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Unidade III - Microbiologia e Imunologia

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Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 
 
1 
 
Classificação, crescimento e isolamentos dos 
fungos 
 O estudo dos fungos é chamado de micologia, 
e em 1969 foram classificados como reino Fungi, 
atualmente fazem parte do domínio Eurakya. Os 
fungos são organismos eucarióticos, podem ser 
unicelulares (leveduras) ou multicelulares (fungos 
filamentosos, mofo) alguns são microscópios e 
outros macroscópicos (maioria), é muito comum 
nos depararmos com os fungos no nosso dia a dia. São 
ubíquos (locais úmidos, com matéria orgânica). Eles 
são responsáveis pelo mofo das roupas, pela 
decomposição da matéria orgânica, alguns são 
utilizados na culinária, na fabricação de alimentos e 
medicamentos, mas nem tudo são flores, os fungos 
também são responsáveis por provocar inúmeras 
doenças em humanos. 
 São classificados sendo sua nutrição como 
seres heterotróficos (absorção – enzimas 
extracelulares). Podem ser classificados como 
aeróbios ou anaeróbios facultativos, e sua 
reprodução pode ser sexuada (troca de gametas) ou 
assexuada (ausência de troca de gametas), e crescem 
bem à temperatura ambiente e em meios ácidos. Ex: 
aspergillus fumigatis e aspergillus niger. 
 Mais de 600 mil espécies de fungos já foram 
identificadas, os mais conhecidos são: leveduras, 
bolores e cogumelos. As leveduras estão vastamente 
espalhadas pela natureza, certamente você já observou 
como um pó branco que cobre frutas e folhas, são 
unicelulares e não filamentosos. Os bolores são 
multicelulares e microscópicos, porém quando 
crescem em colônia é possível enxerga-los a olho nu. 
É formado por vários filamentos chamados de hifa, 
o conjunto de hifas forma um micélio. 
 Assim como todos os seres vivos, para 
conseguirem crescer e se desenvolver os fungos 
precisam de nutrientes. Para que consigam se 
desenvolver, os fungos nutrem-se através de 3 
formas diferentes, podem ser saprófitos quando se 
alimentam da matéria orgânica, geralmente em 
decomposição, parasitas quando vivem em outros 
organismos vivos, ocasionando prejuízos para o 
hospedeiro e simbiontes quando se desenvolvem em 
outros organismos, mas através de uma relação 
benéfica para ambos. 
 As principais características que os 
diferenciam dos vegetais são: (1) Não sintetizam 
clorofila; (2) Não possuem celulose em sua parede 
celular (exceto: alguns fungos aquáticos); (3) Não 
armazenam amido como substância de reserva. 
 Para o seu desenvolvimento, os fungos 
exigem, de preferência, carboidratos simples como a 
D-glicose. Entretanto, outros açúcares como sacarose, 
maltose e fontes de carbono mais complexas como 
amido e celulose também podem ser utilizados. 
Substâncias nitrogenadas inorgânicas como, sais de 
amônia ou nitratos, ou orgânicas, como as 
peptonas e sais minerais como sulfatos e fosfatos, 
também são necessárias. Oligoelementos como ferro, 
zinco, manganês, cobre, molibdênio e cálcio são 
exigidos, porém em pequenas quantidades. 
 As maiorias dos fungos crescem na presença 
de fontes simples de nitrogênio e carboidrato. O 
meio de cultura utilizado com frequência na 
micologia para o isolamento dos fungos é o ágar de 
Sabouraud que possui glicose e carbono na sua 
composição. No entanto, outros meios de cultura, 
também podem ser utilizados como ágar inibidor de 
bolores. No processo de crescimento dos fungos 
alguns fatores são importantes e podem interferir no 
seu desenvolvimento, tais como a umidade, a 
temperatura, o pH, etc. 
 Em condições ideais, a umidade relativa do 
ar para o desenvolvimento dos fungos devem ser em 
torno de 75 a 95% mas eles também conseguem se 
desenvolver em lugares com teores baixos de 
umidade. A temperatura para o seu crescimento 
varia de acordo com as espécies, desse modo, envolve 
uma larga faixa. Os fungos de importância clínica, 
geralmente apresentam temperatura ótima entre 20ºC 
e 30ºC, e um pH em torno de 5,6 é ótimo para o 
crescimento deles. O crescimento dos fungos é 
demorado, uma cultura geralmente precisa de 7 a 
15 dias de incubação. 
 Importante: No cultivo de fungos clínicos por 
meio de amostras que não são estéreis, são 
acrescentados antibióticos para impedir que bactérias 
e fungos bolores saprófitos também cresçam. 
 
Importância 
 Penicilina: antibiótico produzido pelo fungo 
Penicilium crysogenum e descoberto pelo médico 
Alexander Fleming (1941) – II Guerra Mundial. Essa 
substância é capaz de matar outros microrganismos, 
por isso que foi chamado de antibiótico. 
Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 
 
2 
 
 Relações ecológicas: (1) saprofitismo – 
decomposição de matéria orgânica e isso ocorre 
porque alguns fungos utilizam enzimas extracelulares 
em processos fermentativos; (2) Simbiose – 
associação a longo prazo entre dois organismos de 
espécies diferentes (benéfica para ambos). Ex: 
líquens – fungos e algas, micorrizas – fungos e raízes 
de determinadas plantas. (3) Parasitismo – interação 
entre duas espécies, sendo uma delas (parasita) se 
beneficia da outra (hospedeira). Ex: cândida 
albicans (candidíase) e sprothrix schenchii 
(esporotricose). 
 Micologia médica: na nossa microbiota 
normal temos a malassezia spp e a Candida spp, e em 
condições de desequilíbrio favorecem o surgimento de 
doenças: (1) Micoses: doenças na pele; (2) 
Intoxicação (micotoxinas); (3) Hipersensibilidade 
(alergias). 
 
Micoses 
 Doenças ocasionadas pelos fungos são 
chamadas de micoses. Um exemplo bastante comum 
de micoses são as “frieiras” que surgem entre os 
dedos dos pés. As micoses são doenças crônicas, de 
longa duração, isso acontece devido ao lento 
crescimento dos fungos. Esses organismos atuam 
causando três tipos de doenças nas pessoas: 
alérgicas, tóxicas e infecciosas. As alergias são 
frequentemente percebidas em pessoas expostas a 
ambientes úmidos, o que favorece o crescimento dos 
fungos saprofíticos e liberação de esporos e 
conídios por eles no ar. Durante o inverno, por 
exemplo, é bastante comum o aumento na incidência 
e prevalência de algumas doenças respiratórias tais 
como a asma e a rinite, justamente por conta da 
exposição ao alergênio. 
 As infecções fúngicas podem ser classificadas 
de 5 formas diferentes: sistêmica, subcutânea, 
superficial e oportunista. As micoses superficiais 
são ocasionadas por fungos que podem ser 
encontrados nos fios de cabelos e em células da 
epiderme. As micoses oportunistas são aquelas 
causadas por fungos oportunistas, ou seja, que 
acometem indivíduos que estão com o sistema 
imunológico prejudicado. 
 Um exemplo de fungo oportunista que você já 
deve ter ouvido falar é a cândida, que desencadeia 
uma famosa doença conhecida como candidíase, 
bastante comum entre as mulheres. A espécie mais 
conhecida desse gênero é o candida albicans, estima-
se que cerca de 75% das mulheres já foram 
acometidas por esse tipo de fungo. Indivíduos 
imunocomprometidos são mais susceptíveis a 
infecções por cândida albicans, esse fungo 
frequentemente também afeta a cavidade oral, 
ocasionando a candidíase oral, como pode ser vista 
na figura abaixo. 
 
 As micoses cutâneas são aquelas que 
acometem a pele, couro cabeludo e unhas, são 
causadas por fungos dermatófitos, esse tipo de fungo 
degrada a queratina, proteína encontrada na pele, 
cabelos e unhas. A transmissão desse tipo de micose 
acontece pelo contato com pessoas ou animais 
infectados ou pelo contato direto com materiais 
contaminados. Entre os sinais e sintomas mais 
comuns das micoses cutâneas verifica-se a presença 
de prurido, descamação, lesões arredondadas na 
pele, unhas espessadas e opacas e pelos tonsurados. 
 As micoses subcutâneas referem-se as 
micoses que ocorrem em tecidos mais profundos da 
pele, geralmente são contraídas por meio de acidentes 
com materiais contaminados com certos tipos de 
fungos, os quais são encontrados nosolo e vegetação. 
Esses fungos podem causar abcessos e úlceras 
difíceis de serem cicatrizadas. Um exemplo é a 
esporotricose. A esporotricose é uma micose causada 
pelo fungo universal Sporothrix spp, comum em 
locais de clima tropical e subtropical. Afeta homens e 
animais, nos seres humanos, a infecção geralmente é 
restrita à pele, porém em alguns casos pode 
espalhar-se através da corrente sanguínea e atingir 
outros órgãos. 
 As micoses sistêmicas, como o próprio nome 
já diz são infecções que acontecem em todo o corpo, 
podendo prejudicar tecidos e órgãos, sem ficar 
limitada a certa região. Um exemplo de micose 
sistêmica é a histoplasmose, doença causada pelo 
histoplasma capsulatum que afeta, principalmente, os 
pulmões e é bastante semelhante à tuberculose. As 
micoses sistêmicas não são contagiosas entre 
humanos. A doença tóxica acontece quando ocorre o 
consumo de alimentos contaminados com fungos 
que produzem micotoxinas, ou através de consumo 
de fungos macroscópicos que são venenosos. 
 
 
 
 
Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 
 
3 
 
Ascomicetos 
 Os ascomicetos são fungos septados e 
incluem alguns tipos de leveduras, são chamados de 
fungos de saco por conta de sua morfologia, os 
ascomicetos pertencem ao filo Ascomycota, o maior 
grupo do reino Fungi. Podem ser saprófitos, 
parasitas ou simbiontes. Normalmente, estão 
presentes na água e no solo. A principal 
característica dos ascomicetos é a presença de um 
asco, estrutura onde são produzidos os ascóporos, que 
são esporos de origem sexuada, sua formação 
acontece a partir da fusão de dois núcleos de duas 
células. As maiorias das espécies patogênicas para o 
homem são: Hemiascomycetes, Loculoascomycetes 
e Plectomycetes. 
 A reprodução assexuada acontece por meio 
dos conídios, produzidos através do conidióforo. A 
palavra conídio denota pó, esses esporos são com 
facilidade liberados da cadeia formada no conidióforo 
ao menor contato e flutuam no ar como poeira. Na 
figura é representada a reprodução assexual de um 
ascomiceto. 
 
 Na reprodução sexual, a partir do micélio 
vegetativo desenvolvido, ocorre a plasmogamia, ou 
seja, união do citoplasma de duas células, logo em 
seguida acontece a cariogamia, união de dois 
núcleos, depois acontece meiose e mitoses, na etapa 
seguinte o asco abre-se para liberação dos 
ascóporos e finalizando o ciclo, o ascósporo 
germina para produzir a hifa. 
 Hipersensibilidade a fungos: frequentemente, 
as pessoas são expostas a esporos e conídios que estão 
presentes no ar, as vias respiratórias são as mais 
afetadas por essas partículas. A hipersensibilidade 
aos fungos é manifestada nas pessoas através de 
doenças respiratórias, a asma, rinite e a sinusite, 
por exemplo, são comumente relacionadas a 
hipersensibilidade a estes microrganismos. 
 Com frequência, essas partículas possuem 
potentes antígenos de superfície, capazes de 
estimular e desencadear reações alérgicas 
pronunciadas. Tais respostas de hipersensibilidade 
não exigem o crescimento nem mesmo a 
viabilidade do fungo indutor, embora em alguns 
casos (aspergilose broncopulmonar alérgica) possam 
ocorrer simultaneamente infecção e alergia. 
 O diagnóstico da alergia ocasionada por 
fungos é realizado a partir de testes laboratoriais, o 
teste cutâneo com extratos fúngicos é bastante 
utilizado para esta finalidade, além disso, a realização 
de provas sorológicas para comprovação de IgE 
específica, testes de provocação e pesquisa de 
fungos no ambiente frequentado pelo paciente 
também são realizados. O tratamento para este tipo 
de alergia, consiste em evitar se expor ao alergênio 
agressor, uso de corticosteroides e tentativa de 
dessensibilização do paciente. 
 
Micotoxinas e quimioterapia antifúngica 
 Microtoxinas são metabólitos tóxicos 
liberados por fungos microscópicos, que resulta em 
uma micotoxicose que são as intoxicações 
resultantes da ingestão de alimentos contaminados 
com micotoxinas. Quando a intoxicação acontece 
devido ao consumo de fungos macroscópicos é 
chamada de micetismos. 
 Estima-se que existem em torno de 250 mil 
espécies de fungos, dessas apenas 300 são produtoras 
de micotoxinas, sendo 30 responsáveis por quadros 
micotoxicológicos. As principais espécies que 
produzem toxinas fazem parte dos gêneros: 
Aspergillus, Penicillium, Fusarium, Claviceps, 
Pithomyces, Myrothecium, Stachybotrys, Phoma e 
Alternaria. 
 As micotoxinas são substancias produzidas 
por fungos filamentosos, no qual o seu consumo, 
contato ou inalação, pode resultar em doenças ou até 
mesmo provocar óbito. Alguns tipos de cogumelos 
são venenosos e mesmo o seu cozimento não é capaz 
de eliminar o efeito das toxinas presentes nele, 
podendo gerar danos no fígado, rins ou mesmo ser 
fatal. As micotoxinas também são consumidas 
juntamente de alimentos contaminados por fungos 
microscópicos, tais como vegetais, grãos e cereais. 
 O grau de intoxicação pelas micotoxinas 
depende da quantidade que é ingerida ou inalada, 
de acordo com isso a toxicidade pode ser aguda, 
crônica, mutagênica ou teratogênica. Na 
intoxicação aguda pode ser percebido danos no 
Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 
 
4 
 
fígado e nos rins, sendo muitas vezes fatal. A 
crônica pode induzir o câncer, principalmente, 
hepático. Algumas intervêm na replicação do DNA 
e, como resultado causam implicações mutagênicas 
e teratogênicas. 
 No passado, intoxicações fúngicas foram 
responsáveis por ocasionar grandes epidemias no 
homem e também em animais. O ergotismo, foi a 
maior delas, sendo responsável por inúmeras mortes 
na Europa. A doença ocasiona vasoconstricção 
podendo resultar em isquemia dos vasos 
sanguíneos. A epidemia foi relacionada ao consumo 
de pão preparado com farinha de centeio 
contaminada com Claviceps purpúrea e Claviceps 
paspali. 
 O tratamento das infecções fúngicas 
costuma ser longo por conta do demorado 
crescimento dos fungos, alguns fármacos são 
utilizados durante o tratamento, mas a maioria 
apresenta algumas limitações, como acentuados 
efeitos colaterais, estreito espectro antifúngico, e 
pouca penetração em determinados tecidos. Os 
fármacos utilizados no tratamento compreendem os 
polienos (anfotericina B e nistatina), que se ligam 
ao ergosterol na membrana celular; a flucitosina, 
um análogo da pirimidina; os azóis e outros 
inibidores da síntese do ergosterol, como as 
alilalaminas; as equinocandinas, que inibem a 
síntese da β-glucana da parede celular; e a 
griseofulvina, que interfere na organização dos 
microtúbulos. 
 
Definição, origem e classificação dos vírus 
 A virologia é o ramo da biologia que estuda os 
vírus. Os vírus vêm da palavra latina que significa 
veneno, são microrganismos muito pequenos, os 
menores que existem possíveis de serem vistos apenas 
através da microscopia eletrônica, são também 
acelulares, isto é, não possuem células, diferente dos 
demais microrganismos, bactérias, fungos, 
protozoários, etc., fora das células hospedeiras, são 
inertes, sem metabolismo próprio, mas dentro delas, 
seu ácido nucleico, torna-se ativo, podendo se 
reproduzir. 
 Apesar das doenças virais existirem a séculos, 
durante muito tempo os vírus ficaram sem ser 
estudado, o que causou a morte de milhões de pessoas 
ao longo dos anos. Somente em 1935, o químico 
norte-americano Wendell Stanley, isolou pela 
primeira vez, o vírus do mosaico do tabaco, sendo 
possível a realização do seu estudo. 
 A descoberta de alguns deles ainda é recente, o 
HIV e o coronavírus, por exemplo, só foram 
descobertos na década de 1990 e 1980. Uma vez ou 
outra, esses “seres” acelulares nos assustam, causando 
epidemias que são responsáveis pela morte de 
milhares de pessoas. O mais recente descoberto é o 
COVID-19, um subtipo da família coronavírus, 
identificadopela primeira vez em dezembro de 2019, 
na China, responsável por ocasionar uma pandemia 
que até o momento não foi controlada, ocasionando 
milhares de mortes. 
 Os vírus são acelulares, parasitas 
intracelulares obrigatórios, possuem apenas um 
tipo de ácido nucleico, que pode ser o DNA ou 
RNA, alguns são envolvidos por uma capa 
proteica, chamada de capsídeo e por uma membrana 
lipídica, denominada envelope. Embora muitas 
pesquisas sejam realizadas, ainda não há um consenso 
sobre os vírus serem seres vivos ou não, alguns 
pesquisadores o consideram como seres vivos – por 
apresentarem material genético, sofrerem 
mutações ao longo do tempo, ou seja, capazes de 
evoluir, outros não os consideram seres vivos, pois 
são inativos fora de células hospedeiras, o que o faz 
um parasita intracelular obrigatório, com 
reprodução intracelular, e são acelulares – teoria 
celular. Dessa forma, eles podem ser organismos 
vivos ou não, dependendo do ambiente onde se 
encontram. 
 Os vírus são classificados de acordo com 
várias características que podem variar de acordo com 
cada grupo. Atualmente, a determinação da 
sequência do genoma é utilizada para identificação 
inicial do vírus. Eles são classificados de acordo com 
sua morfologia, tamanho, forma, tipo de simetria, 
presença ou ausência de membranas, tipo de ácido 
nucleico, número de fitas, propriedade antigênicas, 
propriedade das proteínas virais, abrangendo o 
número, tamanho e funções estruturais das proteínas, 
etc. 
 
Característica gerais dos vírus 
1. Possuem um envoltório proteico que protege o 
material genético denominado de capsídeo; 
2. O capsídeo pode ou não ser revestido por um 
envelope lipídico derivado das membranas celulares; 
3. Possuem um único tipo de ácido nucleico, 
DNA ou RNA; 
4. Existem vírus com DNA de fita dupla, 
simples, RNA de fita dupla ou simples; 
Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 
 
5 
 
5. São parasitas intracelulares obrigatórios; 
6. Multiplicam-se dentro das células vivas 
usando a maquinaria de síntese das células; 
7. Não possuem metabolismo. Toda energia que 
utilizam provém da célula hospedeira. 
 
Estrutura e composição química dos vírus 
 São microrganismos que apresentam uma 
estrutura bastante simples quando comparados a 
microrganismos que possuem células. Os vírus são 
formados basicamente por um tipo de ácido 
nucleico, que estão envolvidos por uma membrana 
formada por proteínas, chamada de capsídeo, em 
alguns casos, também pode estar presente uma 
membrana lipoproteica, denominada envoltório ou 
envelope. 
 
 O envelope tem a função de envolver a 
partícula viral, é a estrutura mais externa, nem 
todos os vírus possuem essa estrutura, apenas os mais 
desenvolvidos, o envelope é formado por uma 
membrana que contém lipídeos (bicamada) e é 
adquirido durante a maturação viral, originada da 
membrana da célula hospedeira, promove: 
alterações na membrana e incorporações (adesão) 
de glicoproteínas próprias do vírus. 
 
 
 Vírion = partícula viral completa (ácido 
nucleico + capsídeo proteico), que serve como 
veiculo na transmissão de um hospedeiro para o outro. 
No grupo dos vírus não envelopados, o capsídeo não 
se encontra envolvido pelo envelope, dessa maneira 
dizemos que o vírus é nu. 
 
 Como função do envelope: (1) Função das 
proteínas virais; (2) Protegem o ácido nucleico; (3) 
Ligam-se a receptores nas células; (4) Penetram na 
membrana celular; (5) Ajudam a replicar o ácido 
nucleico (alguns); (6) Iniciam o programa de 
replicação (alguns); (7) Modificam a célula 
hospedeira (alguns). 
 O envelope é facilmente rompido quando 
exposto a soluções ácidas, como detergentes e éter, 
resultando na inativação do vírus e de sua 
capacidade infecciosa. Esta é a explicação cientifica 
para a importância da higienização das mãos e das 
superfícies quando são expostas a determinados tipos 
de vírus, o COVID-19, por exemplo, é um vírus que 
apresenta envelope e quando submetidos a estas 
soluções é inativado, perdendo a sua capacidade 
infecciosa. 
 O capsídeo é uma membrana formada por 
proteínas que engloba (protegendo) o ácido 
nucleico, além de auxiliar no transporte do material 
genético (ácido nucleico) para outras células. É uma 
estrutura bastante rígida o que faz com que o vírus 
seja capaz de resistir a condições ambientais 
extremas. O capsídeo é formado por unidades 
menores chamadas de capsômeros, que pode variar 
em quantidade de acordo com cada espécie viral. 
 De acordo com a morfologia do capsídeo, os 
vírus podem ser classificados em: icosaédricos, 
helicoidais e de estrutura complexa. Os 
icosaédricos recebem esse nome porque sua estrutura 
é semelhante a um polígono icosaedro com 20 lados 
em forma de triângulo, os adenovírus e os 
herpesvírus são alguns exemplos. Representado na 
figura abaixo modelo e microscopia eletrônica do 
adenovírus, um vírus icosaédrico. 
Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 
 
6 
 
 
 Nos vírus helicoidais, o ácido nucleico fica 
no interior do capsômero, as proteínas do capsídeo 
se ligam ao genoma viral, se arrajam em forma de 
hélice, e na microscopia eletrônica tem forma de 
cilindro ou tubo, são exemplos o vírus da raiva 
(Rhabdovírus) e influenza (Orthomyxovírus) fazem 
parte dessa classificação, são vírus que podem ser 
rígidos ou flexíveis. 
 Os vírus de estrutura icosaédrica possuem a 
forma com 20 triângulos equiláteros – o capsídeo é 
composto por 20 faces iguais, e para a formação desta 
estrutura requer o mínimo de energia para ser 
montada. Ex: adenovírus (infecções oculares e 
respiratórias). 
 Os vírus de estrutura complexa são os que 
apresentam estruturas que os icosaédricos e os 
helicoidais não apresentam, os bacteriófagos, por 
exemplo, são vírus de estrutura complexa. Os 
bacteriófagos geralmente apresentam uma cabeça em 
formato de polígono, com estruturas adicionais, que 
incluem uma causa, com bainha contrátil, placa basal, 
fibras e outras estruturas. Ex: poxvírus (varíola). 
 Os vírus possuem, apenas, um tipo de ácido 
nucleico, que pode ser DNA ou RNA, o ácido 
nucleico é o responsável por carregar as 
informações genéticas para sua propagação. O 
DNA e o RNA podem apresentar formato de fita 
simples ou dupla. Dessa forma, os genomas virais 
podem ser classificados em quatro tipos: DNA fita 
dupla; DNA fita simples; RNA fita dupla e RNA 
fita simples. A quantidade de ácido nucleico em um 
vírus pode variar de 2.000 a 2,5 milhões de bases ou 
pares de bases. 
 
 As proteínas virais apresentam diversas 
funções importantes. A principal delas é colaborar 
com a transferência do ácido nucleico do vírus de 
uma célula hospedeira para a outra. Além disso, 
ajudam a proteger o genoma viral contra o bloqueio 
por nucleases, cooperam no encaixe da partícula 
viral a uma célula apta e são as que dão formato a 
simetria estrutural da partícula viral. 
 Importante: Alguns tipos de proteínas virais, 
as de superfície, por exemplo, apresentam algumas 
atividades específicas como aglutinação. 
 
Cultivo, ensaio e identificação dos vírus 
 Uma particularidade dos vírus é que eles 
não possuem a capacidade de se multiplicar em 
ambiente extracelular, o que dificulta sua 
identificação. Outra característica sobre os vírus, é 
que eles também não se multiplicam em meio de 
cultura laboratoriais, necessitando permanecer, 
obrigatoriamente, associados a células vivas para 
conseguirem se multiplicar. Grande parte do 
conhecimento sobre a multiplicação dos vírus provém 
do estudo dos bacteriófagos. 
 Os laboratórios cultivam os vírus com 
objetivo de analisar minuciosamente o 
comportamento e replicação viral. O crescimento 
celular in vitro é primordial para a caracterização dos 
vírus. Quando os vírus são cultivados em animais, 
normalmente são utilizados três métodos: uso de 
animais,ovos embrionados e cultura celular. 
 Alguns vírus só podem ser cultivados em 
animais como camundongos, coelhos e cobaias. A 
maioria dos estudos para avaliar a resposta em 
animais infectados. A inoculação de animais pode 
ser utilizada como um procedimento diagnóstico 
para identificação e o isolamento de um vírus a 
partir de amostras clínicas. Após ser inoculado com o 
espécime clínico, o animal é observado quanto ao 
aparecimento de sinais de doença ou é sacrificado 
para que seus tecidos possam ser analisados à procura 
de partículas virais. 
 Determinados vírus que afetam humanos 
não conseguem se multiplicar em animais, às vezes 
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conseguem se multiplicar, porém não causam 
doenças. Isso explica porque o entendimento e a cura 
para alguns tipos de vírus ainda não foram 
conhecidos, para o vírus da Aids, por exemplo, ainda 
não foi descoberto um modelo animal que seja 
possível analisar a atividade do vírus e o efeito de 
drogas in vivo. 
 Uma subespécie do HIV pode infectar os 
chimpanzés, porem, os sintomas da doença não são 
percebidos nesses animais, e dessa forma, não podem 
ser utilizados para o estudo dos efeitos da 
multiplicação dos vírus ou no tratamento da Aids. 
Algumas pesquisas realizam o desenvolvimento de 
vacinas que sejam eficazes contra a doença, algumas, 
inclusive, estão sendo testadas em humanos, mas a 
evolução da doença é muito lenta, o que pode demorar 
anos para verificar sua eficácia. 
 Quando os vírus conseguem se multiplicar 
em ovos embrionados, esse é um método 
conveniente e barato para o cultivo de alguns vírus 
animais. Nesse método, é realizada uma perfuração 
na casca do ovo embrionado, e então é injetado 
uma suspensão viral dentro do ovo. Durante as 
vezes que você foi vacinado lembra de alguma vez ser 
questionado se possui alergia a ovo? A explicação 
para essa pergunta é justificada pelo fato de muitas 
vacinas serem desenvolvidas utilizando ovos 
embrionados, e dessa forma, podem apresentar 
proteínas que estão presente no ovo. 
 As culturas de células têm sido bastante 
utilizadas para o cultivo de muitos vírus e consistem 
em células que se dividem em meio de cultura em 
laboratório. A obtenção de uma linhagem é iniciada 
com o tratamento enzimático de fragmentos do tecido 
animal para separação das células. As células isoladas 
são suspensas em uma solução com pressão osmótica, 
nutrientes e fatores de crescimento necessários ao seu 
desenvolvimento. As células normais tendem a aderir 
ao recipiente de plástico ou vidro e se reproduzem 
formando uma monocamada. A infecção viral dessa 
monocamada muitas vezes causa a sua destruição à 
medida que os vírus se multiplicam. 
 O crescimento celular in vitro é primordial 
para a caracterização dos vírus. Os vírus se 
multiplicam de duas formas diferentes: culturas 
primárias e culturas contínuas. O tipo de cultura 
celular utilizado para cultura de vírus depende da 
sensibilidade das células a determinado vírus. 
 Os vírus isolados podem ser identificados a 
partir de diversas técnicas laboratoriais. Para isso, 
alguns métodos são utilizados, entre eles métodos 
sorológicos e moleculares, nos sorológicos, o vírus é 
detectado e identificado por sua reação com 
anticorpos. Entre os métodos moleculares, a reação 
em cadeia da polimerase pode ser utilizada, com 
este método foi possível identificar o coronavírus 
associado a síndrome respiratória aguda grave na 
China, em 2002. 
 
Genética, Replicação e transmissão dos 
vírus 
 O estudo da genética é um importante 
instrumento para conhecer a estrutura e a função do 
genoma viral, assim como seu desempenho no 
processo infeccioso e desenvolvimento da doença. A 
genética viral atua colaborando com o 
desenvolvimento de vacinas que sejam mais 
eficazes. Muitas vezes, algumas infecções virais 
passam por repetidas recidivas ou permanecem na 
presença de anticorpos. A avaliação genética dos vírus 
passíveis de atuar como alvos prontos para o 
desenvolvimento da terapia antiviral. 
 Por mais que os vírus geneticamente 
diferentes, isto é, diferem na quantidade de genes que 
possuem, o genoma viral, ou seja, o conjunto de 
todos os genes, deve codificar três tipos de funções. 
Primeiramente, eles devem provocar alterações na 
estrutura e/ou funcionamento da célula atingida. 
Depois devem promover a replicação do seu 
genoma e por último devem originar outras 
partículas virais. 
 Para que um vírus se multiplique, ele precisa 
ter a capacidade de invadir a célula hospedeira e 
assumir o comando da sua maquinaria metabólica. 
Um único virion pode originar, em uma única 
célula hospedeira, inúmeras partículas virais 
semelhantes., que codificam os componentes 
estruturais e codificam enzimas utilizadas no ciclo de 
multiplicação viral. Esse processo pode alterar de 
maneira drástica a célula hospedeira, podendo causar 
sua morte. 
 Para que ocorra a replicação do vírus, é 
necessária a síntese das proteínas virais pelo 
mecanismo de síntese proteica da célula hospedeira. 
Por conseguinte, o genoma do vírus deve ser capaz 
de produzir um RNAm. Foram identificados vários 
mecanismos que permitem aos RNA virais competir 
de forma bem-sucedida com os RNAm celulares, a 
fim de produzir quantidades adequadas de proteínas 
virais. A reprodução dos vírus variam conforma a 
maneira como os vírus entram e saem das células 
Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 
 
8 
 
hospedeiras, e a multiplicação dos bacteriófagos 
podem ocorrer de duas maneiras: (1) Ciclo lítico – há 
morte da célula hospedeira; (2) Ciclo lisogênico – a 
célula hospedeira permanece viva. 
 No ciclo lítico ocorre em cinco etapas: (1) 
Adesão – o vírion adere à célula hospedeira através 
do sítio do vírus + receptor da célula. (2) Penetração 
– o vírion perfura a célula hospedeira e injeta seu 
DNA através da ação de lisozima; (3) Biossíntese – o 
DNA viral determina a síntese dos componentes virais 
(ácido nucleico e das proteínas virais); (4) Maturação 
– novos vírions são montados na célula hospedeira a 
partir do DNA e dos capsídeos; (5) Liberação – a 
célula hospedeira rompe-se e os novos vírions são 
liberados, ocorrendo a lise da membrana plasmática. 
 
 No ciclo lisogênico, o processo é semelhante 
ao ciclo lítico, porém o DNA do fago se insere ao 
DNA bacteriano, e o vírus agora é chamado de 
profago. Toda vez que a bactéria replicar seu 
cromossomo o DNA do profago também é replicado, 
permanecendo latente nas células filhas. 
 
 Os vírus possuem diversas estratégias que são 
utilizadas durante a sua multiplicação nas células 
hospedeiras. Apesar de existirem diferenças entre as 
espécies, o processo de replicação é parecido. De 
forma geral, a replicação viral acontece em cinco 
etapas consecutivas. As duas primeiras etapas 
referem-se à fixação (adesão), penetração e 
desnudamento. Quando ocorre a ligação do vírus 
com a célula hospedeira, a partícula viral, é capturada 
para o interior da célula provendo a sua penetração, 
logo em seguida acontece o desnudamento, onde 
ocorre a separação do ácido nucleico dos outros 
elementos virais. 
 A terceira etapa consiste na síntese dos 
componentes virais. Essa fase ocorre após o 
desnudamento do genoma viral, e compreende a 
produção de novas partículas virais em cada célula 
infectada através da replicação do ácido nucleico e 
produção do capsídeo. 
 A quarta etapa é a maturação, onde, as 
proteínas e o ácido nucleico viral se unem para 
desenvolver partículas virais maduras. A quinta e 
última etapa, consiste na liberação, processo em que 
o vírus deixa a célula onde ocorreu seu processo de 
maturação e invade outra célula que ainda não tenha 
sido infectada. 
 Ao longo dos anos, os vírus conseguiram 
desenvolver formas pra sobreviver na natureza e 
seremtransmitidos de um hospedeiro para outro. A 
forma de transmissão dos vírus depende de alguns 
fatores que inclui o modo de interação entre o vírus 
e o hospedeiro. Os vírus podem ser transmitidos para 
humanos através de várias formas, por exemplo, você 
já deve ter observado que é comum em uma mesma 
casa quando alguém adoece de uma gripe, é normal 
que outras pessoas da mesma casa também fiquem 
gripados, essa é uma situação bastante comum do dia 
a dia e corresponde a uma forma de transmissão por 
contato. 
 As principais formas de transmissão por 
contato incluem perdigotos, contato sexual, contato 
mão boca, mão olhos, etc. Outras formas de 
transmissão dos vírus podem ser de forma indireta 
pela via orofecal, ou transmissão por vetores. 
 Alguns vírus são altamente contagiosos, o 
vírus do sarampo, por exemplo, é um desses. Uma 
única pessoa com sarampo consegue transmitir o vírus 
para 90% das pessoas que estão próximas a ela. 
Estima-se que uma única pessoa com sarampo 
transmita o vírus para mais de 18 pessoas. 
 
Princípios, patogenia e prevenção de 
doenças virais 
 Vários fatores colaboram para o 
surgimento das doenças virais. Alguns fatores 
Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 
 
9 
 
contribuem para o aumento da exposição humana 
aos vírus, outros promovem a propagação das 
infecções. Outros fatores ocasionam modificações 
nas características virais e nas respostas do 
hospedeiro à infecção. Alguns fatores incluem: 
alterações ambientais, comportamento humano, 
fenômenos socioeconômicos e demográficos, 
viagens, entre outros fatores. 
 Importante: a doença viral consiste em uma 
irregularidade nociva ocasionada pela infecção do 
hospedeiro pelo vírus. A doença clínica consiste na 
manifestação de sinais e sintomas em um 
hospedeiro. A síndrome é o conjunto específico de 
sinais e sintomas. As infecções virais que não 
produzem sintomas no hospedeiro são conhecidas 
como infecções subclínicas. 
 Um exemplo vivido em 2020 de infecção 
subclínica são os casos assintomáticos de infecções 
pelo coronavírus (COVID-19), onde as pessoas 
possuem e transmitem o vírus, mas não apresentam 
nenhum sintoma. O processo de patogênese da 
infecção viral compreende o ciclo de replicação do 
vírus. As consequências celulares à infecção são 
variáveis podendo ocasionar efeitos não aparentes 
até efeitos citopatológicos como o câncer. 
 A patogênese viral é o processo que ocorre 
durante a infecção viral de um hospedeiro. Como a 
infecção viral não resulta sempre em doença aparente 
ou imediata, a fronteira entre infecção e doença torna-
se menos clara. Desta forma, é mais adequado 
considerar a patogênese da infecção viral, 
independente da produção de doença imediata ou 
aparente. Grande parte do conhecimento atual da 
patogênese viral foi obtida por estudos experimentais 
em modelos animais. 
 A infecção viral tem início com a 
transmissão do vírus de um hospedeiro para outro. 
A transmissão pode ser horizontal e vertical. A 
horizontal refere-se à transmissão entre dois 
hospedeiros e pode ser direta ou indireta. Na 
transmissão vertical o vírus pode ser transmitido 
de forma congênita, que incluem as transmissões 
através do leite materno, ou quando o vírus 
consegue atravessar a barreira placentária, a 
infecção pode acontecer durante o parto. 
 O processo de patogênese viral acontece em 
etapas específicas que compreende: entrada do 
vírus no hospedeiro, replicação e propagação do 
vírus, dano celular, resposta imunológica da pessoa 
infectada, eliminação do vírus pelo organismo ou 
instalação da infecção e disseminação do vírus. Os 
vírus conseguem penetrar no organismo de um 
hospedeiro através de cinco formas diferentes, 
podendo ou não ocasionar lesões, os locais pelos 
quais os vírus penetram no organismo são: pele, trato 
respiratório, trato gastrointestinal, trato 
geniturinário e a conjuntiva. 
 
 Após a penetração do vírus no hospedeiro, 
ele geralmente inicia sua multiplicação nas células 
do local de entrada. Ocasionando uma infecção local 
ou disseminando-se de forma sistêmica, entre os 
vírus que causam infecções locais pode-se citar o 
vírus da influenza e o coronavírus que provoca 
infecções do trato respiratório superior. A 
propagação do vírus pode ser determinada, em parte, 
por genes virais específicos. Estudos realizados com 
reovírus mostram que a extensão da propagação a 
partir do trato gastrointestinal é determinada por uma 
das proteínas externas do capsídeo. 
 Após a disseminação do vírus, ocorre a 
fixação e replicação nos órgãos-alvos específicos. 
Alguns vírus possuem uma preferência a 
determinados tecidos e órgãos, essa preferencia é 
chamada de tropismo. 
 O grau de doença sistêmica viral depende 
dos órgãos e da capacidade de infecção do vírus 
nesses órgãos. Essa capacidade está relacionada com 
a presença de receptores virais nas células do 
hospedeiro, além de outros fatores intracelulares. 
As modificações fisiológicas ocorridas no organismo 
do hospedeiro através da lesão do tecido são 
responsáveis pelo desenvolvimento de doença. 
 O hospedeiro poderá recuperar-se da infecção 
ou não. O organismo utiliza alguns mecanismos para 
que a recuperação da infecção viral aconteça, entre 
eles as respostas imunológicas que incluem a 
imunidade inata e adquirida. Sem duvidas, a melhor 
forma de tratamento consiste na resposta 
imunológica do hospedeiro, que irá determinar a 
intensidade e a duração da doença. 
 As doenças virais são adquiridas através do 
contato de um hospedeiro susceptível com o vírus, 
então sua prevenção baseia-se em evitar o contato e a 
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10 
 
exposição aos vírus. Medidas simples como 
higienização adequada das mãos, cobrir o rosto 
quando espirrar ou tossir e evitar levar a mão suja ao 
rosto pode evitar a contaminação por alguns vírus 
como, por exemplo, influenza, coronavírus, sarampo. 
 Outra medida extremamente importante é a 
vacinação, existem vacinas para um grande número de 
doenças virais, a não vacinação da população é um 
risco e pode trazer novamente doenças que 
anteriormente tinham sido consideradas controladas. 
Para as doenças virais que são transmitidas por 
contato sexual e ainda não existe vacina, como a 
Aids, a prevenção consiste na conscientização das 
pessoas para o uso de preservativos. Outras doenças 
virais que são transmitidas por vetores, a dengue, 
por exemplo, também depende em parte, da 
conscientização da população em não manter água 
acumulada. 
 
Parvovírus, adenovírus, poxvírus e 
herpesvírus 
 O Parvovírus humano B19 foi descoberto no 
ano de 1975, e tem sido apontado como 
desencadeador, em indivíduos com distúrbios 
hemolíticos, da crise aplástica transitória. Causa 
uma doença chamada de eritema infecioso, a 
transmissão desse vírus acontece pelo contato com 
secreções respiratórias de pessoas contaminadas 
com o vírus. Geralmente, afeta mais crianças e 
adolescentes ocasionando eritemas por todo o corpo. 
É um vírus que apresenta uma estrutura bastante 
simples, contendo um DNA em fita simples. Depois 
do contato com o vírus, ele pode ser acusado no 
organismo entre cinco e seis dias. Os sinais e 
sintomas iniciais incluem sintomas gerais como 
febre, mal-estar e dor muscular, em torno de 10 a 
14 dias surgem os sintomas específicos da doença 
tais como, erupção eritematosa generalizada e 
inflamação das articulações. 
 A erupção do eritema infeccioso é semelhante 
a “bochechas esbofeteadas” nas faces e uma erupção 
reticular, maculopapular no tronco e nas 
extremidades. Adultos, principalmente mulheres, 
apresentam mais frequentemente, em vez de 
erupção, artropatia, que pode permanecer por 
semanas, meses ou anos. 
 Até o momento, não existe vacina e terapia 
antiviral contra o Parvovírus humano. A 
prevençãoconsiste em práticas adequadas de 
higiene, as mesmas mencionadas anteriormente para 
prevenção de outras doenças como o sarampo. 
IMPORTANTE: em gestantes, apesar do risco de 
contaminação ser baixo, a infecção pelo Parvovírus 
B19 pode ocasionar um sério risco para o feto, 
gerando hidropsia fetal, ou seja, acúmulo exagerado 
de líquido no corpo do feto, ou mesmo a morte 
devido a uma anemia grave. Nesses casos, a morte 
fetal, geralmente ocorre antes de 20 semanas de 
gestação. 
 O adenovírus, são vírus não envelopados, 
medem cerca de 70 a 90 nm de diâmetro e são 
icosaédricos. Possuem cápside com 252 capsômeros 
e apresentam DNA em fita dupla com um genoma 
composto por cerca de 36 mil pares de bases. Em 
1953, os adenovírus foram isolados pela primeira vez. 
A partir daí, já foram descobertos cerca de 100 
sorotipos, entre os quais, no mínimo 52 infectam 
humanos. Comumente as infecções ocasionadas pelo 
adenovírus causam distúrbios no sistema 
respiratório, gastrointestinal, urinário e também 
nos olhos. 
 A maioria das infecções por adenovírus são 
subclínicas, ou seja, ocorrem sem apresentar 
sintomas, dessa forma, o vírus pode permanecer no 
hospedeiro sem que ele saiba durante meses. Sua 
transmissão acontece da mesma forma que o 
Parvovírus, coronavírus etc. por aerossóis e contato 
com secreções contaminadas e também pode ser 
adquirido pela via fecal-oral. 
 O poxvírus representa os maiores e mais 
complexos entre os vírus que provocam infecções 
em humanos. Na maioria das vezes, os poxvírus que 
causam infecções humanas pertencem aos gêneros 
Orthopoxvírus e Parapoxvírus, no entanto, existem 
vários poxvírus classificados nos gêneros 
Yatopoxvírus e Molluscipoxvírus, As infecções 
ocasionadas por esse tipo de vírus caracterizam-se 
pela presença de exantema por todo o corpo. 
Lembra-se da varíola? Essa doença foi erradicada em 
1980, porém alastrou a população em décadas atrás, a 
varíola pertence a este grupo viral. 
 Importante: Apesar de a varíola ter sido 
erradicada, atualmente existe uma grande 
preocupação sobre a possibilidade de o vírus da 
varíola ser utilizado como agente de arma biológica, 
visto que a maioria da população mundial, 
atualmente, apresenta baixa ou nenhuma imunidade 
contra esse tipo de vírus. 
 O herpesvírus consiste em um grande grupo 
de vírus que apresentam envelope e DNA. A 
morfologia, forma de replicação e capacidade de 
Unidade III – Microbiologia e Imunologia 3º período - Farmácia 
 
11 
 
estabelecer infecções latentes e recorrentes 
representam características comuns desses vírus. Os 
herprevírus são responsáveis pelo desenvolvimento 
de várias doenças em humanos. Uma característica 
particular dos herpesvírus é sua capacidade de 
provocar infecções que perseveram durante toda a 
vida de seus hospedeiros, com manifestações 
clínicas recorrentes. 
 Os herpesvírus que comumente infectam os 
seres humanos são os herpesvírus simples tipos 1 e 
2 (HSV1; HSV-2), o vírus varicela-zóster, o 
citomegalovírus (CMV), o vírus Epstein-Barr 
(EBV), os herpesvírus humanos 6 e 7, bem como o 
herpesvírus 8 (associado ao sarcoma de Kaposi 
[KSHV]. O herpesvírus B de macacos também pode 
infectar os seres humanos. 
 
Reovírus, Rotavírus, Arbovírus, Ortomixovírus, 
Paramixovírus e Coronavírus 
 Os reovírus são vírus de tamanho médio, seu 
genoma consiste em RNA de fita dupla e não são 
envelopados. A família inclui os gêneros 
ortorreovírus, rotavírus, orbivírus e coltivírus. 
 O rotavírus representa uma causa importante 
de gastrenterite infantil em todo o mundo, estima-
se que 50% de todos os casos de diarreia em crianças 
que são hospitalizadas são causadas pelo rotavírus. Os 
rotavírus são classificados em cinco espécies que vão 
de A ao E, além de mais duas espécies tentativas F e 
G. O período de incubação do rotavírus varia de 1 a 
3 dias. Os sintomas clássicos da infecção pelo 
rotavírus consistem em diarreia, febre, dor 
abdominal e vômitos, que normalmente resulta em 
desidratação. O tratamento baseia-se na reposição 
de líquidos, de forma a restabelecer o equilíbrio 
hidroeletrolítico. 
 Os arbovírus são vírus transmitidos por 
vetores, representam um grupo que possuem um 
complexo ciclo de transmissão. A transmissão dos 
arbovírus acontece através de artrópodes 
hematófagos de um hospedeiro vertebrado para 
outro. As principais doenças ocasionadas pelos 
arbovírus são: febre amarela, dengue, encefalite 
japonesa B, encefalite de St. Louis, encefalite 
equina do oeste e encefalite equina do leste, 
encefalite transmitida por carrapato, febre do Nilo 
Ocidental e a febre transmitida pelo mosquito-
pólvora. 
 Dessas doenças a febre amarela atualmente é 
endêmica na região norte do Brasil, caracteriza-se 
pela presença de febre alta, cefaleia intensa e 
duradoura, falta de apetite, náuseas e dor 
muscular. 
 Apesar de possuir uma nomenclatura que pode 
parecer estranha e desconhecida, os ortomixovírus 
compreendem um grupo de vírus bastante comum 
que são as influenzas. Os vírus influenza são 
transmitidos de um hospedeiro humano a outro por 
meio de gotículas ou por contato com mãos e 
objetos contaminados. 
 Dentre as infecções virais, a gripe é 
considerada uma das mais prevalentes, a pandemia 
da gripe espanhola, por exemplo, levou ao óbito cerca 
de 40 milhões de pessoas entre os anos de 1918 e 
1919. Características específicas do seu genoma 
permite o desenvolvimento de novas cepas através 
das mutações que ocorrem isso justifica o porquê que 
anualmente as pessoas devem ser vacinadas contra a 
influenza. 
 A família Paramuxorividae inclui os 
seguintes gêneros: Morbillivirus, Paramyxovírus e 
Pneumovírus. Entre o morbillivírus patogênicos ao 
homem, pode-se citar do sarampo, entre os 
paramixovírus, o vírus parainfluenza e o vírus da 
caxumba, e entre os pneumovírus, o vírus sincicial 
respiratório (VSR) e o recém-descoberto e 
relativamente comum metapneumovírus. 
 Os paramixovírus causam várias doenças, 
algumas delas são bem conhecidas, o sarampo, por 
exemplo, é uma doença que provoca infecção 
generalizada, caracterizada pela presença de 
exantema maculopapular. A prevalência do sarampo 
tem aumentado de forma considerável nos últimos 
anos. A prevenção do sarampo ocorre através da 
vacinação, por conta da redução da imunização da 
população contra esse vírus, a prevalência desta 
doença tem aumentado no Brasil. 
 Os coronavírus são vírus envelopados de 
RNA. São considerados a segunda causa mais 
prevalente dos resfriados comuns. Na maioria dos 
casos, os coronavírus provocam sintomas 
respiratórios, a transmissão acontece através do 
contato com gotículas de pessoas contaminadas. 
 Recentemente, foi descoberto um novo agente 
do coronavírus o COVID-19, que tem provocado os 
mesmos sintomas que os demais agentes do 
coronavírus provocam. Até o momento, não existe 
um tratamento específico para o vírus, apenas os 
sintomas são tratados e a recuperação depende da 
resposta imunológica de cada organismo, logo, 
aquelas pessoas que possuem sistema imune 
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deficiente, certamente serão mais prejudicadas pelos 
vírus. 
 
Infecções por vírus lentos, raiva, vírus tumorais, 
oncogênese, AIDS e lentivírus 
 O longo período de incubação desses vírus, 
que dura em torno de 30 anos nos seres humanos, 
dificulta os estudos sobre esses vírus. Após esse 
tempo, eles podem ocasionar danos no sistema 
nervoso central. A raiva é adquirida através de um 
vírus pertencente aos rabdvírus. A infecção da raiva 
é obtida pela mordida de um animal infectado, 
normalmente por cachorros, mas também pode ser 
transmitida através da inalação do vírus, 
aerossolisado. 
 Agentes virais lentos são filtráveis e podem 
transmitir doenças, mas normalmente não obedecem 
à definição padrão de um vírus. Aocontrário dos vírus 
convencionais, esses agentes não têm estrutura de 
virion ou genoma, não provocam resposta imune e 
são extremamente resistentes à inativação por 
calor, desinfetantes e radiação. O agente viral lento 
é um mutante ou forma de conformação distinta de 
uma proteína hospedeira conhecida como um 
príon que pode transmitir a doença. Alguns tipos de 
vírus provocam evoluções lentas. 
 A raiva é fatal quando a doença clínica é 
aparente, o vírus replica-se de forma silenciosa no 
local de inserção e depois se desloca para o sistema 
nervoso central, afetando o hipocampo, o tronco 
cerebral, as células ganglionares dos núcleos 
pontinhos e as células de Purkinje do cerebelo. 
Quando invadem o cérebro e a medula espinal, 
provoca encefalite e os neurônios são degenerados. 
 Os vírus tumorais são aqueles que podem 
causar tumores quando infectam animais 
susceptíveis. Alguns deles possuem grande potencial 
ontogênico e estão relacionados com o surgimento 
de câncer em humanos, por exemplo, o 
papilomavírus humano (HPV), o vírus Epstein-Barr 
(EBV), o herpes-vírus humano tipo 8, o vírus da 
hepatite B, o vírus da hepatite e dois retrovírus 
humanos. A oncogênese é um processo longo que 
ocorre em várias etapas, ou seja, inúmeras alterações 
devem acontecer para transformação de uma 
célula normal em maligna. 
 A aids foi descrita pela primeira vez em 1981, 
é considerada uma epidemia mundial e afeta 
diferentes populações. Das doenças causadas por 
vírus da Aids é uma das mais temidas, sendo 
considerada, atualmente, um dos mais importantes 
problemas de saúde em todo mundo. Ainda não 
existe cura ou vacina contra o HIV, mas a terapia 
antirretroviral tem melhorado a qualidade de vida 
das pessoas portadoras dos vírus, o que representa 
uma grande conquista para medicina. 
 O HIV é um retrovírus fdo gênero 
Lentivírus. O lentivírus são conhecidos por causarem 
infecções lentas que se desenvolvem por longos 
anos em seus hospedeiros, possuem um genoma 
complexo contendo RNA simples de fita simples e 
são envelopados. 
 
Tratamento das doenças virais 
 Com o desenvolvimento das pesquisas foi 
descoberto várias formas de inativar ou de proteger as 
pessoas contra os vírus, as vacinas são uma delas, 
atualmente existe vacina para algumas doenças virais, 
o que promove a prevenção da doença, outras ainda 
não possuem vacinação. Também foram 
desenvolvidos vários fármacos antivirais que 
atuam impedindo a replicação dos vírus no 
organismo. 
 Por outro lado, ainda não existe tratamento 
específico para uma grande quantidade de doenças 
virais, a dengue e o coronavírus, são exemplos, 
nesses casos, apenas os sintomas da doença são 
tratados, sendo importante o repouso e hidratação. 
 
Classificação dos parasitas 
 A interação dos seres vivos é de extrema 
importância para manutenção da vida. Dessa forma, 
pode-se assegurar que nenhum ser vivo possui a 
capacidade de sobreviver e reproduzir-se 
independente do outro. No entanto, esse 
relacionamento dos seres vivos nem sempre é 
benéfico para ambos os lados. O parasitismo é um 
tipo de relação entre um parasita e um hospedeiro, 
no qual apenas o parasita recebe benefícios, e á 
medida que se beneficia, recebendo abrigo e 
nutrientes, gera prejuízos ao hospedeiro. 
 O estudo dos parasitas é conhecido como 
parasitologia, esta ciência classifica os parasitas em 
vários grupos, mas os protozoários e os helmintos 
são os parasitas mais importantes para a clínica 
médica. Os protozoários são microrganismos 
unicelulares eucarióticos, com tamanho entre 2 a 
100 μm. Normalmente, são encontrados na água e 
no solo, apresentam um protoplasma que fica 
envolvido por uma membrana celular, possuem 
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13 
 
organelas, entre elas, retículo endoplasmático, 
grânulos e vacúolos contráteis e digestivos. 
 Apresentam núcleo bem definido e com 
membrana nuclear. Alguns protozoários possuem 
um núcleo, outros, apresentam dois ou mais núcleos 
semelhantes. Em relação à morfologia desses 
microrganismos, podemos observar diversas formas 
de protozoários, que variam de acordo com sua fase 
evolutiva e o lugar onde se encontram. Sua 
morfologia pode ser esférica, oval ou alongada. 
Alguns protozoários possuem cílios, e por isso, são 
chamados de ciliados, outros têm flagelos e são 
chamados de flagelados, mas também existem 
aqueles que não possuem nenhuma organela de 
locomoção específica. 
 Os protozoários podem ser classificados em 
quatro grupos de acordo com o seu modo de 
locomoção e reprodução que são eles: flagelados, 
amebas, esporozoários e ciliados. Estes 
microrganismos se reproduzem de forma assexuada 
através da fissão, brotamento ou esquizogonia, a 
maioria deles são heterotróficos aeróbicos. 
 Os helmintos são os responsáveis pelas 
verminoses em humanos. Pertencem a dois filos: 
Nematoda composto por vermes cilíndricos e 
Platyhelminthes que são vermes achatados. Ao 
contrário dos protozoários, os helmintos são 
multicelulares e geralmente são macroscópicos, 
com tamanho entre 1nm a 1m e às vezes até maior, 
são complexos, longos e simétricos bilateralmente. 
 
Flagelados, hemoflagelados e amebas 
 Os protozoários flagelados são assim 
chamados porque possuem flagelos em formato de 
chicote, e quantidade de flagelos varia de acordo com 
cada espécie. Alguns flagelos ainda possuem uma 
membrana ondulante em sua estrutura, essa estrutura 
ajuda o protozoário em sua locomoção. Os flagelos 
estão organizados em quatro filos: Metamonada, 
Parabasalia, Percolozoa e Euglenozoa. Alguns 
exemplos de flagelos incluem os parasitas 
intestinais, geniturinários e do sangue, tais como: 
Giardia, Trichomonas e Trypanosoma. 
 Os hemoflagelados são os parasitas do 
sangue, geralmente são transmitidos por meio da 
picada de insetos hematófagos. Os hemoflagelados 
têm uma morfologia fina e alongada, apresentando 
uma membrana ondulante. O trypanosoma cruzi é 
um clássico exemplo de parasita sanguíneo, esse 
parasita é agente causador da doença de chagas que é 
adquirida pela picada do barbeiro. A infecção pelo 
Tripanosoma cruzi evolui em estágios, que vai de 
agudo a crônico. 
 No estágio agudo, é comum a presença de 
febre e edema das glândulas, cerca de 20 a 30% das 
pessoas infectadas desenvolvem, anos depois, a 
forma crônica da doença. No estágio crônico, são 
observadas degenerações nos nervos responsáveis 
por controlar as contrações peristálticas do esôfago 
ou do colo. No entanto, a maioria das mortes de 
pessoas portadoras da doença de chagas é resultado 
de danos ao coração. 
 As amebas são protozoários que se 
locomovem e nutrem-se através de pseudópodes, 
ou falsos pés, a maioria das espécies não são 
patogênicas, porém também existem patogênicas. 
Algumas amebas vivem normalmente como 
componentes da microbiota humana, estabelecendo 
uma relação de comensalismo, e dessa forma não 
prejudicam o homem, como por exemplo, a 
Entamoeba gengivalis e Entamoeba coli. No entanto, 
um único tipo de ameba é patogênico, a Entamoeba 
histolytica, encontrada no intestino humano. 
Estima-se que aproximadamente 10% da população 
humana pode estar colonizada por essa ameba. 
 A entamoeba histolytica ocasiona uma 
doença muito comum chamada amebíase, essa 
doença representa um importante problema de saúde 
pública, sendo responsável por aproximadamente cem 
mil mortes anuais compondo a segunda causa de 
mortes por parasitoses. Entre os sinais e sintomas da 
amebíase, pode-se observar fortes dores 
abdominais, diarreia, náuseas, desidratação. Os 
sintomas podem apresentar-se em quatro dias 
depois da exposição ao parasita, 1 ano depois, ou 
ainda nunca ocorrer. A transmissão acontece por 
meio do consumo de alimentos ou água 
contaminada por cistos maduros. Os alimentos 
podem ser contaminados por cistos transportadosatravés das baratas e moscas. A falta de 
comportamento higiênico também pode contribuir 
para a propagação do parasita. 
 
Esporozoários, microsporídeos e helmintos 
 Os esporozoários são protozoários que 
apresentam um complexo ciclo de vida, são 
formadores de esporos e são dotados de organelas 
que produzem substâncias que os ajudam a 
adentrar em células do hospedeiro, o que lhe 
caracterizam com parasitas intracelulares. Entre os 
parasitas intracelulares que afetam humanos 
incluem-se: Cryptosporidium; Cyclospora; 
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Toxoplasma e o Plasmodium, agente causador da 
malária. 
 Algumas espécies do Cryptosporidium 
podem causar infecções em pessoas que são 
imunodeficientes, quando isso acontece causam 
infecções intestinais, causando forte diarreia. Outro 
exemplo de esporozoário é o Plasmodium é o agente 
causador da malária, esse protozoário desenvolve-se 
através de reprodução sexuada no mosquito 
Anopheles. Quando um Anopheles carreando o 
estágio infectivo do Plasmodium, chamado de 
esporozoíto, pica um humano, os esporozoítos podem 
ser injetados. Os esporozoítos sofrem esquizogonia 
nas células do fígado e produzem milhares de 
progênies chamadas de merozoitos, os quais 
infectam as células vermelhas do sangue. 
 O toxoplasma gondii também é um parasita 
intracelular de humanos e causa uma doença 
chamada de toxoplasmose, a transmissão da doença 
ocorre através das fezes de gatos domésticos 
infectados. 
 Os microsporídeos representam um grupo de 
parasitas intracelulares, uma de suas características 
principais é a presença de um esporo unicelular que 
possui um tipo de mola espiralada contendo 
filamentos tubulares polares pelo qual o 
esporoplasma é introduzido em uma célula 
hospedeira. A transmissão dos microsporídeos 
acontece através da ingestão de alimentos ou água 
contendo esporos. Em gestantes, comumente 
também acontece à transmissão transplacentária. 
Os microsporídios são apontados como parasitas 
oportunistas e, desse modo, tende a provocar 
infecções naquelas pessoas imunocomprometidos, 
provocando, nessas pessoas, infecções sistêmicas, 
intestinais e oftalmológicas. 
 Os helmintos formam um grupo numeroso de 
organismos, bastante comum entre a população, 
incluindo espécies que são ou não parasitas. São 
representados pelos filos Nematoda, Platyhelminthes 
e Acanthocophala. Por conta de sua morfologia, os 
helmintos são conhecidos como “cria de cavalo”. 
 Geralmente, os helmintos provocam infecções 
intestinais benignas, exceto quando existe uma 
grande quantidade de helmintos no organismo. Os 
nematódeos são adquiridos por via orofecal, dessa 
forma, os hábitos de higiene inadequados, como não 
lavar corretamente frutas, verduras e legumes antes de 
consumi-los pode contribuir para a infecção por esses 
parasitas. As infecções intestinais mais comuns por 
nematódeos incluem a ancilostomíase e ascaridíase. 
 Estima-se que em torno de 20% da população 
mundial possui ancolostomídeos em seu organismo e 
cerca de 1,5 bilhão de pessoas áscaris lumbricoides. 
Estas infecções ocasionam diversos danos para o 
hospedeiro. Na ancilostomíase, o ancilóstomo 
prende-se a parede do intestino, onde se alimenta de 
sangue e do tecido intestinal, quando estão presentes 
em grandes quantidades pode ocasionar a anemia, 
além dos sintomas comuns como dor abdominal e 
diarreia. 
 As ascaridíases também provocam infecções 
intestinais, as lombrigas, como são conhecidas 
popularmente, quando chegam na fase adulta, as 
fêmeas costumam medir entre 20 a 50 cm, e os 
machos, 15 a 30 cm de comprimento. A aquisição 
ocorre através da ingestão dos ovos do áscaris 
lumbricoides através de alimentos ou água 
contaminada; 
 Após a exposição ao parasita, às larvas 
progridem até o duodeno, vão para o sistema 
circulatório, instalando-se nos capilares do 
pulmão, logo em seguida, adentram-se nos alvéolos 
e nos bronquíolos e depois na traqueia e faringe, as 
larvas são deglutidas e retornam ao intestino, onde 
passam pelo processo de maturação. Quando estão 
presentes em grande quantidade, podem provocar 
obstrução intestinal, biliar e pancreático. Quando 
expostos a determinados fármacos as “lombrigas” 
tendem a migrar, o que pode provocar perfuração 
intestinal, e como consequência peritonite, além de 
provocar sua eliminação pelo ânus. 
 Os platelmintos são vermes achatados, seus 
corpos assemelham-se a folhas e podem ser 
divididos em trematódeos e cestoides. A maioria 
dos trematódeos são hermafrodita, ou seja, possuem 
órgãos sexuais masculino e feminino em um único 
corpo, apresentam uma ventosa oral e ventral e 
outras estruturas. 
 Os cestoides consistem em helmintos que 
apresentam formato de fita e o seu corpo é 
formado por proglotes, também são hermafroditas 
e nutem-se absorvendo os nutrientes por meio da 
parede de seu corpo. Um exemplo de cestoide são as 
tenias, taenia solium e saginata, que parasitam o 
intestino de seus hospedeiros. São endoparasitas 
desprovidos de epiderme, de cavidade geral e de 
sistema digestivo, os órgãos de fixação estão 
localizados na extremidade anterior. O corpo é, em 
geral, alongado e construído por segmentos, 
algumas vezes lembram trematódeos. 
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 A transmissão da Taenia ocorre, 
principalmente através do consumo de carne bovina 
e suína malcozida contaminada, na maioria das 
vezes, esses parasitas provocam desconforto 
abdominal e diarreia. Através do parasitológico de 
fezes é possível fazer o diagnóstico dessa parasitose. 
 
Tratamento de doenças por parasitas 
 O tratamento das parasitoses varia de acordo 
com cada doença, geralmente são utilizados 
fármacos antiparasitários. Porém, existem algumas 
dificuldades no tratamento das parasitoses, alguns 
agentes antiparasitários precisam de 
administração demorada, podendo gerar efeitos 
somente em determinados estágios de uma doença. 
Para cada parasitose é indicado uma terapia 
especifica, os anti-protozoários são utilizados nas 
infecções por protozoários e os anti-helmínticos 
nas infecções por helmintos.

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