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CCR PROCESSOS BIOLÓGICOS IV Profa Dra Andréia Machado Cardoso CASOS CLÍNICOS Em duplas ou trios, responda as questões em um único documento WORD e envie via moodle. 1) Mulher, 64 anos, não fumante, relatou estar sofrendo de fortes dores nas articulações (mãos e pés) e rigidez matinal que perdurava por até duas horas. As articulações afetadas (IFP, IFD, MTF e joelho) estavam edemaciadas, brilhantes e quentes. Relatou ainda extrema dificuldade na execução dos cuidados pessoais (pentear-se, escovar os dentes, etc.) e das tarefas cotidianas do lar, sobretudo no período da manhã e mesmo após o desaparecimento da rigidez. O edema das articulações e a duração da rigidez eram mais pronunciados no lado esquerdo do corpo. O sono não era reparador, o apetite estava diminuído (paciente também informou perda de peso) e emocionalmente alternava períodos de irritação e desalento. A dor nas articulações se irradiava para os membros, joelhos e região cervical. Episódios de cefaléia eram frequentes e perduravam por horas. Fezes e evacuações estavam normais. A urina era escura. A paciente relatou ainda ocorrência de sangramento gengival durante a higiene bucal. A paciente possui hipotireoidismo e hipertensão tratados. Duas semanas após o aparecimento dos sintomas a paciente consultou-se com um ortopedista que solicitou uma consulta a um reumatologista para confirmação do diagnóstico e realização de exames laboratoriais e início do tratamento. Foi prescrito analgésico e anti-inflamatório que não aliviou totalmente a dor, sem prejuízo dos outros sintomas. Uma semana depois a paciente consultou-se com um reumatologista e lhe foi receitado um AINE até a liberação dos exames laboratoriais e confirmação do diagnóstico. Uma semana depois da consulta os resultados dos exames laboratoriais foram os seguintes: FAN (fator antinuclear): NUCLEAR HOMOGÊNEO (referência: negativo) ANTI CCP: positive (título baixo) (referência: negativo) Os valores do hemograma estavam dentro da normalidade. Confirmado o diagnóstico, o reumatologista iniciou o tratamento com DMARD, glicocorticóide e ácido fólico. Responda: a) Qual o provável diagnóstico? b) Qual é o mecanismo imunológico da doença e qual a relação desse mecanismo com os sinais e sintomas da paciente? c) Qual a finalidade dos exames complementares solicitados? d) Qual a finalidade de cada fármaco proposto para o tratamento? 2) Um estudante do ensino médio de 15 anos tinha um emprego temporário em uma firma de jardinagem. Uma de suas funções era espalhar restos de matéria vegetal em canteiros. No final de agosto, ele rapidamente desenvolveu uma grave dificuldade respiratória, uma tosse persistente, e dores no peito. Devido a uma falha respiratória iminente ele teve de ser internado. Um exame radiológico do tórax foi feito e revelou a presença de grandes manchas densas em ambos os pulmões. Uma dessas lesões foi aspirada com uma agulha fina e quando o aspirado foi corado várias hifas de Aspergillus foram vistas. Uma cultura do aspirado foi positiva para Aspergillus fumigatus. O rapaz começou a ser tratado com anfotericina B intravenosa e sofreu uma traqueostomia, sendo submetido à ventilação mecânica. Ele melhorou lentamente em um decurso de dois meses. Durante esse tempo no hospital, ele contraiu duas outras infecções respiratórias com Pseudomonas aeruginosa e Streptococcus faecalis. Essas infecções também foram tratadas com os antibióticos apropriados. Na época de sua alta hospitalar, sua contagem de células sanguíneas era de 11.500/ml. Ele tinha 65% de neutrófilos, 30% de linfócitos e 5% de monócitos. Suas imunoglobulinas foram dosadas e apenas o IgG mostrou-se ligeiramente alterado. Como nenhum defeito foi encontrado em sua imunidade humoral, sua função de células brancas foi testada com um teste de lâmina de NBT. Suas células brancas falharam em reduzir o NBT. a) Qual o provável diagnóstico? b) Qual é o mecanismo imunológico da doença? c) Como a doença apresentada por este paciente difere da deficiência de adesão de leucócitos? d) É comum que a doença seja diagnosticada aos 15 anos? e) Existe tratamento específico? 3) LGS, masculino, 6 meses, prematuro, com história de bronquiolite aos 45 dias de vida, apresentou febre, vômito, diarreia, desidratação grave e sepse após vacina de rotavirus. Internado em UTI, evoluiu com choque séptico necessitando de aminas vasoativas. Usou ampicilina, gentamicina e cefepime. Devido gravidade da infecção e possível reação à vacina de rotavirus, foi aventada a possibilidade de imunodeficiência primária (humoral) pela redução dos níveis de IgG sérica e a dosagem normal das demais imunoglobulinas. Aos 11 meses foi realizada uma nova dosagem de imunoglobulinas que apresentavam valores normais para faixa etária. a) Sugira um provável diagnóstico e explique a fisiopatologia/imunopatologia 4) Um menino de 2 anos de idade, grupo sanguíneo O, que recebeu todo o esquema de imunizações para a idade, foi atendido no hospital com uma história de 3 semanas de inchaço do joelho esquerdo. Ao exame foi detectado que sentia dor no joelho esquerdo, cotovelo direito e tornozelo direito. O título de antiestreptolisina O (ASLO) foi menor que 40 UI/mL e o teste de aglutinação de látex para fator reumatoide foi não reagente. O paciente foi tratado com anti- inflamatório e mostrou melhora dos sintomas. Três meses mais tarde, ele desenvolveu artrite séptica no joelho esquerdo. Foi isolado Staphylococcus aureus da articulação e o paciente foi tratado com antimicrobianos. Um questionamento posterior revelou que o menino tinha sofrido de infecções recorrentes do pulmão e otite média desde os 11 meses de idade. Ele também foi tratado de uma celulite escrotal poucos meses antes da primeira admissão hospitalar com artrite. Os resultados de outros exames laboratoriais foram: Leucócitos totais: 8800/mm3; Neutrófilos: 70%; Linfócitos: 25%; Monócitos: 5% Linfócitos totais: 2.400/mm3; Células CD3 positivas: 1.800/mm3 Células com Igs de superfície (células B): não detectadas Eletroforese de proteínas séricas: Fraca coloração na região das gamaglobulinas Dosagem de Imunoglobulinas séricas: IgG: 100 mg/dL (VR: 310 – 1380 mg/dL) IgA: 5 mg/dL (VR: 30 – 120 mg/dL) IgM: 5 mg/dL (VR: 50 – 220 mg/dL) Anticorpos específicos para: Antígenos dos grupos sanguíneos A e B (isohemaglutininas): não detectados Antígeno polissacarídeo da Escherichia coli: não detectado Toxóide diftérico: Não detectado Toxóide tetânico: Não detectado Antígeno polissacarídeo de pneumococo: não detectado a) Qual é o defeito genético apresentado pelo paciente descrito? Explique o motivo do diagnóstico com base nos exames e dados apresentados no caso (discutir/compreender todas as informações) b) A criança foi saudável em seus primeiros 10 meses de vida. Como você explica isto? c) O médico notou que a criança não possuía tonsilas embora nunca as tenha removido cirurgicamente. Como isto pode ser explicado? d) Existe tratamento específico para esta doença? 5) MT foi internado aos 25 anos com pneumonia. Esta era sua 28ª internação hospitalar. Desde um ano de idade ele vinha sendo repetidamente internado por infecções do ouvido médio e mastoidite. Durante estes episódios, que foram tratados com sucesso com antibióticos, uma variedade de bactérias piogênicas (que formam pus) foram cultivadas de seu ouvido ou mastoide incluindo Staphylococcus aureus, Proteus vulgaris e Pseudomonas aeruginosa. Com 3 anos ele foi submetido a uma tonsilectomia e adenoidectomia devido ao aumento destes órgãos e infecções crônicas de seu tecido linfoide nasofaríngeo. A família de MT não possuía história de infecções bacterianas recorrentes, mas uma investigação mostrou níveis reduzidos de fator I em ambos os pais e vários outros parentes. a) A situação de MT melhorou com a idade e hoje ele tem menos infecções do ele tinha quando criançaou adolescente. Como você explica isto? b) Que outros defeitos genéticos na via alternativa poderiam levar aos mesmos resultados clínicos e laboratoriais da deficiência do fator I? c) Existe tratamento específico para a doença? 6) Um homem de 20 anos chega ao pronto-socorro com dor abdominal, náuseas e vômitos com o aumento de poliúria, polidipsia e torpor, desde o dia anterior. Ele recebeu o diagnóstico de diabetes do tipo 1 há 2 anos. Ele menciona que está sem insulina há 2 dias. Os sinais vitais ao ser internado são: pressão arterial (PA) 106/67 mmHg, frequência cardíaca 123 batimentos por minuto, frequência respiratória 32 movimentos respiratórios por minuto, temperatura de 37.1 °C (98.8 °F). De acordo com o exame de estado mental, ele está apático. O exame físico revela respiração de Kussmaul (respiração profunda e taquipneia devido à cetoacidose) com odor cetônico e leve desconforto abdominal generalizado sem defesa e dor à descompressão brusca. Os dados laboratoriais iniciais são: glicose sanguínea 25.0 mmol/L (450 mg/dL), potencial hidrogeniônico (pH) arterial 7.24, pCO₂ 25 mmHg, bicarbonato 12 mmol/L (12 mEq/L), contagem leucocitária 18.5 × 10⁹/L (18,500/microlitro), sódio 128 mmol/L (128 mEq/L), potássio 5.2 mmol/L (5.2 mEq/L), cloreto 97 mmol/L (97 mEq/L), ureia sérica 11.4 mmol/L (32 mg/dL), creatinina 150.3 micromoles/L (1.7 mg/dL), cetonas no soro fortemente positivas. a) Explique o que é um episódio de cetoacidose diabética. Como e por que os corpos cetônicos são formados em excesso? b) Qual(is) deve(m) ser a(s) conduta(s) médica(s) para este paciente? Justifique.
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