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Direito Aplicado à negócios

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MBA em Gestão Empresarial
DIREITO APLICADO À NEGÓCIOS
Neste caso em questão observa-se que a Empresa Construir Ltda, atuante no Ramo da construção civil, sofre uma cisão e divide-se em duas empresas: Construir Ltda, que mantém o nome original, e João de Barro Ltda. Em decorrência da cisão, parte dos empregados que trabalhavam na empresa Construir passa a trabalhar em João de Barro. Há também, além da divisão dos empregados, a partilha dos ativos e dos bens da empresa originária.
Esta cisão ocorre em março de 2017, um ano após a cisão os empregados Robson Cavalcante e Matias Portugal foram demitidos e abriram reclamatória em abril de 2018. Robson era originalmente empregado da empresa Construir Ltda. começou a trabalhar na empresa Construir Ltda. em fevereiro de 2012 e Matias Portugal sempre trabalhou para a empresa João de Barro Ltda. começou a trabalhar na empresa em maio de 2017, também foi ajuizada pela Fazenda Pública em face de Joao de Barro Ltda. e Construir Ltda ação de execução fiscal cujo objeto era o ISS de 2016 e 2017, execução de certidão de dívida ativa de tributos anteriores a cisão.
Como regra geral a empresa João de Barro Ltda. a sucessora assume, na integralidade, o papel de empregador, respondendo por toda a história do contrato de trabalho de Robson Cavalcante.
Não há o que se questionar sobre a responsabilidade pelos créditos trabalhistas de Matias Portugal já que ele firmou contrato de trabalho após a cisão com a empresa João de Barro Ltda.
Logo não vemos possibilidade de alcançar o patrimônio da empresa Construir Ltda na busca da satisfação do crédito dos ex-empregados da empresa João de Barro Ltda.
Na CLT tem dois dispositivos que tratam da sucessão de em pregadores, são eles os arts. 10 e 448, que visão a proteção do trabalhador em face de alterações na estrutura jurídica das empresas é “o princípio da continuidade do contrato de trabalho”. Compete a empresa sucessora a responsabilidade dos créditos trabalhistas, com exceção dos casos em que for apurada fraude à sucessão.
Não cabe ao sucedido qualquer obrigação pelos contratos em vigor e mesmo aqueles rescindidos antes da sucessão este entendimento está na orientação Jurisprudencial n. 261 da SBDI I do TST:
"261. Bancos. Sucessão trabalhista. As obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para o banco sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez que a este foram transferidos os ativos, as agências, os direitos e deveres contratuais, caracterizando típica sucessão trabalhista."
Já na ação executiva tributária a empresa João de Barro Ltda. é parte legitima para integrar o polo passivo pois tem a responsabilidade solidária junto com a Construir Ltda. na questão da responsabilidade fiscal isto pode ser observado pelo entendimento do Conselho de Contribuintes, que aplica a responsabilização tributária na cisão com fundamento nos artigos 233 da lei 6.404/76, artigo 124 e 132 do Código Tributário Nacional.
Observa-se que há uma lacuna no Código Tributário Nacional que leva a múltiplos caminhos interpretativos por não ter nenhum dispositivo particular que verse sobre a responsabilidade tributária na cisão de empresas.
Existe controvérsia doutrinária sobre a possibilidade de aplicação das regras do artigo 132 do Código Tributário Nacional aos casos de cisão, pois neste artigo do CTN trata -se da responsabilidade tributária nas ocorrências de fusão, transformação ou incorporação, não dispondo sobre a cisão. Isto se deu pelo fato de inexistir a figura da cisão na data da promulgação da Lei 5.172 (CTN), em 25/10/1966 Da Lei 6.404/76 no art. 233, estabelece responsabilidade solidária entre a própria empresa cindida que continuar a existir e as empresas que receberem seu patrimônio.
No artigo 5º do Decreto-Lei 1.598/77, existe a previsão da responsabilidade tributária no caso de cisão, neste art. 5° “§ 1º Respondem solidariamente pelos tributos da pessoa jurídica: a as sociedades que receberem parcelas do patrimônio da pessoa jurídica extinta por cisão; b) a sociedade cindida e a sociedade que absorver parcela do seu patrimônio, no caso de cisão parcial”
Conclui-se que para a reclamatória trabalhista cabe a responsabilidade apenas para empresa João de Barro Ltda. e para a ação de execução fiscal as empresas João de Barro Ltda. e Construir Ltda. tem responsabilidade solidária.

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