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HAM IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período Manifestações clínicas de abuso sexual na infância A violência sexual é definida pela OMS como “todo ato sexual, tentativa de consumar um ato sexual ou insinuações sexuais indesejadas; ou ações para comercializar ou usar de qualquer outro modo a sexualidade de uma pessoa por meio da coerção por outra pessoa, independentemente da relação desta com a vítima, em qualquer âmbito, incluindo o lar e o local de trabalho”. O abuso sexual é a utilização da sexualidade de criança ou adolescente para a prática de qualquer ato de natureza sexual. A exploração sexual é a utilização de crianças e adolescentes para fins sexuais mediada por lucro, objetos de valor ou outros elementos de troca. A exploração sexual ocorre de quatro formas: na prostituição, na pornografia, nas redes de tráfico e no turismo com motivação sexual. MITOS: Violência sexual é um evento raro: O Brasil ocupa o SEGUNDO LUGAR no ranking mundial de ocorrência de exploração sexual em crianças e adolescentes; Subnotificação: somente 10% dos casos são denunciados às autoridades; No Brasil estima-se que 30-40% das crianças sejam vítimas de abuso. A cada hora 4 crianças e adolescentes são abusados no Brasil. O abuso sexual sempre deixa marcas físicas. Apenas 40% dos abusos sexuais deixam lesões físicas. Carícias não deixam marcas. Abuso sexual pode ocorrer mesmo sem contato físico. Meninas são as únicas vítimas de abuso sexual. No Brasil uma a cada três a quatro meninas será abusada sexualmente antes dos 18 anos! A média de meninos é um a cada seis a dez. Casos envolvendo vítimas do sexo masculino são menos denunciados. Cultura patriarcal. Adolescentes não sofrem violência sexual. 31% das vítimas de violência sexual são crianças e 45% são adolescentes. Grande problema de saúde pública pediátrica. Crianças pequenas não sofrem violência sexual. No Brasil, 51% das vítimas infantis estão na faixa etária de 1 a 5 anos de idade. O abusador sexual é um “monstro” desconhecido. 80% dos casos o abusador é alguém conhecido da vítima (familiares ou pessoas muito próximas da família). Por isso o abuso sexual é recorrente em 37% dos casos, podendo se estender por anos. A permissão da criança ou adolescente em participar do ato desconfigura o abuso. Crianças ou adolescentes não têm maturidade ainda para consentir algo que está ainda fora do seu universo psíquico. É muito comum que a criança ou o adolescente sequer perceba a situação de abuso a que foi exposta. A internet não é usada para a violência sexual de crianças e adolescentes. Uma a cada 5 crianças e adolescentes recebe material sexual indesejado na internet. 20% das crianças que acessam a internet recebem uma proposta de contato feita por abusadores. A pandemia Covid em 2020 aumentou ainda mais esses casos. A maioria das crianças e dos adolescentes inventam um abuso sexual. 94% das crianças e dos adolescentes que contam um abuso sexual falam a verdade! Entre aqueles que inventam, foram induzidos por um adulto a mentir Evitar um assunto o faz desaparecer. Quando se trata de violência sexual, quanto MENOS FALARMOS sobre o assunto, MAIS VULNERÁVEIS AOS ABUSADORES deixamos as crianças e os adolescentes O abuso sexual infantil é o resultado de uma série de abandonos, o resultado de uma desproteção pelos cuidadores. Em relação às análises descritivas, foi possível verificar que grande parte das crianças, tanto do grupo Abuso sexual (50%) quanto do grupo Maus-tratos sem histórico de abuso sexual (64,2%), vivenciaram outros eventos traumáticos ao longo da vida, sendo que os mais comuns se referiram a outras situações de maus-tratos. RESPONSABILIDADE DO PROFISSIONAL MÉDICO: Acolher a vítima e familiares, examiná-la e registrar em prontuário MV as evidências encontradas. Preencher a Ficha de Notificação de Violência disponível no sistema MV e entregar à coordenação da maternidade, juntamente com anamnese e demais HAM IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período documentos que o paciente fornecer, para arquivamento e sigilo das informações. Sinais do abuso sexual - sinais psicológicos: A avaliação psicológica para fins forenses é caracterizada pela produção de investigações psicológicas e comunicação de seus resultados visando à aplicação no contexto legal; No contexto forense, um dos maiores desafios enfrentado pelos profissionais é a identificação do abuso sexual quando não há evidências físicas ou biológicas, o que representa a maior parte dos casos encaminhados para a perícia médica. Sintomas externalizantes (comportamentos deliquentes e agressividade). Sintomas internalizantes (depressão, ansiedade, isolamento, dificuldades de atenção e queixas somáticas). Dois sintomas foram identificados como os mais seguros para caracterizar as crianças vítimas de abuso sexual: comportamentos sexuais e sintomas relacionados ao Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT). Sinais do abuso sexual - evidências no exame físico EXAMES LABORATORIAIS: Solicitar hemograma completo, anti-HCV, HbsAg, VDRL e anti HIV 1 e 2 para as vítimas com suspeita ou confirmação do abuso sexual. Quando a vítima for do sexo feminino com menarca, solicitar beta-HCG. Outros exames como TGO, TGP, glicemia, ou algum outro que o médico julgar necessário, poderão ser solicitados, sobretudo para os pacientes com indicação de medicação antirretroviral. Os vestígios devem ser coletados até no máximo 10 dias após a agressão. EDUCAÇÃO RESPEITOSA E EMPÁTICA: APEGO SEGURO: Proteção; Proximidade física e emocional; Previsibilidade; Play. EDUCAÇÃO SEXUAL: A maior ferramenta de proteção ao abuso sexual infantil é a EDUCAÇÃO SEXUAL CONSCIENTE. Ignorar o assunto ou esperar que ele surja deixa a criança vulnerável ao abusador. Praticar a educação sexual desde sempre: Não corresponde a uma data específica, mas a um processo contínuo. Reconhecimento dos limites pessoais. Falar sobre o ato sexual no momento certo, mas antes falar sobre o corpo, os sentimentos, os relacionamentos. Nomeie as partes íntimas: Quais são as partes íntimas e devem ser protegidas. Ensinar também os nomes formais. Tratar o tema com naturalidade e abertura sempre. Cada família escolherá a forma de tratar a nudez, mas sempre esclareça que nem todas as pessoas podem nos ver sem roupa ou mostrar suas partes íntimas. Explique a diferença entre PÚBLICO, PRIVADO e INTIMIDADE. Ensine sobre a rede de proteção: Quem são os adultos que a criança pode confiar sempre. HAM IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período Quais são os adultos que podem ver a criança sem roupa. Quais adultos podem ajudá-la a se trocar e a tomar banho. Ensine a diferença entre toque de cuidado e toque de abuso: Ninguém pode fazer carinho, cócegas ou brincar com as partes íntimas. A criança também não pode fazer isso com ninguém. TOQUES DE CARINHO: Acariciar a cabeça, pegar na mão, dar um abraço, beijo na bochecha com consentimento TOQUES DE CUIDADO: Banho, trocar a fralda, passar hidratante, limpar após uso do banheiro, exames médicos. TOQUE DE ABUSO: Toques que machucam, situações constrangedoras, toques na parte íntima fora dos momentos de cuidado, toques em segredo. Ensine sobre limite corporal e consentimento: Ensinar que seu corpo é valioso é especial. Ensinamento do dia a dia! O corpo da criança não é público. A criança não é obrigada a beijar, abraçar ou ir no colo de ninguém que ela não queira. O corpo é inviolável. NINGUÉMpode agredi-lo de nenhuma forma. Brincadeiras (cócegas) somente com o consentimento da criança. Respeitar o pedido de PARE da criança. Não use afeto como moeda de troca: A criança nunca é obrigada a retribuir com carícias quando alguém lhe faz uma gentileza. Demonstrações de afeto são bem vindas quando feitas por vontade própria. Ensine a criança como agir na prática: Explique o que seria uma situação abusiva e como lidar caso isso ocorra. Grite “PODE PARAR”, saia correndo e conte tudo a um adulto da sua rede de proteção. Com crianças maiores, simule em conversa uma situação hipotética.
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