVERDITO, R. S. Educação física na educação infantil: tempos, espaços 
e os direitos da criança. Revista Corpoconsciência, Cuiabá, v. 23, n. 2, p. 96–108, 2019.
BRASIL. Lei nº 13.794, de 3 de janeiro de 2019. Dispõe sobre a regulamentação da 
atividade profissional de psicomotricista e autoriza a criação dos Conselhos Federal 
e Regionais de Psicomotricidade. Brasília: Presidência da República, 2019. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13794.htm. Acesso 
em: 1 dez. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. 
Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/. Acesso em: 1 dez. 2020.
CIPRIANO, L. S.; MOREIRA, E. A importância da ludicidade para o desenvolvimento 
da psicomotricidade na prática dos profissionais da educação infantil. In: PARANÁ. 
Secretaria da Educação. Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do 
professor PDE. Curitiba: Secretaria da Educação, 2016. (Cadernos PDE, v. 1). p. 1–16.
COSTA, C. F. et al. Professor de educação física na educação infantil na perspectiva 
da Base Nacional Comum Curricular. Biomotriz, Cruz Alta, v. 13, n. 4, p. 18–26, 2019.
FREITAS, N. A. O.; ALMEIDA, N. M. C. B.; TALAMONI, A. C. B. Educação infantil na base 
nacional comum curricular: pressupostos epistemológicos em Piaget, Vigotsky e Wallon. 
EDUCERE: Revista da Educação, Umuarama, v. 20, n. 2, p. 259–278, 2020.
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos 
testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da 
publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas 
páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores 
declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou 
integralidade das informações referidas em tais links.
Psicomotricidade aplicada à educação infantil12

Continue navegando