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Prévia do material em texto

Autor
 Paulo César Medeiros
2008
Fundamentos Teóricos e Práticos 
do Ensino de Geografia
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, 
mais informações www.iesde.com.br
© 2008 IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos 
direitos autorais.
M488 Medeiros, Paulo César. / Fundamentos Teóricos e Práticos do 
Ensino de Geografia. / Paulo César Medeiros. — Curitiba:
 IESDE Brasil S.A. , 2008. 
144 p.
ISBN: 978-85-387-0580-2
1. Geografia. 2. Educação. 3. Ciências Humanas. I. Título. 
CDU 372.8
Todos os direitos reservados.
IESDE Brasil S.A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482 • Batel 
80730-200 • Curitiba • PR
www.iesde.com.br
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Sumário
Apresentação ........................................................................................................................7
Geografia: a ciência da Terra ...............................................................................................9
Por que ensinar a Geografia? ...................................................................................................................9
O encolhimento do planeta Terra .............................................................................................................10
A crise socioam biental e as Ciên cias Humanas .......................................................................................13
A Geografia no século XXI ......................................................................................................................14
A sistematização do saber geográfico ..................................................................................23
A evolução da Geografia ..........................................................................................................................23
As escolas de Geografia ...........................................................................................................................24
Os princípios fundamentais da ciência geográfica ...................................................................................26
Grandes conceitos da Geografia ..............................................................................................................27
Ser humano: o construtor do espaço ....................................................................................33
O nascer da humanidade ..........................................................................................................................33
O trabalho humano ..................................................................................................................................34
Quadro comparativo do Australopitecus afarensis com o Homo habilis ................................................35
As técnicas de produção ..........................................................................................................................37
O espaço humanizado ..............................................................................................................................38
O espaço vivido e o espaço percebido .................................................................................41
O indivíduo e as instituições sociais ........................................................................................................41
A percepção do espaço .............................................................................................................................42
A cognição do espaço ..............................................................................................................................43
O lugar e o poder da identidade ...............................................................................................................44
O espaço representado .........................................................................................................49
O que é uma representação? ....................................................................................................................49
A produção/representação do espaço .......................................................................................................50
As representações e o contexto social .....................................................................................................51
A Geografia das representações ...............................................................................................................52
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares ...........................................................59
A Geografia e a Educação Infantil ...........................................................................................................59
A Geografia no primeiro ciclo .................................................................................................................61
A Geografia no segundo ciclo ..................................................................................................................62
Construindo um sistema avaliativo ..........................................................................................................64
O ensino de Geografia e os Temas Transversais ..................................................................71
A ética e a pluralidade cultural ................................................................................................................71
A saúde e o meio ambiente ......................................................................................................................72
Geografia e educação sexual ....................................................................................................................72
Geografia, trabalho e consumo ................................................................................................................73
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O eu e o outro .......................................................................................................................75
Justificativa ..............................................................................................................................................75
Objetivos ..................................................................................................................................................75
Procedimentos Metodológicos .................................................................................................................76
Avaliação .................................................................................................................................................78
Explorando o espaço da escola ............................................................................................81
Justificativa ..............................................................................................................................................81
Objetivos ..................................................................................................................................................81
Procedimentos Metodológicos .................................................................................................................82
Avaliação .................................................................................................................................................84
Conhecendo os lugares ........................................................................................................87
Justificativa ..............................................................................................................................................87
Objetivos ..................................................................................................................................................87Procedimentos Metodológicos .................................................................................................................88
Avaliação .................................................................................................................................................90
O trabalho e a organização do espaço ..................................................................................93
Justificativa ..............................................................................................................................................93
Objetivos ..................................................................................................................................................93
Procedimentos Metodológicos .................................................................................................................94
Avaliação .................................................................................................................................................96
A natureza e suas dinâmicas ................................................................................................99
Justificativa ..............................................................................................................................................99
Objetivos ..................................................................................................................................................99
Procedimentos Metodológicos .................................................................................................................100
Avaliação .................................................................................................................................................102
O campo e a cidade ..............................................................................................................105
Justificativa ..............................................................................................................................................105
Objetivos ..................................................................................................................................................106
Procedimentos Metodológicos .................................................................................................................106
Avaliação .................................................................................................................................................109
As atividades produtivas ......................................................................................................113
Justificativa ..............................................................................................................................................113
Objetivos ..................................................................................................................................................113
Procedimentos Metodológicos .................................................................................................................114
Avaliação .................................................................................................................................................116
A cultura e os grupos sociais ................................................................................................119
Justificativa ..............................................................................................................................................119
Objetivos ..................................................................................................................................................119
Procedimentos Metodológicos .................................................................................................................120
Avaliação .................................................................................................................................................122
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O espaço geográfico brasileiro .............................................................................................125
Justificativa ..............................................................................................................................................125
Objetivos ..................................................................................................................................................125
Procedimentos Metodológicos .................................................................................................................126
Avaliação .................................................................................................................................................128
O espaço geográfico mundial ...............................................................................................131
Justificativa ..............................................................................................................................................131
Objetivos ..................................................................................................................................................131
Procedimentos Metodológicos .................................................................................................................132
Avaliação .................................................................................................................................................134
Referências ...........................................................................................................................137
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ApresentaçãoApresentação
O questionamento norteador deste livro é por que ensinar geografia. A humanidade vive um cenário constante de mudanças, desde o século XV por meio das grandes rotas marítimas iniciando as atividades mercantilistas e as relações capitalistas, ao início do século XXI 
com a globalização, o avanço da tecnologia e dos meios de comunicação dividindo o mesmo espaço 
com catástrofes, medos, angústias e atentados terroristas. 
O estudo da geografia apresenta alguns aspectos teórico-metodológicos que orientam o ensino 
dessa disciplina como suporte para cidadania e formação da criança, criando uma ponte entre o espa-
ço vivido e o percebido por ela. Nesse sentido o trabalho do professor-educador é peça fundamental 
para estabelecer referência entre o social e o cultural para que se construa um conhecimento contínuo, 
uma integração da criança com o seu ambiente e a sociedade do qual faz parte.
O convívio com a família, grupos de amigos, religião, lazer e principalmente a escola são fun-
damentais para a criação da identidade de cada um. É o exemplo dos pais, amigos, dos professores e 
da sociedade que moldam nosso aprendizado todos os dias, sejam adultos ou crianças, pois são fun-
damentais para o seu desenvolvimento.
Ao trabalhar com o saber geográfico mundial, ou seja, com a geografia, o educador consegue 
desenvolver a autonomia da criança diante da sociedade e do ambiente. É a partir desses laços que se 
reconhecem as diferenças e semelhanças e isso contribui para o esclarecimento e enriquecimento do 
indivíduo.
Paulo Freire ensinou que só participa ativamente na história e para a transformação da mesma, 
aqueles que tem consciência de sua própria capacidade de transformá-la. O ponto de partida é com-
preender e apreender como o homem e suas relações sociais, psicológicas, econômicas, culturais e 
estruturais influenciam sua transformação com o meio. 
Então podemos dizer que ensinar geografia é ensinar as gerações a conhecer ereconhecer-se, 
todos os dias no espaço social onde tudo o que se pratica produz causa e efeito. 
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Geografia: 
a ciência da Terra
Paulo César Medeiros*
Vivemos num mundo conquistado, desenraizado e transformado pelo titânico processo 
econômico e tecnocientífico do desenvolvimento do capitalismo, que dominou os dois ou três 
últimos séculos. Sabemos, ou pelo menos é razoá vel supor, que ele não pode prosseguir ad 
infinitum. O futuro não pode ser uma continuação do passado, e há sinais, tanto externamente 
quanto internamente, de que chegamos a um ponto de crise histórica. As forças geradas pela 
economia tecnocientífica são agora suficientemente grandes para destruir o meio ambiente, ou 
seja, as fundações materiais da vida humana. As próprias estruturas das sociedades humanas, 
incluindo mesmo algumas das fundações sociais da economia capitalista, estão na iminência de 
ser destruídas pela erosão do que herdamos do passado humano. Nosso mundo corre o risco... 
Se tentarmos construir o terceiro milênio nessa base, vamos fracassar. E o preço do fracasso, 
ou seja, a alternativa para uma mudança da sociedade, é a escuridão. 
(HOBSBAWN, 1995, p. 562)
Por que ensinar a Geografia?
A s diferentes nações mundiais vivem momentos de angústia e medo, as notícias que circulam nos meios de comunicação apresentam um cenário de catástrofes e terror. O início do século XXI vê suas primeiras marcas 
históricas registradas nas sucessões de atentados terroristas internacionais. As 
tecnologias usadas, que atualmente permitem monitorar o mundo em tempo real, 
ofereceram aos telespectadores de todo o mundo as cenas instantâneas. O tempo e 
o espaço são continuamente desafiados pela maximização das redes eletrônicas.
Simultaneamente, a humanidade defronta-se com limitações para satisfação 
das necessidades básicas de existência e a divisão internacional do trabalho e dos 
recursos naturais distanciou milhões de pessoas da possibilidade concreta da eman-
cipação humana. Nesse sentido, observa-se um amplo esforço das ciências naturais e 
humanas, principalmente no final do século XX, em buscar respostas e em estimular 
ações concretas que permitam aos indivíduos libertar-se da alienação socioespacial, 
superando-a.
Paulo Freire nos ensinou que o ser humano só tem as possibilidades de par-
ticipar ativamente na história, na sociedade e na transformação da realidade se for 
auxiliado a tomar consciência da realidade e de sua própria capacidade para trans-
formá-la. O indivíduo não pode lutar contras as forças que não compreende, a não 
ser que descubra que ele pode. Essa conscientização coloca o primeiro objetivo da 
educação que é “antes de tudo provocar uma atitude crítica, de reflexão, que com-
prometa a ação”.
 Mestre em Geografia pela 
Universidade Federal do 
Paraná (UFPR). Graduado 
em Geografia pela Univer-
sidade Federal do Paraná 
(UFPR). Atualmente é pro-
fessor titular da Secretaria 
de Estado da Educação do 
Paraná (SEED-PR) e pro-
fessor titular do Instituto 
Modelo de Ensino Superior 
Sc Ltda. 
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
10
O conhecimento empírico do espaço é o primeiro estágio de desenvolvi-
mento humano, servindo como fornecedor das primeiras referências espaciais 
para o conhecimento do ambiente vivido, o qual terá de desvendar durante toda a 
sua vida. Basta lembrar como o trajeto que fazemos de nosso trabalho até nossa 
casa está armazenado em nossa memória. Assim também estavam nos primeiros 
humanos, que memorizavam seu ambiente e retornavam às cavernas após horas 
de caça em campo aberto ou nos bosques, em longas distâncias.
No entanto, o ser humano levou milhares de anos para sistematizar suas 
reflexões sobre as informações espaciais, criar os primeiros sistemas matemáticos 
para referenciar o espaço terrestre e organizar uma descrição da superfície pla-
netária. Há pouco mais de cem anos, nas universidades européias, constitui-se a 
cadeira de Geografia, e de lá para cá essa disciplina é ensinada e promovida nas 
sociedades contemporâneas.
Ao iniciarmos o estudo da Geografia temos de ter a clareza de estarmos tra-
tando de assuntos pertinentes ao ser humano e que este é sujeito ou objeto da cons-
trução do espaço, dependendo de seu grau de consciência. Assim, quando apresen-
tamos a importância do estudo da Geografia para as crianças, estamos depositando 
esforços na construção de um espaço geográfico mais humano, crítico e solidário. 
O encolhimento do planeta Terra
Parabolicamará
Gilberto Gil
Antes mundo era pequeno
Porque Terra era grande
Hoje mundo é muito grande
porque Terra é pequena
Do tamanho da antena
Parambólicamará
Ê, volta do mundo, camará
Ê, mundo dá volta, camará
Antes longe era distante
Perto só quando dava
Quando muito ali defronte
E o horizonte acabava
Hoje lá trás dos montes
Den’de casa, camará
Ê, volta do mundo, camará
Ê, mundo dá volta, camará
De jangada leva uma eternidade
De saveiro leva uma encarnação
De avião o tempo de uma saudade
Pela onda luminosa
Leva o tempo de um raio
Tempo que levava Rosa
Pra arrumar o balaio
Quando sentia que o balaio ia
Escorregarê, volta do
Mundo, camará
Ê, mundo dá volta, camará
[...]
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Geografia: a ciência da Terra
11
Antes do processo de mundialização das relações capitalistas de produção, 
a humanidade estava dividida em diferentes mundos, cada qual correspondendo 
ao espaço geográfico construído por seus ancestrais. Povos europeus, asiáticos, 
árabes, tupis, incas, astecas, africanos e tantos outros.
Com o início das atividades mercantilistas do século XV, por meio de grandes 
rotas marítimas, inicia-se um novo processo de conhecimentos sobre a superfície 
do planeta.
Vejamos a figura a seguir que sugere o encolhimento do mapa do mundo 
de acor do com as capacidades técnicas de deslocamento humano na superfície 
terrestre.
Mapa reproduzido em 1456 com base 
no original do século XII, feito pelo car-
tógrafo árabe Al-Idrissi. Era comum os 
árabes construírem seus mapas inverti-
dos em relação ao que estamos acostu-
mados hoje, colocando o sul na parte de 
cima (MOREIRA; SENE, 2000, p. 10).
Após um longo processo de mundialização das relações capitalistas, perce-
bemos que o conhecimento do planeta atingiu níveis de precisão elevados. Basta 
compararmos as imagens apresentadas por car tó gra fos ao longo dos tempos pa ra 
confirmar como o conhecimento da superfície planetária evoluiu.
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
12
Mapa elaborado em 1508, por Francesco Ros-
seli, um cartógrafo florentino. Esse foi o pri-
meiro mapa-múndi da história da car to grafia, 
ou seja, o primeiro a mostrar o planeta inteiro.
(M
O
R
EI
R
A
; S
EN
E,
 2
00
0,
 p
. 1
1)
Mapa elaborado em 1508, por Francesco Rosseli, um cartógrafo florentino. Esse foi o primeiro mapa-
múndi da história da cartografia, ou seja, o primeiro a mostrar o planeta inteiro.
(M
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R
EI
R
A
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 2
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0,
 p
. 1
1)
Imagem do governo terrestre feita pelo satélite GOES 
em novembro de 1992. 
(C
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A
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4)
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Geografia: a ciência da Terra
13
A crise socioam biental 
e as Ciên cias Humanas
Nos anos 1980 do século passado, o relatório Nosso Futuro Comum de-
monstra que o modelo de desenvolvimento capitalista, empreendido em profun-
didade no final do séculoXX, teve como principais conseqüências a morte de 
milhões de humanos, pela fome, por acidentes químicos e nucleares. Cerca de 60 
milhões de pessoas, sendo a maioria crianças, mortas por doenças relacionadas à 
água contaminada e pela desnutrição.
Diante da crise ambiental, anunciada oficialmente pelas últimas grandes con-
ferências de meio ambiente e desenvolvimento e pelos documentos que delas deri-
varam, surge a necessidade de se educar os cidadãos para a racionalidade do uso dos 
recursos naturais. A educação apresenta-se como a principal alternativa e difunde-
se como um novo modelo de abordagem pedagógica para a formação social. 
Dentre os primeiros trabalhos voltados às relações socioambientais huma-
nas, merecem ser citados autores como Thomas Huxley, que em 1863 escreveu 
sobre as interdependências entre os seres humanos e os demais seres vivos em seu 
ensaio Evidências sobre o Lugar do Homem na Natureza. George P. Marsh em 
sua obra, O Homem e a Natureza, analisou as causas do declínio de civilizações 
antigas a partir da ação humana; Aldo Leopoldo publicou em 1949, A Sand Coun-
try Almanac, em que discutiu uma ética de usos dos recursos da Terra. Em 1962, 
Rachel Carson em seu livro Primavera Silenciosa, apresenta um estudo sobre a 
perda da qualidade de vida produzida pelo uso indiscriminado e excessivo dos 
produtos químicos e os efeitos dessa utilização sobre os recursos ambientais. 
A formação do Clube de Roma1, em 1968, inicia um movimento para discu-
tir a crise planetária e publica em 1972, The Limits of Growth, denunciando que 
“o crescente consumo mundial levaria a humanidade a um limite de crescimento 
e possivelmente a um colapso”. Nesse mesmo ano, a realização da Conferência 
da ONU sobre o Ambiente Humano, realizada em Estocolmo – Suécia, marca 
um novo momento da questão socioambiental. Na Declaração sobre o Ambiente 
Humano2, foi estabelecido o Plano de Ação Mundial, com o objetivo de “inspirar 
e orientar a humanidade para a preservação e melhoria do ambiente humano”. 
Em 1975, a Carta de Belgrado3 indicava a necessidade de uma nova ética 
global, com a finalidade de estabelecer meios para a erradicação da pobreza, da 
fome, do analfabetismo, da poluição, da exploração e dominação humanas, apon-
tando e censurando as nações que se desenvolvem sob a exploração de outras.
Em 1977, realizou-se em Tiblisi – Geórgia (ex-URSS) – a Primeira Confe-
rência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, promovida pela UNES-
CO, em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente 
(PNUMA). Essa conferência constituiu-se no início da estruturação de um Pro-
grama Internacional de Educação Ambiental; apontou para que os Estados mem-
bros incluam em suas políticas de educação medidas que visem a incorporação de 
conteúdos, de diretrizes e atividades ambientais a seus sistemas; convidou as au-
toridades de educação a intensificar seus trabalhos de reflexão, pesquisas e inova-
1Em 1968, foi realizada em Roma uma reunião de 
cientistas dos países desenvol-
vidos para dis cutir o consumo, 
as reservas de recursos natu-
rais não-renováveis, o cresci-
mento da população mundial 
até meados do século XXI. 
Dessa reunião foi publicado o 
livro Limites do Crescimento 
(Perspectiva. São Paulo, 1978), 
que foi durante muitos anos 
uma refe rência internacional 
às políticas e projetos. Os inte-
lectuais latino-americanos, no 
entanto, liam nas entrelinhas 
do documento a indicação de 
que, para se conservar o pa-
drão de consumo dos países 
industrializados, era necessá-
rio controlar o crescimento da 
população dos países pobres. 
(REIGOTA, 1994).
2 O grande tema em dis-cussão na Conferência foi 
a poluição ocasionada, prin-
cipalmente, pelas indústrias. 
O Brasil e a Índia, que vi viam 
na época “milagres econô-
micos”, defenderam a idéia 
de que “a poluição é o preço 
que se paga pelo progresso”. 
(REIGOTA, 1994).
3 Em Belgrado, na então Iugoslávia, em 1975, foi 
realizada a reunião de espe-
cialistas em Educação, Bio-
logia, Geo grafia e História, 
 entre outros, definindo-se os 
objetivos da educação am-
bien tal, publicados no que 
se convencionou chamar de 
“Carta de Belgrado”. (REI-
GOTA, 1994).
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, 
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
14
ção com respeito à Educação Ambiental; solicitou o intercâmbio de informações e 
experiências e solicita à comunidade internacional que ajude a fortalecer essa co-
laboração, em uma esfera de atividades que simbolize a necessária solidariedade 
de todos os povos e que possa ser considerada como particularmente alentadora 
para promover a compreensão internacional e a causa da paz. 
Em nível internacional, dois eventos marcam o final dos anos 90. A publica-
ção do relatório chamado Nosso Futuro Comum (abril, 1987), elaborado pela Co-
missão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU e o Congresso 
Internacional sobre Educação e Formação Ambientais (agosto, 1987), realizado 
em Moscou. 
A conferência realizada no Rio de Janeiro em 1992 foi, sem dúvida, um mar-
co no final do século XX. Mais de 170 países estiveram debatendo temas de impor-
tância mundial. Esse trabalho resultou na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente 
e Desenvolvimento, nas Convenções da Biodiversidade, da Mudança do Clima, o 
Protocolo de Florestas, o Direito Internacional e o Desenvolvimento Sustentável. 
A Geografia no século XXI
As democracias do século XXI serão cada vez mais confrontadas com o 
gigantesco problema decorrente do desenvolvimento em que ciência, técnica e bu-
rocracia estão intimamente associadas. Essa enorme máquina que domina a infor-
mação internacional não produz apenas conhecimento e elucidação, mas produz 
também ignorância e cegueira. 
Os avanços disciplinares das ciências não trouxeram apenas as vantagens 
da divisão do trabalho, trouxeram também os inconvenientes da hiperespaciali-
zação ou globalização. Com o parcelamento do saber, cada vez mais dominado 
pelos técnicos especialistas, o saber universal fica cada vez mais distante da ampla 
maio ria da população.
O espaço social apresenta-se como uma organização que se adapta e evolui 
sem cessar seus efeitos, este espaço socialmente construído constitui-se numa 
unidade, um território onde a organização e o funcionamento decorrem das rela-
ções socioespaciais que o animam.
Podemos pensar, então, em um sistema espacial como o produto de decisões 
dos atores. Nesse sentido, a Geografia deve preocupar-se com a análise de algu-
mas questões, tais como:
 Os processos da construção do espaço e da organização espacial como 
resultado dos diferentes grupos de indivíduos que compõem cada 
sociedade. 
 As transformações no espaço sofrem uma construção contínua de cada 
sociedade que o habita.
 O ser humano como indivíduo ou sociedade de seres humanos atuam 
como atores do espaço.
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Geografia: a ciência da Terra
15
(BLACHE, 1993)
Chamado a falar de Geografia perante um auditório de futuros professores formados nos mé-
todos científicos, mas se preparando ao ensino de diversas disciplinas, meio embaraçado indaguei-
me sobre qual seria, entre as questões que esse tema sugere, aquela que melhor convinha em tais 
circunstâncias. Ao refletir, fiquei impressionado pelos mal-entendidos que reinam sobre a própria 
idéia da Geografia. No grupo das Ciências Naturais, ao qual sem nenhuma dúvida se integra, ela 
possui um lugar à parte. Suas afinidades não excluem sensíveis diferenças. Ora, é sobretudo a res-
peito dessas diferenças que as idéias são pouco precisas. Pareceu-nos que tentando colocar alguma 
luz nesse lado das coisas, isto é, propondo-me a especificar o que distingue a Geografia, eu me 
ajustarei à intenção que preside estas conferências. A Pedagogia é uma obra de coordenação e de 
relações: será que ela não deveriaser considerada como uma espécie de filosofia abraçando tudo 
aquilo que contribui à formação do espírito?
A Geografia é considerada como se alimentando nas mesmas fontes de fatos da Geologia, da 
Física, das Ciências Naturais e, de certa forma, das Ciências Sociológicas. Ela serve-se de noções, 
sendo que algumas delas são o objeto de estudos aprofundados nas ciências vizinhas: daí vem, 
 então, a crítica que se faz às vezes à Geografia, a de viver de empréstimos, a de intervir indiscreta-
mente no campo de outras ciências, como se houvesse compartimentos reservados no domínio da 
ciência. Na realidade, a Geografia possui seu próprio campo. O essencial é considerar qual uso ela 
faz dos dados sobre os quais se exerce. Será que ela aplica métodos que lhe pertencem? Será que 
traz novos horizontes, de onde as coisas possam aparecer em perspectiva especial, que os mostra 
sob ângulo novo? Todo o problema é este que está aí. Na complexidade dos fenômenos que se en-
trecruzam na natureza não se deve ter uma única maneira de abordar o estudo dos fatos; é útil que 
sejam observados sob ângulos diferentes. E se a Geografia retoma certos dados que possuem um 
outro rótulo, não há nada para que se possa taxar essa apropriação de anticientífica.
A unidade terrestre
A Geografia compreende, por definição, o conjunto da Terra. Este foi o mérito dos matemá-
ticos-geógrafos da Antigüidade (Eratóstenes, Hiparco, Ptolomeu), o de colocar em princípio a 
unidade terrestre, o de fazer prevalecer esta noção acima das descrições empíricas das regiões. É 
 As decisões são tomadas mediantes a racionalidade econômica dentro 
de todas as sociedades, assim o espaço percebido é julgado, valorizado, 
interiorizado e reformulado em cada momento histórico.
Pensar em ensinar Geografia para as gerações do futuro significa refletir 
sobre as múltiplas dimensões dos indivíduos: antropológicas, biológicas, psico-
lógicas, sociológicas, históricas e geográficas. O espaço geográfico é o reflexo 
de sua sociedade e nele encontramos as marcas das diversas humanidades. O 
educador-cidadão é um ator primordial na construção dos saberes que alimenta-
rão os discursos e quem sabe as ações das novas gerações. Para tal, é fundamental 
que construa uma base teórica ampla que permita dialogar com muitas disciplinas 
específicas e estabeleça um vínculo com o espaço vivido pelos atores do processo 
educacional. 
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nesta base que a Geo grafia pôde-se desenvolver como ciência. A idéia de correspondência, de so-
lidariedade entre os fenômenos terrestres, penetrou e tomou corpo, muito lentamente na verdade, 
porque se tratava de apoiá-la sobre fatos e não sobre simples hipóteses. Assim, quando no início do 
século XIX Alexandre von Humboldt e Karl Ritter fizeram-se os iniciadores do que se chamava 
então de geografia comparada, eles se orientavam de acordo com uma visão geral do globo; e foi 
por aí que sua impulsão foi fecunda.
Todos os progressos posteriormente obtidos, no conhecimento da Terra, foram atribuídos 
a melhor esclarecer esse princípio de unidade. Se existe um domínio no qual ele se manifesta 
muito claramente, então é o domínio das massas líquidas que cobrem 3/4 do globo e do oceano 
atmosférico que o envolve. Nos movimentos da atmosfera, escreve o meteorologista Dove, “não se 
pode isolar nenhuma parte, pois cada parte age sobre sua vizinha”. É assim que, propagando-se, 
as borrascas formadas nas proximidades da Terra Nova atingem as costas da Europa Ocidental e, 
evidentemente, do Norte do Mediterrâneo; e se as perde de vista a seguir e se sua marcha escapa 
dos observatórios, não há dúvida de que a série das repercussões continua.
As partes do oceano estão em comunicação íntima por uma circulação de fundos e de su-
perfície. Bernard Varenius já escrevia que Quum ocesnus movetur, totus movetur. A parte sólida 
do globo também sofre a participação de uma dinâmica geral. O conjunto de fatos tectônicos, 
que as explorações feitas nas diversas regiões da Terra coletaram, contribuiu para que Eduard 
Suez pudesse edificar sobre eles uma síntese, cuja própria idéia poderia ter parecido anterior-
mente como ilusória.
O conhecimento das regiões polares promete-nos, enfim, novos exemplos de correspondência e 
de correlação que esclarecerão, sem dúvida, a gênese dos fenômenos. Esta idéia de unidade é comum, 
sem dúvida, a todas as ciências que tocam a física terrestre, assim como as que estudam a repartição 
da vida. A insolação, a evaporação, o calor específico da terra e da água, as mudanças de estado do 
vapor da água etc. esclarecem-se pela comparação recíproca das diversas partes do globo.
A lei da gravidade domina toda a diversidade das formas de erosão e de transporte, e ma-
nifesta-se assim na sua plenitude. Toda espécie viva está em perpétua tensão de esforços para 
adquirir ou defender um espaço que lhe permite subsistir, e isto serve de guia ao naturalista. O 
conhecimento destes fatos que, em ordem diversa e em graus diferentes, contribuem para fixar 
a fisionomia da Terra, resulta de um conjunto de observações em que cada parte do globo deve, 
tanto quanto possível, trazer o seu testemunho. Cada ciência realiza, neste sentido, a tarefa que lhe 
é própria; mas não se pode dizer, por isso, que elas preenchem o papel da Geografia: é este papel 
que se deve precisar.
A combinação dos fenômenos
Cabe-me emprestar do autor de uma das melhores obras já publicadas sobre a Climatologia, o 
professor J. Hann, os termos dos quais ele se serve para estabelecer a distinção entre a meteorolo-
gia e o estudo dos climas. “Esta distinção (diz ele) é de natureza mais descritiva; ela tem por objeto 
fornecer ao leitor uma imagem tão viva quanto possível da ação combinada de todos os fenômenos 
atmosféricos sobre uma parte da Terra.”
Pode-se dizer, generalizando esta anotação, que a Geografia, inspirando-se como as ciências 
vizinhas na idéia de unidade terrestre, tem por missão especial procurar como as leis físicas ou 
 biológicas, que regem o globo, combinam-se e modificam-se aplicando-se às diversas partes da 
superfície. Ela as segue em suas combinações e suas interferências. A Terra lhe oferece, para isso, 
um campo quase inesgotável de observações e de experiências. Ela tem por objetivo principal 
estudar as expressões mutáveis que revestem, conforme os lugares, a fisionomia da Terra.
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Geografia: a ciência da Terra
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Antes de prosseguir, notemos que esta combinação é a própria forma sob a qual os fenôme-
nos se oferecem em todos os lugares na natureza. A Geografia é solicitada para as realidades. 
Disse-nos Buffon: “Na natureza, a maioria dos efeitos depende de várias causas diferentemente 
combinadas.” Com maior precisão ainda, o pensador Henry Poincaré assim se exprime em um dos 
seus últimos trabalhos: “O estado do mundo, e mesmo de uma muito pequena parte do mundo, 
é qualquer coisa extremamente complexa e que depende de um grande número de elementos.” A 
justeza dessas noções nos choca, qualquer que seja a parte da Geografia que considerarmos. O 
modelado do solo resulta do conflito entre as energias, que se desdobram para o ataque dos agen-
tes meteóricos, e a força de resistência, que lhes opõem as rochas; mas este conflito se exerce em 
um campo que já foi remanejado no decorrer dos tempos e que ainda o é incessantemente seguin-
do as modificações dos níveis de base e as oscilações do clima.
O que se chama de clima de uma região é uma média na qual contribuem a temperatura, 
a umidade, a luminosidade, os ventos; mas a avaliação destes diversos elementos somente 
daria uma idéia muito incompleta, se não se procurasse saber como eles se combinam, não 
somente entre eles mas também com o relevo, a orientação, as formas do solo, avegetação e 
mesmo as culturas. Vê-se, por exemplo, o máximo da estação de calor coincidir com o má-
ximo de umidade? Todas as características de certo tipo de clima, o do Sul do Mediterrâneo, 
surgem diante do espírito. Outros tipos, com múltiplas nuanças correspondem, ao contrário, 
aos diversos regimes de chuvas de verão. A diversidade dos elementos a considerar também 
se encontra no domínio dos seres vivos.
A vegetação de uma região é um conjunto heterogêneo, no qual se distinguem plantas de 
diversas proveniências: umas invasoras, outras refugiadas, outras que são legadas de climas ante-
riores, outras que acompanharam as culturas dos homens. Tudo indica também, à medida que se 
avança no exame e na análise das faunas regionais, o seu caráter heterogêneo.
As migrações, cujo sentido e datas nos escapam freqüentemente, misturaram as tribos de 
 seres vivos, compreendendo também os homens; e é de seus resíduos que se formaram os ocu-
pantes sobre as diversas regiões, onde eles puderam concentrar-se. Enquanto as classificações 
 lingüísticas nos fornecem a ilusão de grandes grupos humanos, os índices que fornecem a antro-
pologia e a pré-história concordam em mostrar a diversidade das raças que, como aluviões suces-
sivas, formaram a maioria de nossos povoamentos.
A análise desses elementos, o estudo de suas relações e de suas combinações compõem a 
 trama de toda a pesquisa geográfica. Não se pode mais questionar, segundo este ponto de vista, 
uma antinomia de princípio entre duas espécies de Geografia: uma que sob o nome de Geografia 
Geral seria a parte verdadeiramente científica e a outra que se aplicaria, tendo como fio con-
dutor somente uma curiosidade superficial, na descrição das regiões. De qualquer maneira que 
se enfoque, são os mesmos fatos gerais, nos seus encadeamentos e na sua correlação, que se 
impõem à atenção. Estas causas, se é permitido usar esta palavra ambiciosa, ao se combinar ori-
ginam as variedades sobre as quais o geógrafo trabalha: seja quando ele se propõe a determinar 
os tipos de clima, formas de solos, de hábitat etc., como faz quando trata de Geografia Geral; 
seja quando ele se esforça para caracte rizar as regiões, até mesmo de as pintar, pois o pitoresco 
não lhe é proibido.
As superfícies
O campo de estudo da geografia, por excelência, é a superfície; este é o conjunto dos fe-
nômenos que se produzem na zona de contato entre as massas sólidas, líquidas e gasosas, que 
constituem o planeta. Este contato é o princípio de fenômenos inumeráveis, sendo que apenas 
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alguns estão definidos; ele age como um reativo para colocar em evidência as energias terrestres. 
A coluna de ar modifica-se sem cessar no contato com as superfícies sólidas ou líquidas; e o vapor 
d’água, transportado em seguida a essas oscilações, cresce, condensa-se ou precipita-se conforme 
o estado térmico das superfícies que encontra. O solo está exposto aos meteoros, não somente a 
ataques de força ativa mas também a ataques por infiltração. Sua epiderme se endurece ou, então, 
se decompõe ao seu contato. O ar e a água penetram então na sua textura porosa; e a terra torna-
se, conforme a expressão de Berthelot, alguma coisa viva. Os fermentos e as bactérias entram 
em movimento; o ácido carbônico dissolve os fosfatos, a cal, o potássio e outros ingredientes que 
entram nos corpos das plantas, ou que se elaboram, sob a ação da luz, para servir de alimento aos 
outros seres vivos.
Sem dúvida, o interior da Terra é a sede de outros fenômenos de transformação, de uma in-
calculável grandeza. A Geografia, entretanto, neles está apenas indiretamente interessada. Se está 
quase certo que os dobramentos e os acavalamentos, que tomam um aspecto tão saliente em certas 
cadeias montanhosas, formaram-se em profundidade sob o esforço de pressões e de contrações 
enormes, esta obra subterrânea só se torna um objeto geográfico porque, pela ação combinada 
dos soerguimentos e das desnudações, ela aparece na superfície. Ela toma, então, lugar no relevo, 
associa-se às outras formas do solo, influi sobre o modelado que a envolve; e torna-se um dos 
mais poderosos centros de ação sobre o clima, a hidrografia, a vegetação e os homens. Entre as 
superfícies que estuda a Geografia, as da litosfera têm a vantagem de conservar mais ou menos 
a impressão das modificações que elas sofreram desde a sua emersão. Elas apresentam, por isso, 
um interesse particular e abrem uma nova fonte de ensinamentos. É como um quadro registrador, 
sobre o qual o estado presente das formas revela-se em continuação dos estados anteriores. Atra-
vés das formas que pertencem ao ciclo atual de evolução, distinguem-se linearmente das que as 
precederam. Estas formas subsistem, às vezes, tão claramente, que se pode distinguir até o grau de 
evolução atingido pelas formas do solo, devido às ações de natureza semelhantes às que trabalham 
sob nossos olhos, quando um novo ciclo de erosão é aberto. Na cadeia das idades, é naturalmente 
o anel mais próximo, o antecedente imediato que menos sofreu desgaste. Ele se transforma mais 
do que é abolido. A obra do passado persiste através do presente como a matéria sobre a qual se 
exercem as forças atuais. A partir daí, estamos em plena Geografia.
Nas regiões que sofreram as invasões das geleiras quaternárias, os cursos d’água não ter-
minaram de transportar os detritos que elas acumularam. Alguns ainda procuram o seu leito por 
meio desses materiais, no qual formam aluviões. Os vales originados por um clima mais úmido 
no Saara são, aparentemente, formas fósseis: exercem uma influência sensível sobre as fontes, os 
poços, a vegetação, e o vento, apoderando-se de suas aluviões arenosas, encontra aí os materiais 
das dunas que ele edifica. O aspecto da superfície sólida revela-se, assim, como o resultado de 
modificações incessantemente remanejadas de época em época; ele representa uma seqüência e 
não um estado uma vez dado e atingido de repente. As formas atuais só são inteligíveis se as foca-
liza na sucessão das quais fazem parte. Como explicar, por exemplo, sem recorrer à consideração 
de um regime de declividades anteriores, a direção tão paradoxal, na aparência, desses rios que 
atravessam, ao invés de os contornar, os obstáculos que parecem opor-se à sua passagem? Tudo 
isso continuaria sendo um enigma se não tivesse penetrado na ciência, com a ajuda da comparação 
e da análise, esta noção de evolução das formas que é a chave. Pode-se dizer que atualmente ela 
domina qualquer pesquisa.
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A força do meio e a adaptação
Se desejarmos nos colocar no espírito de um geógrafo, ou seja, analisarmos os fatos como um 
geógrafo, estaremos ligados a fatores de ordem diversa de proveniência heterogênea, e formando 
entre si combinações múltiplas; sentiremos que o equilíbrio resultante dessas combinações não tem 
absolutamente nada de estável, que ele está à mercê de modificações cuja multiplicidade dos fato-
res abre uma ampla margem. Pode-se perguntar onde está o princípio diretor que permite edificar, 
 nesse terreno aparentemente móvel, métodos que se mantêm, e tentar experiências coordenadas de 
descrições terrestres. Recorramos ainda à observação. O que a observação e a análise encontram 
nessas superfícies onde se imprimem os fenômenos, não são casos isolados, traços incoerentes, 
mas grupos de formas obedecendo a uma ação de conjunto, ligadas por afinidades, e trabalhando 
em comum para eliminar da superfície o que não convém mais às condições atuais. Lá onde os 
cursos d’água não possuem mais a força para carregar os detritos de destruição das rochas, todo o 
aspecto do modelado recebe a impressão desta impotência: estreitas margens terrosas encaixando 
os talvegues,grandes superfícies unidas, acima das quais emergem aqui e acolá picos cônicos, 
compõem uma diversidade de traços que, entretanto, convergem para o conjunto clássico da pai-
sagem da região árida. O contraste é completo com o mundo das formas que povoam a superfície, 
quando a obra de um desgaste avançado modelou os flancos dos vales, colocando a nu as vertentes 
das montanhas, dissecando e diversificando os planos. Lá onde as geleiras passaram, subsiste, ao 
menos provisoria mente, esse conjunto caótico de montículos e de lagos que se chama paisagem 
morênica. O nome de aparelho litorâneo caracteriza uma afluência de formas que, variadas em si 
mesmas, não aparecem uma sem a outra: aqui fjords, com lagos interiores e prolongando-se em 
direção ao mar por orla recortada de ilhas e de recifes que os escandinavos chamaram skiargaard; 
em outros lugares, a fileira uniforme das lagunas, das barras fluviais e dos cordões litorâneos. 
Cada um destes tipos se compõe de formas em dependência recíproca.
Assim também é a fisionomia da vegetação. Não é só a oliveira que personifica a vegetação 
mediterrânea e muito menos uma andorinha não faz verão. O que evoca esta expressão do Me-
diterrâneo é uma enorme quantidade de plantas, cujas formas têm, por sua variedade, excitado 
a imitação artística, mas que coexistem num conjunto que a linguagem popular designa sob os 
nomes de maquis, guarrigues ou outros. É uma das associações características que distingue a ci-
ência botânica. Por todos os lados encontraremos expressões coletivas, algumas populares, outras 
científicas, correspondendo a estes fatos de observação. Estas expressões coletivas serviriam para 
nos dizer que um elo comum existe entre os diversos elementos em que reconhecemos a comple-
xidade. Do que é formado este elo? É por esta questão que somos levados à noção de meio; noção 
cuja aparência vaga levou ao abuso que dela se fez, mas que por menos que se a pesquise, mostra-
se cheia de ensinamentos. É o clima, pode-se dizer, que decide sobre a preponderância das formas 
de entulhamento ou de desnudação.
Mas esta explicação é muito sumária e esta palavra não expressa de maneira adequada e 
completa os fenômenos. No entanto, vemos que as próprias formas procuram organizar-se entre 
si, a realizar certo equilíbrio. Aqui com a ajuda do vento, acolá com a ajuda das águas correntes, 
trabalham de acordo com um plano e para um fim determinado; pouco importa se atingem ou 
não esse fim. As dunas e as areias alinham-se seguindo uma geometria; concluem uma obra de 
nivelamento. Cada flecha estende-se na direção de sua vizinha, e tende a juntar-se com aquela que 
lhe faz face. A ravina que, nascida de uma valeta, entalha o flanco de uma montanha, abastece-se 
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de um conjunto de valetas semelhantes; e quando desse conjunto é formado um curso d’água, este 
trabalha, de acordo com seus irmãos, para adaptar o seu perfil conforme um nível de base comum. 
Se no mundo das formas inanimadas os traços se coordenam, esta adaptação recíproca não é me-
nos sensível entre os seres vivos, mas se exerce diferentemente. 
As plantas que povoam uma região, os animais aos quais essas plantas servem de alimento, 
e até certo ponto os próprios grupos humanos que encontram neste meio ambiente o princípio de 
um gênero de vida, são compostos por elementos díspares. Entram, dissemos, nas associações 
vegetais as mais diversas espécies de proveniência e de forma. Mas acima dessas diferenças uma 
tonalidade geral domina; as plantas organizam-se fisiologicamente, revestem, para se acomodar 
às influências ambientais, uma aparência comum, de acordo com a altitude, as intempéries, a seca, 
o calor úmido. Não somente modificam seguindo procedimentos diversos e às vezes muito ines-
perados, os seus órgãos exteriores, mas também combinam-se entre si de maneira a se repartirem 
no espaço. Nesses agrupamentos, que são aspectos normal sob o qual se apresenta e se grava nos 
nossos olhos fisionomia da paisagem, cada planta está organizada com as suas vizinhas para ter 
sua parte de solo, de luz e de alimento. Os seres vêm-se associar e se unir “encontrando vantagem 
e proveito nas condições determinadas pela presença dos outros”. Uma floresta é uma espécie de 
ser coletivo onde coexistem, numa harmonia provisória e não à prova de mudanças, árvores, ve-
getais do tipo rasteiro, cogumelos e uma multidão de hóspedes igualmente subordinados, insetos, 
térmitas, formigas. Assim, as coisas apresentam-se a nós em grupos organizados, em associações 
regidas por um equilíbrio que o homem perturba incessantemente ou, conforme o caso, retifica 
colocando a mão. A idéia de meio, nessas diversas expressões, precisa-se como correlativo e sinô-
nimo de adaptação. Ela manifesta-se através das séries de fenômenos que se encadeiam entre si e 
são postos em movimento por causas gerais. É por essas causas que incessantemente retornamos 
às causas de clima, de estrutura, de concorrência vital, que impulsionam muitas atividades espe-
ciais das formas e dos seres.
O método descritivo
Pode-se julgar, pelo que acabou de ser dito, o papel capital que desempenha a descrição. A 
Geografia distingue-se como ciência essencialmente descritiva. Não seguramente que renuncie 
à explicação: o estudo das relações dos fenômenos, de seu encadeamento e de sua evolução são 
também caminhos que levam a ela. Mas esse objeto mesmo a obriga mais que em outra ciência, 
a seguir minuciosamente o método descritivo. Uma dessas tarefas principais não é localizar as 
diversas ordens de fatos que a ela concernem, determinar exatamente a posição que ocupam, as 
áreas que abrangem? Nenhum índice, mesmo nenhuma nuança não poderia passar despercebida; 
cada uma tem seu valor geográfico, seja como dependência, seja como fator, no conjunto que se 
trata de analisar. É preciso, então, tomar sobre o fato cada uma das circunstâncias que o carac-
terizam, e estabelecer exatamente o resultado. No rico teclado de formas que a natureza expõe a 
nossos olhos, as condições são tão diversas, tão intercruzadas, tão complexas, que elas arriscam 
escapar a quem acredita tê-las cedo demais. Há dois obstáculos que devem, particularmente, ser 
levados em consideração: o das fórmulas muito simples e rígidas entre as quais deslizam os fatos 
e o das fórmulas multiplicadas a tal ponto que se acrescentam mais à nomenclatura e não à cla-
reza. Descrever, definir e classificar além de deduzir são as operações que logicamente se man-
têm; mas os fenômenos naturais de ordem geográfica não se curvam com uma solicitude sempre 
dócil às categorias do espírito. A descrição geográfica deve ser maleável e variada como seu 
próprio objeto. Freqüentemente, é proveitoso para ela servir-se da terminologia popular; está 
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Geografia: a ciência da Terra
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sendo formada diretamente em contato com a natureza, tal designação apreendida sobre o atual, 
tal máxima rural ou provérbio podem abrir uma luz sobre um relatório, uma periodicidade, uma 
coincidência, qualquer coisa que se reclama diretamente da Geografia. Não é sem razão que nos 
livros ou memórias geográficas as representações figuradas aparecem cada vez mais. O desenho 
e a fotografia entram a título de comentários na descrição. As figuras esquematizadas têm sua 
utilidade como instrumento de demonstração. Mas nada vale o desenho como meio de análise 
para captar de perto a realidade, e como controle dessas observações diretas, que encontram hoje 
nas excursões geográficas a ocasião freqüente de se exercer. O hábito dessas lições itinerantes é, 
para nós, um dos mais notáveis ganhos pedagógicos desses últimos anos. É a escola ao ar livre, 
mais higiênica e mais eficaz que qualquer outra. Ela escolhe antecipadamente os seus textos,isto 
é, as paisagens onde se junta, numa perspectiva mais fácil, a apreender este conjunto de traços 
característicos que gravam no espírito do geógrafo a idéia de região.
A geografia e a história
É preciso dizer que nesta fisionomia o homem impõe-se, direta ou indiretamente por sua pre-
sença, por suas obras ou conseqüência de suas obras. Ele também é um dos agentes poderosos que 
trabalha para modificar a superfície. Coloca-se, por isso, entre os fatores geográficos de primeira 
ordem. Sua obra sobre a Terra já é longa; há poucas partes que não levam seus estigmas. 
Pode-se dizer que dele depende o equilíbrio atual do mundo vivo. É uma outra questão aquela 
de saber qual influência as condições geográficas exerceram sobre seus destinos e particularmente 
sobre sua história. Não posso deixar de abordar aqui este ponto importante. A História e a Geogra-
fia são companheiras antigas por há muito tempo caminharem juntas e que, como acontece com 
os velhos conhecimentos, perderam o hábito de discernir as diferenças que as separam. Longe 
de mim a intenção de atrapalhar a harmonia deste arranjo. É útil, no entanto, que, continuando a 
prestar serviços recíprocos, elas tenham nítida consciência das divergências que existem nos seus 
pontos de partida e nos seus métodos. 
A Geografia é a ciência dos lugares e não dos homens. Ela se interessa pelos acontecimentos 
da História à medida que acentuam e esclarecem, nas regiões onde eles se produzem, as proprie-
dades, as virtualidades que sem eles permaneceriam latentes. A história da Inglaterra é insular, 
a da França é sacudida entre o mar e o continente; o dedo da Geografia está marcado sobre cada 
uma delas. Estes encadeamentos históricos têm seu lugar na evolução dos fatos terrestres; mas 
quanto é limitado o período de tempo que eles abrangem! 
É uma espécie de truísmo opor a brevidade da vida humana à duração que exige a natureza 
para suas mínimas mudanças: mas, enfim, quão poucas gerações seriam necessárias para colocar 
de ponta a ponta, para tocar no ponto além do qual não há mais testemunho histórico, e mesmo, já 
que a História resume-se em grandes esforços coletivos, onde não há mais história! 
O estudo da evolução dos fenômenos terrestres supõe o emprego de uma cronologia que 
difere essencialmente daquela da História. Somos, muitas vezes, levados a esquecê-la. É o que 
acontece, por exemplo, quando diante do espetáculo de civilizações decadentes, mencionamos a 
explicação dessas decadências e dessas ruínas às das mudanças de climas. Seguramente, houve 
tais mudanças desde a época quaternária; mas podemos aplicar seus efeitos à história humana? 
Ficamos inquietos diante de tais hipóteses, cujo menor defeito não é contornar a questão e 
fechar a porta às pesquisas que tomam a História por base, que não teriam, sem dúvida, dito sua 
última palavra. É tempo de concluir: conhecemos há muito tempo a Geografia incerta de seu 
objeto e de seus métodos, oscilando entre a Geologia e a História. Esses tempos passaram. O que 
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a Geografia, em troca do auxílio que ela recebe das outras ciências, pode trazer para o tesouro 
comum é a aptidão para não dividir o que a natureza juntou, para compreender a correspondência 
e a correlação dos fatos, seja no meio terrestre que envolve a todos, seja nos meios regionais onde 
eles se localizam. Há aí, sem dúvida nenhuma, um benefício intelectual que pode estender-se a 
todas as explicações do espírito. Retraçando as vias pelas quais a Geografia chegou a esclarecer 
seu objetivo e a fortalecer seus métodos, reconhecemos que ela foi guiada pelo desejo de observar 
cada vez mais diretamente, cada vez mais atentamente, as realidades naturais. Esse método trouxe 
seus frutos: o essencial é agarrar-se a eles.
1. Sugestão de atividade em grupo com o uso do texto do geógrafo Paul Vidal de La Blache, sobre 
a Geografia: dividam a turma em seis grupos de trabalho. Cada equipe fará uma síntese de um 
dos seis tópicos do texto e apresentará aos demais colegas.
2. Realize uma pesquisa com pessoas de várias idades. (sugestão: 3 jovens, 3 adultos e 3 idosos), 
com as seguintes perguntas:
O que é Geografia?a. 
Qual a importância do estudo da Geografia?b. 
3. Com base nas respostas, elabore um texto comentando as opiniões que mais lhe chamaram a 
atenção e apresente seu ponto-de-vista com relação ao estudo da Geografia. 
 Formem grupos e organizem uma apresentação dos resultados. Cada equipe poderá elaborar 
uma resposta para as questões da pesquisa e, como fechamento, confeccionar um painel com os 
resultados do trabalho.
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A sistematização 
do saber geográfico
A evolução da Geografia
A té o final do século XVIII, o conhecimento geográfico encontrava-se disperso. A diversidade de matérias com essa designação não permitia estabelecer um conteúdo unitário. Até então, o termo Geografia podia estar associado aos relatos de viagens; aos compêndios de curiosi-
dades sobre lugares exóticos; relatórios estatísticos, ao conhecimento de fenômenos naturais e outros 
conhecimentos sobre porções da superfície terrestre. 
O rótulo Geografia é bastante antigo, sua origem remonta à Antigüidade Clássica, especifica-
mente ao pensamento grego do século V – II a.C. Dessa forma, é possível considerar que o conhe-
cimento sobre os fenômenos geográficos e a busca pela compreensão das relações do homem com 
seu meio estiveram associados ao desenvolvimento do pensamento da humanidade. No entanto, é 
importante observar que a sistematização do conhecimento geográfico é um fato que se consolidou 
efetivamente no início do século XIX.
As condições materiais para a sistematização do conhecimento geográfico surgem no processo 
da industrialização. No momento em que houve a necessidade de que os indivíduos apresentassem 
determinadas capacidades para o processo produtivo foram lançadas as bases destas condições, por-
tanto, “são forjadas no processo de avanço e domínio das relações capitalistas” (MORAES, 1997).
A Geografia, nesse momento, apresentou-se como uma ciência particular e autônoma e, com es-
sas identidades, ganhou espaço na academia. Essa posição garantiu o desenvolvimento científico que, 
assim com as demais ciências, tornou-se um dos instrumentos para implementação dos interesses da 
burguesia na organização e controle dos Estados.
Nesse cenário de transformação de uma produção feudal para um modelo capitalista, emergin-
do uma nova dinâmica na relação do homem com os elementos da natureza. A industria lização mar-
cou um novo momento de organização socioespacial e estabeleceu as condições para o surgimento 
dos sistemas de ensino que passaram a aplicar as ciências na formação dos indivíduos.
A introdução da Geografia como disciplina integrante dos currículos escolares e universitários 
foi realizada inicialmente pela Alemanha. Humboldt e Ritter foram protagonistas desse processo e 
constituí ram a base inicial do pensamento geográfico nas escolas alemãs. Esse pensamento tinha 
como objetivo contribuir com a formação do Estado Nacional Alemão. 
Se antes a Geografia era destinada aos estados-maiores militares ou aos interesses financeiros, desde a final do 
século XIX, e inicialmente por razões patrióticas, faz-se necessário ensinar noções de Geografia aos futuros ci-
dadãos. Essa Geografia, tornando-se um saber universitário, não possui mais uma função estratégica. Seu papel 
é ideológico e, por esta razão, se converte num discurso sem conotações políticas expressas. 
A visão, naquele momento, foi a de que à Geografia não caberia discutir os problemas do Estado, afirmando que 
este não é objeto do conhecimento geográfico. Assim, oculta-se o alcance político do saber geográfico. A visão 
naturalista e mecanicista da realidade passoua determinar a organização dos conteúdos da Geografia. (PEREI-
RA, 1989, p. 38)
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Alguns dados são apresentados por Pereira (1989) e demonstram que em 
1860, todas as crianças entre os 6 e os 15 anos na Prússia eram obrigadas a fre-
qüentar a escola. Na Prússia, em 1870, o percentual de analfabetos com mais de 10 
anos era de 10% entre homens e 15% entre mulheres, chegando a atingir índices 
inferiores a 5% em algumas regiões. 
A necessidade de professores para as escolas exigiu do Estado a formação 
desses profissionais. A universidade assumiu então esta tarefa, provocando a di-
versificação das publicações de cunho geográfico e a expansão universitária. A 
partir 1871, as Cátedras da Geografia estendem-se a todas as universidades da 
Alemanha e ganham o reconhecimento dos países inimigos. 
Em 1870, quando a Alemanha derrota a França, a vitória é atribuída por 
muitos ao ensino ministrado nas escolas alemãs que é de qualidade muito supe-
rior ao que recebem os franceses. Torna-se voz corrente que a guerra havia sido 
ganha pelo mestre-escola alemão. A França, derrotada, lança-se num processo de 
reformulação do sistema de ensino. Entre as leis que foram promulgadas em 1870 
estava a obrigatoriedade do ensino gratuito e laico. Estas reformas defendiam uma 
maior autonomia das universidades, criavam novas disciplinas e aumentavam o 
número de vagas para os professores universitários. O modelo de ensino alemão 
serviu para os franceses disseminarem por meio das escolas as idéias positivistas. 
Idéias estas que tiveram como seu maior representante, Paul Vidal de La Blache. 
A escola geográfica francesa nasce, portanto, como instrumento capaz de auxiliar na re-
cuperação da imagem de grande potência que a França perdera ao sair derrotada da guerra 
com a Alemanha. A geografia francesa, que até então mantivera-se apenas como uma dis-
ciplina auxiliar do ensino da História, fortemente marcada ainda pelo caráter informativo 
e descritivo, será alcançada ao nível de ciência através das formulações de Paul Vidal de 
La Blache. (PEREIRA, 1989, p. 46)
O discurso geográfico, na sua forma escolar, passa a funcionar, então, como 
instrumento de mistificação. Os conhecimentos aplicados na educação francesa 
buscaram impedir o desenvolvimento de uma reflexão política acerca do espaço 
e ocultar a estratégia praticada no nível do espaço como meio para a manutenção 
do poder.
A Escola, em sua fase inicial de implementação, teve sua orientação vol-
tada à construção de Estados Nacionais e o fortalecimento das classes dominan-
tes. Tal ponto de vista abre a perspectiva da compreensão da escola e do ensino 
de Geografia no contexto da expansão do capitalismo. Observa-se, também, que 
a Geografia coloca-se como protagonista das transformações concretas vividas 
nesse momento e também consolida uma visão de educação geográfica que será 
criticada por várias correntes que se formarão no século XX.
As escolas de Geografia
A Geografia passou por diversos momentos na construção de sua base teórica. 
É possível dividir a história do pensamento geográfico em dois momentos; o primeiro, 
que vai da origem da Geografia como ciência no século XIX até meados dos anos 
50/60 do século XX, e o segundo, que vai dos anos 60 até os dias atuais.
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A sistematização do saber geográfico
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O primeiro momento pode ser chamado de naturalista, já que essa escola en-
tende o meio ambiente como a descrição do quadro natural do planeta (relevo, clima, 
vegetação, hidrografia, fauna e flora). As bases dessa Geografia, enquanto conheci-
mento científico que se organizava, foram lançadas por Alexandre von Humboldt, 
conselheiro do rei da Prússia, e Karl Ritter, tutor de uma família de banqueiros. 
Humboldt era naturalista de formação, suas viagens eram, sobretudo, 
 grandes aventuras, as quais apresentavam as bases do seu sistema de análise sobre 
o meio ambiente. Acreditava ele que o geógrafo deveria contemplar a paisagem de 
uma forma quase estética, o que daria ao observador as condições para explicar 
as causas das conexões nela contidas. 
Ritter tinha formação em Filosofia e História e buscou identificar as in-
dividualidades dos arranjos espaciais. Suas pesquisas o levaram a concluir que, 
comparando essas individualidades, poderia-se determinar as causas que, para 
ele, estavam submetidas à designação divina.
Nesse primeiro momento, ainda, surge a obra de Friedrich Ratzel, também 
alemão e prussiano. Em sua análise, Ratzel definiu o objeto geográfico como o estu-
do da influência que as condições naturais exercem sobre a humanidade e na idéia de 
que a natureza atua na possibilidade de expansão de um povo, impondo obstáculos 
ou acelerando-a. Em 1882, escreve Antropogeografia – fundamentos da aplicação 
da Geografia à História, obra que lança a Geografia Humana nos debates acadê-
micos. A visão naturalista de Ratzel manteve o método de análise das ciências da 
natureza, pois esse concebia que as causas dos fenômenos humanos e naturais eram 
semelhantes. Constitui-se nesse momento, o princípio da escola determinista1. 
A escola determinista encontrou na França seus primeiros críticos. Paul Vidal 
de La Blache, um historiador que vivenciou a transição entre os séculos XIX e XX, 
fundou, também, a Escola Francesa de Geografia. Naquele momento, a burguesia 
francesa, vitoriosa pela revolução e preocupada com a manutenção do poder e de 
seu projeto liberal, optou por impedir o ímpeto revolucionário popular, utilizando-
se para tal da ruptura política no pensamento geográfico. A Geografia de La Blache 
“imprimiu no pensamento geográfico o mito da ciência asséptica, propondo uma 
despolitização aparente do temário dessa disciplina” (MORAES, 1997).
A crítica à Geopolítica alemã levou La Blache à valorização do elemento 
humano e seu componente criativo contido em suas ações e que, por esse motivo, 
não estavam submetidos às imposições do meio. O possibilismo de La Blache dei-
xa evidente a ruptura com a visão naturalista ao afirmar que “a Geografia é uma 
ciência dos lugares, não dos homens”. Assim, o que mais importava era a análise 
do resultado da ação humana na paisagem e não a ação propriamente dita.
A Geografia Física avança a partir da ruptura de La Blache e terá seu estudo 
aprofundado por Emmanuel de Martonne, que a divide em sub-ramos (geomorfolo-
gia, climatologia, biogeografia e hidrogeografia). Em seu Tratado de Geografia Físi-
ca, de Martonne deixa implícito o método positivista2, na medida em que subdivide 
o estudo da Geografia e apresenta sua visão, na qual os elementos naturais não se 
inter-relacionam na elaboração das diferentes paisagens. Essa abordagem permane-
ceu com forte influência sobre estudiosos durante a primeira metade do século XX. 
1Os discípulos de Ratzel mantiveram análises empí-
ricas, utilizando-se de máxi-
mas como “as condições natu-
rais determinam a História”, ou 
“o homem é produto do meio”. 
Tais análises manifestaram-se 
no Brasil por meio de inter-
pretações na História como, 
por exemplo: a “indolência do 
homem tropical”, ou o “sub-
desenvolvimento, como fruto 
da tropi ca lidade”. (MORAES, 
1997)
2Foi no século XIX, com Augusto Comte, que sur-
ge o positi vismo. Segundo ele, 
a mente humana, ao procurar 
explicação para os fenôme-
nos, dá inicialmente uma ex-
plicação sobrenatural (teoló-
gica), depois uma explicação 
das causas por forças abstra-
tas (meta física) e, finalmente, 
uma explicação visando a 
descoberta de leis que expli-
cam os fenômenos. O método, 
então, apresenta-se como o 
conjunto de procedimentos 
científicos que permitem tais 
explicações.
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Fundamentos Teóricose Práticos do Ensino de Geografia
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O método positivista teve vários adeptos, porém, é importante lembrar que 
a Geografia, enquanto uma ciência que se desenvolvia na academia, estava vin-
culada à produção de conhecimento para as classes dominantes. Poucos foram os 
estudiosos que se opuseram à produção científica nestes moldes. Nesse aspecto, 
pode-se ressaltar a obra de Elisée Reclus, militante anarquista que pertenceu à 
Primeira Internacional e marcou presença na Comuna de Paris, sendo um dos 
estudiosos que se posicionou contrariamente aos interesses da burguesia francesa. 
Publicou as obras Geografia Universal e A Terra e o Homem, nelas demonstrando, 
naquele momento, a sua vertente ambientalista associada à sua posição política 
anticapitalista, justificando o desinteresse na publicação de sua obra, reconhecida 
somente após os anos 60. 
O segundo momento vivido pela Geografia na sua evolução aconteceu nos 
anos 50. Esse período é marcado pelo surgimento da Nova Geografia3, revisando 
as idéias positivistas vigentes e marcando um novo momento no qual a Geografia 
Física revitalizava-se devido aos pressupostos do neopositivismo. Tais pressupos-
tos caracterizavam essa nova etapa do pensamento geográfico. Nos anos 60, surge 
a Teoria Geral dos Sistemas4, influenciando a Geografia Física na sua análise e no 
tratamento do quadro natural do planeta. Na União Soviética, denomina-se essa 
abordagem metodológica de Geossistêmica5. 
Os Estados Unidos, por sua vez, preocuparam-se em formular meto dologias 
teórico-quantitativistas, seguindo as linhas de William Morris Davis. Essa con-
cepção teórica, segundo Christofoletti (1982) “predominou de modo inconteste 
por quase meio século. Se muitas críticas lhe eram endereçadas, não surgia outra 
proposição coerente e global capaz de substituí-la”.
É importante ressaltar que essas duas concepções estavam embutidas em 
um contexto político internacional que delimitava o conhecimento científico aos 
interesses de duas grandes potências políticas e industriais. Essa predominância 
não impediu o desenvolvimento de diversas abordagens geográficas em outros 
países. No entanto, são compreendidos nessa pesquisa como principais protago-
nistas das alterações ambientais deste período.
Os princípios fundamentais 
da ciência geográfica
As diferentes escolas de Geografia que se desenvolveram ao longo dos sécu-
los XIX e XX deixaram grandes contribuições teóricas e metodológicas. Para que 
possamos compreender o funcionamento do pensamento geográfico é importante 
ter em mãos alguns dos seus princípios fundamentais que auxiliam na explicação 
dos fenômenos geográficos.
 O princípio da extensão – todo o fenômeno geográfico tem sua ocorrên-
cia numa determinada porção do espaço, portanto, esse fenômeno pode 
ser delimitado, dimensionado, aferido e representado.
3 A denominação de Nova Geografia “foi inicial-
mente proposta por Manley 
(1966), considerando o con-
junto de idéias e de aborda-
gens que começaram a se 
difundir e a ganhar desen-
volvimento durante a década 
de 50. O surgimento de novas 
perspectivas de abordagem 
está integrado na transforma-
ção profunda provocada pela 
Segunda Guerra Mundial 
nos setores científico, tecno-
lógico, social e econômico”. 
(CHRISTO FO LET TI, 1982).
4 Ludwig von Bertalanffy escreve em 1968 a Teo-
ria Geral dos Sistemas que, 
segundo ele, “consiste numa 
ampla concepção que trans-
cende de muitos problemas 
e exigências tecnológicas, 
é uma reorientação que se 
tornou necessária na ciência 
em geral e na gama de disci-
plinas que vão da Física e da 
Biologia às Ciências Sociais 
e do comportamento e à Fi-
losofia”.
Segundo CAPRA, 1996, Ber-
talanffy não viu e rea lização 
de sua visão, “no entanto, 
duas décadas depois de sua 
morte, em 1972, uma concep-
ção sistêmica de vida, mente 
e consciência começou a 
emergir, transcendendo fron-
teiras disciplinares e, na ver-
dade, sustentando a promessa 
de unificar vários campos de 
estudo que antes eram sepa-
rados”.
5 Segundo Mendonça (1998), Soctchava considerou o 
geossistema como abor dagem 
metodológica da Geografia 
Física para o tratamento do 
quadro natural do planeta. Essa 
metodologia marcou na geogra-
fia física soviética, permitindo 
um amplo co nhecimento do 
território.
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A sistematização do saber geográfico
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 O princípio da analogia – todo o fenômeno geográfico é possível de ser 
comparado a outros fenômenos do mesmo tipo, assim, pode-se estabele-
cer semelhanças e diferenças que facilitarão a sua compreensão.
 O princípio da causalidade – todo o fenômeno geográfico tem uma ou 
mais causas, por isso, o entendimento delas deve ser buscado e explicado 
a fim de se entender o processo.
 O princípio da atividade – todo o fenômeno geográfico tem um caráter 
dinâmico em constante transformação e o seu estudo deve compreender 
sua relação com o tempo histórico, assim, cada fato está associado ao 
movimento contínuo da sociedade e da natureza.
 O princípio da conexidade – todo o fenômeno geográfico provoca mu-
tações em outros fenômenos interligados, assim como sofre mutações 
por eles provocadas.
Grandes conceitos da Geografia
Como todas as demais ciências sociais, a Geografia possui alguns conceitos-
chave que permitem apresentar o seu objeto, delimitando suas categorias específicas. 
Como ciência social, a Geografia tem por seu objeto de estudo a sociedade humana 
sobre a superfície terrestre, a morada do homem. Os conceitos que iremos apresentar 
têm entre si uma aparente semelhança, pois em nosso cotidiano usamos muitas vezes 
essas expressões, porém elas são categorias fundamentais para compreendermos a 
complexidade da sociedade em suas relações e nas relações com a natureza.
O espaço geográfico
Durante a evolução do pensamento geográfico ocorreram muitas escolas 
e pensamentos distintos. A Geografia Tradicional concebeu o espaço como um 
receptáculo que apenas contém as coisas, os objetos, ou seja, o termo espaço é 
utilizado no sentido de área que contém os fenômenos e que estes são localizáveis. 
A Geografia Teorética-quantitativa apresenta o espaço em duas perspectivas. A 
primeira admite o espaço como a planície isotrópica que se explica de forma ra-
cionalista e hipotética-dedutiva. A segunda executa as representações matriciais e 
topológicas, constituindo os meios operacionais que permitem conhecer a organi-
zação espacial e gerar diferentes modelos de interpretação da realidade espacial.
A Geografia Crítica surge na década de 1970, sendo que sua maior base 
filosófica assenta-se no materialismo histórico e na dialética sustentados na obra 
de Karl Marx. Dessa forma, rompe com a visão tradicional e com a visão quanti-
tativista. O espaço agora é visto como o locus da reprodução das relações sociais 
de produção. A contribuição de Henri Lefébvre para a afirmação de que o espaço 
é o locus da reprodução da sociedade aparece na sua obra A Produção do Espaço 
(1974) e em muitas outras obras.
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
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Do espaço não se pode dizer que seja um produto como qualquer outro, um objeto ou uma 
soma de objetos, uma coisa ou uma coleção de coisas, uma mercadoria ou um conjunto 
de mercadorias. Não se pode dizer que seja simplesmente um instrumento, o mais impor-
tante de todos os instrumentos, o pressuposto de toda produção e de todo o intercâmbio. 
Estaria essencialmente vinculado com a reprodução das relações (sociais) de produção. 
(LEFÉBVRE, 1976, p. 34)
A vasta obra de Milton Santos teve grande inspiração em Lefébvre e seu con-
ceito de espaço social. A natureza e o significado do espaço aparecem como fator 
social e não apenas como reflexo. Constitui-se o espaço, segundo Milton Santos, em 
uma instância da sociedade organizada que subordina e é subordinado

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