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Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 1 Classificação, crescimento e isolamentos dos fungos O estudo dos fungos é chamado de micologia, e em 1969 foram classificados como reino Fungi, atualmente fazem parte do domínio Eurakya. Os fungos são organismos eucarióticos, podem ser unicelulares (leveduras) ou multicelulares (fungos filamentosos, mofo) alguns são microscópios e outros macroscópicos (maioria), é muito comum nos depararmos com os fungos no nosso dia a dia. São ubíquos (locais úmidos, com matéria orgânica). Eles são responsáveis pelo mofo das roupas, pela decomposição da matéria orgânica, alguns são utilizados na culinária, na fabricação de alimentos e medicamentos, mas nem tudo são flores, os fungos também são responsáveis por provocar inúmeras doenças em humanos. São classificados sendo sua nutrição como seres heterotróficos (absorção – enzimas extracelulares). Podem ser classificados como aeróbios ou anaeróbios facultativos, e sua reprodução pode ser sexuada (troca de gametas) ou assexuada (ausência de troca de gametas), e crescem bem à temperatura ambiente e em meios ácidos. Ex: aspergillus fumigatis e aspergillus niger. Mais de 600 mil espécies de fungos já foram identificadas, os mais conhecidos são: leveduras, bolores e cogumelos. As leveduras estão vastamente espalhadas pela natureza, certamente você já observou como um pó branco que cobre frutas e folhas, são unicelulares e não filamentosos. Os bolores são multicelulares e microscópicos, porém quando crescem em colônia é possível enxerga-los a olho nu. É formado por vários filamentos chamados de hifa, o conjunto de hifas forma um micélio. Assim como todos os seres vivos, para conseguirem crescer e se desenvolver os fungos precisam de nutrientes. Para que consigam se desenvolver, os fungos nutrem-se através de 3 formas diferentes, podem ser saprófitos quando se alimentam da matéria orgânica, geralmente em decomposição, parasitas quando vivem em outros organismos vivos, ocasionando prejuízos para o hospedeiro e simbiontes quando se desenvolvem em outros organismos, mas através de uma relação benéfica para ambos. As principais características que os diferenciam dos vegetais são: (1) Não sintetizam clorofila; (2) Não possuem celulose em sua parede celular (exceto: alguns fungos aquáticos); (3) Não armazenam amido como substância de reserva. Para o seu desenvolvimento, os fungos exigem, de preferência, carboidratos simples como a D-glicose. Entretanto, outros açúcares como sacarose, maltose e fontes de carbono mais complexas como amido e celulose também podem ser utilizados. Substâncias nitrogenadas inorgânicas como, sais de amônia ou nitratos, ou orgânicas, como as peptonas e sais minerais como sulfatos e fosfatos, também são necessárias. Oligoelementos como ferro, zinco, manganês, cobre, molibdênio e cálcio são exigidos, porém em pequenas quantidades. As maiorias dos fungos crescem na presença de fontes simples de nitrogênio e carboidrato. O meio de cultura utilizado com frequência na micologia para o isolamento dos fungos é o ágar de Sabouraud que possui glicose e carbono na sua composição. No entanto, outros meios de cultura, também podem ser utilizados como ágar inibidor de bolores. No processo de crescimento dos fungos alguns fatores são importantes e podem interferir no seu desenvolvimento, tais como a umidade, a temperatura, o pH, etc. Em condições ideais, a umidade relativa do ar para o desenvolvimento dos fungos devem ser em torno de 75 a 95% mas eles também conseguem se desenvolver em lugares com teores baixos de umidade. A temperatura para o seu crescimento varia de acordo com as espécies, desse modo, envolve uma larga faixa. Os fungos de importância clínica, geralmente apresentam temperatura ótima entre 20ºC e 30ºC, e um pH em torno de 5,6 é ótimo para o crescimento deles. O crescimento dos fungos é demorado, uma cultura geralmente precisa de 7 a 15 dias de incubação. Importante: No cultivo de fungos clínicos por meio de amostras que não são estéreis, são acrescentados antibióticos para impedir que bactérias e fungos bolores saprófitos também cresçam. Importância Penicilina: antibiótico produzido pelo fungo Penicilium crysogenum e descoberto pelo médico Alexander Fleming (1941) – II Guerra Mundial. Essa substância é capaz de matar outros microrganismos, por isso que foi chamado de antibiótico. Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 2 Relações ecológicas: (1) saprofitismo – decomposição de matéria orgânica e isso ocorre porque alguns fungos utilizam enzimas extracelulares em processos fermentativos; (2) Simbiose – associação a longo prazo entre dois organismos de espécies diferentes (benéfica para ambos). Ex: líquens – fungos e algas, micorrizas – fungos e raízes de determinadas plantas. (3) Parasitismo – interação entre duas espécies, sendo uma delas (parasita) se beneficia da outra (hospedeira). Ex: cândida albicans (candidíase) e sprothrix schenchii (esporotricose). Micologia médica: na nossa microbiota normal temos a malassezia spp e a Candida spp, e em condições de desequilíbrio favorecem o surgimento de doenças: (1) Micoses: doenças na pele; (2) Intoxicação (micotoxinas); (3) Hipersensibilidade (alergias). Micoses Doenças ocasionadas pelos fungos são chamadas de micoses. Um exemplo bastante comum de micoses são as “frieiras” que surgem entre os dedos dos pés. As micoses são doenças crônicas, de longa duração, isso acontece devido ao lento crescimento dos fungos. Esses organismos atuam causando três tipos de doenças nas pessoas: alérgicas, tóxicas e infecciosas. As alergias são frequentemente percebidas em pessoas expostas a ambientes úmidos, o que favorece o crescimento dos fungos saprofíticos e liberação de esporos e conídios por eles no ar. Durante o inverno, por exemplo, é bastante comum o aumento na incidência e prevalência de algumas doenças respiratórias tais como a asma e a rinite, justamente por conta da exposição ao alergênio. As infecções fúngicas podem ser classificadas de 5 formas diferentes: sistêmica, subcutânea, superficial e oportunista. As micoses superficiais são ocasionadas por fungos que podem ser encontrados nos fios de cabelos e em células da epiderme. As micoses oportunistas são aquelas causadas por fungos oportunistas, ou seja, que acometem indivíduos que estão com o sistema imunológico prejudicado. Um exemplo de fungo oportunista que você já deve ter ouvido falar é a cândida, que desencadeia uma famosa doença conhecida como candidíase, bastante comum entre as mulheres. A espécie mais conhecida desse gênero é o candida albicans, estima- se que cerca de 75% das mulheres já foram acometidas por esse tipo de fungo. Indivíduos imunocomprometidos são mais susceptíveis a infecções por cândida albicans, esse fungo frequentemente também afeta a cavidade oral, ocasionando a candidíase oral, como pode ser vista na figura abaixo. As micoses cutâneas são aquelas que acometem a pele, couro cabeludo e unhas, são causadas por fungos dermatófitos, esse tipo de fungo degrada a queratina, proteína encontrada na pele, cabelos e unhas. A transmissão desse tipo de micose acontece pelo contato com pessoas ou animais infectados ou pelo contato direto com materiais contaminados. Entre os sinais e sintomas mais comuns das micoses cutâneas verifica-se a presença de prurido, descamação, lesões arredondadas na pele, unhas espessadas e opacas e pelos tonsurados. As micoses subcutâneas referem-se as micoses que ocorrem em tecidos mais profundos da pele, geralmente são contraídas por meio de acidentes com materiais contaminados com certos tipos de fungos, os quais são encontrados nosolo e vegetação. Esses fungos podem causar abcessos e úlceras difíceis de serem cicatrizadas. Um exemplo é a esporotricose. A esporotricose é uma micose causada pelo fungo universal Sporothrix spp, comum em locais de clima tropical e subtropical. Afeta homens e animais, nos seres humanos, a infecção geralmente é restrita à pele, porém em alguns casos pode espalhar-se através da corrente sanguínea e atingir outros órgãos. As micoses sistêmicas, como o próprio nome já diz são infecções que acontecem em todo o corpo, podendo prejudicar tecidos e órgãos, sem ficar limitada a certa região. Um exemplo de micose sistêmica é a histoplasmose, doença causada pelo histoplasma capsulatum que afeta, principalmente, os pulmões e é bastante semelhante à tuberculose. As micoses sistêmicas não são contagiosas entre humanos. A doença tóxica acontece quando ocorre o consumo de alimentos contaminados com fungos que produzem micotoxinas, ou através de consumo de fungos macroscópicos que são venenosos. Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 3 Ascomicetos Os ascomicetos são fungos septados e incluem alguns tipos de leveduras, são chamados de fungos de saco por conta de sua morfologia, os ascomicetos pertencem ao filo Ascomycota, o maior grupo do reino Fungi. Podem ser saprófitos, parasitas ou simbiontes. Normalmente, estão presentes na água e no solo. A principal característica dos ascomicetos é a presença de um asco, estrutura onde são produzidos os ascóporos, que são esporos de origem sexuada, sua formação acontece a partir da fusão de dois núcleos de duas células. As maiorias das espécies patogênicas para o homem são: Hemiascomycetes, Loculoascomycetes e Plectomycetes. A reprodução assexuada acontece por meio dos conídios, produzidos através do conidióforo. A palavra conídio denota pó, esses esporos são com facilidade liberados da cadeia formada no conidióforo ao menor contato e flutuam no ar como poeira. Na figura é representada a reprodução assexual de um ascomiceto. Na reprodução sexual, a partir do micélio vegetativo desenvolvido, ocorre a plasmogamia, ou seja, união do citoplasma de duas células, logo em seguida acontece a cariogamia, união de dois núcleos, depois acontece meiose e mitoses, na etapa seguinte o asco abre-se para liberação dos ascóporos e finalizando o ciclo, o ascósporo germina para produzir a hifa. Hipersensibilidade a fungos: frequentemente, as pessoas são expostas a esporos e conídios que estão presentes no ar, as vias respiratórias são as mais afetadas por essas partículas. A hipersensibilidade aos fungos é manifestada nas pessoas através de doenças respiratórias, a asma, rinite e a sinusite, por exemplo, são comumente relacionadas a hipersensibilidade a estes microrganismos. Com frequência, essas partículas possuem potentes antígenos de superfície, capazes de estimular e desencadear reações alérgicas pronunciadas. Tais respostas de hipersensibilidade não exigem o crescimento nem mesmo a viabilidade do fungo indutor, embora em alguns casos (aspergilose broncopulmonar alérgica) possam ocorrer simultaneamente infecção e alergia. O diagnóstico da alergia ocasionada por fungos é realizado a partir de testes laboratoriais, o teste cutâneo com extratos fúngicos é bastante utilizado para esta finalidade, além disso, a realização de provas sorológicas para comprovação de IgE específica, testes de provocação e pesquisa de fungos no ambiente frequentado pelo paciente também são realizados. O tratamento para este tipo de alergia, consiste em evitar se expor ao alergênio agressor, uso de corticosteroides e tentativa de dessensibilização do paciente. Micotoxinas e quimioterapia antifúngica Microtoxinas são metabólitos tóxicos liberados por fungos microscópicos, que resulta em uma micotoxicose que são as intoxicações resultantes da ingestão de alimentos contaminados com micotoxinas. Quando a intoxicação acontece devido ao consumo de fungos macroscópicos é chamada de micetismos. Estima-se que existem em torno de 250 mil espécies de fungos, dessas apenas 300 são produtoras de micotoxinas, sendo 30 responsáveis por quadros micotoxicológicos. As principais espécies que produzem toxinas fazem parte dos gêneros: Aspergillus, Penicillium, Fusarium, Claviceps, Pithomyces, Myrothecium, Stachybotrys, Phoma e Alternaria. As micotoxinas são substancias produzidas por fungos filamentosos, no qual o seu consumo, contato ou inalação, pode resultar em doenças ou até mesmo provocar óbito. Alguns tipos de cogumelos são venenosos e mesmo o seu cozimento não é capaz de eliminar o efeito das toxinas presentes nele, podendo gerar danos no fígado, rins ou mesmo ser fatal. As micotoxinas também são consumidas juntamente de alimentos contaminados por fungos microscópicos, tais como vegetais, grãos e cereais. O grau de intoxicação pelas micotoxinas depende da quantidade que é ingerida ou inalada, de acordo com isso a toxicidade pode ser aguda, crônica, mutagênica ou teratogênica. Na intoxicação aguda pode ser percebido danos no Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 4 fígado e nos rins, sendo muitas vezes fatal. A crônica pode induzir o câncer, principalmente, hepático. Algumas intervêm na replicação do DNA e, como resultado causam implicações mutagênicas e teratogênicas. No passado, intoxicações fúngicas foram responsáveis por ocasionar grandes epidemias no homem e também em animais. O ergotismo, foi a maior delas, sendo responsável por inúmeras mortes na Europa. A doença ocasiona vasoconstricção podendo resultar em isquemia dos vasos sanguíneos. A epidemia foi relacionada ao consumo de pão preparado com farinha de centeio contaminada com Claviceps purpúrea e Claviceps paspali. O tratamento das infecções fúngicas costuma ser longo por conta do demorado crescimento dos fungos, alguns fármacos são utilizados durante o tratamento, mas a maioria apresenta algumas limitações, como acentuados efeitos colaterais, estreito espectro antifúngico, e pouca penetração em determinados tecidos. Os fármacos utilizados no tratamento compreendem os polienos (anfotericina B e nistatina), que se ligam ao ergosterol na membrana celular; a flucitosina, um análogo da pirimidina; os azóis e outros inibidores da síntese do ergosterol, como as alilalaminas; as equinocandinas, que inibem a síntese da β-glucana da parede celular; e a griseofulvina, que interfere na organização dos microtúbulos. Definição, origem e classificação dos vírus A virologia é o ramo da biologia que estuda os vírus. Os vírus vêm da palavra latina que significa veneno, são microrganismos muito pequenos, os menores que existem possíveis de serem vistos apenas através da microscopia eletrônica, são também acelulares, isto é, não possuem células, diferente dos demais microrganismos, bactérias, fungos, protozoários, etc., fora das células hospedeiras, são inertes, sem metabolismo próprio, mas dentro delas, seu ácido nucleico, torna-se ativo, podendo se reproduzir. Apesar das doenças virais existirem a séculos, durante muito tempo os vírus ficaram sem ser estudado, o que causou a morte de milhões de pessoas ao longo dos anos. Somente em 1935, o químico norte-americano Wendell Stanley, isolou pela primeira vez, o vírus do mosaico do tabaco, sendo possível a realização do seu estudo. A descoberta de alguns deles ainda é recente, o HIV e o coronavírus, por exemplo, só foram descobertos na década de 1990 e 1980. Uma vez ou outra, esses “seres” acelulares nos assustam, causando epidemias que são responsáveis pela morte de milhares de pessoas. O mais recente descoberto é o COVID-19, um subtipo da família coronavírus, identificadopela primeira vez em dezembro de 2019, na China, responsável por ocasionar uma pandemia que até o momento não foi controlada, ocasionando milhares de mortes. Os vírus são acelulares, parasitas intracelulares obrigatórios, possuem apenas um tipo de ácido nucleico, que pode ser o DNA ou RNA, alguns são envolvidos por uma capa proteica, chamada de capsídeo e por uma membrana lipídica, denominada envelope. Embora muitas pesquisas sejam realizadas, ainda não há um consenso sobre os vírus serem seres vivos ou não, alguns pesquisadores o consideram como seres vivos – por apresentarem material genético, sofrerem mutações ao longo do tempo, ou seja, capazes de evoluir, outros não os consideram seres vivos, pois são inativos fora de células hospedeiras, o que o faz um parasita intracelular obrigatório, com reprodução intracelular, e são acelulares – teoria celular. Dessa forma, eles podem ser organismos vivos ou não, dependendo do ambiente onde se encontram. Os vírus são classificados de acordo com várias características que podem variar de acordo com cada grupo. Atualmente, a determinação da sequência do genoma é utilizada para identificação inicial do vírus. Eles são classificados de acordo com sua morfologia, tamanho, forma, tipo de simetria, presença ou ausência de membranas, tipo de ácido nucleico, número de fitas, propriedade antigênicas, propriedade das proteínas virais, abrangendo o número, tamanho e funções estruturais das proteínas, etc. Característica gerais dos vírus 1. Possuem um envoltório proteico que protege o material genético denominado de capsídeo; 2. O capsídeo pode ou não ser revestido por um envelope lipídico derivado das membranas celulares; 3. Possuem um único tipo de ácido nucleico, DNA ou RNA; 4. Existem vírus com DNA de fita dupla, simples, RNA de fita dupla ou simples; Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 5 5. São parasitas intracelulares obrigatórios; 6. Multiplicam-se dentro das células vivas usando a maquinaria de síntese das células; 7. Não possuem metabolismo. Toda energia que utilizam provém da célula hospedeira. Estrutura e composição química dos vírus São microrganismos que apresentam uma estrutura bastante simples quando comparados a microrganismos que possuem células. Os vírus são formados basicamente por um tipo de ácido nucleico, que estão envolvidos por uma membrana formada por proteínas, chamada de capsídeo, em alguns casos, também pode estar presente uma membrana lipoproteica, denominada envoltório ou envelope. O envelope tem a função de envolver a partícula viral, é a estrutura mais externa, nem todos os vírus possuem essa estrutura, apenas os mais desenvolvidos, o envelope é formado por uma membrana que contém lipídeos (bicamada) e é adquirido durante a maturação viral, originada da membrana da célula hospedeira, promove: alterações na membrana e incorporações (adesão) de glicoproteínas próprias do vírus. Vírion = partícula viral completa (ácido nucleico + capsídeo proteico), que serve como veiculo na transmissão de um hospedeiro para o outro. No grupo dos vírus não envelopados, o capsídeo não se encontra envolvido pelo envelope, dessa maneira dizemos que o vírus é nu. Como função do envelope: (1) Função das proteínas virais; (2) Protegem o ácido nucleico; (3) Ligam-se a receptores nas células; (4) Penetram na membrana celular; (5) Ajudam a replicar o ácido nucleico (alguns); (6) Iniciam o programa de replicação (alguns); (7) Modificam a célula hospedeira (alguns). O envelope é facilmente rompido quando exposto a soluções ácidas, como detergentes e éter, resultando na inativação do vírus e de sua capacidade infecciosa. Esta é a explicação cientifica para a importância da higienização das mãos e das superfícies quando são expostas a determinados tipos de vírus, o COVID-19, por exemplo, é um vírus que apresenta envelope e quando submetidos a estas soluções é inativado, perdendo a sua capacidade infecciosa. O capsídeo é uma membrana formada por proteínas que engloba (protegendo) o ácido nucleico, além de auxiliar no transporte do material genético (ácido nucleico) para outras células. É uma estrutura bastante rígida o que faz com que o vírus seja capaz de resistir a condições ambientais extremas. O capsídeo é formado por unidades menores chamadas de capsômeros, que pode variar em quantidade de acordo com cada espécie viral. De acordo com a morfologia do capsídeo, os vírus podem ser classificados em: icosaédricos, helicoidais e de estrutura complexa. Os icosaédricos recebem esse nome porque sua estrutura é semelhante a um polígono icosaedro com 20 lados em forma de triângulo, os adenovírus e os herpesvírus são alguns exemplos. Representado na figura abaixo modelo e microscopia eletrônica do adenovírus, um vírus icosaédrico. Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 6 Nos vírus helicoidais, o ácido nucleico fica no interior do capsômero, as proteínas do capsídeo se ligam ao genoma viral, se arrajam em forma de hélice, e na microscopia eletrônica tem forma de cilindro ou tubo, são exemplos o vírus da raiva (Rhabdovírus) e influenza (Orthomyxovírus) fazem parte dessa classificação, são vírus que podem ser rígidos ou flexíveis. Os vírus de estrutura icosaédrica possuem a forma com 20 triângulos equiláteros – o capsídeo é composto por 20 faces iguais, e para a formação desta estrutura requer o mínimo de energia para ser montada. Ex: adenovírus (infecções oculares e respiratórias). Os vírus de estrutura complexa são os que apresentam estruturas que os icosaédricos e os helicoidais não apresentam, os bacteriófagos, por exemplo, são vírus de estrutura complexa. Os bacteriófagos geralmente apresentam uma cabeça em formato de polígono, com estruturas adicionais, que incluem uma causa, com bainha contrátil, placa basal, fibras e outras estruturas. Ex: poxvírus (varíola). Os vírus possuem, apenas, um tipo de ácido nucleico, que pode ser DNA ou RNA, o ácido nucleico é o responsável por carregar as informações genéticas para sua propagação. O DNA e o RNA podem apresentar formato de fita simples ou dupla. Dessa forma, os genomas virais podem ser classificados em quatro tipos: DNA fita dupla; DNA fita simples; RNA fita dupla e RNA fita simples. A quantidade de ácido nucleico em um vírus pode variar de 2.000 a 2,5 milhões de bases ou pares de bases. As proteínas virais apresentam diversas funções importantes. A principal delas é colaborar com a transferência do ácido nucleico do vírus de uma célula hospedeira para a outra. Além disso, ajudam a proteger o genoma viral contra o bloqueio por nucleases, cooperam no encaixe da partícula viral a uma célula apta e são as que dão formato a simetria estrutural da partícula viral. Importante: Alguns tipos de proteínas virais, as de superfície, por exemplo, apresentam algumas atividades específicas como aglutinação. Cultivo, ensaio e identificação dos vírus Uma particularidade dos vírus é que eles não possuem a capacidade de se multiplicar em ambiente extracelular, o que dificulta sua identificação. Outra característica sobre os vírus, é que eles também não se multiplicam em meio de cultura laboratoriais, necessitando permanecer, obrigatoriamente, associados a células vivas para conseguirem se multiplicar. Grande parte do conhecimento sobre a multiplicação dos vírus provém do estudo dos bacteriófagos. Os laboratórios cultivam os vírus com objetivo de analisar minuciosamente o comportamento e replicação viral. O crescimento celular in vitro é primordial para a caracterização dos vírus. Quando os vírus são cultivados em animais, normalmente são utilizados três métodos: uso de animais,ovos embrionados e cultura celular. Alguns vírus só podem ser cultivados em animais como camundongos, coelhos e cobaias. A maioria dos estudos para avaliar a resposta em animais infectados. A inoculação de animais pode ser utilizada como um procedimento diagnóstico para identificação e o isolamento de um vírus a partir de amostras clínicas. Após ser inoculado com o espécime clínico, o animal é observado quanto ao aparecimento de sinais de doença ou é sacrificado para que seus tecidos possam ser analisados à procura de partículas virais. Determinados vírus que afetam humanos não conseguem se multiplicar em animais, às vezes Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 7 conseguem se multiplicar, porém não causam doenças. Isso explica porque o entendimento e a cura para alguns tipos de vírus ainda não foram conhecidos, para o vírus da Aids, por exemplo, ainda não foi descoberto um modelo animal que seja possível analisar a atividade do vírus e o efeito de drogas in vivo. Uma subespécie do HIV pode infectar os chimpanzés, porem, os sintomas da doença não são percebidos nesses animais, e dessa forma, não podem ser utilizados para o estudo dos efeitos da multiplicação dos vírus ou no tratamento da Aids. Algumas pesquisas realizam o desenvolvimento de vacinas que sejam eficazes contra a doença, algumas, inclusive, estão sendo testadas em humanos, mas a evolução da doença é muito lenta, o que pode demorar anos para verificar sua eficácia. Quando os vírus conseguem se multiplicar em ovos embrionados, esse é um método conveniente e barato para o cultivo de alguns vírus animais. Nesse método, é realizada uma perfuração na casca do ovo embrionado, e então é injetado uma suspensão viral dentro do ovo. Durante as vezes que você foi vacinado lembra de alguma vez ser questionado se possui alergia a ovo? A explicação para essa pergunta é justificada pelo fato de muitas vacinas serem desenvolvidas utilizando ovos embrionados, e dessa forma, podem apresentar proteínas que estão presente no ovo. As culturas de células têm sido bastante utilizadas para o cultivo de muitos vírus e consistem em células que se dividem em meio de cultura em laboratório. A obtenção de uma linhagem é iniciada com o tratamento enzimático de fragmentos do tecido animal para separação das células. As células isoladas são suspensas em uma solução com pressão osmótica, nutrientes e fatores de crescimento necessários ao seu desenvolvimento. As células normais tendem a aderir ao recipiente de plástico ou vidro e se reproduzem formando uma monocamada. A infecção viral dessa monocamada muitas vezes causa a sua destruição à medida que os vírus se multiplicam. O crescimento celular in vitro é primordial para a caracterização dos vírus. Os vírus se multiplicam de duas formas diferentes: culturas primárias e culturas contínuas. O tipo de cultura celular utilizado para cultura de vírus depende da sensibilidade das células a determinado vírus. Os vírus isolados podem ser identificados a partir de diversas técnicas laboratoriais. Para isso, alguns métodos são utilizados, entre eles métodos sorológicos e moleculares, nos sorológicos, o vírus é detectado e identificado por sua reação com anticorpos. Entre os métodos moleculares, a reação em cadeia da polimerase pode ser utilizada, com este método foi possível identificar o coronavírus associado a síndrome respiratória aguda grave na China, em 2002. Genética, Replicação e transmissão dos vírus O estudo da genética é um importante instrumento para conhecer a estrutura e a função do genoma viral, assim como seu desempenho no processo infeccioso e desenvolvimento da doença. A genética viral atua colaborando com o desenvolvimento de vacinas que sejam mais eficazes. Muitas vezes, algumas infecções virais passam por repetidas recidivas ou permanecem na presença de anticorpos. A avaliação genética dos vírus passíveis de atuar como alvos prontos para o desenvolvimento da terapia antiviral. Por mais que os vírus geneticamente diferentes, isto é, diferem na quantidade de genes que possuem, o genoma viral, ou seja, o conjunto de todos os genes, deve codificar três tipos de funções. Primeiramente, eles devem provocar alterações na estrutura e/ou funcionamento da célula atingida. Depois devem promover a replicação do seu genoma e por último devem originar outras partículas virais. Para que um vírus se multiplique, ele precisa ter a capacidade de invadir a célula hospedeira e assumir o comando da sua maquinaria metabólica. Um único virion pode originar, em uma única célula hospedeira, inúmeras partículas virais semelhantes., que codificam os componentes estruturais e codificam enzimas utilizadas no ciclo de multiplicação viral. Esse processo pode alterar de maneira drástica a célula hospedeira, podendo causar sua morte. Para que ocorra a replicação do vírus, é necessária a síntese das proteínas virais pelo mecanismo de síntese proteica da célula hospedeira. Por conseguinte, o genoma do vírus deve ser capaz de produzir um RNAm. Foram identificados vários mecanismos que permitem aos RNA virais competir de forma bem-sucedida com os RNAm celulares, a fim de produzir quantidades adequadas de proteínas virais. A reprodução dos vírus variam conforma a maneira como os vírus entram e saem das células Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 8 hospedeiras, e a multiplicação dos bacteriófagos podem ocorrer de duas maneiras: (1) Ciclo lítico – há morte da célula hospedeira; (2) Ciclo lisogênico – a célula hospedeira permanece viva. No ciclo lítico ocorre em cinco etapas: (1) Adesão – o vírion adere à célula hospedeira através do sítio do vírus + receptor da célula. (2) Penetração – o vírion perfura a célula hospedeira e injeta seu DNA através da ação de lisozima; (3) Biossíntese – o DNA viral determina a síntese dos componentes virais (ácido nucleico e das proteínas virais); (4) Maturação – novos vírions são montados na célula hospedeira a partir do DNA e dos capsídeos; (5) Liberação – a célula hospedeira rompe-se e os novos vírions são liberados, ocorrendo a lise da membrana plasmática. No ciclo lisogênico, o processo é semelhante ao ciclo lítico, porém o DNA do fago se insere ao DNA bacteriano, e o vírus agora é chamado de profago. Toda vez que a bactéria replicar seu cromossomo o DNA do profago também é replicado, permanecendo latente nas células filhas. Os vírus possuem diversas estratégias que são utilizadas durante a sua multiplicação nas células hospedeiras. Apesar de existirem diferenças entre as espécies, o processo de replicação é parecido. De forma geral, a replicação viral acontece em cinco etapas consecutivas. As duas primeiras etapas referem-se à fixação (adesão), penetração e desnudamento. Quando ocorre a ligação do vírus com a célula hospedeira, a partícula viral, é capturada para o interior da célula provendo a sua penetração, logo em seguida acontece o desnudamento, onde ocorre a separação do ácido nucleico dos outros elementos virais. A terceira etapa consiste na síntese dos componentes virais. Essa fase ocorre após o desnudamento do genoma viral, e compreende a produção de novas partículas virais em cada célula infectada através da replicação do ácido nucleico e produção do capsídeo. A quarta etapa é a maturação, onde, as proteínas e o ácido nucleico viral se unem para desenvolver partículas virais maduras. A quinta e última etapa, consiste na liberação, processo em que o vírus deixa a célula onde ocorreu seu processo de maturação e invade outra célula que ainda não tenha sido infectada. Ao longo dos anos, os vírus conseguiram desenvolver formas pra sobreviver na natureza e seremtransmitidos de um hospedeiro para outro. A forma de transmissão dos vírus depende de alguns fatores que inclui o modo de interação entre o vírus e o hospedeiro. Os vírus podem ser transmitidos para humanos através de várias formas, por exemplo, você já deve ter observado que é comum em uma mesma casa quando alguém adoece de uma gripe, é normal que outras pessoas da mesma casa também fiquem gripados, essa é uma situação bastante comum do dia a dia e corresponde a uma forma de transmissão por contato. As principais formas de transmissão por contato incluem perdigotos, contato sexual, contato mão boca, mão olhos, etc. Outras formas de transmissão dos vírus podem ser de forma indireta pela via orofecal, ou transmissão por vetores. Alguns vírus são altamente contagiosos, o vírus do sarampo, por exemplo, é um desses. Uma única pessoa com sarampo consegue transmitir o vírus para 90% das pessoas que estão próximas a ela. Estima-se que uma única pessoa com sarampo transmita o vírus para mais de 18 pessoas. Princípios, patogenia e prevenção de doenças virais Vários fatores colaboram para o surgimento das doenças virais. Alguns fatores Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 9 contribuem para o aumento da exposição humana aos vírus, outros promovem a propagação das infecções. Outros fatores ocasionam modificações nas características virais e nas respostas do hospedeiro à infecção. Alguns fatores incluem: alterações ambientais, comportamento humano, fenômenos socioeconômicos e demográficos, viagens, entre outros fatores. Importante: a doença viral consiste em uma irregularidade nociva ocasionada pela infecção do hospedeiro pelo vírus. A doença clínica consiste na manifestação de sinais e sintomas em um hospedeiro. A síndrome é o conjunto específico de sinais e sintomas. As infecções virais que não produzem sintomas no hospedeiro são conhecidas como infecções subclínicas. Um exemplo vivido em 2020 de infecção subclínica são os casos assintomáticos de infecções pelo coronavírus (COVID-19), onde as pessoas possuem e transmitem o vírus, mas não apresentam nenhum sintoma. O processo de patogênese da infecção viral compreende o ciclo de replicação do vírus. As consequências celulares à infecção são variáveis podendo ocasionar efeitos não aparentes até efeitos citopatológicos como o câncer. A patogênese viral é o processo que ocorre durante a infecção viral de um hospedeiro. Como a infecção viral não resulta sempre em doença aparente ou imediata, a fronteira entre infecção e doença torna- se menos clara. Desta forma, é mais adequado considerar a patogênese da infecção viral, independente da produção de doença imediata ou aparente. Grande parte do conhecimento atual da patogênese viral foi obtida por estudos experimentais em modelos animais. A infecção viral tem início com a transmissão do vírus de um hospedeiro para outro. A transmissão pode ser horizontal e vertical. A horizontal refere-se à transmissão entre dois hospedeiros e pode ser direta ou indireta. Na transmissão vertical o vírus pode ser transmitido de forma congênita, que incluem as transmissões através do leite materno, ou quando o vírus consegue atravessar a barreira placentária, a infecção pode acontecer durante o parto. O processo de patogênese viral acontece em etapas específicas que compreende: entrada do vírus no hospedeiro, replicação e propagação do vírus, dano celular, resposta imunológica da pessoa infectada, eliminação do vírus pelo organismo ou instalação da infecção e disseminação do vírus. Os vírus conseguem penetrar no organismo de um hospedeiro através de cinco formas diferentes, podendo ou não ocasionar lesões, os locais pelos quais os vírus penetram no organismo são: pele, trato respiratório, trato gastrointestinal, trato geniturinário e a conjuntiva. Após a penetração do vírus no hospedeiro, ele geralmente inicia sua multiplicação nas células do local de entrada. Ocasionando uma infecção local ou disseminando-se de forma sistêmica, entre os vírus que causam infecções locais pode-se citar o vírus da influenza e o coronavírus que provoca infecções do trato respiratório superior. A propagação do vírus pode ser determinada, em parte, por genes virais específicos. Estudos realizados com reovírus mostram que a extensão da propagação a partir do trato gastrointestinal é determinada por uma das proteínas externas do capsídeo. Após a disseminação do vírus, ocorre a fixação e replicação nos órgãos-alvos específicos. Alguns vírus possuem uma preferência a determinados tecidos e órgãos, essa preferencia é chamada de tropismo. O grau de doença sistêmica viral depende dos órgãos e da capacidade de infecção do vírus nesses órgãos. Essa capacidade está relacionada com a presença de receptores virais nas células do hospedeiro, além de outros fatores intracelulares. As modificações fisiológicas ocorridas no organismo do hospedeiro através da lesão do tecido são responsáveis pelo desenvolvimento de doença. O hospedeiro poderá recuperar-se da infecção ou não. O organismo utiliza alguns mecanismos para que a recuperação da infecção viral aconteça, entre eles as respostas imunológicas que incluem a imunidade inata e adquirida. Sem duvidas, a melhor forma de tratamento consiste na resposta imunológica do hospedeiro, que irá determinar a intensidade e a duração da doença. As doenças virais são adquiridas através do contato de um hospedeiro susceptível com o vírus, então sua prevenção baseia-se em evitar o contato e a Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 10 exposição aos vírus. Medidas simples como higienização adequada das mãos, cobrir o rosto quando espirrar ou tossir e evitar levar a mão suja ao rosto pode evitar a contaminação por alguns vírus como, por exemplo, influenza, coronavírus, sarampo. Outra medida extremamente importante é a vacinação, existem vacinas para um grande número de doenças virais, a não vacinação da população é um risco e pode trazer novamente doenças que anteriormente tinham sido consideradas controladas. Para as doenças virais que são transmitidas por contato sexual e ainda não existe vacina, como a Aids, a prevenção consiste na conscientização das pessoas para o uso de preservativos. Outras doenças virais que são transmitidas por vetores, a dengue, por exemplo, também depende em parte, da conscientização da população em não manter água acumulada. Parvovírus, adenovírus, poxvírus e herpesvírus O Parvovírus humano B19 foi descoberto no ano de 1975, e tem sido apontado como desencadeador, em indivíduos com distúrbios hemolíticos, da crise aplástica transitória. Causa uma doença chamada de eritema infecioso, a transmissão desse vírus acontece pelo contato com secreções respiratórias de pessoas contaminadas com o vírus. Geralmente, afeta mais crianças e adolescentes ocasionando eritemas por todo o corpo. É um vírus que apresenta uma estrutura bastante simples, contendo um DNA em fita simples. Depois do contato com o vírus, ele pode ser acusado no organismo entre cinco e seis dias. Os sinais e sintomas iniciais incluem sintomas gerais como febre, mal-estar e dor muscular, em torno de 10 a 14 dias surgem os sintomas específicos da doença tais como, erupção eritematosa generalizada e inflamação das articulações. A erupção do eritema infeccioso é semelhante a “bochechas esbofeteadas” nas faces e uma erupção reticular, maculopapular no tronco e nas extremidades. Adultos, principalmente mulheres, apresentam mais frequentemente, em vez de erupção, artropatia, que pode permanecer por semanas, meses ou anos. Até o momento, não existe vacina e terapia antiviral contra o Parvovírus humano. A prevençãoconsiste em práticas adequadas de higiene, as mesmas mencionadas anteriormente para prevenção de outras doenças como o sarampo. IMPORTANTE: em gestantes, apesar do risco de contaminação ser baixo, a infecção pelo Parvovírus B19 pode ocasionar um sério risco para o feto, gerando hidropsia fetal, ou seja, acúmulo exagerado de líquido no corpo do feto, ou mesmo a morte devido a uma anemia grave. Nesses casos, a morte fetal, geralmente ocorre antes de 20 semanas de gestação. O adenovírus, são vírus não envelopados, medem cerca de 70 a 90 nm de diâmetro e são icosaédricos. Possuem cápside com 252 capsômeros e apresentam DNA em fita dupla com um genoma composto por cerca de 36 mil pares de bases. Em 1953, os adenovírus foram isolados pela primeira vez. A partir daí, já foram descobertos cerca de 100 sorotipos, entre os quais, no mínimo 52 infectam humanos. Comumente as infecções ocasionadas pelo adenovírus causam distúrbios no sistema respiratório, gastrointestinal, urinário e também nos olhos. A maioria das infecções por adenovírus são subclínicas, ou seja, ocorrem sem apresentar sintomas, dessa forma, o vírus pode permanecer no hospedeiro sem que ele saiba durante meses. Sua transmissão acontece da mesma forma que o Parvovírus, coronavírus etc. por aerossóis e contato com secreções contaminadas e também pode ser adquirido pela via fecal-oral. O poxvírus representa os maiores e mais complexos entre os vírus que provocam infecções em humanos. Na maioria das vezes, os poxvírus que causam infecções humanas pertencem aos gêneros Orthopoxvírus e Parapoxvírus, no entanto, existem vários poxvírus classificados nos gêneros Yatopoxvírus e Molluscipoxvírus, As infecções ocasionadas por esse tipo de vírus caracterizam-se pela presença de exantema por todo o corpo. Lembra-se da varíola? Essa doença foi erradicada em 1980, porém alastrou a população em décadas atrás, a varíola pertence a este grupo viral. Importante: Apesar de a varíola ter sido erradicada, atualmente existe uma grande preocupação sobre a possibilidade de o vírus da varíola ser utilizado como agente de arma biológica, visto que a maioria da população mundial, atualmente, apresenta baixa ou nenhuma imunidade contra esse tipo de vírus. O herpesvírus consiste em um grande grupo de vírus que apresentam envelope e DNA. A morfologia, forma de replicação e capacidade de Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 11 estabelecer infecções latentes e recorrentes representam características comuns desses vírus. Os herprevírus são responsáveis pelo desenvolvimento de várias doenças em humanos. Uma característica particular dos herpesvírus é sua capacidade de provocar infecções que perseveram durante toda a vida de seus hospedeiros, com manifestações clínicas recorrentes. Os herpesvírus que comumente infectam os seres humanos são os herpesvírus simples tipos 1 e 2 (HSV1; HSV-2), o vírus varicela-zóster, o citomegalovírus (CMV), o vírus Epstein-Barr (EBV), os herpesvírus humanos 6 e 7, bem como o herpesvírus 8 (associado ao sarcoma de Kaposi [KSHV]. O herpesvírus B de macacos também pode infectar os seres humanos. Reovírus, Rotavírus, Arbovírus, Ortomixovírus, Paramixovírus e Coronavírus Os reovírus são vírus de tamanho médio, seu genoma consiste em RNA de fita dupla e não são envelopados. A família inclui os gêneros ortorreovírus, rotavírus, orbivírus e coltivírus. O rotavírus representa uma causa importante de gastrenterite infantil em todo o mundo, estima- se que 50% de todos os casos de diarreia em crianças que são hospitalizadas são causadas pelo rotavírus. Os rotavírus são classificados em cinco espécies que vão de A ao E, além de mais duas espécies tentativas F e G. O período de incubação do rotavírus varia de 1 a 3 dias. Os sintomas clássicos da infecção pelo rotavírus consistem em diarreia, febre, dor abdominal e vômitos, que normalmente resulta em desidratação. O tratamento baseia-se na reposição de líquidos, de forma a restabelecer o equilíbrio hidroeletrolítico. Os arbovírus são vírus transmitidos por vetores, representam um grupo que possuem um complexo ciclo de transmissão. A transmissão dos arbovírus acontece através de artrópodes hematófagos de um hospedeiro vertebrado para outro. As principais doenças ocasionadas pelos arbovírus são: febre amarela, dengue, encefalite japonesa B, encefalite de St. Louis, encefalite equina do oeste e encefalite equina do leste, encefalite transmitida por carrapato, febre do Nilo Ocidental e a febre transmitida pelo mosquito- pólvora. Dessas doenças a febre amarela atualmente é endêmica na região norte do Brasil, caracteriza-se pela presença de febre alta, cefaleia intensa e duradoura, falta de apetite, náuseas e dor muscular. Apesar de possuir uma nomenclatura que pode parecer estranha e desconhecida, os ortomixovírus compreendem um grupo de vírus bastante comum que são as influenzas. Os vírus influenza são transmitidos de um hospedeiro humano a outro por meio de gotículas ou por contato com mãos e objetos contaminados. Dentre as infecções virais, a gripe é considerada uma das mais prevalentes, a pandemia da gripe espanhola, por exemplo, levou ao óbito cerca de 40 milhões de pessoas entre os anos de 1918 e 1919. Características específicas do seu genoma permite o desenvolvimento de novas cepas através das mutações que ocorrem isso justifica o porquê que anualmente as pessoas devem ser vacinadas contra a influenza. A família Paramuxorividae inclui os seguintes gêneros: Morbillivirus, Paramyxovírus e Pneumovírus. Entre o morbillivírus patogênicos ao homem, pode-se citar do sarampo, entre os paramixovírus, o vírus parainfluenza e o vírus da caxumba, e entre os pneumovírus, o vírus sincicial respiratório (VSR) e o recém-descoberto e relativamente comum metapneumovírus. Os paramixovírus causam várias doenças, algumas delas são bem conhecidas, o sarampo, por exemplo, é uma doença que provoca infecção generalizada, caracterizada pela presença de exantema maculopapular. A prevalência do sarampo tem aumentado de forma considerável nos últimos anos. A prevenção do sarampo ocorre através da vacinação, por conta da redução da imunização da população contra esse vírus, a prevalência desta doença tem aumentado no Brasil. Os coronavírus são vírus envelopados de RNA. São considerados a segunda causa mais prevalente dos resfriados comuns. Na maioria dos casos, os coronavírus provocam sintomas respiratórios, a transmissão acontece através do contato com gotículas de pessoas contaminadas. Recentemente, foi descoberto um novo agente do coronavírus o COVID-19, que tem provocado os mesmos sintomas que os demais agentes do coronavírus provocam. Até o momento, não existe um tratamento específico para o vírus, apenas os sintomas são tratados e a recuperação depende da resposta imunológica de cada organismo, logo, aquelas pessoas que possuem sistema imune Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 12 deficiente, certamente serão mais prejudicadas pelos vírus. Infecções por vírus lentos, raiva, vírus tumorais, oncogênese, AIDS e lentivírus O longo período de incubação desses vírus, que dura em torno de 30 anos nos seres humanos, dificulta os estudos sobre esses vírus. Após esse tempo, eles podem ocasionar danos no sistema nervoso central. A raiva é adquirida através de um vírus pertencente aos rabdvírus. A infecção da raiva é obtida pela mordida de um animal infectado, normalmente por cachorros, mas também pode ser transmitida através da inalação do vírus, aerossolisado. Agentes virais lentos são filtráveis e podem transmitir doenças, mas normalmente não obedecem à definição padrão de um vírus. Aocontrário dos vírus convencionais, esses agentes não têm estrutura de virion ou genoma, não provocam resposta imune e são extremamente resistentes à inativação por calor, desinfetantes e radiação. O agente viral lento é um mutante ou forma de conformação distinta de uma proteína hospedeira conhecida como um príon que pode transmitir a doença. Alguns tipos de vírus provocam evoluções lentas. A raiva é fatal quando a doença clínica é aparente, o vírus replica-se de forma silenciosa no local de inserção e depois se desloca para o sistema nervoso central, afetando o hipocampo, o tronco cerebral, as células ganglionares dos núcleos pontinhos e as células de Purkinje do cerebelo. Quando invadem o cérebro e a medula espinal, provoca encefalite e os neurônios são degenerados. Os vírus tumorais são aqueles que podem causar tumores quando infectam animais susceptíveis. Alguns deles possuem grande potencial ontogênico e estão relacionados com o surgimento de câncer em humanos, por exemplo, o papilomavírus humano (HPV), o vírus Epstein-Barr (EBV), o herpes-vírus humano tipo 8, o vírus da hepatite B, o vírus da hepatite e dois retrovírus humanos. A oncogênese é um processo longo que ocorre em várias etapas, ou seja, inúmeras alterações devem acontecer para transformação de uma célula normal em maligna. A aids foi descrita pela primeira vez em 1981, é considerada uma epidemia mundial e afeta diferentes populações. Das doenças causadas por vírus da Aids é uma das mais temidas, sendo considerada, atualmente, um dos mais importantes problemas de saúde em todo mundo. Ainda não existe cura ou vacina contra o HIV, mas a terapia antirretroviral tem melhorado a qualidade de vida das pessoas portadoras dos vírus, o que representa uma grande conquista para medicina. O HIV é um retrovírus fdo gênero Lentivírus. O lentivírus são conhecidos por causarem infecções lentas que se desenvolvem por longos anos em seus hospedeiros, possuem um genoma complexo contendo RNA simples de fita simples e são envelopados. Tratamento das doenças virais Com o desenvolvimento das pesquisas foi descoberto várias formas de inativar ou de proteger as pessoas contra os vírus, as vacinas são uma delas, atualmente existe vacina para algumas doenças virais, o que promove a prevenção da doença, outras ainda não possuem vacinação. Também foram desenvolvidos vários fármacos antivirais que atuam impedindo a replicação dos vírus no organismo. Por outro lado, ainda não existe tratamento específico para uma grande quantidade de doenças virais, a dengue e o coronavírus, são exemplos, nesses casos, apenas os sintomas da doença são tratados, sendo importante o repouso e hidratação. Classificação dos parasitas A interação dos seres vivos é de extrema importância para manutenção da vida. Dessa forma, pode-se assegurar que nenhum ser vivo possui a capacidade de sobreviver e reproduzir-se independente do outro. No entanto, esse relacionamento dos seres vivos nem sempre é benéfico para ambos os lados. O parasitismo é um tipo de relação entre um parasita e um hospedeiro, no qual apenas o parasita recebe benefícios, e á medida que se beneficia, recebendo abrigo e nutrientes, gera prejuízos ao hospedeiro. O estudo dos parasitas é conhecido como parasitologia, esta ciência classifica os parasitas em vários grupos, mas os protozoários e os helmintos são os parasitas mais importantes para a clínica médica. Os protozoários são microrganismos unicelulares eucarióticos, com tamanho entre 2 a 100 μm. Normalmente, são encontrados na água e no solo, apresentam um protoplasma que fica envolvido por uma membrana celular, possuem Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 13 organelas, entre elas, retículo endoplasmático, grânulos e vacúolos contráteis e digestivos. Apresentam núcleo bem definido e com membrana nuclear. Alguns protozoários possuem um núcleo, outros, apresentam dois ou mais núcleos semelhantes. Em relação à morfologia desses microrganismos, podemos observar diversas formas de protozoários, que variam de acordo com sua fase evolutiva e o lugar onde se encontram. Sua morfologia pode ser esférica, oval ou alongada. Alguns protozoários possuem cílios, e por isso, são chamados de ciliados, outros têm flagelos e são chamados de flagelados, mas também existem aqueles que não possuem nenhuma organela de locomoção específica. Os protozoários podem ser classificados em quatro grupos de acordo com o seu modo de locomoção e reprodução que são eles: flagelados, amebas, esporozoários e ciliados. Estes microrganismos se reproduzem de forma assexuada através da fissão, brotamento ou esquizogonia, a maioria deles são heterotróficos aeróbicos. Os helmintos são os responsáveis pelas verminoses em humanos. Pertencem a dois filos: Nematoda composto por vermes cilíndricos e Platyhelminthes que são vermes achatados. Ao contrário dos protozoários, os helmintos são multicelulares e geralmente são macroscópicos, com tamanho entre 1nm a 1m e às vezes até maior, são complexos, longos e simétricos bilateralmente. Flagelados, hemoflagelados e amebas Os protozoários flagelados são assim chamados porque possuem flagelos em formato de chicote, e quantidade de flagelos varia de acordo com cada espécie. Alguns flagelos ainda possuem uma membrana ondulante em sua estrutura, essa estrutura ajuda o protozoário em sua locomoção. Os flagelos estão organizados em quatro filos: Metamonada, Parabasalia, Percolozoa e Euglenozoa. Alguns exemplos de flagelos incluem os parasitas intestinais, geniturinários e do sangue, tais como: Giardia, Trichomonas e Trypanosoma. Os hemoflagelados são os parasitas do sangue, geralmente são transmitidos por meio da picada de insetos hematófagos. Os hemoflagelados têm uma morfologia fina e alongada, apresentando uma membrana ondulante. O trypanosoma cruzi é um clássico exemplo de parasita sanguíneo, esse parasita é agente causador da doença de chagas que é adquirida pela picada do barbeiro. A infecção pelo Tripanosoma cruzi evolui em estágios, que vai de agudo a crônico. No estágio agudo, é comum a presença de febre e edema das glândulas, cerca de 20 a 30% das pessoas infectadas desenvolvem, anos depois, a forma crônica da doença. No estágio crônico, são observadas degenerações nos nervos responsáveis por controlar as contrações peristálticas do esôfago ou do colo. No entanto, a maioria das mortes de pessoas portadoras da doença de chagas é resultado de danos ao coração. As amebas são protozoários que se locomovem e nutrem-se através de pseudópodes, ou falsos pés, a maioria das espécies não são patogênicas, porém também existem patogênicas. Algumas amebas vivem normalmente como componentes da microbiota humana, estabelecendo uma relação de comensalismo, e dessa forma não prejudicam o homem, como por exemplo, a Entamoeba gengivalis e Entamoeba coli. No entanto, um único tipo de ameba é patogênico, a Entamoeba histolytica, encontrada no intestino humano. Estima-se que aproximadamente 10% da população humana pode estar colonizada por essa ameba. A entamoeba histolytica ocasiona uma doença muito comum chamada amebíase, essa doença representa um importante problema de saúde pública, sendo responsável por aproximadamente cem mil mortes anuais compondo a segunda causa de mortes por parasitoses. Entre os sinais e sintomas da amebíase, pode-se observar fortes dores abdominais, diarreia, náuseas, desidratação. Os sintomas podem apresentar-se em quatro dias depois da exposição ao parasita, 1 ano depois, ou ainda nunca ocorrer. A transmissão acontece por meio do consumo de alimentos ou água contaminada por cistos maduros. Os alimentos podem ser contaminados por cistos transportadosatravés das baratas e moscas. A falta de comportamento higiênico também pode contribuir para a propagação do parasita. Esporozoários, microsporídeos e helmintos Os esporozoários são protozoários que apresentam um complexo ciclo de vida, são formadores de esporos e são dotados de organelas que produzem substâncias que os ajudam a adentrar em células do hospedeiro, o que lhe caracterizam com parasitas intracelulares. Entre os parasitas intracelulares que afetam humanos incluem-se: Cryptosporidium; Cyclospora; Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 14 Toxoplasma e o Plasmodium, agente causador da malária. Algumas espécies do Cryptosporidium podem causar infecções em pessoas que são imunodeficientes, quando isso acontece causam infecções intestinais, causando forte diarreia. Outro exemplo de esporozoário é o Plasmodium é o agente causador da malária, esse protozoário desenvolve-se através de reprodução sexuada no mosquito Anopheles. Quando um Anopheles carreando o estágio infectivo do Plasmodium, chamado de esporozoíto, pica um humano, os esporozoítos podem ser injetados. Os esporozoítos sofrem esquizogonia nas células do fígado e produzem milhares de progênies chamadas de merozoitos, os quais infectam as células vermelhas do sangue. O toxoplasma gondii também é um parasita intracelular de humanos e causa uma doença chamada de toxoplasmose, a transmissão da doença ocorre através das fezes de gatos domésticos infectados. Os microsporídeos representam um grupo de parasitas intracelulares, uma de suas características principais é a presença de um esporo unicelular que possui um tipo de mola espiralada contendo filamentos tubulares polares pelo qual o esporoplasma é introduzido em uma célula hospedeira. A transmissão dos microsporídeos acontece através da ingestão de alimentos ou água contendo esporos. Em gestantes, comumente também acontece à transmissão transplacentária. Os microsporídios são apontados como parasitas oportunistas e, desse modo, tende a provocar infecções naquelas pessoas imunocomprometidos, provocando, nessas pessoas, infecções sistêmicas, intestinais e oftalmológicas. Os helmintos formam um grupo numeroso de organismos, bastante comum entre a população, incluindo espécies que são ou não parasitas. São representados pelos filos Nematoda, Platyhelminthes e Acanthocophala. Por conta de sua morfologia, os helmintos são conhecidos como “cria de cavalo”. Geralmente, os helmintos provocam infecções intestinais benignas, exceto quando existe uma grande quantidade de helmintos no organismo. Os nematódeos são adquiridos por via orofecal, dessa forma, os hábitos de higiene inadequados, como não lavar corretamente frutas, verduras e legumes antes de consumi-los pode contribuir para a infecção por esses parasitas. As infecções intestinais mais comuns por nematódeos incluem a ancilostomíase e ascaridíase. Estima-se que em torno de 20% da população mundial possui ancolostomídeos em seu organismo e cerca de 1,5 bilhão de pessoas áscaris lumbricoides. Estas infecções ocasionam diversos danos para o hospedeiro. Na ancilostomíase, o ancilóstomo prende-se a parede do intestino, onde se alimenta de sangue e do tecido intestinal, quando estão presentes em grandes quantidades pode ocasionar a anemia, além dos sintomas comuns como dor abdominal e diarreia. As ascaridíases também provocam infecções intestinais, as lombrigas, como são conhecidas popularmente, quando chegam na fase adulta, as fêmeas costumam medir entre 20 a 50 cm, e os machos, 15 a 30 cm de comprimento. A aquisição ocorre através da ingestão dos ovos do áscaris lumbricoides através de alimentos ou água contaminada; Após a exposição ao parasita, às larvas progridem até o duodeno, vão para o sistema circulatório, instalando-se nos capilares do pulmão, logo em seguida, adentram-se nos alvéolos e nos bronquíolos e depois na traqueia e faringe, as larvas são deglutidas e retornam ao intestino, onde passam pelo processo de maturação. Quando estão presentes em grande quantidade, podem provocar obstrução intestinal, biliar e pancreático. Quando expostos a determinados fármacos as “lombrigas” tendem a migrar, o que pode provocar perfuração intestinal, e como consequência peritonite, além de provocar sua eliminação pelo ânus. Os platelmintos são vermes achatados, seus corpos assemelham-se a folhas e podem ser divididos em trematódeos e cestoides. A maioria dos trematódeos são hermafrodita, ou seja, possuem órgãos sexuais masculino e feminino em um único corpo, apresentam uma ventosa oral e ventral e outras estruturas. Os cestoides consistem em helmintos que apresentam formato de fita e o seu corpo é formado por proglotes, também são hermafroditas e nutem-se absorvendo os nutrientes por meio da parede de seu corpo. Um exemplo de cestoide são as tenias, taenia solium e saginata, que parasitam o intestino de seus hospedeiros. São endoparasitas desprovidos de epiderme, de cavidade geral e de sistema digestivo, os órgãos de fixação estão localizados na extremidade anterior. O corpo é, em geral, alongado e construído por segmentos, algumas vezes lembram trematódeos. Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 15 A transmissão da Taenia ocorre, principalmente através do consumo de carne bovina e suína malcozida contaminada, na maioria das vezes, esses parasitas provocam desconforto abdominal e diarreia. Através do parasitológico de fezes é possível fazer o diagnóstico dessa parasitose. Tratamento de doenças por parasitas O tratamento das parasitoses varia de acordo com cada doença, geralmente são utilizados fármacos antiparasitários. Porém, existem algumas dificuldades no tratamento das parasitoses, alguns agentes antiparasitários precisam de administração demorada, podendo gerar efeitos somente em determinados estágios de uma doença. Para cada parasitose é indicado uma terapia especifica, os anti-protozoários são utilizados nas infecções por protozoários e os anti-helmínticos nas infecções por helmintos.
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