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1 Disciplina: Ação e Reação Autora: M.e Luciene Guiraud Revisão de Conteúdos: Esp. Murillo Hochuli Castex Revisão Ortográfica: Esp. Juliano de Paula Neitzki Ano: 2019 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Luciene Guiraud Ação e Reação 1ª Edição 2019 Curitiba, PR Editora São Braz 3 Editora São Braz Rua Cláudio Chatagnier, 112 Curitiba – Paraná – 82520-590 Fone: (41) 3123-9000 Coordenador Técnico Editorial Marcelo Alvino da Silva Revisão de Conteúdos Murillo Hochuli Castex Revisão Ortográfica Juliano de Paula Neitzki Desenvolvimento Iconográfico Juliana Emy Akiyoshi Eleutério FICHA CATALOGRÁFICA GUIRAUD, Luciene. Ação e Reação / Luciene Guiraud. – Curitiba: Editora São Braz, 2019. 90 p. ISBN: 978-85-5475-400-6 1.Consciência. 2. Ação. 3. Pertencimento. Material didático da disciplina de Ação e Reação – Faculdade São Braz (FSB), 2019. Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Sumário Prefácio ................................................................................................................. 06 Aula 1 – Despertando a consciência ...................................................................... 07 Apresentação da Aula 1 ......................................................................................... 07 1.1 Refletindo a ação ...................................................................................... 07 1.2 Conduta ética e questões relacionadas .................................................... 13 Conclusão da Aula 1 .............................................................................................. 21 Aula 2 – A consciência como princípio ................................................................... 23 Apresentação da Aula 2 ......................................................................................... 23 2.1 Da autoconsciência à consciência cósmica .............................................. 23 2.2 As leis invisíveis impressas na consciência .............................................. 31 Conclusão da Aula 2 .............................................................................................. 40 Aula 3 – A consciência da espiritualidade nas relações ......................................... 41 Apresentação da Aula 3 ......................................................................................... 41 3.1 Pertencimento e identidade ...................................................................... 42 3.2 As ordens fundamentais das relações ...................................................... 47 Conclusão da Aula 3 .............................................................................................. 56 Aula 4 – Espírito, consciência e cérebro ................................................................ 58 Apresentação da Aula 4 ......................................................................................... 47 4.1 Níveis de consciência ............................................................................... 59 4.2 Níveis neurológicos e a aprendizagem ..................................................... 58 Conclusão da Aula 4 .............................................................................................. 76 Índice Remissivo ................................................................................................... 61 Referências ........................................................................................................... 62 6 Prefácio Ação e reação é uma disciplina do curso de pós-graduação em Pedagogia Sistêmica que traz possibilidades de reflexões e compreensão de conceitos de distintas áreas do conhecimento científico na perspectiva de agregar, conectar e ampliar a percepção do todo. As dificuldades encontradas na área educacional, a improdutividade que tantas vezes resulta em angústia e caos na prática pedagógica, os problemas enfrentados no processo de ensino, aprendizagem e nos relacionamentos entre os sujeitos, a velocidade na qual as transformações sociais acontecem, bem como o despreparo para ensinar dentro de um contexto social mutável, conturbado e carregado de incertezas, revelam que é imprescindível alterar o modo de entendimento e atuação nos espaços educativos. Assim, a disciplina Ação e Reação objetiva romper com a exclusividade do pensamento reducionista-mecanicista da ciência tradicional, que aceita somente a materialidade, dominante na prática pedagógica, não o negando, mas sim se conscientizando de que a consolidação de um paradigma científico alternativo, abrangente e integrador, torna o sujeito capaz de prover-se de ideias transformadoras que podem modificar a sua individualidade, bem como as suas práticas e, com isso, reestruturar a instituição social na qual atua. Dessa forma, a disciplina se fundamenta, sobretudo, nos conhecimentos trazidos pelo conceito e princípio quântico de Amit Goswami, pela visão sistêmica de Frijot Capra e Bert Hellinger, perpassando pelo pensamento complexo de Edgar Morin e demais autores que trazem em seus estudos a possibilidade da compreensão do todo, de que os sistemas são totalidades integradas, interconectadas, inter-relacionadas. Diante disso, as reflexões propostas se pautam nas temáticas sobre as leis invisíveis; desordens sistêmicas no ambiente escolar, no ambiente hospitalar e no ambiente corporativo; inclusão e pertencimento; as ações e reações físicas; interação com o ambiente; níveis neurológicos; agrupamento, otimização e soluções de objetivos em interações específicas (pessoas e ambientes); conduta ética e questões relacionadas, tendo como pressuposto devolver unidade àquilo que se encontra separado. 7 Aula 1 – Despertando a consciência Apresentação da aula 1 Muitas são as dificuldades enfrentadas por todos os que exercem suas atividades profissionais na área educacional. A tentativa de se adaptar a uma nova cultura de trabalho requer uma profunda revisão na maneira de ensinar e aprender. Mais do que reconsiderar a ação pedagógica, é necessário o despertar para a consciência de qual ação está sendo posta e de que esta, enquanto causa, gera efeitos que são observados em determinado tempo e espaço. Assim, sejam as açõesassertivas ou não, certamente também o serão as reações de que delas se originaram. É preciso romper certas barreiras e agregar novos conhecimentos, dando lugar a uma nova visão de mundo, pautando-se em uma conduta ética. É o que propõe a temática que estará sendo refletida a seguir. 1.1 Refletindo a ação A forma como professores e pedagogos pensam e entendem educação influenciará significativamente suas ações profissionais. Revisitar a ação que se empreende, no sentido reflexivo da palavra, muitas vezes automaticamente, outras com consciência do que se está fazendo, é condição sine qua non para avançar e evoluir. Nas palavras de Motomura (1995), é uma postura que exige: (...) uma grande abertura de nossa parte. Uma abertura que só é possível quando abrimos mão de nossos arcabouços atuais de pensamento, nossas premissas, nossas teorias, nossa forma de ver a própria realidade, e nos dispomos a considerar uma outra forma de entender o mundo e a própria vida. O desafio maior está em mudar a nossa maneira de pensar... (p. 9). Vocabula rio Sine qua non: locução adjetiva, do latim, que significa “sem a qual não”, faz referência a uma ação ou condição que é essencial. 8 Estudos de Moraes (1996) apontam que a origem das dificuldades da escola se encontra “no modelo da ciência, que prevalece num certo momento histórico, nas teorias de aprendizagem que o fundamentam e que influenciam a prática pedagógica”. (MORAES, 1996, p. 58). Vale ressaltar que há muitos séculos a ciência positivista influencia vários setores da sociedade ocidental e, num ciclo constante, a escola a reproduz desde como se organiza enquanto instituição, passando pelas práticas pedagógicas e também por meio dos conhecimentos que são disponibilizados aos alunos. Para melhor compreensão de como se originou toda a influência que está sendo apontada, o pensamento de Capra (1995) é bastante pertinente. O autor refere-se, em uma de suas obras, ao fato de que o filósofo grego Aristóteles acreditava que a essência somente poderia se tornar real por meio da forma, uma vez que para ele a matéria continha a natureza essencial de todas as coisas. O pensamento ocidental foi dominado durante toda a Idade Média pela filosofia aristotélica (entre os séculos V e XV), cuja compreensão apresentava um mundo espiritual e orgânico. A partir dos séculos XVI e XVII, a visão medieval impulsionada pelas descobertas da Física, Astronomia e Matemática, período caracterizado então pelo que se conhece como revolução científica, “cedeu lugar ao entendimento de que o mundo seria como uma máquina, regido por leis matemáticas exatas” (GOMES et al, 2014, p. 4). Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, René Descartes, Francis Bacon e Isaac Newton são alguns dos mais conhecidos representantes daquele momento histórico, o qual deu origem ao que também é chamado de mecanicismo cartesiano (visão cartesiana, linear). Nas palavras das autoras, O método analítico, um dos símbolos dessa revolução, foi criado por Descartes e consistia no pressuposto de que, quebrando os fenômenos complexos em partes, se poderia compreender o comportamento do todo a partir das propriedades das partes (IBIDEM, p. 5). O modelo de pensamento mecanicista foi avançando ao longo dos séculos e, apesar de em períodos subsequentes outros cientistas resgatarem as ideias aristotélicas que se concentravam na natureza de forma orgânica, como os filósofos Kant e Goethe (séc. XVIII) e o naturalista e zoologista Cuvier (séc. XIX), o pensamento cartesiano/newtoniano perdurou. (GOMES et al, 2014). Para 9 Goswami (1998), “Descartes dividiu a realidade em dois reinos separados – mente e matéria”. (GOSWAMI, 1998, p. 28). Origina-se aí a consolidação do pensamento dominante, ou seja, pautado na lógica, razão e objetividade. Durante os séculos XVIII e XIX surgem algumas correntes ideológicas na Filosofia, como o Iluminismo, o Marxismo, o Idealismo Alemão, o Pragmatismo e o Positivismo. Nesse período (século XVIII), concretizou-se a ruptura entre ciência e religião, separação que teve seu início no final do século XV. Foi uma ruptura gradativa. Primeiramente, rompeu-se a antiga relação entre a filosofia e a ciência, (esta buscava conhecimento independente e metodologicamente comprovado). As duas formas de enxergar o mundo passaram a concorrer, o que, somado à expansão do protestantismo, incentivou a Igreja Católica a endurecer sua doutrina, proibindo a circulação de obras literárias e científicas, entre outras formas de controle – (A Santa Inquisição) (GASPARINI, 2011). Ví deo O filme O Nome da Rosa, baseado no livro de Umberto Eco, retrata o mundo quando dominado pela Igreja Católica, que detinha o saber, educava o povo com vistas à submissão e exercia grande influência sobre muitos governos. Poderá ser visto, de forma bastante realista, a instalação de um tribunal da Santa Inquisição. (1980). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uqL7gn13JoQ De acordo com Rossoni (2003, p. 174), o Positivismo, “que até hoje exerce influência no meio cientifico, afirma que só se pode ter como verdadeiro aquilo que aparece aos nossos sentidos e que pode ser mensurado”. Ideia que contempla a objetividade (por meio do método científico), em detrimento à subjetividade (subordinação da imaginação e da argumentação à observação). Essa corrente filosófica tem como seu principal representante Auguste Comte, considerado o pai da Sociologia. No entanto, o surgimento da Sociologia está vinculado à consolidação do capitalismo moderno e foi reconhecida como ciência a partir dos estudos de Émile Durkheim, no final do século XIX (ARON, 2008). Sendo o Positivismo uma corrente filosófica que traz ainda muitas influências no âmbito educacional, vale ressaltar também a seu respeito que sua 10 gênese ocorreu em um período de profundas mudanças sociais, econômicas, políticas, ideológicas, tecnológicas e científicas, advindas da consolidação do Capitalismo Industrial. A razão tomou lugar de destaque na sociedade do século XIX (VALENTIM, 2010). O século XX trouxe debates no mundo científico, nas mais diversas áreas de conhecimento. Outras visões foram postas e algumas trouxeram embates e resistências. A Biologia Organísmica ou Organicismo surge como um movimento de oposição ao mecanicismo, e dela emerge a Ecologia, cujo estudo compreende as relações que interligam os organismos, a visão dos sistemas vivos como redes. Para Capra (1995), não existe hierarquia na natureza e, sim, redes que se formam dentro de outras redes. Paralelamente à Ecologia, surge a Física Quântica, “que contraria o pensamento newtoniano predominante até então, segundo o qual todos os fenômenos físicos poderiam ser reduzidos às propriedades de partículas materiais rígidas e sólidas” (GOMES et al, 2014, p. 6). Para o pensamento quântico, que entende o universo interconectado, “a origem de todos os problemas que a sociedade enfrenta está na ideia mecanicista de que há um conflito entre espírito e matéria” (GOSWAMI, 2010, p. 8). Pensamento quântico Fonte: https://www.wonderopolis.org/wp- content/uploads/2017/03/Quantum_Physicsdreamstime_xxl_60222747.jpg 11 Assim, a concretização de um novo paradigma científico, tendo como base a Física Quântica, “redescobre a espiritualidade, ao afirmar que é a consciência, e não a matéria, o substrato para tudo o que existe” (op.cit). Dessa forma, os físicos quânticos comprovam em suas pesquisas que “o universo é uma totalidade ininterrupta e indivisível, na qual todos os seres e fenômenos estão interligados numa teia viva”. (ARAÚJO, 1999, p. 167). Nas palavras de Capra (1995), enquanto no pensamento reducionista-mecanicista “as propriedades e o comportamento das partes determinam as do todo”, a situação se inverte no pensamento quântico, “é o todo que determina o comportamentodas partes”. (p.32). Outras ciências avançaram em suas pesquisas dentro da concepção defendida pela Biologia, pela Ecologia e pela Física Quântica. É o caso da Psicologia da Gestalt, que, “liderados por Max Wertheimer e por Wolfgang Köhler, reconheceram a existência de totalidades irredutíveis como o aspecto- chave da percepção”. (CAPRA, 1995, p. 33). Consolida-se então a visão holística, ou seja, a forma de perceber a realidade pelo todo. Ví deo No filme Ponto de Mutação (Mindwalk, 1982), dirigido por Bernt Amadeus Capra, uma cientista, um poeta e um político discutem Física Quântica, Ecologia e os novos paradigmas que poderiam levar a humanidade a caminhar rumo a uma consciência ecológica cada vez maior. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7tVsIZSpOdI Algumas teorias foram tomando corpo, cada qual dentro de sua área de interesse, estabelecendo conexões entre si, buscando aprofundamento e se inter-relacionando. A visão holística evolui para um princípio hologramático, que significa que “não apenas a parte está no todo, mas o todo está na parte”. (MORIN, 2011, p.74). 12 Saiba Mais O princípio hologramático traz a ideia do holograma. O holograma é uma imagem física, concebida por Gabor que, diferentemente das imagens fotográficas e fílmicas comuns, é projetado ao espaço em três dimensões, produzindo uma assombrosa sensação de relevo e cor [...]. O holograma demonstra, portanto, a realidade física de um tipo assombroso de organização, na qual o todo está na parte que está no todo, e na qual a parte poderia ser mais ou menos apta a recriar o todo (MORIN et al.,2003, p. 34). Nessa perspectiva, surge o pensamento sistêmico, o pensamento complexo, o pensamento quântico. Em síntese, surge uma integração de paradigmas. Uma atitude que supõe a convergência de diversas perspectivas, o que só é possível com critérios holísticos/hologramáticos. Nas palavras de Araújo (1999, p. 165), “apontando para a relação dialógica de coexistência fecunda e criadora entre a Ciência, a Arte, a Filosofia e as tradições espirituais”. Assim entendido, a análise prévia que se pode fazer nesse momento é a constatação de que o paradigma holístico e todas as vertentes que nele se baseiam para fazer ciência (visão sistêmica, visão complexa, visão quântica), traz transformações substanciais em pensamentos, percepções e valores, sem a necessidade de romper com o anterior. Afinal, as partes compõem o todo. Entretanto, o todo não pode ser reduzido às suas partes. Como bem cita Morin (2005), as transformações começaram a romper com as verdades absolutas da ciência determinista, mesmo que ainda perdurem. Não dissolvidas, mas sim em metamorfose. Enquanto os físicos acreditavam, em 1900, que sua ciência suprema estivesse quase completa, essa mesma física começava uma nova aventura, arruinando seus dogmas. A pré-história das ciências não terminou no século 17. A idade pré-histórica da ciência ainda não está morta no fim do século 20. Mas em toda parte, cada vez mais, tende- se a ultrapassar, abrir, englobar as disciplinas, e elas aparecerão, pela ótica da ciência futura, como um momento de sua pré-história Isso não significa que as distinções, as especializações, as competências devam dissolver-se. (...) Não haverá transformação sem reforma do pensamento, ou seja, revolução nas estruturas do próprio pensamento. O pensamento deve tomar-se complexo (MORIN, 2005, p.10). 13 Deve-se compreender a necessidade de “considerar o todo em sua complexidade e organização; assim, embora o indivíduo faça parte da família, ele mantém sua individualidade” (GOMES et al, 2014, p. 7), e de buscar um novo olhar sobre áreas pouco exploradas, como as Tradições Antigas, a Parapsicologia, a Teosofia, a Logosofia e demais ciências que foram sido deixadas à margem, embora algumas sendo consideradas pseudociências pela comunidade científica, por não contemplarem os critérios do método científico aceito. No entanto, é notório se ter consciência de que uma linha tênue separa ciência de pseudociência. Diante disso, a reflexão fundamental a ser feita, de acordo com o que Pinto (2014) cita em sua pesquisa, é a de que “há ainda muito trabalho filosófico importante a ser feito sobre a demarcação entre ciência e pseudociência” (p. 21). Dessa forma, buscar analisar e concentrar os estudos em pesquisas de cientistas íntegros e respeitados em seus trabalhos, com uma vasta produção científico-acadêmica, certamente trará credibilidade ao conhecimento que se pretende construir e afastamento dos equívocos amplamente disponibilizados na sociedade, tanto na mídia impressa quanto na virtual. Acima de tudo, é olhar por meio da ética e da responsabilidade. Mas, afinal, o que se entende por ética? O que significa ética atualmente? Como a ética pode interferir na ciência, na vida cotidiana e na prática docente? 1.2 Conduta ética e questões relacionadas Neste momento serão abordados as questões e os estudos que envolvem o que se entende por ética no campo da ciência, mais precisamente da Filosofia, que a estuda. Não será uma abordagem aprofundada, pois não é o propósito, e estará voltada em especial à Educação, à Pedagogia enquanto Ciência da Educação e à formação dos professores. Trazer os conceitos filosóficos sobre ética se torna indispensável no que diz respeito às ações que se pretende refletir, bem como à consciência que se almeja atingir. O aspecto ético deve pautar tanto a prática educativa quanto a formação dos professores, além de também regular o comportamento moral da vida em sociedade. Atualmente, a ética é vista como parte da Filosofia que se propõe a estudar, refletir e tecer considerações a respeito de como as pessoas devem (ou 14 deveriam) se comportar moralmente, relacionando a moral como uma prática, entendida por Cortella (2009, p. 103) como o “exercício das condutas”. Para esse autor, “o que marca a fronteira da nossa convivência [...] é aquela perspectiva para olharmos os nossos princípios e os nossos valores para existirmos juntos [...]”. (CORTELLA, 2009, p.102). Assim, ética se dá a partir das relações que se constituem por meio de um conjunto de princípios morais estabelecidos. Moral e ética estão profundamente interligadas. Enquanto a primeira atua de forma interna e individual, da consciência do ser, a segunda se constitui numa relação social, de forma externa, representada pelo conjunto de normas – a legalidade – e da relação que o indivíduo estabelece com tais normas. (GONZÁLEZ, 1997/1998). Nas palavras de Cortella, em palestra sobre o tema (2006), “a ética se resume em responder três questões da vida humana: querer, poder e dever. Têm coisas que queremos, mas não podemos; têm coisas que podemos, mas não devemos; e têm coisas que devemos, mas não queremos”. Ví deo No vídeo Ética do Cotidiano, os filósofos Mario Sergio Cortella e Clóvis de Barros Filho discorrem a respeito do conceito de ética e o aperfeiçoamento de condutas para a convivência em sociedade. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=9_YnlPXKlLU Ao se analisar na perspectiva da ética na ciência, a conduta é a mesma. Afinal, ética é comportamento e, como tal, pauta os fazeres e a respectiva responsabilidade social. Enquanto “a ciência se ocuparia da geração de conhecimento sobre o mundo; a ética, da discussão das ações humanas, no que diz respeito às suas repercussões sobre a felicidade e bem-estar de outros seres humanos ou quaisquer outros seres” (CHIBENI, 2019, p. 1). Assim, exemplificando, a elaboração do material para a disciplina Ação e Reação esteve pautada na ética, respeitando os pensamentos dos autores, os quais fundamentaram a pesquisa, não se apropriando dos conceitos, mas, por meio deles e das reflexões que permitiram, foram criando-se e recriando-se os próprios conceitos das temáticas postas em discussão.O critério utilizado para 15 a seleção das ideias e conceitos postos foi, acima de tudo, pertinente à qualidade profissional dos respectivos autores, ou seja, somente estudiosos das áreas abordadas que têm sua validade no âmbito acadêmico-científico. Nas palavras de Morin (2005), "uma ciência empírica privada de reflexão e uma filosofia puramente especulativa são insuficientes, consciência sem ciência e ciência sem consciência são radicalmente mutiladas e mutilantes..." (p. 11). Fazer ciência com consciência. Nisso incide a responsabilidade moral e ética em fazer ciência. A ética pode ser definida como o comportamento adotado nas relações sociais que se constituem por meio de um conjunto de princípios morais estabelecidos, cuja essência é a empatia e o respeito. Afinal, colocar-se no lugar do outro, imprimir determinada ação de acordo com o que se espera e se entende ser o correto, é uma atitude de consideração. No entanto, agir eticamente e ter confiança de que assim se está fazendo gera, muitas vezes, alguma tensão. Conforme aponta Gonzalez (1997/1998): Tensão entre o ser (o que é) e o dever-ser; ou ainda, entre o ser e as tendências e possibilidades históricas do dever-ser. Tensão a partir da qual flui nossa capacidade (mas também nossa incapacidade) de responder historicamente/socialmente: como penso e como devo pensar? E que possibilidade de pensar de modo alternativo, diverso e/ou adverso ao modo de pensar instituído, dominante, posso (podemos) criar? Como ajo e como devemos agir? Como vivo e como devemos viver? E mais: quais as possibilidades de superarmos nossas atuais formas e meios de agir e viver? E, ainda, que instrumentos, que mediações poderíamos criar para pensar, agir e viver de maneira radicalmente inovadora? (p.172). Tais questões emergem do inconsciente (chamado potentia, na física quântica), da alma, da consciência, em todas as circunstâncias das relações humanas que se estabelecem por meio de atitudes éticas e empáticas. “O mundo no qual eu vivo não é só o mundo de corpos físicos, é também um mundo de sujeitos alheios, outros a mim, e eu sou o conhecimento desta experiência vivenciada” (STEIN, 2003, p. 70 apud GRZIBOWSKI; BAREA, 2015, p. 36). A ética, compreendida dessa forma, está além das normas estabelecidas. Além da razão, a emoção e a sensibilidade a tornarão possível. 16 Para Refletir E como se dão as questões éticas no âmbito educacional e em suas instituições? As relações entre os campos da responsabilidade, da empatia e da ética e suas finalidades no universo educacional devem ser discutidas a partir da ideia do surgir de outra consciência, na qual educação e formação ética se encontrariam obrigatoriamente em via de mão dupla (BASSALOBRE, 2013). Ao imprimir ação nos espaços educativos, deve-se ter uma visão ampla da realidade, de como é aquele espaço, que sujeitos ali circulam, com qual finalidade, quais paradigmas norteiam a ação, o que se pretende alcançar, aonde efetivamente se quer chegar. Estudos de Moraes (1996) apontam que: Ao mesmo tempo em que a educação é influenciada pelo paradigma da ciência, aquela também o determina. [...] Uma ciência do passado produz uma escola morta, dissociada da realidade, do mundo e da vida. Uma educação sem vida produz seres incompetentes, incapazes de pensar, construir e reconstruir conhecimento. Uma escola morta, voltada para uma educação do passado, produz indivíduos incapazes de se autoconhecerem, como fonte criadora e gestora de sua própria vida, como autores de sua própria história (MORAES, 1996, p. 58). A escola, enquanto instituição educacional, é regulada por um paradigma reducionista-mecanicista, influenciada ainda por posturas nas quais a lógica e a racionalidade devem prevalecer, em que mente e matéria, divididas, fragmentadas, não estão em conformidade com a realidade que se mostrou durante o século XX e primeiras décadas do século XXI. Um tempo marcado por interesses diversificados, fragilizado em valores, marcado por crises, violência, desigualdades, corrupção em todos os níveis, desrespeitos generalizados. Uma sociedade cujos valores éticos são capengas. Mas o que faz a escola, diante disso? [...] continua dividindo o conhecimento em assuntos, especialidades, subespecialidades, centrada no professor e na transmissão do conteúdo que, em nome da transmissão do conhecimento, continua [...] produzindo seres subservientes, obedientes, castrados em sua capacidade criativa, destituídos de outras formas de expressão e solidariedade (MORAES, 1996, p. 59). 17 Importante Quando o debate em torno dos aspectos e modos de conduzir as práticas permanece quase que infindavelmente, o que afirmam normalmente os professores? Que são engessados pelo “sistema”, e nada ou pouco fazem para reverter o que está posto. Então, novamente, a discussão leva para as reflexões sobre ética. Certamente aqui há um relativismo moral, uma ética da conveniência, expressão cunhada por Cortella, que em sua ponderação no debate com Barros Filho traduz o modo como se orientam determinadas escolhas. É conveniente apontar para algo ou alguém evitando puxar também para si a responsabilidade de reverter os problemas, os conflitos, o comportamento impróprio do outro. Atitude que se pode considerar como antiética e imoral. Muitas são as ações no âmbito escolar que denotam comportamentos antiéticos e imorais. Culturalmente aceitos às vezes, punidos em outras circunstâncias, justificados pelos mais variados motivos, e que não são responsabilizados pelos conflitos que originam. Há tentativas de solução de problemas sem, contudo, atacar a raiz da situação. O foco é o problema que surge, mas não as variáveis que o originam. “Toda vez que o foco está em alguma coisa, fica descaracterizada a ideia de complexidade, diversidade, pluralidade” (BARROS FILHO; CORTELLA, 2014, p. 17). Poder-se-ia aqui enumerar uma vasta lista de ações que não se pautam na ética, na empatia, na responsabilidade e que estão presentes no interior das instituições educacionais. Não é o propósito desta disciplina. Como dito anteriormente, o objetivo é refletir sobre as ações, despertando a consciência, rompendo barreiras para tal, observando a realidade posta e buscando compreender que há um universo de possibilidades. Entender que sem a nítida consciência do real não o transformamos, nem sequer o aprimoramos e que dentre o universo de possibilidades, a ética é uma escolha. Não há sistema que impeça atitudes e condutas éticas. É muito comum ouvirmos coisas do tipo: “O problema é o sistema”. Aliás, o “problema do sistema” é um argumento que serve hoje como desculpa para tudo. (...) Eu gostaria de lembrar, no entanto, um detalhe: o que há no mundo da vida são pessoas. E seja qual for o sistema, sempre haverá a possibilidade de dizer: “Este jogo eu não jogo”. Não me venham querer fazer acreditar que as condições de vida 18 possam ser tais que eu me veja impedido, em última instância, até mesmo de recusar-me a participar do jogo quando não houver nenhuma possibilidade de que ele seja conduzido como eu quero. Dizer, portanto, que o sistema constrange à corrupção sem que haja nenhuma possibilidade de questionamento me parece extremamente confortável para todos aqueles que buscam, muitas vezes, tirar de si a responsabilidade pelas escolhas diárias [grifo nosso] (BARROS FILHO; CORTELLA, 2014, p. 40). Esse “sistema” que tantas vezes é referendado, uma entidade simbólica para um conjunto de ações, determinações e intenções, tem seu foco no resultado. Entretanto, a ação pedagógica é processo. Consideravelmente uma contradição. Manter o foco no resultado, como considerado anteriormente, é influência de uma visão mecânica, fragmentada, reducionista, que impede o entendimento do todo. Todas as coisas (objetos materiais, pensamentos e ideias, condutaséticas, o valor da religião e da espiritualidade, a interpretação sobre livre-arbítrio, a criatividade na busca do potencial humano) têm sido objeto de dúvidas e conflitos motivados pelas “afirmações categóricas e desmedidas da ciência convencional em prol do materialismo científico” (GOSWAMI, 2010, p. 14). No âmbito das discussões sobre condutas éticas, qual é o resultado possível que tornaria justo o caminho que se utiliza para nele chegar? Para Barros Filho e Cortella (2014), “do ponto de vista ético, é exatamente a justeza do lugar ao qual queremos chegar que fará com que utilizemos apenas meios justos para alcançá-lo” (p. 22). Os fins podem justificar os meios? É imperioso refletir, portanto, quais os fins da ação educativa e quais os meios que se estão lançando mão para tal. São questões pertinentes de serem refletidas nesse momento e durante todo o percurso das ações pedagógicas. Na ciência, nas instituições, na prática docente, no cotidiano, ou em qualquer instância em que se estabeleçam as relações, os valores humanos devem ser considerados prioridade. Dessa forma, a ética tem que ser tratada na perspectiva de emoções, de sensações, de empatia, como dito anteriormente, de altruísmo. Certamente um comportamento altruísta tem significado entrelaçado com a ética. Para Goswami (2015, p. 188), “o esquema conceitual que procura incorporar o comportamento altruísta em nossa norma usual é chamado ética”. Para esse autor, que traz a perspectiva da física quântica como uma nova ciência que se baseia em Deus (consciência não local) e, por meio 19 dele, a possibilidade de recondução da ética e dos valores ao centro da vida humana, “o altruísmo é um comportamento real, empiricamente comprovado, e não é compulsório para todos” (IBIDEM, p. 189). Portanto, durante o século XX e as primeiras décadas do século XXI, ciência e espiritualidade iniciam um processo de reconciliação, por meio dos estudos de alguns cientistas cujos pensamentos contemplam a visão do todo como uma relação entrelaçada das partes. A visão materialista não dá conta de responder a toda complexidade do mundo, da natureza, do ser humano, do universo. Agora, uma parte da ciência redescobre Deus, “um princípio organizador, um princípio criativo causalmente poderoso além da matéria”, (GOSWAMI, 2005, p. 43), matriz divina, consciência, mente natural, mente divina, ondas de infinitas possibilidades, consciência quântica. “alguns o chamam pela expressão mais objetiva campo quântico, ou, seguindo a filosofia oriental, campo akáshico” (LASZLO, 2004 apud GOSWAMI, 2015, p. 27). Akasha é uma palavra em sânscrito que significa céu, espaço ou éter, estudado na Teosofia, no Hermetismo, na Filosofia Hindu, na Psiquiatria, no Espiritismo, no Paganismo e no Ocultismo. Saiba Mais Místicos e sábios têm sustentado, desde há muito tempo, que existe um campo cósmico que interliga tudo nas raízes da realidade e que conserva e transmite informação, um campo conhecido como registro akáshico. Recentes descobertas na física do vácuo mostram que esse campo akáshico é real e tem seu equivalente no campo do ponto zero da ciência, que é subjacente ao próprio espaço. Esse campo consiste em um mar sutil de energias flutuantes do qual emergem todas as coisas: átomos e galáxias, estrelas e planetas, seres vivos e até mesmo a consciência. (LASZLO, 2004). Assim entendido, conceituar ética apenas do ponto de vista material, de comportamento, conduta, atribuindo-a simplesmente a processos cerebrais e redes neurais não produziria uma apreensão completa. Dessa forma, lança-se mão do entendimento, contemplando a visão espiritual, ou seja, num movimento único e pleno, em todas as direções, ondas de energia entrelaçadas, pura 20 energia, vibratória, que produz efeito (reação) e também é a causa (ação) entre corpo, mente, consciência, espírito. Ou seja, “a consciência é o fundamento de todo ser e nossa autoconsciência é Essa consciência” (GOSWAMI, 1998, p. 311). Em síntese, a ética é uma reflexão sobre a moral. Esta define padrões sobre o que se julga ser certo ou errado, bom ou mau, justo ou injusto, legal ou ilegal na conduta humana e na tomada de decisões, em todas as etapas e relacionamentos da vida. Ser ético implica ter empatia, sensibilidade diante das pessoas e situações, altruísmo, integridade, consciência. Na perspectiva quântica, a consciência não é somente individual, ela é consciência cósmica, transcendental, ou seja, “a nossa consciência, não na forma da consciência-ego ordinária, mas como uma consciência superior, na qual somos todos um”. (GOSWAMI, 2018, p. 15). E, nessa perspectiva de unidade, há um conjunto de códigos a serem postos em prática – moralmente, ser ético implica em respeitar determinados princípios para o melhor convívio entre todos. A dimensão moral de cada indivíduo é regida por leis morais invisíveis, oriundas da consciência cósmica, leis universais. Assunto que será abordado em outro momento. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia a obra Consciência Quântica, de Amit Goswami, que mostra uma nova e integradora visão da existência e da origem com base nos princípios da física quântica. Não somos apenas espírito, tampouco puramente matéria: somos todos “consciência quântica”, um conceito divisor de águas para a compreensão da existência. 21 As reflexões realizadas até o momento são uma abertura para mudanças no campo pessoal, profissional e social, centrando no poder de decisão de cada um, no pensamento íntegro e ético, na perspectiva de possibilitar a efetivação de soluções para muitos problemas ainda considerados impossíveis. É imprescindível que se rompam as barreiras postas, que a consciência desperte para outras possibilidades que surgem na forma de entender o mundo e as relações que se estabelecem. A maioria dos problemas atualmente existentes na área educacional persiste há muito tempo, pois ainda o foco se concentra nos resultados, reforça- se a separação de realidades inseparáveis, se vê a mente separada do corpo e conhecimentos desconectados. O desenvolvimento humano depende da capacidade de reflexão, do aprimoramento de habilidades de pensar e saber, de entender que se é mais do que matéria, que há uma essência em cada criatura. Buscar uma educação que priorize a transcendência do ser, que esclareça que há uma consciência além da mente, que permita aceitar a inter-relação e interdependência dos elementos e que reconheça os processos de mudanças, de trocas, de complementaridade, não apenas sob o ponto de vista de processos cerebrais e redes neurais, mas também entre corpo, mente, consciência, espírito. Conclusão da aula 1 Nesta aula foram analisadas as necessidades de rompimento com o paradigma cartesiano que influencia a forma de pensamento do universo educacional, abrindo possibilidades para fazer emergir uma nova visão e, por meio dela e da mudança de pensamentos, considerar a tomada de novas ações. (MOTOMURA, 1995; MORAES, 1996). Para tal, foi feito um breve percurso histórico da ciência na sociedade ocidental, identificando as influências que esta exerce na coletividade, nas práticas pedagógicas, na cultura escolar como um todo. Foi revisto, resumidamente, o período em que o pensamento materialista se originou, ascendendo a visão de que o mundo seria como uma máquina, regido por leis matemáticas exatas. René Descartes criou o método analítico, que consistia no pressuposto de que, quebrando os fenômenos complexos em partes, se poderia 22 compreender o comportamento do todo a partir das propriedades das partes (GOMES et al, 2014). Houve, a partir disso, a divisão da realidade em dois reinos: mente e matéria. As questões relativas à espiritualidade, por não se explicarem por meio da lógica, da razão e objetividade, foram relegadas ao segundo plano.Ciência e religião se dissociam (GOSWAMI, 1998). Durante os séculos XV a XIX, surgem algumas correntes filosóficas entre elas, como o Positivismo, exercendo grande influência no meio científico e afirmando que só se pode ter como verdadeiro aquilo que aparece aos sentidos físicos e o que se pode mensurar. (ROSSONI, 2003). Isso trouxe a ideia que contempla a objetividade (por meio do método científico) em detrimento à subjetividade (subordinação da imaginação e da argumentação à observação). O século XX foi marcado por debates no mundo científico, outras visões foram colocadas e algumas trouxeram embates e resistências, sendo postas como pseudociências, por não contemplarem os critérios do método científico aceito. A Biologia Organísmica ou Organicismo, a Ecologia, a Física Quântica, a Psicologia da Gestalt, começaram a defender a inter-relação, interconexão, a visão do todo, visão holística. Inicia-se então, um novo paradigma científico, tendo como base a Física Quântica, que redescobre a espiritualidade ao afirmar que é a consciência, e não a matéria, o substrato para tudo o que existe. Os físicos quânticos comprovam em suas pesquisas que o universo é uma totalidade ininterrupta e indivisível, na qual todos os seres e fenômenos estão interligados numa teia viva (GOSWAMI, 2010; ARAÚJO, 1999; CAPRA, 1995). O paradigma holístico/hologramático traz transformações substanciais em pensamentos, percepções e valores, sem a necessidade de romper com o anterior. Afinal, as partes compõem o todo. Entretanto, o todo não pode ser reduzido às suas partes. As transformações começaram a romper com as verdades absolutas da ciência determinista, mesmo que ainda perdurem. Não dissolvidas, mas sim em metamorfose (MORIN, 2005). Por existir uma linha tênue separando ciência de pseudociência, se torna necessário seguir critérios na escolha de fundamentação para produção de conhecimentos que se pretende adquirir, adotando sempre uma conduta ética e responsável na elaboração de conceitos científicos, ou seja, fazer ciência com consciência (MORIN, 2005). O aspecto ético deve pautar tanto a prática 23 educativa quanto a formação dos professores, além de também regular o comportamento moral da vida em sociedade. Atividade de Aprendizagem O aspecto ético deve pautar tanto a prática educativa quanto a formação dos professores, além de também regular o comportamento moral da vida em sociedade. Redija um texto que deverá ter no mínimo 5 linhas e no máximo 10 linhas a respeito do que sejam condutas éticas e antiéticas na prática educativa. Exemplifique. Aula 2 – A consciência como princípio Apresentação da aula 2 Tendo em vista as fragilidades e limitações do estatuto da objetividade na realidade do mundo e o discernimento da “consciência” como o substrato para tudo o que existe, neste momento serão abordadas algumas considerações que buscam apresentar determinadas características fundamentais dos seres conscientes, de suas condutas, de suas dimensões morais, regidas por leis invisíveis, oriundas da consciência cósmica, leis universais, bem como sobre as possibilidades da “consciência” enquanto princípio da percepção ou ideia da unidade fundamental de toda existência (somos todos “um”), de que tudo é energia que se expande e vibra. As temáticas a seguir serão refletidas na perspectiva de melhor compreensão do paradigma proposto. 2.1 Da autoconsciência à consciência cósmica Todo rompimento de paradigma remete à ação de sair de um campo da acomodação, gerando o efeito de desconforto e desacomodação, tornando-se um dilema. No entanto, a decisão de mudança está na visão que se tem do sentido da vida e no livre-arbítrio de cada um (apesar de o determinismo mecanicista rejeitar a ideia de que os homens tenham livre-arbítrio). A respeito 24 da possibilidade de mudança, ou transformação, o debate vem de muito tempo, valendo relembrar que: Situam-se nos filósofos pré-socráticos as disputas referentes à querela estabilidade/permanência. Para Heráclito, tudo está em permanente estado de atualização, tudo flui com o passar do tempo, nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio, pois, quando lá voltamos, nem o rio nem nós somos os mesmos. Como conhecer, como ter crenças verdadeiras justificadas em um mundo que desvanece? Outra perspectiva é a de Parmênides, para quem somente existe a possibilidade de conhecer o que permanece, o que é essencial e imutável. Ora, nas mais diversas acepções, a pessoa é algo em permanente estado de atualização (MACHADO, 2016, p. 20). Assim refletido, cabe compreender que, para resolver um problema, há a necessidade de colocá-lo sob uma ótica diferente daquela que o criou. É preciso permitir atualização, abrir para outras dimensões da realidade. Diante das diversas turbulências no cenário social e, em consequência, nos espaços educativos, romper as barreiras, sair do casulo e trazer outros paradigmas para produzir conhecimento é a primeira atitude para se encontrar o caminho para as soluções desejadas. Transformação Fonte: https://amenteemaravilhosa.com.br/wp-content/uploads/2017/04/transformacao- do-destino.jpg Diante disso, alguns pesquisadores das mais diversas áreas científicas têm se debruçado em estudos sobre a “consciência”, ampliando a rede dos 25 conhecimentos já elaborados. É uma temática que traz muito impacto no meio científico, assim como também acarreta divergências entre as visões reducionista/mecanicista e holística/hologramática. É difícil perder velhos hábitos. E nisso se inclui a maneira de pensar o mundo. As categorias cartesianas-newtonianas de tempo, espaço, matéria e causalidade estão tão impregnadas na percepção da realidade que influenciam todos os aspectos da forma de se pensar sobre a vida. Não seria diferente com as questões sobre “consciência”. Tais divergências consistem, principalmente, na separação entre matéria e espírito, conforme esclarece Di Biase (2006): O estudo da Consciência fora banido desde o século XVII do domínio da ciência, quando Descartes separou o homem de seu espírito, relegando o assunto às discussões teológicas. Com este seu célebre engano, Descartes originou um grave erro de percepção na filosofia ocidental, provocando uma esquizofrenia cultural geradora de um paradigma materialista em nossa civilização ocidental que se infiltrou e se disseminou progressivamente, nas áreas acadêmicas de nossas universidades. Essa dicotomia cartesiana, reforçada pela grande síntese da física clássica realizada por Sir Isaac Newton, no século XVIII, subjaz ainda hoje na visão de mundo mecanicista e reducionista predominante em nossa época. Além de dividir o homem em mente e corpo, este paradigma cartesiano-newtoniano separou também o homem do universo e de sua fonte espiritual (DI BIASE, 2006, p. 4). Entre as áreas que rompem a dicotomia cartesiana-newtoniana encontram-se, como já sabido, a Física Quântica, a Psicologia em algumas de suas abordagens, a Neurociência por meio de alguns pesquisadores, (estas ciências têm se aprofundado no estudo da “consciência”), a Logoterapia, assim como alguns outros campos do conhecimento, mesmo que ainda timidamente. Há ainda os estudos dos campos entendidos como pseudociência, que buscam conceituar e explicar “consciência” dentro das perspectivas aqui abordadas, como a Parapsicologia, a Psicanálise, a Teosofia. Estas, ainda que na contramão do cientificismo, são apreciadas por produzirem saberes válidos, relevantes e aplicáveis na ampliação dos conhecimentos. A Psicologia Transpessoal é uma abordagem da Psicologia que defende que o ser humano precisa transcender sua psique – pessoal, conectando-se ao todo, ou a outras realidades mais abrangentes – transpessoais, “caracterizada por um estado de consciência superior, que contém todas as experiências anteriores do indivíduoe prossegue no sentido de conduzir o ser humano em 26 direção à transcendência” (PARIZI, 2005, p. 109). Essa ciência entende “o potencial da vivência de uma ampla gama de estados de consciência, em alguns dos quais a identidade pode estender-se para além dos limites usuais do ego e da personalidade” (SIMÃO, 2010, p. 510). Os estudos, em Psicologia Transpessoal, apontam para o entendimento de “estados da consciência que lidam especificamente com a ‘experiência cósmica’, ou seja, com os estudos ditos superiores ou ampliados da consciência” (VALENTE; OLIVEIRA, 2018, p.103). Nesse sentido, Quando afirmamos ‘minha consciência’, logo reportamos a um aspecto puramente pessoal, individual. Mas, à medida que entramos em contato com os estados de consciência individual, ela se amplia, passa por vários estados como o de vigília, o de sonho, sono profundo, sem sonho e estado de superconsciência ou transpessoal. Em cada um destes estados, ela entra em contato com várias realidades diferentes na qual nos encontramos (WEIL, 2017 p. 57 apud VALENTE; OLIVEIRA, 2018, p. 107). Enquanto os estudos clássicos contemplam bio-psicologicamente a “consciência”, essa abordagem busca ir além. “Embora não subjuga nenhum nível do espectro da consciência, a Psicologia Transpessoal dá atenção especial para uma realidade mais sutil [...] que é o campo da espiritualidade” (ARRUDA, 2016, p. 14). Porém, essa realidade é ignorada por outras escolas da Psicologia. Assim, a Psicologia Transpessoal faz a conexão “entre as muitas escolas ocidentais de psicologia e as tradições espirituais do Oriente e do Ocidente” (PARIZI, 2005, p. 109), sendo uma abordagem psicológica consequente e rigorosamente científica. Em síntese, a Psicologia Transpessoal “lança mão de alguns enfoques terapêuticos que ajudam a pessoa a tomar consciência de si, do outro e da natureza até chegar a uma consciência transpessoal ou a uma consciência cósmica” (VALENTE; OLIVEIRA, 2018, p. 111). Consciência cósmica, portanto, nessa perspectiva, traduz uma experiência em que o sujeito vivencia um senso de profunda unidade com o universo, percebendo-se como parte indissociável dele. Assim, consciência cósmica é, então, [...] uma consciência mais elevada do que a do ser humano comum. Esta última é chamada Autoconsciência e é a faculdade sobre a qual repousa toda a nossa vida - tanto subjetiva como objetiva - que não é comum a nós e aos animais superiores, exceto a pequena parte dela 27 que é derivada das poucas pessoas que alcançaram a consciência mais elevada acima citada [consciência cósmica] (BUCKE, 1996, p. 35). Para a Física Quântica, “consciência” é a base de toda existência, é tudo o que existe, no entanto, ainda não há conceito específico definido, pois “qualquer definição que você tente lhe dar será falha, porque a definição, em si, é um fenômeno da consciência, e não o contrário” (GOSWAMI, 2018, p. 25). Para Chopra e Kafatos (2017, p. 159), “vivemos em um estado ilimitado de consciência, ao qual chamamos de universo”. Assim, converge-se a ideia com a Psicologia Transpessoal que entende a “consciência” em nível transcendente, uma vez que “a consciência cósmica criou o universo como um sistema vivo, auto-organizado” (CHOPRA; KAFATOS, 2017, p. 272). Dito isso, a questão que emerge seria: de que forma ocorre a interação com a consciência cósmica? “Interações materiais comportam-se localmente e requerem sinais. Quando a consciência interage com o mundo, não requer sinais, apenas comunicação não local” (GOSWAMI, 2018, p.27). Saiba Mais De acordo com um experimento na Universidade do México, foi comprovado o princípio da não localidade, mostrando como tudo está ligado em um mar primordial de energia não localizável no espaço-tempo. Esse é um dos princípios que justifica, por exemplo, o funcionamento de equipamentos sem uma ligação direta, material. A partir do entrelaçamento quântico, também se interfere na realidade e uns com outros o tempo todo. A consciência é não local, ou seja, está e não está localizada dentro do cérebro. É não material e composta por uma organização de energias bem distante de tudo o que se conhece. Pode-se ver, olhar e vivenciar inúmeras situações, independente dos lugares físicos em que se possa estar. Está tudo conectado. (GOSWAMI, Amit. Deus não está morto: evidências científicas da existência divina. Acesse o livro em: https://books.google.com.br) Entender os conceitos e princípios da Física Quântica exige tempo e aprofundamento, não sendo a proposta nesse momento. Entretanto, para efeito 28 de esclarecimento, vale ressaltar que a comunicação não local pode ser explicada estabelecendo a definição de telepatia, ou seja, comunicação sem a necessidade da presença material, física, entre os que se comunicam e realizada sem sinais. Assim, pode-se determinar que “a comunicação entre aqueles que parecem ser dois objetos distintos, mente e matéria, é mediada pela consciência. Essa é a essência do paradigma quântico” (GOSWAMI, 2018, p.30). Para a ciência materialista, a consciência é diretamente ligada à mente e essa ao cérebro e ao sistema nervoso. Para os materialistas científicos, “tudo é matéria e manifestação da interação material. Hoje, essa é a visão de mundo dominante entre os cientistas” (GOSWAMI, 2018, p. 23). A visão materialista presume que “(...) existe um vínculo necessário entre os estados físicos do cérebro e a consciência ou os estados mentais, embora a natureza exata desta ligação ainda seja um dos grandes mistérios tanto da ciência como da filosofia” (ZOHAR, 1990, p. 39-40). A questão que emerge se dá em como explicar a questão da consciência sem o corpo físico, isto é, essa consciência é passível de sobrevivência sem o cérebro? Nas palavras de Laszlo (2004), Observar o cérebro humano em nada nos ajudará, pois se a consciência continuar a existir depois que a função cerebral cessar, ela não estará mais associada com o cérebro. É mais importante examinar as evidências fornecidas pelos casos em que a consciência não está mais diretamente ligada ao cérebro. É o que ocorre, por exemplo, nas experiências de quase morte (EQMs), nas experiências fora do corpo (EFCs), nas experiências de vidas passadas, em algumas variedades de experiências místicas e religiosas e, talvez as mais significativas de todas, nas experiências de comunicação após a morte (CAMs) (LASZLO, 2004, p. 208). Novamente, diante do que está sendo exposto, pode-se perceber que a ciência clássica em sua visão materialista não dá conta de responder a todas as questões que surgem diante das experiências da vida, nem tampouco das questões de morte, além da morte da própria matéria, é claro. Então, se torna bem complicado reduzir a compreensão às explicações de que a matéria é a base de toda a existência. Além de refutar o que está além da matéria, esse pensamento nega a existência de significado e valores (COELHO, 2010). Assim, a proposta da Física Quântica é oposta, ou seja, indicando uma visão de mundo em que “a consciência, e não a matéria é a base de toda a 29 existência. [Essa afirmação] Sugere um mundo no qual significado e valor podem ser reintroduzidos na ciência como aspectos da consciência além da matéria” (GOSWAMI, 2018, p. 28). Ambas as visões de mundo convergem que é ainda muito difícil definir exatamente o que seja “consciência”, seja na perspectiva de sua natureza, função, base neuroanatômica ou ainda de seu sentido explícito. Segundo Baker (2015, p. 204-205), [...] é com ela [a consciência] que experimentamos a vida. Temos um senso do presente – de viver no agora. E temos uma sensação de passagem do tempo – o passado. Nosso cérebro armazena memórias e nós designamos padrões a elas para lhes dar significado. Podemos fazer simples previsões sobre o futuro, por meio das quais tomamos decisões. [...] Coma teoria quântica se desenvolvendo, diversas maneiras de criar consciência foram propostas [...]. Mas ainda estamos longe de aprender como isso funciona. O fato do fenômeno da consciência ser manifesto por qualquer indivíduo, devido à própria autopercepção e, por isso, não havendo a necessidade de provar sua existência como acontece com os demais fenômenos estudados, acabou fazendo com que a ciência clássica não lhe dedicasse maior atenção, apesar de ser objeto de interesse da Filosofia desde os primórdios. Freud, pai da Psicanálise, deu ênfase em seus estudos aos processos mentais inconscientes, que acabaram se tornando aceitos pela comunidade científica, apesar de algumas controvérsias (SILVA et al, 2003). Na verdade, a natureza da consciência ainda é um mistério, pois, “[...], apesar de ‘todos sabermos como é’, na verdade não sabemos ‘o que é’ a consciência, e nem mesmo podemos afirmar se o ‘como’ de um é igual ao ‘como’ de outro” (SILVA et al, 2003, p. 53). A ideia da consciência como fundamento da realidade vem sendo apresentada ao longo dos séculos por várias tradições místicas do Oriente, e no Ocidente por alguns filósofos como Anaxágoras (500 – 428 a.C.), assim como pela Teosofia, cujos estudos trazem Hermes Trismegistos (por volta de 1.500 a.C a 2.500 a.C.). Dessa forma, a busca pelas verdades e pela compreensão do sentido da vida não começou na modernidade, mas foi a partir dela certamente que os caminhos se bifurcaram (FAGHERAZZI, 2014). Explicar no que consiste a “consciência” é tarefa atribuída aos estudiosos sobre o tema, independentemente de sua forma de ver e interpretar o mundo. A esse respeito, muitas teorias ainda serão ampliadas, discutidas, analisadas. Há 30 a Conscienciologia, considerada pseudociência e que, em seu contexto, a consciência, também chamada de ego, alma, espírito, self ou individualidade, possuiria uma existência própria que transcenderia a vida biológica. Vocabula rio Self: palavra inglesa que indica a própria individualidade e identidade de uma pessoa; o si-mesmo. Estudos de Cavalcanti (2004) revelam que também, atualmente, existe uma nova área de investigação chamada de Física da Consciência. Há a sugestão dos físicos Kafatos e Kafatou do termo “metamente”, para definir essa consciência que está além da mente consciente individual e que é seu fundamento, aquilo do qual surge e do qual está baseada (KAFATOS; KAFATOU, 1994 apud CAVALCANTI, 2004, p. 96). O que é importante ressaltar se relaciona com a certeza de que há um processo de comunicação que atinge diretamente a vida humana, percebido por todos. Essa “consciência” se revela de diversas formas. Trazendo os conhecimentos advindos das Tradições Antigas do Oriente, notam-se convergências com a perspectiva científica, ou seja, tudo é energia, tudo segue princípios e partilha-se de uma determinada ordem. Nas palavras de Pfeifer (2018), à medida que a ciência for expandindo sua visão, [...] e mais e mais cientistas, dos mais diversos campos do conhecimento, forem propondo teorias para explicar essa Realidade Suprema, a maioria das pessoas passará também a perceber que, aquilo que suas religiões sempre falaram (por mais diversas que sejam), finalmente encontra correspondência nas novas afirmações da Ciência, sobre os fatos e as leis da Natureza [grifos nossos] (PFEIFER, 2018, p.1281). Assim, neste momento, a proposta de reflexão se direcionará para uma breve incursão sobre as leis e princípios que regem o universo, trazidas pela visão espiritual e identificadas agora pela ciência. O objetivo será refletir sobre a dimensão de reconhecer o fato incontestável da unicidade em uma mesma 31 consciência cósmica interligada às autoconsciências dispersas pelo planeta. Leis invisíveis aos sentidos físicos, mas presentes e atuantes nas condutas, nas relações humanas e com a natureza. As perguntas que podem estar sendo feitas são: que relação tais reflexões podem ter a ver com a área educacional, com as práticas pedagógicas? No que incide todo esse conhecimento e o que vai acrescentar no âmbito educativo? Que relação tem com a função social da escola no que diz respeito a transmitir os conhecimentos historicamente produzidos? Nas palavras de Bastos (2017, p. 24), “a aquisição deste conhecimento permite instrumentalizar o professor para o compromisso ético e responsável no desenvolvimento de tarefas pedagógicas voltadas à valorização e dignificação da integralidade da pessoa humana”. Assim, é fundamental que o professor internalize e reflita sobre outra forma de se ver e ser no mundo, para que de fato possa dar seu “salto quântico”, ao tomar uma posição de transformar o que está posto em sua atual realidade frente aos condicionamentos obtidos por seus ímpetos, por uma herança genética ou pelo ambiente em que vive (FRANKL, 2012). Afinal, como dito anteriormente, para resolver um problema há a necessidade de colocá-lo sob uma ótica diferente daquela que o criou. Saiba Mais Salto quântico é quando os elétrons se aceleram afastando- se do núcleo e partindo para outra órbita diferente da anterior. Na Física Quântica, quando uma partícula que está num determinado nível energético ganha uma quantidade extrema de energia, ela salta para um nível mais alto. Leia a respeito sobre o efeito disso na vida humana em: https://osegredo.com.br/entenda-o-que-e-um-salto- quantico/ 2.2 As leis invisíveis impressas na consciência Todos os princípios fundamentais básicos encontrados nos estudos esotéricos e espiritualistas das mais diversas ordens se baseiam na filosofia de Hermes Trismegistos (em grego) ou Thoth Tehuti (em egípcio), pastor, filósofo e legislador egípcio (1.500 a.C a 2.500 a.C. aprox.). Os mais antigos preceitos 32 orientais e ocidentais, de acordo com Camaysar (1978), tiveram a sua fonte nos preceitos herméticos originais. Os sete principais princípios herméticos encontram-se num dos mais importantes e influentes textos ocultistas escritos nos Estados Unidos – o Caibalion – que reúne os ensinamentos básicos que regem todas as coisas manifestadas. Os princípios herméticos são, conforme explicita Atkinson (2018, p. 74-83): Princípio do Mentalismo – "O todo é a mente; O universo é mental". Nós existimos na mente do todo. Aquela parte de nós que é divina faz o mundo e tudo que há nele; Princípio da Correspondência – "Assim em cima como embaixo. Assim embaixo como em cima". Nós existimos em todos os planos, tanto astral quanto físico. Especialmente planos independentes do físico; Princípio da Vibração – “Nada para; Tudo se move; Tudo vibra". Tudo está em movimento e vibra no seu próprio ritmo; Princípio da Polaridade – "Tudo é dual; Tudo tem seu par oposto; Gostar e não gostar é a mesma coisa; Os opostos são idênticos por natureza, mas diferentes em níveis; Os extremos se encontram"; Princípio do Ritmo – "Tudo flui; Tudo sobe e desce; O balanço do pêndulo manifesta-se em todas as coisas. A forma como se balança para a direita é a forma como se balança para a esquerda"; Princípio do Gênero – "O gênero está em tudo; Tudo tem um princípio masculino e feminino". A lei da polaridade aplicada. Tudo possui componente e energia do masculino e do feminino e manifesta-se em todos os planos; Princípio de Causa e Efeito – "Toda causa tem seu efeito; Todo efeito tem sua causa; Tudo acontece de acordo com a lei". Não existem coincidências, nada acontece por acaso. Tudo é cíclico. 33 Para cada efeito, há uma causa, e toda causa gera um efeito em algo ou alguém. Ao se observar e refletir sobre esses princípios, pode-se constatar que há correspondentes em algumas das leis físicas identificadas nas pesquisas e descobertas da ciência ocidental. Assim como também podem ser identificadas nas diversas religiões e respectivas escrituras.Nas palavras de Capra (1975, p. 23), “[...] a física moderna nos conduz a uma visão do mundo similar às sustentadas pelos místicos de todos os tempos e tradições. As tradições místicas estão presentes em todas as religiões [...]”. Saiba Mais Muitos são os grupos que dedicam seus estudos sobre princípios e leis universais, numa perspectiva filosófica. Podem ser citados, como exemplo, os grupos de estudo da Teosofia, da Maçonaria, da Ordem Rosacruz, da Logosofia, do Espiritismo (aqui entendido como ciência, de acordo como surgiu por intermédio de Allan Kardec, no século XIX), entre outros. Procuram conduzir o homem ao conhecimento de si mesmo, de Deus, do universo e suas leis. Nas palavras de González Pecotche (2008, p. 8-9) “a Logosofia expressa que a consciência é a essência viva dos conhecimentos que a integram, o que dá ideia de que, quanto mais conhecimento assimila, maior é a atitude consciente do indivíduo”. Compilar todo material em que as leis e princípios universais foram disponibilizados exigiu intensa pesquisa, pois a literatura disponível para abordagem desse tema é limitada. Além do que está posto anteriormente segundo o Caibalion, podem ser citadas outras leis que concluem brevemente esse estudo. Há um conjunto de leis e sub-leis, que são complementares. De acordo com Holliwell (2016), as leis e princípios universais são: Lei do Pensamento; Lei dos Recursos; Lei da Atração; Lei do Receber; Lei do Agradecimento; Lei da Compensação; Lei da Não Resistência; Lei do Perdão; Lei do Sacrifício; Lei da Obediência e Lei do Sucesso. Para outros estudiosos, baseados na tradição védica, as leis cósmicas são: Lei da Atração; Lei da Reflexão; Lei da Manifestação; Lei do Livre Arbítrio; Lei da Consequência; Lei da Harmonia; Lei da Sabedoria e Conhecimento; 34 Lei do Retorno e da Dádiva; Lei da Evolução e Propósito; Lei da Energia; Lei do Desapego; Lei da Gratidão; Lei da Associação; Lei do Amor Incondicional; Lei da Afinidade; Lei da Abundância; Lei da Ordem Universal; Lei da Unidade; Lei do Compromisso e Lei da Eternidade. Ví deo Neste vídeo são apresentadas resumidamente as Leis do Universo, de acordo com Holliwell (2016). São leis que impulsionam o autodesenvolvimento e refleti-las dará maior compreensão sobre como funcionam. A sugestão é aprender a usá-las e ver as grandes diferenças que proporcionam na vida. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2Cr4WTw0bco Pode-se observar que as leis citadas têm correlação direta com os princípios herméticos abordados anteriormente. São leis que, segundo os estudiosos sobre o tema, encontram-se impressas na consciência humana. E, para alguns cientistas da atualidade, podem se tratar de conhecimentos advindos da conexão transpessoal, não local, sutil e abrangente. O universo é mental, como apregoa a lei do mentalismo: Enquanto na visão conservadora, a interação e a comunicação humanas estão limitadas aos nossos canais sensoriais (costuma-se dizer que tudo o que está na mente precisou primeiro estar no olho ou no ouvido), muitos dos principais psicólogos, psiquiatras e pesquisadores da consciência atuais estão redescobrindo o que Einstein já havia percebido e que as culturas antigas sempre souberam: que nós também estamos ligados por conexões mais sutis e mais abrangentes. Na literatura científica atual, essas conexões são chamadas de transpessoais (LASZLO, 2004, p. 90). Quem não tem internalizado, por exemplo, o sentido exato de ação e reação, causa e efeito (ou consequência), que tudo tem seu par oposto, tudo tem um princípio masculino e feminino, tudo flui, tudo vibra, se atrai o que se pensa e sente? Não foram, certamente, apenas explicações pontuais dadas por alguém. São certezas que fluem do interior de cada um, intuitivamente. Fatos que são reconhecíveis nas diversas situações experienciadas na vida. Seriam conexões sutis, abrangentes, transpessoais? De acordo com tal entendimento explicitado por Laszlo (2004), as respostas para tais questões são afirmativas. 35 Poderiam ser conexões com uma consciência cósmica? E de que forma podem ocorrer tais conexões? As respostas podem ser encontradas também nos conceitos da Psicologia Analítica de Carl Jung sobre inconsciente coletivo. Há aproximações relevantes para serem analisadas entre Psicanálise e Física Quântica. Conforme elucida Goswami (2018, p. 93), “além da mente se encontra o mundo dos arquétipos, que o filósofo Sri Aurobindo chamou de supramental. [...] o reino da experiência além da mente também vai além das energias vitais que sentimos”. A representação dos arquétipos é traduzida em sentimentos nobres. Dessa forma, o supramental é igualmente supravital, no qual as intuições, que são sutis, é o seu vislumbre – “o mundo arquetípico do amor, da beleza, da verdade, do bem, da justiça, da plenitude, da abundância e do self”. (IDEM). Vocabula rio Arquétipo: representa o primeiro modelo de algo ou antigas impressões sobre algo. Conceito criado pelo suíço Carl Gustav Jung. Refere-se a conjuntos de imagens primordiais que dão sentido às histórias, passado entre gerações, formando o conhecimento e o imaginário do inconsciente coletivo. Para Goswami (2018), alguns arquétipos são considerados principais (modelos essenciais, também estudados por Carl Jung), segundo os quais a vida deve se nortear. De acordo com Jung (2007), os arquétipos são conjuntos de imagens primordiais originadas de uma repetição constante de uma mesma experiência durante muitas gerações, armazenadas no inconsciente coletivo. Uma forma de pensamento universal, com carga afetiva, que é herdada. 36 Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia essa importante obra de Carl Jung: Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. O conhecimento que Jung possui da filosofia ocidental e oriental, da alquimia, do gnosticismo e da literatura adulta e infantil é espantoso. Como explicar que diversos tipos de pessoa tenham conhecimento de determinadas formas de imagens, lendas e mitologia sem que tenham lido ou estudado nada a respeito? Em relação à manifestação das pretensões que o indivíduo tem, quando o desejo de algo se conecta com um desses arquétipos, a possibilidade de se realizar é maior, uma vez que tal desejo estará de acordo com a vontade maior do universo. De acordo com os princípios universais e as perspectivas que se espera alcançar, tendo a mente (consciente e inconsciente) em sincronicidade com os sentimentos, a realidade pode ser cocriada. Numa experiência criativa, sempre se sabe com certeza o que se sabe. “E quando nós, como consciência não local, escolhemos determinada faceta dentre as possibilidades arquetípicas, experimentamos uma intuição” (GOSWAMI, 2018, p. 95). E isso, a intuição, é “a evolução das representações materiais da consciência e de suas potencialidades sutis” (IDEM). A energia vital é a responsável pelos sentimentos. “Quando você vivencia uma emoção internamente, ela envolve o pensamento, mas também envolve um movimento extra, sutil, vital, que a consciência concretiza em sua percepção- consciente interna” (GOSWAMI, 2018, p. 60). Assim compreendido, pode-se perceber que as emoções geram sentimentos, em interdependência com o cérebro. No cérebro há o controle de tais sentimentos, há a sensação, o colapso quântico da experiência subjetiva de sensação, sentimento, pensamento e intuição, permitindo que a mente dê sentido às experiências. “E a emoção se manifesta na consciência, porque é lá 37 que fica o poder de escolha” (IBIDEM, p. 61). Lei do livre arbítrio. O que se sente é pura energia, energia vital. Lei da vibração. Dessa forma, observa-se que matéria e espírito se conectam, numa relação de interdependência (TEILHARD DE CHARDIN; ZILLES, 2001). Então, “tanto o físico quanto o sutil são importantes; precisamos de ambos”. (GOSWAMI,2018, p. 84). Aí reside a compreensão do uno, da conexão entre todas as partes, tanto das que compõem o ser quanto das relações que se estabelecem entre cada um dos seres existentes no universo. Também a respeito desta conexão entre os seres, há leis universais que regem naturalmente as relações dentro de um sistema: Lei da Ordem, do Equilíbrio e do Pertencimento, assunto que será abordado, em especial, noutro momento. Os estudos sobre os chakras são esclarecedores e podem trazer os conhecimentos sobre a interconexão entre matéria e espírito, uma vez que são entendidos como centros de energia, representando os diferentes aspectos da natureza sutil do ser humano (do corpo físico, emocional, mental e energético). Assim também como os estudos sobre a aura (que é o campo eletromagnético gerado pela atividade do corpo vital). De acordo com estudiosos sobre esse assunto, os principais chakras e a aura possuem estreita relação entre si. A aura recebe diferentes denominações, conforme a organização de várias vertentes filosóficas e espirituais: a Teosofia denomina duplo etérico; a Rosacruz, corpo vital; no Vedanta dos hindus, chama- se pranamayakosha; para a Conscienciologia, o nome é holochacra; para os pesquisadores russos, é corpo bioplásmico ou bioplasmático; para os pesquisadores ocidentais, é corpo energético. Vale ressaltar que a compreensão sobre “a função e a importância do corpo vital proporciona uma explicação profunda do sentimento: o que sentimos, como sentimos e onde sentimos” (GOSWAMI, 2018, p. 60). Para Zohar e Marshall (2018), ao acionar os chakras, descobre-se uma energia dinâmica, um elemento importante na elevação da experiência espiritual, pois se trata de uma “energia transformadora, como uma serpentina, desse conjunto de sete locais vitais no corpo [...] abrir caminho de baixo para cima nos chakras é a chave para a transformação pessoal” (p. 156). 38 Ví deo Video explicativo a respeito de chakra, palavra em sânscrito cujo significado é roda de luz. Constitui parte dos estudos e práticas orientais para equilíbrio de corpo e mente dos seres humanos. Os chakras são centros energéticos que representam aspectos diferentes da natureza humana nos aspectos corporal, mental, emocional e energético. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=cwOif9hT7LA As ações e reações físicas, na perspectiva posta pela teoria causal newtoniana, deverão ser entendidas de forma distinta do que anteriormente fora considerado verdadeiro, pois somente se aplica “a corpos desprovidos de qualquer movimento ou resistência diferente do outro” (DE NADAI; JARDIM, 2010, p. 160), isto é, “se um sujeito for de encontro a outro, não é possível afirmar que eles irão colidir e a força feita por um será a mesma força contrária feita pelo outro” (IDEM). Na terceira lei de Newton, há a descrição do resultado da interação entre duas forças: para toda ação (força) sobre um objeto, em resposta à interação com outro objeto, existirá uma reação (força) de mesmo valor e direção, mas com sentido oposto. No lugar dessa afirmação, ganha espaço o indeterminismo e as mudanças conferidas pelas descobertas da física quântica. Ou seja, a verdade é criada a partir do olhar de quem está vivenciando a experiência, logo, a reação também estará pautada nisso. Assim, é necessário assumir uma “consciência ética”, principalmente no que condiz com as relações entre humanos, e destes com a natureza em geral. Diante disso, é imperioso refletir e acolher a ideia de que “a relatividade de Einstein e a Mecânica Quântica revolucionaram a maneira com que percebemos o universo e nosso papel na teia viva da criação” (ABDALLA, 2005, p. 148). No entanto, as investigações no meio científico ainda são limitadas no que se refere ao que não está ao alcance dos sentidos, do que transcende. Há uma negação contundente de qualquer possibilidade que se ponha além da matéria, o que demonstra que a ciência clássica não está pronta para aceitar como real o que não é manifesto (LASZLO, 2004). Dessa forma interpretada, nas palavras de González Pecotche, 39 Quando a investigação se detém nas fronteiras do mundo transcendente, é porque o saber comum é insuficiente para penetrar nele. A ciência deve elevar as vistas acima de sua rigidez consuetudinária, para entroncar nas grandes concepções da Sabedoria Universal (GONZÁLEZ PECOTCHE, 2008, p. 5). Cabe perceber que buscar os estudos que contemplam possibilidades e não certezas absolutas, que instigam a busca pelos significados que se extraem dos valores arquetípicos – amor, verdade, justiça, beleza, bondade, abundância –, que permitem a integração do melhor do materialismo científico – a importância do mundo – com o melhor das tradições espirituais – a importância da totalidade (GOSWAMI, 2018), certamente permitirá maior discernimento e clareza diante das circunstâncias da vida, sem com isso negar o valor do senso crítico e do pensamento racional (ZOHAR; MARSHALL, 2018). Afinal, conhecer o todo, pelo todo e por suas partes é ampliar as possibilidades de responder ao máximo das questões levantadas sobre a existência. Diante do exposto, entender a perspectiva dos estudos que abordam a consciência (autoconsciência, consciência cósmica) e todas as questões relacionadas exige uma postura que deverá pôr em xeque a negação daquilo que não se pode provar de acordo com o método científico adotado. A temática aqui debatida está além do que a ciência tradicional adota como verdade. Por um lado, por meio do rigor científico do método analítico proposto por Descartes, afirma-se que a matéria é a base de tudo e que não há evidências comprováveis da existência de um espírito, muito menos de algo superior, transcendente. Por outro lado, também não há comprovações da mesma ciência clássica de que o espírito não seja a base de tudo. A Física Quântica é a possibilidade científica dessa constatação, seguida de outras ciências que têm se debruçado nos conceitos e experimentações por ela apresentados. Da mesma forma, as tradições antigas vêm a acrescentar e encorpar o rol de conhecimentos a respeito da espiritualidade. Os estudos sobre a consciência ainda se encontram em fase incipiente, apesar dos importantes avanços em reconhecê-la como sendo o início de tudo o que de fato existe. Assim, trazer a perspectiva do reconhecimento da espiritualidade como um aspecto importante, essencial e legítimo é de fundamental relevância para que se resgate o sentido e o propósito para a vida, a preservação de valores arquetípicos de amor, verdade, justiça, 40 beleza, bondade, abundância, (entre outros) e os significados que são extraídos desses valores. Conclusão da aula 2 A fim de trazer outros paradigmas na produção de conhecimentos, a disciplina “Ação e Reação” buscou os estudos sobre a consciência no intuito de permitir ampliar a visão sobre a realidade e, com isso, superar as turbulências no cenário social e educacional. É uma temática que traz impacto e acarreta divergências entre diversos aspectos das abordagens reducionista/mecanicista e holística/hologramática. Tais divergências consistem na separação entre matéria e espírito, o homem do universo e de sua fonte espiritual (DI BIASE, 2006). A Psicologia Transpessoal é uma abordagem da Psicologia que defende que o ser humano precisa transcender sua psique – pessoal, conectando-se ao todo, ou a outras realidades mais abrangentes – transpessoais, apontando para o entendimento de estados da consciência ampliados, indo além dos limites do ego e da personalidade e, ao lidar com a experiência cósmica, dá atenção especial para o campo da espiritualidade (SIMÃO, 2010; VALENTE, OLIVEIRA, 2018; ARRUDA, 2016). Essa abordagem da Psicologia faz a conexão entre as muitas escolas ocidentais de Psicologia e as tradições espirituais do Oriente e do Ocidente.(PARIZI, 2005). Os enfoques terapêuticos aplicados ajudam a pessoa a tomar consciência de si (autoconsciência), do outro e da natureza até chegar a uma consciência transpessoal (consciência cósmica) (VALENTE, OLIVEIRA, 2018; BUCKE, 1996). Consciência cósmica, portanto, nessa perspectiva, traduz uma experiência em que o sujeito vivencia um senso de profunda unidade com o universo, percebendo-se como parte indissociável dele. Para a Física Quântica, “consciência” é a base de toda existência, é tudo o que existe, no entanto ainda não dispõe de um conceito específico definido, entendendo que qualquer definição é um fenômeno da própria consciência e identificando o universo como um estado ilimitado de consciência (GOSWAMI, 2018; CHOPRA, KAFATOS, 2017). A consciência cósmica (consciência quântica) interage com o mundo sem sinais, numa comunicação não local, como 41 na telepatia. Dessa forma, a comunicação mente e matéria é mediada pela consciência. A visão quântica defende a ideia de que a consciência é a base de toda a existência, e não a matéria. Assim, sugere um mundo no qual significado e valor podem ser reintroduzidos na ciência como aspectos da consciência além da matéria (GOSWAMI, 2018). Há um processo de comunicação que atinge diretamente a vida humana, percebido por todos. Essa “consciência” se revela de diversas formas. Trazendo os conhecimentos advindos das Tradições Antigas do Oriente, notam-se convergências com a perspectiva científica, ou seja, tudo é energia, tudo segue princípios e partilha-se de uma determinada ordem. Em breve se constatará a correspondência entre os discursos das mais diversas religiões com as afirmações da ciência sobre os fatos e as leis da natureza. As tradições místicas estão presentes em todas as religiões (PFEIFER, 2018; CAPRA, 1975). É fundamental que o professor internalize e reflita outra forma de se ver e ser no mundo, para que de fato possa dar seu “salto quântico” ao tomar uma posição de transformar o que está posto em sua atual realidade frente aos condicionamentos obtidos por seus ímpetos, por uma herança genética ou pelo ambiente em que vive (FRANKL, 2012). A vida deve se nortear, além das leis impressas na consciência, pelos arquétipos do amor, da beleza, da verdade, do bem, da justiça, da plenitude, da abundância e do self. Em consonância com os princípios universais e as perspectivas que se espera alcançar, mente e sentimento alinhados, a realidade é cocriada. Numa experiência criativa, sempre se sabe com certeza o que se sabe. Enquanto consciência não local, ao escolher determinada faceta dentre as possibilidades arquetípicas, experimenta-se a intuição, que é a evolução das representações materiais da consciência e suas potencialidades sutis (GOSWAMI, 2018). A energia vital é a responsável pelos sentimentos. Os estudos sobre os chakras são esclarecedores e podem trazer os conhecimentos sobre a interconexão entre matéria e espírito, uma vez que são entendidos como centros de energia, representando os diferentes aspectos da natureza sutil do ser humano (do corpo físico, emocional, mental e energético). Assim também como os estudos sobre a aura (que é o campo eletromagnético gerado pela atividade do corpo vital). Os principais chakras e a aura possuem estreita relação entre si 42 e a compreensão sobre a função e a importância do corpo vital proporciona uma explicação profunda do que se sente, como se sente e onde se dá o sentimento. Uma energia transformadora, fundamental para a transformação pessoal (GOSWAMI, 2018; ZOHAR; MARSHALL, 2818). A compreensão desta temática permite atuar com maior discernimento e clareza diante das circunstâncias da vida, sem com isso negar o valor do senso crítico e do pensamento racional (ZOHAR; MARSHALL, 2018). Atividade de Aprendizagem É fundamental que o professor internalize e reflita outra forma de se ver e ser no mundo, para que de fato possa dar seu “salto quântico”, ao tomar uma posição de transformar o que está posto em sua atual realidade. Redija um texto que deverá ter no mínimo 5 linhas e no máximo 10 linhas, a respeito das ações necessárias a adotar para poder transformar a realidade na prática pedagógica, a partir dos temas refletidos até o momento. Aula 3 – A consciência da espiritualidade nas relações Apresentação da aula 3 O ser humano é social em sua essência. Nas relações sociais que estabelece (família, escola, trabalho, comunidade), aprende o que é válido e pertinente para o meio no qual tais relações se constituem. A visão materialista que estrutura a sociedade ocidental há muitos séculos imprime individualismo sobre o ser e seus relacionamentos. Há apenas interações indiretas, por meio de forças externas que fazem com que os sujeitos, de vez em quando, se atraiam, se rejeitem ou se choquem. Assim, a proposta que se segue se dá na reflexão do resgate do sentido e do propósito para ser e estar no mundo, como se vive, se convive e interage com o mundo, na preservação e significado de valores pautados nas leis de ordem, equilíbrio e pertencimento. 43 3.1 Pertencimento e identidade As reflexões realizadas até o momento põem em xeque determinadas ações no âmbito escolar. Certamente, no tipo de relação que ali se estabelece e nas formas que se conduzem o processo ensino-aprendizagem reside o foco de muitos embates e decepções. A forma como a sociedade ocidental vem se constituindo ao longo dos últimos séculos traz o isolamento como uma das características marcantes do ser humano. Apesar de social, esse ser humano permanece só, ou no máximo pertencente a um pequeno grupo isolado. No ambiente escolar, mesmo que rodeado por muitos, o isolamento é propriedade de sujeitos distintos, separados, que fazem parte de um conjunto estabelecido entre estranhos. Ocorre o mesmo com o que ali é ensinado, e da forma como é ensinado, reforçando a desarticulação. No entanto, mesmo que individual e único, o ser humano é parte integrante de um sistema maior, universal, de um plano que transcende a experiência da vida. Porém, a experiência da vida tem sido mecânica, sem reflexão, sem conhecimento do próprio “eu”, sem sentido ou propósito definido. Confunde-se autoconhecimento com fechar-se em si, ilhar-se. Muitas vezes, por imposição da própria sociedade competitiva, que designa determinado padrão a ser seguido, fechar-se em si mesmo tem caráter protetivo. No entanto, “o ser voltado inteiramente para si mesmo, sem nada a não ser ele mesmo como fonte de significado, verdade e valor, não recebe nutrição que o sustente” (ZOHAR, 1990, p. 110). 44 Pertencimento Fonte: https://encrypted- tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTippYEBlHi3xGb6wjpGEEvdsPvMUrDVM- zoOD6WcbIZBXnpQCEFQ Assim, cabe refletir sobre o papel de cada instância social, como a família e, mais diretamente, ao objeto de estudo desta disciplina, o papel da escola no que diz respeito à sua função social. Para Refletir Que escola se tem? Que escola se quer? Que escola a sociedade efetivamente precisa? Como esse ambiente promove ou não as relações e interações sociais? Nas palavras de Bloom (1989, p. 164), "deve haver um lado de fora para que o lado de dentro tenha significado". Isso significa que, para o autoconhecimento é indispensável que se promovam algumas situações que contemplem essencialmente a relação humana, pois “deve haver algo além de nós mesmos para nos dar um senso de propósito” (ZOHAR, 1990, p. 110). E a escola? Que papel efetivamente representa nas interações humanas? A construção da identidade tem como base a relação que se estabelece com o “outro”. Assim, quando se nasce, as características estão impressas na memória espiritual (entendendo que há um espírito, logo, uma consciência não 45 local específica). Entrelaçada à memória espiritual, o ser vaise formando com a herança genética de seus pais e antepassados. Dessa forma, a criança que nasce traz informações do espírito e da memória hereditária. No entanto, a personalidade é construída tendo como fundamento a relação estabelecida no seio familiar. O bebê já nasce com a relação emaranhada à sua mãe durante o período da gestação, uma relação que ocorre durante os primeiros meses. Nas palavras de Zohar (1990), Em termos quânticos, a função de onda dele está quase totalmente sobreposta à de sua mãe, e eles se encontram num relacionamento de identificação projetiva. Em grande parte, a experiência do bebê é a experiência da mãe, e ele começa a tecer seu ser utilizando o tecido da mãe. Ele absorve as reações de sua mãe ao mundo exterior, percepções, emoções, preocupações dela, e as armazena em seu próprio sistema de memória quântica. Estas se tornam o material do qual ele é feito e influenciam o desenvolvimento de vias neurais em seu próprio cérebro (ZOHAR, 1990, p. 91). Dessa forma, o bebê já nasce possuindo uma riqueza extraordinária de informações e recursos, primeiro passo para a constituição de sua identidade. O desenvolvimento se dá na interação que se estabelece com os demais membros da família, à medida que ele amadurece. Junto ao amadurecimento, surge a necessidade de pertencer, de ser parte de um determinado grupo. É na família, então, que esse processo começa a ser suprido, uma vez que é nela que o indivíduo encontra o seu lugar no mundo e, assim, inicia também o processo de aprender a dar e a receber afeto, respeitar e ser respeitado. À medida que a força e a complexidade da pessoa do bebê crescem por intermédio de relacionamentos com outros que não a mãe, a extensão de seu ser (seu padrão de onda próprio) que está enredado ao dela (ao padrão de onda dela) diminui. [...] o bebê começa a sentir a tensão que puxa e empurra todos nós entre o ser nós mesmos e o ser com os outros. Para se afirmar, [...] ele se separa da mãe. Menos quantidade de sua energia será empregada na integração de sua função de onda com a dela e maior quantidade irá para a integração com outros que tenham menor probabilidade de absorvê-lo (ZOHAR, 1990, p. 92). A tarefa então é integrar relacionamentos, sem, contudo, perder-se de si mesmo. E, nesse momento, cresce a necessidade do pertencimento. Há estágios da construção de identidade, segundo Erikson (1987), e não caberia aqui uma minúcia desse estudo. Apenas está sendo posta uma ideia pertinente, 46 para que se possa identificar a importância da interação no processo de construção de identidade e a consequente necessidade de pertencimento. A essa ideia juntam-se as demais refletidas até o momento, ou seja, a visão do todo, integral, sistêmica, complexa, quântica. Saiba Mais Baseado na psicologia freudiana, Erik Erikson desenvolveu um estudo sobre o desenvolvimento humano. Erikson foi além da puberdade, pois acreditava que as experiências da idade adulta também determinam a personalidade. Para Erikson, o foco do desenvolvimento do ego é mais do que o resultado de desejos intrapsíquicos, é também uma questão de regulagem mútua entre a criança em crescimento, a cultura e as tradições da sociedade. Uma grande contribuição de Erikson é a possibilidade de se compreender o desenvolvimento do ser humano em todos os ciclos de sua vida. Leia mais em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicolo gia/estagios-do-desenvolvimento-para-erik-erikson/33333 Na visão quântica, o relacionamento é entendido por meio da “sobreposição da função de onda de uma pessoa à de outra. No entanto, a qualidade e a dinâmica desse relacionamento dependem das muitas variáveis que podem afetar um sistema ondulatório” (ZOHAR, 1990, p. 94). Isso quer dizer que a vibração entre as pessoas varia e, em consequência, os relacionamentos podem ser equilibrados como também podem ser desastrosos. Há que se conscientizar da importância das emoções e sentimentos, para que a vibração seja positiva e os relacionamentos, em virtude disso, tenham harmonia. Emoção é energia em ação. Nos estudos de Hellinger (2005), o pertencimento compreende um sistema em que cada ser que nasce ou é ligado de alguma forma a tal sistema, carece ser reconhecido como membro integrante e devidamente respeitado no seu lugar e papel dentro desse mesmo sistema. No sistema familiar, os membros 47 são singulares, únicos, e todos têm o direito de pertencer. Ou seja, não pode haver exclusão independentemente de suas qualidades, dificuldades ou atributos pessoais. Todos têm grau de importância para o sistema. Nas palavras do autor, No sistema familiar reina, na profundeza, uma lei fundamental. Podemos ver o que ela exige através dos seus efeitos. Essa lei diz: todos aqueles que pertencem têm o mesmo direito à pertinência. Todos, também os mortos. Na verdade, os mortos não estão fora do sistema, estão presentes de uma forma especial. Quando os mortos que foram excluídos ou esquecidos são reinseridos na família, os outros vivenciam isso como completude. Quando todos estão lá, os vivos se sentem completos e ao mesmo tempo, livres (HELLINGER, 2005, p. 134). Assim, o sistema familiar é amplo, não se resumindo apenas nas figuras de pai, mãe, filhos. Abarca todos os antepassados, sejam eles vivos ou não. Também as pessoas que são inseridas na família, em virtude de casamentos ou união de alguma forma. A visão quântica de consciência não local é pertinente para o entendimento de como os sistemas se constituem, assim como a compreensão da necessidade da espiritualidade (via autoconsciência e consciência cósmica) como fundamento principal, pois “se pode ir além da terapia familiar, para algo maior. Isso se torna possível se nos deixarmos conduzir pelos movimentos da alma, pois esses movimentos caminham em direção a algo maior” (HELLINGER, 2005, p. 29). Para Goswami (2005), “a alma não tem existência à parte de Deus (ou consciência). A alma é uma identificação limitada que a consciência assume com o propósito de explorar possibilidades” (GOSWAMI, 2005, p. 150). Em seus estudos, Hellinger (2005) trouxe a visão sistêmica como fonte de seu trabalho, compreendendo o todo, não atribuindo apenas à matéria a origem da vida, pois “quando se confia na alma, muitas coisas movimentam-se por si mesmas” (p. 201). Para atuar nesse sistema, é imprescindível que se estabeleçam determinadas leis e princípios universais, entendendo que, por meio deles, pode-se chegar ao ponto de harmonia nas relações, uma vez que “a família tem uma alma em comum e uma consciência em comum. Essa alma e essa consciência observam três ordens fundamentais” (p. 49). Sobre as ordens fundamentais, é necessário compreendê-las com maior profundidade, assunto que será abordado a seguir. 48 3.2 As ordens fundamentais das relações As ordens fundamentais das relações, segundo Hellinger (2003), que as denomina de “ordens do amor”, são compostas por três leis: hierarquia; pertencimento e equilíbrio de troca. São verdades universais que regem a alma ou a realidade. Em seus estudos e pesquisas com famílias, empresas e organizações em várias partes do mundo, Hellinger procurou diagnosticar e encontrar a solução de problemas e conflitos entre os membros dos referidos grupos. Baseado na física quântica – principalmente pelo princípio da não localidade – traz, de forma prática e vivencial, a dissolução de padrões familiares antigos que de alguma forma impedem o livre fluxo de amor na relação dentre os membros de determinado sistema. Formando-se um campo quântico interconectando os níveis de energia das mentes que compõem o grupo, telepaticamente, os conflitos e doenças que se repetem são identificados e dissipados. Para Hellinger et. al. (2008, p. 25), “o amor governa o equilíbrio”. Importante A família é fonte de fortalecimentoe apoio quando se conhecem e se respeitam as leis ou ordens que regem o sistema familiar como um todo. Quando essas mesmas ordens são desconhecidas ou desrespeitadas, há o enfraquecimento, gerando emaranhamentos ou desequilíbrios familiares. A solução torna-se possível quando a ordem básica sistêmica é restabelecida, os familiares excluídos – pelos conflitos identificados – voltam a ser respeitados e se aceita o legado familiar. “Os excluídos são aqueles que, por alguma razão, foram deixados de lado por uma família. São aqueles a quem se negou o respeito ou o seu direito de pertinência ou uma posição de igualdade com relação aos outros membros da família” (HELLINGER; TEN HÖVEL, 2010, p. 12). Hierarquia diz respeito aos mais velhos na família, que merecem ser olhados com muito respeito e cuidado, pois foi por meio deles que a família se constituiu e veio se mantendo. Mesmo que não estejam atualizados com as questões presentes, devem ser respeitados nas suas decisões e necessidades. Eles chegaram primeiro! Nas palavras de Hellinger (2003), 49 Gostaria de dizer algo sobre hierarquias, de modo especial sobre a ordem de origem. Cada grupo tem uma hierarquia, determinada pelo momento em que começou a pertencer ao sistema. Isso quer dizer que aquele que entrou em primeiro lugar em um grupo tem precedência sobre aquele que chegou mais tarde. Isso se aplica às famílias e também às organizações (p. 26). O respeito sistêmico transcende os limites da razão individual. Isso quer dizer que se podem reconhecer situações em que os mais velhos apresentam comportamentos negativos e tomam decisões inconsequentes, mas, apesar disso, deve-se respeitar a pessoa sem necessariamente concordar com ela ou acatar aquilo que está tentando impor. Pertencimento é uma necessidade de qualquer ser humano, conforme já refletido anteriormente. É necessário reconhecer como membro participante cada um que nasce ou é vinculado a um sistema. O lugar e papel que representa no sistema deve ser respeitado. Todos têm o direito de pertencer, ou seja, ninguém pode ser excluído, independentemente de suas características, dificuldades ou virtudes pessoais. A esse respeito, segundo explicações de Hellinger (2003), A injustiça da exclusão é expiada, na família e no grupo familiar, quando outro membro do sistema passa inconscientemente a representar, diante dos membros remanescentes ou agregados, a pessoa que foi excluída ou esquecida. Essa é a causa mais importante de um envolvimento sistêmico e dos problemas que dele resultam, tanto para a pessoa envolvida quanto para sua família e seu grupo familiar. O direito básico de pertencimento não é, portanto, uma exigência imposta de fora. No fundo de nossa alma, nós nos comportamos como se tratasse de uma ordem preestabelecida, independentemente de nossa compreensão e justificativa. Na família reina, portanto, a lei da igualdade de todos. Pode-se dizer que cada um é tomado, à sua própria maneira, a serviço da família e ninguém é dispensável nem pode ser esquecido (p.276-277). Assim, todos são importantes para o sistema. Dessa forma, quando ocorre uma exclusão no sistema familiar, acontece um desequilíbrio. Essa situação, às vezes, pode ser vivida por um descendente, sem que necessariamente ele tenha conhecimento ou afinidade com o antepassado excluído. Como popularmente dito, as coisas se repetem. No entanto, devem ser olhadas positivamente, por mais desagradáveis que sejam ou tenham sido. Tudo é aprendizado. Desse modo, 50 Aqueles que não aprendem nada sobre os fatos desagradáveis da sua vida forçam a consciência cósmica que os reproduza tantas vezes quanto seja necessário para aprender o que ensina o drama do que aconteceu. O que negas te submete; o que aceitas te transforma (JUNG apud MOTTA, 2016, p. 161). A associação com o sentimento de exclusão brota do interior de quem o revive, pois “o direito básico de pertencimento não é, portanto, uma exigência imposta de fora. No fundo de nossa alma nós nos comportamos como se tratasse de uma ordem preestabelecida, independentemente de nossa compreensão e justificativa” (HELLINGER, 2003, p. 276-277). Equilíbrio de troca é igualmente de fundamental importância para o funcionamento e manutenção dos sistemas de uma forma geral. Todo ser é dotado da capacidade de troca, oferecendo a outros seus dons, capacidades e habilidades e recebendo daqueles o que for importante para satisfazer suas necessidades de sobrevivência, crescimento e desenvolvimento. Quando nos limitamos a manter o equilíbrio, por exemplo, numa relação de casal, retribuindo apenas na medida do que recebemos e sem aumentar o dom, ficamos estacionados. Quando, [...] uma pessoa dá menos do que toma, a outra também lhe dará menos. Então a troca diminui e, em lugar de progredir, eles regridem, e sua felicidade e sua ligação diminuem (HELLINGER, 2003, p. 115). O equilíbrio de troca em uma relação é manifestado em via de mão dupla, isto é, quando há reciprocidade entre as pessoas ao dar e receber aquilo que cada um é capaz, haverá amadurecimento, liberdade e bem-estar. Porém, em uma relação na qual as partes não cumprem com seus deveres e responsabilidades ou quando uma das partes acaba dando muito mais do que a outra, serão desencadeados conflitos na relação. Na escola, é possível transferir a visão sistêmica abordada partindo do princípio de que as pessoas não devem ser percebidas como “indivíduos separados, mas sempre como uma parte de um contexto de relacionamento”. (FRANKE-GRICKSCH, 2005, p. 11). Assim, todos os membros devem ser entendidos como parte do sistema e que interagem entre si. A qualidade das interações é o que deve também ser revisto, uma vez que a escola real limita a interação e a determina. Nessa escola real, a ação é mecanicista, materialista, individualista, fragmentada, seletiva, excludente. Como esperar uma reação diferente da que comumente é expressa no interior das escolas? 51 Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA No livro Você é um de nós, Marianne Franke- Gricksch descreve a sua experiência, partindo da visão de uma professora e terapeuta experiente, como as ideias sistêmicas possibilitam basicamente um novo e eficiente aprendizado e fomentam um trabalho conjunto e criativo de alunos, professores e pais. Une o trabalho de Bert Hellinger sobre a força do vínculo à família de origem e outras diferentes abordagens da terapia sistêmica. O livro traz relatos baseados em exemplos práticos do dia a dia escolar. A educação sistêmica não se trata de uma metodologia. É uma proposta que apresenta uma nova interpretação para as relações que ocorrem durante o processo ensino-aprendizagem, instrumentalizando o professor na identificação e na reflexão sobre as dificuldades que surgem durante a ação pedagógica e indicando possíveis soluções para as situações experienciadas. Para tal, indica a necessidade de conhecer as leis e princípios que regem o grupo familiar para se atuar de forma simples e direta para a solução de problemas na relação escola-aluno-família. Legitimar essa proposta requer que o professor amplie sua visão de mundo, de educação e, especialmente, sua visão de família e interação humana. Acima de tudo, que a ponha em prática, não bastando saber, é fundamental que saiba fazer. Sabe-se que a escola enfrenta muitas dificuldades, que há uma crise educacional instalada durante muitas décadas, que vai desde a forma de organização, passando por questões de políticas públicas e sociais, métodos classificatórios de avaliação, currículos fechados, falta de recursos, materiais, criatividade, motivação – tanto de professores como de alunos –, respeito e valorização enfim, um ambiente em total desordem. O cotidiano das salas de aula é marcado por indisciplina, violência (em diversos níveis), desinteresse, despreparo dos profissionais,irresponsabilidade de diversas ordens e graus, dificuldades de aprendizagem, relacionamentos conturbados. Assim, é urgente 52 a necessidade de se repensar e tomar atitudes decisivas para transformar o que está posto. Para Hellinger (2009), “nenhuma criança é difícil. O sistema é difícil. Algo em sua família encontra-se fora de ordem. A desordem principal de uma família é que alguém foi excluído ou esquecido” (p. 161). Ví deo No filme da Disney/Pixar Viva – a vida é uma festa, é possível traçar paralelos com a Lei do Pertencimento e alguns conceitos de Hellinger. Em todo o filme, observa-se como o esquecimento e a exclusão de um integrante geram movimentos de compensação em todo o sistema. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=hNU6gq7TFyo Torna-se impossível proporcionar um ambiente favorável à aprendizagem consolidando-o como excludente, indiferente, sem conhecer os sujeitos que ali se relacionam. A objetividade impressa nas ações pedagógicas distanciou consideravelmente a humanidade das relações. Ou as deixou superficial. Reverter esse quadro é o primeiro passo para solucionar os problemas que surgiram ao longo do trabalho pedagógico. Na visão sistêmica, conforme anteriormente explicitado, há forças que atuam sobre a consciência de grupo (pertencimento, hierarquia e equilíbrio). Quando tais forças não são levadas em conta, surgem emaranhamentos. Como efeitos ao desrespeito a essas ordens, surgem doenças, conflitos, infelicidade e, no caso da escola, as dificuldades e os transtornos de aprendizagem e de comportamento. Quem chega depois também passará a reproduzir tais consequências inconscientemente. Diante disso, entender o funcionamento da dinâmica proposta pela educação sistêmica, trazendo para a sala de aula a história do aluno, certamente contribuirá para uma relação sólida e o resgate de potencialidades talvez nunca antes percebidas. Nas reflexões e experiências de Franke-Gricksch (2005, p. 15), A melhor coisa com que podemos presentear uma criança é reconhecer seu destino, tal como ele é e isso requer de nós, os professores, uma grande dose de disciplina — renunciar a querer ajudar a criança, por exemplo, a sobrepujar as limitações de sua família de origem. Nós somos apenas os professores; as crianças 53 permanecem conectadas aos seus próprios destinos e famílias. Uma mudança em situações difíceis acontece quando a própria criança consegue respeitar seu próprio destino. É desse respeito que a escola não pode mais se eximir. Tratar o aluno como alguém sem história, desconectado de seu próprio mundo, e fazer da escola um mundo à parte é postura que não trará nenhum crescimento, que somente incentivará a visão de que aquele local – a escola – não pertence à vida real, tampouco que os sujeitos que ali circulam têm a devida importância como seres humanos, ou seja, também não pertencem à escola. Portanto, a ordem de pertencimento é “uma lei básica que reconhece a todos os que fazem parte do grupo o mesmo direito de pertencer-lhe” (HELLINGER, 2009, p. 38). Todas as reflexões realizadas sobre a visão sistêmica até o momento trazem a perspectiva terapêutica, na abordagem psicanalítica dos autores referendados. As constelações familiares não fazem parte da ação pedagógica, não é o espaço adequado, não é a função dos professores, nem tampouco há preparo e qualificação necessários para tal. Contudo, é imprescindível perceber qual o olhar e a compreensão que se tem tido, para ver e entender o mundo e as relações com menos racionalidade e maior sensibilidade. A visão sistêmica proposta por Hellinger (2003; 2005; 2008; 2009; 2010), nas palavras de Ten Hövel (2010, p. 6), “provoca, fascina, toca e irrita. Essa mistura alimenta o espírito e estimula um tipo de raciocínio que, do contrário, poderia permanecer inerte e satisfeito dentro de nós. E de alguma forma você passa a olhar o mundo com mais indulgência”. Assim como na escola, entender a necessidade de um pensamento sistêmico nas organizações, em geral, é condição indispensável para aprimorar as tomadas de decisões, imprimir qualidade ao que se desenvolve e maiores possibilidades de sucesso no que se pretende. Para Senge (2018), a perspectiva sistêmica estimula a enxergar além dos erros individuais para entender os problemas importantes. 54 Ví deo No filme Beleza Oculta (2016), o protagonista, Howard, entra em depressão após uma tragédia pessoal e passa a escrever cartas para a Morte, o Tempo e o Amor, algo que preocupa seus amigos. Mas o que parece impossível se torna realidade, quando essas três partes do universo decidem responder. Morte, Tempo e Amor vão tentar ensinar o valor da vida para Howard. O filme tem uma perspectiva sistêmica e ajuda a compreender as “ordens do amor”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=klDnfitYEOA É importante a aprendizagem constante de todos os que atuam nas organizações para que a visão sistêmica seja internalizada e compreendida como necessidade de reconhecimento. “As organizações que aprendem são aquelas nas quais as pessoas aprimoram continuamente suas capacidades para criar o futuro que realmente gostariam de ver surgir” (SENGE, 2018, p. 7). Assim, quando o pensamento sistêmico é colocado em prática, as relações que ali se estabelecem garantem um melhor planejamento de ações, solução efetiva para a resolução de problemas, alcance de objetivos, interpretações assertivas, possibilidade de alternativa antes da tomada de decisão, diminuição de julgamentos prévios, novas percepções, análise das consequências, ações realistas, habilidade de observação, relacionamento interpessoal qualitativo (MOSCOVIA, 1981; RODRIGUES et. al., 2010). Dessa forma, se considera uma organização sistêmica (hospital, escola, empresa, equipe de projeto, grupo de indivíduos, ou qualquer outra estrutura de interação humana) quando esta é capaz de desenvolver: domínio pessoal, modelos mentais, visão compartilhada, aprendizagem em equipe e pensamento sistêmico (visão do todo integrado) (SENGE, 2018). Ao vislumbrar-se a organização como uma teia integrada (inclusive à sociedade) e em constante mudança, concebe-se que o desempenho de um membro afeta a todos os demais. Diante disso, é importante que se desenvolva a capacidade de adaptação, pois há tendência de desgaste ou de desordem do sistema (entropia). Assim, a busca por equilíbrio deve ser constante, tal qual a busca por 55 inovação e melhoria dos processos já existentes e da atualização ou renovação do sistema. Saiba Mais De acordo com a Lei da Termodinâmica, quanto maior for a desordem de um sistema, maior será a sua entropia. Isso significa que quanto maior o processo de alteração de um estado, maior será a sua desordem. No âmbito da organização administrativa, a definição dada à empresa, companhia ou sistema que está se restabelecendo, ou seja, se recuperando da desordem, é entropia negativa. O conceito da entropia negativa consiste em reverter a entropia, nesse caso o estágio de “bagunça” e “caos”. A entropia negativa também é chamada de “informação”, pois de acordo com o princípio da entropia, quanto maior a informação, menor a desordem. Leia mais em: https://hypescience.com/o-que-acontece-quando-voce- mistura-o-mundo-quantico-com-termodinamica-uma- revolucao/ Para melhor entendimento sobre as desordens sistêmicas, será abordada a visão quântica de Di Biase (2014), no intuito de esclarecimento, no entanto, não haverá aprofundamento nessa temática. Para o autor, sistemas organizacionais cooperam continuamente, coordenando suas ações e alterando seus comportamentos de acordo com as circunstâncias. Precisam funcionar como sistemas não lineares, auto-organizadores, homeostáticos (capacidade de reequilibração e manutenção constante do funcionamento), atuando de modo interdependente. Auto-organização interdependenteé a única fonte de renovação e caos, ao mesmo tempo, pois tais sistemas, por sua própria natureza, estão sempre em um estado de fluxo energético-informacional permanente, que inclui uma fase de caos, auto-organização e renovação. Essa desordem é positiva, na perspectiva quântica, pois é impulsionadora da renovação e fator enriquecedor do sistema. No universo da evolução da vida somente sistemas auto- organizadores homeostáticos como nós, são capazes de suportar as imensas variações da homeostasia orgânica e ambiental, assimilando a desordem, e ainda continuar funcionando e gerando novos comportamentos criativos, novidade e aprendizagem (DI BIASE, 2014, p. 36). 56 Quando o equilíbrio de funcionamento nos sistemas é perturbado e desestruturado por alguma mudança, por alguma desordem, ele pode se reequilibrar e se manter estável retornando ao seu estado inicial de equilíbrio. Nisso consiste um sistema auto-organizador. O entendimento dessa abordagem é difícil, exigindo muita pesquisa e estudo. O interesse em apresentá-la consiste em identificar o quanto há de efeitos da interação no comportamento humano e as influências do ambiente social em tais interações, essas entendidas como processo sistêmico. Ou seja, a interação vista como uma relação de interdependência recíproca, que se estabelece entre indivíduos, grupos de indivíduos e ambiente social. E a escola é um ambiente social, de interações. No entanto, reduz-se apenas à interação indivíduo-conhecimento, contentando-se com isso, reprimindo as possibilidades de interações entre os sujeitos, favorecendo a competição em detrimento à cooperação. Assim, a escola precisa perder seu aspecto individualista e desenvolver o olhar sistêmico. O que isso efetivamente representa? Significa que a escola deverá ser vista como uma teia, uma rede de relações. Nas palavras de Aun et al (2007, p. 13) “vemos as redes porque nossa visão sistêmica nos permite vê- las ou porque nos tornamos especialistas em vê-las. Se continuarmos especialistas em ver indivíduos, continuaremos vendo e tratando de indivíduos”. Diante disso, cabe compreender a ideia de agrupamento, otimização e soluções de objetivos em interações específicas, na perspectiva de buscar incorporar a visão sistêmica na concepção do novo paradigma proposto. As interações específicas, nesse caso, referem-se a um sistema determinado pelo problema (SDP), ou seja, uma rede de conversação sobre algo que as pessoas que ali interagem, definem ou consideram como uma situação-problema. Há, nessas situações, a possibilidade de intervenção terapêutica num contexto de atendimento sistêmico, orientado por profissionais qualificados (VASCONCELLOS, 2008). Ainda sobre o entendimento de agrupamentos, a Sociologia, enquanto ciência social, estuda os agrupamentos humanos, bem como as interações específicas entre os membros que pertencem a determinado grupo social. Nessa perspectiva, interessa se apropriar dos conceitos de Niklas Luhmann, 57 sociólogo que desenvolveu uma teoria particularmente própria do pensamento sistêmico, que entende que o sistema educativo está em movimento e é autopoiético como todos os outros sistemas sociais, ou seja, reproduz-se desde e por si mesmo (BARONE, 2012). A teoria autopoiética contempla a interação entre os elementos, indissociando-os, vislumbrando, dessa forma, o todo e as partes, diferentemente da postura analítica. Vocabula rio Autopoiético – a teoria autopoiética tem como ideia básica um sistema organizado autossuficiente. Este sistema produz e recicla seus próprios componentes, diferenciando-se do meio exterior. O termo autopoiese foi criado pelos biólogos chilenos Humberto Maturana e Francisco Varela. A escola, diferentemente da família, é um sistema amplo que envolve vários sujeitos. Para não fragmentar esse sistema, o que o descaracterizaria enquanto sistêmico, e manter sua complexidade, é necessário entendê-lo sob a ótica do agrupamento de pessoas (rede), que estão em movimento e interagem especificamente sobre determinada situação, identificando a solução para as desordens e problemas que surgem no ambiente, com vistas à otimização, no sentido de criar condições mais favoráveis ao sistema como um todo. Dessa forma, conserva-se a complexidade do sistema e observa-se o todo de forma indissociável, vencendo a visão reducionista, não sendo seu oposto, mas sim se integrando a ela, pois as soluções verdadeiras se encontram em resolver os conflitos entre materialidade e espiritualidade, entre exterior e interior. O poder da nova ciência se dá pela integração que se torna possível. (GOSWAMI, 2010). Conclusão da aula 3 A construção da identidade tem como base a relação que se estabelece com o “outro”. Assim, quando se nasce, as características estão impressas na memória espiritual (entendendo que há um espírito, logo, uma consciência não local específica). Entrelaçada à memória espiritual, o ser vai se formando com a 58 herança genética de seus pais e antepassados. Dessa forma, a criança que nasce traz informações do espírito e da memória hereditária. No entanto, a personalidade é construída tendo como fundamento a relação estabelecida no seio familiar. O bebê já nasce com a relação emaranhada à sua mãe durante o período da gestação, uma relação que ocorre durante os primeiros meses (ZOHAR, 1990). Assim, o bebê já nasce possuindo uma riqueza extraordinária de informações e recursos, primeiro passo para a constituição de sua identidade. O desenvolvimento se dá na interação que se estabelece com os demais membros da família, à medida que ele amadurece. Junto ao amadurecimento, surge a necessidade de pertencer, de ser parte de um determinado grupo. É na família, então, que esse processo começa a ser suprido, uma vez que é nela que o indivíduo encontra o seu lugar no mundo e, assim, inicia também o processo de aprender a dar e a receber afeto, respeitar e ser respeitado. Na visão quântica, o relacionamento é entendido por meio da sobreposição da função de onda de uma pessoa a de outra (ZOHAR, 1990). A vibração entre as pessoas varia e, em consequência, os relacionamentos podem ser equilibrados como também podem ser desastrosos. Há que se conscientizar da importância das emoções e sentimentos para que a vibração seja positiva e os relacionamentos, em virtude disso, tenham harmonia. Emoção é energia em ação. Nos estudos de Hellinger (2005), o pertencimento compreende um sistema em que cada ser que nasce ou é ligado de alguma forma a tal sistema carece de ser reconhecido como membro integrante e devidamente respeitado no seu lugar e papel dentro desse mesmo sistema. No sistema familiar, os membros são singulares, únicos e todos têm o direito de pertencer. A escola, diferentemente da família, é um sistema amplo, que envolve vários sujeitos. Para não fragmentar esse sistema, o que o descaracterizaria enquanto sistêmico, e manter sua complexidade, é necessário entendê-lo sob a ótica do agrupamento de pessoas (rede), que estão em movimento e interagem especificamente sobre determinada situação, identificando a solução para as desordens e problemas que surgem no ambiente, com vistas à otimização, no sentido de criar condições mais favoráveis ao sistema como um todo. Dessa forma, conserva-se a complexidade do sistema e observa-se o todo de forma 59 indissociável, vencendo a visão reducionista, não sendo seu oposto, mas sim se integrando a ela, pois as soluções verdadeiras se encontram em resolver os conflitos entre materialidade e espiritualidade, entre exterior e interior. O poder da nova ciência se dá pela integração que se torna possível. (GOSWAMI, 2010). Atividade de Aprendizagem “Os excluídos são aqueles que, por alguma razão, foram deixados de lado por uma família. São aqueles a quem se negou o respeito ou o seu direito de pertinênciaou uma posição de igualdade com relação aos outros membros da família” (HELLINGER; TEN HÖVEL, 2010, p. 12). Diante dessa afirmação, redija um texto que deverá ter no mínimo 5 linhas e no máximo 10 linhas, descrevendo e refletindo sobre algum fato que tenha observado ou vivido a respeito de alguém que tenha sido prejudicado, excluído ou injustiçado em sua família ou ambiente de trabalho. Que situações poderiam ser entendidas como desrespeito ao direito de pertencimento ou que sejam gatilhos para que alguma pessoa se sinta deslocada no ambiente escolar? Disserte sobre essa questão. Aula 4 – Espírito, consciência e cérebro Apresentação da aula 4 Com o propósito de conclusão desse estudo, mas sem a pretensão de esgotá-lo, a abordagem que será trazida pauta-se em pesquisas que envolvem em específico a integração, inter-relação e interdependência de matéria e espírito. Na perspectiva de incluir os conceitos até o momento abordados, num movimento de entrelaçamento com a ciência clássica, são pertinentes os estudos sobre o cérebro humano enquanto representante da matéria e sua interconexão com a consciência. Para isso, importam as considerações trazidas da Neurociência Cognitiva/Comportamental, da Psicologia, da Neuropsicologia, da Psicanálise e da Neurolinguística, no que diz respeito às pesquisas sobre os níveis neurológicos e suas implicações. 60 4.1 Níveis de consciência As discussões a respeito das visões materialistas e espiritualistas têm sido um terreno movediço. Muitas vezes um terreno de disputa desenfreada de alguns cientistas mais radicais, que, acima de tudo, negam o que esteja além da matéria. Essa negação remete a um jogo de vaidades, a uma disputa de poder, tal qual a que desencadeou a separação entre ciência e religião, conforme já visto no início desse estudo. Por outro lado, a fervorosa postura fanática de determinados líderes religiosos fechados em suas crenças acaba por acirrar ainda mais a disputa. Caberia interpretar a questão levantada como “o infeliz abismo existente entre ciência e religião, que poderia ser eliminado com mudanças em ambas, por meio do que vou caracterizar como espiritualidade científica" (SETZER, 2015, p. 1). Para Refletir No meio do território deste duelo, se encontram os estudos sobre a consciência. Afinal seria ela propriedade do espírito ou propriedade do cérebro? Ou seria propriedade de ambos? Que proporção caberia ao espírito e que proporção caberia ao cérebro? As discussões não chegaram ainda a nenhuma conclusão, nem sequer a consensos. O que pode ser nitidamente observado são posturas que negam e posturas que integram, de ambos os lados. Há cientistas também fanáticos em suas verdades. Diante do que o presente estudo se propõe, cuja abordagem tem sido dentro da visão sistêmica, complexa, quântica, e, em consequência, integrada, serão expostas as conclusões que as pesquisas apontam até o momento. É sabido, no entanto, que é uma temática controversa, de difícil explicação e ainda um mistério para a ciência, em todas as suas vertentes, materialistas ou espiritualistas. Por mais que haja radicalismos, nas palavras de Chopra e Kafatos (2017, p. 198), “é muito difícil entender o que o cérebro faz. Se a natureza tem senso de humor, o maior trote que ela nos prega é manter o segredo do cérebro escondido, mesmo que a mente o utilize o tempo todo”. 61 Níveis de consciência Fonte: https://www.infoescola.com/wp- content/uploads/2010/03/consci%C3%AAncia_326869622.jpg Compreende-se cérebro como uma estrutura física de aproximadamente 1,250 Kg de tecido biológico que se situa no interior do crânio. No ponto de vista físico, o cérebro contém aproximadamente 86 bilhões de neurônios, ligados entre si por mais de 1.000 conexões sinápticas cada – um número surpreendente – entre outras características fisiológicas. Sabe-se descrever como funciona individualmente cada neurônio e cada sinapse. No entanto, ainda não há detalhamento de como ocorre essa cooperação em grupos de milhares ou milhões deles. Curiosidade O cérebro possui mais conexões do que o número de estrelas em nossa galáxia; mais de 160.000 quilômetros de vasos sanguíneos se espalham pelo cérebro humano, o suficiente para dar quatro voltas na Terra; O hemisfério esquerdo tem quase 200 milhões de neurônios a mais que o direito; O tamanho de um neurônio varia entre quatro e 100 micrômetros de largura; Embora pensemos que ele seja branco ou cinza, o cérebro de uma pessoa viva tem, na verdade, um tom rosado; o cérebro humano tem a mesma consistência macia de uma barra de manteiga. 62 Estudada pela Psicologia, a mente é o lugar da atividade psíquica que abrange as emoções, os pensamentos, vontades, consciência e inconsciência. Ela é imaterial, ou seja, não física. Nesse ponto, começam as contradições e debates. Onde a mente está situada, e se há algum lugar no cérebro que corresponde à consciência. Como reflete Claussen (2003, p. 21), “a grande lacuna que devemos transpor em nosso conhecimento da mente continua sendo esta: de que maneira as ações do sistema nervoso se transformam em consciência?”. A mente é uma abstração que está em toda parte e em nenhuma. (TEIXEIRA, 1997). As divergências residem exatamente aí, na mente, e se esta é apenas uma atribuição do cérebro ou não. A partir de tais divergências, os estudos se encontram e desencontram, como numa encruzilhada, entre visões: a reducionista – o cérebro produz a mente –, e a não reducionista – há relação entre mente e cérebro –, mas a primeira não é totalmente dependente da segunda (MOREIRA-ALMEIDA, 2014). Ví deo Assista ao vídeo explicativo a respeito da visão não reducionista que expõe que há relação entre mente e cérebro, mas a primeira está além do segundo. A mente como elemento irredutível: o cérebro como instrumento, Palestra realizada no I Simpósio Internacional Mente-cérebro – São Paulo, 30 de abril de 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=nNgomBLe5x8 Alguns autores abordam, para efeito de estudos sobre a mente, algumas subdivisões que se diferenciam em conceitos e na nomenclatura para algumas definições. Mas é possível analisar e entender, estabelecendo vínculos com aspectos gerais da temática. Nas pesquisas realizadas para esse estudo, foram encontradas algumas definições que ajudam a compreender como a mente funciona, na perspectiva da consciência. A Psicologia explica que existem partes ou funções da nossa psique que não são conscientes ou não estão sob o controle da consciência, ou seja, a mente subdivide-se em níveis de consciência: o consciente (o conhecido), e o 63 inconsciente, ou subconsciente, na literatura do início do século XX, (o desconhecido). Para a Psicologia Analítica de Jung, a psique é composta por três níveis: consciente, inconsciente pessoal e inconsciente coletivo. Na Psicanálise, Freud defendeu a noção que a psique humana está divida em três partes: id (parte inconsciente), ego (parte consciente) e superego (aspecto moral) (JUNG, 2007; LIMA, 2010). Vocabula rio Psique é a palavra com origem no grego psykhé e que é usada para descrever a alma ou espírito. Também é uma palavra relacionada com a psicologia, e começou a ser usada com a conotação de mente ou ego por psicólogos contemporâneos para evitar ligações com a religião e espiritualidade. Outras concepções incluem três níveis: o consciente (parte pensante – ou self para o coaching); o subconsciente (acervo de crenças); o inconsciente (responsável pelos sentimentos). Independentemente do número de subdivisões que se faça, está claro que há a parte da mente que se revela, enquanto outra fica oculta (ou outras). Para Murphy (2019, p. 23) “embora tenhamos uma única mente, ela possui duas partes funcionais distintas e características”. Esse autor compreende as partes da mentecomo o consciente – ou racional –, e o subconsciente – ou irracional. Em seus estudos, Murphy (2019) indica que, Numerosos nomes foram usados para distingui-las. Incluindo os de mentes objetiva e subjetiva, consciente e inconsciente, desperta e adormecida, eu superficial e profundo, voluntária e involuntária, masculina e feminina e um sem-número de outros. Todos os nomes, quaisquer que sejam suas implicações, constituem reconhecimento dessa dualidade básica (MURPHY, 2019, p. 23). Sobre esse lado racional que representa a parte funcional revelada da mente, institui o que também é referido como inteligência, entendida como o ato de pensar, abstrair e processar. O termo inteligência, assim como a definição que lhe é dada, não é muito antigo na Psicologia, como os conceitos e aspectos da psique. Segundo alguns autores, o termo foi introduzido na Psicologia por Spencer (SEMINÉRIO, 2002; CLAUSSEN, 2003), no entanto, já era concebido 64 na Grécia Antiga, por Platão e Aristóteles, até que Cícero – filósofo, orador, escritor, advogado e político romano (106 – 43 a.C.) “mais tarde, inventou o termo inteligência [intelligentia], que ainda usamos frequentemente para nos referirmos aos poderes cognitivos e capacidades intelectuais de uma pessoa” (CLAUSSEN, 2003, p. 21). De acordo com Zohar e Marshall (2018, p. 17), “nossa inteligência intelectual, ou racional, é a que usamos para solucionar problemas lógicos ou de grande importância. Psicólogos desenvolveram testes para avaliá-la (...)”. São os famosos testes de QI, que indicam habilidades e talentos dos indivíduos. Para Gardner (2000), há pelo menos sete tipos de inteligência: lógica-matemática, linguística, corporal-cinestésica, intrapessoal, interpessoal, visual-espacial e musical, teoria essa que ele chamou de inteligências múltiplas, se contrapondo aos testes de QI por terem uma relevância limitada ao terem abordagem única. Goleman (2012) tornou populares as pesquisas realizadas por neurocientistas e psicólogos, demonstrando que a inteligência emocional – QE – de igual importância, dá a percepção dos sentimentos, constituindo requisito básico para o efetivo emprego do QI (ZOHAR; MARSHALL, 2018). Um indivíduo emocionalmente inteligente é aquele que consegue identificar as suas emoções com mais facilidade. A inteligência emocional refere-se à capacidade de controlar impulsos, canalizar emoções para situações adequadas, praticar a gratidão e motivar as pessoas, além de outras qualidades. Algumas habilidades específicas fazem parte dessa inteligência, ou seja, autoconhecimento emocional, controle emocional, automotivação, empatia e desenvolver relacionamentos interpessoais (habilidades sociais) (GOLEMAN, 2012). Ví deo A animação conta a história de Riley, uma garota de 11 anos que se muda de cidade com seus pais e as várias emoções (alegria, medo, raiva, nojo e tristeza) que a cada momento comandam seu cérebro. O comportamento de Riley é demonstrado pelas emoções, como ela as controla e o que acontece com os conflitos internos que todos nós temos. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=da-CT-Pw3uw 65 No final do século XX, um conjunto de dados científicos, ainda não assimilados, apresenta “a discussão da inteligência espiritual, ou, abreviadamente, QS – Quociente Espiritual (Spiritual Quociente)” (ZOHAR; MARSHALL, 2018). Ainda segundo os autores, “o Quociente Espiritual (QS) é o embasamento necessário para o funcionamento eficaz do QI e do QE. É a nossa inteligência final” (p. 18). Assim, o ser humano deve buscar equilíbrio no seu modo de ser e estar no mundo, procurando entender que há, na realidade, integração, inter-relação e interdependência de matéria e espírito, aceitando isso ou não. Na reflexão de Zohar e Marshall (2018), O trabalho de usar a inteligência espiritual não será fácil. Esquecemos muitas de nossas capacidades para expressar sentido. A cultura em que vivemos é espiritualmente estúpida até mesmo em sentido literal – não temos uma linguagem adequada para expressar a riqueza da alma humana. Palavras como “alegria”, “amor”, “compaixão” e “graça” referem-se a muito mais do que podemos expressar. Usar a inteligência espiritual implica forçar a imaginação humana. Significa transformar nossa consciência. Significa descobrir em nós camadas mais profundas do que as que usamos para viver. Exige encontrar algum fundamento no eu para o sentido que transcenda o eu. Não será tarefa fácil para pessoas que se acostumaram com “cinco-passos- fáceis-para-o-automelhoramento” (p. 48-49). Esse comodismo a que os autores se referem é produto da visão reducionista a que a sociedade foi imposta durante os últimos séculos. No âmbito educacional, por exemplo, o que se observa nos professores, de um modo geral, é uma ansiedade por descobrir uma saída única – um método, uma técnica – capaz de ensinar a toda e qualquer turma, independente da história de vida do aluno, das circunstâncias da vida de cada um, inclusive das suas e do ambiente em que atua, pois, afinal “o saber não é algo que permeia o espaço sem relação com e no mundo” (SILVA et. al, 2017, p. 73). Ações investigativas, criativas, críticas e reflexivas parecem incomodar muito, fazendo com que as práticas pedagógicas ainda continuem as mesmas também durante esses mesmos últimos séculos. Em diversas situações, a zona de conforto faz com que o medo do novo, do desconhecido, sensações presas no subconsciente impeçam a ação da mudança. Estudos sobre o subconsciente revelam que há uma verdade universal que indica que “tudo que você grava na mente subconsciente é manifestado na tela do espaço como condição, experiência ou fato. Sua prece é atendida porque sua 66 mente subconsciente é princípio” (MURPHY, 2019, p. 21). Assim entendido, evidencia-se que é necessário acreditar, ter propósito e imprimir objetivos específicos na vida. Como na lei universal de ação e reação. “O pensamento é a ação incipiente. A reação é a resposta da mente subconsciente que corresponde à natureza do pensamento” (MURPHY, 2019, p. 22). A respeito do pensamento, as discussões em torno de suas origens, isto é, onde realmente se origina um pensamento, trazem novamente à tona as diferentes visões que ocorrem no ocidente entre matéria e espírito, entre o todo e as partes, entre a integração do todo. Para Zohar e Marshall (2018, p. 57), O modelo ocidental de pensamento, portanto, é inadequado. Pensar não é um processo inteiramente cerebral, não apenas uma questão de QI. Pensamos não só com a cabeça, mas também com as emoções e com o corpo (QE) e com o espírito, com visões, esperanças, percepção de sentido e valor (QS). Pensamos com todas as complexas redes nervosas entrelaçadas em todo o nosso organismo. Todas elas fazem parte da inteligência do homem. A linguagem comum reconhece esse fato quando dizemos coisas como “Ele pensa com a barriga” ou “Ela pensa com o coração”. Muitas pessoas falam em ter uma “sensação da situação”, descrita às vezes como quase tátil. O ser humano é, portanto, integral na sua essência, formado pelo corpo físico, emocional, mental e espiritual. Todos esses “corpos” são inteligentes. É um ser espiritual vivendo uma vida material, de acordo com o que explicam as tradições antigas por meio das diferentes religiões. A ciência, em determinados campos e por meio de alguns cientistas tem procurado provar isso. Beauregard e O’Leary (2010) esclarecem, a esse respeito, afirmando que a evolução humana tem avançado para a espiritualização da consciência por meio de um novo esquema de referência científico que “talvez acelere nossa compreensão desse processo de espiritualização e dê uma contribuição importante para o surgimento de um tipo planetário de consciência” (p. 128). Pesquisas realizadas por Hawkins (2019), com o propósito de mapear as transformações causadas pela espiritualidade– individual e coletiva – apontam para níveis de consciência ao redor de valores/chaves fundamentais da vida humana. Usando a Cinesiologia, esse pesquisador relacionou os níveis de consciência em escalas, de acordo com a frequência da vibração de cada emoção. A pesquisa consiste, dessa forma, na medição e determinação matemática dos níveis de consciência. 67 Fonte: Hawkins (2019, p. 94-95). O trabalho de Hawkins (2019) possui algumas semelhanças com as estruturas dos chakras, vistos anteriormente nesse estudo. Ou seja, tudo é energia – “padrões dinâmicos que continuamente se transformam uns nos outros – uma dança contínua de energia” (CAPRA, 1975, p. 169). A lei ou princípio hermético da vibração, conforme já sabido, diz que nada está parado, tudo se move, tudo vibra. A Física Quântica explica que os átomos são compostos de onda e corpúsculo, de energia e matéria, tudo é onda, é energia e, portanto, vibra. O organismo humano produz e consome energia, além de emiti-la. No cérebro, ocorrem oscilações e ondas de todos os tipos e frequências, conforme observado em laudos de eletroencefalogramas. “Todas essas várias oscilações neurais estão associadas a campos elétricos existentes no cérebro [...]” (ZOHAR; MARSHALL, 2018, p. 85). Tais oscilações são o resultado dos processos das informações obtidas fazendo com que o cérebro execute todas as suas funções, conscientes ou não, voluntárias ou involuntárias. O encéfalo, especialmente o cérebro, ainda se constitui num mistério, sendo a parte do corpo humano de que menos se sabe. Ainda não há respostas definitivas se é o cérebro que origina a mente, os pensamentos, a consciência ou se é a consciência que o regula. Portanto, a afirmação de que a mente, o pensamento e a consciência se originam no cérebro não constitui um fato científico, mas sim uma especulação científica (SETZER, 2015). Para o autor, o 68 corpo físico é essencial nos processos mentais usuais, e não deve ser desprezado. A existência de processos não físicos no universo pode ser simplesmente tomada como hipótese de trabalho, expandindo a pesquisa científica, para além da matéria e, com isso, ampliando a visão de mundo (SETZER, 2011). Apesar da abordagem de pesquisa ainda ser reducionista por fragmentar em partes e subpartes, importa igualmente destacar os estudos da Neurociência, em especial da Neurociência Cognitiva e da Neurociência Comportamental. Os resultados expostos até o momento muito contribuem para que outras áreas, como a educacional, por exemplo, possam igualmente avançar em alguns de seus interesses e objetos de estudo. O entendimento do sistema nervoso, no âmbito comportamental (como os sistemas neurais trabalham juntos para produzir determinados comportamentos; se existem diferentes sistemas para executar diferentes formas de memória, entre outros), assim como no âmbito da cognição (relacionados aos níveis mais elevados de atividade mental humana, como a consciência, a aprendizagem, a imaginação e a linguagem), tem sido de particular relevância. Compreendendo que, na educação, a Neurociência busca entender como o cérebro aprende e como o mesmo se comporta no processo de aprendizagem, são definidos métodos para identificar como os estímulos do aprendizado podem chegar neste órgão central. Sabe-se que os estados mentais são provenientes de padrões de atividade neural, então, a aprendizagem é alcançada por meio da estimulação das conexões neurais, que podem ser fortalecidas dependendo da qualidade da intervenção pedagógica (SOUSA; ALVES, 2017, p. 321). As nomenclaturas variam igualmente nas Neurociências, bem como os campos de interesses. Às vezes os campos de interesse se misturam, o que acaba deixando confuso sobre qual ciência se está falando. Talvez resida nessa mistura a necessidade de se adotar definitivamente a visão do todo, em que os saberes dialogam harmonicamente. Sobre isso, Pinheiro (2005, p. 176) esclarece que A neuropsicologia é uma ciência do século XX, que se desenvolveu inicialmente a partir da convergência da neurologia com a psicologia, no objetivo comum de estudar as modificações comportamentais resultantes de lesão cerebral. Atualmente, podemos situá-la numa área de interface entre as neurociências (neste caso, ela também pode ser chamada de neurociência cognitiva), e as ciências do comportamento 69 (psicologia do desenvolvimento, psicolinguística, entre outras) entendendo que o seu enfoque central é o estudo da relação sistema nervoso, comportamento, e cognição, ou seja, o estudo das capacidades mentais mais complexas como a linguagem, a memória, e a consciência. Diante das afirmações da autora, há possibilidade em perceber o quanto a abordagem reducionista fragmenta, limita os espaços de abrangência dos campos de conhecimento e atuação dos profissionais. Numa visão sistêmica, gera um colapso na forma de entender o mecanismo de tanta divisão e subdivisão. Para Morin (2004), O princípio da separação não morreu, mas é insuficiente. É preciso separar, distinguir, mas também é necessário reunir e juntar. O princípio da ordem não morreu, é preciso integrá-lo na dialógica ordem- desordem-organização. O princípio da simplificação e da redução encontra-se morto, porque jamais chegaremos ao conhecimento de um todo a partir do conhecimento dos elementos de base (MORIN, 2004, p. 564-565). Assim, para uma formação de excelência em Educação, é necessário se apropriar dos conhecimentos de variados campos do saber, enfatizando ainda mais o que foi discutido anteriormente: abrir mão dos atuais arcabouços de pensamento, das premissas, das teorias de sempre, da forma de ver a própria realidade, considerando uma nova maneira de entender o mundo, a sociedade e a própria vida (MOTOMURA, 1995). No bojo da compreensão da necessidade de acrescentar conhecimentos e ampliar a visão de mundo e de educação, serão tratadas, na conclusão desse estudo, as teorias e contribuições de Gregory Bateson a respeito dos diferentes níveis de aprendizagem e sua habilidade em transitar por variados campos de saber, assim como as contribuições de Robert Dilts, a respeito dos níveis neurológicos, conhecimento elaborado em convergência ao pensamento de Bateson. Ambos os pesquisadores contemplam os relacionamentos e a interação humana. 4.2 Níveis neurológicos e a aprendizagem Bateson era interessado pelo estudo das relações humanas e dedicou a vida ao conhecimento e compreensão das regras que regem as trocas de 70 informação entre os indivíduos, ou seja, de que maneira ocorre a conexão com os outros, como tudo se entrelaça, criando tramas, laços e nós que, segundo ele, a antropologia (e outras ciências) de maneira isolada eram incapazes de compreender (SCHROEDER, 2007). Em suas pesquisas, descobriu que existem tipos de aprendizagem em níveis diferentes, hierarquicamente distribuídos. Alguns desses níveis se fundamentam em aprender um comportamento condicionado e fixo, enquanto outros níveis se embasam no aprender a aprender (KADER, 2009; PISTÓIA, 2009). Estudos de Kader (2009) e Pistóia (2009) explicitam os níveis de aprendizagem desenvolvidos por Bateson. Nas pesquisas das autoras, está exposto que o nível mais elementar é a “aprendizagem de tipo 0”– simples recepção de informação de um sinal proveniente de um acontecimento exterior, de forma que um acontecimento semelhante, num futuro próximo, irá transmitir a mesma informação; é o caso em que um mesmo estímulo provoca sempre a mesma resposta. A aprendizagem de nível I, de cunho comportamentalista, representa a mudança na capacidade de o indivíduo reagir às percepções ou aos sinais que recebe. Ajusta a resposta ao mesmo sinal em função do contexto no qual este é produzido, aprende a dar resposta aos sinais (KADER, 2009; PISTÓIA, 2009). A aprendizagem de nível II está relacionadaao aprender a aprender e é o tipo lógico da aprendizagem. O indivíduo aprende uma metarregra sobre como deve abordar os acontecimentos. Há um processo de adaptação. O conjunto de eventos é pontuado em contextos de aprendizagem pelo acordo que se estabelece entre os indivíduos, tendo em consideração a natureza da sua relação; ou então, por marcadores de contexto e acordos, no sentido de atribuir o mesmo significado a esses marcadores de contexto. Adquirida na infância, persiste ao longo da vida (KADER, 2009; PISTÓIA, 2009). A aprendizagem de nível III representa aprender a modificar a forma de “aprender a aprender”; provoca a tomada de consciência das premissas que presidem às “aprendizagens de tipo II” e a sua modificação. Este nível teria de ser acompanhado por uma redefinição profunda do eu, já que o caráter é um produto, um agregado de “aprendizagens de tipo II” anteriores. É vinculada ao 71 profissional, que aprende a controlar, a limitar e a direcionar a sua aprendizagem de nível II (KADER, 2009; PISTÓIA, 2009). A aprendizagem de nível IV representa o nível de mudança revolucionária, envolve o despertar para uma realidade totalmente diferente, única e transformadora, passando a operar em um universo totalmente novo de possibilidades (KADER, 2009; PISTÓIA, 2009). Ao desenvolver os diferentes tipos de aprendizagem, Bateson percebeu a importância da descontinuidade existente entre os diferentes níveis lógicos e como eles se organizam de forma hierárquica. A aprendizagem, por sua vez, ocorre em momentos diferentes ao longo do tempo, o que implica que o que se passa num nível superior é afetado pelo que se passa num nível inferior (KADER, 2009; PISTÓIA, 2009). Conforme Pistóia (2009), de acordo com o pensamento batesiano, a prática de sala de aula deve ser entendida como uma possibilidade de constituição do ser humano nas interações que se dão por meio da linguagem. Estar na linguagem é o que define “ser humano”, não apenas a capacidade de expressão verbal ou gestual, mas sim todos os processos de estar interagindo no mundo, e, por meio dessa interação, tornar possíveis as transformações: sujeito e meio transformando‐se mutuamente. [...] cabe à educação mostrar e ilustrar o destino multifacetado do humano: o destino de cada um, o destino social, o destino histórico, todos entrelaçados e inseparáveis. [...] A vida‐aprendizagem implica mudanças em movimentos recursivos contínuos nas conexões entre o mundo interior e o mundo exterior, entre o local e o global, entre o individual e o coletivo num processo de permanente transformação... (PISTÓIA, 2009, p. 178-179). A partir dos estudos de Bateson, Robert Dilts desenvolveu-se o que se chama “níveis neurológicos de aprendizagem”. Tais níveis formam uma estrutura começando pelos mais superficiais e óbvios, e à medida que esses níveis vão se aprofundando, a percepção sobre eles vai ficando mais desafiante para ser identificada. Uma mudança num nível superficial irá gerar mudanças naquele nível, mas não necessariamente altera os níveis superiores. No entanto, uma mudança nos níveis superiores certamente vai alterar os níveis abaixo dele. Não são definidos hierarquicamente como os níveis de aprendizagem formulados por Bateson, mas diferem em profundidade. 72 Importante Para Dilts e Epstein (1999) a experiência tem enorme participação na aprendizagem. Defensores da aprendizagem dinâmica, os autores reconhecem que o relacionamento entre as pessoas, que é feito pela interação, é fator importante na aprendizagem. Assim, enfatizam as habilidades da aprendizagem cooperativa, da cossupervisão e orientação. Dessa forma, seus métodos não contemplam sentar-se na cadeira, cruzar os braços e olhar para um quadro-negro. Utilizando os princípios de modelagem e as ferramentas da Programação Neurolinguística (PNL), as capacidades naturais de aprendizagem são liberadas pela conscientização, exploração e descoberta. “Uma pressuposição essencial da PNL é a de que quando estamos aprendendo estamos usando o cérebro e as outras partes do sistema nervoso – o que, de certo modo, é mais difícil do que parece” (DILTZ; EPSTEIN, 1999, p. 18). A Neurolinguística estuda, especificamente, a elaboração cerebral da linguagem. O objeto de estudo refere-se aos mecanismos do cérebro humano que abrangem a compreensão, produção e conhecimento abstrato da língua, seja ela falada, escrita ou assinalada. A PNL engloba todos os Níveis Lógicos dentro de seis níveis fundamentais – os Níveis Neurológicos, dando ênfase à aprendizagem pela ativação dos processos neurológicos. “E, quanto mais você puder usar a sua neurologia, mais será capaz de aprender a aprender melhor” (DILTS; EPSTEIN, 1999, p. 21). Os níveis neurológicos estão postos a seguir em ordem crescente (do nível mais superficial ao mais profundo): ambiente, comportamento, capacidade, crenças e valores, identidade, espiritual. De acordo com o ISPNL – Instituto Sorocabano de Programação Neurolinguística (2019) – com O’Connor (2017) e com Mancilha (2018), os níveis neurológicos não representam uma hierarquia. Todos se conectam entre si e todos influenciam uns aos outros. Sua utilidade consiste no estabelecimento de objetivos e resultados. 73 Fonte: Mancilha (2018, p. 15). Ambiente: representa aquilo que os sentidos são capazes de captar e representar, o que se pode ver, ouvir, sentir, cheirar e degustar. No ambiente estão contidas as restrições e oportunidades, que podem ter a ver com o espaço, tempo, quantidade de pessoas. Responde às perguntas “Quando?” e “Onde?”. “Onde e quando eu quero aprender? Que elementos fazem meu ambiente apoiar meu estado de aprendizagem?" (ISPNL; O’CONNOR, 2017; MANCILHA, 2018); Comportamento: acontecem no ambiente. Inclui pensamentos além de ações. Pode também se referir às ações propriamente ditas e, nesse caso, podem ser observadas ou filmadas. O que se faz, o que se fala pertencem ao nível dos comportamentos. Às vezes é difícil mudar um comportamento, por estar estreitamente ligado a outros níveis. Responde à pergunta “O quê?” (ISPNL; O’CONNOR, 2017; MANCILHA, 2018); 74 Capacidade: as capacidades direcionam os comportamentos. São tanto as estratégias mentais, as imagens que se visualizam antes de fazer uma coisa, ou os sons que se ouvem, ou os recursos ou estados internos que são colocados em determinados momentos. Responde à pergunta “Como?” (ISPNL; O’CONNOR, 2017; MANCILHA, 2018); Crenças e Valores: são as verdades e as coisas que são consideradas importantes sobre algum assunto. Crenças dão significado ao que se faz. Valores são porque se faz o que se faz – é o que é importante: saúde, riqueza, felicidade, amor. Responde à pergunta “Por quê?” (ISPNL; O’CONNOR, 2017; MANCILHA, 2018); Identidade: é o senso de si mesmo, as crenças e os valores essenciais que definem a pessoa e sua missão de vida. Ela emerge da interação dos demais níveis. Responde à pergunta “quem?” (ISPNL; O’CONNOR, 2017; MANCILHA, 2018); Espiritual (ou Conexão): é o reino da ética, da religião, da espiritualidade – o lugar no mundo. Pode ser definido como um “campo relacional”, no qual todas as identidades se agrupam. Também compreende tudo aquilo que vai além da identidade. Compreende o senso de pertencer a algo maior, como Deus, Cosmos, Universo, Natureza ou quaisquer outros nomes dados a esse Algo Maior. Responde à pergunta “Para quem?”, “Para que?” ou “Quem mais?” (ISPNL; O’CONNOR, 2017; MANCILHA, 2018). 75 Fonte: Cholewa (2017). Os níveis neurológicos não são os únicos modelos e formas de compreensão dentro da programação neurolinguística. Assim, é importante se apropriar de todo o campo de conhecimento proposto. Criar o rapport, por exemplo, é estabelecer confiança, harmonia e cooperação em uma relação. Pesquise Rapporté uma palavra de origem francesa e não tem tradução para o português. É uma das técnicas utilizadas na Programação Neurolinguística – PNL. Pesquise como é essa técnica e quais os benefícios se for aplicada na educação. A PNL é um conjunto de ferramentas importante para a docência, pois busca “melhores resultados na comunicação dos professores ao explicar e mediar conhecimentos em sala de aula [...]” (MARTINS, 2016, p. 9). Assim, seria pertinente que houvesse um contato maior com a programação, uma vez que, de acordo com Mancilha (2018): Ela estuda como se processa o pensamento. Pensar é usar os sentidos internamente. Pensamos vendo imagens internas, ouvindo sons ou falando internamente e tendo sensações. Também estuda a influência 76 da linguagem que, embora seja produto do sistema nervoso, ativa, direciona e estimula o cérebro e é também a maneira mais eficaz de ativar o sistema nervoso dos outros, facilitando a comunicação (MANCILHA, 2018, p. 2). Os pensamentos influenciam os sentimentos, as sensações. Cada vez que um pensamento, uma imaginação de que algo não está indo bem, naturalmente a sensação que vai predominar é a de ansiedade, frustração (OURIVES, 2015). A PNL estuda como funcionam o cérebro e a mente, como são criados os pensamentos, sentimentos, estados emocionais e comportamentos e como se pode direcionar e aperfeiçoar esse processo. “Em outras palavras, ela estuda como o ser humano funciona e como ele pode escolher a maneira que quer funcionar” (MANCILHA, 2018, p. 2). Diante disso, é necessário aprender a administrar os pensamentos e os estados emocionais, da mesma forma que é necessário dar atenção aos relacionamentos. Em um ambiente de aprendizagem, os relacionamentos são a primeira coisa normalmente que as pessoas focalizam. Quando há insegurança em relação a alguma tarefa, algum tema – quando ainda não se sabe o que deve ser feito, ou o que compreender sobre algum assunto – há tendência em se colocar maior ênfase no relacionamento. “A insegurança numa área tende a despertar a necessidade da estabilidade na outra” (DILTZ; EPSTEIN, 1999, p. 34). Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia e se aprofunde na obra em 2 volumes Aprendizagem Dinâmica, de Robert B. Dilts e Todd A. Epstein, da Summus Editorial. Veja o quanto a PNL tem a oferecer para aprimorar a educação formal e informal. Ao se apropriar dos modelos de programação neurolinguística, tem-se contato com possibilidades de autogestão, de aprendizagem colaborativa, de comunicação eficaz, de gerenciar de forma positiva as próprias ações e, em consequência, afetar positivamente as reações que delas se originarão, entre 77 outras habilidades. Certamente, uma prática significativa a se adotar no trabalho da docência. Contemplar a interação, cooperar, interconectar, usar a linguagem do cérebro. Afinal, o que são as escolas, as organizações, senão pessoas? Explorar os pensamentos e sentimentos, examinando a linguagem interior que é usada para representar as experiências, certamente é uma poderosa habilidade a ser desenvolvida. A PNL se concentra na interação e realização humana, usando esse conhecimento para experienciar a caminhada de vida. E tal conhecimento deverá ser priorizado, ou seja, valorizar a interação humana, o sentido e o propósito de vida, a preservação dos valores fundamentais da vida humana, o reconhecimento dos processos de mudanças, de trocas, de que maneira ocorre a conexão com os outros, como tudo se entrelaça, criando tramas, laços e nós, complementaridade, não apenas sob o ponto de vista de processos cerebrais e redes neurais, mas também entre corpo, mente, consciência, espírito. Acima de tudo, buscar equilíbrio no seu modo de ser e estar no mundo, procurando incorporar a visão do ser humano como um ser espiritual vivendo uma vida material, numa dança contínua de energia. Conclusão da aula 4 Para a Psicologia, a mente subdivide-se em níveis de consciência: o consciente – o conhecido –, e o inconsciente (ou subconsciente, na literatura do início do século XX) – o desconhecido. Para a Psicologia Analítica de Jung, a psique é composta por três níveis: consciente, inconsciente pessoal e inconsciente coletivo. Na Psicanálise, Freud defendeu a noção de que a psique humana está dividida em três partes: id (parte inconsciente), ego (parte consciente) e superego (aspecto moral). Murphy (2019) entende os níveis da mente como o consciente – ou racional –, e o subconsciente – ou irracional. Outras concepções incluem três níveis: o consciente (parte pensante – ou self para o coaching); o subconsciente (acervo de crenças); o inconsciente (responsável pelos sentimentos). Independentemente do número de subdivisões que se faça, está claro que há a parte da mente que se revela, enquanto outra fica oculta (ou outras) (MURPHY, 2019). O lado racional que representa a parte funcional revelada da mente institui o que também é referido como inteligência que é entendida como o ato de 78 pensar, abstrair e processar. A inteligência intelectual, ou racional, é a usada para solucionar problemas lógicos ou de grande importância. Psicólogos criaram testes para avaliar esse tipo de inteligência: os testes de QI, que indicam as habilidades e talentos dos indivíduos (ZOHAR; MARSHALL, 2018). Para Gardner (2000), há pelo menos sete tipos de inteligência – lógica- matemática, linguística, corporal-cinestésica, intrapessoal, interpessoal, visual- espacial, musical –, teoria a que ele chamou de inteligências múltiplas, se contrapondo aos testes de QI por terem uma relevância limitada ao terem abordagem única. Goleman (2012) tornou populares as pesquisas realizadas por neurocientistas e psicólogos, demonstrando que a inteligência emocional – QE – de igual importância, dá a percepção dos sentimentos, constituindo requisito básico para o efetivo emprego do QI (ZOHAR; MARSHALL, 2018). No final do século XX, um conjunto de dados científicos, ainda não assimilados, apresenta a discussão da inteligência espiritual – QS – Quociente Espiritual (Spiritual Quociente). O Quociente Espiritual (QS) é o embasamento necessário para o funcionamento eficaz do QI e do QE (ZOHAR; MARSHALL, 2018). Pesquisas realizadas por Hawkins (2018), com o propósito de mapear as transformações causadas pela espiritualidade – individual e coletiva –, apontam para níveis de consciência ao redor de valores/chaves fundamentais da vida humana. Usando a Cinesiologia, esse pesquisador relacionou os níveis de consciência em escalas, de acordo com a frequência da vibração de cada emoção. A pesquisa consiste, dessa forma, na medição e determinação matemática dos níveis de consciência. Em suas pesquisas, Bateson descobriu que existem tipos de aprendizagem em níveis diferentes, hierarquicamente distribuídos. Alguns desses níveis se fundamentam em aprender um comportamento condicionado e fixo, enquanto outros níveis se embasam no aprender a aprender (KADER, 2009; PISTÓIA, 2009). Para Dilts e Epstein (1999), a experiência tem enorme participação na aprendizagem. Defensores da aprendizagem dinâmica, os autores reconhecem que o relacionamento entre as pessoas é fator importante na aprendizagem. Assim, enfatizam as habilidades da aprendizagem cooperativa, da 79 cossupervisão e orientação. Dessa forma, seus métodos não contemplam sentar-se na cadeira, cruzar os braços e olhar para um quadro-negro. Utilizando os princípios de modelagem e as ferramentas da Programação Neurolinguística (PNL), as capacidades naturais de aprendizagem são liberadas pela conscientização, exploração e descoberta. A PNL engloba todos os Níveis Lógicos dentro de seis níveis fundamentais – os Níveis Neurológicos, dando ênfase à aprendizagem pela ativação dos processos neurológicos. Atividade de Aprendizagem A partir dos estudos de Bateson, RobertDilts desenvolveu o que se chama “níveis neurológicos de aprendizagem”. Tais níveis formam uma estrutura começando pelos mais superficiais e óbvios e, à medida que esses níveis vão se aprofundando, a percepção sobre eles vai ficando mais desafiante para ser identificada. Redija sobre os níveis neurológicos de aprendizagem elaborados por Dilts, correlacionando-os com os níveis lógicos de Bateson. 80 Índice Remissivo A consciência como princípio ..................................................................... (Ideia; percepção; unidade) 23 A consciência da espiritualidade nas relações ........................................... (Escola; família; trabalho) 41 As leis invisíveis impressas na consciência ................................................ (Correspondência; mentalismo; vibração) 31 As ordens fundamentais das relações ....................................................... (Fluxo; hierarquia; mentes) 47 Conduta ética e questões relacionadas ..................................................... (Agir; ética; princípios) 13 Da autoconsciência à consciência cósmica ............................................... (Barreiras; comunicação; psicanálise) 23 Despertando a consciência ........................................................................ (Ação; despertar; pensamento) 07 Espírito, consciência e cérebro .................................................................. (Ciência; neurolinguística; neuropsicologia) 58 Níveis de consciência ................................................................................ (Ciência; espiritualidade; religião) 59 Níveis neurológicos e a aprendizagem ...................................................... (Compreensão; conhecimento; trocas) 58 Pertencimento e identidade ....................................................................... (Equilíbrio; ordem; pertencimento) 42 Refletindo a ação ....................................................................................... (Educação; mecaniscismo; pensamento quântico) 07 81 Conclusão da disciplina A disciplina Ação e Reação teve a finalidade de refletir sobre a necessidade de uma profunda revisão na maneira de ensinar e aprender. Mais do que reconsiderar a ação pedagógica, o despertar para a consciência de qual ação tem sido posta e de que esta, enquanto causa, gera efeitos que são observados em determinado tempo e espaço. Buscou analisar e agregar novos conhecimentos, dando lugar a uma nova visão de mundo. Para tal, discorreu sobre as temáticas em 4 aulas: Despertando a consciência – refletindo a ação e conduta ética e questões relacionadas –; A consciência como princípio – da autoconsciência à consciência cósmica e as leis invisíveis impressas na consciência –; A consciência da espiritualidade nas relações – pertencimento e identidade e as ordens fundamentais das relações –; Espírito, consciência e cérebro – níveis de consciência e níveis neurológicos de aprendizagem. Cada uma das aulas foi uma abertura para mudanças no campo pessoal, profissional e social, centrando no poder de decisão de cada um, no pensamento íntegro e ético, na perspectiva de possibilitar a efetivação de soluções para muitos problemas ainda considerados impossíveis. Na premissa de buscar uma educação que priorize a transcendência do ser, que esclareça de que há uma consciência além da mente, que permita aceitar a inter-relação e interdependência dos elementos, e que reconheça os processos de mudanças, de trocas, de complementaridade, não apenas sob o ponto de vista de processos cerebrais e redes neurais, mas também entre corpo, mente, consciência, espírito, a disciplina trouxe para debate as leis invisíveis, oriundas da consciência cósmica, leis universais, bem como sobre as possibilidades da “consciência” enquanto princípio da percepção ou ideia da unidade fundamental de toda existência, de que tudo é energia que se expande e vibra. Contemplou de igual forma a reflexão do resgate do sentido e do propósito para ser e estar no mundo, como se vive, se convive e interage com o mundo, na preservação e significado de valores pautados nas leis de ordem, equilíbrio e pertencimento, trazendo a perspectiva do pensamento sistêmico, do pensamento quântico e do pensamento complexo. Com o propósito de conclusão do estudo, mas sem a pretensão de esgotá- lo, a abordagem foi sobre a integração, inter-relação e interdependência de 82 matéria e espírito. Num movimento de entrelaçamento com a ciência clássica, a disciplina abordou os estudos sobre o cérebro humano enquanto representante da matéria e sua interconexão com a consciência, debatendo sobre os níveis de consciência e os níveis neurológicos de aprendizagem. Os conteúdos específicos trabalhados para que tais reflexões pudessem se realizar foram: conduta ética e questões relacionadas, as leis invisíveis; desordens sistêmicas no ambiente escolar, no ambiente hospitalar e no ambiente corporativo; inclusão e pertencimento; as ações e reações físicas; interação com o ambiente; agrupamento, otimização e soluções de objetivos em interações específicas (pessoas e ambientes); níveis neurológicos. Todas as temáticas indicaram a exigência de uma postura que ponha em xeque a negação daquilo que não se pode provar de acordo com o método científico adotado, de forma a buscar equilíbrio no modo de ser e estar no mundo, procurando incorporar a visão do ser humano como um ser espiritual vivendo uma vida material, numa dança contínua de energia. 83 Referências ABDALLA, Elcio. Teoria quântica da gravitação: cordas e teoria M. Rev. Bras. Ensino Fís. vol.27, n.1, p.147-155, 2005. ARAÚJO, Miguel Almir L. de. Abordagem holística na educação. 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