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TCC Coordenador Pedagógico e Libras

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A importância da Coordenação Pedagógica na educação inclusiva de alunos surdos
1. Resumo 
Uma educação de qualidade é o desejo de todo profissional da área educacional e de todos que primam pelo futuro da sua comunidade, mas uma educação de qualidade perpassa por pontos importantes e desafiadores, como a educação inclusiva. A educação inclusiva é obrigatória no sistema educacional brasileiro, e foi através dela que o aluno com alguma necessidade especial (no caso de nosso estudo o aluno surdo), conseguiu chegar aos bancos escolares e passou a ser visto como um ser humano capaz de aprender e se socializar com o outro. Para que este processo da inclusão em sala de aula ocorra de forma natural e participativa é necessário que a escola crie sua rede de apoio, e que esta seja fortalecida para que o aluno e sua família se sintam seguros em participar e interagir com a comunidade escolar.
2. Palavra- chave
Educação Inclusiva. Surdos. Coordenação Pedagógica.
3. Introdução 
A educação inclusiva tem sua importância pautada na necessidade de integração e socialização da criança e/ou adolescente com necessidade especial- neste caso surdos- nos diversos âmbitos da sociedade, mas inicialmente na família e na escola. 
Deste modo, esta pesquisa bibliográfica objetiva compreender como atuam e/ou devem atuar no ensino educacional para surdos, os diferentes profissionais que compõem a comunidade escolar. Pensar a relação entre professores, intérpretes de Libras e coordenação pedagógica na escola regular para compreendermos como a inclusão escolar está acontecendo de fato, na tentativa de elucidar as possibilidades e impossibilidades no ambiente escolar da efetivação de uma educação inclusiva.
A metodologia utilizada na construção deste artigo é a pesquisa descritiva. Os procedimentos utilizados são a pesquisa bibliográfica e documental.
Inicialmente, o presente artigo apresenta a revisão bibliográfica que tem como objetivo apresentar conceitos sobre a educação de surdos, começando pela sua língua oficial- a LIBRAS-, perpassando pelos desafios e conquistas da comunidade surda ao longo dos anos. A educação inclusiva é bastante complexa, pois exige que toda a rede de apoio ao educando com necessidade especial esteja em sincronia para que a aprendizagem ocorra e nesta rede destaca-se o papel da coordenação pedagógica da escola, que em conjunto com a gestão escolar necessita pensar novos caminhos para que todos atinjam um desempenho escolar satisfatório. 
4. Desenvolvimento 
4.1 O que é Libras?
Anterior a análise sobre a interação ou as relações construídas entre o professor regente, o tradutor ou intérprete de Libras e a coordenação pedagógica da escola, precisamos entender um pouco mais do contexto e da língua falada- Libras- pelo público alvo, neste caso a criança ou adolescente surdo.
Libras é a sigla da Língua Brasileira de Sinais, uma língua de modalidade gestual- visual onde é possível se comunicar através de gestos, expressões faciais e corporais. É considerada uma língua oficial do Brasil desde 24 de abril de 2002, através da Lei nº 10.436. 
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. (Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002)
Segundo o Portal Educação, assim como existem várias línguas faladas no mundo, também existem várias línguas de sinais pelo mundo. Cada país tem sua própria língua de sinais, tal como temos nossa própria língua falada.
Isso acontece porque cada comunidade de surdos desenvolveu a sua própria língua de sinais, tal como cada povo desenvolveu sua língua oral. Esse processo de criação e desenvolvimento da língua de sinais em cada comunidade surda, se deu de forma orgânica, pois a língua de sinais não é baseada em gestos ou mímicas, trata-se sim de uma língua natural, com léxico e gramática próprios. 
Na Libras, os sinais formam movimentos específicos realizados pelas palmas da mão, eles também devem ser padronizados para que todos os realizem e possam compreender uns aos outros.
A língua de sinais é um legítimo sistema linguístico, inclusive estudada pelos linguistas, pois atende eficazmente às necessidades de comunicação entre os indivíduos surdos, os quais são capazes de expressarem qualquer assunto de seu interesse ou conhecimento.
De acordo com Honora, 2009: 
As línguas de sinais são naturais, pois surgiram do convívio entre as pessoas surdas. Elas podem ser comparadas à complexidade e à expressividade das línguas orais, pois pode ser passado qualquer conceito, concreto ou abstrato, emocional ou irracional [...]. Trata-se de línguas organizadas e não de simples junção de gestões. Por este motivo, por terem regras e serem totalmente estruturadas, são chamadas de LÍNGUAS. [...]. As línguas não são universais. Cada uma tem sua própria estrutura gramatical, sendo assim, como não temos uma única língua oral, também não temos apenas uma língua de sinais.
A Libras é muito utilizada na comunicação com pessoas surdas, sendo, portanto, uma importante ferramenta de inclusão social.
4.2 Somente os surdos podem usar a Língua de Sinais- a Libras?
Segundo Honora, 2009, a Libras é direcionada para pessoas surdas, surdo-cegas e até mesmo para pessoas surdas que não possuem braços. As pessoas surdas ‘escutam’ com os olhos, através dos sinais direcionados a elas. Já as pessoas surdo-cegas usam o toque para ‘ouvir’, elas seguram as mãos da pessoa que faz os sinais para entender o que está sendo dito. As pessoas surdas que não possuem braços/mãos fazem sinais com os pés, porém os sinais são adaptados para esse tipo de comunicação.
Além das pessoas surdas, a Libras pode ser aprendida e difundida por intérpretes de Libras, que podem ser pessoas ouvintes especializadas em trabalhar com pessoas surdas. 
A profissão de intérprete de Libras ou tradutor de Libras, apesar de pouco conhecida pela sociedade é reconhecida através da Lei nº 12.319/2010. 
Esta lei regulamenta o exercício da profissão de Intérprete de Libras, exigindo desse profissional a capacidade de realizar a interpretação de duas línguas, a tradução e interpretação da Língua Portuguesa para a Libras e da Libras para a Língua Portuguesa, independentemente da modalidade ser simultânea ou consecutiva. (Lei nº 12.319, de 01 de setembro de 2010).
4.3 Lutas e desafios da comunidade surda brasileira
Muitas foram as lutas e desafios enfrentados pela comunidade surda para que se alcançasse os direitos hoje adquiridos, mas é preciso observar que todo esse esforço foi para proporcionar melhores condições de vida para as pessoas surdas. 
Segundo estudos realizados pela Academia de Libras Brasileira, um dos pontos mais importantes nesta luta das pessoas surdas pela sua inclusão na sociedade é a orientação fornecida aos seus familiares. Ao receberem informações adequadas, os familiares conseguem lidar com a questão da surdez de uma maneira mais adequada e respeitosa, sem criar um sentimento de vitimização pela criança. 
Com o apoio da família, os surdos conseguem usufruir de melhores condições no dia a dia, o que começa com um convívio familiar mais saudável e amoroso.
O adequado seria que numa família onde houvesse uma criança surda, um ou mais familiares também dominassem a língua de sinais, para que assim pudesse haver uma troca e a real interação entre os seus pares. Dessa forma, a inclusão ocorreria de forma orgânica, primeiramente na família e consequentemente no próximo âmbito de socialização da criança que é escola.
Neste processo de inserção da criança surda na comunidade há ainda outros pontos relevantes e desafiadores a serem observados, como o ensino de Libras para crianças, esse ensino seria para as crianças que estão em idade escolar e que deveriam ter acesso a uma aula orientada, ou seja, preparada e desenvolvida para que suas potencialidades fossem destacadas e não suasdificuldades. Esta aula modelo deveria contar com a presença de um tradutor e/ou intérprete de Libras para auxiliar o professor da turma a desenvolver melhor o seu planejamento com o aluno surdo. 
O ensino de qualidade para a pessoa surda é de extrema importância, pois a auxilia também a ter acesso pleno a informação, oportunizando a esta comunidade uma inserção comunicativa qualificada nas diversas mídias. 
A inserção no mercado de trabalho, também é um ponto delicado, pois, apesar de já estar aprovada e em vigor a Lei de Cotas para Deficientes nas empresas, na prática essa inclusão não ocorre de forma adequada.
Outra fragilidade clara da nossa sociedade com relação a comunidade surda é o atendimento de saúde. Raros são os postos de saúde, hospitais, médicos e enfermeiros preparados para atender um pessoa surda, ou que tenham o auxílio de um intérprete ou tradutor de Libras no ato deste atendimento.
Todos este pontos são de extrema relevância e devem estar alinhados para que a inclusão da criança surda ocorra de forma concreta e natural na comunidade.
4.4 Conquistas legais da comunidade surda no Brasil
No dia 26 de setembro, celebra-se o dia Nacional do Surdo. Atualmente este dia é de grande alegria, pois representa as vitórias legais angariadas nos últimos anos pela comunidade surda brasileira. 
A Lei nº 10.436 de 2002, reconhece a Língua Brasileira de Sinais- Libras como forma legal de comunicação e expressão dos surdos no país e a reconhece também como uma das Línguas Brasileiras. 
Art.1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. [...]
Art. 2º Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. (Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002)
O Decreto nº 5.626 de 2005, exige o cumprimento da educação bilíngue (Libras e Língua Portuguesa na modalidade escrita). Exige do poder público em geral e das empresas terceirizadas pelo poder público a realização de ações que oportunizem a presença e até o trabalho de pessoas surdas em suas repartições. 
Regula também a obrigatoriedade dos espaços de saúde (posto de saúde, hospitais, clínicas médicas, dentre outros) atenderem de forma adequada a comunidade surda que necessitar de seus serviços.
 	Na área da educação o Decreto nº 5.626/2005 determinou a inclusão da disciplina de Libras nos cursos superiores de Pedagogia e Fonoaudiologia, como disciplina obrigatória e nos demais cursos como disciplina optativa.
Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, e o Art. 18 da Lei nº10.098, de 19 de dezembro de 2000. [...]
Art. 3º A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. [...]
§ 2º A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste Decreto. (Decreto n º 5.626 de 22 de dezembro de 2005) 
 	Ainda conta-se com a Lei nº 12.319 de 2010, que regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete de Libras. Esta discorre sobre a sua formação e campo de atuação, além de exigir que todo intérprete e tradutor de Libras tenha convívio com a comunidade surda para que possa interagir e se apossar de suas diversas formas de comunicação, compreender melhor a sua linguagem e o seu universo.
Art.1o Esta Lei regulamenta o exercício da profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS. 
Art. 2o O tradutor e intérprete terá competência para realizar interpretação das 2 (duas) línguas de maneira simultânea ou consecutiva e proficiência em tradução e interpretação da Libras e da Língua Portuguesa. (Lei nº 12.319 de 1 de setembro 2010)
Essas leis vieram para regulamentar e facilitar a inserção do surdo na sua comunidade e no país, de forma justa, igualitária e realmente inclusiva. Onde ele sinta-se integrante e partícipe do seu contexto, seja ele familiar, escolar ou de trabalho.
4.5 A educação de surdos no Brasil e no mundo
Desde os tempos antigos, os surdos sempre foram discriminados, marginalizados e considerados incapazes de exercer a sua cidadania, pelo simples fato de os médicos e responsáveis pela educação na época não acreditarem que eles seriam capazes de aprender e se socializar com o outro. 
De acordo com Capovilla & Raphael (2008), naquela época era muito forte a concepção de que a linguagem falada era a única forma de linguagem possível.
Os autores destacam que, já no século IV a.C., Aristóteles supunha que todos os processos envolvidos na aprendizagem ocorressem por meio da audição e que, por isso, os surdos tinham menos chances de aprender se comparados aos cegos.
Ao longo da história, os surdos continuaram a sofrer preconceitos de toda espécie, sendo, comumente, excluídos do convívio social e proibidos de exercerem direitos como: o recebimento de heranças e o casamento. Muitas vezes eram escondidos em suas casas ou encaminhados para asilos para que ficassem “protegidos”, pois acreditava-se que não aprenderiam como as outras pessoas devido a sua “anormalidade”.
Quando não eram cometidas atrocidades maiores como as narradas por Berthier e reproduzidas por Nascimento (2006),
“Inicia a história na antigüidade, relatando as conhecidas atrocidades realizadas contra os surdos pelos espartanos, que condenavam a criança a sofrer a mesma morte reservada ao retardado ou ao deformado: "A infortunada criança era prontamente asfixiada ou tinha sua garganta cortada ou era lançada de um precipício para dentro das ondas. Era uma traição poupar uma criatura de quem a nação nada poderia esperar". (BERTHIER, 1984, p.165-In: NASCIMENTO, 2006).
Não havendo escolas para as crianças surdas, com o passar dos anos, acabaram aparecendo professores, alguns surdos também, dispostos a ensinar através da língua orgânica desta comunidade, a língua dos sinais.
Até o fim do século XV, não haviam escolas especializadas para os surdos na Europa porque, na época, os surdos eram considerados incapazes de serem ensinados. Por isso as pessoas surdas foram excluídas da sociedade e muitos tiveram a sua sobrevivência prejudicada. Existiam leis que proibiam os surdos de possuir ou herdar propriedades, casar-se, votar como os demais cidadãos. (FELIPE, 2007, p. 130).
 A história da educação de surdos é marcada por diversas tentativas de aplicação de métodos de comunicação. Algumas pessoas se dedicaram a ensinar os surdos a se comunicarem por meio dos sinais. Uma delas é o abade L’Epée, francês que criou a primeira escola para surdos na cidade de Paris, no ano de 1760, foi referência na formação de professores surdos. Outro nome vinculado à educação de surdos é o de Hernest Huet, professor surdo, também francês, que veio ao Brasil, para fundar a primeira Escola para Surdos, a convite de D. Pedro II.
No entanto, o que vinha sendo uma sucessão de tentativas e erros na educação de surdos, através de inúmeros métodos, mas todos pautados na língua de sinais e no contexto da comunidade surda sofreu um enorme retrocesso com o Congresso de Milão, na Itália em 1880. 
Para Perlin e Strobel (2006) o fato mais marcante na história da educação de surdos foi o Congresso de Milão ocorrido no ano de 1880, no qual, através de uma votação com maioria quase absoluta de professores ouvintes, ficou decidido que a Língua de Sinais seria abolida da educação de surdos, prevalecendo o uso da língua oral. Segundo as autoras, essa decisão teve um impacto arrasador na educação dos surdos, que foram proibidos de utilizarem sua línguae tiveram que abandonar sua cultura por um período de aproximadamente cem anos.
“Muitos surdos foram excluídos somente porque não falavam, o que mostra que, para os ouvintes, o problema maior não era a surdez, propriamente dita, e sim, a falta de fala. Daquela época até hoje, muitos ouvintes confundem a habilidade de falar com voz com a inteligência dessa pessoa [...]” (FELIPE, 2007, p. 130.)
Segundo Perlin e Strobel (2006), com a proibição da Língua de Sinais no ano de 1880, o método de comunicação passou a ser apenas pela oralização ou método oralista. Método este baseado na concepção de que o surdo deveria se expressar somente através do treino da fala e para isso utilizar-se da leitura labial para se fazer entender e também compreender o outro.
Outro método utilizado na educação de surdos, após a proibição do uso e ensino de Libras foi uma junção da língua oral com a língua de sinais, sendo chamado de método da comunicação total. 
Um terceiro método usado na educação de surdos foi o bilinguismo, baseado no aprendizado da Língua de Sinais como primeira língua do surdo. Segundo essa proposta, a criança surda deve iniciar precocemente o contato com adultos surdos, que a ensinem a Língua de Sinais, sua língua natural e, somente a partir desse momento, terá condições de iniciar o aprendizado da língua oral como segunda língua.
Duboc (2004) afirma que, ao abordar a escolarização dessas pessoas, deve-se, em primeiro lugar, considerar que, por muitos anos, elas estiveram fora do convívio social ou, em alguns casos, com convivência limitada a ações de assistencialismo ou de filantropia; essas, na maioria das vezes, acompanhadas por uma visão clínica, que considera a surdez apenas do ponto de vista da deficiência. 
Essa visão de que a criança surda é inapta a aprendizagem vem perdendo força devido ao desenvolvimento da ciência e a democratização das propostas públicas para pessoas surdas, as quais deram abertura para outros olhares sobre o tema e possibilitaram o avanço e a implantação da Língua de Sinais- Libras.
4.6 A relação entre o aluno surdo e o professor regente 
O bom relacionamento entre professor e aluno surdo destaca-se como um fator que contribui para que a inclusão do aluno surdo aconteça em todos os espaços da escola, pois o mesmo proporciona o desenvolvimento tanto físico quanto cognitivo do aluno, durante o processo de ensino-aprendizagem, onde o professor ensinando aprende e o aluno aprendendo ensina. 
O mesmo também contribui para que a convivência entre ambos na escola se torne agradável e prazerosa. É na boa relação entre o professor regente da turma e o aluno surdo que surge organicamente o processo de inclusão escolar, pois nesse caminhar o aluno ouvinte também se perceberá participante desse processo e auxiliará e promoverá a interação com o aluno surdo. Além da relação professor regente, aluno surdo e aluno ouvinte, temos muitas vezes a presença no espaço escolar de aprendizagem de um intérprete ou tradutor de Libras que deve ser inserido de forma harmoniosa neste processo de aquisição de conhecimentos. 
Cabe lembrar que quando uma escola possui um aluno com necessidade especial, neste caso o aluno surdo, toda a estrutura física e de pessoas, ou seja, a gestão desta escola deve ser inclusiva, desta forma direção e coordenação pedagógica também devem ter um olhar diferente e acolhedor para o contexto de sua escola. 
Mas, para que este processo se desenvolva resultando em aprendizagens, é necessário, que o professor busque estratégias diversificadas de ensino para que a aprendizagem destes alunos ocorra com mais facilidade e de uma forma mais significativa. 
Nesse sentido, pensa-se que um ensino prático, que possibilite ao aluno surdo participar, se envolver nas atividades propostas e interagir com os demais colegas na realização das mesmas é uma maneira de desenvolver neles a busca pelo conhecimento, habilidades e competências.
A Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), elaborada durante a Conferência Mundial de Educação Especial é o documento norteador das ações em inclusão escolar desenvolvidas no país e versa sobre as pontes e metas da educação inclusiva de qualidade. 
A perspectiva da inclusão escolar no Brasil, também norteada pela Declaração de Salamanca, é efetivada inicialmente através da Lei de Diretrizes e Bases (1996) que insere a educação especial como uma modalidade de educação complementar à educação básica e institui novas diretrizes para seu funcionamento (CARVALHO, 2007)
Segundo Karagiannis, Stainback e Stainback (1999), existem três componentes interdependentes para implementação da inclusão escolar: a rede de apoio (componente organizacional), a consulta cooperativa e trabalho em equipe (componente de procedimento) e a aprendizagem cooperativa (componente do ensino). 
O componente de procedimento diz respeito ao trabalho cooperativo entre os diversos profissionais da escola, sejam eles especializados ou não, e esse trabalho envolve a modificação do currículo, adaptações e implementação de programas de formação continuada. Já o componente de ensino diz respeito à criação de um ambiente propício à aprendizagem na sala de aula. Por fim, na rede de apoio estão os profissionais que antes estavam à frente nas escolas especiais, ou seja, pessoal especializado para o atendimento das múltiplas necessidades de aprendizado. 
Anteriormente a educação de surdos acontecia geralmente em escolas especiais. Com a inclusão escolar os alunos surdos passaram a ser integrados nas escolas regulares e o conhecimento científico repassado pelo professor especialista em cada área do conhecimento. Mas para que a apresentação dos conhecimentos científicos a esses alunos seja possível e se torne significativa é necessário a presença da rede de apoio, neste caso, do intérprete de Libras, que é o profissional de apoio que atua diretamente na sala de aula inclusiva. 
4.7 O papel do coordenador pedagógico na escola inclusiva
Segundo o Portal Nova Escola Gestão, existem diversos atores que fazem parte do processo de aprendizagem dentro de uma escola, como: alunos, família, professores e direção. Nem sempre os profissionais conseguem se comunicar da maneira adequada e alinhar seus esforços em função de um mesmo objetivo.
A figura do coordenador pedagógico se destaca na escola quando eles alinha todos os atores que a compõem a não perderem o seu foco educacional e os liga as diretrizes que estão descritas no projeto político-pedagógico da sua instituição de ensino.
Ao coordenador pedagógico cabe também a responsabilidade de diagnosticar os principais problemas e falhas do processo proposto à comunidade escolar. Após estas serem corretamente identificadas é possível realizar modificações no ensino com a finalidade de que a escola alcance suas principais metas. 
Segundo o Portal Nova Escola Gestão, o coordenador pedagógico assume vários papeis na escola, dentre eles:
* Acompanhar o desempenho dos alunos
O papel do coordenador pedagógico na realidade escolar é acompanhar o processo de aprendizagem dos alunos da instituição de ensino, tanto individual quanto coletivamente. É esse profissional que tem a função de avaliar o rendimento escolar dos estudantes e buscar a causa de possíveis problemas. (Portal Nova Escola Gestão)
Além disso, ele consegue ter uma visão do processo de aprendizagem na escola como um todo, avaliando o desempenho do conjunto dos integrantes de cada turma (professor, aluno, aluno com necessidades especiais, intérprete de Libras- dentre outros). 
*Avaliar a aprendizagem dos alunos e professores
O coordenador pedagógico é o responsável por selecionar as melhores estratégias de aprendizagem que serão utilizadas na instituição. Sua missão é levar o que há de mais novo para a escola, inovando nos métodos e materiais utilizados.
 	Cabe a ele também selecionar os livros e demais materiais didáticos que serão utilizados, de acordo com o projeto pedagógico da escola.
*Monitorar o desempenho dos professores
O desempenho dos professores em sala de aula também deve ser monitorado, garantindo,assim, que os objetivos educacionais propostos sejam atingidos. Portanto, é papel do coordenador pedagógico acompanhar tais educadores. O profissional avaliará as aulas ofertadas e as metodologias de ensino utilizadas para, dessa forma, identificar os pontos fortes e fracos em sua equipe docente. (Portal Nova Escola Gestão)
*Fazer a ponte de comunicação entre todos os envolvidos no processo educacional
O papel do coordenador pedagógico na escola também é fazer a ponte entre todos os agentes envolvidos no processo de aprendizagem dos alunos, sendo o elo que os une e os direciona para uma educação de melhor qualidade. Ele deve avaliar as necessidades e os interesses de cada um deles, além de atuar de forma a solucionar conflitos e alinhar expectativas em relação as ações oferecidas pela escola. Dessa maneira, o profissional consegue melhorar o ambiente educacional e potencializar a aprendizagem dos alunos.
*Estruturar o projeto político-pedagógico da escola
O projeto político-pedagógico da escola é o que vai reger todas as atividades durante o ano letivo. E o papel do coordenador pedagógico na escola é articular um projeto que esteja o mais alinhado possível com as expectativas dos pais e alunos — sem deixar os valores da instituição de ensino e de seus professores de lado. É ele que deve definir o método de avaliação a ser utilizado, a estrutura das aulas e o currículo exigido. (Portal Nova Escola Gestão)
Na educação inclusiva, o papel do coordenador pedagógico é de suma importância, pois é ele que fará o contato para que os elos que compõem esta corrente não se perca, ou seja, é ele que deve saber o que se passa na sala de aula, na relação entre professor, aluno surdo, aluno ouvinte e intérprete, além de caber a ele o contato direto e constante com as famílias, para a solução de algum problema ou até mesmo para sanar alguma dúvida.
Para que este trabalho ocorra de forma significativa e resulte em uma aprendizagem concreta é importante que o coordenador pedagógico esteja disposto a aprender, inovar, buscando sempre na troca de experiências evoluir no seu conhecimento e levado a sua equipe os melhores exemplos de ações em educação de qualidade. 
Educação de qualidade é a busca constante das instituições de ensino, e para que isso se torne realidade são necessárias ações que sustentem um trabalho em equipe e uma gestão que priorize a formação docente, contribuindo para um processo administrativo de qualidade. 
Conforme Chiavenato (1997, p.101), “não se trata mais de administrar pessoas, mas de administrar com as pessoas. As organizações cada vez mais precisam de pessoas proativas, responsáveis, dinâmicas, inteligentes, com habilidades para resolver problemas, tomar decisões”. 
Nessa perspectiva devemos identificar as necessidades dos professores e com eles encontrar soluções que priorizem um trabalho educacional de qualidade, e esse trabalho é desenvolvido pelo coordenador pedagógico.
Esse profissional tem que ir além do conhecimento teórico, pois para acompanhar o trabalho pedagógico e estimular os professores é preciso percepção e sensibilidade para identificar as necessidades dos alunos e professores, tendo que se manter sempre atualizado, buscando fontes de informação e refletindo sobre sua prática, como nos fala NÓVOA (2001), “a experiência não é nem formadora nem produtora. É a reflexão sobre a experiência que pode provocar a produção do saber e a formação”. Com esse pensamento ainda é necessário destacar que o trabalho deve acontecer com a colaboração de todos, assim o coordenador deve estar preparado para mudanças e sempre pronto a motivar sua equipe.
O coordenador precisa estar sempre atento ao cenário que se apresenta a sua volta valorizando os profissionais da sua equipe e acompanhando os resultados, essa caminhada nem sempre é feita com segurança, pois as diversas informações e responsabilidades o medo e a insegurança também fazem parte dessa trajetória, cabe ao coordenador refletir sobre sua própria prática para superar os obstáculos e aperfeiçoar o processo de ensino-aprendizagem. O trabalho em equipe é fonte inesgotável de superação e valorização de qualquer profissional, por isso deve ser considerado primordial para o sucesso profissional e educacional de uma sociedade.
5. Conclusão 
Com o advento da inclusão escolar surge uma nova estrutura escolar, e nesta, o conhecimento científico, objeto de aprendizado pelos alunos que é mediado pelo professor contará também com as intervenções dos diversos profissionais de apoio, ou seja, a rede passa a fazer parte do processo educacional da criança com necessidade especial- surda- e também da criança ouvinte, pois essa percebe-se parte de uma nova fórmula de educação.
Nesta nova configuração da sala de aula não teremos mais apenas o professor regente da turma, encontraremos também outros profissionais capacitados nas várias especialidades para trabalhar juntamente com o professor: intérprete de LIBRAS, professor ouvinte bilíngue, instrutor de braile, professor de apoio, além de vários profissionais que atuam no apoio especializado, mas que não estão lotados especificamente dentro da sala de aula.
E todo esse processo rico de aprendizagem e experiências deve ser mediado pela figura do coordenador pedagógico, pois ele juntamente com a gestão escolar deverão ser o guarda-chuva que protege, pensa e abarca os desafios e as conquistas de uma educação inclusiva de qualidade. 
6. Referências Bibliográficas
Academia Brasileira de Libras. Disponível em: https://academiadelibras.com/blog/luta-da-comunidade-surda/. Acesso em: 11 de agosto de 2020.
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Decreto-lei nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/2002/l10436.htm. Acesso em: 03 de agosto de 20120.
________________________________________________________. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 abr. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/2002/l10436.htm. Acesso em: 03 de agosto de 20120.
_________________________________________________________.Lei n.º 12.319, de 1º de setembro de 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/2002/l10436.htm. Acesso em: 03 de agosto de 2020.
CAPOVILLA, F. C., & RAPHAEL, W. D. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da língua de sinais brasileira.3 ed. Vol. II. São Paulo: Edusp, 2008.
CARVALHO, Rosita Edler. Educação inclusiva: com os pingos nos “is”. 5ª ed. Porto Alegre, 2007.
CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos na empresa. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1997.
DUBOC, M. J. O. A formação do professor e a inclusão educativa: uma reflexão centrada no aluno surdo. Feira de Santana: Sitientibus, 2004.
FELIPE, Tânya A. Libras em Contexto: Curso Básico. 8ª ed. Rio de Janeiro: W alPrint, 2007.
HONORA, M.; FRIZANCO, E.; LOPES, M. Livro Ilustrativo da Língua Brasileira de Sinais. São Paulo: Ciranda Cultural, 2009.
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