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HISTÓRIA DAS ARTES VISUAIS MODERNA E PÓS-MODERNA Prof. Fernando Azevedo Capturado pelos Nazistas, Amadeu conheceu um extremo despojamento, foi privado de tudo. As roupas largas dançavam no seu corpo e os sapatos, tirados de uma pilha sem numeração, feriam seus pés. Vagava pelo campo como um espectro faminto, ia resistindo no “avesso do nada”. Mas sempre havia algo a ser descoberto: um papel rasgado que a ventania arrastava, um santinho amassado que alguém esqueceu, um prego sem cabeça. Uma chave partida. Ele ia guardando cada um desses fiapos abandonados. Ecléa Bosi O TEMPO VIVO DA MEMÓRIA ensaios de Psicologia Social Por exemplo, de um papel rasgado fez um envelope, descreveu no avesso a sua agonia, endereçou ao irmão em Trieste e escondeu-o num buraco no chão. Dois anos depois seu irmão recebia a carta. Alguém a havia encontrado e enviado pelo correio. Quem teria sido? Nunca souberam. A chave partida que recolheu num ralo e conservou por tanto tempo, ele transformou num instrumento heróico. Quando conduzido para Auschwitz, usou-a como a chave de fenda na janelinha do banheiro do trem e daí saltou para a liberdade e para a vida. Para reflexão a história de Amadeu Paulo Bruscky nasceu em Recife, em 1949, onde vive e trabalha Usa diversas mídias, que incluem desenhos, performances, happenings, copy art e fax-art, arte postal, intervenções urbanas, fotografia, filmes, poesia visual, experimentações sonoras e intervenções em jornais, entre outras experiências Paulo Bruscky Paulo Bruscky O que é arte 1978. “A arte pode ser ruim, boa ou indiferente, mas qualquer que seja o adjetivo empregado, temos que chamá-la arte. A arte ruim é arte, do mesmo modo como uma emoção ruim é uma emoção” Marcel Duchamp Frederico Morais ARTE É O QUE EU E VOCÊ CHAMAMOS ARTE 801 DEFINIÇÕES SOBRE ARTE E O SISTEMA DA ARTE • letra para teste • coloriLETRAPARAregbredbrdaHISTÓRIA DAS ARTES VISUAIS MODERNA E PÓS-MODERNA 1. Maior compromisso com a cultura e com a historia 2. Ênfase na interrelação entre o fazer, a leitura do trabalho artístico e a contextualização 3. Arte na educação como expressão pessoal e como cultura 4. ampliação do conceito de criatividade 5. Alfabetização visusal - a leitura ampliada e contextualizada do objeto artístico 6. O compromisso com a diversidade cultural – interculturalismo 7. Conhecimento crítico da imagem. Como os conceitos formais, visuais, sociais e históricos aparecem na arte, como eles têm sido percebidos, redefinidos, redesignados, distorcidos, reformulados, justificados e criticados em seus processos construtivos. CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO DA ARTE BRASILEIRA PARA A HISTÓRIA DAS ARTES VISUAIS MODERNA E PÓS-MODERNA Ana Mae Barbosa ARTE MODERNA E PÓS-MODERNA • letra para teste • coloriLETRAPARAregbredbrda “As aula de Nelson Leirner questionavam você o tempo todo, matavam qualquer certeza. O jeito como ele duvidava de tudo ia justamente construindo sua personalidade de artista. Ia dando firmeza. Seu Trabalho tem a mesma irreverência de sua personalidade. Isto é atitude: estar sempre jogando tudo para o alto. É arriscado, é poético.” Leda Catunda Nelson Leirner, Você faz parte II 1964. Nelson Leirner, Porco empalhado 1966. Marcel Duchamp Fonte 1917. “Duchamp implodiu a lógica do sistema artístico, introduzindo-lhe um objeto que não era pintura nem escultura, um objeto industrial, anônimo - um objeto apenas - com isso, demonstrou que a produção de sentido, o interesse estético, é também prerrogativa de quem olha, e não necessariamente de quem faz.” Aguinaldo Farias “No início dos anos 60 ainda era possível pensar nas obras de arte como pertencentes a uma de duas amplas categorias: a pintura e a escultura. As colagens cubistas e outras, a performance futurista e os eventos dadaístas já haviam começado a desafiar este singelo “duopólio” e a fotografia reivindicava, cada vez mais seu reconhecimento como expressão artística. No entanto, ainda persistia a noção de que a arte compreende essencialmente aqueles produtos do esforço criativo humano que gostaríamos de chamar de pintura e escultura... ...Depois de 1960 houve uma decomposição das certezas quanto a este sistema de classificação. Sem dúvida, alguns artistas ainda pintam e outros fazem aquilo a que a tradição se referia como escultura, mas estas práticas agora ocorrem num espectro mais amplo de atividades.” ARCHER, Michael, 2001:1 Leonilson O ilha 1990. Leda Catunda Chica a gata e Jona o gato? 1985. CONTRIBUIÇÕES DA ARTE-EDUCAÇÃO À HISTÓRIA DAS ARTES VISUAIS MODERNA E PÓS-MODERNA DESENHOS DOS ALUNOS DE FRANZ CIZEK 1922 O ato de dar e receber presentes é o tema principal de acordo com a pintura acima Bella Vichon onde crianças abrem os presentes embaixo da Árvore de Natal. (Escola de Cizek). Pintura de uma criança com o seu presente de natal. Bretl Hanuz COLEÇÃO DE DESENHOS INFANTIS DO ACERVO MÁRIO DE ANDRADE 2.262 itens 93 documentos 2160 desenhos Desenhos de crianças entre 2 e 16 anos 1.243 desenhos de concurso 809 desenhos de escolas 47 desenhos de filhos de amigos 61 desenhos sem indicação COLEÇÃO Mais da metade dos desenhos foi produzida nos Parques Infantis e na Biblioteca Infantil quando Mário de Andrade instituiu o concurso de desenhos infantis em 1937 Os desenhos tem uma apresentação uniforme no papel São emoldurados por uma margem traçada a lápis grafite que mede de 2 a 3 centímetros No verso constam informações relativas a criança e seus pais. Problemática da identificação e assimilação dos imigrantes Mário de Andrade em pesquisa realizada extra oficialmente atesta que os Parques recebiam crianças operárias e a Biblioteca, burguesas. Nos desenhos haviam 501 registros relativos a cor das crianças 478 brancas 16 pretas 10 mulatas 6 morenas 1 parda INTERCULTURALISMO E PÓS-COLONIALISMO “Para a teoria pós-colonial, não se pode separar a análise estética de uma análise das relações de poder. A estética corporifica, sempre, alguma forma de poder. Não há poética que não seja, ao mesmo tempo, uma política” Tomaz Tadeu da Silva (2007, p.126) “No Brasil Colonial, os habitantes dos povoados e vilas dedicavam metade dos dias do ano à realização de festas religiosas. Essas festas aconteciam nas ruas, na forma de desfiles. A música, o teatro, a dança e a beleza das vestes e objetos, como mastros, estandartes, andores e bandeiras, compunham um grande espetáculo itinerante. Foi a partir dessas celebrações religiosas que nasceu a maioria dos festejos populares que conhecemos hoje. Os africanos escravizados e seus descendentes encontraram nessas celebrações festivas um modo de preservar muitas de suas tradições.” “(...)a verdadeira desalienação do negro implica uma súbita tomada de consciência das realidades econômicas e sociais. Só há complexo de inferioridade após um duplo processo: -inicialmente econômico -Em seguida pela interiorização, ou melhor, pela epidermização dessa inferioridade. (...) Freud (...) substituiu a tese filogenética pela perspectiva ontogenética. Veremos que a alienação do negro não é apenas uma questão individual. Ao lado da filogenia e da ontogenia, há a sociogenia.” Frantz Fanon Miguel da Silva Paranhos do Rio Branco nasceu em 1946 em Las Palmas de Gran Canaria, Espanha. É pintor, fotógrafo, diretor de cinema, além de criador de instalações multimídia. Atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro. Trabalhou intensamente na Europa e Américas desde o começo de sua carreira. Miguel Rio Branco “Todo povo colonizado- isto é, todo povo no seio do qual nasceu um complexo de inferioridade devido ao sepultamento de sua originalidade cultural – toma posição diante de linguagem da nação civilizadora, isto é, da cultura metropolitana. Quanto mais assimilar os valores culturaisda metrópole, mais o colonizado escapará da sua selva. Quanto mais ele rejeitar sua negridão, seu mato, mais branco será. No exército colonial, e especialmente nos regimentos senegaleses de infantaria, os oficiais nativos são, antes de mais nada, intérpretes. Servem para transmitir as ordens do senhor aos seus congêneres, desfrutando por isso de uma certa honorabilidade. Temos a cidade, temos o campo. Temos a capital e a província. Aparentemente o problema dessa relação é o mesmo em toda parte.” “A auto-imagem contemporânea (...) se mantém como uma forma de reivindicar identidade, seu foco está na produção de um estranhamento – aquela reminiscente à sensação de se olhar no espelho e não se reconhecer.” Katia Canton Keila Alaver Karen, Sandra, Ellen, Kellen, Henry, Keila e Chico. 1996. Capturado pelos Nazistas, Amadeu conheceu um extremo despojamento, foi privado de tudo. As roupas largas dançavam no seu corpo e os sapatos, tirados de uma pilha sem numeração, feriam seus pés. Vagava pelo campo como um espectro faminto, ai resistindo no “avesso do nada”. Mas sempre havia algo a ser descoberto: um papel rasgado que a ventania arrastava, um santinho amassado que alguém esqueceu, um prego sem cabeça. Uma chave partida. Ele ia guardando cada um desses fiapos abandonados. Ecléa Bosi O TEMPO VIVO DA MEMÓRIA ensaios de Psicologia Social Por exemplo, de um papel rasgado fez um envelope, descreveu no avesso a sua agonia, endereçou ao irmão em Trieste e escondeu-o num buraco no chão. Dois anos depois seu irmão recebia a carta. Alguém a havia encontrado e enviado pelo correio. Quem teria sido? Nunca souberam. A chave partida que recolheu num ralo e conservou por tanto tempo, ele transformou num instrumento heróico. Quando conduzido para Auschwitz, usou-a como a chave de fenda na janelinha do banheiro do trem e daí saltou para a liberdade e para a vida. A história de Amadeu EXERCITE: QUE CHAVE PARTIDA VOCÊ ENCONTROU NA APRESENTAÇÃO DESTE DISCURSO VISUAL-VERBAL? Referências •ARCHER, Michael. Arte Contemporânea: Uma História Concisa. Tradução: Alexandre Krug e Valter Lellis Siqueira. São Paulo: Martins Fontes, 2001. •BARBOSA, Ana Mae (org.) Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. 5. Ed.São Paulo: Cortez. 2008. •BOSI, Ecléa. O Tempo Vivo da Memória: Ensaios de Psicologia Social. São Paulo: Ateliê Editorial. 2003. •CANTON, Katia. Novíssima Arte Brasileira- um guia de tendências. São Paulo: Iluminuras e FAPESP, 2000. •FANON, Frantz. Pele Negra, Máscaras Brancas. Salvador: EDUFBA. 2008. •MORAIS, Frederico. Arte é o que eu e você chamamos arte: 801 definições sobre arte e o sistema da arte. Rio de Janeiro: Record, 1998. •Uma visita ao museu Afro Brasil. São Paulo. 2006.
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