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PATOLOGIA II SISTEMA NERVOSO CENTRAL MARIA EDUARDA MATTOS 1 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL O sistema nervoso central é dividido em substancia cinzenta e substancia branca. Na cinzenta, tem-se corpos de neurônios, células da glia e neurópilo (rede entrelaçada de processos de células da glia, axônios e dendritos. Na branca tem-se axônios bem mielinizados e células da glia. As células da glia são: • Astrócitos: responsáveis pela conexão entre a corrente sanguínea e o cerebelo. São responsáveis pela estruturação da barreira hematoencefálica. • Oligodendrócitos: produzem a bainha de mielina, importante para isolar os axônios e estão presentes na substancia branca • Microgliócitos: fazem parte do sistema fagocítico mononuclear, é uma célula de defesa Quando há uma injúria, as células da glia se proliferam para ocupar o espaço dos neurônios que foram perdidos, isso ocorre através da proliferação de astrócitos. Não há regeneração ou cicatrização, e sim proliferação de astrócitos (astrocitose). → Hemisfério cerebral: o Mudança de atitude o Andar compulsivo o Torneio (andar em círculo) o Convulsões → Cerebelo: o Ataxia (cambalear, tonto) o Dismetria: passos grandes com passada irregular o Tremores → Tronco encefálico: o Depressão o Paresia o Sinais dos nervos cranianos (pálpebra, nariz, paladar, paralisia facial) Elas são relativamente frequentes e podem estar relacionados a doenças hereditárias ou a agentes teratogênicos químicos (drogas), físico (calor excessivo, trauma) ou infeccioso. Sendo as infecções as que mais acontecem na veterinária. Pode ser chamada de aplasia cerebral, acrânia ou craniosquise (fenda onde devia ser o crânio). Consiste no desenvolvimento anormal da porção cranial do tubo neural e os hemisférios cerebrais são rudimentares ou ausentes. • Causa idiopática • Rara, mais comum em bezerros • Casos graves: falha no desenvolvimento do crânio e da pele Está relacionado a uma gestação prolongada, pois não há a produção da hipófise, que é responsável pela produção de hormônios que estimulam e desenvolvem as adrenais. As adrenais (que produzem corticoides) avisam que está no momento do parto. Se a hipófise não é produzida, não há estímulo pro parto. É quando a cavidade craniana da região frontal se apresenta pouco desenvolvida. • Achatamento e estreitamento cerebral • As causas são virais: BVD e peste suína • Nos humanos é causada pelo zica vírus • É a forma menos grave da anencefalia Ocorre um defeito na linha dorsal média do crânio e há protusão de meninge e/ou cérebro. • Felinos e suínos • Gatas tratadas com griseofulvin na gestação. • Só na meninge se chama meningocele SINAIS DE DOENÇAS DO SNC MALFORMAÇÕES HIPOPLASIA PROSENCEFÁLICA (ANENCEFALIA) MICROCEFALIA (CÉREBRO HIPOPLÁSICO) MENINGOENCEFALOCELE E CRÂNIO BÍFIDO PATOLOGIA II SISTEMA NERVOSO CENTRAL MARIA EDUARDA MATTOS 2 Meningocele É um defeito no fechamento dorsal das vértebras caudais. • Equinos, bovinos, ovinos, caninos (buldog inglês) e felinos • Semelhante a meningocefalocele, mas ocorre na medula espinhal. É uma lesão nas células ependimárias (células perto do canal da medula espinhal) que leva ao acúmulo de liquor. • Pode ser genética, infecciosa ou neoplásica • DD: meningomielocele Ocorre devido a um defeito na migração neuronal e os giros cerebrais NÃO são formados. • Compatível com a vida • Genético • Ocorre em animais que possuem os giros cerebrais o Coelhos, ratos e camundongos não possuem os giros fisiologicamente. A porencefalia são pequenas cavidade preenchidas por liquor. Hidranencefalia é quando grandes cavidades estão preenchidas. • Causa: destruição de neuroblastos imaturos durante o desenvolvimento embrionário o Os neuroblastos são destruídos por doenças virais como a BVD e a língua azul. Patogenia da hidranencefalia: a infecção ocorre durante o período crítico da gestação, então há necrose da neuroglia e dos neuroblastos periventriculares. Isso gera uma menor migração dos neuroblastos e por fim a cavitação nos hemisférios cerebrais. Geralmente começa no meio dos hemisférios e depois vai pra periferia. Afeta células que formam o epêndima e o plexo coroide. É o acumulo de líquido nos ventrículos. • Malformação congênita mais comum em medicina veterinária • Pode ocorrer por infecção viral intrauterina ou de forma hereditária nas raças braquicefálicas • Estenose do aqueduto mesencefálico • Pode ocorrer de três formas: o Interna: acumulo de liquido no sistema ventricular o Externa: acumulo ocorre no espaço aracnoide o Comunicante: ocorre no sistema ventricular e no espaço aracnoide MENINGOMIELOCELE E ESPINHA BÍFICA HIDROMIELIA LISENCEFALIA (AGIRIA) PORENCEFALIA E HIDRANENCEFALIA HIDROCEFALIA PATOLOGIA II SISTEMA NERVOSO CENTRAL MARIA EDUARDA MATTOS 3 Origem e circulação do líquido cerebroespinhal: plexo coroide → ventrículos laterais → forame de monro → terceiro ventrículo → aqueduto mesencefálico → quarto ventrículo → forame lateral → espaço subaracnoide. • Causas: obstrução de qualquer um dos forames citados anteriormente (congênita ou adquirida) o Adquirida: obstrução do aqueduto mesencefálico por meningites, neoplasias, abcessos, colesteatoma em equinos ou deficiência de vitamina A. o Congênita: malformação do aqueduto mesencefálico em cães braquicefálicos (maltesa, Yorkshire, terrier, chihuahua, Boston terrier e pequinês) o Em alguns cães, o vírus da parainfluenza causa alteração no aqueduto mesencefálico. Passado das mães pros fetos. o Em gatos ocorre devido ao vírus da panleucopenia felina o Nos bovinos (Jersey) ocorre estenose do aqueduto (gene autossômico recessivo). Consequências: alargamento ventricular (acúmulo de líquor), redução da substancia branca, achatamento dos giros cerebrais e herniação do cerebelo (por causa do alargamento ventricular). Em animais jovens ocorre aumento craniano (congênita) levando a protusão da calota craniana. É uma malformação congênita do cerebelo muito comum na veterinária. • Acomete todas as espécies, mas principalmente felinos e bovinos. o Felinos: parvovírus da panleucopenia felina o Bovinos: BVD • Causas: o Fatores hereditários: árabe e chow chow o Agentes químicos: organofosforados ▪ Triclorfon em porcas o Nutricionais: hipocuprose em caprinos e ovinos (deficiência de cobre) o Infecciosas: parvovírus, BVD e peste suína. • Concussão: ruptura total ou disseminada da função neurológica, sem lesão macroscópica. o Micro: hemorragia e degeneração axonal em casos graves. o Batidas, choques (a cabeça vai e o cérebro fica) HIPOPLASIA CEREBELAR TRAUMATISMOS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL PATOLOGIA II SISTEMA NERVOSO CENTRAL MARIA EDUARDA MATTOS 4 • Contusão: agressão encefálica local, onde se observa hemorragia, necrose e dilaceração. É uma lesão contundente. o Contusão de golpe: hematoma do lado que sofreu a agressão o Contusão de contragolpe: o hematoma se encontra do lado oposto da agressão. ▪ Golpes ventrais – pega na diagonal. Ambos os traumas podem ocorrer também na medula espinhal. Contusão Doença do disco intervertebral: ocorre em cães condrodistróficos (Dachshund, Piquinês e Basset Hound). Mais comum prolapso toracolombar. Fraturas e deslocamentos de vértebras por trauma. Neoplasias de meninges ou raízes espinhais: muito visto na leucose enzoótica bovina, onde há compressão da medula espinhal, muito comum em vaca de leite. Mielopatia estenótica cervical (síndrome da bambeira, Wobbler): é uma má formação, o animal já nasce com essa tendência. Pode ser por: • Estenose estática cervical: estreitamento dorso-lateral (C5-C7) em animais de 1 a 4 anos. o Ocorre mesmo com a cabeça estática. • Instabilidade vertebralcervical: um estreitamento que ocorre durante flexão do pescoço (C3-C5) em animais entre 8 e 18 meses. o Neste caso só ocorre com a flexão do pescoço. É importante em equinos, mas também ocorre em cães. • Em cães ocorre subluxação vertebral, em raças como dinamarquês e doberman pinscher, entre 8 meses e 1 ano (C5-C7) Estenose estática cervical: a vertebra cresce para o canal medular, comprimindo a medula espinhal O edema é a alteração circulatória mais comum, podendo ser vasogênico, citotóxico, hidrostático (intersticial) ou hiposmótico. Na macro o edema apresenta achatamento dos giros cerebrais e herniações (formato de cone). É o edema oriundo do vaso, forma mais comum de edema em animais. Ele ocorre seguido de uma lesão vascular, inicialmente como um acumulo ao redor do foco inflamatório. TRAUMATISMOS MEDULARES POR COMPRESSÃO ALTERAÇÕES CIRCULATÓRIAS EDEMA VASOGÊNICO PATOLOGIA II SISTEMA NERVOSO CENTRAL MARIA EDUARDA MATTOS 5 Causas: • Hematomas • Contusão • Infarto • Hipertensão cerebral • Neoplasias Patogenia: essas causas levam a quebra da barreira hematoencefálica, ocasionando na saída de constituintes plasmáticos para o espaço perivascular. Isso aumenta a pressão intracraniana, o que pode levar a herniação do cerebelo, que é empurrado na direção do forame magno. Ocorre o acumulo de liquido intracelular devido a alterações na bomba de sódio e potássio, retendo sódio na célula e consequentemente retendo água. Esse acumulo afeta neurônios, astrócitos, oligodendrócitos e células endoteliais. • Causa: isquemia (causa alteração no metabolismo celular por conta do déficit energético – bomba Na/K) • Leva ao aumento da pressão craniana É o acumulo de liquido ao redor dos ventrículos (extracelular). Ocorre por aumento da pressão hidrostática intraventricular. A hidrocefalia leva liquido pelo epêndima levando até a substancia branca periventricular. • Degeneração e perda de substancia branca por compressão. É conhecido como intoxicação por água ou sal. Em condições normais (fisiológicas), a osmolaridade do LCR e do fluido extracelular do SNC é um pouco maior que a do plasma. Patogenia: o excesso de água leva a diminuição da osmolaridade plasmática (sangue hiposmótico), levando a entrada de líquidos no SNC por gradiente osmótico. Ocorre devido a distúrbios de coagulação ou por lesão vascular. Podendo ser espontâneas ou traumáticas. • Espontâneas: o Petequiais: diáteses hemorrágicas como viroses, septicemias e intoxicação o Causadas por toxoplasmose o Por neoplasias o Por deficiência de tiamina o Ou por malácias • Traumáticas: por contusões ou hematomas. É um granuloma de colesterol que ocorre no quarto ventrículo e no ventrículo lateral. Pode levar a uma obstrução que pode levar a uma hidrocefalia. • Comum em cavalos velhos, ocorre em 15 a 20% desses animais. • Degeneração hialina do tecido conjuntivo do plexo coroide Patogenia: os macrófagos fagocitam o colesterol e se rompem. Com isso, chegam mais macrófagos que também se rompem e EDEMA CITOTÓXICO EDEMA HIDROSTÁTICO (INTERSTICIAL) EDEMA HIPOSMÓTICO HEMORRAGIA ALTERAÇÕES DEGENERATIVAS COLESTEATOSE DO PLEXO COROIDE OU COLESTEATOMA PATOLOGIA II SISTEMA NERVOSO CENTRAL MARIA EDUARDA MATTOS 6 começam a formar placas de tecido fibroso (granuloma). Ocorre hiperemia passiva crônica e degeneração hialina do tecido conjuntivo do plexo coroide. Pode acontecer por isquemia, traumatismo, toxemias e intoxicações, alterações metabólicas, inflamações virais ou bacterianas. Necrose = amolecimento = malácia. • Encefalomalácia: necrose de qualquer porção do encéfalo • Mielomalacia: necrose da medula espinhal • Poliencefalomalácia: necrose da substancia cinzenta • Leucoencefalomalácia: necrose da substancia branca Macro: são de difícil visualização até 12 horas após o inicio. As áreas de amolecimento ficam moles e com coloração acinzentada ou avermelhada. Após 2 a 3 horas observa-se a formação de cistos (buracos). Essa alteração ocorre mais comumente em suínos e aves de produção e ocasionalmente em ruminantes, cães e equinos. Causa: • Ingestão de sal ou ração com restrição de água: é o mesmo mecanismo do edema hiposmótico. o o excesso de água leva a diminuição da osmolaridade plasmática (sangue hiposmótico), levando a entrada de líquidos no SNC por gradiente osmótico. Sinais clínicos: aparecem entre 36 e 48 horas. • cegueira • apatia • pressão da cabeça contra obstáculos • convulsão • opistótono (olhar para cima) • posição de cão sentado Macro: • edema e congestão de meninges • malácia multifocal. Micro: • meningoencefalite eosinofílica e mononuclear (neutrófilos) • em casos mais graves ocorre necrose e células de gitter (fazem fagocitose da mielina e possuem característica espumosa) Patogenia: ocorre a ingestão de sal em excesso ou em quantidade normal + privação de água, o que leva a uma hipernatremia (concentração alta de sódio no sangue). A hipernatremia faz com que saia liquido para os vasos sanguíneos, inclusive do cérebro, levando a uma desidratação cerebral. O animal volta a ter acesso a água, mas ao invés do retorno ser gradativo, ele consome muito em pouco tempo. O sangue se torna hipotônico, causando edema cerebral. É causada pela ingestão de milho ou qualquer outro grão contamino pela micotoxina de Fusarium verticillioides (F. moniliforme). Está relacionado com problemas com umidade na colheita ou no armazenamento, grãos mofados e mal armazenados. • AE: micotoxinas de Fusarium verticillioides • Importante em equinos • Sinais clínicos em sequência: sonolência, cegueira, paralisia de faringe, andar em círculos, decúbito e morte. NECROSE DO SNC MALÁCIA INTOXICAÇÃO POR NaCl LEUCOENCEFALOMALÁCIA MICOTÓXICA DOS EQUÍDEOS PATOLOGIA II SISTEMA NERVOSO CENTRAL MARIA EDUARDA MATTOS 7 • O quadro pode variar de poucas horas a um mês para se desenvolve (média de 2 a 4 dias), depende da quantidade de toxina ingerida. • Macro: áreas amolecidas, deprimidas e acinzentadas, circundadas por hemorragia variável. • Micro: edema perivascular, eosinófilos e plasmócitos na parede dos vasos, necrose da substancia branca (leucoencefalomalácia) e células de gitter • Pode causar lesões extraneurais, nesse caso seria hepática. Patogenia: a micotoxina provoca lesões de vasos da substancia branca. leucoencefalomalácia Pode ser chamada de doença do rim pulposo (rim amolecido). A lesão é tronco-encefálica. • AE: toxina épsilon do Clostridium perfringens tipo D. (forma aguda) • Ocorre principalmente em pequenos ruminantes e menos frequentes em bovinos jovens (exceto recém-nascido) • Ovinos: ocorre entre 3 a 10 semanas • A lesão é mais proeminente na substancia branca Patogenia: os receptores endoteliais se ligam a toxina causando lesão endotelial e aumentando a permeabilidade vascular. Também pode ser chamada de necrose cerebrocortical ou necrose cortical laminar. • Espécies acometidas: ruminantes, equinos, caninos e felinos • Causas: o deficiência de vitamina B1 – tiamina o ingestão de plantas contendo tiaminase – suínos ▪ Pteridium aquilinum o proliferação de microrganismos produtores de enzimas tiaminolíticas o carnívoros por ingestão de peixe cru (em processo de putrefação são ricos em tiaminase) – felinos principalmente Obs.: o pirofosfato de tiamina é importante para o ciclo de Krebs, sem ele há queda de ATP, que é importante para a bomba de Na/K. Sem a bomba, há acumulo de Na, levando a degeneração hidrópica que evolui para necrose. Ocorre em bovinos de 2 a 7 meses, e pode ocorrer esporadicamente em animais até 2 anos. E em ovinos da desmama até os 18 meses. Causas: • Mudança brusca no manejo • Excesso de enxofre (melaço e ureia, solo, água): levaa queda do ATP • Deficiência de cobalto: é cofator para a formação da tiamina • Plantas tiaminolíticas • Acidose láctica o Clostridium sporogeneses e Bacillus thiaminollyticus: ao se proliferarem produzem tiaminase • Intoxicação por NaCl • Intoxicação por chumbo: contato com maquinário agrícola, baterias, lixão • Herpesvírus bovino tipo 5 (meningoencefalite X pólio) ENCEFALOMALÁCIA FOCAL SIMÉTRICA POLIENCEFALOMALÁCIA POLIENCEFALOMALÁCIA DOS RUMINANTES PATOLOGIA II SISTEMA NERVOSO CENTRAL MARIA EDUARDA MATTOS 8 Os sinais clínicos incluem: • Casos menos graves: cegueira, pressão da cabeça contra obstáculos e anorexia. o POSSUI RECUPERAÇÃO • Casos severos: tremor muscular da face, opistótono, ranger de dentes e salivação, convulsões o LEVA A MORTE A primeira coisa que se faz clinicamente é injetar tiamina em altas doses, nos casos menos severos se tem resultado • Macro: o Animais jovens de curso rápido: edema, palidez e achatamento dos giros. Ao corte, há uma área laminar pálida o Animais adultos de curso prolongado: malácia nos hemisférios dorso-rostral, herniação do cerebelo, ausência de córtex cerebral e formações císticas As áreas de malácia se apresentam florescentes dependendo da luz em que é exposta. No inicio, ocorre a formação de uma linha de necrose, mas é quase imperceptível. Pode ser: • Meningite: nas meninges (paqui ou leptomeningite) • Encefalite: no encéfalo • Mielite: na medula espinhal • Ependimite: no epêndima (membrana celular que envolve o canal central da medula espinhal e os ventrículos cerebrais) • Coroidite: no plexo coroide A inflamação pode ser causada por vírus, bactérias, protozoários e fungos. As vias de acesso ao SNC podem ser: • Direta: por traumatismos e soluções de continuidade • Hematógena (pelo sangue): por organismos livres ou intracelulares • Neural: por organismos neurotrópicos, como o vírus da raiva ou a Listeria monocytogenes Podem vir por septicemias (via hematógena) como as meningites e as meningoencefalites ou abcessos (menos comum). Ou podem vir por extensão direta, como nos abcessos (mais comum). Um abcesso é uma área circunscrita com coleção de neutrófilos mortos. Pode ocorre por septicemia (menos comum) ou por extensão direta. • Extensão direta: o Feridas penetrantes o Fraturas de crânio o Infecção em tecidos adjacentes ▪ Leptomeningite ▪ Sinusite ▪ Otite interna ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS INFECÇÕES BACTERIANAS ABCESSOS CEREBRAIS PATOLOGIA II SISTEMA NERVOSO CENTRAL MARIA EDUARDA MATTOS 9 É frequente em animais jovens e apresenta um padrão fibrinopurulento nas meninges. Principais agentes etiológicos: • E. coli: leitões, bezerros, potros e cordeiros • Salmonella: potros e leitões • Pasteurella: bezerro e cordeiro • Streptococcus: suínos, bezerro e potros • Haemophilos parasuis: suínos S. suis • AE: Listeria monocytogenes • Espécies acometidas: bovino, ovino e caprino • Formas de apresentação: o Nervosa o Abortiva o Septicêmica: em recém-nascidos • DD: botulismo e poliencefalomalácia Patogenia: um animal que já possui um ferimento na mucosa oral entra em contato com o microrganismo (bactéria) presente na silagem com pH maior que 5 ou no solo. É uma bactéria neurotrópica que sobe retrogradamente e forma abcessos. Nervo trigêmeo → gânglio trigeminal → cérebro (ponte) → medula espinhal Sinais clínicos: • Depressão por apatia, pressão da cabeça contra obstáculos • Andar em círculos, paralisia unilateral do VII par de nervo craniano (facial) o Queda da orelha, pálpebra e lábio • Paralisia dos músculos mastigatórios (flacidez) Macro: • Congestão cerebral • Meninges opacas • LCR aumentado e turvo Micro: • Microabcessos no tronco encefálico com reação microglial (neuronofagia) • Infiltrado polimorfonuclear na ponte e trigêmeo Obs.: para fazer o diagnóstico definitivo, precisa juntar todos os achados e fazer um PCR. Se coleta material no formol para histopatologia e uma amostra para o PCR. É uma bactéria ruim para crescer em meio de cultura. S. equi Abcesso por trauma MENINGOENCEFALITES E. Coli septicêmica Salmonella LISTERIOSE Petéquias no tronco encefálico PATOLOGIA II SISTEMA NERVOSO CENTRAL MARIA EDUARDA MATTOS 10 O quadro anatomopatológico (micro e macro) geral é de: • Inflamação não supurativa (na maioria dos casos) • Manguitos perivasculares (infiltrados mononucleares em volta dos vasos) • Microgliose: proliferação de células da glia • Cromatólise: lise da cromatina • Neuroniofagia: fagocitose de neurônios • Desmielinização: os vírus tem tropismo para oligodendrócitos • Corpúsculos de inclusão É um grupo de doenças (viroses) causadas por vírus que possuem vetores artrópodes. Elas são intensificadas quando há mudanças climáticas extremas e quando a população já está a algum tempo sem desenvolver a doença. ENCEFALOMIELITE EQUINA Possui três tipos: a do leste, a do oeste e a venezuelana. A do leste é a mais diagnosticada no Brasil. Possui tropismo para neurônios e replica em neurônios e nos vasos. • Togaviridae: Alphavírus • Ela faz necrose da substancia cinzenta Patogenia: o mosquito infectado transmite o vírus para a corrente sanguínea do indivíduo que foi picado. O vírus vai pra medula óssea, para os tecidos linfoides e para os músculos, causando viremia e indo para o SNC. Macro: • Necrose da substancia cinzenta, especialmente da medula espinhal • Hiperemia, edema, petéquias e necrose focal Micro: • Substância cinzenta do cérebro e da medula • Manguitos perivasculares: linfócitos, macrófagos e neutrófilos • Microgliose, degeneração neuronal, necrose cerebrocortical, vasculite e trombose. Encefalomielite equina do leste FEBRE DO OESTE DO NILO (WEST NILE) É uma doença zoonótica que causa poliencefalomielite em humanos, aves e equinos. • Flaviridae: Flavivírus (mosquito infectado com flavivírus) • Patologia semelhante a encefalomielite equina Macro: • Substancia cinzenta • Hiperemia e hemorragia de tronco e parte ventral de medula toracolombar Micro: • Poliencefalomielite linfo-histiocítica • Hemorragia de grau variável INFECÇÕES VIRAIS ARBOVIROSES PATOLOGIA II SISTEMA NERVOSO CENTRAL MARIA EDUARDA MATTOS 11 • Rabdoviridae: Lyssavírus • Espécies acometidas: homem, animais domésticos e selvagens • Seu período de incubação depende da quantidade de vírus, do local de inoculação e da espécie acometida o Em cães pode ser de 10 dias a 8 meses o Quando mais longe do SNC for local de inoculação, mais demorado para desenvolver o quadro neurológico • A transmissão é por mordedura (mais comum) ou por inalação (uma gruta cheia de morcegos contaminados) • DD para bovinos: o outras doenças neurológicas como o HPV bovino tipo 5 o vaca caída o botulismo: toxina do C. botullinum SINAIS CLINICOS • Fase prondromica (2 a 3 dias): febre, apreensão, nervosismo, ansiedade e tendencia ao isolamento o Mudanças no comportamento • Fase furiosa (1 a 7 dias): hiperestesia, fotofobia, alotriofagia e emitem sons o Incoordenação e convulsão o Hiperestesia: o animal sente dor ao menor toque • Fase paralítica (1 a 7 dias): incoordenação ascendente, tremores, paralisia dos membros, mandíbula e laringe (salivação). o Começa no local da lesão o A morte ocorre por paralisia dos músculos respiratórios BOVINOS • Fase furiosa: sinais de excitação • Fase silenciosa: paralisia flácida, movimentos de pedalagem, salivação e cauda flácida Obs.: em equinos os sinais clínicos são confusos Patogenia: ocorre a mordedura com a saliva contaminada pelo vírus e ele se replica nos miócitos até que atinja concentração suficiente para alcançar as terminações nervosas (fusos neuromusculares ou neurotendíneos).Chega no axoplasma (citoplasma do axônio) dos nervos periféricos e faz um transporte axoplasmático retrogrado chegando nos gânglios das raízes dorsais da medula espinhal. Assim vai para o cérebro, e pelos axônios chega nos tecidos corporais (assim como na glândula salivar). Obs.: a eliminação do vírus via herbívoros é mais rápida, visto que eles não possuem o costume de morder. A macroscopia da raiva é praticamente inexistente. Micro: • Infiltrado mononuclear (neutrófilos) no encéfalo, medula, meninge e no gânglio trigeminal • Inclusões acidofilicas intracitoplasmáticas (corpúsculo de Negri – especifico para raiva), que são encontradas: o Hipocampo de carnívoros o Células de Purkinje dos ruminantes o Medula espinhal dos equideos O diagnostico é feito pelo teste de imunofluorescência, por provas biológicas e pela pesquisa para encontrar o corpúsculo de Negri. A profilaxia é feita principalmente pela vacinação. RAIVA PATOLOGIA II SISTEMA NERVOSO CENTRAL MARIA EDUARDA MATTOS 12 É um membro da subfamília Alphaheroesvirinae. Faz necrose de neurônios, células da glia e células endoteliais (onde o vírus replica, ele faz necrose). O diagnóstico é feito por imuno- histoquímica, isolamento, corpúsculos de inclusão e PCR. • Transporte: axonal retrógrado ou via hematógena • É uma infecção latente: após o vírus replicar, ele fica no gânglio. Dessa forma, qualquer estresse pode causar a volta da doença Patogenia do herpervírus bovino tipo 5 (BHV-5): faz uma rota intranasal replicando na mucosa e chegando nos axônios trigeminais e olfatórios, assim indo pro SNC. PSEUDORAIVA / DOENÇA DE AUJESZKY • AE: Herpesvírus suis 1 • Encefalite, primariamente em suínos • Espécies acometidas: suínos de todas as idades, bovinos, ovinos, caninos, felinos e lagomorfos (coelhos) • Sinais clínicos são mais curtos e não alteram o comportamento, diferentemente da raiva o Tremores e ataxia, vomito, salivação e prurido ▪ Sem prurido em suínos • Vias de infecção: o Suínos: intranasal o Cães e gatos: ingestão de carne suína contaminada o Bovinos e ovinos: contato com suínos contaminados Patogenia: o vírus faz uma rota intranasal/faringeal/tonsilar ou pulmonar e se replica no epitélio respiratório anterior, indo pras tonsilas e linfonodos regionais. Assim, faz uma disseminação nos axônios dos nervos trigêmeo e olfatório até o SNC. Macro: • Suínos: focos de necrose em vários tecidos (respiratório, linfoide, digestivo e reprodutivo), mas não faz lesões macro no SNC Micro: • Suínos: o Meningoencefalomielite não supurada e ganglioneurite (trigêmeo) o Degeneração e necrose neuronal o Corpúsculos de inclusão intranucleares nos neurônios, astrócitos, na oligodendróglia e nas células endoteliais • Demais hospedeiros: encefalomielite não supurada e ganglioneurite MIELOENCEFALOPATIA POR HERPESVÍRUS EQUINO 1 • AE: Herpesvirus equino 1 (EHV-1) • Ocorre aborto e infecção perinatal fatal • Mieloencefalite e rinopneumonite • Esse vírus não é neurotrópico Patogenia: o vírus entra por inalação e se replica no epitélio nasofaringeano. Dessa forma vai para o tecido linfoide regional para os macrófagos e linfócitos chegando nas células endoteliais do SNC. • Vasculite, trombose e infarto do SNC • Afeta a substancia cinzenta e branca o Medula espinhal, medula oblongada, mesencéfalo, diencéfalo e córtex cerebral HERPESVÍRUS PATOLOGIA II SISTEMA NERVOSO CENTRAL MARIA EDUARDA MATTOS 13 FEBRE CATARRAL MALIGNA Afeta bovinos em contato com ovinos infectados. Os ovinos são o hospedeiro principal, mas são assintomáticos. • AE: herpesvírus ovino 2 (gammaherpesvírus) Macro: • Inflamação catarral e mucopurulenta nos olhos e narinas • Erosão da mucosa oral • Opacidade de córnea e encefalite Micro: vasculite em vários tecidos • Paramixoviridae: Morbilivírus • Espécies acometidas: cães e outros canídeos Patogenia: é uma infecção aerógena, em que o vírus se multiplica nos linfonodos e nas tonsilas, se disseminando para os tecidos linfoides. Atingindo o epitélio do trato alimentar, respiratório, urogenital, pele e SNC (7 a 20 dias após a infecção). ALTERAÇÕES NO SNC • Encefalopatia dos animais jovens (até 2 anos) o Desmielinização com ou sem inflamação o Tumefação endotelial o Proliferação de microgliócitos o Inclusões acidofilicas nucleares ou citoplasmáticas de Lenz o Morte em casos entéricos severos ou sobrevivem, mas ficam com tiques nervosos • Encefalite dos animais adultos o Malácia o Manguitos mononucleares o Lesões císticas o Raras inclusões: inclusões acidofilicas nucleares ou citoplasmáticas de Lenz o No SNC afeta os astrócitos, neurônios e células da glia • AE: Sarcocystis neurona • Ocorre por ingestão de esporocistos • Não se sabe se faz entrada no SNC Macro: • Necrose e hemorragia de medula espinhal (intumescência cervical e lombar) e de tronco encefálico Micro: • Substancia cinzenta e branca, necrose, hemorragia, linfócitos, macrófagos, neutrófilos, eosinófilos e células gigantes • Protozoários em neurônios, celular endoteliais e micróglia • AE: Neospora caninum • Ocorre necrose e hemorragia ao redor de vasos • Cistos CINOMOSE PROTOZOÁRIOS ENCEFALOMIELITE PROTOZOÁRIA EQUINA NEOSPOROSE PATOLOGIA II SISTEMA NERVOSO CENTRAL MARIA EDUARDA MATTOS 14 • AE: Toxoplasma gondii • Ocorre necrose, hemorragia e cistos assim como na neosporose As neoplasias podem ocorrer nas células neuronais ou nas células neurogliais. Também podem ocorrer no plexo coroide e no tecido mesodérmico • Células neuronais: o Medulobastomas: neoplasias na medula • Células neurogliais: o Astrocitoma: neoplasias nos astrócitos o Oligodendroglioma: neoplasias nos oligodendrócitos o Ependimoma: neoplasias nas células ependimárias • Plexo coroide o Papiloma o Carcinoma • Tecido mesodérmico o Meningioma É uma doença neurológica degenerativa, progressiva e sempre fatal. Possui um período longo de incubação e as alterações patológicas são confinadas ao SNC. • É genética de ocorrência esporádica e espontânea. Mas também pode ser infecciosa • Alterações de comportamento, sensibilidade e locomoção o Nos humanos há tremores musculares e demência • AE: sem ácido nucleico Etiopatogenia: a proteína priônica (PrPc) é sintetizada normalmente no organismo, tem função sináptica e de sobrevida das células de purkinje. Já a PrPsc (proteína priônica alterada) é o agente etiológico, ela se liga a proteína normal e a transforma em alterada. Elas possuem a mesma sequencia de aminoácidos, mas o armazenamento é diferente. PrPsc • É resistente a desinfetantes comuns • Resistente a proteases e nucleases • Resistente a radiação ultravioleta e ionizante • Viável no solo mesmo após três anos • A única coisa que a inativa é o hidróxido de sódio 1N durante uma hora e autoclave a 132°C durante uma hora TOXOPLASMOSE ALTERAÇÕES NEOPLÁSICAS ASTROCITOMA OLIGODENDROGLIOMA EPENDIMONA CARCINOMA DE PLEXO COROIDE MENINGIOMA ENCEFALOPATIAS ESPONGIFORMES TRANSMISSÍVEIS (EETs) PATOLOGIA II SISTEMA NERVOSO CENTRAL MARIA EDUARDA MATTOS 15 Ela pode ocorrer esporadicamente assim como nos humanos por alterações genéticas ou de forma infecciosa. • Ração contaminada • A maioria dos animais são infectados quando jovens (entre 4 e 5 anos) • Período de incubação é de 2 a 8 anos (média de 5 anos) • Não possui predileção por sexo ou por raça Teorias da origem: • Farinha de carne e ossos contaminada com proteína de humanos com CJD • Mutação espontânea • Contaminação da farinha com carcaças de humanos com CJD Como o diagnóstico é feito: • Os achados de necropsia são inexistentes • Histopatologia do SNC: vacuolização citoplasmáticade neurônios do óbex • Confirmação por técnicas imunológicas o Imuno-histoquímica o Westernblot o Elisa óbex ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA – EEB - BSE
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