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Intubação Orotraqueal A intubação é um procedimento que: (1) balança qualquer médico; (2) é decisivo para a evolução do paciente; e (3) possui risco de óbito durante o procedimento. INDICAÇÕES FALÊNCIA RESPIRATÓRIA - PCR ou parada respiratória. - Insuficiência respiratória aguda, que evolui com fadiga intensa de musculatura acessória. - Insuficiência respiratória aguda, associada a doenças neuromusculares. ANORMALIDADES DA OXIGENAÇÃO - Hipoxemia grave e REFRATÁRIA a medidas menos invasivas. PROTEÇÃO DE VIAS AÉREAS - Rebaixamento do nível de consciência. - Coma. - Queimadura de vias aéreas. 78 anos, masculino, altamente funcional, DM, HAS, DLP, IAM prévio. Trazido por sonolência há 3 horas + RNC há 20 minutos. AAS, Metformina, Glibenclamida, Atorvastatina, Enalapril. REG, sudoreico, GCS = 6, PA = 100x82, FC = 122, SAT = 98%, TEC <3s, extremidades frias. Glicemia 49. Intuba ou não intuba? Não. Apesar do paciente estar com Glasgow 6; o paciente apresenta um quadro de hipoglicemia, podendo indicar um rebaixamento do nível de consciência devido a glicemia do paciente. à Nem todo rebaixamento precisa de tubo. 38 anos, masculino, sabidamente asmático. Demanda espontânea, referindo "chiado no peito" e falta de ar progressivos há 4 dias. REG, sudoreico, GCS = 14, PA = 100 x 82, FC = 122, SAT = 81%, TEC <3s, extremidades cianóticas. Glicemia capilar = 99. Intuba ou não intuba? Não. Neste caso, há uma história de asma, paciente não está rebaixado, está com Glasgow 14. à Nem todo sinal de desconforto respiratório precisa de tubo. Precisa intubar agora? Sim Tubo! Não De quanto oxigênio meu paciente precisa? Pouco Muito Cateter nasal Reservatório Máscara Venturi VNI CNAF Beatriz Loureiro INTUBAÇÃO EM SEQUÊNCIA RÁPIDA - Técnica de escolha na sala de emergência - Administração de sedativo e bloqueador neuromuscular para IOT – sedado e paralisado - Aumenta o sucesso na 1ª tentativa - Minimiza o risco de aspiração - Menos complicações - Demora 5- 10 minutos 7 P’s: - Preparação - Pré-oxigenação - Pré-tratamento - Paralisia e indução - Posicionamento - Passagem do tubo - Pós-IOT PREPARAÇÃO - MOV + Avaliar o paciente o ECG, Saturação, PA o Acesso venoso - Indicação de IOT - Explicar para o paciente / familiares sobre a necessidade de IOT e garantir o consentimento deles - Avaliação da Via Aérea – LEMON, ROMAN, RODS, SMART - Separar material e medicações - Plano A, B, C, ... - Posicionamento da equipe O posicionamento da equipe é essencial e é feito da seguinte forma: 1 à O “intubador” – médico 2 à Auxiliar – irá passar o TOT, checar com ausculta, ajudar se necessário – médico de preferência 3 à Administrador de drogas – enfermeiro, técnico 4 à Líder – comanda os passos e supervisiona o processo – médico 5 à Preparar drogas e backup – enfermeiro, técnico *Se disponível, fisioterapeuta para auxiliar. COMO EVITAR VIA AÉREA FALHA - Conheça o paciente o Revise história o Revise a indicação da IOT o Refaça o exame físico o Avalie preditores de via aérea difícil - Prepare-se para o procedimento o Mantenha a calma o Oriente a equipe o Peça ajuda - Prepare o procedimento o Separe o material o Prepare um plano B, C, D... o Siga o passo-a-passo P A C I E N T E 1 2 3 4 5 Beatriz Loureiro - Nunca subestime uma via aérea - Preste atenção no posicionamento do paciente - Separe materiais de via aérea difícil o Bougie, videolaringoscópio, Laringoscópio flexível - Separe materiais para resgate ventilatório o Ambu, Guedel, Dispositivos Supraglóticos - Peça ajuda - Avaliar preditores de via aérea difícil - Conhecer as estruturas VIA ÁEREA DIFÍCIL - Avaliar os preditores de dificuldade na IOT - Ter um plano B, C, D PREDITORES: o Laringoscopia o Ventilação com ambu o Dispositivos supraglóticos o Cricotireoidostomia AVALIAR DIFICULDADE DE LARINGOSCOPIA: LEMON: - L: Look externally “Impressão que você tem olhando o paciente” o Avaliar alterações anatômicas - Deformidades - Pescoço curto o Agitação o Sangramentos - E: Evaluate o Avaliar 3-3-2 (do paciente) o Abertura da boca: 3 dedos o Distância mento-hioide: 3 dedos o Distância osso hioide e tireoide: 2 dedos - M: Mallampati - O: Obstrução Beatriz Loureiro o Sialorreia o Estridor o Voz abafada - N: Neck mobility o Trauma o Alterações da coluna o Artrite reumatoide o Luxação atlanto-axial AVALIAR DIFICULDADE DE VENTILAÇÃO COM AMBU – ROMAN: R: Radiação/restrição o Radioterapia cervical o Alterações na resistência torácica - Asma/DPOC o Alteração na complacência - Sara - Pneumonia O: Obesidade/obstrução/apneia do sono o IMC > 26 o Gestantes o Distensão abdominal o Obstrução de via aérea M: Mask Seal/Mallampati/Male sex o Barba o Sondas o Mallampati III e IV f A: Age o Idade > 55 anos o Perda do tônus muscular N: No teeth o Prótese dentária – manter para ventilação, tirar para IOT AVALIAR DIFICULDADE DE VENTILAÇÃO COM DISPOSIVITOS SUPRAGLÓTICOS - RODS R: Restrição da abertura da boca o Dificuldade para inserir o dispositivo o 3-3-2 o Trauma de face O: Obesidade/obstrução o Dificuldade em acoplar o dispositivo o Dificuldade de ventilar D: Distorção da anatomia o Dificuldade em acoplar o dispositivo o Trauma de face o Trauma cervical S: Stiff lungs or cervical spine o Alta resistência da via aérea o Diminuição da complacência pulmonar ou rigidez cervical AVALIAR DIFICULDADE DE REALIZAÇÃO DE CRICOTIREOIDOSTOMIA – SMART S: Surgery o Distorção da anatomia o Perda dos referenciais anatômicos M: Massa o Massa cervical o Hematoma o Abscessos A: Acesso/anatomia o Enfisema subcutâneo o Pescoço curto o Infecção de partes moles R: Radiação o Distorção da anatomia o Alteração na consistência dos tecidos T: Tumor Beatriz Loureiro o Distorção da anatomia o Sangramento SERÁ QUE VAI SER DIFÍCIL? AVALIAR OS PREDITORES DE DIFICULDADE o Laringoscopia: LEMON/Cormack-Lehane o Ventilação com ambu: ROMAN o Dispositivos supraglóticos: RODS o Cricotireoidostomia: SMART P1 - PREPARAÇÃO - Checar os materiais à estão disponíveis? Estão funcionando? - Testar MATERIAL Sim Não Tubo com fio guia • Homem: 7,5 – 8,5 • Mulher: 7,0 – 8,0 • Testar Cuff Laringoscópio + Lâmina Aspirador Ventilador Ajustado BVM Cateter nasal Capnografia Estetoscópio Lubrificante Spray Plano B,C, ... Bougie, máscara laríngea... P2 – PRÉ-OXIGENAÇÃO - Essencial para a segurança do procedimento o NÃO PULAR ESTA ETAPA! - Sem ventilar, para diminuir a distensão gástrica e risco de broncoaspiração - 3 – 5 min de FiO2 a 100% com ambu, reservatório e FiO2 a 100% - Máxima FiO2 disponível: bolsa-válvula-máscara - Se SatO2 não passar de 95% - avaliar VNI - Cabeceira elevada > 30º - Manobras para abrir a via aérea P3 – PRÉ-TRATAMENTO - Deixar o paciente “pronto” para a IOT - Preparar planos alternativos - Garantir que o paciente não vai parar durante a IOT o Tratar hipotensão o Tratar hipoxemia o Drogas pré-sedação HIPOTENSÃO Causas: o Efeito dos medicamentos o Perda de líquidos / hemorragias o Obstrução: TEP, derrame pericárdico o Choque cardiogênico o Choque séptico o Choque distributivo Beatriz Loureiro Tratamento: o Expansão volêmica se possível o Droga vasoativa precoce o Escolha cuidadosa das drogas o Cuidado com PA limítrofe – ligar droga vasoativa durante o procedimento DIMINUIR OS EFEITOS DA LARINGOSCOPIA FENTANIL - Sangramento intracraniano ativo, hipertensão intracraniana ou com dissecção aórtica e que se apresentem em crise hipertensiva previamente à intubação- Opioide, efeito analgésico, simpatolítico (útil em emergências hipertensivas) - Risco: § Síndrome do tórax rígido - Tratamento: bloqueadores neuromusculares (BNM) § Hipotensão § Bradicardia LIDOCAÍNA - Efeito broncodilatador - Pacientes asmáticos - Pacientes COVID APRESENTAÇÃO FENTANIL: - Apresentação: 50 mcg/ml. Ampolas de 2 e 10 ml. - Dose: 1-3 mcg/kg - Infusão lenta ⇒ 30 a 60 segundos - Tempo para ação: 60 segundos - Tempo de duração: 30 minutos - Para facilitar (3 mcg/kg): o 60 kg: 3,6 ml o 70 kg: 4,2 ml o 80 kg: 4,8 ml APRESENTAÇÃO LIDOCAÍNA - Efeito broncodilatador o Asma/DPOC/COVID - Dose: 1,5 mg/kg P4 – PARASILIA E INDUÇÃO - Sempre sedar antes de paralisar - Medicações em bolus e rápido - Escolha individualizada - Bloqueador neuromuscular INDUÇÃO - Etomidato (cardioestável) - Quetamina (broncodilatador) - Propofol (“hipotensor”) - Midazolam (“hipotensor”) INDUÇÃO – MIDAZOLAM - Benzodiazepínico (GABA), efeito cardiodepressor, depressão respiratória, sem analgesia - Indicações: se outros indisponíveis - Pontos fortes: estado de mal convulsivo, pode ser feito em infusão contínua - Contraindicações: hipotensão APRESENTAÇÃO MIDAZOLAM - Dose: 0,1 a 0,3 mg/kg (0,2 mg/kg) - Tempo para ação: 30 a 60 segundos - Tempo de duração: 15 a 30 minutos - Ampolas: o 5 mg/5 ml (menos comum) Beatriz Loureiro o 15 mg/3ml (+ comum IOT) o 50 mg/10 ml (+ comum sedação contínua) o Dose: 0,3 mg/kg (5 mg/ml) Para facilitar: o 60 kg: 3,6 ml o 70 kg: 4,2 ml o 80 kg: 4,8 ml INDUÇÃO – ETOMIDATO - Hipnótico, supressão adrenal, sem analgesia, sem efeito cardiodepressor - Indicações: todos os pacientes - Contraindicações: sem contraindicações APRESENTAÇÃO – ETOMIDATO Apresentação: - Ampola: 10 ml. 2 mg/ml. - Dose: 0,3 mg/kg - Dose: 0,3 mg/kg Para facilitar: o 60 kg: 9 ml o 70 kg: 10 ml o 80 kg: 11 ml INDUÇÃO PROPOFOL - GABA, Hipnótico, sem analgesia - Pontos fortes o Estado de mal convulsivo o Risco B na gestação o Usado na sedação contínua o Reduz metabolismo cerebral (TCE, AVC) o Duração de 5 minutos - Efeitos indesejados o Cardiodepressor o Hipotensão - Dose: 1,5 a 3mg/kg INDUÇÃO – QUETAMINA - Hipnose, analgesia - Pontos fortes: o Broncodilatador o Pacientes hipotensos - Dose: 1,5 mg/kg (1 a 2 mg/kg) BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES - Succinilcolina o Evitar se hiperpotassemia o Contraindicação se: hipertermia maligna o Doenças neuromusculares progressivas - Rocurônio o Uso em centro cirúrgico o Reversão pelo Sugammadex (agente de reversão direto para bloqueadores neuromusculares o Usar se contraindicação à succinilcolina PARALISIA – SUCCINILCOLINA Apresentação: - 100 mg em pó (frasco-ampola) Dose: 1,5 mg/kg - Diluir o frasco em 10 ml de água destilada Para facilitar: o 60 kg: 9 ml o 70 kg: 10 ml o 80 kg: 11 ml PARALISIA – ROCURÔNIO - Opção se contraindicação à succilcolina - Antídoto: Sugammadex 16 mg/kg - Dose: 1 a 1,5 mg/kg - Duração: 30-40 minutos Beatriz Loureiro P5 – POSICIONE CORRETAMENTE - Decúbito dorsal horizontal - Sem rotação lateral do pescoço - Coxim suboccipital - Meato acústico externo com o esterno - Posição do cheirador - Posicione corretamente o Lençóis “em rampa” (IMC elevado) - Cabeça do paciente na altura da cicatriz umbilical - Espaço livre atrás do “intubador” - Posicione com calma - “Posição de ataque na via aérea” – não dobrar a coluna, flexionar as pernas o Melhor ângulo para visão o Menos dor nas costas P6 – PASSAGEM DO TUBO - Após sedação e paralisia à 45 segundos após succinilcolina/60 segundos após rocurônio - Lubrificar o tubo - Paciente posicionado adequadamente - Pré-oxigenado - Marca de 21-24 cm CORMAKE-LEHANE - Laringoscopia Beatriz Loureiro I: passar o tubo II: passar o tubo, bougie se necessário III: videolaringoscópio, laringoscópio flexível, bougie IV: videolaringoscópio, laringoscópio flexível, dispositivos supraglóticos Dica: pode utilizar o bougie como “fio guia – a ponta não deve estar exposta! Após passagem: o não soltar o tubo até fixar Verificar: o Visualizar o tubo passar pelas cordas vocais o Capnografia – ideal – curva o Ausculta – sempre § Região epigástrica § Bases § Ápices o Verificar se está seletivo o Radiografia – após - Tubo 2 cm da carina P7 – PÓS-IOT - Fixação - Acoplar ao ventilador - Reavaliar o paciente - Ajuste da ventilação - Sedação contínua - Vaga de UTI E se mesmo em IOT, a saturação continua caindo? - D.O.P.E D: deslocamento do tubo (intubação seletiva ou extubação acidental) O: obstrução do tubo (rolha de secreção, acotovelamento do tubo) P: pneumotórax E: equipamento (falha no ventilador mecânico, rede de gases) E SE EU NÃO CONSEGUIR INTUBAR? - Mantenha a calma - Resgate ventilatório Beatriz Loureiro CASO CLÍNICO Você está de plantão na sala de emergência e realiza o atendimento da paciente Joana, 37 anos, em seguimento no ambulatório de Asma Grave do nosso hospital. A enfermeira da sala reconhece a paciente e relata que ela foi intubada há dois meses devido uma exacerbação. À admissão, paciente apresenta dispneia em repouso, fala entrecortada e agitação psicomotora. Você solicita monitorização, oxigênio, acesso venoso calibroso e inicia o exame físico, onde verifica paciente em mau estado geral, PA: 174x90 mmHg, FC: 145 bpm, FR: 41 irpm, Tax: 37,3ºC e SpO2: 85% em ar ambiente. Ausculta pulmonar: MV+ e diminuídos globalmente, com sibilos difusos. Paciente evolui com piora clínica, apresentando sonolência e dificuldade de ventilação. PASSO A PASSO: 1) Apresentação, elevação da cabeceira do leito (30-45°) 2) Monitorização, oxigenação e veia 3) Explicar o procedimento ao paciente e/ou familiares e consentimento 4) Comunicar a equipe e solicitar a presença do “carrinho de emergência” com materiais de via aérea 5) Higienização das mãos e colocação de luvas de procedimento, óculos de proteção, gorro e máscara o Se suspeita de COVID – capote, face shield 6) solicitou e checou os materiais para IOT o A: Ambu (bolsa-válvula-máscara) o A: Aspirador (com sonda de aspiração instalada) o B: Balonete (“cuff checado”) – tubo 7,5-8,5 (homem), 7,0-8,0 (mulher) o C: Coxim (occipital) e capnógrafo o S: Seringa (20 ml – para checar o “cuff”) e das medicações o E: Estetoscópio (checar posição do tubo) o L: Laringoscópio (com luz adequada – TESTAR) + lâmina ¾ o F: Fio guia (jamais ultrapassando a extremidade do tubo), fixador 7) Pedir para aspirar e identificar as medicações utilizadas na sequencia rápida 8) Aspirar a via aérea 9) Pré-oxigenar adequadamente o Sem pressão positivo – não ventilar o 3-5 minutos com FIO2 a 100% Beatriz Loureiro 10) Conferir a estabilização hemodinâmica 11) Pré-medicação o No caso: salbutamol ou fenoterol ou beta- 2-agonista o Metilpredinisolona ou prednisona ou hidrocortisona o Lidocaína – efeito broncodilatador 12) Medicação de indução o No caso, quetamina – broncodilatador 13) Bloqueadores neuromusculares o Succinilcolina 14) Posicionar o paciente adequadamente – coxim no suboccipito 15) Verificar preditores de via aérea difícil, classificar a Cormack-Lehane 16) Apoiar a lâmina na valécula 17) Sem tirar o olho da glote, solicitar o tubo e passar até a marca de 21-24 cm 18) Não soltar o tubo. Retirar o fio guia e insuflar o cuff após a intubação 19) Conectou o ambu ao tubo, checou correto posicionamento do tubo através de ausculta do epigástrio e pelo menos 2 campos pulmonares 20) Solicitou capnografia para confirmação 21) Solicitou ou realizou fixação do tubo 22) Conexão do tubo a aparelho de assistência ventilatória mecânica 23) SolicitarRX de tórax 24) Solicitar preparação de drogas para manutenção da sedação 25) Solicitar vaga de UTI 26) Explicar aos familiares/acompanhantes como foi o procedimento 27) Se despedir Beatriz Loureiro
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