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Administração Financeira 02 1. A Controladoria e a Gestão Financeira 4 Controladoria 4 Contabilidade Gerencial 5 Contabilidade Financeira 8 Contabilidade Gerencial x Contabilidade Financeira 9 Conceito de Gestão 10 Gestão Financeira 11 Planejamento 11 Planejamento Estratégico 11 Planejamento Tático 12 Planejamento Operacional 13 Ferramentas de Controle Financeiro 13 Orçamento 13 Fluxo de Caixa 14 Tesouraria 15 Custos 16 Custos Diretos e Custos Indiretos 18 Custos Fixos e Custos Variáveis 18 2. Controle Financeiro e Tributário 20 Controle Financeiro 21 Controle de Impostos 22 3. Demonstrações Financeiras 25 Formação do preço de venda 26 Planejamento 28 Cronogramas 32 Fluxo de Caixa 34 Relatórios Financeiros 36 4. Referências Bibliográficas 40 03 4 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 1. A Controladoria e a Gestão Financeira Fonte: Anchieta1 Controladoria Controladoria tem como fun- ção principal promover a eficá- cia das decisões desenvolvendo e analisando as alternativas disponí- veis para as soluções dos problemas. “A função da controladoria é apoiar o processo de decisão através de sistemas de informações que pos- sibilitem o controle operacional, vi- sando o monitoramento das ativida- des da empresa”. (NASCIMENTO; REGINATO, 2007, p. 2). 1 Retirado em https://www.anchieta.br/ Compreende as operações glo- bais da empresa monitorando a exe- cução dos objetivos estabelecidos, investigando e diagnosticando as ra- zões para a ocorrência de eventuais desvios entre os resultados alcança- dos e os esperados. Pode-se entender Controlado- ria como o departamento responsá- vel pelo projeto, elaboração, imple- mentação e manutenção do sistema integrado de informações operacio- nais, financeiras e contábeis de de- A 5 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA terminada entidade, com ou sem fi- nalidades lucrativas, sendo conside- rada por muitos autores como o atual estágio evolutivo da Contabili- dade. (OLIVEIRA; PEREZ JR.; SIL- VA, 2002, p.12). Pode-se entender como o con- junto de princípios, procedimentos e métodos originados das ciências da Contabilidade, Administração, Eco- nomia e Estatística, relacionado às atividades econômicas da empresa. De acordo com Nascimento e Reginato (2007), a área da controla- doria tem a função de interagir, constantemente com o processo de- cisório da empresa, buscando dados e informações econômico-financei- ras em suas áreas de apoio utilizan- do-se, principalmente, dos sistemas de mensuração, informação e de controles internos. Na busca pela eficácia geren- cial, os gestores utilizam o setor de controladoria para garantir infor- mações adequadas ao processo deci- sório. Segundo Padoveze (2004), a Controladoria, por meio do sistema contábil gerencial, incorpora os con- ceitos de lucro econômico, dá as condições à empresa de avaliar todo o processo de geração ou criação de valor (geração de lucro para os acio- nistas). No exercício da função contá- bil gerencial, a Controladoria pode monitorar o processo de geração de valor dentro da empresa por meio da adoção dos conceitos adequados de mensuração do lucro empresarial e por meio do apoio às atividades ope- racionais no processo de geração de valor através do sistema de informa- ção contábil gerencial. Contabilidade Gerencial Pode-se entender a Contabili- dade Gerencial como a ferramenta contábil que mede o desempenho econômico de unidades operacio- nais descentralizadas, como unida- des de negócios, divisões e departa- mentos. Segundo Horngren, Sundem e Stratton (2006), a Contabilidade Gerencial é o processo de identificar, mensurar, acumular, analisar, pre- parar, interpretar e comunicar in- formações que auxiliem os gestores a atingir objetivos organizacionais. A Contabilidade Gerencial é por sua vez um dos principais meios pelos quais trabalhadores, gerentes e executivos recebem retorno de seu desempenho, fazendo com que utili- zem experiências passadas para me- lhorar o futuro. Contabilidade gerencial é pro- cesso de produção de informações financeiras e operacionais para fun- cionários e gerentes. O processo de- 6 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA ve ser orientado pelas necessidades de informação interna e deve dirigir suas decisões operacionais e de in- vestimentos. (ATKINSON et al., 2008, p.36). As funções da Contabilidade Gerencial podem ser apontadas co- mo: identificação, mensuração, acu- mulação, análise, preparação, inter- pretação e comunicação das infor- mações financeiras usadas pela ad- ministração. A identificação é o reconheci- mento e a avaliação das tran- sações empresariais e outros eventos econômicos. A mensuração é a quantifica- ção, incluindo estimação das transações empresariais ou de outros eventos econômicos ocorridos ou as previsões so- bre o que possa ocorrer. A acumulação é a sistematiza- ção de abordagens disciplina- das e consistentes para regis- trar e classificar as transações empresariais apropriadas e outros eventos econômicos. A análise é a determinação das razões para a atividade rela- tada e seu relacionamento com outros eventos e situações eco- nômicas. A preparação e a interpretação são a coordenação da contabi- lidade e/ou planejamento dos dados para fornecer informa- ções apresentadas de forma ló- gica, que inclui se apropriadas, as conclusões extraídas desses dados. A comunicação consiste na preparação de relatórios perti- nentes à administração e a ou- tros usuários internos e exter- nos. As informações financeiras fornecidas aos administradores pela Contabilidade Gerencial servem pa- ra planejar, avaliar e controlar uma organização e assegurar o uso apro- priado e a responsabilização por seus recursos e a elaboração de rela- tórios externos. O planejamento é a quantifica- ção e interpretação dos efeitos das transações planejadas e de outros eventos econômicos sobre a organi- zação. Este planejamento inclui as- pectos estratégicos, táticos e opera- cionais e requer que o contador for- neça informações históricas quanti- tativas e prospectivas para facilitá- lo. Inclui também a participação no desenvolvimento do sistema de pla- nejamento, no estabelecimento de metas alcançáveis e na escolha de meios apropriados para monitorar o cumprimento dessas metas. A avaliação é o julgamento das implicações dos eventos históricos e esperados. A avaliação inclui trans- formar dados em tendências e rela- cionamentos; comunicação pontual e efetiva das conclusões extraídas das análises. 7 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA O controle é a garantia da inte- gridade das informações financei- ras; monitoramento e mensuração do desempenho. Fornece informa- ções aos executivos em suas áreas operacionais e funcionais que pos- sam ser usadas para atingir o de- sempenho desejável. Assegurar recursos de respon- sabilização, trata-se da implementa- ção de um sistema de relatórios que esteja alinhado às responsabilidades organizacionais que contribua ao uso efetivo dos recursos e que men- sure o desempenho da administra- ção; transmitir as metas e os objeti- vos da administração em toda orga- nização na forma de atribuição de responsabilidades, base para identi- ficar a responsabilização; fornece um sistema contábil e de relatórios que acumule as receitas, as despe- sas, os ativos, as obrigações e relaci- one as informações quantitativas aos gerentes que terão melhor con- trole sobre esses elementos. Os relatórios externos são des- tinados à preparação de documentos financeiros baseados em princípios contábeis geralmente aceitos ou em outras bases apropriadas a grupos não administrativos, como: acionis- tas, credores, órgãos regulatórios e autoridadestributárias e participar no processo de desenvolvimento dos princípios contábeis que formam a base dos relatórios externos. Segundo Padoveze (2004), pa- ra se fazer Contabilidade Gerencial é necessário um Sistema de Informa- ção Contábil Gerencial, um Sistema de Informação Operacional, que seja um instrumento dotado de caracte- rísticas que preencham todas as ne- cessidades informacionais dos ad- ministradores para o gerenciamento de sua entidade. O Sistema de Informação é um conjunto de recursos humanos, ma- teriais, tecnológicos e financeiros que permite às organizações o cum- primento de seus objetivos. Classi- fica-se em Sistemas de Informação de Apoio às Operações, que têm co- mo objetivo auxiliar os departamen- tos e atividades a executarem suas funções operacionais, como: com- pras, estocagem, produção, vendas, recebimentos, pagamentos e Siste- mas de Informação de Apoio à Ges- tão, que se preocupam basicamente com as informações necessárias à gestão econômica da empresa e têm como base de apoio informacional as informações de processo e quan- titativas geradas pelos sistemas ope- racionais. De acordo com Padoveze (2004), o Sistema de Informação Contábil é um sistema de apoio à gestão, juntamente com os demais sistemas de controladoria e finan- ças. 8 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Os fundamentos de um Siste- ma de Informação Contábil são os seguintes: Operacionalidade: significa que todos que utilizam e traba- lham com a informação contá- bil devem saber e sentir que estão operando com dados re- ais, significativos, práticos e objetivos; Integração: é quando todas as áreas necessárias para o ge- renciamento da informação contábil estejam abrangidas por um único sistema de infor- mação contábil, em outras pa- lavras, todos os usuários do sistema de informação contá- bil receberão a mesma infor- mação e falarão a mesma lín- gua; Custo da informação: é quan- do o Sistema de Informação Contábil é analisado na rela- ção custo-benefício para a em- presa. A Informação Gerencial é uma das principais fontes de con- trole e tomada de decisão nas organizações. Informação contábil gerencial são dados financeiros e operacionais sobre atividades, processos, unida- des operacionais, produtos, serviços e clientes de uma organização; por exemplo, o custo calculado de um produto, de uma atividade ou de um departamento em período de tempo recente. (ATKINSON et al., 2008, p.36). As informações contábeis in- ternas e externas são elaboradas pe- los contadores gerenciais, os quais trabalham com os administradores analisando e apresentando dados re- levantes no sentido de orientar as decisões. “O contador gerencial fornece dados que ajudam no desenvolvi- mento da estratégia, na construção de recursos e capacidades e na im- plementação da estratégia”. (HORNGREN; DATAR; FOSTER, 2008, p.3). Contabilidade Financeira A Contabilidade financeira está relacionada ao fornecimento de informações para os proprietários, credores e outros que estão direta ou indiretamente ligados à empresa. “Contabilidade financeira re- fere-se à informação contábil desen- volvida para usuários externos, co- mo acionistas, fornecedores, bancos e agências regulatórias governa- mentais”. (HORNGREN; SUNDEM; STRATTON, 2006, p.5). Tem como objetivo facilitar a análise financeira para as necessida- des dos usuários externos, utilizan- do-se de relatórios financeiros, tais como: Balanço Patrimonial, De- monstração dos Resultados, De- monstração das Origens e Aplica- 9 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA ções de Recursos, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido e Fluxo de Caixa, entre outros. O pro- cesso contábil-financeiro está restri- to às exigências obrigatórias de ela- boração de relatórios por parte das autoridades regulamentadoras ex- ternas, como o Financial Accounting Standards Board (FASB) e a Securi- ties and Exchange Commission (SEC) nos Estados Unidos, bem co- mo por órgãos governamentais de impostos. De acordo com Atkinson et al. (2008), Contabilidade Financeira é o processo de geração de demons- trativos financeiros para públicos externos, como acionistas, credores e autoridades governamentais. Esse processo é fortemente limitado por autoridades governamentais que de- finem padrões, regulamentações e impostos, além de exigir o parecer de auditores independentes (con- trasta com a contabilidade geren- cial). Contabilidade Gerencial x Contabilidade Financeira A Contabilidade Gerencial e a Contabilidade Financeira são dife- rentes, embora tradicionalmente a informação contábil gerencial tenha sido financeira, entretanto, recente- mente, a informação contábil geren- cial expandiu-se para envolver a in- formação operacional ou física (não- financeira), como qualidade e tem- pos de processos, bem como uma in- formação mais subjetiva; já a infor- mação contábil financeira deve ser objetiva, verificável e relevante. O objetivo da Contabilidade Financeira é facilitar a análise finan- ceira para as necessidades dos usuá- rios externos, em contrapartida com o objetivo da Contabilidade Geren- cial que é facilitar o planejamento, o controle, a avaliação de desempenho e a tomada de decisão internamente. A contabilidade gerencial é re- lacionada com o fornecimento de in- formações para os administradores, isto é, aqueles que estão dentro da organização e que são responsáveis pela direção e controle de suas ope- rações. A contabilidade gerencial pode ser contrastada com a contabi- lidade financeira, que é relacionada com o fornecimento de informações para os acionistas, credores e outros que estão fora da organização. (PA- DOVEZE, 2004, p.39). Os relatórios na Contabilidade Financeira são elaborados sob ori- entação histórica e os relatórios da Contabilidade gerencial são orienta- dos para o futuro a fim de facilitar o planejamento, o controle e a avalia- 10 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA ção de desempenho antes do fato (para impor metas), acoplada com uma orientação histórica para ava- liar os resultados reais (para o con- trole posterior do fato). Uma das principais diferenças entre contabilidade financeira e con- tabilidade gerencial é que a informa- ção contábil financeira é prescrita ou exigida pelas autoridades que esta- belecem os padrões dos relatórios externos. Em contraste, a informa- ção contábil gerencial deve sempre ser justificada pelos benefícios que fornece à organização. (ATKINSON et al., 2008, p.92). Características básicas da contabilidade financeira e gerencial Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial Audiência Externa: acionistas, credores, autoridades tributárias. Interna: funcionários, gerentes execu- tivos. Propósito Relatar o desempenho pas- sado ao público externo, con- tratos com proprietários e cre- dores. Informar as decisões internas toma- das por funcionários ou gerentes; dar feedback e controlar o desempenho operacional. Posição do Tempo Histórica; atrasada. Atual, orientada para o futuro. Restrições Regulamentada; orientada por princípios contábeis geral- mente aceitos e por autorida- des governamentais. Desregulamentada; sistemas e infor- mações determinados pela adminis- tração para atender às necessidades estratégicas e operacionais. Fonte: ATKINSON et al., 2008, p.38. Conceito de Gestão Gestão é o ato de gerir, admi- nistrar a organização conduzindo-a para a concretização de objetivos, através das seguintes fases: planeja- mento, execução e controle. O termo Gestão deriva do la- tim gestione e significa gerir, gerên- cia, administração. Administrar é planejar, organizar, dirigir e contro- lar recursos, visando atingir deter- minado objetivo. Gerir é fazer as coi- sas acontecerem e conduzir a orga-nização para seus objetivos. Portan- to, Gestão é o ato de conduzir para a obtenção dos resultados desejados. (OLIVEIRA; PEREZ; SILVA, 2002, p.136). O gestor é o responsável pela identificação, mensuração e contro- ladoria do processo financeiro com 11 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA funções e princípios norteadores de- finidos do modelo da gestão do sis- tema da empresa e com uma área de conhecimento humano com funda- mentos, conceitos, princípios e mé- todos oriundos de outras ciências. Gestão Financeira A Gestão Financeira eficaz é fator crítico para o sucesso de uma empresa. A gestão financeira, para ser eficaz, precisa ser sustentada e orientada por um planejamento de suas disponibilidades, para isso, o gestor precisa de instrumentos con- fiáveis que auxiliem a otimizar os rendimentos dos excessos de caixa ou estimar as necessidades futuras de financiamentos, para que possa tomar decisões certas e oportunas. A Gestão Financeira necessa- riamente passa pela elaboração de seu planejamento. O Planejamento Financeiro torna-se uma ferramenta importante para quantificar em ter- mos financeiros os anseios declara- dos no Planejamento Estratégico, nos Planos Táticos e Operacionais. Além disso, indica caminhos que le- vam a alcançar os objetivos da em- presa, tanto em curto como em lon- go prazo, cria mecanismos de con- trole que envolvem todas as suas ati- vidades operacionais e não-operaci- onais. Planejamento Através do Planejamento, os gestores traçam os objetivos que se- rão atingidos no processo da execu- ção, de modo que proporcione su- cesso à empresa. É através do Plane- jamento que se dará a análise de co- mo os objetivos serão atingidos, com o acompanhamento constante dos resultados obtidos, comparados ao que foi planejado. Planejamento é a mais básica de todas as funções gerenciais, e a habilidade com que esta função está sendo desempenhada determina o sucesso de todas as operações. Pla- nejamento pode ser definido como o processo de reflexão que precede a ação e é dirigido para a tomada de decisão agora com vistas no futuro. (CATELLI, 2002, p. 43). O Planeja- mento pode ser dividido em três ní- veis: Planejamento Estratégico, Pla- nejamento Operacional e Planeja- mento Tático. Planejamento Estratégico O Planejamento Estratégico tem o propósito de fazer com que a empresa tenha a possibilidade de modelar o futuro ao invés de apenas tentar antecipá-lo, ou seja, ele esta- belece quais os caminhos a serem percorridos para atingir o objetivo desejado. 12 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA O planejamento estratégico é o processo administrativo que propor- ciona sustentação metodológica pa- ra se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando ao otimizado grau de interação com os fatores externos não controláveis e atuando de forma inovadora e di- ferenciada. (OLIVEIRA, 2007, p. 17). Segundo Catelli (2002), a fase do planejamento estratégico tem co- mo premissa fundamental assegurar o cumprimento da missão e da con- tinuidade da empresa. A elaboração de um planejamento estratégico é uma tarefa que não é simples, pois requer sabedoria, sem a qual os seus resultados práticos podem vir a ser insípidos, com benefícios que não superam os custos de realização. De fato, no planejamento es- tratégico há um conjunto de deci- sões. Algumas delas podem ser com- plexas e outras mais simples, mas o fato é que são interdependentes. Essa característica talvez seja a prin- cipal complexidade associada à ela- boração do planejamento, pois re- quer um ajustamento perfeito dessa cadeia sistêmica de decisões e a ava- liação de suas consequências. (NAS- CIMENTO; REGINATO, 2007, p.128). O Planejamento Estratégico deve refletir o conjunto dos planos de todas as áreas da empresa, ou seja, devem-se entender os objetivos pretendidos pela empresa como um todo e suas repercussões em cada uma de suas áreas, através da aná- lise da natureza do problema que de- seja resolver com a sua adoção. É um conjunto de diretrizes estratégicas que busca nortear o de- senvolvimento do Planejamento Operacional. Planejamento Tático O Planejamento Tático é utili- zado para traduzir os objetivos ge- rais e as estratégias da alta diretoria em objetivos e atividades mais espe- cíficas. O planejamento tático tem por objetivo otimizar determinada área de resultado e não a empresa como um todo. Portanto, trabalha com decomposições dos objetivos, estratégias e políticas estabelecidos no planejamento estratégico. (OLI- VEIRA, 2007, p.18). O principal desafio neste nível é promover um contato eficiente e eficaz entre o nível estratégico e o ní- vel operacional. De acordo com Oliveira (20 07), o Planejamento Tático é desen- volvido pelos níveis organizacionais intermediários, tendo como princi- pal finalidade a utilização eficiente dos recursos disponíveis para a con- secução de objetivos previamente fi- 13 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA xados, segundo uma estratégia pre- determinada, bem como as políticas orientativas para o processo decisó- rio da empresa. Planejamento Operacional O Planejamento Operacional é a base de controle e avaliação de de- sempenho, pois é o parâmetro para qualificar a eficácia atingida pela execução das operações realizadas. De forma mais específica, ele é a representação quantitativa das di- retrizes emanadas do planejamento estratégico e embasado nas premis- sas operacionais que redundaram da opção escolhida na fase do pré-pla- nejamento operacional como a me- lhor alternativa de viabilizar opera- cionalmente aquelas diretrizes. (NASCIMENTO; REGINATO, 2007, p.139). É nessa fase que se identificam e escolhem as alternativas operacio- nais que vão viabilizar as diretrizes estratégicas esboçadas no Planeja- mento Estratégico. Ferramentas de Controle Fi- nanceiro As Ferramentas de Controle Financeiro são fundamentais para a empresa, já que permitem a ela acompanhar o dia-a-dia da mesma, planejar o futuro, acompanhar as di- retrizes de mudança e rever, quando necessário, as metas já estabeleci- das. A seguir destacam-se algumas ferramentas de controle. Orçamento O Orçamento corresponde ao detalhamento das operações plane- jadas, normalmente abrangendo o período de um ano. “O orçamento é um instru- mento importante para o planeja- mento e controle das empresas a curto prazo. Geralmente, um orça- mento operacional cobre um ano e inclui as receitas e as receitas previs- tas para esse”. (ANTHONY; GOVIN- DARAJAN, 2002, p. 461). O orçamento possui as seguin- tes características: Estima o potencial de lucro; É apresentado em termos mo- netários, embora as cifras pos- sam ser fundamentadas em valores não monetários como, por exemplo, as unidades ven- didas ou produzidas; Cobre geralmente o período de um ano; É um compromisso gerencial, pois os executivos comprome- tem-se a aceitar a responsabi- lidade de atingir os objetivos do orçamento; A proposta orçamentária é aprovada por autoridade mais 14 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA alta do que os responsáveis pela execução do orçamento; Uma vez aprovado, só pode ser alterado sob condições especi- ais; O desempenho financeiro real é comparado com o orçamento e com as variações analisadas e explicadas. Fluxo de Caixa O Fluxo de Caixa constitui uma ferramenta de fundamental im- portância para a boa administração e avaliação das empresas. Tem por objetivo principal a projeção das en- tradas e das saídas dos recursos fi- nanceiros da empresa em um deter- minado período de tempo. O fluxo de caixa é um instru- mento (planilha) pelo qual o admi- nistrador financeiro planeja e admi nistra os numerários da empresa, isto é, asentradas e saídas de dinhei- ro do caixa da empresa. Funciona como uma agenda sofisticada onde são registrados todos os recebimen- tos esperados e despesas programa- das, num certo período. (TÓFOLI, 2008, p. 69). De acordo com Assaf Neto; Silva (1997), o Fluxo de Caixa é um instrumento que relaciona os in- gressos e saídas (desembolsos) de recursos monetários no âmbito de uma empresa em determinado in- tervalo de tempo. A partir da elabo- ração do Fluxo de Caixa é possível prognosticar eventuais excedentes ou escassez de caixa, determinando se medidas saneadoras a serem to- madas. A seguir apresenta-se um mo- delo de fluxo de caixa: Figura 1 Mo- delo de Fluxo de Caixa Fonte: Modelo,2010 A sua adoção possibilita uma boa gestão dos recursos financeiros, evitando situações de insolvência ou falta de liquidez que representam sé- rias ameaças à continuidade das or- ganizações. Uma adequada administração dos fluxos de caixa pressupõe a ob- tenção de resultados positivos para a empresa, devendo ser focalizada co- mo um segmento lucrativo para seus negócios. A melhor capacidade de geração de recursos de caixa promo- ve, entre outros benefícios à empre- sa, menor necessidade de financia- mento dos investimentos em giro, reduzindo seus custos financeiros. (ASSAF NETO; SILVA, 2002, p. 41). Há dois tipos de Fluxo de Cai- xa: o Fluxo de Caixa Planejado e o 15 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Fluxo de Caixa Real. Normalmente, devem ser elaborados dois fluxos de caixa por período: o Fluxo de Caixa Planejado (ou projetado) e o Fluxo de Caixa Real. O primeiro trata de planejar, antever, os fluxos de di- nheiro num período futuro e o se- gundo, registra os acontecimentos efetivos de movimentação de nume- rários da empresa. (TÓFOLI, 2008, p. 69). O Fluxo de Caixa Planejado fornece, antecipadamente, informa- ções sobre a liquidez do caixa em de- terminado período, permitindo a avaliação periódica e, com isso, ava- liando a necessidade de captar re- cursos ou aplicar os excedentes de caixa. No Fluxo de Caixa Real devem ser registradas todas as entradas e saídas de dinheiro do caixa. Ele é uma ferramenta de comparação en- tre tudo o que foi planejado e o que foi realizado. O Fluxo de Caixa Planejado deve ser comparado com o Fluxo de Caixa Real com a finalidade de ob- servar se há diferenças entre ambos. Caso tenham diferenças, é preciso detectar as causas dessas variações e aplicar as devidas adequações. É importante essa confronta- ção entre os dois fluxos de caixa (planejado e real), primeiro para avaliar as fontes de informações uti- lizadas e os critérios de planejamen- to e aprimorá-los, se preciso e em se- gundo detectar falhas de comunica- ção entre áreas e falta de envolvi- mento geral. (TÓFOLI, 2008, p. 79). Tesouraria Na hora de pensar em abrir o próprio negócio, independente do meio comercial onde se pretenda atuar, o indivíduo deverá pensar em todos os setores que deverão compor essa nova empresa, em todos os seus pequenos detalhes e, mesmo que seja necessário um mesmo funcio- nário exercer mais de uma função. Dentre os setores mais impor- tantes de uma companhia, com cer- teza, encontra-se a tesouraria, justa- mente por ser o setor responsável por todo o controle financeiro da empresa daí a importância de se contratar uma pessoa de extrema confiança e que tenha experiência comprovada para exercer essa fun- ção. A tesouraria de uma empresa pode funcionar em qualquer espaço, até mesmo fora do espaço onde fun- ciona todo o resto dos setores que compõem a companhia, porém é muito importante que este local seja dedicado apenas para esse fim e que igualmente seja um ambiente orga- nizado e limpo, a fim de poder facili- tar o trabalho das pessoas que com- põem este setor. 16 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Esse controle financeiro é ab- solutamente primordial para que a empresa possa diagnosticar proble- mas, estabelecer metas e buscar so- luções. Uma tesouraria eficiente exerce esse controle financeiro, ge- renciando os recursos financeiros da empresa, estabelecendo regras para o uso racional dos recursos disponí- veis e sugerindo formas de aumentar as receitas e diminuir as despesas, inclusive com o investimento de re- cursos financeiros do caixa ou com a captação de recursos no mercado para suprir déficits. Os processos de controle fi- nanceiro exercidos pela tesouraria devem ser transparentes e embasa- dos em conhecimento técnico e atu- alizado, auxiliando a gestão da em- presa. A tesouraria deve ser capaz de gerenciar de forma eficaz contas a receber e contas a pagar, crédito, co- brança, controles bancários, concili- ação de caixa, controle de numerá- rio, aplicações financeiras, emprés- timos, financiamentos e controle/ acompanhamento de contratos, ou seja, ela é responsável pela adminis- tração de todas as contas a receber e a pagar da empresa. Segundo Tófoli (2008), a ad- ministração de valores a receber de uma empresa, sob a rubrica de Du- plicatas a Receber ou de clientes as- sume papel importante na adminis- tração do capital de giro. As contas a pagar representam os compromissos da empresa para com terceiros, são aquelas resultan- tes de compras feitas junto aos for- necedores, empréstimos e outras despesas a pagar. A boa gestão de contas a pagar sugere que a empresa não pague du- plicata indevidamente, não quite a mesma dívida duas vezes, realize pa- gamentos com cheques nominati- vos, contra recibo (duplicata, guia do tributo) e pague as contas no ven- cimento. Não deve se influenciar com o crédito fácil e ter em mente o seu grau de solvência, ao planejar qualquer endividamento. (TÓFOLI, 2008, p.89). Custos Os Custos são os recursos usa- dos pela organização para fornecer produtos ou serviços. É o gasto rela- tivo ao bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou servi- ços, ou seja, são todos os gastos rela- tivos à produção, só que reconhecido como tal, isto é, como custo, no mo- mento da utilização de fatores de produção (bens e serviços) para a fa- bricação de um produto ou execução de um serviço. 17 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA “O custo é também um gasto, só que reconhecido como tal, isto é, como custo, no momento da utiliza- ção de fatores de produção (bens e serviços), para a fabricação de um produto ou execução de um serviço”. (MARTINS, 2003, p.18). A Gestão Financeira é de fun- damental importância no processo de tomada de decisão. Nesse mo- mento tem que se levar em conside- ração as informações de todos os se- tores da organização. Essas informa- ções fornecidas pela Contabilidade Gerencial podem ser entendidas co- mo o equilíbrio entre os custos e os benefícios da Informação Contábil. “Tomada de decisão – a deci- são com propósito de selecionar en- tre um conjunto de cursos alternati- vos de ação projetados para atingir algum objetivo – é o núcleo do pro- cesso de gestão”. (HORNGREN; SUNDEM; STRATTON, 2006, p.8). O processo de gestão compre- ende uma série de atividades em um ciclo de planejamento e controle. Outras informações de valor rele- vante no momento de tomar uma decisão são os custos, pois a Conta- bilidade de Custos é um fator essen- cial no processo gerencial de tomada de decisão. A contabilidade de custos for- nece informações tanto para a con- tabilidade gerencial quanto para a fi- nanceira. Mede e relata informações financeiras e não-financeiras relaci- onadas ao custo de aquisição ou à utilização de recursos em uma orga- nização; inclui aquelas partes, tanto da contabilidade gerencial quanto da financeira, em que as informa- ções de custos são coletadas e anali- sadas (HORNGREN; DATAR; FOS- TER, 2008, p. 2). É muito importante não con- fundir custos com despesas,pois en- quanto os custos são gastos relativos à produção, as despesas são os rela- tivos à administração, às vendas e aos financiamentos. Conforme Martins (2003), despesa é um bem ou serviço consu- mido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas. Segundo Atkinson et al. (2008), realizar as mesmas coisas com menos recursos e, assim, redu- zir os custos significa que a organi- zação está tornando- se mais efici- ente.A apropriação dos custos, além de ser importante para a tomada de decisão, é fundamental para verifi- car a lucratividade da empresa. De acordo com Horngren, Foster e Da- tar (2000), custos podem também ser apropriados ao produto ou ao cli- ente para facilitar a análise de lucra- tividade por produto ou por cliente. Classificação dos Custos: Os Custos podem ser classificados em 18 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Custos Diretos e Custos Indiretos e também como Custos Fixos e Custos Variáveis. Custos Diretos e Custos Indire- tos Para classificar os custos é ne- cessário saber quando eles têm um relacionamento direto ou indireto com um determinado objeto de custo, que é o produto ou serviço. Os Custos Diretos são aqueles diretamente apropriados aos produ- tos, como os custos de matérias – primas. “Custos diretos de um objeto de custo são os custos que estão re- lacionados a um determinado objeto de custo e que podem ser identifica- dos com este de maneira economica- mente viável (custo efetivo)”. (HORNGREN; FOSTER; DATAR, 2000, p. 20). Os Custos Indiretos são aque- les que não oferecem condição de medir e qualquer tentativa de aloca- ção tem de ser feita de maneira esti- mada. São os custos que não estão li- gados diretamente à produção, co- mo por exemplo, o aluguel. “Custos indiretos de um objeto de custo são os custos que estão relacionados a um determinado objeto de custo, mas não podem ser identificados com este de maneira economica- mente viável (custo efetivo)”. (HOR- NGREN; FOSTER; DATAR, 2000, p. 20). Custos Fixos e Custos Variáveis Além da classificação em cus- tos diretos e indiretos, de acordo com Martins (2003), outra classifi- cação usual (e mais importante que todas as demais) é a que leva em consideração a relação entre o valor total de um custo e o volume de ati- vidade numa unidade de tempo. Di- vide basicamente os Custos em Fi- xos e Variáveis. Os Custos Fixos são os que não mudam em função das oscilações na atividade e os Custos Variáveis va- riam de acordo com essas oscilações. Para Horngren; Foster e Datar (2000), um Custo Fixo é um Custo que não se altera em montante, ape- sar de alterações num direcionador de custo. Ainda de acordo com Horn- gren; Foster e Datar (2000), um Custo Variável é um Custo que se al- tera em montante em proporção às alterações num direcionador de custo. 20 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 2. Controle Financeiro e Tributário Fonte: Foccoerp2 globalização do mercado au- menta a competição entre as empresas, o que pode significar maior pressão sobre os preços, os prazos e as margens de lucro. Por isso, é preciso manter controle de fa- tores como preço, custos financei- ros, fluxo de caixa, diferenças no giro do contas a pagar e a receber, além de retração do mercado, ina- dimplência, financiamentos, com- pras incompatíveis com as projeções de vendas e vários outros fatores que 2 Retirado em https://www.foccoerp.com.br/ podem estar afetando o custo e a margem de lucro da empresa. A gestão, do ponto de vista do planejamento, é um processo que busca a antecipação da ação até o momento de sua execução. E o con- trole é o processo pelo qual o gestor sabe que as atividades efetivas estão de acordo com as atividades planeja- das. O controle não deve se afirmar somente nas atividades futuras, mas também em posições favoráveis do A 21 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA passado, em comportamentos de concorrentes e/ou em modelos já existentes. O importante não deve ser o quanto se faz, mas se está se fa- zendo o melhor em relação ao seu desempenho passado, ou em relação à empresa ou em relação aos seus concorrentes. Controle Financeiro A administração financeira precisa manter análises contínuas dos fatores financeiros do contrato, a fim de evitar perdas financeiras fu- turas. É necessário que se mante- nham controles atualizados quanto à sua regularização e à sua atualiza- ção de dados. Para a eficiência do controle fi- nanceiro, principalmente os contro- les de custos e recursos, o gestor de contratos deve exigir avaliações e análises financeiras em períodos re- gulares, comparando as ações que já foram tomadas com aquelas que ainda estão para acontecer. De acordo com Sanvicente (op. cit.), o controle financeiro é muito importante porque, além de possibi- litar a previsão de perda de poder aquisitivo pela má administração ou pela inflação alta, permite também outras previsões, buscando a recu- peração de perdas ou garantindo al- gum tipo de ganho financeiro. Por exemplo, com a antecipação de rece- bimentos, pode ser possível obter ganho pelo reinvestimento deste ca- pital. É necessário atenção às opor- tunidades do mercado e administrar de forma eficaz todos os fatores fi- nanceiros do contrato, como os des- critos por Souza (op. cit.): Valor atual do contrato: é o va- lor do contrato atualizado por um índice de atualização do mercado, ou por fórmula ou índice de reajuste previsto em contrato; Valor atual líquido: é o saldo atual do contrato, verificado pelas entradas menos as saí- das (Sanvicente, op. cit.); Índice de Rentabilidade: é o quociente do valor atual das entradas e o valor atual das sa- ídas, conforme Sanvicente (op. cit.); Venda líquida: é o valor das vendas, deduzidas as deduções sobre vendas e os impostos in- cidentes; Margem Líquida: é o valor da venda líquida, deduzidos os custos e despesas diretas e in- diretas. Também chamada de Fluxo de Caixa Operacional. Cobranças: manter o gestor in- formado, por meio de relató- rios ou notas da posição atual das cobranças, principalmente das cobranças com pagamen- tos em atraso; Periodicidade de Relatórios: tanto os relatórios como os de- monstrativos devem obedecer 22 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA a uma regularidade na divul- gação, seja ela diária, semanal, quinzenal, mensal, semestral, anual ou outras. Período de Duração do Con- trato: período compreendido entre a data de início, normal- mente a data da assinatura do contrato, e a data fim. Tam- bém chamado de Período de Vigência. Controle de Impostos Marion (op. cit.) relata que a empresa é uma simples depositária dos impostos cobrados no momento da compra e que, após determinado período, deverá recolhê- lós. Constantemente preocupado com a rentabilidade da empresa, o administrador financeiro deverá acompanhar de perto o comporta- mento dos impostos. O controle dos impostos sobre as vendas de produ- tos e serviços de contratos por enco- menda torna-se ainda mais preocu- pante, quando das mudanças na le- gislação tributária, pois pode exigir ações imediatas. Dominar a legislação tributá- ria e ser capaz de prever os efeitos dos impostos sobre as operações da empresa, no sentido de reduzi-los, é uma habilidade essencial ao mo- derno administrador financeiro no Brasil (Gitman, op. cit., p. 815). Por exemplo: a empresa tem um pedido de compra de um pro- duto de fabricação em período curto e o contrato não possui uma cláusula de prevenção quanto a atualização de valor com mudanças na legisla- ção do imposto, e no período a legis- lação muda. Neste caso, a empresa, mediante seu gestor de contratos, deve tentar negociar com o cliente estediferencial, antes da entrega do produto. Será difícil a negociação, para a empresa, caso ela esteja com a fabricação ou entrega do produto em atraso. O cálculo e o controle dos im- postos devem ficar na responsabili- dade do administrador financeiro do contrato e, caso necessário, sob a orientação de um fiscal, pois, sem- pre que possível, os estudos, as aná- lises, as demonstrações e os relató- rios deverão considerar o efeito dos impostos e dos incentivos fiscais so- bre os resultados. Os principais impostos inci- dentes sobre as vendas de produtos e serviços, o IPI (Imposto sobre Pro- dutos Industrializados), o ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mer- cadorias e Serviços) e o ISS (Imposto sobre Serviços) serão definidos a se- guir, conforme Gitman (op. cit.). O Imposto sobre Produtos In- dustrializados é um imposto inci- dente sobre qualquer industrializa- 23 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA ção, ou seja, sobre qualquer opera- ção que modifique a natureza, o fun- cionamento, o acabamento, a apre- sentação ou a finalidade do produto, ou as aperfeiçoe para o consumo, mesmo que completa, parcial ou in- termediária. As alíquotas de IPI dos produtos podem variar de 0 a 365%, de acordo com a classificação fiscal do produto na Tabela de Incidência do IPI (TIPI), e a alteração dessas alíquotas prescinde de lei e não está sujeita ao princípio da anteriori- dade. O ICMS tem como base de cál- culo, na saída de mercadorias, o va- lor da operação acrescida do IPI, o preço do serviço de transporte ou de comunicação e o valor da mercado- ria importada acrescida do imposto de importação, IPI, IOC e despesas aduaneiras. É possível sua compen- sação, sendo não cumulativa, em ca- da operação de circulação de merca- dorias ou prestação de serviços. Conforme a lei do ICMS, existem operações e produtos que possuem alguns benefícios fiscais de redução da base de cálculo, ou, ainda, de isenção do imposto, como é o caso de produtos de exportação. As alíquotas de ICMS diferen- ciam -se de Estado para Estado, a sa- ber: 7% - em operações interesta- duais com estados do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Es- tado do Espírito Santo, e 12% para as demais regiões; 18% - nas operações internas e importações em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, e 17% nos demais estados; 7% - nas operações com pro- dutos da cesta básica; 25% - em operações internas, interestaduais e importações de perfumes, cosméticos, ci- garros, armas e munições, be- bidas alcoólicas etc. A base de cálculo do imposto sobre serviços de qualquer natureza, ISS, é o preço do serviço, deduzido de quaisquer valores corresponden- tes a materiais fornecidos pelo pres- tador dos serviços ou das subem- preitadas, já tributados pelo im- posto. Todo profissional autônomo ou toda empresa que prestar ativi- dade denominada serviço será su- jeito passivo do imposto. As alíquotas do ISS são fixadas pelos municípios e o recolhimento é devido a eles. Os municípios podem determinar a isenção do imposto, como benefício ao sujeito passivo de imposto, ou fixar as alíquotas, entre um valor fixo anual e o equivalente a 5% do valor dos serviços prestados. No estado de São Paulo, por exem- plo, a prática mais comum, entre os municípios, é a aplicação do limite de 5% sobre os serviços. 25 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 3. Demonstrações Financeiras Fonte: Suno3 administração financeira na gestão de contratos, discutida no capítulo anterior, demonstra a necessidade da eficácia na gestão. Bem administrado, significará uma boa intervenção da administração fi- nanceira na gestão de contratos, pois dispõe de um conjunto de infor- mações contábeis e financeiras e de conhecimento para interpretar os resultados apurados em seus con- troles. Esses controles são feitos por meio de demonstrações financeiras, 3 Retirado em https://www.sunoresearch.com.br/ as quais controlam a rentabilidade e a situação financeira geral do con- trato, além de sua liquidez no fluxo de caixa. Uma boa gestão de contratos estará completa com a utilização de demonstrações financeiras que te- nham como objetivo básico a obten- ção da maior rentabilidade possível no contrato, para o adequado funci- onamento da empresa. As demons- trações devem ser realísticas, objeti- A 26 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA vas, simples e bem elaboradas, legí- veis e flexíveis a mudanças no ambi- ente e nas operações. Guerreiro (op. cit.) afirma que uma informação, para ser útil, deve atender às necessidades dos gesto- res. Assim, este capítulo traz alguns modelos de demonstrações financei- ras de controle, cuja utilização pos- sibilitará aos gestores, responsáveis pelo processo de tomada de deci- sões, suprir a falta de informações fi- nanceiras regulares a respeito de seus contratos. As empresas são diferentes, bem como os gestores e seus contro- les. Com isso, o que se busca neste capítulo não são demonstrações prontas com modelos padrões para todos os tipos de empresas, gestores e administradores financeiros, mas o oferecimento de mecanismos de controles que possam ajudá-los na administração financeira do con- trato. O administrador financeiro precisa fazer um trabalho de estudo da filosofia da empresa, dos objeti- vos estratégicos do gestor do con- trato, e do mercado, para que as suas demonstrações sejam úteis e forne- çam informações reais. Formação do preço de venda Para Rossetti (op. cit.), a livre atuação do mercado permite que o preço de venda dos produtos e servi- ços sejam determinados pelas con- dições de oferta e procura, sincroni- zando os desejos de consumo dos consumidores (clientes) com a capa- cidade de oferta da empresa. Os mecanismos comerciais das empresas, por meio de monito- ramento das leis de oferta e procura do mercado, devem fixar preços que demonstrem o equilíbrio de interes- ses entre a empresa e seus clientes. A composição do preço deve ser o mais real possível, considerando to- dos os custos e despesas cabíveis ao produto ou serviço ofertado. A Formação do Preço de Ven- da deve obedecer ao sistema de ra- teio de custos e despesas organizaci- onais e/ou administrativas da em- presa, entre os contratos, de acordo com sua filosofia. As empresas dife- rem no sistema de rateio de despe- sas organizacionais; algumas sequer rateiam, apenas as assumem como despesa geral da empresa, na apura- ção do resultado total. Isto, muitas vezes, acaba por apresentar contra- tos com “bom” resultado, mas, na re- alidade, carregando prejuízos, por não apropriar corretamente suas despesas, contribuindo, assim, para o resultado negativo da empresa ou até mesmo para sua falência, ao longo do tempo. De acordo com Mayer (op. cit.), após algumas negociações e a 27 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA assinatura do contrato, o setor co- mercial da empresa deve apresentar o contrato ao seu gestor, juntamente com a planilha de Formação do Preço de Venda. O modelo descrito na figura 1 proporcionará ao gestor uma visão completa das variáveis que compõem o preço de venda. Sua elaboração deve obedecer ao se- guinte roteiro: 1. Cliente: Razão social do com- prador; 2. Base Econômica: Data base do preço inicial, determinando a base para atualização de valores futuros e cálculos de reajustes; 3. Fornecimento: Descrição do objeto de compra: produtos e servi- ços; 4. Item: Número de sequência da composição do preço; 5. Histórico: Descrição dos com- ponentes do preço, sendo: 6. Custo Base: Material (matéria- prima) + Mão-de-obra (Gastos com horas de serviço na fábrica) + Sub- contratação (Produtos e serviços de fornecedores); 7. Custo Total: Custo Base + Des- pesasda administração, quando da opção por rateio destes custos nos contratos; 8. Despesas Extras: Taxas e des- pesas fixas no preço de venda; 9. Venda Líquida: Custo Total + Provisão para custos com garantia dos produtos vendidos + Royalties (Custo de tecnologia pago a licencia- dores) + Comissões pagas a repre- sentantes comerciais de venda + provisão para riscos (depende do contrato) + outras despesas diver- sas; 10. Impostos: Incidência para o fornecimento, conforme descrição no item 2.2.2. Para o ICMS, utilizar a linha correspondente, mantendo a fórmula de cálculo do imposto, ou seja: no item 15, quando o cliente não for consumidor final do produto e a base de cálculo do ICMS é o total do produto sem IPI; e no item 16, quando o cliente for consumidor fi- nal do produto, a base do ICMS é o total com IPI; 11. Venda Bruta: O valor da venda efetiva = Venda líquida + Impostos. 12. % (percentual): Percentual proporcional do componente à venda bruta; Equipamento: Compo- sição do fornecimento, formação do preço individual por produto ou ser- viço vendido; 13. OBS.: Anotação de qualquer particularidade, quanto ao cliente ou preço; 14. Elaboração: Nome, assinatura e data da preparação da planilha; 15. Aprovação: Nome e assinatura de um membro da gerência ou dire- toria, e data da conferência e libera- ção da planilha; 28 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Figura 1 A formação de preço servirá de base para o planejamento financeiro do contrato, para a administração de custos e impostos, além de ser um parâmetro de avaliação durante a gestão e no resultado final do con- trato. Planejamento Como já mencionado, fre- quentemente os gestores de contra- tos estão tomando decisões impor- tantes que dependem de informa- ções financeiras. Segundo Gitman 29 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA (op. cit.), o planejamento financeiro diz respeito à transformação dos da- dos financeiros, no sentido de moni- torar a situação financeira da em- presa (no caso, do contrato), à avali- ação de sua capacidade produtiva e à determinação de aumentos ou re- duções de financiamentos requeri- dos. Para Souza (op. cit.), todos os relatórios de planejamento financei- ro devem possuir identificação para diferenciação de contrato, cliente e gestor, além da data da coleta ou re- visão dos dados, o período de dura- ção do contrato, entre outras infor- mações. Eles devem obedecer a uma regularidade na atualização e na di- vulgação à gestão, mantendo a peri- odicidade dos relatórios. A exemplificação do planeja- mento financeiro deste capítulo, com base na Formação do Preço de Venda já mencionada no item 3.1, será apresentada, a seguir, na forma de relatórios de custos, de cronogra- mas de eventos e de desembolso de gastos, de fluxo de caixa, de relató- rios de valorização de produtos e serviços, e de acompanhamento e apuração do resultado do contrato requeridos. Figura 2 No Relatório de Orçamento de Custo são considerados todos os custos planejados por meio do le- vantamento realizado, que servirão de base para o controle dos gastos futuros do contrato. Este relatório deve ser elaborado respeitando a composição dos itens 1 a 6 da plani- lha de Formação do Preço de Venda, caso se deseje manter uma análise 30 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA de comparação entre o preço vendi- do e o planejado, e deve seguir o se- guinte roteiro: 1. Cliente: Razão social do com- prador; 2. Fornecimento: Descrição do objeto de compra: produtos e servi- ços; 3. Base Econômica: Data base do preço inicial; 4. Data: Data da elaboração ou revisão do relatório; 5. Item: Número de sequência da composição do custo; 6. Custos: Descrição dos compo- nentes do custo, conforme relatado no roteiro da Figura 1; 7. Custo Base: Materiais + Mão- de-obra + Subcontratação; 8. Custo Total: Custo Base + Des- pesas da administração, quando da opção por rateio destes custos nos contratos, conforme descrito no item 3.1; 9. Estudos: Gastos com estudos e projetos rateados para melhor con- trole; 10. Produção: Custos dos produ- tos ou serviços, deduzidas os gastos com estudos. O Relatório de Custo, cujo mo- delo está representado na figura 3, é um relatório baseado no relatório anterior, separando os componentes de custo entre fabricação própria (Fábrica) e subcontratação (Tercei- ros), contribuindo para consultas fu- turas, quanto a decisão de subcon- tratação, e como parâmetro de nego- ciações. Este relatório preserva Es- tudos e Projetos como componente de controle de custos, já que seu va- lor fora determinado pela figura an- terior, e deve ser elaborado seguindo o roteiro a seguir: Figura 3 1. Cliente/Fornecimento/Base Econ./Data: Dados iniciais, confor- me descrição no roteiro da figura an- terior; 2. Item: Número de sequência dos componentes de custo; 3. Componentes de Custo: Des- crição dos componentes do custo, conforme origem: fabricação pró- pria (Fábrica) ou subcontratada (Terceiros); 31 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 4. Orçamento: Valores do Rela- tório de Orçamento de Custo (Figura 2); 5. Objetivo: Valores acordados entre gestor e equipe, como meta para o contrato; 6. Realizado: Valores realizados, custos efetivos O Relatório de Custo Detalhado, conforme o modelo ela- borado na figura 4, é um relatório dos componentes dos custos que compõem o preço do produto ven- dido. Poderá servir de base para o controle futuro dos custos realizados e para o cronograma de desembolso das despesas. Ele deve ser elaborado de acordo com o relatório anterior (Figura 3), e deve seguir o seguinte roteiro: Figura 4 32 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 1. Cliente/Fornecimento/Base Econ./Data: Dados iniciais, confor- me descrição no roteiro da figura 2; 2. Item: Número de sequência das espécies de custo; 3. Espécie: Descrição detalhada dos componentes do custo; 4. Horas/Peso: Valores em uni- dades de medida do custo detalha- do; 5. Valor: Valores das espécies de composição do custo; 6. % do Total: Percentual relativo ao custo total. Estes relatórios de orçamentos de custos têm o objetivo de garantir ao gestor a manutenção dos custos dentro de um limite planejado, den- tro da realidade da empresa e da si- tuação do mercado em que atua. Como parâmetro, poderá contribuir para que o contrato gere melhor re- sultado, melhor competitividade e maior rentabilidade que a prevista na Formação do Preço (Figura 1), pelo setor de vendas. O administrador financeiro deverá, também, manter um contro- le dos custos reais ocorridos desde o primeiro momento do contrato, con- siderando desde as primeiras horas de estudo do produto, para evitar possíveis desvios no orçamento ini- cial dos custos planejados, e de- monstrados na Formação do Preço de Venda. Utilizando os demonstra- tivos de custos, o gestor poderá tra- çar algumas metas, pois obterá um padrão de comparação para suas fu- turas negociações com fornecedo- res, buscando melhores preços e/ou condições de pagamento. Além dis- so, o gestor poderá analisar seus custos atuais e avaliar sua gestão, constatando a incidência de ganhos ou perdas financeiras. Cronogramas O contrato deverá conter, con- forme orientação de Souza (op. cit.), alguns eventos físicos, exemplifica- dos no item, de exigência do cliente para cumprimento dos praz os de- terminados em contrato. Estes even- tos, quando comprometidos com o pagamento das parcelas do contrato, são conhecidos como eventos finan- ceiros. Com isso, o gestor deverá fazer um planejamento de datas para as atividades previstas para o cumpri- mento dos eventos, salientando aqueles eventos que ele considere como os críticos do contrato. O ad-ministrador financeiro poderá ela- borar, antes do início dos trabalhos, de posse das informações do gestor e com sua ajuda, o Cronograma de Eventos Físicos e Financeiros, como o modelo demonstrado na figura 5. 33 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Ele deverá divulgá-lo a todos os membros da equipe de trabalho, para conhecimento e definição de al- gumas metas provisionais de acom- panhamento do contrato, e elaborá- lo obedecendo ao seguinte roteiro: 1. Cliente: Razão social do com- prador; 2. Fornecimento: Descrição do objeto de compra: produtos e servi- ços; 3. Gestor: Nome do gestor res- ponsável pelo contrato; 4. Data: Data da conclusão ou re- visão do cronograma; 5. Principais Eventos: Marcos de verificação pré-determinados para visualização do andamento dos ser- viços e garantia de cumprimento de prazos contratuais, exemplificados nesta figura; 6. Data: Datas de início e fim de execução dos serviços, ou data pre- vista para ocorrência dos eventos; 7. Mês/Ano: Período determina- do no contrato o e delimitado por barras, que poderá compor o crono- grama de acompanhamento de cum- primento dos eventos; 8. Marcos Contratuais: Ocorrên- cias ou eventos físicos definidos no contrato, para sua garantia de cum- primento, verificação e acompanha- mento ao longo do contrato, cuja ocorrência, normalmente, determi- na o início ou o fim de um período de serviço executado; 9. Execução dos Serviços: Servi- ços parciais determinados a critério do gestor para a garantia de cumpri- mento dos marcos, que devem ser acompanhados e analisados, consi- derando a complexidade de cada contrato, como exemplo: valores, tempo e riscos; 10. Marcos Financeiros: Eventos contratuais que envolvem entradas de pagamento e que devem ser cum- pridos para o desembolso pelo cli- ente do valor previsto, ou seja, se um evento não é cumprido, não haverá pagamento; 11. Símbolos: Recursos utilizados para visualização do cronograma por meio do diagrama de barras. O levantamento dos custos feito para os orçamentos, relatado na figura 4, Relatório de Custo Deta- lhado, servirá de base para um outro cronograma, o Cronograma de Flu- xo de Desembolso. Neste cronogra- ma são considerados todos e quais- quer custos previstos durante a exe- cução dos serviços, conforme mode- lo demonstrado na figura 6, cuja ela- boração é abaixo descrita: 1. Cliente: Razão social do com- prador; 2. Fornecimento: Descrição do objeto de compra: produtos e servi- ços; 3. Gestor: Nome do gestor res- ponsável pelo contrato; 34 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 4. Base Econômica: Data base do preço inicial, determinando a base para atualização de valores e cálcu- los de reajustes; 5. Data: Data da conclusão ou re- visão do cronograma; 6. Componentes de Custo: Cus- tos parciais do fornecimento total do contrato, conforme o Relatório de Custo Detalhado (Figura 4); 7. Valor: Valor previsto para ca- da componente de custo; 8. Mês/Ano: Período de conclu- são do contrato, para delimitação das datas correspondentes às ocor- rências dos desembolsos. Este cronograma poderá ser elaborado inicialmente em percen- tuais (se assim o desejar o adminis- trador), de acordo com o crono- grama de execução dos serviços e a experiência do gestor do contrato, para que, depois, com base nos rela- tórios de orçamento de custos, o ad- ministrador financeiro elabore um outro Cronograma de Fluxo de De- sembolso em valores, que poderá servir de controle de desembolso de gastos e de base para o relatório de Fluxo de Caixa. Fluxo de Caixa Como se observa no item 1.1, o grande dilema do administrador fi- nanceiro é o da Rentabilidade X Li- quidez. Para Marion (op. cit.), existe uma demonstração financeira de grande relevância e utilidade para a empresa, que é o Fluxo de Caixa. Ele indica todas as entradas de dinheiro no caixa, bem como todas as saídas, em um determinado período e, tam- bém, o Resultado deste Fluxo Finan- ceiro. Marion (op. cit.), relata algu- mas transações que afetam o caixa de uma empresa. Revisando estas transações, relaciona-se abaixo so- mente algumas que podem afetar o fluxo de caixa de um contrato, como: 1. Transações que aumentam o Caixa: Recebimentos de clientes; Receitas financeiras de aplica- ções; Empréstimos; Recebimento de juros e multas contratuais; Recebimento de reajustes. 2. Transações que diminuem o Caixa: Pagamentos a fornecedores; Pagamento de impostos e ou- tras despesas; Despesas financeiras de apli- cações; Pagamento de juros a fornece- dores; Pagamento de multas contra- tuais; Pagamento de reajustes. 35 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 3. Transações que não afetam o Caixa: Provisão para devedores duvi- dosos; Correção monetária; Variação cambial; Movimentação de estoque. 4. Transações que afetarão o Cai- xa no futuro: Compras a prazo; Vendas a prazo; Variação cambial, no paga- mento, com a atualização da dívida. A fim de que os gestores de contratos mantenham controle so- bre todas estas transações, eles de- vem dar importância tanto para a rentabilidade, quanto para o fluxo de caixa. Portanto, o administrador financeiro deve manter um acompa- nhamento constante do fluxo de caixa, por meio de valores e gráficos, conforme modelo apresentado na fi- gura 7, projetando resultados, a fim de tentar corrigi-los, como por exemplo, com a antecipação de eventos financeiros. Para Gitman (op. cit., p. 586), o planejamento de caixa é a espinha dorsal da empresa. Sem caixa, a em- presa não poderá sustentar suas ati- vidades, desviando-se de seus obje- tivos e, muitas vezes, comprome- tendo sua sobrevivência. Embora os contratos possam parecer lucrativos, eles também de- vem gerar caixa (liquidez), por meio de uma adequada administração das entradas e saídas de valores do cai- xa, para sustentar suas operações. O administrador financeiro deve man- ter controle total do contas a receber e a pagar, fazendo, por exemplo, acompanhamento direto em contas a receber vencidas, utilizando ins- trumentos legais e administrativos à disposição da empresa, como pres- são para o recebimento. O relatório de fluxo de caixa pode ser elaborado, no início do con- trato, com as informações do crono- grama inicial de fluxo de desembol- so e do cronograma de eventos, sen- do um parâmetro para sua adminis- tração. Contudo, o administrador, fazendo um acompanhamento cons- tantes dos custos e dos eventos fi- nanceiros, poderá também fazer um trabalho de comparação entre as en- tradas (eventos financeiros) plane- jadas dos cronogramas iniciais e as entradas reais ocorridas, e entre as saídas (custos) planejadas e as saí- das reais. Ou seja, este relatório, prepa- rado com as informações quantitati- vas reais e disponíveis, em um nú- mero comparado com o pré-estabe- lecido nos cronogramas, poderá for- necer aos gestores a ampliação do 36 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA âmbito de sua análise, de modo a torná-la mais compatível com a rea- lidade, além de servir de orientação em suas futuras tomadas de decisão. Relatórios Financeiros Além do contrato, para evitar ou enfrentar problemas futuros na gestão, será necessário que o admi- nistrador financeiro elabore e man- tenha controle, inclusive, sobre to- dos os relatórios financeiros que contenham informações que pode- rão orientá-lo durante o desenvolver do contrato. O relatório de Valoriza- ção de Produtos e Serviços, como exemplo demonstrado no modelo apresentado na figura 8, poderá ser- vir de base para controle e acompa- nhamento dos valores dos itens. Este relatório permitirá um controle dos valores a faturar, ou seja, como informação para previsão contábil de vendas da empresa, ou ainda, comocontrole e análise dos impostos incidentes sobre os produ- tos e serviços constantes no forneci- mento do contrato. Sua elaboração é abaixo descrita: 1. Cliente: Razão social do com- prador; 2. Fornecimento: Descrição do objeto de compra: produtos e servi- ços; 3. Contrato: Número de identifi- cação do contrato, base para o rela- tório; 4. Data: Data da conclusão ou re- visão do relatório; 5. Equipamento: Itens de forne- cimento do contrato, produtos e ser- viços, diferenciados por classifica- ção fiscal (NBM); 6. Valor Bruto: Valor previsto para cada item no contrato; 7. NBM: Classificação fiscal do equipamento, conforme legislação; 8. ICMS: Alíquota incidente, conforme item 2.2.2; 9. IPI: Alíquota incidente, con- forme item 2.2.2; 10. ISS: Alíquota incidente sobre os serviços, conforme item 2.2.2; 11. PIS/COFINS: Imposto para fim social, de alíquota incidente con- forme a legislação vigente; 12. Valor Líquido: Valor bruto de- duzindo os impostos incidentes; 13. Data Entrega: Data prevista para ocorrência da entrega do equi- pamento, utilizada para programa- ção da entrega e previsão de venda contábil. O Relatório Financeiro de Acompanhamento de Contrato, de- monstrado na figura 9, é um resumo de informações gerais que demons- tra os resultados e a situação atual do contrato e que permite um con- trole da evolução da rentabilidade (margem) do contrato. 37 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Este relatório, em conjunto com os relatórios financeiros anteri- ormente apresentados, pode ser uti- lizado, com regularidade, como meio de acompanhamento e de di- vulgação de informações aos superi- ores da empresa, para apresentação da situação do contrato. Como rela- tório de acompanhamento, manten- do análises constantes, pode ser pos- sível, quando o contrato apresentar uma evolução favorável, buscar ações preventivas para sua manu- tenção. Ou, caso o relatório apresen- te algum aspecto negativo do con- trato, em decorrência da política do gestor, da empresa ou da economia, a tempo de correções, o gestor pode- rá buscar ações corretivas de melho- ria, buscando a otimização do resul- tado e dos prazos do contrato. Este relatório pode ser divulgado em par- tes, com o gráfico à parte como exemplo; ou ainda, divulgado com a conclusão do contrato, como um re- latório final de informação dos re- sultados. Além de controle e apresenta- ção dos dados relevantes do con- trato, uma avaliação do desempenho da equipe de gestão pode ser avali- ada pelas informações do Relatório Financeiro de Acompanhamento do Contrato, cuja elaboração é abaixo descrita: 1. Gestor: Nome do gestor res- ponsável pelo contrato; 2. Cliente: Razão social do com- prador; 3. Fornecimento: Descrição do objeto de compra: produtos e servi- ços; 4. Data: Data da conclusão ou re- visão do relatório; 5. Início: Data de início do con- trato, para orientação e análise; 6. Fim: Data fim prevista para o contrato, para orientação e análise; 7. Fluxo de Caixa: Resumo com alguns dados relevantes sobre a po- sição do caixa do contrato, conforme o Cronograma de Eventos Físicos e Financeiros (figura 5) e do Crono- grama de Fluxo de Desembolso (fi- gura 6); 8. Faturado: Total de valores de eventos financeiros do contrato, já cobrado do cliente; 9. Recebido: Total de valores de eventos financeiros, já recebido do cliente; Atrasado: Valores já cobra- dos do cliente, mas com pagamento em atraso; 10. Custo: Total dos gastos efeti- vos; 11. Saldo: Saldo do fluxo de caixa do contrato; 12. Margem Líquida: Demonstra- ção em gráfico da flutuação da mar- gem líquida do contrato, apurada no item 26 desta planilha; 13. Base: Mês/ Ano utilizados como base para os dados da coluna referente; 38 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 14. Contrato/Proposta: Coluna para valores na data base do con- trato; 15. Objetivo do Gestor: Coluna para valores traçados como meta para a gestão; 16. Previsão: Colunas para valores referentes às últimas previsões di- vulgadas 17. Dados Atuais: Coluna para va- lores referentes à posição atual dos dados; 18. Valor Líquido: Valor líquido do contrato, conforme total do item 12 da figura 8; 19. Custos: Custos planejados e realizados, conforme controle em relatórios de custo, figuras 3 e 4; 20. Outras Despesas: Taxas e des- pesas, conforme controle de custos ou definição da empresa, já descritas em 3.1, Formação do Preço de Venda; 21. Total do Custo: Total dos cus- tos e despesas, itens 20 e 21 desta planilha; 22. Margem Bruta (R$): Rentabi- lidade bruta do contrato, em moeda = Venda líquida (19) menos Custos (20); 23. Margem Bruta (%): Rentabili- dade bruta do contrato, em percen- tual; 24. Margem Líquida (R$): Renta- bilidade líquida do contrato, em mo- eda = Venda Líquida (19) menos To- tal do Custo (22); 25. Margem Líquida (%): Rentabi- lidade líquida do contrato, em per- centual. 39 39 4 0 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 40 4. Referências Bibliográficas ALMEIDA, E. E.; FURTADO, F. Controla- doria e Gestão, 2005. Monografia. (Curso de Pós-graduação em “Lato Sensu” em Contabilidade, Finanças e Auditoria) – Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, Lins. ANTHONY, R. N.; GOVINDARAJAN, V. Sistemas de controle operacional. São Paulo: Atlas, 2002. ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico – finan- ceiro. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002. ASSAF NETO, A.; SILVA, C.A.T. Adminis- tração do capital de giro. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1997. ATKINSON, A. A. et al. Contabilidade Ge- rencial. Tradução André Olímpio Mossel- man e Du Chenoy Castro. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008. BRASIL. 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