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Dermatozoonoses Escabiose: Sintomas e Tratamento

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Dermatozoonoses
Escabiose:
“Sarna”;
Agente etiológico: Sarcoptes scabei var.
hominis (espécie específica);
Transmissão: o contágio é direto e
geralmente se faz no leito. Existe a
possibilidade longínqua de o contágio
processar-se indiretamente (roupa pessoal
ou do leito);
Faixa etária: todas as idades, sendo mais
comum em adultos;
Tipos clínicos:
❖ Escabiose clássica;
❖ Sarna incógnita;
❖ Sarna norueguesa ou crostosa;
❖ Sarna Zoógena.
Manifestações clínicas:
❖ Período de incubação: 3 a 4
semanas;
❖ O principal sintoma é o prurido;
❖ Alérgico: eosinofilia sanguínea
- principalmente na escabiose
crostosa;
❖ Mecânico: provocado pela
progressão do parasita / calor
do leito.
❖ A lesão típica é o túnel escabiótico,
pequena saliência linear, em geral
sinuosa, tendo na extremidade
migrante, uma vesicopápula do
tamanho de uma cabeça de
alfinete - eminência acarina (onde
se encontra o parasita);
❖ Esses túneis, de cor acinzentada
clara ou da cor da pele, medem de
5 a 15 mm, e aumentam, em
número, com a duração da doença;
❖ Pápulas, pápulocrostas,
escoriação; às vezes vesículas,
pústulas;
❖ Lesões secundárias: escoriações e
impetiginização secundária;
❖ Idoso: lesões são pouco visíveis, e
o quadro clínico caracteriza-se por
prurido, eventualmente intenso, e
escoriações;
❖ No saco escrotal e pênis, por vezes
ocorrem nódulos eritematosos
típicos, muito pruriginosos,
podendo persistir depois do
tratamento.
Sarna crostosa ou sarna por
hiperinfestação:
❖ Sarna norueguesa;
❖ É forma de hiperinfestação;
❖ Formação de crostas estratificadas,
localizadas, preferencialmente, nas
eminências ósseas, podendo,
inclusive, comprometer unhas,
face, cabeça e regiões
palmoplantares;
❖ Ocorre em indivíduos de hábitos
higiênicos precários, neuropatas,
deficientes mentais e
imunodeprimidos;
❖ É astronômica a quantidade de
parasitas, o que explica surtos de
escabiose em asilos, hospitais e
casas de repouso, se não
diagnosticada de pronto;
❖ Pode ser uma manifestação da
infecção pelo vírus HTLV-1;
❖ Solicitar sorologia diante de
um quadro suspeito.
❖ O prurido é menos intenso na
sarna crostosa;
❖ Diagnóstico diferencial: psoríase,
dermatite seborreica e eczemas.
Diagnóstico:
❖ História de familiares ou pessoas
da mesma habitação com prurido;
❖ O prurido noturno;
❖ Túneis nos locais de eleição;
❖ Distribuição das lesões;
❖ Pesquisa dos ácaros ao
microscópio - nem sempre
detectado;
❖ Dermatoscopia: achado de
pequenas estruturas triangulares
(asa delta) e ao túnel escabiótico
preenchido com ovos e fezes do
parasita.
Quando a escabiose deixa de ser
diagnosticada?
❖ Falta de suspeita no exame clínico
e quando a escabiose torna-se
atípica. Há vários quadros clínicos;
❖ Higiene excessiva: “sarna de gente
limpa";
❖ Crianças: presença,
particularmente em lactentes, de
lesões urticadas ou eczematosas;
❖ Idosos: na pele senil, a reação é
minima. Prurido noturno intenso e
escoriações. Lesões no dorso (erro:
prurido senil);
❖ Iatrogenia: é tratada com
corticóides e anti- histamínicos. O
quadro alastra-se, com localizações
atípicas e com aspecto
eritematoso, urticado e
eczematoso.
Tratamento:
❖ Tópico:
❖ Permetrina 5%: loção é
considerada muito efetiva e de
baixa toxicidade. Aplicação
única à noite, e uma segunda
após 5 a 7 dias;
❖ Enxofre: na forma de enxofre
precipitado (5 a 10%) em
vaselina líquida ou pasta
d'água, por 3 noites
consecutivas. Adequado para
crianças com menos de 2
meses, gestantes e durante a
lactação;
❖ Monossulfeto de
tetraetiltiuram em solução a
25% (monossulfiram);
❖ Benzoato de benzila ( 1 O a
25%) - loção ou creme. Seus
principais efeitos adversos são
irritação primária, xerose e
prurido. Em desuso;
❖ Sistêmico:
❖ Ivermectina: 200 μg/kg para
adultos e crianças acima de 5
anos. Na apresentação de
comprimidos de 6 mg, 1
comprimido para cada 30 kg;
❖ VO dose única que pode ser
repetida após 7 a 10 dias. Em
imunocomprometidos, são
necessárias duas doses;
❖ Evitar em: em crianças com
menos de 15 kg e no período
de amamentação;
❖ Recomenda-se o seu uso em
formas especiais de escabiose
(crostosa, pacientes com HIV/
AIDS, imunodeprimidos) e
deve ser evitada utilização
indiscriminada nas formas
clássicas da doença, pelo risco
de resistência.
❖ Medidas adicionais do
tratamento:
❖ Antes de se iniciar - avaliação
dos habitantes da casa e
contatos próximos (no caso de
dúvida, tratar todos);
❖ Os nódulos do pênis e da bolsa
escrotal são persistentes -
corticoide local;
❖ Infecção secundária - tratar
conforme a extensão do
processo (antibiótico local ou
sistêmico);
❖ Não há necessidade de ferver
roupas pessoais, de cama ou
toalhas, bastando apenas
lavá-las até após o 2˚ dia de
tratamento;
❖ Nos casos de persistência das
lesões em até após 1 semana
de tratamento, recomenda-se
repetir o tratamento;
❖ A medicação tópica no adulto,
aplica-se do pescoço para
baixo, no corpo inteiro, nas
crianças, aplica-se, inclusive
no couro cabeludo.
Pediculose:
Dermatoses pruriginosas produzidas por
piolhos, com três localizações principais:
❖ Cabeça (Pediculus humanus var.
capitis) - piolho; escolares e
mulheres cabelos compridos;
❖ Tronco (P. humanus var. corporis) -
mendigos e soldados em
campanha, nas regiões frias que
exigem muita roupa;
❖ Região pubiana (Phthirus pubis) -
chato; adultos; IST.
A pediculose da cabeça é a ectoparasitose
humana mais prevalente;
Transmissão do piolho:
❖ Contato direto pessoal e/ou por
objetos (pentes, roupas etc.). 1 a 2
semanas;
❖ Transmitido de uma pessoa para
outra, ele se instala no folículo
piloso, ou seja, na base do cabelo,
onde deposita seus ovos — as
lêndeas – grudadas no pelo.
Possuem garras que agarram firmemente
os pelos, cabelos. A coloração do corpo
varia de bege claro a cinza escuro, mas
eles podem ficar mais escuros após se
alimentarem;
São muito dependentes da temperatura e
umidade próximas da pele hospedeira,
sendo às vezes restritos a parasitar
determinadas regiões do corpo;
Pediculose da cabeça:
❖ Prurido intenso (preferência pelas
regiões occipital e
retroauriculares);
❖ Pode haver sinais de escoriação e
infecção secundária, com
repercussão ganglionar regional;
❖ Achado do parasito, encontram-se
as lêndeas, que são ovos
alongados, esbranquiçados, que se
fixam por meio de uma gelatina ao
longo dos cabelos.
Pediculose pubiana:
❖ Na pediculose pubiana, o parasita
fixa-se firmemente ao
osteofolículo, injetando sua saliva,
que altera a hemoglobina,
originando manchas puntiformes
cerúleas;
❖ O prurido é intenso;
❖ Escoriações e crostículas
hemorrágicas;
❖ Pode haver impetiginização e
eczematização secundárias;
❖ Preferentemente nas regiões
pubiana e perineal. Às vezes, no
abdome, no tórax, nas coxas e na
região supraciliar.
Tratamento:
❖ Retirada das lêndeas – pente fino
metálico; remoção manual.
Vinagre diluído em 50% com água
morna;
❖ Xampu de permetrina (1%): agir
por 5 a 10 minutos e enxaguar em
seguida. Deve-se repetir após uma
semana;
❖ Xampu de deltametrina (0,02%)
aplicado de maneira similar, porém
é menos eficaz;
❖ Sistêmico: ivermectina oral (200 a
400 mcg/kg/dia) em dose única e
repetir após 7 dias. Pode ser
utilizada por crianças com peso
acima de 15 Kg.
Larva Migrans Cutânea:
Dermatose pruriginosa produzida pela
inoculação acidental na pele de larvas de
ancilóstomos de animais (cão e gato);
Agente etiológico mais comum é a do
Ancilostoma braziliensis;
Ocorre nas zonas tropical e subtropical,
em áreas quentes e úmidas;
Acomete qualquer idade, porém é mais
comum em crianças que brincam em
quintais, jardins e/ou praias;
Os ovos do ancilóstoma, desenvolvem-se
bem em areia ou terreno arenoso e, em
condições favoráveis (calor e umidade),
em uma semana tornam-se larvas
infestantes;
Ao penetrar na pele "errada”, a larva
instala-se na epiderme e provoca uma
reação inflamatória por parte do
organismo, podendo ficar bloqueadaou, o
que é a regra, progredir
intraepidermicamente, formando um
túnel, papuloso de trajeto linear e
serpiginoso com maior progressão
noturna (2 a 5 cm diários);
Essas larvas não dispõem da colagenase
específica necessária à penetração na
derme do homem e, consequentemente,
não caem na circulação;
A IgE sérica encontra-se elevada. A
eosinofilia, às vezes elevada (até 70%), é
comum;
Manifestações clínicas:
❖ Número imprevisível;
❖ Localização mais frequente nos pés
e nas nádegas;
❖ Regra geral, a larva caminha e
produz um túnel
eritematopapuloso, sinuoso, cuja
extremidade migrante
apresenta-se mais ativa, enquanto
a área terminal do túnel começa a
entrar em regressão,
apresentando-se discretamente
escamosa. A forma migrante é a
mais comum;
❖ O prurido é de moderado a
intenso;
❖ Pápula eritematosas de alguns
milímetros, intensamente
pruriginosa - essa forma papulosa
isolada é menos frequente;
❖ Casos reacionais intensos chegam
a apresentar vesículas e bolhas;
❖ Complicação: infecção e
eczematização;
❖ A larva migrans disseminada é rara
e pode desencadear a síndrome de
Loeffler, que cursa com febre,
alterações respiratórias, infiltrados
pulmonares e eosinofilia periférica.
Diagnóstico:
❖ A morfologia migrante é, por si só,
diagnóstica, ao passo que a forma
papulosa é de diagnóstico mais
difícil, confundindo-se,
frequentemente, com as reações à
picada do inseto.
Tratamento:
❖ Nos casos de lesões numerosas, a
indicação é a medicação sistêmica;
❖ Albendazol 400 mg/dia 3 dias;
❖ Tiabendazol oral 30 a 50
mg/kg de peso, em dose
única;
❖ Ivermectina também é efetiva,
dose de 200 μg/kg, por VO,
em dose única.
❖ Nos casos de poucas lesões, o
tratamento tópico com tiabendazol
(pomada a 5%), 3 vezes/dia.
Evolução e prognóstico:
❖ Doença limitada, com cura
espontaneamente em alguns
meses, pois a larva, em pele
inóspita, acaba morrendo.
Profilaxia:
❖ Evitar a permanência, nas praias,
de cães e gatos;
❖ Evitar áreas arenosas sombreadas
ou úmidas, onde as larvas se
desenvolvem;
❖ Em tanques de areia de parques e
escolas, deve haver proteção
contra dejetos de cães e gatos.
Tunguíase:
Agente etiológico: pulga Tunga penetrans;
Doença tropical, ocorrendo no porco e no
homem; é adquirida em lugares arenosos,
estábulos e pocilgas;
Tanto o macho como a fêmea são
hematófagos, porém o macho, após
alimentar-se, deixa o hospedeiro e,
portanto, não produz quadro clínico,
enquanto a fêmea se fixa na pele, onde
penetra parcialmente e ingere o sangue
com a finalidade da ovulação, provocando
lesão;
Ovos são eliminados para o exterior,
caindo no solo; consequentemente, a
fêmea morre, havendo a cura espontânea
do quadro clínico;
Manifestação clínica:
❖ Pequena pápula esférica,
branco-amarelada, com um ponto
negro central;
❖ Há prurido e dor discreta;
❖ Número é variável; quando
numerosas e agrupadas, seu
aspecto dá a impressão de favo de
mel.
❖ Localizações preferenciais são as
regiões plantares, periungueais e
interdigitais; ocasionalmente, as
lesões podem localizar-se na
genitália, no períneo e nos
membros.
Tratamento:
❖ O tratamento padrão consiste na
remoção completa do parasita;
❖ Poucas lesões - retirada com
agulha estéril;
❖ Infestação maciça: tiabendazol ou
ivermectina;
❖ A pulga morre em 2 a 3 semanas
com ou sem tratamento.
Miíase:
Doença causada pela infestação de
animais vertebrados, inclusive o homem,
por larvas de moscas (dípteros);
Uma vez no hospedeiro, as larvas
alimentam-se de tecidos viáveis ou
necrosados, fluidos corporais ou
alimentos ingeridos e assim, completam o
seu ciclo de desenvolvimento, total ou
parcialmente.;
Miíase primária:
❖ Miíase furunculóide (mais
comum): produzida por moscas
parasitas obrigatórias cujas larvas,
em geral, uma ou poucas,
penetram na pele exposta,
produzindo uma lesão nodular,
discretamente inflamatória, em
geral dolorosa (sensação de
ferroadas) e com eventual prurido,
de aspecto furunculoide, cuja
única abertura (de alguns
milímetros) deixa sair um discreto
exsudato, sobretudo quando a
larva vem à tona respirar;
❖ A observação da lesão durante
alguns segundos torna possível
perceber esses movimentos
produzidos pela larva;
❖ A larva da mosca Dermatobia
hominis , popularmente chamada
de berne, é a principal causa de
miíase furunculóide;
❖ O tratamento consiste na retirada
da larva com auxílio de pinça;
asfixiar com vaselina na superfície
do orifício com esparadrapos sobre
a lesão, forçando a saída da larva.
Miíase secundária:
❖ Produzida por moscas não
parasitas obrigatórias, que,
atraídas pelo cheiro de lesões
abertas (úlceras em geral),
depositam seus ovos, que se
transformam em larvas;
❖ Agravam a úlcera devido aos seus
fermentos proteolíticos;
❖ O tratamento é feito com
ivermectina na dose de 200 μg/kg;
❖ Se necessário, retirar com pinça
das larvas, uma a uma.
Leishmaniose Cutânea:
Doença infecciosa, não contagiosa, com
evolução crônica, que atinge a pele e, às
vezes, também mucosas (tipo
mucocutânea);
É causada pelo protozoário do gênero
Leishmania e transmitida ao homem pela
picada de flebótomo fêmea infectado, que
é o vetor da doença;
O principal vetor no Brasil é do gênero
Lutzomyia sp;
O período de incubação varia de poucos
dias a meses;
A manifestação clínica depende da
resposta imunológica do indivíduo;
Manifestações clínicas:
❖ Lesão geralmente única mas pode
ter várias - área exposta (MMSS e
MMII) - pápula(s), que pode
evoluir com eritema, infiltração,
tubérculo e úlcera;
❖ A úlcera é a apresentação mais
frequente (cerca de 95%);
❖ Caracteristicamente circular, com
bordas elevadas e infiltradas (em
moldura), fundo com granulação
grosseira e avermelhada, recoberta
por exsudato discreto, seroso ou
seropurulento. Indolor;
❖ A partir da lesão de inoculação,
pode surgir, com certa frequência,
linfangite centrípeta discreta e, às
vezes, com adenopatia
insignificante;
❖ A úlcera pode involuir
espontaneamente após alguns
meses (6 a 15), deixando cicatriz
atrófica e apergaminhada,
pigmentação salpicada, muitas
vezes mais intensa na periferia,
com arranjo que lembra os raios da
roda de uma bicicleta;
❖ Lesões por disseminação
hematogênica podem afetar com
maior frequência as mucosas da
boca, nariz, laringe, faringe;
❖ Não tendem à cura espontânea e
são também de morfologia
variada: erosões, exulcerações e
infiltrações, com superfície
grosseiramente mamelonada
(estomatite "em paralelepípedo");
❖ Destruição do septo - queda da
ponta do nariz;
❖ Algumas vezes surgem lesões
mucosas, destrutivas ou não,
meses ou anos após o início da
doença quando já não há lesão
cutânea.
Leishmaniose cutânea primitiva difusa
anérgica:
❖ Difusão de lesões por toda a pele,
de aspecto predominantemente
infiltrativo, assemelhando-se às
lesões em paciente com
hanseníase virchowiana,
decorrente de deficiência
específica seletiva do linfócito T;
❖ Comprometimento mucoso
discreto ou ausente.
Diagnósticos diferenciais da lesão
ulcerada da leishmaniose:
❖ P - paracoccidioidomicose;
❖ L – leishmaniose;
❖ E – esporotricose;
❖ C – cromoblastomicose;
❖ T – tuberculose.
Diagnóstico:
❖ Pesquisa direta da leishmania:
exame direto corado pelo Giemsa;
❖ Exame histopatológico;
❖ Intradermorreação de
Montenegro: 0,1 mL intradérmico
❖ com suspensão de 10 milhões de
leptomonas por mL;
❖ Reação em cadeia da polimerase
(PCR): extremamente útil,
sobretudo nos casos mucosos.
Tratamento:
❖ Os antimoniais pentavalentes
constituem a medicação
preferencial para o tratamento das
diferentes formas da leishmaniose;
❖ Há dois sais com eficácia
semelhante: a N- metilglucamnia
(glucamina), comercializada com o
nome de Glucantime;
❖ Anfotericina B - é alternativa
extremamente eficaz, porém tóxica
e, inclusive , indicada para as
formas resistentes aos antimoniais.

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