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APG 29 - Corrimento

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Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
 
TRICOMONÍASE 
É uma infecção causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis no 
trato geniturinário da mulher e do homem. É uma doença de 
transmissão essencialmente sexual, classificada como clássica IST 
curável, em que um parasita colônica vagina e uretra. A transmissão 
vertical durante o parto é possível, podendo persistir por 1 ano 
(WILLIAMS). 
❖ Trichomonas vaginalis -> protozoário flagelado (grande 
mobilidade), anaeróbio facultativo e essencialmente parasita 
de seres humanos. É ovoide, pouco maior que um leucócito e 
menor do que uma célula epitelial vaginal. Podem habitar as 
glândulas parauretrais dos homens e das mulheres. 
 
O pH ótimo para o protozoário é de 6,5-7,5 e ele pode provocar um 
forte desequilíbrio na flora vaginal normal. Sua atividade provoca 
forte resposta inflamatória, causando os sintomas de edema 
inflamatório e hiperemia de vasos da mucosa. No colo do útero, 
podem ocorrer hemorragias puntiformes devido à dilatação dos 
vasos, caracterizando o específico achado do “colo em morango”. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
Tricomoníase é a IST não viral mais comum no mundo (FREBASGO). 
De acordo com a OMS, existem aproximadamente 170 milhões de 
casos reportados anualmente em pessoas entre 15-49 anos, a 
maioria (92%) em mulheres de países em desenvolvimento. 
A infecção é assintomática e observada em até 50% das mulheres e 
na maioria de seus parceiros sexuais masculinos. Sob o aspecto 
epidemiológico, as infecções por Trichomonas vaginalis estão 
comumente associadas a outras DST e, por essa razão, são um dos 
marcadores do comportamento sexual de alto risco. 
 
❖ Trichomonas vaginalis é importante cofator na transmissão e 
aquisição do HIV. 
Brasil -> estudos referem prevalência que varia de 2,6-20% no sexo 
feminino. A estimativa é de 4,3 milhões de casos por ano. 
Os homens, por geralmente apresentarem menos sintomas do que 
as mulheres, servem como vetores assintomáticos da infecção. 
Apesar de a infeção ser disseminada, a tricomoníase é condição 
negligenciada, mesmo podendo levar a importantes sequelas, 
recebendo pouca atenção nos sistemas de saúde pública. 
FATORES DE RISCO 
Há alguma evidência de uma associação ao resultado da gravidez: 
❖ Baixo peso ao nascer. 
❖ Parto prematuro. 
❖ Sepse materna pós-parto. 
Além disso, como a maioria das doenças sexualmente 
transmissíveis, os fatores de risco relacionados à tricomoníase são: 
❖ Baixo nível socioeconômico. 
❖ Prostituição. 
❖ Relação sexual sem preservativo. 
❖ Promiscuidade. 
❖ Abuso de álcool e drogas. 
❖ Idade. 
FISIOPATOLOGIA 
Admite-se que, após a inoculação do Trichomonas vaginalis na 
vagina, a sintomatologia ocorra em 1-2 semanas, mas isso 
dependerá da quantidade do inóculo, virulência do parasita e 
imunidade local. 
A resposta imune celular ao Trichomonas vaginalis pode ser 
agressiva, com inflamação da mucosa da vagina e exocérvice em 
mulheres e da uretra em homens. Ocorre intensa infiltração de 
leucócitos, incluindo os da linhagem TCD4, que são alvo do HIV. 
 
Mulheres -> ao penetrar na vagina, o parasita cobre-se com as 
proteínas do hospedeiro, o que permite a evasão dos mecanismos 
de defesa locais; além disso, possui a capacidade de sobreviver no 
meio vaginal ácido, hostil, durante muito tempo. 
APG 29 - CORRIMENTO VAGINAL/URETRAL 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
❖ O parasita permanece fortemente ligado às células da mucosa 
vaginal. 
Além da vagina e exocérvice, pode acometer a uretra, bexiga, 
glândulas de Skenne e Bartholin e endocérvice. Após a infecção, o 
parasita raramente é eliminado, podendo permanecer 
indefinidamente no trato genital. 
❖ O impacto da infecção durante a gravidez não está totalmente 
determinado, mas estudos têm demonstrado correlação com 
prematuridade. 
❖ A infecção do trato genital feminino pelo protozoário não 
induz imunidade duradoura, sendo comuns as infecções 
recorrentes. 
Homem -> infecta a uretra inferior, podendo atingir a próstata, 
vesícula seminal e epidídimo. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Os homens são portadores de T. vaginalis na uretra e na próstata e 
são assintomáticos, embora 10-25% das mulheres também não 
tenham sintoma. 
Os sintomas classicamente descritos na infecção são corrimento 
geralmente profuso, amarelado ou amarelo-esverdeado, 
frequentemente acompanhado de ardor genital, sensação de 
queimação, disúria e dispareunia. 
Em muitos casos, há edema e eritema da mucosa afetada, algumas 
vezes com prurido e irritação. Algumas mulheres desenvolvem 
pequenas áreas hemorrágicas no colo do útero, que também são 
conhecidas como manchas de morango. 
 
Os sintomas acentuam-se no período pós-menstrual devido à 
elevação do pH vaginal e à aquisição de ferro da Hb pelo parasita, o 
que aumenta sua virulência. 
COMPLICAÇÕES 
Essa doença é um fator de risco para transmissão do HIV e é 
contagiosa nos homens e nas mulheres. Nas mulheres, a infecção 
aumenta os riscos de infertilidade tubária e doença inflamatória 
pélvica (DIP) atípica e está associada às complicações como 
nascimento prematuro nas gestantes. 
Trichomonas aderem facilmente às mucosas e podem atuar como 
vetores para disseminação de outros microrganismos, 
transportando patógenos ligados à sua superfície até as tubas 
uterinas. 
Nos homens, a tricomoníase é uma causa comum de uretrite não 
gonocócica e um fator de risco para infertilidade. 
DIAGNÓSTICO 
EXAME GINECOLÓGICO 
O período de incubação do T. vaginalis varia de 3 dias a 4 semanas. 
Com a tricomoníase, a vulva pode estar eritematosa, edemaciada e 
escoriada. A vagina elimina leucorreia e hemorragias subepiteliais 
ou “manchas vermelhas” podem ser observadas na vagina e no colo 
uterino. 
Se a colpocitologia oncológica referir a presença de T. vaginalis, 
idealmente se deve convocar a paciente para confirmação da 
presença do parasita. Se o teste for positivo, são tomadas as 
decisões para o tratamento. 
❖ Nem sempre isso é possível; nesse caso, fica a critério do 
profissional ministrar o tratamento mesmo sem a 
confirmação; por tratar-se de doença negligenciada e 
disseminada, tal conduta seria aceitável na opinião de alguns 
profissionais. 
❖ O Papanicolaou não é considerado teste diagnóstico devido à 
baixa sensibilidade. 
MICROSCOPIA 
Costuma ser diagnosticada com a identificação microscópica de 
parasitas em um preparado salino da secreção. Os tricomonas são 
protozoários anaeróbios com flagelo anterior e, portanto, móveis. 
❖ Os tricomonas tornam-se menos móveis com o frio, e as 
lâminas devem ser observadas em 20 minutos. 
❖ O exame direto do preparado salino é altamente específico, 
ainda que a sensibilidade não seja tão alta (60 a 70%). 
pH VAGINAL 
A medida do pH vaginal revela valores acima de 4,5 e o teste das 
aminas (whiff test) pode ser positivo devido à presença de germes 
anaeróbios associados à VB. 
❖ Teste das Aminas -> é feito com a adição de hidróxido de 
potássio a 10% na secreção coletada do fundo de saco vaginal, 
com aparecimento imediato de odor desagradável. 
BACTERIOSCOPIA A FRESCO 
É o método mais utilizado para diagnóstico, por ser prático e barato. 
Coloca-se em uma lâmina de vidro uma gota de conteúdo vaginal e 
uma gota de solução salina e observando-se ao microscópio. O 
parasita é identificado pela movimentação pendular. 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
negatividade do exame a fresco. 
NAAT - TESTE DE AMPLIFICAÇÃO DO ÁCIDO NUCLEICO 
É altamente sensível, detectando 5x mais o parasita do que o exame 
a fresco. 
GONORRÉIA 
IST de notificação compulsória causada pela bactéria Neisseria 
gonorrhoeae. A infecção ocorre por contato sexual e é necessário o 
tratamento simultâneo de parceiros sexuais atuais e recentes. 
A infecção endocervical é assintomática em até 50% dos casos, o 
sintoma mais comum é corrimento vaginal alterado, e menos 
frequente é a queixa dedor abdominal. O gonococo é um diplococo 
Gram-negativo piogênico (formador de pus). 
Em fase bem inicial, os gonococos podem também ser encontrados 
extracelularmente. São sensíveis à maioria dos antissépticos, 
morrendo facilmente fora do seu habitat. 
 
Os seres humanos são os únicos hospedeiros naturais do N. 
gonorrhoeae. O microrganismo prolifera mais facilmente em 
epitélios quentes secretores de muco. A porta de entrada pode ser 
o sistema geniturinário, olhos, orofaringe, região anorretal ou a 
pele. 
A transmissão geralmente ocorre por relações sexuais, exceto nos 
casos de transmissão perinatal. A autoinoculação do microrganismo 
nas conjuntivas pode ocorrer. 
❖ RN de mães infectadas podem adquirir a infecção durante sua 
passagem pelo canal de parto e estão sujeitos a desenvolver 
conjuntivite gonocócica, que pode causar cegueira se não for 
tratada adequadamente. 
EPIDEMIOLOGIA 
A gonorreia apresenta prevalência muito menor que a Chlamydia, 
porém atinge cerca de 1-2% da população feminina (FREBASGO). A 
gonorreia é uma IST, permanecendo como um problema de saúde 
pública em todo o mundo. 
Embora nos últimos anos tenha ocorrido declínio na incidência da 
gonorreia, permanece como causa significante de morbidade nas 
nações em desenvolvimento. 
A gonorreia é a 2ª mais frequente IST causada por bactérias, 
provocando importante morbidade. A OMS estimou 78 milhões de 
novos casos no mundo em 2012 (15-49 anos). No Brasil, ocorrem 
mais de 1,5 milhão de novos casos por ano. 
FATORES DE RISCO 
❖ Idade (pessoas mais jovens). 
❖ Presença de novos parceiros sexuais. 
❖ Relacionamento com um parceiro sexual que tem múltiplos 
parceiros simultâneos. 
❖ Múltiplos parceiros sexuais. 
❖ Diagnóstico prévio de gonorreia. 
❖ Ter outras IST. 
FISIOPATOLOGIA 
Etapas da patogênese da Neisseria gonorrhoeae: 
Adesão -> N. gonorrhoeae adere às células das mucosas, mediadas 
pelo Pili (responsável pela adesão às células e transferência de 
material genético e aquisição de resistências aos antimicrobianos), 
OPA (proteínas de adesão da bactéria à célula) e outras proteínas 
de superfície. 
Invasão -> os microrganismos são pinocitados por células que os 
transportam da mucosa ao espaço subepitelial. 
Endotoxina (LOS) -> prejudica a motilidade ciliar e contribui para a 
destruição das células ciliares. 
❖ Desencadeia intensa resposta inflamatória, com liberação de 
TNFα, responsável pelo recrutamento de leucócitos, 
inflamação e aparecimento dos sintomas. Um grande 
mecanismo de patogenicidade dos Gram (-) é a produção de 
endotoxinas, que está presente na parede dos LOS, bloqueia 
anticorpos e vai mediar a maioria das manifestações clínicas. 
LOS -> dano celular e invasão da submucosa por neutrófilos, 
formação de abscessos e exsudação de material purulento. 
Disseminação do gonococo -> devido à incapacidade dos anticorpos 
e à falha do sistema. 
 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
A gonorreia pode se apresentar na forma de vaginite ou de cervicite. 
Em geral, as mulheres descrevem uma secreção vaginal profusa sem 
odor, não irritante e de cor branco-amarelada. Os gonococos 
também podem infectar as glândulas de Bartholin e Skene e a uretra, 
e ascender para o endométrio e tubas uterinas (infecção no trato 
reprodutivo superior). 
 
Os sinais inflamatórios mais importantes são: 
❖ Exsudato purulento/mucopurulento endocervical visível no 
canal endocervical ou em uma amostra de swab endocervical 
(“cervicite mucopurulenta”). 
❖ Sangramento endocervical facilmente induzido pela passagem 
suave de um cotonete/escovinha através do orifício 
endocervical. 
Um ou ambos sinais podem estar presentes. O colo fica edemaciado 
e aumenta seu volume, ficando com aspecto congesto. 
Os sintomas podem ocorrer ou piorar durante ou pouco depois das 
menstruações, porque a bactéria é um diplococo intracelular que 
prolifera no sangue menstrual, mas não consegue sobreviver muito 
tempo fora do corpo humano. 
COMPLICAÇÕES 
As infecções gonocócicas podem resultar em várias síndromes 
clínicas específicas: 
Oftalmia gonocócica -> complicação rara. Pode resultar do contato 
direto ou de autoinoculação em indivíduos com gonorreia 
anogenital. Manifesta-se com conjuntivite purulenta aguda, que 
pode ulcerar a córnea. 
Gonorreia urogenital em homens -> secreção uretral purulenta e 
disúria. O exame físico revela exsudato uretral purulento. Às vezes, 
observa-se eritema do meato uretral. 
 
Gonorreia do sistema genital inferior (mulheres) -> corrimento 
vaginal anormal. Sangramento vaginal anormal. Pode provocar 
disúria. 
DIP -> dor na parte inferior do abdome, de intensidade variável e 
com frequência leve. Em geral, é bilateral, ocorrendo dias a 
semanas antes da apresentação clínica e pode ser exacerbada pelo 
coito. Pode ter sangramento vaginal anormal, febre, calafrios, 
anorexia, uretrite e proctite. 
Infecção retal -> comum em mulheres e HSH. Manifesta-se por 
prurido anal, corrimento mucopurulento, dor, tenesmo e 
sangramento. 
Infecção faríngea -> resulta da exposição orogenital. Raros casos 
podem exibir faringite exsudativa e linfadenopatia cervical. 
Geralmente tem resolução espontânea. 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico se baseia na história de exposição sexual e nos 
sintomas referidos e pode ser confirmado pela demonstração do 
microrganismo por coloração com Gram ou cultura. 
Diagnóstico laboratorial: 
❖ Esfregaço cervical ou uretral corado por técnica de Gram: 
observam-se diplococos gram-negativos intracitoplasmáticos 
(em leucócitos), mas não qualifica o diagnóstico, sendo 
necessária a confirmação. 
❖ Cultura em meio de Thayer-Martin, 
❖ Captura híbrida para gonococo. 
❖ PCR para gonococo. 
MICROSCOPIA 
É positiva quando são observados neutrófilos polimorfonucleares 
com diplococos Gram-negativos intracelulares de morfologia típica. 
 
Os esfregaços uretrais com coloração de Gram têm sensibilidade de 
90-98% no diagnóstico de uretrite gonocócica sintomática em 
homens e especificidade >95%. Entretanto, a coloração de Gram 
tem sensibilidade de apenas 50% na infecção cervical ou retal e na 
gonorreia uretral assintomática. 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
CULTURA 
O isolamento de N. gonorrhoeae por cultura, em geral com meios 
seletivos contendo antibióticos, é a base histórica do diagnóstico de 
gonorreia. É importante na vigilância da resistência a agentes 
antimicrobianos e contextos clínicos selecionados. 
NAAT - TESTE DE AMPLIFICAÇÃO DO ÁCIDO NUCLEICO 
Nos EUA, os NAATs suplantaram a cultura como exame laboratorial 
dominante utilizado no diagnóstico da gonorreia na maioria das 
situações. Os NAATs aprovados pela FDA incluem: 
❖ Reação em cadeia da polimerase. 
❖ Amplificação mediada por transcrição. 
❖ Deslocamento de fita de DNA. 
As vantagens dos NAATs incluem aumento da sensibilidade em 
comparação com a cultura, particularmente nas infecções 
extragenitais, a capacidade de examinar amostras de urina e swabs 
vaginais obtidos pela própria paciente e o fato de que a maioria dos 
NAATs é agora comercializada como ensaios de combinação, 
possibilitando testagem simultânea para N. gonorrhoeae e 
Chlamydia trachomatis . A principal desvantagem dos NAATs é a 
incapacidade de efetuar um teste de sensibilidade aos agentes 
antimicrobianos. 
MYCOPLASMA 
Os micoplasmas e os ureaplasmas são bactérias cuja maioria das 
espécies é considerada apenas comensal para o ser humano. 
Entretanto, o Ureaplasma urealyticum e o Mycoplasma hominis são 
conceituados como micoplasmas genitais patogênicos e são 
considerados também germes oportunistas, por causarem infecção 
em populações suscetíveis, principalmente em imunodeprimidos. 
Esses patógenos estão associados a infecções urogenitais em 
humanos e a infecções respiratórias ou sistêmicas em neonatos. Os 
micoplasmas podem ser encontrados em até 8%-41% em mulheres 
assintomáticassexualmente ativas. Estão claramente relacionados 
à atividade sexual e aos hormônios sexuais. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
❖ Dispareunia (dor genital durante a relação sexual), disúria, 
polaciúria, infecção urinária e genital. 
❖ Corrimento vaginal não é característico. 
DIAGNÓSTICO 
EXAME CLÍNICO 
❖ Descarga uretral de material com características purulentas. 
❖ Graus variados de cervicite. 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
❖ Exame bacterioscópico citológico (método de Leishman), 
direcionado às células cervicais e vaginais. 
❖ Cultura -> apesar de trabalhosa, é bastante factível. 
❖ Biologia molecular (PCR). 
CANDIDÍASE 
A candidíase vulvovaginal é extremamente importante pelos 
sintomas, que podem ser muito desagradáveis, por facilitar a 
aquisição/transmissão de outras IST’s, inclusive o HIV, por 
comprometer a sexualidade e outros aspectos da vida da mulher, 
afetando negativamente a qualidade de vida. 
As espécies de Candida residem normalmente nos tratos 
gastrintestinal e geniturinário e na pele. Como colonizadoras, as 
espécies de Candida não causam infecção, a não ser que haja algum 
defeito nos mecanismos de defesa do hospedeiro ou que fatores 
exógenos, como uso de antibióticos ou ruptura e/ou maceração da 
pele, tenham perturbado a ecologia da microbiota normal. 
Candida albicans é a espécie mais prevalente, responsável por 85% 
a 95% dos casos; Candida glabrata e Candida tropicalis estão 
associadas a 5-10% dos casos; outras espécies como Candida krusei, 
Candida parapsilosis e Candida guilliermondii são raramente 
identificadas. 
A transmissão pode ser sexual, e vários estudos relatam associação 
entre candidíase e sexo oral. 
EPIDEMIOLOGIA 
Estima-se que 75% das mulheres tenham pelo menos um episódio 
de candidíase vulvovaginal (CVV) durante a vida. Quase 45% das 
mulheres terão dois ou mais episódios. Poucas têm infecção 
recorrente, crônica. 
Brasil -> não existem dados epidemiológicos sobre a candidíase. Já 
foram identificadas mais de 400 cepas de cândida. Embora a 
espécie Candida albicans seja a mais importante causadora de 
candidíase, a incidência de não-albicans tem crescido de maneira 
importante nos últimos anos. 
FATORES DE RISCO 
❖ Uso de antibióticos. 
❖ Gravidez. 
❖ DM. 
Gravidez e DM estão associadas à diminuição qualitativa da 
imunidade celular, acarretando maior incidência de candidíase. 
CLASSIFICAÇÃO 
A CVV pode ser classificada em complicada e não complicada: 
“Complicada” -> refere-se a candidíase recorrente/severa ou por 
espécies não albicans ou em mulheres com DM (condições que 
comprometem o sistema imune – ex.: infecção por HIV), debilitadas 
ou recebendo imunossupressores. 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
“Não complicada” -> candidíase que se apresenta em episódios 
esporádicos/infrequentes, de intensidade leve/moderada, cujo 
agente etiológico é a Candida albicans e ocorre em mulheres não 
imunocomprometidas. 
 
FISIOPATOLOGIA 
Quando o sistema imune não consegue inibir a proliferação dos 
fungos, ocorre a passagem do estado saprófita para o patogênico, 
com consequente aparecimento de sinais e sintomas. 
O modo habitual de infecção por Candida consiste em sua saída de 
seu nicho normal para entrada na corrente sanguínea ou outros 
tecidos; em geral, a fonte é o sistema digestório. A 1ª defesa do 
hospedeiro em resposta a esse evento consiste em fagocitose e 
destruição por neutrófilos, monócitos e macrófagos. 
❖ Os monócitos inflamatórios que expressam o receptor de 
quimiocinas (CCR2) nos tecidos desempenham um papel 
antifúngico essencial, particularmente nas primeiras 48hs 
após a infecção. 
A fagocitose é intensificada na presença de anticorpos anti- Candida 
específicos e complemento. Vários mecanismos diferentes operam 
no interior de neutrófilos e dos macrófagos, possibilitando a 
destruição das leveduras. 
Quando Candida tem acesso à corrente sanguínea, a regra consiste 
em disseminação hematogênica da levedura. 
❖ A biopsia dos órgãos afetados revela múltiplos microabscessos 
compostos de neutrófilos, leveduras em brotamento e, com 
frequência, hifas ou pseudo-hifas. 
 
Com o decorrer do tempo, as lesões apresentam uma resposta 
neutrofílica e granulomatosa mista. A imunidade das células T 
constitui uma importante defesa do hospedeiro contra a infecção 
por Candida nas superfícies mucosas. 
A ubiquitina ligase, Casitas B linfoma B (CBLB), um ativador de 
células T e indutor da diferenciação dessas células, é crucial para 
restringir a magnitude da resposta imune inata contra a infecção 
por C. albicans, porém ao mesmo tempo confere proteção 
subótima ao hospedeiro. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Caracteriza-se por prurido, de intensidade variável, acompanhado 
por corrimento geralmente esbranquiçado (fluido ou com aspecto 
de “leite talhado”). Dependendo da intensidade do processo 
inflamatório, pode haver queixa de desconforto, dor, disúria e 
dispareunia. 
 
Exame Ginecológico -> é frequente observar hiperemia vulvar, 
edema e fissuras. O exame especular mostra hiperemia da mucosa 
vaginal e conteúdo vaginal esbranquiçado, em quantidade escassa, 
moderada ou abundante, de aspecto espesso ou flocular, aderido 
ou não às paredes vaginais. 
 
O pH vaginal encontra-se geralmente abaixo de 4,5. O Teste das 
Aminas (whiff test) é negativo na candidíase. 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico clínico deve sempre ser confirmado pela presença de 
fungos, que pode ser realizada por meio de: 
EXAME A FRESCO 
Realizado colocando-se em uma lâmina de vidro uma gota de 
conteúdo vaginal e uma gota de soro fisiológico ou hidróxido de 
potássio a 10% e observando-se ao microscópio a presença de hifas 
ou esporos. 
 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
 
BACTERIOSCOPIA 
Realizado com coloração pelo método de Gram. 
CULTURA EM MEIOS ESPECÍFICOS 
Permite a identificação do fungo, sua espécie e eventual realização 
do antifungigrama, recomendável nos casos recorrentes. 
CLAMÍDIA 
As clamídias são bactérias intracelulares obrigatórias que causam 
uma variedade de doenças em seres humanos e em animais e muita 
morbidade. 
Os agentes etiológicos mais comuns são a Chlamydia trachomatis, a 
C. psittaci e a C. pneumoniae. A clamídia, além de ser transmitida por 
meio do contato sexual, pode ter transmissão vertical. 
C. trachomatis possui 18 sorovares imunologicamente definidos: 
 
❖ A, B, Ba e C causam a doença ocular tracoma. 
❖ D a K causam infecções sexualmente transmissíveis (IST) 
localizadas nas superfícies das mucosas. 
❖ L1, L2 e L3 causam doenças sexualmente transmissíveis que 
levam à doença invasiva nos linfonodos (linfogranuloma 
venéreo). 
EPIDEMIOLOGIA 
A C. trachomatis é a 2ª espécie mais prevalente entre as DSTs nos 
Estados Unidos, e sua maior prevalência está entre os jovens com 
menos de 25 anos. Uma vez que muitas pessoas com esses 
organismos são assintomáticas, recomenda-se rastreamento anual 
nas mulheres sexualmente ativas com idade 25 anos e naquelas 
consideradas de risco. 
A infecção por CT é a mais comum IST causada por bactéria em todo 
o mundo, superando a infecção gonocócica e a sífilis. 
 
A infecção é seguramente a mais frequente na população feminina 
(variando de 2-30%), com alto grau de morbidade e potencial de 
complicação (de trabalho de parto prematuro, endometrite 
puerperal, DIP aguda, esterilidade conjugal e dor pélvica crônica). 
FATORES DE RISCO 
❖ Novo parceiro sexual. 
❖ Mais de um parceiro sexual nos 3 meses anteriores. 
❖ História de infecção por C. trachomatis ou outra IST. 
❖ Uso inconsistente de preservativo. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
O C. trachomatis causa infecção do epitélio colunar e, assim, os 
sintomas refletem a infecção de glândulas ectocervicais, com 
resultante descarga mucopurulenta ou secreções ectocervicais. 
❖ 70% dos casos são assintomáticos. 
As manifestações incluem colo edemaciado (volume aumentado), 
hiperemiado,com mucorreia (eventualmente purulenta), friável 
(sangra fácil ao toque). Acentuação do ectrópio (mácula rubra), dor 
no ato sexual e à mobilização do colo uterino ao exame 
ginecológico. 
Em casos de uretrite, algumas mulheres podem se queixam de 
sintomas típicos de ITU, como aumento da frequência urinária e 
disúria. 
DIAGNÓSTICO 
A análise microscópica das secreções em preparado salino em geral 
revela 20 ou mais leucócitos por campo microscópico. Como 
exames mais específicos, cultura, NAAT e ensaio imunoenzimático 
(Elisa) estão disponíveis para amostras ectocervicais. 
❖ A alternativa mais utilizada é um teste combinado para 
gonococo e clamídia. 
IST por C. trachomatis são mais bem identificadas em amostras 
genitais usando testes de amplificação de ácido nucleico (NAATs) 
porque esses testes são mais sensíveis do que a cultura de células 
e as exigências de manipulação da amostra são menos estritas. 
❖ Os NAATs para infecção genital podem ser feitos utilizando-
se amostras obtidas de forma não invasiva, tais como urina 
ou secreções vaginais obtidas pelo paciente ou pelo médico. 
 
 
VULVOVAGINITE AGENTE SINTOMA pH MICROSCOPIA
TESTE DAS 
AMINAS
TRATAMENTO
Vaginose Bacteriana Bactérias anaeróbias Odor fétido >4,5 Clue cells + Metronidazol
Tricomoníase Trichomonas vaginalis
Inflamação, corrimento 
amarelado, ardor
>4,5
Protozoário 
flagelado
+ Metronidazol
Candidíase Candida sp
Prurido e corrimento 
grumoso
<4,5 Pseudohifas - Fluconazol
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-oftalmol%C3%B3gicos/doen%C3%A7as-da-conjuntiva-e-esclera/tracoma
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
GARDNERELLA 
A vaginose bacteriana (VB) é uma alteração da flora bacteriana 
vaginal normal que acarreta a diminuição do número de 
lactobacilos produtores de peróxido de hidrogênio e o 
supercrescimento de bactérias predominantemente anaeróbicas 
principalmente Gardnerella vaginalis. 
Os agentes etiológicos mais frequentes são Gardnerella, Atopobium, 
Prevotella, Megasphaera, Leptotrichia, Sneatia, Bifidobacterium, 
Dialister, Clostridium e Mycoplasmas. 
EPIDEMIOLOGIA 
A vaginose bacteriana é uma afecção extremamente prevalente. 
Estimativas mundiais de prevalência variam de 10-30%. Estudo 
realizado nos Estados Unidos, no período de 2001 a 2004, com 
amostra nacional representativa de 3.739 mulheres mostrou 
prevalência de 29,2% em mulheres americanas na faixa etária de 14 
a 49 anos. 
Brasil -> dependendo da população estudada, a afecção é 
responsável por até 40% dos casos de queixas vaginais. 
 
FISIOPATOLOGIA 
Não se sabe que fator desencadeia o distúrbio da flora vaginal 
normal. Supõe-se, no entanto, que haja influência da alcalinização 
repetida da vagina, decorrente de coitos frequentes ou do uso de 
duchas vaginais. 
Após o desaparecimento dos lactobacilos normais produtores de 
peróxido de hidrogênio, é difícil restabelecer a flora vaginal normal, 
e a recorrência de VB é comum. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
O quadro clínico caracteriza-se por corrimento de intensidade 
variável, acompanhado de odor vaginal fétido (caracterizado 
frequentemente como “odor de peixe” ou amoniacal). Por vezes, a 
paciente refere apenas o odor, estando o corrimento ausente. 
❖ O odor fétido piora com o intercurso sexual desprotegido e 
durante a menstruação, devido à volatização de aminas 
aromáticas (putrescina, cadaverina, dimetilamina) resultantes 
do metabolismo das bactérias anaeróbias pela alcalinidade do 
sêmen ou do sangue menstrual. 
 
COMPLICAÇÕES 
Mulheres com VB estão sob maior risco de DIP, DIP pós-aborto, 
infecções pós-operatórias da cúpula vaginal após histerectomia e 
anormalidades da citologia cervical. 
Gestantes com VB correm risco de ruptura prematura das 
membranas, trabalho de parto e parto pré-termo, corioamnionite e 
endometrite pós-cesariana. 
DIAGNÓSTICO 
Na anamnese avaliar práticas sexuais e fatores de risco, DUM, 
práticas de higiene vaginal e uso de medicamentos tópicos ou 
sistêmicos e/ou outros agentes irritantes locais. 
❖ Além disso, avaliar o fluxo vaginal (consistência e alterações no 
odor, presença de prurido ou irritação local). 
Ao exame ginecológico, o conteúdo vaginal apresenta-se 
homogêneo, em quantidade variável (geralmente escassa, mas 
pode ser moderada ou abundante) e com coloração geralmente 
esbranquiçada, branco-acinzentada ou amarelada. 
 
Para o diagnóstico, foram propostos alguns critérios, incluindo 
achados clínicos e laboratoriais ou apenas dados microbiológicos. 
 
Clue cell. 
Os critérios mais conhecidos e divulgados são os de Amsel e os de 
Nugent -> os critérios propostos por Amsel requerem 3 dos 4 itens 
a seguir: 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
❖ Corrimento vaginal branco-acinzentado homogêneo aderente 
às paredes vaginais. 
❖ Medida do pH vaginal maior do que 4,5. 
❖ Teste das aminas (whiff test) positivo, ou seja, 
desprendimento de odor fétido após a adição de KOH 10% a 
uma gota de conteúdo vaginal, presença de “células-chave” 
(“clue cells”), que são células epiteliais recobertas por 
cocobacilos Gram variáveis na bacterioscopia. 
O escore de Nugent baseia-se em elementos avaliados na 
bacterioscopia com coloração pelo método de Gram, 
particularmente os morfotipos de Lactobacillus, de Gardnerella 
vaginalis e de Mobiluncus sp. 
O resultado da avaliação é traduzido em escores, assim 
considerados: 
❖ Escore de 0-3 -> padrão normal; 
❖ Escore de 4-5 -> flora vaginal intermediária; 
❖ Escore de 7-10 -> vaginose bacteriana. 
Outros testes incluem o AFFIRM VP III -> é um teste de hibridização 
para altas concentrações de Gardnerella vaginalis, e o OSOM BV Blue 
test (Sekisui Diagnostics, Framingham, MA) -> detecta a enzima 
sialidase ativada presente no fluido vaginal de mulheres com VB; 
ambos são úteis e têm boa efetividade quando comparados ao 
Gram. 
PCR tem sido utilizada para detecção de microrganismos associados 
à VB apenas para pesquisas. Cultura para Gardnerella vaginalis não 
é recomendada para o diagnóstico.

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