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Conceito de Cultura e Identidade Cultural

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CULTURA BRASILEIRA
O QUE SE ENTENDE POR CULTURA?
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Olá!
Nesta aula, serão expostas algumas definições de cultura e de identidade cultural e suas complexidades. Como
conseqüência dessa complexidade, abordaremos o significado de etnocentrismo e seus efeitos na cultura,
algumas questões relacionadas à diversidade cultural e à importância de certo relativismo quando se tem em
vista a cultura.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• explicar o conceito de Cultura;
• analisar a Identidade Cultural enquanto um conceito em “trânsito”;
• demonstrar o significado de etnocentrismo e seus efeitos na cultura;
• definir a cultura como diversa;
• demonstrar a importância do relativismo cultural.
É certo que a Cultura é uma preocupação contemporânea, muito presente nos tempos atuais. Além disso, é uma
forma de entender os diversos caminhos que conduziram os grupos humanos a suas relações presentes e suas
perspectivas de futuro.
Significados para cultura ao longo da história
Vinda do verbo latino colere (cultivar, criar, tomar conta e cuidar), Cultura teve como significado:
1) o cuidado humano com a Natureza, neste caso, a agricultura;
2) o cuidado dos homens com os deuses, entenda-se: culto;
3) o cuidado com a alma e com o corpo das crianças, ou seja, puericultura (puer, do latim, que significa menino).
A cultura era a educação do espírito das crianças para tornarem-se membros excelentes e virtuosos da sociedade
pelo refinamento e aperfeiçoamento das qualidades naturais, como o caráter, a índole e o temperamento sem
excessos.
Desta forma, Cultura seria o aprimoramento da natureza humana pela educação em sentido amplo.
No século XVIII, passa-se a entender por cultura os resultados da formação ou educação dos seres humanos.
Resultados esses observados em obras realizadas, feitos, ações e instituições, tais como as artes, as ciências, a
Filosofia, os ofícios, a religião e o Estado. Torna-se, a Cultura, portanto, sinônimo de civilização.
Os pensadores, dessa época, entendiam que o resultado dessa formação-educação se manifesta muito
claramente na vida social e política ou na (do latim, cives, cidadão; civitas, a cidade-Estado). vida civil 
Inicia-se o processo de separação e posterior oposição entre Cultura e Natureza.
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Os pensadores do século XVIII viam uma diferença essencial entre os seres humanos e a Natureza: enquanto
homens e mulheres são dotados de liberdade e razão, agindo por escolha, de acordo com valores e fins, a
Natureza é da ordem da necessidade causal, do determinismo absoluto.
Enquanto a Natureza é repetição, a Cultura é transformação racional: relação, portanto, dos humanos com o
tempo e no seu tempo.
No século XIX, observa-se uma atenção dirigida a formas sistemáticas de se estudar as culturas humanas, de se
discutir
sobre elas. Esses estudos se intensificaram na medida em que se aceleravam os contatos, nem sempre pacíficos,
entre povos e nações.
As reflexões em torno da cultura se voltaram tanto para compreensão das sociedades modernas e industriais
quanto das que iam desaparecendo ou perdendo suas características originais em virtude daqueles contatos.
É bom frisar que toda essa preocupação produziu uma definição clara e unânime do que seria cultura e issoNÃO 
mostra a dificuldade de conceituá-la. Hoje, pode-se elencar algumas concepções de cultura, para evidenciar sua
complexidade.
São basicamente duas concepções de cultura!
1 A primeira concepção, nos remete a todos os aspectos de uma realidade social. Embora ela seja mais genérica,
é mais usual quando se fala de povos e de realidades sociais bem diferentes das nossas, com os quais
partilhamos de poucas características em .comum
Pode ser na organização da sociedade, na forma de produzir o necessário para sobrevivência ou nas maneiras de
ver o mundo.
2 Na segunda concepção básica de cultura, observa-se também a referência à totalidade de características de
uma realidade social, já que não se pode falar em conhecimento, ideias, crenças sem pensar na sociedade à qual
se referem. Essa concepção diz respeito a uma esfera, a um domínio, da vida social.
O que acontece é que há uma ênfase especial no conhecimento e dimensões associadas. Por exemplo: quando
falamos em cultura francesa poderemos estar nos referindo à língua francesa, ou à literatura francesa, ou ao
pensamento filosófico francês, etc.
Saiba mais
Uma definição mais completa de cultura está formulada no , deDicionário Filosófico Abreviado
M. Rosental e P. Iudin que define como sendo cultura um nível de desenvolvimento
alcançado pela sociedade na instrução, na ciência, na literatura, na arte, na filosofia, na
. Entre os índices mais importantes do nívelmoral, etc., e as instituições correspondentes
cultural, em determinada etapa histórica, segundo esses autores, é preciso notar o grau de
utilização dos aperfeiçoamentos técnicos e dos desenvolvimentos científicos na produção
social, o nível cultural e técnico dos produtores dos bens materiais, assim como o grau de
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O que se entende por Identidade Cultural?
Segundo os especialistas em Estudos Culturais, as identidades culturais dizem respeito àqueles aspectos de
nossas identidades que surgem de nosso “pertencimento” a culturas étnicas, raciais, linguísticas, religiosas e,
acima de tudo, nacionais.
Na construção da identidade nacional brasileira, se observa, que em diferentes épocas e sob diferentes aspectos,
a questão da identidade nacional esteve vinculada, com frequência, à problemática da .cultura popular
Renato Ortiz informa que no século XIX, Sílvio Romero, precursor dos estudos sobre o caráter brasileiro e um
dos fundadores da tradição dos estudos folclóricos, procurou encontrar na cultura popular os elementos que em
princípio constituiriam o homem brasileiro. Também o movimento modernista, no começo do século XX, que
busca uma identidade brasileira, se prolonga em Mário de Andrade em seus estudos sobre folclore, e na sua
tentativa de criar um Departamento de Cultura, que entre outros aspectos se volta para a cultura popular. Nos
anos 30, Gilberto Freire retoma as mesmas preocupações dos intelectuais do final do século XIX, e, não obstante
o abandono dos argumentos racistas, o sociólogo caracterizará o brasileiro como homem sincrético, produto do
cruzamento de três culturas distintas: a branca, a negra e a índia. No entanto, o conceito de povo permanece
muito próximo àquele do século XIX, uma vez que o brasileiro seria constituído por este elemento popular
oriundo da miscigenação cultural.
ORTIZ, Renato. Cultura Brasileira e identidade nacional. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1994.
Vários são os exemplos, não só no Brasil, que associam a identidade nacional à cultura popular, por isso, pode-se
dizer que a relação entre nacional e popular se manifesta no interior de um quadro mais amplo, isto é, o .Estado
Vale ressaltar que no Brasil do século XIX, as obras de Sílvio Romero, Nina Rodrigues e Euclides da Cunha se
inserem numa tradição de pensamento dessa época, que procura insistentemente definir o fundamento do ser
nacional como base do Estado Brasileiro.
Se for verdade que esta relação integra o quadro mais abrangente do Estado, é necessário saber que tipo de
relação é esta. Para tanto, é necessário que se tenha a compreensão da noção de memória, pois para responder a
essa questão, é preciso lançar mão da ideia de , e de aproximar a problemática da cultura popular domemória
Estado.
Através da relação entre memória coletiva e memória nacional, e que o nacional se definiria como a conservação
daquilo que é nosso", a memória nacional seria o prolongamento da memória coletiva popular.
utilização dos aperfeiçoamentos técnicos e dos desenvolvimentos científicos na produção
social, o nível cultural e técnico dos produtores dos bens materiais, assim como o grau de
difusão da instrução, da literatura e das artes em geral entre a população.
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Um exemplo de memória coletiva popular é a prática do , que ao definir umespaço social sagrado, ocandomblé
terreiro, possibilita a encarnação da memória coletiva africana em determinados enclaves da sociedade
brasileira. Assim, a origem é recorrentemente relembrada e se atualiza através do ritual religioso. A memória
coletiva popular deve se transformar em vivência, pois somente dessa forma fica assegurada a sua permanência
através das representações.
Enquanto a memória coletiva popular é da ordem da vivência, a memória nacional se refere a uma história que
transcende os sujeitos e não se concretiza imediatamente no seu cotidiano.
O exemplo de memória coletiva (o candomblé) mostra a necessidade de a tradição se manifestar enquanto
vivência de um grupo social restrito, a memória nacional se mostra em outro plano, visto que está vinculada à
história e, assim sendo, pertence à esfera da .ideologia
Dito de outro modo, a memória coletiva se aproxima do mito, se manifesta ritualmente, ao passo que a memória
nacional é produto de uma história social, não da ritualização da tradição. Portanto são dois fenômenos diversos.
Um mito é encarnado por um grupo restrito; já a ideologia se estende à sociedade inteira. A memória nacional,
dessa forma, não é propriedade particularizada de nenhum grupo social, pois ela se define como um universal
que se impõe a todos os grupos. Ela não possui uma existência concreta, mas virtual, daí não poder se manifestar
como .vivência
Então, identidade nacional é uma entidade abstrata e como tal não pode ser apreendida em sua essência, pois
não se situando na concretude do presente, revela-se como virtualidade, ou seja, como um projeto que se
processa, ou se opera vinculado às formas sociais que lhe dão sustentação. É, portanto, através de uma relação
política que se constitui uma identidade.
O que significa Etnocentrismo?
O etnocentrismo consiste em julgar, a partir de padrões culturais próprios, como "certo" ou "errado", "feio" ou
"bonito", "normal" ou "anormal" os comportamentos e as formas de ver o mundo dos outros povos,
desqualificando suas práticas e até negando sua humanidade.
Saiba mais
Leia mais sobre identidade cultural:
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/DIS067/recursos/biblioteca/aula2_identidade.
html
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/DIS067/recursos/biblioteca/aula2_identidade.html
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/DIS067/recursos/biblioteca/aula2_identidade.html
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Assim, percebemos como o etnocentrismo se relaciona com o conceito de . Os estereótipos são umaestereótipo
maneira de as características de um grupo.biologizar 
O estereótipo funciona como um carimbo que alimenta os preconceitos ao definir a priori quem são e como são
as pessoas. Sendo assim, o etnocentrismo se aproxima também do preconceito. Em nossa sociedade, existem
práticas que sofrem um profundo preconceito por parte dos setores hegemônicos, ou seja, por parte daqueles/as
que se aproximam do que é considerado "correto" segundo quem detém o poder. Assim, são utilizados vários
meios para condenar as práticas homossexuais e homoafetivas, por exemplo, considerando-as contrárias à dita
"normal e natural" heterossexualidade. Seguindo essa mesma lógica, os cultos afro-brasileiros seriam contrários
ao "normal e natural" cristianismo europeu. O preconceito relativo às práticas religiosas afro-brasileiras está
profundamente arraigado na sociedade brasileira por estarem associadas a negros e negras, grupo
historicamente estigmatizado e excluído.
Muitos acreditam, por exemplo, que a homossexualidade é inata, assim como a raça é geneticamente
determinada ou que o cérebro das mulheres funciona de modo diferente do cérebro dos homens. A intolerância
religiosa pode ser outro bom exemplo.
O estereótipo funciona como um carimbo que alimenta os preconceitos ao definir a priori quem são e como são
as pessoas. Sendo assim, o etnocentrismo se aproxima também do .preconceito
Várias coletividades sofrem um profundo preconceito no interior de nossa sociedade. Questões de gênero,
religião, raça/etnia ou orientação sexual direcionam práticas preconceituosas e discriminatórias da sociedade
contemporânea. Se o estereótipo e o preconceito estão no campo das ideias, a discriminação está no campo da
ação, ou seja, é uma atitude. É a atitude de discriminar, de negar oportunidades, de negar acesso, de negar
humanidade. Nesta perspectiva, a omissão e a invisibilidade também se constituem em discriminação.
Dinamismo Cultural
O caráter dinâmico da cultura é extremamente relevante, pois muitas vezes a cultura é associada à ideia de
"tradição", quando na verdade foi pensada como algo (o diverso é saudável e não implica diferença deimutável 
direitos e oportunidades), que tenderia a se reproduzir sem perder suas . características
Sobre isso, pode-se dizer que a cultura é dinâmica, que muda e se transforma e que essas mudanças se
aceleraram com a globalização, o que em grande medida significa a "ocidentalização" de boa parte do mundo.
A dinâmica cultural está diretamente relacionada à diversidade cultural existente em nossa sociedade. Esta se
confunde muitas vezes com a desigualdade social – que deve ser combatida – e com um universo de preconceitos
– que devem ser .superados
Há todo um aparato legal e jurídico que promete a igualdade social e a penalização de práticas discriminatórias.
Mas a própria sociedade deve passar por um processo de transformação que implica incorporar a diversidade.
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Relativismo Cultural
Seria pertinente salientar que o mais correto politicamente é se pensar na possibilidade de um verdadeiro
relativismo cultural cujo princípio afirma que todos os sistemas culturais são intrinsecamente iguais em valor, e
que os aspectos característicos de cada um têm de ser avaliados e explicados dentro do contexto do sistema em
que aparecem, por um lado; por outro, entender e interiorizar o diferente como um sujeito igual em direitos e
.oportunidades
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, trataremos de alguns conceitos importantes, como os de popular, de erudito e o papel do
intelectual na cultura.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• problematizou-se o conceito de Cultura;
• analisamos questões relacionadas à Identidade Cultural enquanto um conceito em “transito”;
• foi demonstrado o significado de etnocentrismo e seus efeitos na cultura;
• chegou-se à conclusão que devemos entender a cultura como diversa, apontando a importância do 
relativismo cultural.
Saiba mais
Para saber mais sobre os tópicos estudados nesta aula, assista aos seguintes vídeos:
1 - Outro olhar – disponível no site:
www.youtube.com/watch?v=OcbScCXk6R0
2 - Quilombola dos Arthuros - disponível no site:
www.youtube.com/watch?v=uqjaHtKMHcM
Se ainda tiver alguma dúvida, fale com seu professor online utilizando os recursos disponíveis
no ambiente de aprendizagem.
Se desejar ampliar seus conhecimentos, assista também ao filme “Os deuses devem estar
loucos”, de Jamie Uys, e leia Capítulo “Estado, cultura popular e identidade nacional”, de
Renato Ortiz (In:Cultura Brasileira e Identidade Nacional. Editora Brasiliense, 1994). Após essa
leitura, escreva um texto diferenciando “memória nacional“ de “memória coletiva popular”
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http://www.youtube.com/watch?v=OcbScCXk6R0
http://www.youtube.com/watch?v=uqjaHtKMHcM
	Olá!
	
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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