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SEMINÁRIO - geografia clássica

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA 
CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM 
GEOGRAFIA 
 
SEMINÁRIO 2: A GEOGRAFIA CLÁSSICA 
CAROLINE ZIMMERMANN RODRIGUES 
 
1º) RATZEL: 
I) INTRODUÇÃO E GEOGRAFIA DO HOMEM 
O autor sugere que essa geografia do homem deve descrever e representar 
cartograficamente aqueles territórios onde se nota a presença do homem. 
Encontramos a base para o “princípio de extensão”, e que, segundo ele, afirma que 
os fenômenos geográficos devem passar por determinada análise e delimitação, 
sendo necessárias técnicas cartográficas. Em seguida, trata questões que dizem 
respeito ao movimento do homem na sua dependência do território onde comenta 
que: “a terra não representa já um elemento totalmente passivo, mas os direciona, 
os obstaculariza, os favorece, os torna lentos, os acelera, os desordena e os ordena 
graças as suas condições incomensuravelmente variáveis de posição, de amplitude, 
de configuração, de riqueza de água e de vegetação.” Neste contexto, vemos traços 
do determinismo ambiental, todo o conjunto de influências que o meio natural exerce 
sobre o homem, determinando o próprio comportamento humano. Ratzel cria uma 
análise interessante ao trabalhar a questão ambiental, focando em diversas 
questões que dizem respeito às influências que a natureza exerce sobre o corpo e o 
espírito dos indivíduos, e daí sobre os povos. 
Ratzel argumenta em sua perspectiva que a tarefa mais importante da 
Geografia continuará sendo sempre a de estudar, descrever e representar a 
superfície terrestre, o que nos mostra que o objeto da Geografia para ele, é a região, 
com uma certa carga de determinismo da natureza sobre o ser humano. 
Quanto à História de um país, Ratzel argumenta que ela deve mostrar que as 
influências recíprocas que se exercem entre povo e território e entre este e o Estado 
são ininterruptas e governadas por uma lei de necessidade. Segundo o texto, vemos 
questões que dizem respeito ao espaço necessário para a sobrevivência de 
determinada comunidade, neste momento constatamos um dos pontos principais 
trabalhados por ele, que é o conceito de espaço vital. 
O autor diz que a geografia do homem deve ser feita por meio de uma ciência 
descritiva, pois à medida que os acontecimentos avançam, a descrição vai se 
tornando cada vez mais completa, mais profunda, mais intelectual e, portanto, mais 
clara, e ainda essa ciência deve ser feita também por meio do método indutivo, pois, 
em sua análise, o processo de comparação proporciona um conteúdo intelectual, do 
qual o método descritivo é privado, criando um futuro. 
O interesse pelo ambiente geográfico é, antes de tudo, o interesse de um 
naturalista. Ratzel conseguiu sua ascensão a partir de seu intelecto e o utilizou tanto 
como força política quanto como fator de avaliação dos outros povos, pois sábia era 
aquela civilização que sabia pensar sobre como transformar a Natureza. 
II) AS RAÇAS HUMANAS: 
Seus objetos eram os “povos” ou “raças”, termos que na época se confundiam, 
já que localização geográfica, hábitos e composições anatômica e biológica eram 
tratados como fatores relacionados, tratando das diferenças entre os povos a partir 
do conceito de civilização. 
Nesta obra, ele defendeu a ideia de que os graus de civilização eram aquilo 
que diferenciariam o que chamava de “povos naturais” e “povos civilizados”. Os 
povos naturais teriam recebido tal nome não por estarem em uma relação com a 
natureza, mas sim por serem subjugados as suas finalidades. Já os povos 
civilizados, seriam aqueles que teriam passado da completa dependência daquilo 
que a natureza oferece espontaneamente à exploração consciente de seus produtos 
mais essenciais para o homem por meio do trabalho. Neste trecho da obra, a 
classificação, era a capacidade racional de se transformar a natureza, e não a de 
descartá-la. 
Conforme as leituras, o autor se mostra surpreendente na maneira que 
expunha essa estratégia ao mesmo tempo científica e política, onde Ratzel guarda 
singularidades significativas que devem ser consideradas, e jamais esquecidas. 
Por suas contribuições e pelas influências que deixou em várias escolas do 
pensamento, podemos ter uma ideia do peso da obra de Ratzel na evolução do 
pensamento geográfico. O autor teve o mérito de dar à Geografia um método 
científico, podendo ser considerado o primeiro a ter estudado cientificamente a 
Geografia Humana. Além disso, manteve a unidade entre a Geografia Física e a 
Geografia Humana, pois, no seu trabalho, o homem está sempre relacionado com o 
ambiente físico. 
Podemos concluir dizendo que a importância maior da proposta de Friedrich 
foi o fato de haver elencado, para o debate geográfico, os temas políticos e 
econômicos, colocando o homem no centro das análises, ainda que numa visão 
homem/natureza. 
 
 
2º) ÉLISEÉ RECLUS: 
I) A NATUREZA DA GEOGRAFIA 
Éliseé Reclus foi um pensador da Europa do séc. XIX, francês e reconhecido 
enquanto geógrafo e anarquista. 
1)O homem é a natureza adquirindo consciência de si própria: 
https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwj33-yTvOjSAhVCgJAKHWS4AakQFggfMAA&url=http%3A%2F%2Fwww.ufjf.br%2Fnugea%2Ffiles%2F2010%2F09%2FReclus.pdf&usg=AFQjCNG-gqbHkHjNwYcM7ARKimfvV6LP1g&sig2=5SjJ5w6mvDUlZ0SMrN1Zrg
O autor inicia fazendo uma análise da sociedade admitindo a existência da 
luta de classes, no entanto a luta entre classes dentro de uma sociedade sempre 
tende ao domínio de um grupo e é movida por ações individuais, somente o indivíduo 
seria capaz de criar o progresso, porém, que a luta de classes, quando 
desequilibrada, pode gerar uma a guerra civil. 
2) A ação do homem como modificador das condições naturais dominando e 
transformando a natureza: 
A partir do texto, Reclus expõe sua perspectiva que o homem, para além a 
luta de classes, é um modificador das condições naturais, dominando e 
transformando a natureza, apontando nesta característica algumas disposições. A 
primeira é a da exploração do globo, para o autor, terminada ainda no séc. XVI com 
as navegações europeias, a segunda- já em andamento de estudo, conhecer e 
explorar a fundo a terra, tendo o cientista a missão de ser como um poeta a descrevê-
la. Esta é a tendência de transformação do globo. Um sinal que a civilização do XIX 
estava em pleno avanço da conquista do espaço é o cultivo nos pântanos, técnicas 
como a de drenagem e o próprio cerceamento da terra. Ele coloca a ação do homem 
como negativa, nestas atividades, salientando o processo destruidor do avanço e a 
poluição das águas, em especial dos rios, alertando que a falta, portanto, é iminente. 
3)Complexidade da produção do espaço geográfico: 
Segundo a leitura, o homem não é exposto a apenas um fator geográfico em 
toda sua vida, mas a vários pois as forças da natureza são indissociáveis, logo o 
homem é puxado em todas as direções e a sua determinação é individual. A própria 
produção do espaço é uma complexidade, e a existência passa pelos meios para 
consegui-lo, o “meio-espaço e o meio-tempo”, formas na qual a humanidade 
necessita para sobreviver andam em paralelo. 
O autor afirma que o "espaço e o tempo " compõem o espaço geográfico, 
sendo o tempo um fator importantíssimo para modificação do espaço. 
Reclus pensa a natureza da geografia que não avalia a luta de classes em si, 
mas as classes em busca do domínio, do espaço, uma geografia que acompanhe a 
tendência do homem de transformar o mundo, de produzir o espaço geográfico, no 
espaço e no tempo, tendo sempre afirmado que este processo é negativo e 
destrutivo. 
II) A ORIGEM DA FAMÍLIA, DO ESTADO E DA SOCIEDADE: 
1) – Origem da família, das classes sociais e dos Estados: 
Éliseé começa pela família patriarcal, onde o laço do patriarca se dá pelo 
conjunto de bens de um senhor, conquistados pela força. A figura masculina se 
apoderado poder antes exercido pela matriarca, porém no interior da sociedade 
traços do matriarcado nunca desaparecem, a luta entre matriarcado e patriarcado 
leva em algum momento a sua superação, ganhando em liberdade e igualdade os 
indivíduos. 
O autor enfatiza, que a monarquia é tão antiga quanto este tempo, pois se 
define como governo de um homem só, para ele a natureza humana é domesticável, 
e que a geografia influencia a política. 
Ainda segundo o texto, o papel da mulher dado por Reclus, na sociedade a 
mulher tem a função de desenvolver a linguagem pois ela tem ligação direta com a 
cria. 
2) – A propriedade e a exploração da terra: 
Reclus esboça as sociedades matriarcais onde o uso dos itens, em foco o 
solo, era coletivo, de um grupo de sujeitos, esta fase se chama apropriação mais 
igualitária. A diferença na distribuição, criada pela força do Estado com a figura do 
patriarca, e a propriedade privada, que surge da pequena propriedade individual, 
que originou o acúmulo de propriedade, e tende a tomar as pequenas propriedades, 
fato que prossegue até os dias atuais. 
3) – Evolução da sociedade e da civilização: 
A partir da leitura, o autor sugere que as sociedades evoluem em progressos 
, as sociedades que vivem em paz mas não separadas tendem a melhoria pois se 
expõem a intervolução, processo de superação dos seus problemas. A sociedade 
pode tender a decadência quando a guerra externa ou a luta de classes interna 
ocorrem. 
Para o autor, em sua autonomia de entender o mundo, temos as fases: dos 
Deuses: Onde a percepção de mundo do homem está estritamente presa às 
divindades; dos Heróis: Onde a percepção da sociedade do homem está presa a 
ídolos humanos, os heróis e líderes. E dos Homens: Uma fase a se conquistar ainda, 
onde a percepção da sociedade passa pelos indivíduos 
III) O PROBLEMA COLONIAL: 
1) – A Grã Bretanha e as colônias de povoamento: 
Reclus aponta a independência das colônias inglesas de povoamento que 
ocorreram um século antes. Alguns marcos: O rápido aumento na velocidade da 
comunicação levado a cabo pela Bretanha, levando a um avanço em todo globo e 
tendo as colônias de povoamento como grandes extensões territoriais; Domínio de 
ilhas: O domínio dos saxões sobre as ilhas se deu em um modelo parecido as 
colônias de povoamento e são um ponto estratégico (comunicação e militar); A 
intervolução entre as colônias e a metrópole, levando as colônias a construírem um 
modelo político próprio, mistura da monarquia constitucionalista inglesa com as 
características locais; A destruição gradativa dos povos típicos para entrada do 
colono inglês. 
2) - Colônias de exploração: governo e administração da Índia: 
Possui características conflitantes com outros modelos: sustenta a hierarquia 
local, ampliando seu poder e a incrustando com poderio inglês, tomando os 
saxônicos o topo destas cadeias hierárquicas; As questões sociais e a luta de 
classes tende a mostrar-se evidente ao passo que se mascara; 
3) - Relações da China com o exterior: 
Conforme cita o autor, o reino se caracteriza no XIX além da dominação 
inglesa diante de suas terras é a sua relação de migração e imigração, os imigrantes 
neste período vivem nos portos chineses, são comerciantes do Japão e Reino Unido, 
este segundo tendo políticas próprias a este respeito antes da metade do XIX. Já os 
migrantes Chineses pelo mundo eram muitos, e o conhecido 'trabalho amarelo' se 
difunde pelo mundo. Esta mão de obra migra em massa para seus vizinhos, mas 
também para EUA, Filipinas e Índia. A causa deste movimento vem de sua estrutura 
internacional, argumenta o autor, a causa é a pobreza na China, não por si mesma, 
mas porque muitas famílias vivem de sua riqueza. 
IV) O PROBLEMA URBANO: 
1) Migrações, êxodo rural e problemática do crescimento urbano: 
Éliseé defende que a geografia não é imutável, se faz e se refaz todos os dias, 
é a construção da cidade, um campo dos excluídos da civilização que se cria pela 
fama que atrai os indivíduos, que se movem por necessidades econômicas, quem 
constrói essa imagem e as necessidades econômicas são os patrões e o Estado, 
cerceando as escolhas do indivíduo. Na cidade a barbárie caminha de mãos dadas 
com a vida no dia a dia. 
Reclus escreve que as cidades em um meio ideal tendem a formar redes com 
um centro de origem, e as pré industriais também seguem este padrão por serem 
passagens de viajantes. As novas técnicas trazem novas cidades. Esta concepção 
dá a cada cidade um fator individualizante, uma personalidade coletiva, porém as 
aglomerações urbanas tendem a morrer, por isso a incessante necessidade de 
reconstruí-las. O autor argumenta que o Capital tende a criar cidades onde existiam 
grupos nativos, destruindo-os. 
V) O BRASIL NOS FINS DO SÉCULO XIX: 
1) Estado material e social da população brasileira: 
Seu enfoque neste texto é o estado material e social da população brasileira. 
A vinda de brancos ao Brasil se inicia pelos portugueses. A lavoura, local de trabalho 
de todas estas pessoas e, assim que o solo se cansasse bastava derrubar a mata a 
frente e iniciar a exploração novamente. A cultura se torna latifúndios de grandes 
senhores, o principal produto do país torna-se o Café, mas existem outros produtos 
como o mate e cana, porém, o autor salienta a mineração em Minas e Mato Grosso 
e a construção das locomotivas nas mãos de poucos fazendeiros, a exemplo da 
Santos-Jundiaí um verdadeiro monopólio. 
Para finalizar, autor salienta a Revolução de 1890, o processo militarizado de 
chegada da república que tem como papel separar o Estado da Igreja, ainda que se 
possua diversos sinais desta existência antepassada no Estado atual, com esta 
observação Reclus acaba a sua apreciação ao Brasil. 
 
 
 
 
 
 
3º) SORRE: FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA HUMANA 
Sorre propõe uma nova orientação de pesquisa no campo da geografia 
humana. Segundo ele, não estamos certos que o conhecimento das coisas tenha 
sempre avançado por meio de demonstrações de escolástica. 
Algumas de suas perspectivas para o estudo da geografia: 
-O geógrafo considera a tríplice: Aspecto físico, biológico e humano. 
-O autor também salienta no texto que Geógrafo + Etnógrafo ou Sociólogo = 
a condição para se captar a realidade integral. 
-Sorre cita La Blache e sua preocupação e, tornar a geografia concebida como 
corografia (descrição de um país, região); Ecologia não tem o mesmo significado 
para todos que usam este termo, causando uma certa confusão. 
-Também são criados conceitos de Meio e Ambiente (geografia humana, 
Europa); de École Française, impulsionado por Vidal de La Blache. 
Nos Estados Unidos, a evolução da geografia científica, fez crescer a 
geologia. Toda uma escola se organizou no conceito geral de ecologia (sociólogos, 
geólogos, historiadores) .... franceses, ingleses e alemães. 
Neste período, o geógrafo aproxima-se do etnógrafo. As técnicas da vida em 
grupo abrangem tanto as estruturas sociais e econômicas como as estruturas 
políticas. Neste campo encontramos sociólogos e economistas, onde a dificuldade é 
abordar fatos isentos de preconceitos doutrinários. Onde os grupos que formam o 
ecúmeno, comportam-se como verdadeiros seres vivos, onde cada um pode ser 
objeto de descrição geográfica (geografia das línguas, das religiões, demográfica...). 
Aos primeiros progressos das sociedades, os sociólogos invocam a divisão 
do trabalho ( Evolução das técnicas de energia, Revolução da utilização do Vapor, 
séc. XVIII). Energia elétrica, a luta contra o espaço, a geografia da circulação (Teoria 
Geral da Circulação de Ratzel). Falar da posição geográfica relativa, era falar 
também em estradas, transportes, etc. 
Luta contra o espaço: Domínio Continental de Superfície, Domínio Marítimo 
e Domínio Aéreo. O conjunto das rotas nos três domínios, junto com as instalações 
de seus pontos nodais, formam a “Rede Universal de Circulação”. 
Também cita ostraços essenciais da evolução: 1) Ampliação do domínio da 
circulação geral; 2) Aumento das velocidades; 3) Aumento da capacidade de 
transporte unitário e global; 4) Aceleração contemporânea destas características. 
Sorre menciona em seu texto a conquista da troposfera, da velocidade do 
som, do transporte dos imponderáveis, mobilização de massas enormes, fixam hoje 
o limite da evolução. 
Todos estes fatos, segundo o autor, modificou a mentalidade do homem, 
multiplicou os contatos intergrupais, dando aos indivíduos outra ideia de tempo e 
espaço. 
A geografia das indústrias de transformação de matérias primas foi estudada 
na maioria dos países com desenvolvimento econômico elevado, também a 
interdependência de todas as partes. 
Para finalizar a resenha deste autor, enaltecemos sua opinião de que a 
existência de um grupo supõe a adaptação de suas atividades ao meio, sob uma 
forma moderna, mas há para todo ser, e para todo grupo uma certa margem de 
tolerância, de inadaptação, compatível com a vida! A geografia é UNA, pois capta o 
homem inteiro, em cada uma de suas atividades! 
 
4º) PAUL VIDAL DE LA BLACHE: As condições geográficas dos fatos sociais 
La Blache coloca suas perspectivas de estudo da geogradia a discussão sobre 
a correlação entre um fato geográfico e um fato social e suas relações na formação 
de novas sociedades. O autor afirma que a desigualdade de desenvolvimento das 
sociedades humanas tem sido cada vez maior, isso por conta do progresso do 
conhecimento do globo e a colonização, e que ao estudarmos apenas algumas 
especificidades de cada grupo, percebemos que a diversidade se encontra nas 
diferenças de materiais fornecidos pela natureza ambiente e que de acordo as 
diferenças locais existem formas de existência e modos de civilização que abrange 
grandes extensões com numerosos conjuntos de seres humanos. 
Enfatiza que as características de cada civilização, devem ser dignas de 
atenção, assim como suas invenções, pois são considerados no gênero de 
documentos etnográficos, os signos característicos de sua civilização, e são esses 
objetos que refletem hábitos que os inspiram ou que derivam de seu estado social. 
 Vidal esclarece que é a posição de cada sociedade que as torna diferentes da 
outra e que as grandes extensões de florestas e mares é que os mantem 
distanciados uns dos outros, porém se torna raro uma sociedade viver socialmente 
isoladas, estritamente fechadas em si mesmas de forma absoluta, pois sempre 
encontram espaço em outra sociedade para que haja interação, mas há aquela 
sociedade que escolhe viver isoladamente por questão religiosa ou forma social, 
porém assim como a posição de uma região, as linhas físicas também estão 
impressas profundamente em seu estado social. 
 La Blache esclarece sobre outros autores que fazem estudos sobre 
características originais de algumas sociedades mais desenvolvidas fazendo 
comparações com as menos desenvolvidas. Ele reconhece que as condições sociais 
de uma sociedade estão subordinadas à necessidade de produzir e organizar, de 
maneira benéfica, e que se torna impossível a existência de pequenos proprietários 
devido ao alto custo do crédito e da subsistência. Descreve ainda que todas as 
características, condições sociais, diversidades locais se trata de uma geografia, 
seja ela humana ou das civilizações, e deixa claro que a dependência do homem 
com a natureza não se compara com a dos animais e das plantas, mas fica a cargo 
do homem adaptar-se ou construir hábitos, ou género de existência para a sua 
sobrevivência. 
 
 DIVERGÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS ENTRE OS AUTORES: 
A teoria de Vidal de La Blache concebia o homem como hóspede antigo de 
vários pontos da superfície terrestre, que se adaptou ao meio, criando um 
relacionamento constante com a natureza. 
Enquanto a teoria de Ratzel afirma que, além do homem ser fruto do meio 
ambiente e geográfico que vive, o Estado é como um organismo vivo que trabalha 
para se expandir e defender seu próprio espaço. Assim, as sociedades mais 
avançadas teriam um espaço maior, conseguindo se expandir com mais velocidade 
e facilidade. Ratzel preocupa-se com as conexões existentes entre todas as coisas 
presentes na Terra. A análise da obra deste, aponta para um amplo conjunto de 
interesses de pesquisa, que ocasiona um novo campo de conhecimento, a 
antropogeografia, divergindo com La Blache. 
La Blache , com seu “possibilismo” mostrou como o homem sempre soube 
tirar proveito do meio, e definiu a relação homem/natureza como objeto da Geografia, 
cujo homem aparece como um ser ativo diante do meio, ainda que sofrendo 
influências, este age transformando-o, e contrariando Ratzel, com seu “determinismo 
ambiental”, onde afirmava que o homem era um produto do meio, chancelando este 
embate filosófico com Vidal. 
Embora tenha considerado a complexidade das interações 
sociedade/natureza La Blache não chegou a formular nenhuma estrutura conceitual 
para embasar seu pensamento. Foi Sorre que o fez, pois os dois convergiam em 
seus princípios e linha de raciocínio. 
Como criador de um modo original de Pensamento Geográfico que denominava de 
Geografia Ecológica, Max Sorre antecipou o debate atual da relação da indústria com 
o meio ambiente e da teoria da complexidade, e muitas vezes seguindo a linha de 
Vidal. 
Outra obra a parte de La Blache e Ratzel, que despertou interesse nos dias 
atuais e assinalou uma contribuição significativa à Geografia moderna foi a de Elisée 
Reclus. Sua definição de Geografia é singular no que diz respeito à relação 
homem/sociedade/natureza. Observa a natureza da geografia que não analisa a luta 
de classes em si, mas as classes em busca do domínio, em especial do espaço, ou 
seja, uma geografia que acompanhe o rastro da tendência do homem de transformar 
o globo, portanto, de produzir o espaço geográfico, no espaço (estudando 
minuciosamente a geografia física) e no tempo (pensando a historicidade do 
processo), fazendo uma geografia universal, convergindo e divergindo com outros 
autores, ou simplesmente, oferecendo seus próprios conceitos e vivências.

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