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Endocrinologia João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ FISIOLOGIA, INVESTIGAÇÃO DAS DOENÇAS TIREOIDEANAS E NÓDULOS TIREOIDEANOS Feedback • A maior parte do feedback negativo se dá pelo T4, pois a conversão em T3 gera o estímulo Unidade funcional – folículos tireoidianos • Coloide + membrana basolateral (comunica-se com os capilares) • Além disso, há as células C, produtoras de calcitonina • Síntese e secreção dos hormônios tireoidianos → TSH liga-se ao receptor e estimula a: o Captação do iodeto pela célula folicular (cotransportador NIS) o Síntese de tireoglobulina (Tg) no retículo endoplasmático do complexo de Golgi o Incorporação do iodo à Tg (mediada pela tireoperoxidase, TPO) → formação de MIT e DIT o Acoplamento do MIT e DIT (mediado pela TPO) → formação de T4 e T3 o Captação da Tg (pinocitose), passando pelos lisossomos e secretando os hormônios tireoidianos o Liberação de T4 e T3 para a corrente sanguínea o Recirculação do iodeto liberado pelo MIT e DIT (por ação das iodotirosinas desalogenases) o Tapazol e Propiltiouracil (PTU) inibem competitivamente a TPO. PTU também inibe a conversão periférica de T4→T3 o Quando se recebe uma carga muito grande de iodo (uso de amiodarona, por exemplo), faz-se um hipotireoidismo de defesa ▪ NIS não vai para a membrana basolateral, bloqueando a captação do iodeto e reduzindo a atividade da TPO Endocrinologia João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ • Iodo o Fontes dietéticas: sal iodado, frutos do mar, plantas que crescem em solos ricos em iodo o Recomendação diária de ingesta adequada ▪ Crianças 7-12 anos → 120 mcg ▪ Acima de 12 anos → 150 mcg ▪ Grávidas ou mulheres em amamentação → 200-250 mcg o Deficiência de iodo gera o bócio endêmico, mas hoje em dia é muito raro • Desiodases o Tipo 1 → ativadora (T4 → T3 e T3R → T2) ▪ Maioria dos tecidos (pp. fígado e rins) ▪ Atividade aumentada no hipertireoidismo ▪ Bloqueada pelo PTU o Tipo 2 → ativadora (T4 → T3) ▪ Cérebro, hipófise, tecido adiposo marrom, placenta (a tireoide da criança ainda não está formada, sendo necessária a placenta para a conversão) ▪ Atividade elevada no hipotireoidismo e diminuída no hipertireoidismo ▪ Insensível ao PTU o Tipo 3 → inativadora (T4 → T3R e T3 → T2) ▪ Tecidos em desenvolvimento (pp. SNC), pele, fígado, placenta e SNC do adulto ▪ Atividade elevada no hipertireoidismo e diminuída no hipotireoidismo ▪ Gera T3R e T2 (produtos inativos) • Transporte dos hormônios tireoidianos o A maior parte na circulação está ligada a proteína → globulina de ligação da tireoide/TBG (70% estão ligados a ela), transtiretina e albumina o Uma pequena fração circula na forma livre → 0,03% de T4 e 0,3% de T3 o Meia-vida de 7 dias (T4) e 1 dia (T3). Capacidade de armazenamento de suprimento do hormônio tireoidiano é de 2-3 meses nos reservatórios de tireoglobulina. o Não é ideal dosar T4 total, pois há situações que alteram o nível de TBG e o nível de ligação dos hormônios a ela ▪ ↑TBG gera ↑T3 e T4 total, mas gera ↓T3 e T4 livre → uso de anticoncepcional ▪ ↓TBG gera ↓T3 e T4 total, mas gera ↑T3 e T4 livre • Receptores dos hormônios tireoidianos → presentes em praticamente todos os tecidos o Receptores nucleares, com maior afinidade pelo T3 (85%) o Fatores de transcrição ativados por ligantes → os receptores ligam-se a elementos amplificadores no DNA → regulação da transcrição dos genes-alvo (ativação ou repressão) Endocrinologia João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ • Ações dos hormônios tireoidianos → essenciais para crescimento/desenvolvimento, controlam a intensidade do metabolismo em praticamente todos os órgãos do corpo o Cardiovascular → inotropismo e cronotropismo ▪ Aumentam a FC, o débito cardíaco, o volume sistólico e a contratilidade ▪ Reduzem a resistência vascular sistêmica o Efeito beta-adrenérgico o Crescimento ósseo e maturação esquelética o Estímulo ao TGI o Produção de eritropoietina o Crescimento/desenvolvimento do SNC O TSH é o parâmetro mais sensível na avaliação tireoidiana Como avaliar a tireoide? • Anamnese • Exame físico da glândula e dos efeitos dos hormônios tireoidianos • Exame laboratoriais do eixo hipotálamo-hipofisário-tireoide e das repercussões sistêmicas • Exames complementares (ultrassom, cintilografia etc.) Padrões de resultados de testes de função tireoidiana → sempre se dosa TSH e T4 livre • TSH reduzido e T4 livre aumentado → hipertireoidismo primário • TSH aumentado e T4 livre reduzido → hipotireoidismo primário • TSH reduzido e T4 livre normal → hipotireoidismo subclínico ou tireotoxicose por T3 (nesse caso dosa-se o T3) • TSH aumentado e T4 livre normal → início de hipotireoidismo, hipotireoidismo subclínico ou tratamento irregular o Repete-se o teste, pois esperava-se que o T4 estivesse reduzido o Caso TSH esteja acima de 10 e T4 esteja normal, deve-se iniciar o tratamento • TSH e T4 livre reduzidos → hipotireoidismo central/secundário; situação mais rara • TSH e T4 livre aumentados → tumor produtor de TSH (tireotropinoma), doença congênita de resistência aos hormônios tireoidianos; situação mais rara Repercussões sistêmicas • Infância → crescimento e desenvolvimento • Infância e vida adulta → avaliação cardíaca, perfil lipídico, avaliação hepática etc. Endocrinologia João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ Fisiologia da tireoide na gestação • Aumento de estrogênio → aumento de 2-3x na TBG → redução de T3 e T4 livres • Estrutura do TSH e hCG é similar → hCG estimula secreção de T3 e T4 → queda transitória de TSH entre as semanas 8 e 14 • Aumento do metabolismo periférico de T3 e T4 → redução de T3 e T4 livres DOENÇA NODULAR TIREOIDIANA Pensa-se em afastar câncer • A probabilidade de nódulos palpáveis é 5% em mulheres e 1% em homens. • Na USG, 19-68%, sendo mais frequente em mulheres e idosos. • CA de tireoide ocorre em 7-15% dos nódulos. A chance de ser câncer é mínima e, quando é, o prognóstico é bom • Câncer Diferenciado de Tireoide (CDT): papilífero e folicular são > 90% de todos os casos Indicações de rastreamento • História de irradiação • Carcinoma medular de tireoide (CMT) familiar e neoplasias endócrinas múltiplas do tipo 2 (NEM 2) • História familiar de câncer de tireoide em parentes do 1º grau (principalmente se 2 ou mais) • Síndromes (Cowden, Complexo de Carney, Werner, Pendred) • Nódulos captados pelo FDG-PET em pacientes oncológicos Fatores de risco associados à doença nodular • PACIENTE o Sexo masculino o Idade < 20 anos e > 70 anos o Exposição a radiação ionizante ou a radioterapia na infância o CA de tireoide prévio tratado com tireoidectomia parcial o História familiar de CA de tireoide • NÓDULO o Endurecido o Aderido aos planos profundos, pouco móvel o Crescimento rápido ou volumoso o Presença de sintomas compressivos o Linfadenopatia cervical suspeita o Paralisia ipsilateral de corda vocal Diagnóstico • Laboratorial o TSH é obrigatório para todos os pacientes → avaliar se o nódulo é funcionante ou não ▪ TSH suprimido indica autonomia do nódulo ▪ Níveis de TSH mais elevados parecem estar associados a maior risco de câncer ▪ Nódulo funcionante é benigno → não puncionar o Anti-TPO (opcional) o Calcitonina (controverso) → triagem para carcinoma medular apenas quando houver história familiar de CMT ou NEM 2 Endocrinologia João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ • Ultrassonografia o Composição ▪ Esponjoso, cisto ou predominantemente cístico→ tranquilizar o paciente ▪ Misto, predominantemente sólido ou sólido → chamam mais atenção o Ecogenicidade ▪ Compara-se o nódulo com o tecido tireoidiano (geralmente um cinza claro) ▪ Quanto mais escuro (hipoecoico), maior a chance de ser maligno ▪ Anecoicos (cistos) são benignos Endocrinologia João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ • PAAF (punção aspirativa por agulha fina) → citologia diagnóstica (presença de 6 ou mais grupamentos de células foliculares, cada um com 10 ou mais células epiteliais) o Punção em nódulos < 1 cm → quando for um nódulo suspeito intermediário ou muito suspeito ▪ Localizado no istmo ▪ Próximo ao nervo laríngeo recorrente ▪ Junto à cápsula da tireoide ▪ Na presença de linfonodos atípicos/suspeitos (formato arredondado, microcalcificações, áreas císticas, circulação periférica, hiperecogenicidade) • Testes moleculares na citologia indeterminada → deve ser capaz de alterar significativamente o prognóstico e conduta clínica para que seu uso seja justificado
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