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DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Livro Eletrônico Presidente: Gabriel Granjeiro Vice-Presidente: Rodrigo Calado Diretora de Produção Educacional: Vivian Higashi Gerência de Produção de Conteúdo: Magno Coimbra Todo o material desta apostila (incluídos textos e imagens) está protegido por direitos autorais do Gran Cursos Online. Será proibida toda forma de plágio, cópia, reprodução ou qualquer outra forma de uso, não autorizada expressamente, seja ela onerosa ou não, sujeitando-se o transgressor às penalidades previstas civil e criminalmente. CÓDIGO: 230411138231 NATALIA RICHE Procuradora da Fazenda Nacional. Chefe da Divisão de Defesa da Primeira Instância da PRFN da Primeira Região. Possui especialização em Direito Público. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Tributário, Financeiro e Econômico. Atuou como membro do Núcleo de Estudos Constitucionais (UniCeub) e do Grupo de Pesquisa Direito e Democracia no Pensamento de Peter Häberle (IDP). Trabalhou como voluntária no United Nations Women´s Guild, em Viena (tradutora de projetos). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 3 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche SUMÁRIO Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1. Ponto de Partida: Contextualização Histórica do Direito Econômico . . . . . . . . . . 5 1.1. Liberalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.2. Intervencionismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.3. Principais Críticas ao Liberalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.4. Novas Regulações Jurídicas e Revisão de Dogmas do Liberalismo . . . . . . . . . 9 2. Noções Introdutórias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 2.1. Conceito e Finalidade do Direito Econômico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 2.2. Política Econômica Estatal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.3. O Direito Econômico como Direito Público . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.4. Micro e Macroeconomia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 2.5. Identificando os Sujeitos da Atividade Econômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2.6. Os Principais Sistemas Econômicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 2.7. Caracterizando as Normas de Direito Econômico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 3. Jurisprudência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 Gabarito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 Gabarito Comentado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 4 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche APRESENTAÇÃOAPRESENTAÇÃO Olá, querido aluno! Meu nome é Natália Riche e leciono Direito Financeiro e Econômico no Gran. Será um prazer acompanhá-lo durante essa árdua (e recompensadora) trajetória. Minha história no ramo dos concursos públicos é concisa, após me formar em direito, fui aprovada no concurso de analista do MPU, e, antes de ser convocada, fui aprovada no concurso de Procurador da Fazenda Nacional (PGFN). Atuo na PGFN há mais de 9 anos, 8 deles na divisão de defesa da 1ª Instância da Procuradoria Regional da Fazenda Nacional da 1ª Região, em Brasília (onde exerci o cargo de chefia por 3 anos). A primeira observação que quero deixar registrada é que no “mundo” dos concursos cada trajetória é única, mas o objetivo final é sempre o mesmo e por isso você deve se preparar com antecedência, perseverança e muita dedicação. Sempre gosto de dizer que não importa quantos concorrentes você tem, o maior desafio é vencer a si mesmo. Cansaço, desânimo, falta de tempo, e, principalmente, falta de um material adequado são os maiores percalços no caminho de quem busca a aprovação. Aqui no Gran o nosso compromisso é trazer um material completo e atualizado. Nossa proposta também inclui abranger todo o conteúdo cobrado nas provas mais recentes de Magistratura, Ministério Público e Procuradorias, juntamente com comentários detalhados das principais bancas. Vamos debater questões atuais e disponibilizar informações importantes para memorização e compreensão da matéria. O Direito Econômico não é uma disciplina muito conhecida pelos alunos, mas é cobrado em todos os concursos para Procuradorias federais e estaduais, Magistratura, Ministério Público e, por isso, não pode ser menosprezado. Pela análise de inúmeras provas da matéria, fica muito claro que nosso estudo deverá se pautar basicamente em dois pontos básicos: Ordem Econômica na Constituição Federal e Lei Antitruste. Você irá notar que alguns temas exigem a transcrição de artigos (a intenção é que você realmente decore os principais), em outras aulas recorreremos à uma vasta jurisprudência. Como já ressaltado, a grande maioria das questões se refere às disposições da Lei Antitruste, seguida de alguns aspectos constitucionais. Nesse caso, o foco também tem sido muito mais na legislação do que em aspectos doutrinários e jurisprudenciais, entretanto a jurisprudência aparece em peso quando tratamos de competência legislativa (que é nosso tema da aula de hoje) e princípios. Por fim, lembre-se de que a extensão dos editais, a dificuldade das questões e a concorrência não devem assustar os candidatos, ninguém precisa saber tudo ou ser o melhor para ser aprovado, pois os que permanecem no caminho muitas vezes são os mais persistentes e que acreditam em si mesmos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 5de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche INTRODUÇÃO AO DIREITO ECONÔMICO, ORDEM INTRODUÇÃO AO DIREITO ECONÔMICO, ORDEM ECONÔMICAECONÔMICA 1 . PONTO DE PARTIDA: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA 1 . PONTO DE PARTIDA: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO ECONÔMICODO DIREITO ECONÔMICO Desde a antiguidade já existiam regras que se destinavam a disciplinar fenômenos relacionados à economia. Entretanto, ainda não se falava em economia como ciência ou em Direito Econômico propriamente dito. Não havia muito sentido, naquela época, em discutir as espécies e graus de intervenção do Estado na economia. A própria etimologia do termo economia aponta nesse sentido (oikos nomos – regras para a administração do lar) A noção de Direito Econômico e da necessidade de um ramo do direito dedicado ao tema está intimamente associada à concepção moderna de Estado somada ao reconhecimento de que o mercado não é capaz de autorregular-se. A discussão sobre a relação entre Estado e atividade econômica começa a ganhar relevo sob a forma do Liberalismo Clássico ou Liberalismo Econômico. 1 .1 . LIBERALISMO1 .1 . LIBERALISMO Os liberalistas acreditavam que quanto maior fosse o nível de liberdade garantido aos agentes privados no desempenho de suas atividades econômico-comerciais (leia-se livre iniciativa), maior seria o crescimento da economia de um país. Nesse contexto, admitia-se a intervenção do Estado na economia de forma bastante reduzida (alguns autores inclusive classificam o Liberalismo Econômico como não intervencionista), Ainda que o Liberalismo tenha algumas nuances (que fogem ao escopo dos nossos estudos) podemos defini-lo, em linhas gerais, como a corrente de pensamento que defende que os fenômenos econômicos devem ser regidos por leis quase tão precisas quanto as leis das ciências físicas e da natureza, razão pela qual a intervenção estatal apenas tenderia a perturbar a “ordem natural” da economia. Abaixo, segue uma breve síntese dos principais pensamentos que se destacaram na época: • Os Fisiocratas Escola do pensamento econômico francês do século XVIII, considerada como uma das primeiras tentativas de se formular uma teoria científica da economia. Ainda que algumas ideias dos fisiocratas tenham se mostrado falhas principalmente a associação da riqueza de um país única e exclusivamente ao valor das terras – trata-se de uma referência importante, pois introduz a ideia de que a economia obedeceria a leis da natureza, tal como outras ciências, e.g., a física.O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 6 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche A máxima fisiocrata era “laissez-faire, laissez-passer, le monde va de lui-même” (deixe fazer, deixe passar, que o mundo caminha por si só) que pode ser assim interpretada: devemos defender a liberdade de produção e de circulação de bens (comércio) pois o mundo econômico possui leis precisas que prescindem de qualquer intervenção. • Adam Smith e a Riqueza das Nações Ao falarmos de Liberalismo Clássico sempre devemos observar as ideias de Adam Smith, considerado o fundador dessa corrente. Em sua obra clássica, “A Riqueza das Nações”, o autor defende que os indivíduos, mesmo agindo com base no autointeresse, terminam por contribuir para o crescimento econômico do país. É nesse contexto que surge o famoso conceito de “mão invisível”, que se refere a um mercado guiado pela lei da oferta e da procura cujo equilíbrio decorre da atuação dos próprios agentes econômicos, sem a necessidade de um agente coordenador ou de um interventor (que seria o Estado). • David Ricardo É considerado um dos fundadores da escola clássica inglesa da Economia Política ao lado de Adam Smith e Thomas Malthus. Ao contrário de Adam Smith, que buscou investigar as causas do crescimento das nações, Ricardo defendeu em uma de suas obras mais famosas denominada Princípios de Economia Política e Tributação que o problema central da economia política seria: determinar as leis que regem a distribuição do produto total da terra entre as três classes, o proprietário da terra, o dono do capital necessário para seu cultivo e os trabalhadores, que entram com o trabalho para o cultivo da terra1 O autor também desenvolveu outras teorias importantes para nossos estudos: − Teoria das Vantagens Comparativas: tratava da especialização de mão de obra pelos países em relação aos bens em que tinham maior vantagem comparativa, o que aumentaria o proveito econômico das nações envolvidas. Esse pensamento serviu de substrato teórico para várias teorias acerca do comércio internacional. − Teoria do Valor Trabalho: defende que o trabalho utilizado na produção das mer- cadorias é que define seu valor. 1 .2 . INTERVENCIONISMO1 .2 . INTERVENCIONISMO O modelo liberal fundamentou o funcionamento da economia até o final do século XIX, quando as suas deficiências foram se tornando cada vez mais evidentes. Isso acabou levando os Estados a procurarem desenvolver regulações sistemáticas para as atividades econômicas, dando início à intervenção estatal. 1 RICARDO, David. Princípios de Economia Política e Tributação. Nova Cultural.O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 7 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche Vamos conferir os dois exemplos que são mais cobrados nas provas: • modelo europeu: o Estado atuava apenas para adquirir novas colônias como forma de garantir mercado para as indústrias de seu país e obter insumos baratos para sua produção industrial. Conforme os territórios a serem conquistados foram tornando-se escassos, esse modelo de capitalismo imperialista foi chegando a seu limite, ao mesmo tempo em que os conflitos entre potências europeias em busca de novas colônias aumentavam (especialmente entre países que haviam iniciado anteriormente sua expansão colonial e países cuja expansão colonial ocorreu de forma tardia, como a Alemanha), desembocando posteriormente na Primeira Guerra Mundial. • modelo norte-americano: a livre concorrência cede espaço a um número cada vez maior de monopólios (com destaque para John Rockfeller na indústria do querosene e da gasolina e Andrew Carnegie na indústria do aço). Essa situação levou ao surgimento do Sherman Act - uma Lei Antitruste que busca evitar a exploração dos trabalhadores, bem como a elevação exacerbada de preços. Todavia, a dissolução dos monopólios gerou grande circulação das ações de empresas, o que se mostrou problemático, haja vista que à época não havia uma regulação devidamente estabelecida para o mercado financeiro. Daí resultaram crises econômicas, com destaque para a queda da bolsa de Nova Iorque em 1929. A partir dos dois modelos acima podemos chegar à duas conclusões que prevaleceram no período do final do século XIX para o começo do século XX. A primeira delas é a de que o mercado não é capaz de regular a si mesmo e a segunda impõe que alguma intervenção do estado na economia, mesmo que seja regulatória, faz-se necessária. Surgem nesse contexto as primeiras tentativas sistemáticas de intervenção do Estado na economia. 1 .2 .1 . O KEYNESIANISMO Nos Estados Unidos pós-crise de 1929, ganharam força as teses de John Maynard Keynes, que buscava corrigir as falhas de mercado por meio daintervenção estatal. Caberia ao Estado atuar como indutor do crescimento com vistas a conduzir o país ao pleno emprego. 1 .2 .2 . O WELFARE STATE Na Europa do pós-guerra, desenvolveu-se o Estado de bem-estar social (Welfare State) que associou a promoção de política social ao desenvolvimento econômico de um país – inclusive como forma de se contrapor à expansão do regime socialista. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 8 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche 001. 001. (CESPE/CEBRASPE/PGE-RO/PROCURADOR DO ESTADO/2022/ADAPTADA) O Estado intervencionista econômico busca garantir que sejam efetivadas políticas sociais e assistencialistas na sociedade, com vistas ao bem-estar social. O item está incorreto, o estado intervencionista econômico é baseado nas ideias de John Maynard Keynes, com foco na correção das falhas de mercado e na busca do pleno emprego por meio da intervenção estatal, esse modelo sustenta que o Estado deve atuar como indutor do crescimento. É importante lembrar que nesse modelo, o Estado busca conter o exercício abusivo de ideias liberais, mas não fere seus postulados. O foco é a proteção da livre concorrência, sem preocupações com a área social. Errado. 002. 002. (CESPE/TRF 5ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL/2011/ADAPTADA) Acerca do direito econômico, julgue: O modelo do Estado intervencionista econômico é fortemente influenciado pelas doutrinas de John Maynard Keynes, que sustentou que os níveis de emprego e de desenvolvimento socioeconômico devem-se muito mais às políticas públicas implementadas pelo governo e a certos fatores gerais macroeconômicos, e não meramente ao somatório dos comportamentos microeconômicos individuais dos empresários. O item está correto. De fato, John Maynard Keynes defendia a tese de que as falhas de mercado seriam corrigidas por meio da intervenção estatal. Caberia ao Estado atuar como indutor do crescimento com vistas a conduzir o país ao pleno emprego, portanto, os níveis de emprego e de desenvolvimento socioeconômico devem-se muito mais às políticas públicas implementadas pelo governo do que a outros fatores. Certo. 1 .3 . PRINCIPAIS CRÍTICAS AO LIBERALISMO1 .3 . PRINCIPAIS CRÍTICAS AO LIBERALISMO Uma das maiores críticas ao liberalismo econômico ocorreu nos países socialistas, sob inspiração do pensamento de Karl Marx entre outros. Tais países desenvolveram um modelo planificado de economia com forte intervenção estatal e pouco espaço para a autonomia individual e à iniciativa privada. Tal modelo, naturalmente, não se sustentou com o passar do tempo.O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 9 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche Os países em desenvolvimento também desenvolveram sua crítica ao liberalismo. Por meio da teoria de substituição de importações da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), defendeu-se que tais países apenas conseguiriam desenvolver suas economias caso houvesse alguma forma de intervenção do Estado que permitisse o desenvolvimento da indústria nacional e a diminuição da dependência de produtos manufaturados vindos dos países do primeiro mundo. 1 .4 . NOVAS REGULAÇÕES JURÍDICAS E REVISÃO DE DOGMAS DO LIBERALISMO1 .4 . NOVAS REGULAÇÕES JURÍDICAS E REVISÃO DE DOGMAS DO LIBERALISMO Importante notar que, junto com essas novas concepções acerca da relação entre estado e atividade econômica vieram novas regulações jurídicas, que não somente reconheciam a insuficiência do direito privado para regulamentar fenômenos como o desemprego e as crises econômicas, como também implicavam a revisão de “dogmas” do liberalismo, e.g., a concepção absoluta do direito de propriedade, sendo incorporado a este instituto a noção de função social. Os direitos dos trabalhadores também passaram a ter tratamento específico, merecendo destaque as Constituições mexicana (1917) e de Weimar (1919), nas quais se percebe um forte teor social. Surgia, assim, a codificação do direito econômico. O reconhecimento de que o mercado é falho também ocorrera no plano internacional. Especialmente após o fim da Segunda Guerra Mundial, diversas organizações foram criadas com lastro nessa premissa. Apenas para citar algumas: Banco Mundial (fomentar o desenvolvimento de países do então terceiro mundo), Fundo Monetário Internacional (socorrer países em dificuldades financeiras); Acordo Geral e Tarifas e Comércio e, posteriormente, Organização Mundial do Comércio (estabelecer regulações para o comércio internacional). Antiguidade • não se falava em economia como ciência ou em Direito Econômico propriamente dito. Liberalismo • intervenção do Estado na economia de forma bastante reduzida Intervencionismo • buscava corrigir as falhas de mercado por meio de uma maior intervenção estatal (Keynes) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 10 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche 2 . NOÇÕES INTRODUTÓRIAS2 . NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 2 .1 . CONCEITO E FINALIDADE DO DIREITO ECONÔMICO2 .1 . CONCEITO E FINALIDADE DO DIREITO ECONÔMICO Um dos conceitos mais simples e didáticos para o Direito Econômico é trazido por Eros Roberto Grau: sistema normativo voltado à ordenação do processo econômico mediante a regulação, sob o ponto de vista macrojurídico, da atividade econômica, de sorte a definir uma disciplina destinada à efetivação da política econômica estatal2. Essa definição torna claro que o Direito Econômico cuida das normas que serão aplicadas pelo Estado nas práticas econômicas. Essa intervenção estatal na liberdade dos cidadãos poderá ocorrer de diferentes formas, incluindo: • meios de políticas de intervenção no domínio econômico; • regulação; • fiscalização e participação estatal na atividade econômica; • disciplina das relações de dominação, como os monopólios e a tutela dos sujeitos dessas relações, coibindo condutas ilícitas dos agentes econômicos. O esquema abaixo resume as principais áreas de atuação do Direito Econômico: 2 Grau, Eros Roberto. A Ordem Econômica na Constituição de 1988: Interpretação e Crítica. 14ª edição ed. São Paulo: Malheiros.O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 11 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche 2 .2 . POLÍTICA ECONÔMICA ESTATAL2 .2 . POLÍTICA ECONÔMICA ESTATAL A Política Econômica Estatal pode ser definida como o conjunto de ações governamentais micro e macroeconômicas voltadas à consecução de determinados objetivos, bem como à regulação da economia. Esses objetivos podem ser resumidos em três pontos fundamentais: o desenvolvimento econômico, a estabilidade econômica e a distribuição de renda. Nesse sentido o conceito dado pelo autor Fábio Bensoussan:A política econômica consiste num conjunto de medidas governamentais, micro e macroeconômicas, notadamente fiscais, monetárias, cambiais e creditícias voltadas à regulação da economia e obtenção de determinados fins.3 Na mesma linha é a definição de Leonardo Vizeu Figueiredo: Conjunto normativo que rege as medidas de política econômica concebidas pelo Estado, para disciplinar o uso racional dos fatores de produção, com o fito de regular a ordem econômica interna e externa.4 Política Econômica Estatal estabilidade econômica desenvolvimento econômico distribuição de renda 2 .3 . O DIREITO ECONÔMICO COMO DIREITO PÚBLICO2 .3 . O DIREITO ECONÔMICO COMO DIREITO PÚBLICO Para a maioria da doutrina nossa matéria está inserida dentro do Direito Público justamente por ter em sua essência a política econômica estatal acima delineada. Além disso, embora o Direito Econômico também regule as atividades privadas e imponha limites à autonomia da vontade, outros fatores fundamentam sua localização no ramo do direito público: • regulação de serviços públicos prestados direta ou indiretamente pelo Estado; • rege condutas de instituições públicas, agências reguladoras e outras; • imposição de obrigações fundamentadas no interesse sociais. 3 Bensoussan, Fabio Guimaraes. Manual de Direito Econômico. 2 ed, Ed. JusPodivm, 2016. 4 Figueiredo, Leonardo Vizeu. Lições de Direito Econômico. 6.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013.O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 12 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche Professora, em que consiste a atividade econômica?Professora, em que consiste a atividade econômica? A área de atuação do Direito Econômico está intimamente ligada à noção de atividade econômica, abrangendo as normas que a regulam, fiscalizam, bem como as formas de intervenção. Nesse sentido, reitero a definição de Eros Grau que já foi mencionada na aula de hoje: sistema normativo voltado à ordenação do processo econômico mediante a regulação, sob o ponto de vista macrojurídico, da atividade econômica, de sorte a definir uma disciplina destinada à efetivação da política econômica estatal. Veja que a atividade econômica está relacionada com a organização dos fatores de produção (capital, trabalho, tecnologia) para produzir bens, visando a satisfação de necessidades públicas. Em outras palavras, trata-se da ação destinada a produzir, distribuir ou consumir riquezas e desse modo satisfazer determinadas necessidades. Ação destinada a produzir distribuir ou consumir riquezas com o intuito de satisfazer determinadss necessidades Atividade econômica 2 .4 . MICRO E MACROECONOMIA2 .4 . MICRO E MACROECONOMIA Quando estudamos o fenômeno econômico também devemos ter conhecimento da técnica utilizada. Nesse contexto aparece o conceito de análise econômica cuja finalidade é constatar um efeito de natureza econômica. A técnica é baseada nos seguintes pontos: • criação de uma estrutura para que o sistema econômico funcione com eficiência; • verificação e solução de problemas da atividade econômica; • criação de fundamentos que sustentem a escolha a ser realizada. Por sua vez, a análise poderá ser macro ou microeconômica. O termo Macroeconomia surgiu após a crise de 1929 e teve como um dos seus principais expoentes John Maynard Keynes ( já mencionado no início da aula) que publicou a famosa obra Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. A Macroeconomia trata de todos os setores da economia em conjunto, extrapolando a preocupação individual dos agentes econômicos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 13 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche Assim, a análise poderá ser feita a nível regional ou nacional, mas sempre considerando a economia como um todo, não havendo destinatário individualizado. Quando falamos em política econômica, normalmente nos referimos a macroeconomia. Por isso aqui também o foco será o desenvolvimento econômico, a estabilidade econômica, a distribuição de renda e o pleno emprego. Por exemplo, a análise de recessões, mudanças da taxa de desemprego ao longo do tempo, definição da taxa de juros e carga tributária atinge todos os agentes econômicos e a sociedade, não havendo como um destinatário individualizado. Vejamos abaixo quais são os principais instrumentos da política macroeconômica, que já foram cobrados em algumas provas. • Instrumento fiscal: relacionado aos gastos e receitas governamentais. − Haverá um aumento de gastos com a finalidade de movimentar a economia. Em contrapartida, o estado precisará arrecadar mais receitas para fazer frente aos novos gastos − Por essa razão é recomendado que os gastos mantenham um certo equilíbrio e só sejam elevados em casos de necessidade pública. EXEMPLO Arrecadação de tributos, progressividade do IR. • Instrumento monetário: relacionado à moeda. EXEMPLO Controle da produção de moeda por meio da taxa de juros, e da limitação de crédito. • Instrumento cambial: relacionado ao valor da moeda nacional perante as moedas estrangeiras. EXEMPLO Fixação do câmbio (pode influenciar exportações, se estiver elevado) etc. Por sua vez, a Microeconomia trata das secções do sistema produtivo, ou seja, de mercados e setores individualizados e específicos. Seus principais expoentes foram John Hicks e Paul Samuelson. O foco da análise se direciona à formação de preços e quantidades ofertadas e consumidas de um determinado bem em um mercado específico. Os direitos regulados são, portanto, subjetivos e individuais. EXEMPLO Análise do mercado de algodão: custos de produção, número de produtores, regulação de fusões entre empresas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 14 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche Existem muitos termos utilizados nessa parte de nossa matéria que não são tão familiares aos alunos. Assim, para evitar que você seja surpreendido na prova, destacarei abaixo os principais conceitos utilizados em Microeconomia: Teoria da empresa ou da firma: estuda o comportamento do setor de produção, buscando definir os preços e quantidades ofertadas e consumidas de um determinado bem. Em outras palavras, estuda a forma de proceder da sociedade empresária ao desenvolver a sua atividade produtiva, para a produção de bens ou de serviços com mais eficiência. Teoria do consumidor ou da escolha: estuda a tomada de decisões dos consumidores, considerando a existência de restrições orçamentárias e de mudanças em seu ambiente. Teoria do Ótimo Econômico (Ótimo de Pareto): elaborada pelo economista italiano Vilfredo Pareto, busca indicar um estado de eficiência máxima dos sistemas por meio da melhor alocação possível de recursos. O equilíbrio de Pareto é atingido quando se chega a um ponto no qual para que um dos envolvidos no sistema cresça economicamente, o outro será obrigatoriamente prejudicado. Em outras palavras, a melhora de um agente irá gerar necessariamente a piora do outro. Para nossa matéria, esse conceito é suficiente.Deixo apenas registrado que a ideia de eficiência defendida por essa teoria não está relacionada a questões de equidade, portanto, a alocação eficiente de recursos não é sinônimo de uma alocação equânime entre os agentes. • Concorrência perfeita: existem vários produtores e consumidores de um determinado bem, mas nenhum deles tem poder econômico para que, individualmente, interfira na quantidade ou no preço da oferta e demanda do produto. • Concorrência imperfeita: existem um ou alguns poucos produtores de um lado da oferta e um ou alguns poucos produtores do lado da demanda. Esse ponto será estudado em aula específica quando tratarmos dos conceitos de oligopólio, monopólio etc. • Elasticidade da demanda: variação da quantidade consumida de um determinado bem, diante da variação de seu preço. Uma demanda elástica possui uma grande variação de quantidade. Macroeconomia Microeconomia Principais autores: John Maynard Keynes John Hicks e Paul Samuelson Conceito: Todos os setores da economia em conjunto Mercados e setores individualizados e específicos Pontos importantes Instrumentos: Fiscal; Monetário; Cambial. Teoria da empresa Teoria do Consumidor Ótimo de Pareto Concorrência perfeita e imperfeita Elasticidade da demanda Exemplos Análise de recessões; mudanças da taxa de desemprego ao longo do tempo; nível de juros; carga tributária. Mercado de algodão: custos de produção, número de produtores, análise de fusão de duas empresas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 15 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche Instrumentos da Política Macroeconômica Fiscal Monetário Cambial relacionado aos gastos e receitas governamentais. relacionado à moeda relacionado ao valor da moeda nacional perante as moedas estrangeiras Conceitos Relevantes em Microeconomia Teoria da empresa: forma de proceder da sociedade empresária ao desenvolver a sua atividade produtiva, para a produção de bens ou de serviços com mais eficiência. Teoria do Consumidor: estuda a tomada de decisões dos consumidores, considerando a existência de restrições orçamentárias e de mudanças em seu ambiente. Ótimo de Pareto: indica um estado de eficiência máxima dos sistemas por meio da melhor alocação possível de recursos: ponto no qual o crescimento de um agente necessariamente prejudicará o outro. Concorrência perfeita: vários produtores e consumidores de um determinado bem, mas nenhum deles tem poder econômico para que, individualmente, interfira na quantidade ou no preço da oferta e demanda do produto. Concorrência imperfeita: existem um ou alguns poucos produtores de um lado da oferta e um ou alguns poucos produtores do lado da demanda. Elasticidade da demanda: variação da quantidade consumida de um determinado bem, diante da variação de seu preço. 22 .5 . IDENTIFICANDO OS SUJEITOS DA ATIVIDADE ECONÔMICA .5 . IDENTIFICANDO OS SUJEITOS DA ATIVIDADE ECONÔMICA Já vimos que a atividade econômica consiste tanto na produção como no consumo de bens. Pois bem, os sujeitos ou agentes econômicos são justamente aqueles que desenvolvem essa atividade econômica ou atuam no mercado. Poderão ser considerados agentes econômicos empresas, grupos econômicos, estados, organismos nacionais ou internacionais e o próprio indivíduo. Conforme lição de Washington Peluso Albino de Souza: O Direito Econômico é o ramo do Direito que tem por objeto a juridicização, ou seja, o tratamento jurídico da política econômica e por sujeito, o agente que dela participe5 003. 003. (FGV/PGE-SC/PROCURADOR DO ESTADO/2022) Com vistas ao estudo e regulação do Direito Econômico, são considerados sujeitos ou agentes econômicos aqueles: a) que possam gastar recursos disponíveis ou que possam produzir bens e serviços, desde que sejam empresários; b) que possam produzir bens e serviços apenas de forma economicamente organizada; c) que não tenham recursos disponíveis para gastar ou que estejam impedidos de escolher como agir economicamente; 5 Souza, Washington Peluso Albino de. Direito Econômico. São Paulo. SaraivaO conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 16 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche d) que possam gastar recursos disponíveis, produzir bens e serviços ou, ainda, escolher como agir economicamente, mas desde que seja empresário; e) que possam gastar recursos disponíveis, produzir bens e serviços ou, ainda, escolher como agir economicamente, independentemente de ser empresário. Os sujeitos ou agentes econômicos são aqueles que desenvolvem a atividade econômica (produção ou consumo de bens) ou atuam no mercado. Como vimos, podem ser considerados agentes as empresas, grupos econômicos, estados, organismos nacionais ou internacionais e o próprio indivíduo. Assim, o conceito de sujeito econômico é mais amplo que o de empresário. Letra e. gastam recursos produzem bens e serviços escolhem como agir economicamente: o que produzir e o que consumir empresas, grupos econômicos, estados, organismos nacionais ou internacionais e o próprio individuo. Agentes econômicos 2 .6 . OS PRINCIPAIS SISTEMAS ECONÔMICOS2 .6 . OS PRINCIPAIS SISTEMAS ECONÔMICOS Outro ponto salutar para nossa aula inicial é o conceito de sistema econômico. A criação de um sistema econômico parte da observação de todos os elementos que de alguma forma se relacionem com a realização da atividade econômica. Além disso, busca-se resolver problemas de escassez: o que, como e para quem deverá ser produzido determinado bem? De acordo com Eros Roberto Grau: O sistema econômico compreende um conjunto coerente de instituições jurídicas sociais, de conformidade com as quais se realiza o modo de produção e a forma de repartição do produto econômico6 6 Grau, Eros Roberto. A Ordem Econômica na Constituição de 1988: Interpretação e Crítica. 14ª edição ed. São Paulo: Malheiros.O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 17 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche A classificação mais conhecida e utilizada fundamenta-se na titularidade dos meios de produção (conjunto formado pelos meios de trabalho, objetos de trabalho e pelo modo de organização econômica da sociedade). Essa titularidade é o traço essencial que distingue o capitalismo do socialismo. A dinamicidade e complexidade fazem com que cada economia concreta possua ao mesmo tempo características de diferentes sistemas econômicos, embora exista um sistema dominante. Vamos conceituar os dois principais sistemas econômicos: capitalismo e socialismo. 2 .6 .1 . CAPITALISMO Esse sistema encontra fundamento na propriedade privada, na livre iniciativa e na liberdade de concorrência. Os agentes têm a propriedade dos meios de produção e a liberdade para tomar as decisões econômicas (o que, como e para quem produzir) sendo que o limite dessa liberdade é dado pelo próprio mercado (sistema de livre mercado). É claro que existem variações dentro do sistema capitalista, podendo preponderar a iniciativa privada (EUA) iniciativa dual com exploração da economia pelainiciativa privada e papel relevante do Estado (Brasil) e iniciativa dual com atuação preponderante do Estado (Dinamarca). No caso brasileiro, dispõe o artigo 173 da Constituição Federal: Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. Com base no artigo acima, podemos dizer que em nosso país a atividade econômica é explorada pela iniciativa privada, cabendo ao Estado em três casos: • Previsão de casos específicos na própria CF: − Art. 21, XII: ◦ serviços de radiofusão sonora de sons e imagens; ◦ serviços e instalações de energia elétrica e aproveitamento energético dos cursos de água; ◦ navegação aérea, aeroespacial e infraestrutura aeroportuária; ◦ serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fron- teiras nacionais, ou que transponham limites do estado ou território; ◦ serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; ◦ portos marítimos, fluviais e lacustres. − Art. 177: ◦ pesquisa e lavra do petróleo, refinação do petróleo nacional e estrangeiro; ◦ importação e exportação dos produtos e derivados das atividades anteriores. • Relevante interesse coletivo • Segurança nacionalO conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 18 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche 004. 004. (FGV/SENADO FEDERAL/CONSULTOR LEGISLATIVO/2022/ADAPTADA) O exercício de atividade econômica pelo ente público somente é admissível por parte da União em situações de monopólio legal ou constitucional. O item está incorreto. O exercício de atividade econômica pode ser realizado também nos casos de imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei (art. 173 da CF). Errado. 005. 005. (CESPE/TRF 5ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL/ADAPTADA) A atuação do Estado, seja por meio do condicionamento da atividade econômica, seja por meio da exploração direta de determinada atividade econômica, anula, por inteiro, a forma econômica capitalista prevista na CF. O item está incorreto. O Estado e o indivíduo atuam na exploração da atividade econômica. Além disso, o princípio da livre iniciativa, que vige em nosso ordenamento jurídico, é uma das bases do capitalismo: modelo de sistema econômico baseado na propriedade privada e no capital. Errado. Também é imprescindível que você conheça o artigo 170 da CF, que dispõe que a ordem econômica será regida pela livre iniciativa, propriedade privada e pela livre concorrência., deixando claro que foi adotado o sistema de produção capitalista fundado na livre iniciativa e na apropriação privada dos meios de produção. Conforme ensina José Afonso da Silva: O princípio da propriedade privada envolve, evidentemente, a propriedade privada dos meios de produção, e o fato mesmo de admitir investimentos de capital estrangeiro, ainda que sujeitos à disciplina da lei, de reconhecer o poder econômico como elemento atuante no mercado (pois só se condena o abuso desse poder) e a excepcionalidade da exploração direta da atividade econômica pelo Estado (art. 173), bem mostra que a Constituição é capitalista7 Apesar de o art. 170 indicar a adoção de um sistema capitalista pela nossa Constituição Federal, é salutar que você entenda que não se trata de um capitalismo puro, mas de um capitalismo social. E o que significa o capitalismo social, professora?E o que significa o capitalismo social, professora? 7 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 42 ed. Malheiros Editores.O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 19 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche Significa que o sistema econômico brasileiro é capitalista, mas também impõe aos detentores dos meios de produção deveres positivos e negativos, para evitar a exploração dos trabalhadores e consumidores, o uso desregrado dos recursos naturais, o abuso do poder econômico e a redução das desigualdades sociais e regionais. Os deveres têm como principal objetivo garantir a todos o acesso a recursos e meios que lhes garantam um mínimo para existir dignamente. Portanto, existe uma notória preocupação com a dignidade da pessoa humana e com a valorização do trabalho buscando assegurar a todos a existência digna, conforme os ditames da justiça social e observar os seguintes princípios (que serão estudados em aula específica): • função social da propriedade • defesa do consumidor • defesa do meio ambiente • redução das desigualdades sociais e regionais • busca do pleno emprego. Apesar disso, não podemos considerar que temos um Estado intervencionista, já que a livre iniciativa e a livre concorrência estão fortemente presentes. 2 .6 .2 . SOCIALISMO Quando falamos em socialismo devemos ter em mente que a iniciativa é pública e que a propriedade privada é substituída pela propriedade coletiva dos meios de produção. Podemos dizer que as características do socialismo e do capitalismo se contrapõem, mas isso não nos permite concluir que a mera supressão da livre iniciativa e da apropriação privada dos meios de produção são suficientes para que tenhamos um modelo socialista. Explico. No modelo socialista a supressão da propriedade privada dos meios de produção é realizada em proveito dos próprios trabalhadores. Caso contrário, não teremos socialismo, mas sim uma espécie de sociedade pós-capitalista com um modo de produção diverso, conhecido como estatismo ou modo de produção estatista ( expressão utilizada por José Afonso da Silva) no qual os meios de produção são dominados pelo Estado. Sistemas econômicos Capitalismo Socialismo propriedade privada e livre iniciativa supressão da propriedade privada dos meios de produção em proveito dos próprios trabalhadores O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 20 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche Sistemas econômicos Brasil: capitalismo com viés social Exploração da atividade econômica pelo Estado casos previstos na própria Constituição (arts. 21, XII e 177) relevante interesse coletivo segurança nacional Quais são as fontes do Direito Econômico, professora?Quais são as fontes do Direito Econômico, professora? Aqui temos um tema pouco cobrado nos concursos e por isso não precisaremos perder nosso precioso tempo nessa análise. Vamos direto ao ponto e caso apareça alguma questão, basta que você tenha em mente as informações trazidas nessa aula. • Leis Complementares: − Matérias expressamente previstas na CF: ◦ Desenvolvimento regional (art.43, §1º) ◦ Sistema Financeiro Nacional (art. 192) ◦ Tratamento favorecido a pequenas empresas (art. 146, III, d) • Constituição Federal • Leis ordinárias • Tratados Internacionais • Normas infralegais: decretos, portarias Prestação direta da atividade econômica pelo Estado (art.21, XII e 177 da CF) art. 21, XII -serviços de radiofusão sonora de sons e imagens - serviçose instalações de energia elétrica e aproveitamento energético dos cursos de água -navegação aérea, aeroespacial e infraestrutura aeroportuária -serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham limites do estado ou território -serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros -portos marítimos, fluviais e lacustres -art 177 -pesquisa e lavra do petróleo,refinação do petróleo nacional e estrangeiro - -importação e exportação dos produtos e derivados das atividades anteriores O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 21 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche 2 .7 . CARACTERIZANDO AS NORMAS DE DIREITO ECONÔMICO2 .7 . CARACTERIZANDO AS NORMAS DE DIREITO ECONÔMICO A primeira característica notória das normas de Direito Econômico é seu caráter programático, ou seja, o objetivo de traçar os fins públicos a serem alcançados pelo Estado. Na linha do que se estuda em Direito Constitucional, as normas programáticas se destacam: • pela sua força jurídica vinculante: revogação dos atos normativos anteriores que disponham em sentido colidente com o princípio que substanciam e carreiam um juízo de inconstitucionalidade para os atos normativos e • pela sua aplicação mediata: não produzem todos os seus efeitos desde a sua vigência, exigindo a aprovação de leis infraconstitucionais, bem como programas sociais, para obter sua plena eficácia. Outra característica importante é a utilização de tipos e conceitos indeterminados. Trata-se de conceitos caracterizados por um elevado grau de abstração, que demandam uma técnica legislativa própria para possibilitar que a norma se adeque melhor às constantes alterações da realidade. Um dos principais exemplos dessa característica pode ser retirado do art. 36 da Lei n. 12.529/2011 que traz conceitos abstratos para as infrações da ordem econômica. Veja que as definições dos termos grifados abaixo não são determinadas pela norma, exigindo que o aplicador faça sua adequação à realidade econômica. Art. 36. Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados: I – limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa; II – dominar mercado relevante de bens ou serviços; (...) A dinamicidade da economia também exige que as normas sejam flexíveis, móveis e mutáveis. Ressalta-se, inclusive, que existem várias exceções ao princípio da legalidade, com o intuito de se adequar à realidade econômica (instável e dinâmica). Para facilitar a compreensão do tema, cito dois exemplos: • Possibilidade de alteração da alíquota do Imposto de Importação por ato do Poder Executivo. CTN Art. 41 O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do comércio exterior. • Poder normativo das agências reguladoras.O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 22 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche Outra característica peculiar das normas de Direito Econômico é o fato de, em regra, buscarem estimular a realização de uma determinada atividade pelos agentes, por meio do oferecimento de uma recompensa ou prêmio (direito premial). Veja que o mais comum é que as normas de outros ramos do direito busquem punir o agente que não realiza determinada conduta (sanção negativa). Dadas as peculiaridades da nossa matéria, muitas vezes é mais indicado que se estimule a realização de determinada conduta (sanção positiva). Para isso, existem diversas formas de incentivos fiscais, estímulos a determinado tipo de indústria, abertura de linhas de crédito, redução de impostos ou alíquotas etc. Fontes de Direito Econômico Leis Complementares Constituição Federal Leis ordinárias Tratados Internacionais Normas infralegais Professora, a quem compete legislar sobre Direito Econômico?Professora, a quem compete legislar sobre Direito Econômico? A competência para legislar sobre Direito Econômico é concorrente da União, dos Estados e do DF, conforme disposto na CF: Art. 24 Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico Os entes devem ser cautelosos ao exercer a competência, evitando restrições ou ampliações indevidas que sejam incompatíveis com normas editadas no âmbito nacional. Nesse sentido, confira o julgado abaixo: JURISPRUDÊNCIA AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. COMERCIALIZAÇÃO DE ÁGUA MINERAL. LEI MUNICIPAL. PROTEÇÃO E DEFESA DA SAÚDE. COMPETÊNCIA CONCORRENTE. INTERESSE LOCAL. EXISTÊNCIA DE LEI DE ÂMBITO NACIONAL SOBRE O MESMO TEMA. CONTRARIEDADE. INCONSTITUCIONALIDADE. 1. A Lei Municipal n. 8.640/00, ao proibir a circulação de água mineral com teor de flúor acima de 0, 9 mg/l, pretendeu disciplinar sobre a proteção e defesa da saúde pública, competência legislativa concorrente, nos termos do disposto no art. 24, XII, da Constituição do Brasil. 2. É inconstitucional lei O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 23 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche municipal que, na competência legislativa concorrente, utilize-se do argumento do interesse local para restringir ou ampliar as determinações contidas em texto normativo de âmbito nacional. Agravo regimental a que se nega provimento. (STF- RE 596489/RS AgR, DJ em 19//11/09) Também existe a previsão de competência privativa da União para algumas matérias específicas previstas no artigo 22 da CF. Nesses casos, prevalece a regra específica (competência privativa) sobre a regra geral (competência concorrente). • Veja o entendimento do STF sobre o tema: JURISPRUDÊNCIA A regra que confia privativamente à União legislar sobre ‘sistema monetário’ (art. 22, VI) é norma especial e subtrai, portanto, o direito monetário, para esse efeito, da esfera material do direito econômico, que o art. 24, I, da CR inclui no campo da competência legislativa concorrente da União, do Estados e do Distrito Federal.(STF- RE 291.188-DJ em 14/11/02) Uma observação semelhante a que fazemos nas aulas de Direito Financeiro é cabível nesse momento, pois pela interpretação literal do art. 24, I, os municípios não teriam competência concorrente para legislar sobre Direito Econômico. Essa afirmação também se sustenta no fato de que não cabe legislação suplementar municipal que trate de normas gerais, pois nos termos do art. 24, §3º, tais normas somente poderão ser federais ou estaduais. Assim, a competência do município não seria autônoma, pois irá suplementar uma lei prévia da União ou dos estados. A maioria da doutrina entende que embora a Constituição não mencione os munícipios no caput do artigo 24, eles podem legislar sobre DireitoEconômico, baseando-se em uma interpretação sistemática do art. 30, II, da CF que dispõe que compete aos municípios suplementar a legislação federal e estadual, no que couber. A controvérsia é grande, inclusive entre as bancas examinadoras. O Cespe e a FGV consideraram erradas as assertivas que negavam competência concorrente aos municípios. Portanto, se houver uma questão objetiva mais bem elaborada ou uma questão subjetiva, lembre-se da divergência doutrinária. Vamos agora falar das normas gerais. Pois bem, o art. 24, §1 dispõe que no âmbito da legislação concorrente, a União estabelecerá normais gerais sobre a matéria. Professora, e qual a função dessas normas?Professora, e qual a função dessas normas? O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 24 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche Possibilitar a unidade federativa no tratamento das matérias previstas no artigo 24. Entretanto, nada impede que certas matérias sejam reguladas de forma específica no âmbito federal. Desse modo, a competência da União para editar normas gerais não afasta sua competência própria para suplementar tais normas gerais, no âmbito de sua atuação funcional e geográfica. Competência Concorrente (art. 24) Privativa da União (art.22) União (normais gerais ou específicas no âmbito de sua atuação geográfica) Estados e DF Município (maioria da doutrina) prevalece sobre a regra geral (competência concorrente). Direito Econômico Produção e consumo águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão serviço postal sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores comércio exterior e interestadual diretrizes da política nacional de transportes regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial trânsito e transporte jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular; sistemas de consórcios e sorteios; atividades nucleares de qualquer natureza; propaganda comercial Para finalizar esse tema, temos outras observações relevantes que embora sejam “velhas conhecidas” dos concurseiros, continuam aparecendo em algumas provas: • Art. 24, § 2º: a competência da União não exclui a competência suplementar dos estados e do DF. • Art. 24, § 3º: se não existirem normas gerais estatuídas pela União, os estados e o DF exercerão a competência legislativa plena. • Art. 24, § 4º: a superveniência da lei federal suspenderá a eficácia da lei estadual ou distrital, no que lhe for contrária. Mantendo o compromisso de oferecer um material completo e atualizado, destaco abaixo as principais competências previstas na Constituição acompanhadas dos principais julgados sobre cada uma delas. Esses temas têm grande incidência nas provas de Direito Econômico e, nesse ponto específico, as bancas examinadoras abordam muito mais a jurisprudência do que a lei seca. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 25 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche Para facilitar seu estudo, ofereço duas opções de leitura da jurisprudência na aula de hoje: você pode ler os julgados separados por tema (abaixo de cada inciso apresentado) ou pode optar por ler todos no final da aula onde temos um título destinado somente à jurisprudência. Vamos juntos nessa? 2.7.1. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE (ART. 24) • Direito econômico EXEMPLO Código de Defesa do Consumidor (federal) • Produção e consumo EXEMPLO Leis que tratam da inclusão de devedores em cadastros de proteção crédito (competência suplementar estadual) Confira a jurisprudência abaixo: JURISPRUDÊNCIA Proibição de fabricar, vender e comercializar armas de fogo de brinquedo no Estado. Competência concorrente da União, dos Estados, do Distrito Federal e Municípios para legislar sobre proteção à infância e à juventude. Competência concorrente para legislar sobre matéria de produção e consumo. A mera circunstância de uma norma demandar atuação positiva do Poder Executivo não a insere no rol de leis cuja iniciativa é privativa do Chefe do Executivo. (ADI 5.126, rel. min. Gilmar Mendes, DJE de 18-1-2023.) A autorização e regulamentação da venda e do consumo de bebidas alcoólicas em eventos esportivos, estádios e arenas desportivas em um Estado-membro não invade a competência da União prevista no art. 24, V e IX e §§1º a 3º, da Constituição da República. (...) Espaço constitucional deferido ao sentido do federalismo cooperativo inaugurado pela Constituição Federal de 1988. (ADI 5.112, rel. min. Edson Fachin, DJE de 10-9-2021.) Proibição da Lei paranaense 20.276/2020 a instituições financeiras, correspondentes bancários e sociedades de arrendamento mercantil realizarem telemarketing, oferta comercial, proposta, publicidade ou qualquer tipo de atividade tendente a convencer aposentados e pensionistas a celebrarem contratos de empréstimos resulta do legítimo exercício da competência concorrente do ente federado em matéria de O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 26 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche defesa do consumidor, suplementando-se os princípios e as normas do Código de Defesa do Consumidor e reforçando-se a proteção de grupo em situação de especial vulnerabilidade econômica e social.(ADI 6.727, rel. min. Cármen Lúcia, DJE de 20-5-2021) São constitucionais as normas estaduais que veiculam proibição de suspensão do fornecimento do serviço de energia elétrica, o modo de cobrança e pagamentos dos débitos e exigibilidade de multa e juros moratórios, limitadas ao tempo da vigência do plano de contingência, em decorrência da pandemia de Covid-19, por versarem, essencialmente, sobre defesa e proteção dos direitos do consumidor e da saúde pública. (...) É concorrente a competência da União, dos Estados e do Distrito Federal para legislar sobre consumo e proteção à saúde pública, nos termos dos incs. V e XII do art. 24 da Constituição da República. (ADI 6.432, rel. min. Cármen Lúcia, j. 8-4-2021, P, DJE de 14-5-2021.) A Lei n. 6.886/2016 do Estado do Piauí, ao obrigar que as operadoras de telefonia móvel e fixa disponibilizem, na internet, o extrato detalhado de conta das chamadas telefônicas e serviços utilizados pelos usuários de planos pré-pagos, não tratou diretamente de legislar sobre telecomunicações, mas sim de direito do consumidor. Isso porque o fato de disponibilizar o extrato da conta de plano pré-pago detalhado na internet não diz respeito à matéria específica de contrato de telecomunicação, tendo em vista que tal serviço não se enquadra em nenhuma atividade de telecomunicações definida pelas Leis 4.117/1962 e 9.472/1997. Trata-se, portanto, de norma sobre direito do consumidor que admite regulamentação concorrente pelos Estados-Membros, nos termos do art. 24, V, da Constituição Federal (ADI 5.724, red. do ac. min. Roberto Barroso, DJE de 29-3-2021) Consumidor. Proteção (...). Ausenteintervenção direta no núcleo de atuação das instituições voltadas ao exercício de atividades de natureza mercantil ou financeira, surge constitucional norma estadual a impor, em caráter obrigatório, a instalação de itens de segurança em caixas eletrônicos, reduzindo riscos à integridade dos usuários dos serviços bancários (...) (ADI 3.155, rel. min. Marco Aurélio, DJE de 5-10-2020.) Lei estadual pode impor que as agências bancárias instalem divisórias individuais nos caixas de atendimento. Trata-se de matéria relativa a relação de consumo, o que garante ao Estado competência concorrente para legislar sobre o tema (art. 24, V, da CF/88) (STF. Plenário-ADI 4633/SP, julgado em 10/04/2018) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=755906375 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=755855233 27 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche 2.7.2. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA DA UNIÃO (ART. 22) • Águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão (inciso IV) − Principais julgados: JURISPRUDÊNCIA A instituição de taxa de fiscalização do funcionamento de torres e antenas de transmissão e recepção de dados e voz é de competência privativa da União, nos termos do art. 22, IV, da Constituição Federal, não competindo aos municípios instituir referida taxa.(RE 776.594, rel. min. Dias Toffoli, DJE de 9-2-2023, Tema 919, com mérito julgado) A cláusula de fidelidade contratual é uma contrapartida decorrente de benefícios oferecidos aos consumidores, como a redução de custos para aquisição de aparelhos ou oferecimento de planos por valores reduzidos, de modo que a exclusão pura e simples dessa variável repercute no campo regulatório das atividades de caráter público. Diante da interferência no núcleo regulatório das telecomunicações, normas que disciplinam limites e possibilidades da cláusula de fidelização nos contratos de prestação de serviço TV por assinatura, telefonia, internet e serviços assemelhados devem ser editadas privativamente pela União, no exercício da competência normativa para dispor sobre telecomunicações (art. 22, IV). (ADI 7.211, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 3-10-2022, P, DJE de 10-10-2022) Lei estadual não pode, sob pena de ingerência reflexa no contrato de concessão celebrado entre a União e a concessionária, proibir ou limitar as receitas alternativas complementares ou acessórias da empresa. Eventual proibição dessa natureza pode potencializar o surgimento de diferentes padrões de serviço no âmbito nacional, dado o incentivo para as concessionárias investirem preferencialmente onde podem auferir mais recursos. É eivada de inconstitucionalidade lei estadual que proíbe as concessionárias dos serviços de telecomunicação de comercializarem SVA ou qualquer outro agregado ao serviço. (ADI 6.199, rel. min. Nunes Marques, DJE de 26-8-2022.) (...) Lei Estadual n. 15.854/2015, que cria a obrigação das concessionárias de serviços telefônicos móveis de estender benefícios aos clientes antigos, das promoções oferecidas a novos clientes. Lei que cria obrigações e sanções para empresas de telefonia. Violação da competência privativa da União para legislar sobre serviços de telecomunicações (ADI 5.399, rel. min. Roberto Barroso, DJE de 7-12-2022.) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5737323 28 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche (...) ao definir unilateralmente e tornar obrigatória a divulgação diária de fotos de crianças desaparecidas em noticiários de TV, a lei catarinense impugnada invadiu a competência legislativa da União para dispor privativamente sobre radiodifusão de sons e imagens, afrontado o previsto no inc. IV do art. 22 da Constituição brasileira e cuidou de tema entregue, constitucionalmente, ao legislador nacional, à Administração Pública federal e aos cuidados e com os instrumentos de convênio fixados em normas nacionais. (ADI 5.292, voto da rel. min. Cármen Lúcia, DJE de 19-5-2022.) Dispositivos que determinam que as prestadoras de serviço telefônico são obrigadas a fornecer, sob pena de multa, os dados pessoais dos usuários de terminais utilizados para passar trotes aos serviços de emergência. Alegação de inconstitucionalidade formal, por invasão da competência da União para legislar sobre serviços de telecomunicações – art. 22, IV, da CF. A norma trata do relacionamento entre as prestadoras e a administração pública, em uma relação diversa daquela decorrente da outorga da prestação do serviço – prestação de informações para processo administrativo. Norma compatível com a legislação federal, que não estabelece um direito ao sigilo absoluto dos dados pessoais, sendo perfeitamente compatível com a requisição de dados no curso de um procedimento de apuração de infração administrativa. (ADI 4.924, rel. min. Gilmar Mendes, DJE de 29-3-2022.) A legislação estadual impugnada com o escopo de coibir a atividade de ‘delivery de gasolina e etanol’ exorbitou sua competência e usurpou competência privativa da União para legislar sobre energia. (ADI 6.580, rel. min. Cármen Lúcia, DJE de 24-5-2021) A Lei n. 16.734/2018 do Estado do Ceará, ao vedar às operadoras de telefonia móvel que procedam, entre outras providências, ao bloqueio de acesso à internet quando esgotada a franquia de dados contratada, violou o art. 22, inciso IV, da Lei Maior, que confere à União a competência privativa para dispor sobre telecomunicações.(ADI 6.089, red. do ac. min. Dias Toffoli, DJE de 4-3-2021) O art. 22, inciso IV, da Constituição de 1988, que fixa a competência privativa da União para dispor sobre águas, deve ser interpretado à luz do art. 21, inciso XIX, que reserva ao campo de atribuições do ente federal a instituição do sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e a definição dos critérios de outorga dos direitos de uso desses recursos.(ADI 5.025, rel. min. Marco Aurélio, DJE de 30-3-2021.) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4749466 29 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche Medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade. Conversão em julgamento definitivo. Lei n. 14.228/2020 da Bahia. Proibição a concessionárias de telecomunicações de limitação de tempo para utilização de créditos de telefones celulares pré- pagos. Usurpação Da Competência Da União. Inc. XI do art. 21 e inc. IV do art. 22 da constituição da república. Precedentes do supremo tribunal federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente (ADI 6.326, rel. min. Cármen Lúcia, DJE de 3-12-2020) Bloqueio de aparelhos celulares pelas operadoras nas hipóteses de furto e roubo: competência privativa da União para legislar sobre telecomunicações.(STF AD1 5574- DJ em 15/10/19) É inconstitucional a Lei n. 416/08, do Município de Augustinópolis/TO,que autoriza o Poder Executivo Municipal a conceder a exploração do Serviço de Radiodifusão Comunitária no âmbito do território do Município: competência privativa da União (STF-ADPF 235, DJ em 30/08/19) É inconstitucional lei lei do Estado do Rio Grande do Sul que isenta trabalhadores desempregados do pagamento do consumo de energia elétrica e de água pelo período de seis meses: competência privativa da União (STF-ADI 2298-DJ em 13/12/19) É inconstitucional lei estadual que proíbe a cobrança de taxa de religação de energia elétrica em caso de corte de fornecimento por falta de pagamento, sem qualquer ônus para o consumidor: competência privativa da União para legislar sobre energia. (STF-ADI 5620-DJ em 20/11/19) É inconstitucional lei estadual que dispõe sobre o fornecimento de informações por concessionária de telefonia fixa e móvel para fins de segurança pública. Competência privativa da União para legislar sobre telecomunicações (STF-ADI 4401- DJ em 28/11/19) Para finalizar esse inciso, não confunda a competência legislativa privativa com a competência material exclusiva prevista no art. 21. Art. 21 (...) XI – compete exclusivamente à União explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais XII – b) é competência administrativa exclusiva da União “explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos”.O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 30 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche • Serviço postal (inciso V) − Principal julgado: JURISPRUDÊNCIA É inconstitucional lei municipal que proíbe entrega em determinado horário, sob pena de multa e cancelamento do alvará de funcionamento: competência privativa da união para legislar e administrar serviço postal. (STF-ADPF 222-DJ em 02/10/19) • Sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais (inciso VI) − Principais julgados: JURISPRUDÊNCIA A alteração do padrão monetário envolve necessariamente a fixação do critério de conversão para a moeda: competência privativa da União para legislar sobre sistema monetário (STF-(RE 291188/RN-DJ em 14/11/02) Não confunda a competência legislativa privativa com a competência material exclusiva prevista no art. 21. Nos termos do art. 21, VII e VIII, a competência administrativa para tratar de moeda e câmbio é exclusiva da União. • Política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores (inciso VII) − Principais julgados: JURISPRUDÊNCIA ICMS. Incidência. Seguradoras. Venda de veículos salvados. Inconstitucionalidade. Ofensa aos arts. 22, VII, e 153, V, da CF. (...) O art. 7º, § 1º, item 4, da Lei paulista 6.374, de 1º-3-1989, previu a incidência de ICMS sobre as operações de vendas, por seguradoras, de veículos envolvidos em sinistros. Vendas que se integram à própria operação de seguro, constituindo recuperação de receitas e não atividade mercantil. (RE 588.149, rel. min. Gilmar Mendes, j. 16-2-2011, Tema 216, com mérito julgado) É inconstitucional lei estadual que amplia as formas de pagamento dos planos privados de assistência à saúde, individuais ou coletivos, por violação à competência privativa da União para legislar sobre a matéria (ADI 7.023, rel. min. Roberto Barroso, DJE de 2-3-2023) A Lei n. 6.704/2015 do Estado do Piauí disciplina a transferência dos depósitos judiciais em dinheiro referentes a processos judiciais – tributários ou não tributários, realizados em processos vinculados ao Tribunal de Justiça do Estado do Piauí –, bem como dos O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 31 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche depósitos em processos administrativos, independentemente de o Estado ser ou não parte, para conta única do Poder Executivo. (...)Veiculação de normas que caracterizam a usurpação da competência da União para legislar sobre: (i) o Sistema Financeiro Nacional (art. 21, VIII, CF); (ii) a política de crédito e transferência de valores (art. 22, VII e 192, CF); (iii) direito civil e processual (art. 22, I); e (iv) normas gerais de direito financeiro (art. 24, I, CF) – atuação além dos limites de sua competência suplementar, ao prever hipóteses e finalidades não estabelecidas na norma geral editada pela União. (ADI 5.392, rel. min. Rosa Weber, DJE de 5-10-2020) A competência para legislar sobre planos de saúde é privativa da União. Ainda que a Lei federal 9.656/1998 preceitue a prévia comunicação aos usuários sobre alteração da rede credenciada, não pode Lei estadual impor meio e forma para o cumprimento de tal dever, por não dispor de competência concorrente quanto à matéria (ADI 5.173, rel. min. Gilmar Mendes, DJE de 17-12-2019) A política creditícia no âmbito do Sistema Financeiro de Habitação é regulada por legislação federal. (...)É competência privativa da União legislar sobre política de crédito (art. 22, VII, CF). Inconstitucionalidade formal de legislação estadual ou distrital que trata da matéria. (ADI 3.532, rel. min. Edson Fachin, DJE de 18-12-2019.) • Comércio exterior e interestadual (inciso VIII) − Principais julgados: JURISPRUDÊNCIA Lei n. 7.814, de 15 de dezembro de 2017, do Estado do Rio de Janeiro, que dispõe sobre a proibição, no Estado, da utilização de animais para desenvolvimento, experimento e teste de produtos cosméticos, higiene pessoal, perfumes, limpeza e seus componentes. (...) Usurpação de competência da União. Limitações a comercialização dos produtos derivados dessas atividades no Estado do Rio de Janeiro. Restrição ao mercado interestadual. Alegação de ofensa aos artigos 22, VIII e 24, VI da Constituição Federal. Ocorrência. (ADI 5.995, rel. min. Gilmar Mendes, DJE de 20-10-2021.) Lei n. 1.939, de 30 de dezembro de 2009, do Estado do Rio de Janeiro, que dispõe sobre a obrigatoriedade de informações nas embalagens dos produtos alimentícios comercializados no Estado do Rio de Janeiro. Alegação de ofensa aos artigos 22, VIII, e 24, V, da Constituição Federal. Ocorrência. Ausência de justificativa plausível que autorize restrições às embalagens de alimentos comercializados no Estado do Rio de Janeiro. Competência legislativa concorrente em direito do consumidor. Ausência. Predominância de interesse federal a evitar limitações ao mercado interestadual (ADI 750, rel. min. Gilmar Mendes, DJE de 9-3-2018) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 32 de 86www.grancursosonline.com.br DIREITO ECONÔMICO Introdução ao Direito Econômico, Ordem Econômica Natalia Riche É inconstitucional a lei estadual que cria restrições à comercialização, à estocagem e ao trânsito de produtos agrícolas importados no Estado, ainda que tenha por objetivo a proteção da saúde dos consumidores: competência privativa da União para comércio